REDES Revista Pesca Xingu 2022
REDES Revista Pesca Xingu 2022
REDES Revista Pesca Xingu 2022
Ano 1 | 1ª edição
Demos início a esse projeto especial da revista Pesca Xingu por acreditar no
potencial que nosso estado tem em uma infinidade de assuntos relacionados ao setor
do pescado, no contexto de empreendedorismo, ciência, tecnologia, gastronomia e
potenciais econômicos.
O intuito desta publicação é, sobretudo, contribuir para o fortalecimento do
segmento, levando informações do Pará e de projetos que são voltados para essa
temática. Abordagens acerca dos impactos positivos que a região tem e que sempre
estarão pautadas em nossa linha editorial.
Nesta edição, você leitor terá a oportunidade de conhecer mais a fundo os projetos
de valorização não só do que a natureza proporciona, o pescado, mas também das
pessoas. Gente que faz diferença no dia a dia e soma para o crescimento do estado.
Conheça ainda o estudo que a REDES/FIEPA, em parceria com a Norte Energia,
desenvolveu para obter o diagnóstico do pescado na área de influência da UHE
Belo Monte e o projeto de regularização do pescado.
Marcel Souza
Executivo de Gestão da REDES/FIEPA
Colaboradores
Allysson Jhonnatha de Sá Rodrigues, Ana Karoline Sousa de Oliveira, Ana Paula
Ferreira da Paixão, André Luiz Oliveira Nascimento, Aparecida Torres da Silva,
Betina Meira Beltrame, Charlyngton da Silva e Silva, Daniela Barbosa de Sousa,
Elder Marcos A. de Sousa, Eurípedes Amorim da Silva, Gustavo Fernandes do
Nascimento, Huandria Figueiredo do Nascimento, Isadora Ribeiro da S. L Bahia,
Jennifer E. da Silva Ferreira, José Ananias da Silva Junior, Letícia Lima Correia,
Liliane Campos Ferreira, Luiz Carlos Piacentini, Miguel dos Santos Bentes da
Gama, Paulo Amorim da Silva, Pedro Henrique de Souza, Rita Maria de Sousa,
Wanderharley de Oliveira Costa.
Realização: Execução:
SUMÁRIO
Ano 1 | 1ª edição
06
10
06
6 MERCADO
Diagnóstico Mercadológico do Pescado: Um
balanço na região do Baixo e Médio Xingu
10 INOVAÇÃO E TECNOLOGIA
Projetos contribuem para reprodução segura
de peixes no Xingu
14 SUSTENTABILIDADE
Sustentabilidade em foco: Desenvolvimento
14
06
10 econômico e sustentável é possivel no setor
do pescado
20 ARTIGO
Síndrome de Haff, a “doença da urina preta”
24 ARTIGO
Belém terá Terminal Pesqueiro Público
26 GASTRONOMIA
Gastronomia na região do Baixo e Médio
Xingu: Águas férteis para jovens talentos
26
32 ARTIGO
O pescado e o amazônida
MERCADO
Um balanço na
região do Baixo
e Médio Xingu
O estudo realizado por especialistas do ramo pesqueiro fez um
levantamento das necessidades e oportunidades do setor na região
Texto Renata Maciel
O
primeiro passo do convênio celebrado entre a Norte com exigências
Energia e a Federação das Indústrias do Estado do
Pará (FIEPA), por intermédio da REDES, em 2019, para
e condições de
o fortalecimento da cadeia do pescado na região da UHE Belo financiamento
Monte, foi dado a partir de um diagnóstico mercadológico do específicas para
pescado local, nacional e internacional, feito por especialistas de a atividade e
diversas áreas dentro da indústria pesqueira.
a adoção de
O estudo é um levantamento feito pela Norte Energia e a
REDES/FIEPA, na área de influência direta e indireta da UHE
estratégias
Belo Monte. Para Marcel Souza, executivo de gestão da REDES, de marketing
o objetivo do diagnóstico e suas especificidades foi levantar por parte de
oportunidades do setor pesqueiro para compreender e elaborar organizações
as ações necessárias para o desenvolvimento da atividade na
sociais do setor e
região. “Entender o mercado e suas exigências é o primeiro
passo para começar a qualificação e se preparar para fornecer de comerciantes
aos diversos mercados existentes”, explica Marcel. que estimulem
O diagnóstico identificou gargalos, tendências e potenciais o consumo de
da região e propõe soluções com a necessidade de capacitações pescado oriundo
de associações e de produtores na região do Xingu - a fim de
da aquicultura
prepará-los para as oportunidades apontadas no estudo.
no país”.
