O Caminho Do Coração FF PORT 2018 DEF 1 PDF
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O Caminho do Coração
Introdução
1. No princípio, o Amor
A Palavra primeira e permanente da nossa vida de fé é o amor eterno do Pai. É o que Ele
continuamente nos está a querer dizer e reflecte-se em tudo aquilo que faz por nós em cada dia:
Amo-te. É a sua essência “Deus é amor” (1Jo 4,8), não pode não amar-nos. O AMOR é o modo
como Deus nos olha e acompanha sempre, independentemente do rumo que a nossa vida tenha
tomado, ainda que nos tenhamos afastado d’Ele por causa do pecado. O Seu amor é
incondicional e imutável. É o princípio e o fundamento do nosso caminho espiritual, pois a nossa
vida tem início graças ao Seu amor, é sustentada por Ele e um dia irá ser recebida no Seu amor.
Reconhecer esse amor leva-nos a corresponder-lhe.
DINÂMICA INTERNA
O que significa amar e ser amado? O que eu entendo pela palavra “amor"? Fizemos a
experiência de ser amado por nossos pais, amigos, por alguém? O amor está no início,
nos precede, nos deu vida, a vida, mesmo quando foi ferido. Posso recordar dos rostos
de pessoas que me amaram e que continuam me amando hoje em dia.
São Paulo dizia: "O amor é paciente, é benigno; amor não é invejoso; o amor não é
arrogante, não arrogante; Ele não se comporta indecentemente; não busca os seus
próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal recebida; não se alegra com a
injustiça, mas folga com a verdade; Suporta todas as coisas, acredita todas as coisas,
espera todas as coisas, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas se há dons de profecia,
eles vão acabar; havendo línguas, cessarão; se houver conhecimento, isso vai acabar
" (1Cor 13, 4-8).
Frederic Fornos sj
Mesmo que eu não seja capaz de reconhecer esse amor em minha vida, há uma certeza,
que não é percebida imediatamente: Aquele que é a fonte da vida, do universo visível e
invisível, me amou desde sempre. Ele me diz: "Eu te amo", "Eis que nas palmas das
minhas mãos, lhe tenho gravado." (Isaías 49, 16). Ele me ama não de uma maneira
geral, mas de uma forma concreta e pessoal, a ponto de dar sua vida por mim, por nós,
até derramar o sangue, para que possamos reconhecer toda a altura, a largura e a
profundidade do seu amor por cada um de nós. Seu amor é tão grande que os oceanos
não poderiam contê-lo nem os rios apagá-lo! Este Amor é impossível traduzir, transmitir,
mesmo com a mais bela palavra, pois é um encontro. É como se apaixonar. Certamente
já lemos livros e romances sobre o tema do amor, e alguns filmes nos emocionaram,
mas quando você se apaixona, tudo muda, é um novo mundo.
Com a morte e ressurreição de Jesus Cristo, um novo mundo surgiu. "A ressurreição nos
diz que o caminho do amor, seguido por Jesus de maneira incondicionalmente até a
entrega de sua própria vida, não é um caminho que conduz a lugar nenhum, não é um
beco sem saída. O caminho do amor é também o caminho que abre à vida" (P. Louis
Evely). Em Jesus Cristo, temos a garantia de que o amor existe e que somos amados. São
João em sua primeira carta nos diz: "Nisto conhecemos o amor: que Ele deu Sua vida
por nós." (1Jo 3, 16). O amor é o caminho, a verdade e a vida.
Por esta razão, é essencial reconhecer esse amor em nossas vidas e dar graças ao
Senhor, fonte de todo bem. Reconhecer o amor é ser agradecido.
Olho onde a luz está presente na minha vida, tudo o que produz em mim abertura e me
faz viver em profundidade (um gesto, uma palavra ou um sorriso, encontros ou eventos,
etc.). É importante exercitar-se para reconhecer a vida nas pequenas coisas diárias, a
fim de reconhecer cada vez mais Quem é a fonte da vida. Sabemos que a vida, o amor,
não fazem barulho, é por isso que temos tanta dificuldade para discernir a presença do
Senhor. Só quem ama reconhece a pessoa amada. Quanto mais eu agradeço, mais
razões encontro para dar graças. Reconheço todas as pessoas que me amaram em
minha vida, que me amam, que me construíram, para agradecer ao Senhor por essas
pessoas presentes em meu coração.
