Adriana Dias Cardoso
Adriana Dias Cardoso
Adriana Dias Cardoso
1. INTRODUÇÃO
existem cultivares locais, é comum encontrar uma mesma cultivar com nomes diferentes
ou diferentes cultivares com o mesmo nome.
O Brasil possui vasto germoplasma de batata-doce, mantido por pequenos
agricultores, comunidades indígenas e, até mesmo, em hortas domésticas que pode ser
avaliado, selecionando-se os mais adequados (SILVEIRA, 1993 e JONES et al., 1986).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar características agronômicas e
culinárias de clones de batata-doce cultivados em Vitória da Conquista – BA.
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2. REVISÃO DE LITERATURA
º
temperatura média superior a 24 C, alta luminosidade, fotoperíodo longo e suficiente
umidade do solo. Esta hortaliça produz bem em regiões com 750 a 1.000 mm anuais de
chuva ou com 500 a 600 mm durante o ciclo da cultura. Entretanto, não tolera
encharcamento e forma raízes tuberosas finas e alongadas quando há excesso de
umidade do solo.
A propagação da batata-doce pode ser feita por meio de mudas, estacas,
sementes botânicas, enraizamento de folhas destacadas ou cultura de tecido. Porém as
ramas constituem o meio de propagação mais recomendado para culturas comerciais por
ser mais econômico (MIRANDA et al.,1984).
Segundo Almeida et al. (1987), citado por Souza (2000), as ramas desta cultura
possuem alta porcentagem de proteína bruta e digestibilidade, bem como elevada
concentração de energia nas raízes.
De acordo com Vilas Boas (1999), os espaçamentos mais utilizados para o
plantio de batata-doce variam de 80 a 100 cm dentre leiras e de 25 a 40 cm entre
plantas. Para solos muito férteis recomendam-se espaçamentos menores. As ramas ou
mudas são plantadas sobre leiras, de 20 a 30 cm de altura ou camalhões, para facilitar
tanto na drenagem como na aeração do solo, nos tratos culturais e na colheita, assim
como também para ajudar na conservação do solo.
As raízes comercializadas desta cultura são tuberosas, envoltas com película
externa de coloração variada e com formatos distintos variando com o tipo de solo,
podendo-se obter formas alongadas até mesmo arredondadas. A coloração da polpa
pode variar entre as cores branca, amarela, avermelhada e até roxa (MIRANDA et al.,
1995).
Segundo Folquer (1978), as raízes não podem ser consideradas um alimento
completo por apresentarem baixos teores protéicos (de 1,5 a 2,5% do peso da matéria
seca, dependendo da cultivar). Apesar desta condição nutricional desfavorável,
apresentam razoáveis teores de minerais, como por exemplo, o ferro, o cálcio e o
fósforo com aproximadamente 0,8, 0,6 e 49 mg/100g, respectivamente (MIRANDA et
al., 1995). Sua característica principal é ser um alimento altamente energético, muito
rico em carboidratos (superior a 30% em média em massa fresca) e boa fonte de
vitaminas, principalmente A, B e C. Além disso, as cultivares de polpa alaranjada são
fontes excelentes de carotenóides e minerais, como por exemplo, Fe, Ca e K (CLARK e
MOYER, 1988; FOLQUER, 1978).
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3. MATERIAL E MÉTODOS
Determinação Valores
pH em H2O (1:2,5) 6,3
P2/ (mg/dm3)2/ 5
K+ (cmolc/dm3)2/ 0,48
Al3+ (cmolc/dm3)3/ 0,0
Ca2+ (cmolc/dm3)3/ 4,0
Mg2+ (cmolc/dm3)3/ 1,0
H++Al3+ (cmolc/dm3)4/ 1,8
S.B. (cmolc/dm3) 5,5
m (%) 0
V (%) 75
CTC efetiva (cmolc/dm3) 5,5
CTC a pH 7,0 (cmolc/dm3) 7,3
M.O. (g/dm3) 56
1/
Análise realizada no laboratório de Solos da UESB
2/
Extrator Mehlich – 1
3/
Extrator KCl 1mol/L
4/
Extrator Solução SMP, pH 7,5 a 7,6
70 100
ppt UR
90
60
80
Umidade Relativa (%)
Precipitação (mm)
50 70
40 60
50
30 40
20 30
20
10
10
0 0
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
35 T. Máx
T. Min
30
25
Temperatura oC
20
15
10
0
Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
Figura 2. Médias mensais de temperatura máxima (T. máx) e de temperatura mínima
(T. min), no período de março a outubro de 2003, 2004.