Marcos Brabo, professor doutor do curso de Engenharia da
Marcel Souza,
Pesca da Universidade Federal do Pará (UFPA), que participou Executivo de Gestão
junto a outros especialistas da construção do estudo, conta que da REDES/FIEPA.
um dos desafios da pesquisa foi entender os principais problemas
que o Xingu enfrenta e procurar resolvê-los, favorecendo a
região e quem reside nela.
Um desses problemas é a aquisição do outros dois são Gurupá, que fica na região do
pescado pela população: “o consumo de pescado Marajó, e São Félix do Xingu, inserido na região
no Brasil ainda é muito inferior aos outros do Araguaia.
países. O principal fator que explica isso é o O Brasil é um dos países com potencial para
preço que, aliado ao baixo poder aquisitivo da desenvolver as mais diversas modalidades de
maioria da população, dificulta um incremento aquicultura. Entretanto o estudo mostrou que,
na frequência de consumo do produto”, analisa mesmo com iniciativas e ações de organizações
Brabo. O território de estudo compreendeu 12 sociais para o incremento e consumo de
municípios localizados na Área de Influência pescado no país, o crescimento tem sido lento.
Direta (AID) e na Área de Influência Indireta Em adição a isso, o professor Marcos Brabo
(AII) da UHE Belo Monte, por meio de sua ressalta: “Isso se deve à burocratização e à
manutenção, implantação e operação. Desses demora dos processos de cessão de águas
municípios, 10 abrangem a região do Xingu, públicas da União para fins de aquicultura,
como: Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador o que permitiria o efetivo aproveitamento
José Porfírio, Vitória do Xingu, Medicilândia, aquícola dos grandes reservatórios e do litoral
Pacajá, Placas, Porto de Moz e Uruará. Os do país”.
Projetos contribuem
para reprodução
segura de peixes
no Xingu
Conhecimento científico e recursos tecnológicos monitoram
e ajudam a preservar a ictiofauna da região
Texto Renata Maciel
N
ovas tecnologias aplicadas ao setor da atividades voltadas à população, respeitando a
pesca estão sendo desenvolvidas com cultura e costumes locais.
o objetivo de aperfeiçoar o proces- Os Laboratórios de Ictiologia de Altamira
so de produção pesqueira no Pará, especial- (LIA) e o de Aquicultura de Peixes Ornamen-
mente no que diz respeito à região do Xingu. tais do Xingu (onde estão instalados aquários
Estudiosos do ramo da pesca enxergam, na área, para a exposição dos peixes) foram construídos
um grande potencial de expansão e pesqui- pela Norte Energia, em 2014, e têm o propó-
sa para conservação e reprodução dos peixes. sito de guardar as informações do controle de
O desenvolvimento desse potencial pode gerar ictiofauna para pesquisa e elaboração de estu-
benefícios para a população da região. dos sobre os peixes do rio Xingu.
Um desses projetos visa auxiliar na promo- Os espaços atendem demandas de pesqui-
ção da pesca como fonte de renda da comu- sadores sobre a fauna aquática da região da
nidade ribeirinha do Xingu. O investimento Transamazônica. O coordenador dos laborató-
é fruto de um Acordo de Cooperação Técnica rios, Leandro Melo de Souza, explica a atuação
(ACT) entre a Norte Energia e o , feito para desses estudiosos: “o LIA tem formado muitos
desenvolver a infraestrutura e promover o estudantes locais e recebido pesquisadores de
crescimento sustentável da cadeia produtiva renome nacional e internacional para estudar
do pescado. a rica fauna de peixes da região”.
