Carta de Atibaia
Carta de Atibaia
Carta de Atibaia
PRIMEIRO: Refletir em cima de pontos não abordados e que nos parecem fundamentais para
completar a análise proposta pelo Parlamento Nacional de Relações Públicas;
SEGUNDO: Emitir alguns alertas sobre questões que se anunciam claramente no horizonte
profissional e para as quais se faz necessária, hoje, uma especial atenção, e amanhã, uma
esclarecida tomada de posição.
TERCEIRO: Exercer o legítimo direito de expressar nossas discordâncias com alguns consensos
manifestados nos documentos regionais e consequentemente inseridos nas conclusões do
Parlamento Nacional de Relações Públicas.
O nosso esforço de reflexão fez nascer esta Carta de Atibaia: um paradoxal vôo panorâmico sobre as
Relações Públicas propiciado pela viagem às profundezas das Relações Públicas que foi o
Parlamento Nacional de Relações Públicas.
A Carta de Atibaia só pode ser entendida na dimensão que seus autores lhe deram e no espírito com
o qual é oferecida: contribuição ao esforço conjunto de aproximação até o horizonte merecido que
sempre será aquele que possa ser construído.
1. Parlamento Nacional de Relações Públicas.
O processo denominado Parlamento Nacional de Relações Públicas, quaisquer sejam as ópticas de
análise e a mensuração dos seus resultados, é um marco histórico no desenvolvimento da profissão
no Brasil.
Por essa razão:
1. sentimos muito orgulho de termos participado do processo, inédito no Brasil, através do qual uma
profissão procura sua adequação para melhor contribuir à nova sociedade que está sendo reclamada
e construída pelo povo brasileiro.
2. parabenizamos a atual gestão do CONFERP que materializou o clamor da categoria organizando a
possibilidade de expressão das angústias, mazelas, questionamentos e anseios que permeiam a vida
dos Relações Públicas.
a) sua atividade/fim:
papel de administrador dos conflitos de poder b) sua atividade/meio:
surgidos nos relacionamentos necessários para a a comunicação e suas diferentes linguagens.
consecução de objetivos
Consideramos que as Novas Funções das Relações Públicas propostas nas Conclusões do
Parlamento Nacional de Relações Públicas:
diagnosticar relacionamentos, prognosticar a reação dos públicos, propor estratégias e implementar
programas que assegurem a interação da entidade com seus públicos contribuindo assim ao
atendimento dos seus objetivos;
são o escopo mais certo e mais claro para uma profissão cuja única finalidade e justificativa é ser um
dos elementos contributivos para a gestão bem sucedida.
a) Auto-regulamentar:
Quando a lei se tornar inócua, atropelada que será pelo Tratado do Mercosul, no Brasil estaremos
desprovidos de instrumental regulador (atenção: dizemos regulador e não regulamentador !) que
permita orientar a profissão para seu aperfeiçoamento e consolidação evitando o escracho e a
balbúrdia no mercado
Estamos convictos de que apenas e tão somente a congregação voluntária dos iguais reúne a força
moral necessária para evitar a natural diáspora e a maldição da sua herança errante. A auto-
regulamentação, surgida dos atuais titulares que voluntariamente queiram aderir, deverá emergir
forte, solidária e esclarecida o suficiente como para determinar os caminhos que devem ser trilhados
em seu nome.
Os requisitos de adesão à profissão serão determinados pelo órgão auto-regulamentador, sendo essa
sua maior força moral e fonte de prestígio profissional perante o mercado pois o zelo das
individualidades provocará o policiamento do conjunto.
A adesão ao órgão auto-regulamentador deverá ser a chancela de qualidade que o mercado passará
a perceber e exigir não porque está na lei, mas porque há o controle entre os pares interessados em
manter prestígio, e por tanto, mercado.
A existência de um órgão auto-regulamentador com normas objetivas e rígidas para a aceitação,
fornecerão o atestado de legitimidade técnica, justificativa econômica e prestígio social que a
profissão até agora nunca teve, e que nesta época de maturidade à qual entramos tanto está a exigir.
b) Qualificar:
Uma conseqüência direta da proposta do item anterior é a necessidade de dotar o órgão auto-
regulamentador das escoras que dêem suporte a sua força moral e prestígio social.
