Lei #23.750 de 23 de Dezembro de 2020

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 5

MG 24/12/2020

Pág. 1 à Pág. 2, col. 1

LEI Nº 23.750, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2020.


Estabelece normas para contratação por tempo
determinado para atender à necessidade temporária de
excepcional interesse público.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, O Povo do Estado de Minas Gerais, por
seus representantes, decretou e eu, em seu nome, promulgo a seguinte lei:
Art. 1º – Esta lei estabelece normas para contratação por tempo determinado para atender à necessidade
temporária de excepcional interesse público no âmbito da administração pública direta, autárquica e
fundacional do Poder Executivo.
§ 1º – As disposições contidas nesta lei não se aplicam às funções de magistério, nos termos do
parágrafo único do art. 22 da Constituição do Estado.
§ 2º – O Poder Executivo dará prioridade à realização de concurso público para suprir insuficiência de
pessoal.
Art. 2º – Para o atendimento do disposto no art. 1º, os órgãos da administração pública direta, as
autarquias e as fundações do Poder Executivo poderão realizar contratação por tempo determinado nas
condições e nos prazos previstos nesta lei.
Parágrafo único – Ao pessoal contratado com fundamento nesta lei aplica-se a nomenclatura
“contratado temporário”.
Art. 3º – A contratação por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional
interesse público pode ser efetuada nos seguintes casos:
I – assistência a situações de calamidade pública declaradas pela autoridade competente;
II – assistência a emergências em saúde pública declaradas pela autoridade competente;
III – assistência a emergências ambientais declaradas pela autoridade competente;
IV – realização de recenseamentos;
V – para suprir necessidade transitória de substituição de servidores efetivos nas hipóteses em que não
ocorra a vacância do cargo por eles ocupado e desde que o serviço por eles executado não possa ser exercido
regularmente com a força de trabalho remanescente, nos termos de declaração expedida pela autoridade
contratante;
VI – para suprir necessidade excepcional de serviço que não possa ser atendida nos termos do disposto
no art. 96 da Lei nº 869, de 5 de julho de 1952, especialmente nas seguintes atividades:
a) finalísticas, relacionadas à assistência à saúde;
b) finalísticas, na área de segurança pública, observadas as vedações previstas no art. 4º;
c) de vigilância e inspeção relativas à defesa agropecuária para atendimento de situações emergenciais
relacionadas a iminente risco à saúde animal, vegetal ou humana, assim declaradas pela autoridade competente;
d) de prevenção temporária, com o objetivo de conter situações de grave e iminente risco à sociedade
que possam ocasionar incidentes de calamidade pública ou danos e crimes ambientais, humanitários ou à saúde
pública, nos termos definidos em regulamento.
§ 1º – Nos casos previstos nos incisos II e III do caput, a contratação temporária somente será admitida
se não houver possibilidade de atendimento às situações emergenciais mediante remanejamento de pessoal ou
outros meios de aproveitamento da força de trabalho existente nos órgãos, nas autarquias e nas fundações
envolvidos.
§ 2º – No caso previsto no inciso V do caput, são vedadas a disposição, adjunção ou cessão do pessoal
contratado em substituição.
§ 3º – No caso previsto no inciso VI do caput, a contratação por tempo determinado será realizada
quando for constatada, nos termos de declaração expedida pela autoridade competente, a insuficiência de
pessoal efetivo para a manutenção do regular funcionamento dos serviços públicos, caso em que o número
total de contratados temporários não poderá ultrapassar 35% (trinta e cinco por cento) do total de servidores
efetivos em exercício na administração pública direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo.
Art. 4º – Não serão objeto de contratação temporária nos termos desta lei as atividades:
I – exclusivas de Estado, conforme previsão constitucional, e outras previstas em lei;
II – relacionadas diretamente ao exercício do poder de polícia, ao de regulação, ao de outorga de
serviços públicos e ao de aplicação de sanção.
Art. 5º – Os contratos temporários firmados com fundamento nesta lei terão a seguinte duração:
I – seis meses, nos casos dos incisos I a IV do caput do art. 3º;
II – o prazo necessário à substituição, no caso do inciso V do caput do art. 3º;
III – doze meses, no caso do inciso VI do caput do art. 3º.