São dois laboratórios vinculados à Univer- Leandro, que também é professor da UFPA
sidade Federal do Pará (UFPA), instalados no na Faculdade de Ciências Biológicas, fala das
campus Altamira. O projeto também visa pre- descobertas feitas durante o tempo de ativi-
servar a ictiofauna e monitorar e desenvolver dade dos laboratórios. “Várias espécies novas
para a ciência foram descobertas neste labo- da Ictiofauna, de Incentivo à Pesca Sustentável
ratório e muitas outras estão em processo de e de Resgate e Salvamento da Ictiofauna.
descrição”, explica o coordenador. O sistema consiste em um canal com 1,2 mil
Já o Laboratório de Aquicultura de Peixes metros de extensão, por onde passam os ani-
Ornamentais do Xingu (LAQUAX), inaugura- mais. A operação gera correntezas que levam
do em 2015, objetiva desenvolver protocolos os peixes ao canal, ultrapassando a barragem,
de reprodução em cativeiro das espécies orna- possuindo, também, anteparos que configuram
mentais. “Trabalhamos com espécies ameaça- áreas de baixa velocidade das águas para o des-
das de extinção, como o acari-zebra (Hypan- canso dos peixes.
cistrus zebra), visando à preservação desses O objetivo é aperfeiçoar a operação e obter
peixes”, comenta Leandro. dados sobre os hábitos das espécies migradoras
da região. O monitoramento é feito por câme-
Sistema de transposição de peixes ras que acompanham a passagem dos peixes,
permitindo verificar a eficiência do sistema e
Outros recursos também são utilizados
realizar os ajustes quando necessário. Mais de
para a preservação de peixes. Implantado no
sítio Pimental da UHE Belo Monte, o Sistema 2 milhões de peixes, de 186 espécies diferentes,
de Transposição de Peixes (STP) possibilita a já tiveram a passagem monitorada, o que re-
continuidade de migração dos peixes ao longo vela que o Sistema consegue manter a conec-
do rio Xingu. A iniciativa integra o Programa tividade do rio, garantindo uma cadeia mais
de Conservação da Ictiofauna do Plano Basico diversa de peixes.
Ambiental de Belo Monte, que compreende vá-
rios outros projetos, como o de Monitoramento
Sustentabilidade em foco:
Desenvolvimento
econômico e
sustentável é
possível no setor
do pescado
Pesquisadores apontam caminhos sustentáveis para a pesca no Pará
Texto: Fernanda Libdy | Edição: Brunella Velloso | Revisão: Sara Vasconcellos
N
as últimas décadas o termo sustentabi- perspectiva de incremento considerável”.
lidade vem sendo agregado a diferentes Para o professor, o desafio da sustentabi-
setores produtivos. É um termômetro lidade na pesca está em compatibilizar os in-
que está medindo as ações humanas e seus im- teresses econômicos (atendendo a demanda
pactos, buscando alertar e propor alternativas atual por esse produto) e a capacidade de as
para minimizar futuros danos à própria huma- pescarias manterem-se perenes ao longo do
nidade. tempo, alcançando as futuras gerações. “É pre-
O setor do pescado também necessita ser ciso explorar, em certo volume, para que a gen-
sustentável. Segundo o engenheiro de pesca e te consiga manter essa oferta do extrativismo
professor doutor em Ciência Animal, Marcos para a atual e as próximas gerações”, conclui o
Brabo, existem dificuldades para a implemen- professor.
tação de processos sustentáveis na pesca, desa- A fim de que o desenvolvimento econômico
fios que não são particularidades do Brasil, pois desse setor seja sustentável, diferentes institui-
ocorrem em escala mundial. ções públicas, organizações não governamen-
“Desde meados da década de 1980, a pro- tais e empresas começam a investir ainda mais
dução de pescado, oriunda do extrativismo em pesquisas. É preciso monitorar e avaliar o
(pesca), está estagnada em 90 milhões de to- que vem sendo produzido e consumido em de-
neladas, devido à sobre-exploração dos esto- terminada localidade, visando à implantação
ques pesqueiros”, ressalta Brabo. “No mundo, de dispositivos que tornem essas atividades
a pesca, captura típica do extrativismo, atingiu mais sustentáveis, com redução dos impactos
seu ápice de produção, não apresentando uma socioambientais no decorrer dos anos.
Defeso Marinho*
Síndrome de HAFF,
a “doença da urina preta”
Texto: Rita de Sousa | André Luiz Oliveira Nascimento
Liliane Campos Ferreria | Pedro Henrique de Sousa
E
ra verão em 1924 quando, na região
litorânea de Königsberg Haff, hoje
chamada Kaliningrado, região situada
entre Polônia, Lituânia e o Mar Bático, várias
pessoas relataram sinais de rigidez muscular e
urina preta; enquanto algumas apresentaram
rápida recuperação, outras morreram.