Frederic Fornos sj
Senhor, sois o meu Deus, desde a aurora Vos procuro. A minha alma tem
sede de Vós como terra árida, sequiosa, sem água. (Salmo 62,1)
Do profundo abismo clamo por Vós, Senhor. Senhor, escutai a minha voz...
(Salmo 130,1)
Bem-aventurados os pobres de coração, porque deles é o Reino de Deus.
(Mateus 5,3)
Onde te escondestes meu amado, deixando-me a gemer?... (São João da Cruz,
Cântico Espiritual)
Criaste-nos para Ti Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não
repousa em Ti. (Santo Agostinho, Confissões)
DINÂMICA INTERNA
Todos nós queremos amar e ser amado, no entanto, experimentamos que quase sempre
é muito difícil, cheio de mal-entendidos. São Paulo diz em sua carta aos cristãos de
Roma: "Pela vontade que está em mim, mas para fazer o bem, não. Bem eu não faço
o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm 7, 18-19). Todos
experimentamos isso apesar de nosso desejo de amar, de estar em harmonia com os
outros, de bem-estar e felicidade. Quantas vezes caímos em caminhos mortais que
prejudicam os outros e nos auto-destrói? Quantos gestos, palavras, pensamentos que
ao invés de abrir-nos à vida, nos levaram para o caminho da morte? A recusa do amor
pode ser tão forte pelo egoísmo, orgulho, ódio, desprezo, que pode fechar-nos em nós
mesmos, separando-nos dos outros e de Deus. E este “fechamento-inferno” leva à
morte... Como diz o livro de Deuteronômio: "Eu chamo o céu ea terra eu definir por
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Deus não vê o nosso pecado. Ele olha nosso amor, nosso desejo de voltar a ele, como
Jesus nos diz na parábola do pai do filho pródigo (Lucas 15). Jesus dá mais importância
à fé que ao cumprimento da lei, "Ide e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e
não sacrifício. Porque eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mateus 9, 13).
É também o que disse Isaac, o Sírio (século VII): "Poderá Deus perdoar-me essas coisas
que me pesam e pelas quais a recordação me atormenta? Não duvides da sua salvação...
Sua misericórdia é muito mais ampla que se possa imaginar. A sua graça, é maior do que
o que você se atreve a perguntar. Está sempre em busca do mínimo arrependimento
naquele que deixou roubar uma parte de sua justiça na luta contra as paixões e o
pecado" (Discurso 40).
"O perdão de Deus para os nossos pecados não conhece limites. Na morte e ressurreição
de Jesus Cristo, Deus torna evidente este seu amor ao ponto de destruir o pecado dos
homens. É possível deixar-se reconcilar-se com Deus através do mstério pascal e da
mediação da Igreja. Por isso, Deus está sempre disponível para o perdão, não se
cansando de oferecê-lo de maneira sempre nova e inesperada" (Misericordiae Vultus n.
22).
À luz do amor do Senhor, olho para tudo o que me fecha, entristece, diminui, divide,
tudo o que é a rejeição ao amor. Não se trata aqui de fazer uma lista dos meus pecados
ou uma investigação de inquisição interior, mas de identificar, como uma simples
observação, sem julgamento de minha parte, o que me fecha, meu pecado,
identificando o local do combate espiritual. Este é o lugar onde o Senhor me chama a
avançar para que eu possa abrir-me mais à vida. Pois o pecado nos separa de Deus,
dAquele que é fonte da vida. Eu posso pedir perdão e acoilher a sua misericórdia.
E Deus viu que tudo o que tinha feito era muito bom (Génesis 1,31)
O meu povo cometeu um duplo pecado: abandonando-me a mim, fonte de
água viva, e fizeram as suas as próprias cisternas, cisternas rotas, que não
retêm água. (Jeremias 2,13)
Andarão errantes do oriente ao ocidente, vagueando de norte a sul,
buscando a palavra do Senhor, e não a encontrarão. (Amós 8,12)
Por que dormes, Senhor? Desperta, desperta! Não nos rejeites para sempre!
Por que te escondes? Por que Te esqueces de nós, que sofremos tanto,
tanto? (Salmo 44,23-24)
Veio ao que era Seu, e os Seus não O receberam. (João 1,11)
Contemplamos com admiração a beleza do nosso mundo e os grandes feitos realizados pela
inteligência humana ao longo da história. Mas o mundo em que vivemos está também ferido por
dolorosas contradições que causam morte e destruição. A vida e o amor são muitas vezes
afogados pela violência e pelo egoísmo. Os pequenos e mais vulneráveis sofrem a agressão dos
poderosos, os recursos naturais são devastados, há tristeza e solidão. Separamo-nos dos
caminhos do amor de Deus e do Seu projecto para a humanidade.