Parágrafo único – É admitida a prorrogação dos contratos:
I – nos casos dos incisos I a III do caput do art. 3º, desde que ainda não tenha ocorrido a superação da
situação emergencial ou calamitosa e que o prazo total, correspondente ao prazo do contrato original somado
ao prazo da prorrogação, não exceda vinte e quatro meses;
II – no caso do inciso IV do caput do art. 3º, por até seis meses;
III – no caso do inciso V do caput do art. 3º, desde que o prazo total, correspondente ao prazo do
contrato original somado ao prazo da prorrogação, não exceda vinte e quatro meses;
IV – no caso do inciso VI do caput do art. 3º, por até doze meses.
Art. 6º – A contratação de pessoal com fundamento nesta lei será feita mediante processo seletivo
simplificado, nos termos de regulamento.
§ 1º – A contratação para atender a necessidades decorrentes de calamidade pública, de emergências
em saúde pública e de emergências ambientais, a que se referem os incisos I a III do art. 3º, prescindirá de
processo seletivo.
§ 2º – Caso o Poder Executivo não realize concurso público para suprir a insuficiência de pessoal, o
processo seletivo a que se refere o caput será realizado periodicamente com intervalo máximo de vinte e quatro
meses entre cada um.
Art. 7º – As contratações com fundamento nesta lei somente poderão ser feitas com amparo de dotação
orçamentária específica, mediante prévia autorização do dirigente máximo do órgão, da autarquia ou da
fundação contratante.
Art. 8º – Os órgãos, as autarquias e as fundações contratantes encaminharão ao órgão competente, para
autorização e controle do cumprimento do disposto nesta lei, síntese dos contratos temporários que pretendem
realizar e, posteriormente, daqueles efetivamente realizados, nos termos de regulamento.
Art. 9º – O tempo de permanência no contrato temporário com fundamento nesta lei não será
considerado para quaisquer efeitos ou vantagens relativas a cargo efetivo eventualmente já ocupado ou a ser
ocupado pelo contratado temporário, salvo em relação à matéria previdenciária, nos termos da legislação
específica.
Art. 10 – É proibida a contratação temporária de servidores da administração pública direta ou indireta
da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, bem como de empregados ou servidores de suas
subsidiárias e controladas.
Parágrafo único – Excetua-se do disposto no caput a contratação de servidor enquadrado nas hipóteses
previstas no art. 25 da Constituição do Estado, desde que comprovada a compatibilidade de horários.
Art. 11 – A remuneração do contratado temporário será fixada tomando como referência o vencimento
do cargo público estadual cujas atribuições correspondam às funções do contratado ou, inexistindo
correspondência, terá valor compatível com o dos salários pagos pela iniciativa privada para o desempenho
dessas funções.
§ 1º – Para os efeitos do disposto neste artigo, serão concedidas ao contratado temporário as vantagens
funcionais previstas em lei devidas aos servidores ocupantes dos cargos públicos tomados como referência,
excluídas as vantagens de natureza individual.
§ 2º – No caso do inciso IV do caput do art. 3º, quando se tratar de coleta de dados, o valor da
remuneração poderá ser formado por unidade produzida, observado o disposto no caput deste artigo.
§ 3º – A remuneração do contratado temporário não poderá ser superior à remuneração do servidor
ocupante do cargo público tomado como referência, excluídas as vantagens de natureza individual, ressalvadas
as hipóteses previstas em lei.
Art. 12 – O contratado temporário é segurado do regime geral de previdência social, conforme o
disposto no § 13 do art. 40 da Constituição da República.
Parágrafo único – É facultada, ao contratado temporário, a assistência médica, hospitalar e
odontológica a que se refere o art. 85 da Lei Complementar nº 64, de 25 de março de 2002, prestada pelo
Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais – Ipsemg –, a qual será custeada por
contribuição do contratado, com alíquota de 3,2% (três vírgula dois por cento), a ser descontada da
remuneração de contribuição, nos termos do regulamento do Ipsemg.