3.2 Clones
c) Produtividade comercial
Todas as raízes tuberosas com peso acima de 80 g foram selecionadas e
pesadas para a obtenção da produtividade comercial de cada clone.
Notas Classificação
1 Raiz com formato fusiforme, regular, sem veias ou qualquer rachaduras
2 Raiz com formato considerado bom, próximo de fusiforme, com algumas veias
3 Raiz com formato desuniforme, com veias e bastante irregular
4 Raízes muito grandes, com veias e rachaduras (indesejável comercialmente)
5 Raízes totalmente fora dos padrões comerciais, muito irregulares e deformadas,
com muitas veias e rachaduras
Fonte: Adaptado de Azevedo et al. (2000).
Notas Classificação
1 Raízes livres de danos, com aspecto comercial desejável
2 Raízes com poucos danos, perdendo um pouco com relação ao aspecto
comercial (presença de algumas galerias e furos nas raízes)
3 Raízes com danos verificados sem muito esforço visual (presença de galerias e
furos nas raízes em maior intensidade), com aspecto comercial prejudicado
4 Raízes com muitos danos, praticamente imprestáveis para comercialização
(presença de muitas galerias, furos e início de apodrecimento)
5 Raízes totalmente imprestáveis para fins comerciais (repletas de galerias, furos
e apodrecimento mais avançado).
Fonte: Adaptado de Azevedo et al. (2000).
j) Peso específico
Raízes tuberosas de cada clone foram lavadas para retirar excesso de terra,
secas com papel toalha, e, em seguida, tiveram suas extremidades descartadas.
Procedeu-se a pesagem de 3 kg de raízes, e, posteriormente foi feita a pesagem na água,
determinando-se assim, o peso específico pelo método da balança hidrostática com base
na seguinte fórmula (CIP, 2001b):
Peso no ar
Peso específico =
Peso no ar – peso na água
k) Matéria seca
obtenção da matéria seca ao ar. A porcentagem de matéria seca foi calculada a partir da
fórmula, descrita pelo CIP (2001b):
Para determinação do potencial hídrico foliar (Ψw), foi coletada uma folha de
cada clone, do mesmo estado de maturação fisiológica, localizada na porção mediana da
rama, em dois períodos distintos (5:00 horas - período ante-manhã e às 12:00 horas). O
Ψw foi determinado mediante o uso de câmara de pressão denominada Bomba de
Scholander, modelo 1000, PMS; nesta, foi colocada uma folha em cilindro, em posição
invertida, com o pecíolo para o exterior. Cortou-se o pecíolo e vedou-se a câmara de
pressão. Posteriormente, introduziu-se o gás nitrogênio e mediu-se, por meio de um
manômetro, a pressão necessária para exsudação de uma fina película de seiva na parte
cortada do pecíolo, registrando-se, assim, o valor correspondente à sua pressão
(SCHOLANDER et al., 1965).
O teor relativo de água (TRA) foi avaliado em folhas do mesmo ramo utilizado
para a determinação do potencial hídrico, segundo o método descrito por Catsky (1960).
Foram coletadas folhas na porção mediana das ramas e retirados dez discos das folhas
de cada clone (7 mm de diâmetro). Os discos foliares foram pesados para a obtenção da
massa fresca e em seguida, acomodados em placas de Petri forradas com papel de filtro
contendo água deionizada suficiente para embeber (50 mL) por 24 horas e levados para
geladeira. Posteriormente, os discos foliares foram enxugados e pesados em balança
semi-analítica determinando-se, assim, a massa túrgida. Em seguida, os discos foram
levados à estufa com circulação de ar forçado a 72ºC por um período de 48 horas para a
obtenção da massa seca. A partir dos dados obtidos foi calculado o TRA por meio da
fórmula:
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n) Prolina livre
o) Análise bromatológica
p) Teor de clorofila
O teor de clorofila foi determinado em três folhas por parcela, uma em cada
rama principal na sua porção mediana, utilizando o medidor portátil de clorofila SPAD-
502, Minolta Camera Co. Ltd., Japão.