DINÂMICA INTERNA
aquecimento global (O Dia Depois de Amanhã, 2012). Se prevê uma mudança global que
vai levar a consequências irreversíveis para uma ou duas gerações futuras.
No entanto há também esperança em nosso mundo. Mesmo que faça menos barulho,
há homens e mulheres solidários e generosos, longe das câmeras de televisão e das
entrevistas, que são sinais de luz. Todos nós conhecemos alguém assim.
Com a ressurreição nada pode impedir o Amor de Deus manifestado em Jesus Cristo!
Este amor, vulnerável e frágil, porém mais forte que a morte, revela um novo futuro
para a humanidade. Por seu Espírito, que é Amor, nos gera para uma vida nova e nos
torna semelhantes a ele. O Amor só pode ser entendido olhando e escutando a Jesus,
seguindo o seu caminho até o fim. Coloquemos nossa confiança nele.
Nos Exercícios Espirituais, Santo Inácio de Loyola, nos apresenta a Deus contemplando
o mundo: como "as três Pessoas divinas" observavam "toda a extensão e a redondeza
do mundo, cheia de homens, e como, vendo que todos desciam ao inferno, se
determina, na sua eternidade, que a segunda pessoa se faça homem para salvar o
gênero humano; e assim, chegada a plenitude dos tempos, é enviado o anjo Gabriel a
Nossa Senhora" (EE 262). E o Verbo se fez carne e habitou entre nós (João 1, 14).
Também nós somos convidados a contemplar o nosso mundo com seus desafios,
alegrias e sofrimentos, esperanças e medos, e levá-lo à oração. Entremos com confiança
nesta viagem que nos leva a uma missão de compaixão pelo mundo.
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O Pai não nos abandonou neste mundo sem coração. Falou-nos do Seu amor muitas vezes e de
muitos modos através dos profetas e nestes tempos que são os últimos fê-lo através do Seu
Filho feito homem, Jesus, o Cristo (cf. Hebreus 1,1). N’Ele, o Pai uniu a nossa história à Sua, para
restaurar a criação e para curar a nossa humanidade ferida. N’Ele, que deu a Sua vida por nós
na cruz e a Quem o Pai ressuscitou dos mortos, perdoou os nossos pecados. N’Ele, o amor
ardente de Deus vem ao nosso encontro, determinado em nos salvar. Junto d’Ele aprendemos
a reconhecer o Espírito de Deus a agir no nosso mundo, fazendo nascer algo novo, mesmo entre
sofrimentos e dificuldades.
DINÂMICA INTERNA
A Bíblia nos apresenta várias alianças de Deus com a humanidade: Noé, Abraão, e,
finalmente, a nova aliança em Cristo. Ao longo das Escrituras vai sendo revelado um
Deus que quer estabelecer com a humanidade uma relação tão forte e terna como a
relação de amor de um esposo com sua esposa. Os profetas Ezequiel e Oséias
apresentam a Deus como um esposo abandonado por sua amada, que a procura para
levá-la ao deserto e comprometer-se com ela para sempre. Deus nos espera, canta o
Cântico dos Cânticos. Toda a história da humanidade, desde o início até o fim dos
tempos, é uma história de amor, a história das núpcias de Deus com a humanidade.
Este amor é revelado em toda a sua plenitude em Jesus. Como nos disse o evangelista
São João: "Neste o amor de Deus em nós se manifestou que Deus enviou seu Filho
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unigênito ao mundo para que pudéssemos viver por meio dele Nisto consiste o amor
Não que nós tenhamos amado a Deus, mas que Ele nos amou e enviou seu Filho" (1Jo
4, 9-10).
Jesus Cristo nos revela o verdadeiro rosto do amor. Quando, no Evangelho, ouvimos e
olhamos para Jesus, é o próprio Amor que vemos. O Amor se encarnou em Jesus Cristo.
Para dizer com as palavras de São João: "O que era desde o princípio, o que ouvimos,
o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e ter as nossas mãos tocaram
acerca do Verbo da vida ..." É o amar. esta é a experiência dos primeiros discípulos!
"Temos vindo a conhecer e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor" (1Jo
4, 16).
