Adamastor
Adamastor
Adamastor
2ª parte: Aparecimento e descrição do gigante (V, 39-40): surge um gigante, que é descrito
de forma negativa. O seu tamanho é de tal forma espantoso que é comparado ao Colosso de
Rodes, estátua gigantesca de Apolo, uma das sete maravilhas do mundo. O narrador destaca a
sua barba desgrenhada, os olhos encovados, os cabelos crespos e cheios de terra, a boca negra,
os dentes amarelos e o tom de voz "horrendo e grosso" (V, 40). A descrição do gigante assenta
em sensações visuais e auditivas e culmina no efeito de terror que provoca nos marinheiros:
"Arrepiam-se as carnes e o cabelo, / A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo" (V, 40). Refere-se a
ira do Adamastor, justificada pela ousadia dos portugueses que navegavam os mares do gigante,
daí o seu "rosto carregado" e a "postura medonha e má" (V, 39).
• 2º momento: o gigante anuncia terríveis castigos (profecia) que serão infligidos aos
portugueses como consequência da sua ousadia: tormentas, naufrágios, "perdições de toda a
sorte" (V, 44). Começa por referir os destinatários dos castigos de forma generalista ("quantas
naus fizerem esta viagem", V, 43) e, de seguida, aponta figuras portuguesas que naquele local
perderão a vida: Bartolomeu Dias, que dobrou pela primeira vez o cabo; D. Francisco de
Almeida, 1º vice-rei da Índia; Manuel de Sousa Sepúlveda e a sua família. O episódio trágico da
morte da família Sepúlveda é aquele que merece maior atenção. O destaque dado a este
acontecimento deve-se ao facto de se tratar de uma história de amor trágica, realidade que se
aproxima da experiência pessoal do gigante, que viveu, também ele, uma história de amor
infeliz.