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q) Área foliar
A área foliar foi obtida por meio do medidor de área, modelo LI-3100, LICOR,
Nebraska, USA, em três folhas da parcela, uma em cada rama principal na sua porção
mediana.
r) Tempo de cozimento
q) Degustação
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
que a produção total máxima é de 33510,0 kg.ha-1 com o clone 92762 e mínima com
8210 kg.ha-1com o clone 92676.
Não houve diferença estatística entre os clones para o peso médio das raízes
tuberosas, entretanto, pode-se observar que o clone 2, oriundo de Janaúba – MG
apresentou o melhor comportamento, com 0,2127 kg. Já o clone 17, oriundo também de
Janaúba – MG, apresentou tendência de um valor menor de peso médio das raízes
tuberosas, com 0,0667 kg (Tabela 5).
Nessa mesma Tabela 5, pode-se constatar que os clones 1, 2, 7, 9, 17, 25, 29 e
36 destacaram-se, apresentando assim, maior peso de ramas com valor máximo de
14099,05 kg.ha-1. Os clones 14, 15, 19, 23, 30, 38, 44 e 100 apresentaram os mais
baixos valores de peso de ramas. Baixa produção de ramas também foi verificado para o
clone 14, oriundo de Janaúba –MG, tendo também baixo rendimento de raízes
tuberosas.
Tabela 5. Médias de produtividade de raízes tuberosas, peso médio das raízes tuberosas
e peso de ramas em clones de batata-doce, 2004.
Tabela 9. Médias de comprimento das raízes tuberosas e diâmetro das raízes tuberosas
em clones de batata-doce, 2004.
Na Tabela 10, observa-se que não houve diferença significativa para o formato
de raiz tuberosa entre os clones analisados. Todos os clones apresentaram nota de
formato de raiz inferior a 3,0, variando de 1,63 a 2,27 (Tabela 11). Segundo Azevedo et
al. (2000), os clones que mais se aproximaram do formato ideal fusiforme (menores
notas) são os mais promissores, pois o formato é considerado uma importante
característica comercial da batata-doce. Peixoto et al. (1999) encontraram formato de
clones próximos ao ideal, mas também diversos clones com nota superior a 3,0. Assim,
24
Tabela 11. Notas para o formato de raízes tuberosas e para a resistência a insetos de solo
de clones de batata-doce, 2004.
1,1
1,08
1,06
.
1,04
Peso específico
1,02
0,98
0,96
1 2 7 9 14 15 17 19 23 25 29 30 36 38 44 100
C lones
Pela Tabela 12, observa-se que não houve diferença significativa entre os
clones para as características de potencial hídrico medido às 5:00 h (Ψam) e potencial
hídrico medido às 12:00 h (Ψmd)
Os resultados apresentados neste trabalho sugerem que os clones estudados
comportaram-se de maneira semelhante, no que se diz respeito ao potencial hídrico
(Ψw). Não foram verificadas diferenças entre os valores de Ψw medido no período da
ante-manhã e ao meio-dia. Os valores mínimos de Ψw determinado às 5:00h e às
12:00h foram de –0,55 MPa e –1,00 MPa, respectivamente (Tabela 13).
Para a maioria dos clones de batata-doce analisados, verificou-se a tendência
de maior valor do Ψam que o do correspondente ao Ψmd. O Ψam tem uma estreita
relação com umidade do solo. No horário de 5:00h, pode-se observar menor perda de
água por transpiração em razão dos estômatos fechados. No período de meio dia mediu-
se a capacidade da planta em resistir ao estresse hídrico. Como a maioria das folhas
apresentavam uma menor quantidade de água, devido aos seus estômatos abertos, e,
conseqüentemente haver maior transpiração e perda de água, o Ψw dessas plantas foi
menor.
Segundo Nogueira et al. (2000), valores de Ψw podem variar, de acordo com a
variedade, com a disponibilidade hídrica do solo, e, com o horário em que o Ψw é
registrado. O Ψw é uma medida do status de água na planta. Conforme Perez e Moraes
(1991), citado por Nogueira et al. (2000), muitas plantas herbáceas, que não apresentam
sistema radicular eficiente, podem apresentar um Ψw mais elevado, em conseqüência de
condutância estomática menor, ou de uma maior resistência estomática.