O caminho humano de Jesus, suas palavras e gestos revelam toda a altura, largura e
profundidade d'Aquele que é a fonte da vida. E a ressurreição confirma que ele é o
caminho, a verdade e a vida (João 14,6). O amor, tal como Ele viveu, é força de
ressurreição que transforma profundamente não somente o ser humano, mas todo o
universo.
EXERCÍCIO
Jesus Cristo vem me salvar de que? O que significa para mim, concretamente, que Ele é
o Salvador?
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Jesus Cristo chama-nos Seus amigos e convida-nos a uma aliança de amor pessoal, íntima e
afectiva com Ele. Está sempre vivo para interceder por nós, activamente empenhado em nos
atrair para Ele, pois somos preciosos a Seus olhos. A amizade com Ele leva-nos a olhar o mundo
com os Seus olhos, a sofrer com os Seus sofrimentos e a alegrar-nos com as Suas alegrias, a
oferecer as nossas pessoas para trabalhar com Ele em favor dos nossos irmãos e irmãs. Ele está
connosco todos os dias, até ao fim do mundo.
DINÂMICA INTERNA
Deus não quer fazer nada sem nós, ele está sempre conosco. Por isso, a primeira coisa
que Jesus faz é chamar a outros para estar com ele na sua missão: "Enquanto caminhava
junto ao mar da Galiléia, viu Simão e André, irmão de Simão, lançando uma rede ao
mar, porque eram pescadores. E Jesus disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei
pescadores de homens. E eles, deixando logo as suas redes eo seguiram " (Marcos 1,
16-17).
Os que o seguem, seus discípulos, caminham com ele de cidade em cidade, partilham
sua comida, ouvem suas palavras e meditam suas ações, trabalham com ele durante o
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dia e vigiam com ele durante a noite. A cada dia desejavam conhecê-lo mais
internamente, com o coração, e a cada dia crescia neles o desejo de amá-lo e segui-lo.
Siguir a Jesus Cristo é participar hoje, através de nossas decisões, palavras e ações, em
sua missão e em seu plano de amor pela humanidade. Para isso, o discípulo é chamado
a entrar no caminho humano de Jesus, em seu estilo de vida. Um estilo onde há
coerência entre palavra e ação. Jesus diz o que faz e faz o que diz. Sua palavra torna-se
ato e suas ações falam. Falar de coerência entre nossas palavras e ações é uma outra
maneira de falar de santidade. Jesus nos chama a entrar em seu estilo de vida, uma vida
entregue que ama até o fim, na abertura ao mundo e, especialmente, aos que sofrem,
estão excluídos e rejeitados.
Tomar decisão
O amor a Jesus Cristo nos abre à vida e nos faz crescer em liberdade. Mas o inimigo quer
sempre fazer-nos duvidar do amor de Deus. Ele quer que acreditemos que devemos ser
perfeitos, sem falhas, para ser amado por Ele, até o ponto de separar-nos dos
sacramentos, da oração e do próprio Deus. Quer que acreditemos que não somos dignos
de apresentar-nos diante do Senhor, que seu amor depende de nossos próprios méritos.
Não é verdade; o Senhor nos ama gratuitamente - Esta é a boa notícia! - Sem esperar
nada em troca, sem qualquer mérito da nossa parte, só por amor, tal como somos. A
Frederic Fornos sj
graça não exige nada, não depende do que fazemos. "A palavra gratuitamente deve ser
interpretada no sentido literal". Se o amor de Deus dependesse de nós não seria
totalmente grátis.
Até onde teremos que ir para realmente acreditar que ele nos ama sem esperar nada
de nós, exceto um coração aberto? Será que ele não deu tudo em seu Filho? Não nos
deixemos "enganar" pelo inimigo, que não quer seguir Jesus, até o fim, no caminho do
Amor.
Sei por experiência própria que o Senhor tem sido fiel a minha história a cada dia, e sei
também que continuará fiel amanhã. O que que ele quer de mim é uma determinação
para segui-lo, não importa o que aconteça, viver de acordo com seu estilo de vida e ser
seu amigo. Qualquer decisão está sempre sujeita a incertezas. No entanto, não há vida
que cresça sem o risco de uma decisão.
Toda decisão deve ser uma resposta a um chamado, um dom e não uma decisão por
dever ou por obrigação. Para Santo Inácio o amor é uma comunicação recíproca (EE 231)
e é nesta comunicação que se toma uma decisão. Pode haver muito amor e
generosidade, mas se você não se insere ou toma uma decisão, ainda que pequena,
permanece vazio. No entanto, se esse amor e generosidade toma forma em uma
decisão, mesmo frágil, você pode mover o mundo inteiro. É o mesmo movimento da
Encarnação.
