Aula 4 - LC - 3B - AG
Aula 4 - LC - 3B - AG
Aula 4 - LC - 3B - AG
FORMADOR: DATA:
NOME DO FORMANDO:
Lê silenciosamente o texto A.
TEXTO A
No meio de uma clareira perfeitamente plana, Robinson pôs a descoberto, libertando-o das ervas
que o cobriam, um belo tronco de murta, seco, são e bem desenvolvido, que poderia constituir a peça-
mestra do seu futuro barco. Pôs-se imediatamente a trabalhar, sem deixar de vigiar o horizonte que podia
avistar do seu estaleiro, pois continuava esperançado em que aparecesse algum navio.
O que mais fazia falta a Robinson para estes trabalhos era a serra. Essa ferramenta – que é
impossível fabricar com meios improvisados – ter-lhe-ia poupado meses de trabalho com o machado
e a faca. Uma manhã, ao despertar, julgou sonhar ao ouvir um ruído que não podia ser senão o de
alguém em plena ação de serrar. […]
Na falta de verniz ou mesmo de alcatrão para untar o casco, Robinson decidiu-se a fabricar
uma espécie de cola. Teve para isso de arrasar quase na totalidade um pequeno bosque de azevinho
que descobrira logo que começara a trabalhar. Durante quarenta e cinco dias, retirou dos arbustos a
casca exterior e recolheu a de dentro, cortando-a em tiras. Pô-las depois a ferver num caldeirão,
durante muito tempo, até que, a pouco e pouco, se decompuseram num líquido espesso e viscoso.
Espalhou então esse líquido ainda a escaldar, pelo casco da embarcação.
O Evasão estava concluído. Robinson começou a juntar as provisões que levaria consigo, mas
interrompeu pouco depois essa tarefa, lembrando-se de que seria melhor começar por lançar o seu novo
barco à água, para ver como se comportava. A verdade é que tinha grande receio dessa experiência, que iria
decidir do seu futuro. Como é que o Evasão se aguentaria no mar? Seria suficientemente estanque?
Não iria virar-se à primeira onda? Nos seus piores pesadelos, o barco afundava-se a pique como uma
pedra nas profundezas verdes...
Acabou por se decidir a lançar o Evasão ao mar. Verificou logo que era incapaz de arrastar por
cima das ervas e da areia até ao mar aquele casco que devia pesar mais de quinhentos quilos. Na
verdade, esquecera-se completamente do problema do transporte do barco até à beira-mar. Isso devia-
se em parte ao facto de estar demasiado influenciado pela leitura da Bíblia, em especial das páginas
que falavam da Arca de Noé. Construída longe do mar, a arca apenas tivera de esperar que a água
chegasse até ela, sob a forma de chuvas ou torrentes que desciam do alto das montanhas. Robinson
cometera um erro fatal, ao não construir o Evasão diretamente na praia.
Tentou então colocar toros arredondados por debaixo da quilha para a fazer rolar. Mas o barco
não se moveu, e o resultado foi arrombar uma das pranchas do casco, ao fazer força sobre ela com uma
estaca colocada sobre um cepo e utilizada como alavanca. Ao cabo de três dias de esforços inúteis, a
fadiga e a cólera obscureceram-lhe a razão. Teve então a ideia de cavar uma vala na falésia, desde o
mar até ao local onde se encontrava o barco, o qual poderia então deslizar pela vala e atingir o nível da
praia. Atirou-se vigorosamente ao trabalho, mas concluiu que esses aterros lhe levariam dezenas de
anos até estarem completados. E renunciou.
Michel Tournier, Sexta-Feira ou a Vida Selvagem, Lisboa: Editorial Presença, pp. 19-21.
Testa agora a tua capacidade de compreender o que leste e responde às questões seguintes
usando as tuas palavras.
1. Robinson Crusoé chamou ao seu barco “Evasão”. Dá a tua opinião sobre a razão da escolha
deste nome.
3. Quanto tempo é que Robinson gastou a fazer o barco e a tentar pô-lo na água. Seleciona a
alternativa mais correta com X.
Uma manhã.
Vários dias.
Vários meses.
Muitos anos.
5. Explica, com as tuas palavras, a situação difícil em que se encontrava Robinson. Na tua resposta,
tens de te referir ao Virgínia.
6. O texto a seguir completa o terceiro parágrafo, assinalado com [...], do texto A. Descobre e
regista as palavras em falta.
(Nota que os espaços têm todos o mesmo tamanho e cada um corresponde a uma única palavra.)
«Uma manhã, ao despertar, julgou sonhar ao ouvir um ruído ____________ não podia ser senão
7. Identifica o objeto, referido por um nome, e a ação, descrita por um verbo, que provam que o
terceiro parágrafo do texto se pode completar com o trecho em 5.
Nome: Verbo:
9. Escolhe agora um título para o capítulo da narrativa que leste e justifica essa escolha.
10. Um dia, Robinson encontrou um amigo, o Sexta-Feira. O texto B fala da relação entre os
dois. Completa-o com as formas verbais em falta.
TEXTO B
Havia vários dias, de resto, que ____________(irritar) Robinson. Nada é mais perigoso do que a
irritação quando se é forçado a viver sozinho com outra pessoa. Na véspera Robinson ____________ (ter)
uma indigestão de filetes de tartaruga com mirtilos. E Sexta-Feira ____________-lhe (pôr) agora debaixo
do
nariz um fricassé de pitão com insetos! Robinson ____________ (sentir) um vómito e, com um pontapé,
____________ (atirar) com a grande concha para a areia, de mistura com o conteúdo. Sexta-Feira,
furioso,
11. As 12 frases a seguir estão na ordem correta e dão-nos o desfecho da zanga entre Sexta-Feira
e Robinson. Segue o modelo e transforma as frases num texto com um único parágrafo,
ligando-as, eliminando repetições e procedendo às necessárias alterações.
Tens aqui alguns conectores que podes usar para ligar as frases.
Sexta-feira arrastou para junto de Robinson uma espécie de manequim cuja cabeça era feita com um
coco.
12. No texto A, Robinson encontrava-se numa situação muito difícil. Imagina que tinhas um
problema semelhante, embora num lugar diferente e nos dias de hoje. Descreve essa situação
imaginária e os teus esforços para sair dela (120 a 150 palavras).