Tabela 13. Médias de potencial hídrico medido às 5:00h (Ψam) e medido às 12:00h
(Ψmd) de clones de batata-doce, 2004.
Conforme Stermart e Larcher (1980), citado por Maza (1991), a elevação do teor de
prolina livre mediante ao estresse hídrico pode ser atribuída a um incremento da
concentração de ácidos orgânicos, de aminoácidos livres, produto de degradação de
metabólicos intermediários, da incorporação de prolina a proteínas ricas em prolina,
entre outros. A prolina é um osmorregulador e mantém a turgescência celular
(STEWART e LEE, 1974, citado por MAZA, 1991). Lima et al. (1997) sugerem que o
acúmulo de prolina é dependente das mudanças da disponibilidade de água no meio.
Entretanto, não foi observado esse comportamento no demais clones analisados.
Tabela 15. Médias de teor relativo de água e teor de prolina em clones de batata-doce,
2004.
Tabela 16. Médias de matéria seca de raiz obtidas pelos métodos do CIP (2001b) e de
Galyean (1997) e matéria seca da parte aérea, 2004.
Tabela 17. Médias de cinzas da raiz tuberosa e cinzas da parte aérea em clones de
batata-doce, 2004.
quanto menor for o valor de FDN, maior será o consumo de matéria seca pelos animais.
Portanto, os clones 25 e 7, por apresentarem os valores mais baixos de FDN da parte
aérea, com 37,39% e 35,74%, respectivamente, podem ser considerados os melhores em
relação à FDN.
Tabela 18. Médias de fibra em detergente neutro da raiz e fibra em detergente neutro da
parte aérea em clones de batata-doce, 2004.
Tabela 19. Médias de fibra em detergente ácido da raiz e fibra em detergente ácido da
parte aérea em clones de batata-doce, 2004.
Tabela 20. Médias de proteína bruta da raiz tuberosa e proteína bruta da parte aérea em
clones de batata-doce, 2004.
O grau de doçura da polpa dos clones 1, 15, 17, 19, 25, 29, 30, 36 e 100 foi
considerado médio, enquanto que apenas os clones 9, 14 e 44 apresentou fraca doçura
da polpa (Tabela 23). Os clones 2, 7 e 38 obtiveram classificação entre o forte e o
médio. De acordo com Souza (2000), o grau de doce considerado satisfatório está entre
o forte e o médio. Portanto, a maioria dos clones analisados apresentaram bom grau de
doçura.
38
Na Tabela 24, pode-se verificar que nenhum clone apresentou maior grau de
dificuldade de deglutição. Os clones 9, 14, 19, 23, 36, 44 e 100 apresentaram uma
menor dificuldade na deglutição; já os clones 2, 7, 17, 25, 29 e 38 não apresentaram
esta característica, sendo estes considerados os melhores neste aspecto. Os clones 1, 15
e 30 apresentaram uma classificação entre menor e nenhuma dificuldade de deglutição.
Além disso, pode-se verificar que os clone 17, 7 (oriundos de Janaúba – MG) e 29
(Gurupi – TO) foram os que apresentaram a maior porcentagem em relação a nenhuma
dificuldade de deglutição, com 90, 80 e 80%, destacando-se assim dos demais clones
quanto a essa característica.
39
Na Tabela 26, observa-se que houve efeito significativo nos clones para a
característica tempo de cozimento.
Tabela 27. Médias do tempo de cozimento relativos aos clones de batata-doce, 2004.
Na Tabela 29, verifica-se que foi possível separar os clones avaliados em dois
grupos distintos, com destaque para os clones 1, 7, 9, 19, 25, 30, 36, 38 e 100 que
apresentaram os maiores teores de clorofila. O teor de clorofila no experimento variou
de 37,71 a 58,68 unidades SPAD. Minotti et al. (1994), citado por Guimarães et al.
(1999) avaliando batata (Solanun tuberosum L.), encontrou uma faixa de valores de
clorofila de 49 a 56 unidades de SPAD. Provavelmente, os valores não foram
semelhantes devido a diferentes condições de campo, ou até mesmo pela espécie
analisada. De acordo com Argenta et al. (2001), as leituras efetuadas pelo aparelho
SPAD-502 além de apresentar boa precisão quando comparada com métodos
tradicionais de determinação do teor de clorofila, é também considerado rápido, de
baixo custo e não necessita da destruição das folhas. Conforme Blackmer e Schepers
(1995), citado Silveira et al. (2003), o conteúdo de clorofila correlaciona-se com a
concentração de nitrogênio na planta e também com o rendimento das culturas. Argenta
et al. (2002) argumenta que a leitura feita por meio do SPAD-502 correspondente ao
teor de clorofila da folha é o indicador mais preciso do nível de nitrogênio em todos os
estádios de desenvolvimento da planta do milho, exceto nos estádios iniciais de
desenvolvimento.