Decidir-se em relação a Cristo, é decidir-se a viver o Evangelho: "Se alguém quer vir
após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Mc 8, 34). Só então,
quando tomamos a decisão de segui-lo até o fim, sendo sempre mais semelhante a Ele,
Jesus nos diz: "Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que seu senhor faz;
mas tenho-vos chamado amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu
Pai " (João 15, 15).
EXERCÍCIO
Diante da cruz, assim como fez Santo Inácio, posso perguntar e refletir: "O que fiz por
Cristo? O que estou fazendo por Cristo? O que devo fazer por Cristo?
Frederic Fornos sj
No excesso do Seu amor por nós, Deus deseja habitar nos nossos corações. É a surpreendente
promessa que Cristo fez aos seus amigos antes de morrer. Deus quer estabelecer a Sua morada
em cada um de nós. S. Paulo dá testemunho disso ao dizer: não sou eu que vivo mas é Cristo que
vive em mim. É o horizonte definitivo para o qual o Espírito quer levar o cristão. É a identificação
total com Cristo em corpo, alma e espírito. É o que desejamos e pedimos em cada dia, com
coração de pobre, sabendo que alcançar esta graça nunca será fruto apenas dos nossos esforços.
Acreditamos que esta identificação com Cristo nos é dada de modo privilegiado na Eucaristia.
Ele mesmo vem a nós no Seu Corpo e no Seu Sangue e modela-nos interiormente segundo o Seu
Coração, a fim de sermos e agirmos como Ele.
DINÂMICA INTERNA
Como discípulo de Jesus, o que me cabe é permanecer nEle, o mais próximo possível do
seu coração.
Frederic Fornos sj
Para estar o mais próximo possível de seu coração, é necessário meditar sua Palavra, vê-
lo e ouvi-lo nos Evangelhos, estar em profunda comunhão com Ele, como um galho e a
árvore, e ser transformado por Ele.
É conveniente habitar em sua Palavra para conhecê-lo com todo o coração, para entrar
em seu amor e reconhecer sua voz em meio a tantos ruídos que nos atrapalham. Quanto
tempo dedico cada dia à oração, para estar com Ele e meditar sua Palavra? Quem come
a sua Palavra, quem medita as Escrituras, a Bíblia, entra em toda a altura, largura e
profundidade do seu amor.
Para morar em Cristo e para que Ele permaneça em mim, para que eu possa dizer como
São Paulo, "E agora eu vivo, mas é Cristo que vive em mim" (Gál 2, 20), devo entrar na
vida do Espírito.
Você se lembra daquele homem que perguntou a Jesus sobre o que fazer para "herdar
a vida eterna"? (Mc 10, 17-21). Jesus, depois de olhar com amor para aquele homem
que respeita todos os mandamentos desde a sua juventude, lhe diz: "só te falta uma
coisa, vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois,
vem e segue-me". Jesus convida esse homem que observa fielmente a Lei de Deus, a
Torá, a passar da obediência da lei para a vida no Espírito. Ser fiel à lei de Deus é uma
coisa boa, mas é preciso ir além. A lei e os mandamentos podem tornar-nos rígidos e
frios. Posso pensar que é suficiente observar a lei ao pé da letra para entrar na vida,
correndo o risco de querer dominar a própria vida, acreditando que posso conseguir
tudo com minhas próprias forças. Jesus convida a ir mais além. Convida a segui-Lo.
Para onde? Ele não diz. Temos que segui-Lo. "O vento sopra onde quer, e você ouve o
barulho; mas você não sabe de onde vem nem para onde vai" (João 3, 8). Seguir Jesus
é entrar na vida do Espírito. É deixar o porto para avançar para águas mais profundas,
trocar a segurança pelo desconhecido, a estabilidade pelo movimento; a vida é
movimento.
"Segue-me" "Para onde?" “O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça". É
necessário partir sem saber para onde estamos indo. Ser dócil ao Espírito Santo sem
procurar direcionar sua vida. Eu posso fazê-lo com confiança, porque descobri em minha
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vida que Ele é fiel. Ser discípulo de Jesus Cristo é deixar-se levar pelo Espírito para
discernir constantemente, em diferentes contextos, como ser fiel ao Evangelho.