Art. 13 – O contratado temporário não poderá:
I – receber atribuições, funções ou encargos não previstos no respectivo contrato;
II – ser nomeado ou designado, ainda que a título precário ou em substituição, para o exercício de
cargo em comissão ou função de confiança;
III – ser novamente contratado, com fundamento nesta lei, salvo nas hipóteses em que a nova
contratação seja precedida de novo processo seletivo simplificado, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art.
6º.
Art. 14 – As infrações disciplinares atribuídas ao contratado temporário serão apuradas mediante
processo administrativo a ser concluído no prazo de trinta dias, assegurada a ampla defesa, nos termos do
inciso LV do art. 5º da Constituição da República.
Art. 15 – O contratado temporário fará jus aos direitos estabelecidos no § 3º do art. 39 da Constituição
da República.
Parágrafo único – Aplica-se ao contratado temporário o disposto nos arts. 139 a 142, 152 a 155, 191 a
212, 216, 217, nos incisos I, III e V do art. 244 e nos arts. 245 a 274 da Lei nº 869, de 1952, no que couber.
Art. 16 – O contrato temporário firmado com fundamento nesta lei será extinto, sem direito a
indenização, nas seguintes situações:
I – pelo término do prazo contratual;
II – por iniciativa do contratado;
III – pela extinção da causa transitória justificadora da contratação;
IV – por descumprimento de cláusula contratual pelo contratado, mediante procedimento
administrativo disciplinar e garantida a ampla defesa.
§ 1º – No caso do inciso II do caput, a extinção do contrato temporário deverá ser comunicada ao
órgão, à autarquia ou à fundação contratante com antecedência mínima de trinta dias.
§ 2º – No caso do inciso III do caput, competirá à autoridade máxima do órgão, da autarquia ou da
fundação contratante declarar imediatamente a extinção da causa transitória justificadora da contratação,
considerando-se, a partir da data de comunicação ou da publicação da respectiva declaração, rescindidos os
contratos vigentes, desde que os contratados sejam comunicados com antecedência mínima de trinta dias.
Art. 17 – A contratação temporária de pessoal com a inobservância das disposições estabelecidas nesta
lei implicará a nulidade de pleno direito do contrato e a responsabilização civil e administrativa da autoridade
contratante, inclusive quanto à indenização dos valores pagos ao contratado.
Art. 18 – Os contratos firmados com fundamento na Lei nº 18.185, de 4 de junho de 2009, serão
extintos nos prazos neles previstos, ressalvada a possibilidade de ratificação ou rerratificação pela autoridade
competente, desde que atendam ao disposto nesta lei, inclusive quanto à observância do prazo máximo de
duração do contrato, devendo constar expressamente do ato de ratificação ou rerratificação o novo fundamento
legal da contratação.
Art. 19 – A vedação prevista no art. 4º não se aplica à contratação temporária realizada com
fundamento na hipótese prevista no inciso VI e no §3º do art. 3º, para as atividades correspondentes aos
seguintes cargos:
I – Agente de Segurança Penitenciário, a que se refere a Lei nº 14.695, de 30 de julho de 2003, enquanto
não ocorrer a implementação, no âmbito do Estado, das disposições previstas na Emenda à Constituição
Federal nº 104, de 4 de dezembro de 2019, com o efetivo preenchimento dos cargos de policial penal por meio
da realização de concurso público;
II – Agente de Segurança Socioeducativo, a que se refere a Lei nº 15.302, de 10 de agosto de 2004, e
Fiscal Agropecuário, a que se refere a Lei nº 15.303, de 10 de agosto de 2004.
Parágrafo único – A contratação temporária a que se refere o caput atenderá aos demais requisitos
estabelecidos nesta lei, e a duração dos contratos poderá ser reduzida em caso de nomeação, posse e exercício
dos servidores concursados ou se não subsistirem os motivos da contratação.
Art. 20 – Fica o poder público estadual autorizado a realizar contratação excepcional por tempo
determinado para o exercício das atribuições das carreiras da educação básica previstas na Lei nº 15.293, de 5
de agosto de 2004, com exceção das carreiras correspondentes às funções de magistério, conforme disposto no
parágrafo único do art. 22 da Constituição do Estado.