Nos nove anos seguintes, surtos sazonais
recorrentes, no verão e no outono, mataram na
região cerca de mil pessoas. O que as pessoas com
quadro de dores de cabeça, dores musculares
intensas e escurecimento da urina, que ficava
de uma cor similar a do café, náuseas, fraqueza Mapa: Charlyngton Silva
O
s Terminais Pesqueiros Públi- e manutenção pelos próximos 20 anos, e
cos (TPPs) de Belém (PA), Aracaju deverá investir ao menos R$ 16 milhões em
(SE), Cananéia (SP), Manaus (AM), equipamentos, como fábricas de gelo.
Natal (RN), Santos (SP) e Vitória (ES) estão Cerca de 17 mil pescadores serão direta-
em fase de concessão para gestão por em- mente beneficiados, e espera-se que o ter-
presas privadas. A fim de acelerar os trâ- minal de Belém alcance 18,7 mil toneladas
mites, o governo federal os incluiu no Pro- de pescado por ano. O valor mínimo inicial
grama Nacional de Desestatização (PND), de outorga do leilão é de R$ 93,5 mil, valor
medida publicada em decreto no Diário esse que leva em conta os investimentos
Oficial da União em 06 de julho de 2021. e despesas necessário para a operação do
A recomendação pela inclusão dos ter- TPP.
minais no PND foi feita pelo Conselho do Segundo o Ministério da Economia, com
Programa de Parcerias de Investimentos a assinatura do contrato, a nova concessio-
(PPI), uma vez que a previsão para esse mo- nária terá até três anos para realizar todos
delo de gestão do TPP Tapanã, de Belém, foi os investimentos necessários para dar iní-
de redução de desperdício de pescados em cio as operações no terminal, o que deve
87,5 mil toneladas nos 20 anos do contrato. gerar 58 empregos diretos e cerca de 600
indiretos para atendimento da pesca arte-
Tal resultado será consequência de me-
sanal e industrial, beneficiando principal-
lhores condições de manuseio e processa-
mente os atacadistas de peixe, peixeiros,
mento da produção, segundo os estudos do
gileiros, comerciantes locais, entre outros,
PPI, e os benefícios econômicos somam R$
segundo o levantamento do PPI.
986 milhões.
O Tapanã conta com ancoradouros, do-
O projeto passou por audiência e con-
cas, cais, pontes e pier de acostagem, terre-
sulta pública e foi auditado pelo Tribunal
nos, armazéns frigoríficos, edificações, en-
de Contas da União (TCU) que, em dezem- trepostos, vias de circulação interna, além
bro de 2021, se manifestou pela legalidade de acesso aquaviário e equipamentos de
e legitimidade do processo. O Ministério grande porte como guias-correntes, que-
da Economia prevê que o leilão ocorra em bra-mares, eclusas, canais, bacias de evo-
março e o contrato seja assinado no segun- lução e áreas de fundeio, e poderá absor-
do trimestre de 2022. ver o excesso de demanda do Ver-O-Peso,
A concessionária que arrematar o TPP atualmente único local para desembarque
Tapanã será responsável por sua operação pesqueiro na capital paraense.
Jaime Souza
Para a chef, ficar longe de Altamira foi um talento e da nossa cultura para pessoas daqui
processo longo, mas produtivo: “aprendi mui- e as que vêm de fora”.
to. Passei por restaurantes renomados em A jovem chef também se sente desafiada
Minas Gerais. Tudo que eu aprendi, trouxe nos seus trabalhos mais personalizados, que
para a minha cidade”.
são os de atender às especificidades de gosto
A paraense tem grandes referências que e do tipo de evento de cada cliente: “o públi-
contribuíram para a criação do seu principal co, em Altamira, tende a contratar serviços
tempero em seus pratos: inovação e valori- de buffet padrões para seus eventos, então, é
zação ao regional. Os chefs Pablo Oazen, mi-
uma responsabilidade grande entrar nas ca-
neiro vencedor do MasterChef Profissional
sas das pessoas levando esse novo conceito
e um de seus primeiros professores de Gas-
(de personal chef)”, explica.
tronomia, Tiago e Felipe Castanho, paraenses
donos dos restaurantes “Remanso do Peixe” e Segundo a personal chef, proporcionar
“Remanso do Bosque” (Belém-PA), fazem par- conforto e sofisticação, aliados à inovação
te de sua bagagem. e qualidade do serviço e do cardápio, que
Hoje, aos 29 anos, a personal chef altami- são feitos com exclusividade para o cliente,
rense já trabalhou em dois restaurantes na são os elementos-chaves que norteiam seu
sua cidade, mostrando a sua habilidade com trabalho. E, aceitando mais um desafio,
produtos típicos da região: “trabalho com pra- Bárbara compartilha, com a revista Pesca
tos à base de tucunaré, pirarucu, aviú, filhote; Xingu, uma receita à base de tucunaré, peixe
é um prazer compartilhar um pouco do meu típico da região do Baixo e Médio Xingu.