Na verdade, como Jesus diz a Nicodemos (João 3), é uma questão de "nascer de novo",
"nascer do alto". Nicodemos é um homem da Torá. Ele conhece a Lei, mas apesar de ter
muita sabedoria vive na noite. Para ter acesso ao "Reino de Deus", a um novo mundo,
não é uma questão de observâncias ou de conhecimento, mas de nascimento. Não basta
praticar esta ou aquela virtude ou obedecer a lei e os mandamentos para ter acesso
pleno à vida espiritual; é necessário estar familiarizado com nossa vida interior e,
gradualmente, aprender a decifrá-la para tornar-se dócil ao Espírito Santo.
Isso requer estar à escuta. Nós muitas vezes vivemos na exterioridade, no fazer, numa
agitação constante, num diálogo interior, mas não escutamos o que está acontecendo
dentro de nós. Sabemos que o Espírito Santo nos fala na ressonância emocional dos
acontecimentos e encontros de nossas vidas. Tudo que vivemos produz algo em nós:
paz, alegria, tristeza, fechamento. Como o homem rico que "foi embora muito triste" ao
escutar o convite de Jesus. É desta forma que o Espírito do Senhor busca falar conosco
e nos chama a discernir. Quem entra na vida do Espírito aprende a acolher os
movimentos interiores, cresce na familiaridade com a sua vida interior e consegue,
gradualmente, decifrar, discernir e reconhecer a voz do Outro que lhe quer falar.
Sobre Santo Inácio se diz que ele "seguia o Espírito, não ia à frente, não sabia para onde
estava indo... ele o seguia com prudência ignorante, com seu coração oferecido a Cristo
simplesmente". O Espírito Santo nos leva o mais próximo possível do Coração de Jesus.
O Espírito Santo nos ajuda a discernir o que é realmente o Amor: o amor aos inimigos e
o perdão das ofensas. Ele nos leva para as profundezas do Coração de Jesus. É seu
intérprete. A desmedida do Amor encontra a sua mais alta expressão na cruz de Jesus.
"Diante da Cruz, devemos deixar-nos transformar pelo poder do amor que se expressa
na morte oferecida e no perdão dado aos algozes. É nessa loucura de amor que devemos
buscar forças para seguir fielmente a solicitude do Espírito em nossas vidas" (Michel
Rondet SJ, Laissez-vous guider par l'Esprit, Ed. Bayard).
"Não é sem razão que o Coração de Jesus trespassado para a nossa salvação é o símbolo
do Amor. São Pablo, depois de sua conversão, gritou brilhantemente: "O Filho de Deus
que me amou, se entregou por mim " (Gál 2,20)” (Dany Dideberg, Le Coeur de Jesus,
fonte de vie). O "coração" é o símbolo de "amor" por excelência.
Frederic Fornos sj
"Ninguém pode conhecer Jesus Cristo totalmente, se não entrar em seu coração, quer
dizer, na mais profunda intimidade de sua Pessoa divina e humana" (Papa João Paulo II,
20 de junho de 2004);
"Só é possível ser um cristão olhando para a Cruz de nosso Redentor, para Este que
trespassaram" (Papa Bento XVI, 15 de Maio 2006).
"O coração do Bom Pastor não é só o coração que se compadece de nós, mas a
misericórdia mesma. Aí brilha o amor do Pai; aí tenho a certeza de ser acolhido e
compreendido como sou; Aí, com todas as minhas limitações e meus pecados, eu
saboreio a certeza de ser escolhido e amado. Ao olhar para esse coração, renovo o meu
primeiro amor: a memória de quando o Senhor tocou a minha alma e me chamou para
segui-lo, a alegria de ter jogado as redes da vida confiando em sua palavra" (cf. Lc 5,5)
(Papa Francisco, 3 de Junho de 2016).
O discípulo a quem Jesus amava mais, quem melhor conhecia o Coração de Jesus,
recostado junto a Ele (João 13,23), foi também o primeiro a reconhecer Jesus
ressuscitado às margens do Lago da Galiléia (Jo 21, 7). Quanto mais perto alguém está
do Coração de Jesus, mais percebe suas alegrias e sofrimentos pelos homens, mulheres
e crianças deste mundo; e reconhece a sua presença hoje como ontem, agindo no
mundo.
"Onde está Deus?" Onde está Deus, se no mundo existe o mal, se há pessoas que passam
fome ou estão com sede, sem abrigo, fugindo, em busca de refúgio? Onde está Deus
quando pessoas inocentes morrem por causa da violência, do terrorismo e das guerras?