Tabela 29. Médias do teor de clorofila e da área foliar em clones de batata-doce, 2004.
4.2 Correlações
Houve correlação entre teor de clorofila com teor de prolina. Deste modo, à
medida que aumenta o teor de clorofila acumula-se mais prolina nas folhas. Entretanto,
não foi encontrada correlação entre teor de clorofila com Ψw medido às 5:00h, Ψw
obtido ao meio dia, TRA e área foliar (Tabela 30).
O teor de clorofila apresentou correlação positiva com peso total da parte
aérea, produtividade de raízes tuberosas e produtividade comercial (Tabela 30). Logo,
quando o teor de clorofila é maior, a produção também será incrementada. Segundo
Schepers et al. (1992), citado por Silveira et al. (2003), o teor de clorofila correlaciona-
se com o rendimento das culturas.
Na Tabela 30, pode-se verificar que não houve correlação de área foliar com
TRA, prolina, teor de clorofila e Ψw obtido ao meio dia. Entretanto, houve correlação
positiva entre a área foliar e Ψw medido às 5:00h. Assim, quanto maior a área foliar,
maior será o potencial hídrico na ante-manhã.
Além disso, a área foliar correlacionou-se positivamente com peso total da
parte aérea, produtividade de raízes tuberosas e produtividade comercial (Tabela 30).
Isso significa que à medida que a folha aumenta de tamanho, eleva-se o peso da parte
aérea e a produção de raízes, ou seja, possivelmente houve maior produção de
fotossintatos pelas folhas, com adequada transferência para as raízes. Segundo Stone e
Pereira (1994), em certas condições e em algumas cultivares, é mais importante a
produção total de fotossintatos do que a adequada distribuição entre as diferentes
estruturas da planta.
Houve correlação positiva do peso total da parte aérea com a produtividade de
raízes tuberosas e a produtividade de raízes comerciáveis (Tabela 30). Segundo Cock
(1982) o crescimento de ramos e folhas é preferível ao crescimento das raízes que,
recebem o excesso de carboidratos após o suprimento das necessidades da parte aérea,
existindo assim um ótimo desenvolvimento da parte aérea para o desenvolvimento das
raízes. Nesse sentido, segundo Viana (1995), se a parte aérea se desenvolver muito, não
haverá grande excedente de carboidratos para o desenvolvimento das raízes. No entanto,
pouco crescimento da parte aérea resulta em insuficiente tecido fotossintético para obter
altos rendimentos, sendo importante este balanço para a obtenção destes rendimentos.
A produtividade de raízes tuberosas apresentou correlação positiva com a
produtividade comercial (Tabela 30). Deste modo, plantas com maior peso total de
raízes tuberosas apresentaram maior produtividade de raízes comerciáveis.
48
TABELA 30. Correlações entre as características teor relativo de água, potencial hídrico medido às 6:00h, potencial hídrico medido às 12:00h,
prolina, teor de clorofila, área foliar, peso de ramas, produtividade de raízes tuberosas e produtividade de raízes comerciáveis,
2004.
Teor relativo Potencial hídrico Prolina Clorofila Área foliar Peso de Produtividade de Produtividade
de água medido às 12:00h ramas raízes tuberosas de raízes
comerciáveis
Potencial hídrico -0,44* 0,23* -0,17 -0,19 -0,25* -0,02 -0,07 -0,04
medido às 6:00h
Teor relativo de -0,34* 0,15 0,14 0,17 -0,03 -0,05 -0,01
água
Potencial hídrico -0,15 -0,05 -0,03 0,21 0,10 0,95
medido às 12:00h
Prolina 0,41* -0,08 -0,06 0,16 0,11
Produtividade de 0,95*
raízes tuberosas
* Significativo, a 5% de probabilidade, pelo teste t.
49
5. CONCLUSÕES
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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