Pajé
Ingredientes:
- 20 gramas de alho - 150 gramas de filé de tucunaré
- Azeite a gosto - Sal e pimenta-do-reino a gosto
- 200 gramas de jambu cozido - 30 gramas de manteiga
- 200 gramas de arroz cozido - 30 mililitros de tucupi
Modo de Preparo:
1. Em uma sauteuse (frigideira), adicione o alho cortado em brunoise (cubos bem pequenos),
junto ao azeite, e deixe-o dourar. Assim que dourar, adicione o jambu cortado em pedaços
pequenos e salteie. Por último, adicione o arroz, misturando bem, e reserve.
2. Tempere o filé de peixe com sal e pimenta-do-reino e, em seguida, reserve-o.
3. Clarifique a manteiga e adicione o tucupi, misturando muito bem os dois.
4. Aqueça uma sauteuse, adicione a mistura do tucupi com a manteiga para dourar ambos
os lados do peixe.
5. Se preferir dar mais sabor ao prato, regue o filé com um pouco da manteiga saborizada
com tucupi antes de servir.
Dicas de chef:
1. Para clarificar a manteiga, derreta-a em fogo baixo e vá retirando com uma colher
a espuma que se formar. O que restar na panela, é a manteiga clarificada. Se fizer em
maior quantidade, reserve o excedente, de preferência, em um recipiente de vidro com
tampa.
2. A chef não colocou limão no peixe, pois seu sabor levemente ácido pode competir
com o do tucupi – caldo que também possui certa acidez. Mas, para quem não conseguir
abrir mão do limãozinho, use apenas um pouquinho do fruto.
3. Devido ao período de defeso do tucunaré, em alguns meses do ano não o encontra
fresco – o congelado fica escasso também. Então, a chef sugere, como alternativa, o
filhote.
D
e maneira geral, os brasileiros não são merece destaque é a sua inserção e elevada
grandes consumidores de pescado, frequência de consumo em todas as clas-
salvo os amazônidas. Nessa região, al- ses sociais, visto que as espécies apresentam
gumas populações tradicionais consomem o grande amplitude de preço, influenciado prin-
produto diariamente em praticamente todas cipalmente pelo local de comercialização e
as suas refeições, fruto da pesca de subsistên- pela época do ano.
cia, enquanto as feiras livres, mercados públi-
Em suma, os sabores e possibilidades de
cos, supermercados e peixarias das cidades
apresentação do pescado amazônico são icô-
expõem o grande volume e a diversidade de
espécies provenientes da pesca e da aquicul- nicos e incontáveis, dignos de entusiasmar
tura comerciais, em especial de peixes, crus- chefes de cozinha do mundo inteiro. O hábito
táceos e moluscos. de consumo continua sendo transmitido de
geração para geração, apesar de afetado pelo
Nesse contexto o pescado assume prota-
gonismo na gastronomia local, inclusive com valor comercial mais acessível de outras fon-
formas particulares de conservação e preparo tes de proteína animal, seu acesso facilitado
em relação ao restante do país, como produ- pela melhoria dos canais de distribuição e
tos secos e salgados, “ticados” e “moqueados”, pelo baixo poder aquisitivo da maioria da po-
além de pratos exóticos, a exemplo da farofa pulação. Contudo, os termos pescado e Ama-
de aviú (camarão de água doce), do caldo de zônia estão intimamente ligados pelas carac-
turu (molusco bivalve) e dos bolinhos de pi- terísticas ambientais e socioeconômicas do
racuí (farinha de peixe comestível produzida bioma, pela cultura da população local e pelos
a partir do acari) e de cação (tubarão, geral- turistas que não se furtam em se submeter
mente indivíduos jovens). Outro aspecto que aos prazeres da culinária regional.