Onde está Deus quando doenças terríveis quebram os laços da vida e do afeto? Ou
quando as crianças são exploradas, humilhadas, e também sofrem doenças graves?
Onde está Deus, diante da inquietação dos que têm a alma aflita? (...) E a resposta de
Jesus é esta: "Deus está neles". Jesus está neles, sofre com eles, profundamente
identificado com cada um. Ele esta tão unido a eles, que forma quase como "um só
corpo" (Papa Francisco, 29 de julho de 2016).
Quanto mais próximo do Coração de Jesus nós estivermos, menos indiferentes seremos
a tudo o que nos rodeia, desejando comprometer-nos com Jesus neste mundo, a serviço
de sua missão.
EXERCÍCIO
Diante do Coração de Jesus eu pergunto: "Para onde se orienta o meu coração?" "Onde
se fixa o meu coração, para onde aponta, qual é o tesouro que busca? Porque Jesus nos
diz que "onde está o seu tesouro, lá estará também seu coração" (Mt 6,21) (Papa
Francisco 03 de junho de 2016).
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Unir a vida a Cristo leva-nos a dar a vida pelos outros tal como Ele o fez. Faz-nos descobrir que,
apesar da nossa pobreza e limitação, a nossa vida é útil aos outros. Saber-nos amados,
escolhidos e habitados por Ele, dá-nos dignidade, enche-nos de gratidão e torna-nos capazes de
responder a tanto bem recebido oferecendo a própria vida em disponibilidade à sua missão.
Oferecemo-la agindo contra o egoísmo e o comodismo que muitas vezes frustram o desejo de
Deus em nós. O Senhor convida-nos a dar-Lhe o nosso sim generoso, como o fez Maria de Nazaré.
Não quer salvar-nos nem mudar o mundo sem nós. Ainda quando nos pareça pouco, oferecer-
Lhe a nossa disponibilidade torna-se útil para os outros, porque o Pai associa esse oferecimento
à vida e ao Coração de Seu Filho, que se oferece por nós na cruz. Postos com Jesus, tornamo-nos
mais próximos do sofrimento do mundo e procuraremos responder como Ele o fez. Expressamos
ao Pai esta disponibilidade, através de uma oração de oferecimento diária. Humildemente
pedimos ao Espírito para não sermos obstáculo à sua ação. Inspiramo-nos e alimentamo-nos de
modo especial da celebração da Eucaristia, na qual reconhecemos a oferta perfeita de Cristo ao
Pai, modelo da nossa vida oferecida.
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DINÂMICA INTERNA
Dar resposta a esse amor que deseja atrair-nos para Ele, conhecendo a altura, a largura
e a profundidade na Eucaristia, conduz-nos ao oferecimento de nós mesmos.
Esse amor que brilha a partir do coração "doce e humilde" (Mt 11, 29) de Jesus, só pode
ser entendido seguindo o itinerário de sua vida até o fim. Esse "transbordamento do
amor que nenhuma palavra pode explicá-lo sem docilidade”. A Igreja o aclama com
pudor "contando como o Amor chegou, comemorando (na Eucaristia) a morte e a
ressurreição de Cristo" (Pe. Robert Scholtus).
A Eucaristia nos revela o amor que vai "até o fim", um amor que não tem medida, que é
a força da ressurreição. Jesus Cristo deseja conduzir-nos por este caminho "Assim como
o Pai que me enviou vive e Eu vivo pelo que, portanto, quem come-me come a minha
vida" (Jo 6, 57). Na comunhão do seu corpo e sangue, Cristo deseja estar profundamente
unido a nós. Comunica-nos o seu Espírito Santo. Como escreve Santo Efrém, o Sírio
"Tomou o pão, seu corpo vivo, encheu-o de si mesmo e do seu Espírito. E aquele que
come com fé, come o Fogo e o Espírito. Tomai e comei todos e comei com ele mesmo o
Espírito Santo. É verdadeiramente meu corpo e quem o come viverá para sempre ". Pela
doação do seu corpo e sangue, Cristo faz crescer em nós o dom do seu Espírito, que já
recebemos no Batismo e que nos é oferecido como um "selo" no sacramento da
Confirmação. Com a Eucaristia, assimilamos de uma certa maneira, como disse João
Paulo II, o "segredo" da ressurreição, uma ressurreição que começa hoje mesmo no
coração do mundo.