§ 1º – Na realização dos processos seletivos para a contratação excepcional a que se refere o caput, o
poder público adotará como diretriz a manutenção das regras utilizadas no processo de seleção realizado para
o ano escolar de 2020.
§ 2º – Os processos seletivos a que se refere o § 1º serão realizados periodicamente, com intervalo
máximo de vinte e quatro meses entre cada um.
Art. 21 – Fica acrescentado à Lei nº 23.630, de 2 de abril de 2020, o seguinte art. 7º-B:
“Art. 7º-B – Ficam abonadas, no âmbito da administração pública direta, autárquica e fundacional do
Poder Executivo, tendo em vista o disposto no inciso IV do art. 4º da Lei nº 23.631, de 2 de abril de 2020, as
faltas ao serviço registradas durante a vigência do estado de calamidade pública decorrente da pandemia de
Covid-19, reconhecida pelo Decreto nº 47.891, de 20 de março de 2020, justificadas com o código específico
instituído para tratamento excepcional das situações incompatíveis com o exercício das atividades em
teletrabalho.
§ 1º – Para os servidores em exercício na Secretaria de Estado de Educação – SEE –, o abono a que se
refere o caput será concedido até a data de término do ano escolar de 2020.
§ 2º – O período correspondente às faltas abonadas nos termos deste artigo será computado como
efetivo exercício para todos os fins, exceto vantagens de natureza indenizatória e aquelas atribuídas na
proporção dos dias efetivamente trabalhados.”.
Art. 22 – É vedada a adoção do modelo de cogestão, terceirização ou instrumento semelhante nas
atividades-fim das unidades de internação do sistema socioeducativo.
§ 1º – Para fins do disposto neste artigo, entende-se por cogestão, terceirização ou instrumento
semelhante a celebração de parceria entre a administração pública e entidades de interesse público, sem fins
lucrativos, inclusive as do terceiro setor a que se refere a Lei nº 23.081, de 10 de agosto de 2018.
§ 2º – A vedação à adoção do modelo de cogestão de que trata o caput entrará em vigor vinte e quatro
meses contados da data de publicação desta lei.
§ 3º – Nas unidades de semiliberdade do sistema socioeducativo, modelo de gestão será implementado
por lei em doze meses contados da data de publicação desta lei.
§ 4º – Enquanto não for implementado por lei o modelo de gestão a que se refere o § 3º, o Poder
Executivo priorizará a gestão direta.
Art. 23 – Dar-se-á a remoção de Agente de Segurança Penitenciário, de Agente de Segurança
Socioeducativo e de Policial Civil para acompanhar cônjuge ou companheiro, ou por motivo de saúde do
servidor, cônjuge, companheiro ou dependente, condicionada à comprovação por junta médica.
§ 1º – Para fins do disposto neste artigo, entende-se por remoção o deslocamento do servidor, a pedido
ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
§ 2º – Para fins do disposto neste artigo, são modalidades de remoção:
I – de ofício, no interesse da administração pública;
II – a pedido, a critério da administração pública;
III – a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da administração pública:
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da
administração pública;
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas expensas e
conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial;
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for
superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles
estejam lotados.
Art. 24 – Fica o Poder Executivo autorizado a prorrogar pelo período de até vinte e quatro meses o
prazo de validade de concurso público para ingresso nos quadros da Polícia Militar de Minas Gerais, do Corpo
de Bombeiros Militar de Minas Gerais e da Polícia Civil de Minas Gerais não expirado até a data de entrada
em vigor desta lei, observado o disposto no § 2º do art. 21 da Constituição do Estado.
Art. 25 – Ficam revogadas:
I – a nota XII da Tabela 4 do Anexo da Lei nº 15.424, de 30 de dezembro de 2004;
II – a Lei nº 18.185, de 2009.
Art. 26 – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Belo Horizonte, aos 23 de dezembro de 2020; 232º da Inconfidência Mineira e 199º da Independência
do Brasil.
ROMEU ZEMA NETO

Você também pode gostar