Pessoa Jurídica
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2. NOÇÕES CONCEITUAIS
- Grupo de pessoas humanas ou uma destinação patrimonial, com finalidade específica e
lícita, constituída na forma da lei.
- Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo.
- Não é titular dos direitos da personalidade, mas merece a proteção que deles decorrem,
no que couber.
Art. 52, do CC: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade”.
Súmula 227, STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral” Obs.: Não se aplica a
técnica do dano moral in re ipsa. Obs. 2: somente se aplica as pessoas jurídicas de direito
privado.
- Possibilidade de gratuidade judiciária em favor de pessoa jurídica (art. 98/99, do CPC).
Obs.: precisa provar, não basta somente a declaração.
3. TEORIA DA INDEPENDÊNCIA/AUTONOMIA
- A estrutura jurídica de uma pessoa jurídica não se confunde com as de seus sócios.
- Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados,
instituidores ou administradores. Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas
jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei
com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo,
renda e inovação em benefício de todos.
- Comporta exceções. Ex.: desconsideração da personalidade jurídica.
4. CLASSIFICAÇÃO
a) Quanto a nacionalidade:
- Nacionais ou estrangeiras: possui como critério o registro.
- Reserva de mercado – art. 176, § 1º, da CF: pesquisa e lavra de recursos minerais e
aproveitamento dos potenciais somente por brasileiros ou empresas constituída sob leis
brasileiras.
b) Quanto a função exercida:
- Pessoa jurídica de direito público ou de direito privado.
- Critério da exclusão: são pessoa jurídicas de direito privada todas aquelas que não são
de direito público.
- Art. 41. “São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a
que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu
funcionamento, pelas normas deste Código”.
- Art. 42. “São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas
as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público”.
- Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado (rol não exemplificativo):
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos;
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Obs.: EIRELI – bifurcação do patrimônio do empresário individual: patrimônio pessoal
e patrimônio da pessoa jurídica. É um empresário individual com responsabilidade
limitada (facilitação da constituição de empresas e diminuição de fraudes). O capital
mínimo é de 100 vez o valor do salário-mínimo.
c) Quanto à estrutura interna:
- Universitas bonorum (destinação de patrimônio) e universitas personarum
(agrupamento de pessoas).
- Agrupamento de pessoas: sociedades e associações;
- Destinações patrimoniais: fundações.
5. ASSOCIAÇÕES
- Grupo de pessoas para a consecução de um objetivo não lucrativo.
- Pode ter lucro, mas este lucro não pode ser repartido entre os associados. Na verdade, o
lucro deve ser reinvestido na sua própria atividade.
- Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
- Art. 55, do CC: “Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir
categorias com vantagens especiais”.
- Fração ideal (joia): nome dado a eventual taxa de adesão exigida pela associação.
- O ato de admissão é personalíssimo:
Art. 56, do CC: “A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o
contrário”.
- Art. 57, do CC: “A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim
reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos
previstos no estatuto”. Obs.: o quórum de deliberação será aquele previsto no próprio
estatuto.
- Destino do patrimônio remanescente (art. 61, do CC):
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de
deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art.
56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso
este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins
idênticos ou semelhantes.
§ 1 o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem
estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição,
atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da
associação.
§ 2 o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que
a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer
do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.
6. FUNDAÇÕES
- Destinação patrimonial para cumprimento de uma finalidade não lucrativa.
- Art. 62, do CC: “Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública
ou testamento (obs.: não precisa ser testamento público), dotação especial de bens livres,
especificando o fim a que se destina (finalidade vinculante e inalterável), e declarando,
se quiser, a maneira de administrá-la”;
- Rol taxativo de finalidades (parágrafo único, do art. 62, do CC).
- Fases:
• Fase de instituição (dotação do patrimônio e indicação da finalidade):
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão,
se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se
proponha a fim igual ou semelhante;
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado
a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o
fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial – transferência forçada.
• Fase de elaboração dos estatutos:
- Caberá ao próprio instituidor elaborar o estatuto da fundação (elaboração direta), ou por
terceiro indicado pelo instituidor no prazo assinalado (elaboração indireta ou fiduciária):
Art. 65. “Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo
ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da
fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente,
com recurso ao juiz”.
- Quando ou próprio instituidor ou o terceiro indicado não o fizer, o MP elaborará o
estatuto (residualmente). – Art. 65, Parágrafo único: “Se o estatuto não for elaborado no
prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a
incumbência caberá ao Ministério Público”.
• Fase de aprovação dos estatutos:
- A elaboração (direta ou indireta) deve ser aprovada pelo Ministério Público;
- Se o MP indeferir o estatuto, ou fizer exigências as quais não concorde o interessado,
ou se ele se mantiver omisso por 45 (quarenta e cinco) dias – nestes casos o juiz decidirá,
podendo, inclusive, propor alterações nos estatutos;
- O juiz também decidirá no caso de elaboração do estatuto pelo MP, quando o interessado
não concordar.
• Fase de registro;
• Fiscalização das fundações pelo MP:
- Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1 º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério
Público do Distrito Federal e Territórios.
§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um
deles, ao respectivo Ministério Público.
• Alteração estatutária:
- Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e
cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-
la, a requerimento do interessado.
- Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os
administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público,
requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.
• Extinção fundacional e o destino do patrimônio remanescente:
- Art. 69. “Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou
vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado,
lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em
contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que
se proponha a fim igual ou semelhante”.
7. TEORIA DA APARÊNCIA
- Aplicação da teoria da aparência no campo das pessoas jurídicas.
- Proteção de terceiros de boa fé no sentido de prestigiar a chamada teoria da primazia da
realidade.
Ex.: validade da citação feita na pessoa daquele que aparentemente tem poderes para
tanto; representação de boa fé.
- Teoria Maior (Art. 50, do CC): exige elemento subjetivo (comportamento abusivo do
sócio) e elemento objetivo (dano – insolvência);
- Teoria Menor (CDC, Lei ambiental): somente se exige o elemento objetivo (dano –
insolvência).