Propomos que uma dessas escoras deva ser o Exame de Qualificação para a atuação Profissional
Trata-se de prova de proficiência destinada a exigir e manter determinado nível de conhecimento e
qualidade técnica zelando:
muito mais pelo respeito profissional e prestígio social da profissão,
do que o nome individual do profissional que se submete à prova.
Propomos que o Exame de Qualificação seja prestado perante banca examinadora que funcionará
conforme normas, prazos e rituais acadêmicos publicamente conhecidos e aprovados previamente
pelo órgão auto-regulamentador.
Qualquer profissional já registrado no órgão auto-regulamentador poderá submeter-se,
voluntariamente, ao Exame de Qualificação e no caso de aprovação, terá o direito de acrescentar as
letras TQ (ou outras siglas que sejam aprovadas), ao título de Relações Públicas do seu cartão
profissional, indicando assim ao mercado que ele está Tecnicamente Qualificado por ter sido
aprovado no Exame de Qualificação.
Exemplo:
EMPRESA JUMBO Negócios e Negócios
JOÃO CARLOS ZANZUNG
Relações Públicas – TQ
Bloco de endereço, telefone.
CEP 1234-000 Cidade, estado. BRASIL
O exame deve primar pela objetividade, estabelecendo um sistema de pontuação onde sejam
reconhecidos, por exemplo:
anos de atividade;
formação universitária em curso específico;
pós-graduação na área;
cursos de especialização;
tamanho das empresas onde trabalhou ou clientes atendidos, etc…
oferecendo um processo que deverá estar, reconhecidamente, revestido da maior e mais absoluta
lisura.
Estar-se-ão criando, assim, profissionais de 1a. e 2a. classe?
Sim !
Exatamente o que queremos !
Melhor dizendo, exatamente o que o mercado está querendo/necessitando !
O Exame de Qualificação que estamos propondo estabelece
uma necessária separação, nitidamente percebida pelo mercado, entre profissionais tecnicamente
qualificados que conseguem demonstrar a eficiência das Relações Públicas, e os outros, que sem
preparação nem capacidade a deturpam no mercado.
Acreditamos que apenas e tão somente a demonstração de qualidade técnica, que o exame de
qualificação ajudará a atestar, afastarão da profissão os aventureiros e os incompetentes.
O mercado saberá apreciar esta profilaxia recompensando as Relações Públicas com o
reconhecimento e a credibilidade há tanto tempo procurada, agora legitimada socialmente devido à
força moral de que estará dotada.
c) Agregar qualidade
Parlamento Nacional de Relações Públicas reclamou, com justa razão, da ausência de cientificidade
que sempre acompanhou a atividade de Relações Públicas.
Pensamos que, sendo a natureza da nossa profissão extremamente genérica por ser genérico o
objeto de análise e o campo de aplicação, muito teremos a ganhar se permitíssemos o
enriquecimento da nossa profissão com a contribuição vinda de outras ciências.
Propugnamos decididamente pela criação de cursos específicos de Pós-Graduação em Relações
Públicas para que profissionais de outras áreas possam se especializar na nossa, e posteriormente
obter registro no órgão auto-regulamentador.
Não temos dúvida de que isso vai agregar qualidade à profissão, enriquecida que será pelas visões
interdisciplinares. Ao contrário do que possa ser pensado, esta abertura não significa invasão, mas
enriquecimento pelo acréscimo de conhecimentos. Isso representa certeza de crescimento. Em todos
os sentidos.
Para nós, os três itens acima propostos não exigem para sua validade a ameaça
da desregulamentação brancaprovocada pelo Mercosul. Eles são válidos mesmo agora sob a
vigência da Lei 5.377.
A Comunicação Pública é a comunicação cívica que nos países de língua inglesa recebe o nome de
accountability, um conceito que vai muito além da prestação de contas, pois promove o fluxo da
comunicação entre as necessidades da sociedade e aquelas que estão disponíveis nas instituições
públicas que são, por natureza, as portadoras do interesse coletivo.
Convidamos à discussão profunda deste conceito, hoje uma necessidade social, e cuja
operacionalização pertence de maneira legítima ao campo das Relações Públicas.
Assinado:
CANDIDO TEOBALDO DE SOUZA ANDRADE/SP,
CELSO ALEXANDRE DE SOUZA LIMA/MG,
ELIZABETH BRANDÃO/BSB,
FÁBIO FRANÇA/SP,
JORGE EDUARDO DE ARAÚDO CAIXETA/MG,
JULIO ZAPATA/SP,