Por que quer dar-nos este dom imenso de se comunicar Ele mesmo a nós, de comunicar-
nos o Seu Espírito? Porque deseja que nos voltemos a Ele. Ele nos dá sua capacidade de
amar, de oferecer nossas vidas, com Ele, pelo Reino de Deus, um mundo novo que já
está em gestação.
É por esta razão que a Rede Mundial de Oração do Papa – o Apostolado da Oração – por
mais de 170 anos, convida-nos a tornar-nos disponíveis a cada manhã à missão de Cristo
(EE n° 91-100). Mediante uma oração de oferta a Jesus, dizemos "Aqui estou!" "Pode
contar comigo". Oferecer-me para o serviço de Cristo, todas as manhãs, é acolher cheio
de gratidão o dom gratuito do amor de Deus, é responder a este amor com minha vida
a serviço do Reino, e isso apesar das minhas incoerências, limites e fragilidades. Por esta
oferta, entro em uma existência eucarística, uma vida entregue a serviço do Senhor e
Frederic Fornos sj
dos outros, a serviço da Igreja no mundo. Esta oferta me faz participar ativamente no
propósito do amor de Deus para com a humanidade.
Jesus viveu sua vida como uma oferta eucarística. Sua última refeição retomou toda a
sua vida oferecida e entregue por amor. Este caminho não o conduziu a um beco sem
saída, mas à ressurreição e à vida em abundância. E esta vida de felicidade eterna
desejou para cada um de nós! É por isso que Ele quer nos arrastar nessa "dança do
amor", ainda que tenhamos que passar pela Cruz.
O combate espiritual
No entanto, entrar no mesmo itinerário de Jesus, de amar como Ele nos amou a ponto
de "dar a sua vida pelos seus amigos", pode conduzir a um combate espiritual: "Não ore
para que fora do mundo, mas o do maligno " (Jo 17, 15). É ainda um critério de
fidelidade a Jesus como "o servo não é maior que seu senhor, nem o enviado maior do
que aquele que o enviou" (Jo 13, 16). Todos o experimentamos. Há em nós uma
conivência com o mal, a mentira, tudo o que é rejeição à vida, mas Cristo não nos deixou
sozinhos, Ele enviou o Espírito Santo, o Espírito da verdade que procede do Pai e que
desmascara o inimigo, e ajuda a escolher a vida.
Responder ao chamado pessoal de Jesus, que faz colocar-me à sua disposição, a serviço
da missão da Igreja no mundo de hoje, com todos os seus desafios, com muitos outros,
pode parecer emocionante. Muitas vezes, nos imaginamos como os apóstolos, unidos
ao Coração de Jesus, caminhando com Ele ao longo das estradas da Galiléia, pelos verdes
pastos pintados com mil flores, ou às margens do lago anunciando o Evangelho... Mas
nos esquecemos da cruz. Nós somos como os discípulos, como Pedro, para quem Jesus
é o Messias que irá aplainar o caminho para diminuir as montanhas, de um só golpe,
sem esforço da nossa parte, como se tivesse uma varinha mágica, como se pudéssemos,
unicamente pelo fato de estar perto de Jesus, evitar o sofrimento da própria cruz ...
"ninguém entra sem sofrer no reino do amor". Não é que o sofrimento seja necessário,
mas em nosso mundo aprender a amar pede aprender a desprender-se de si mesmo e
oferecer sua vida. E isso nos leva, muitas vezes, para não dizer sempre, a um caminho
novo de purificação e a uma auto-descentralização para os outros... passando, às vezes,
através do sofrimento, da cruz e da morte.
"Estas coisas vos tenho dito, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis
tribulações; Mas tende bom ânimo, eu venci o mundo ", diz Jesus no Evangelho (Jo16,
33).
Frederic Fornos sj
EXERCÍCIO
Ir à Missa com o desejo de encontrar o Cristo Ressuscitado. Ouça as palavras das leituras
como se ele estivesse falando comigo e as palavras da oração eucarística como se ele as
estivesse dizendo. Ver os gestos de consagração do pão e do vinho como se ele os
estivesse fazendo. Para receber a comunhão como se ele me alimentasse. Para receber
a oração final e a bênção como se ele me enviasse em missão.
Em que medida vivo segundo o estilo de Jesus ou procuro uma vida confortável, segura
e sem combate? Como é a minha vida eucarística?
Frederic Fornos sj
Deus, o Pai de Jesus e nosso Pai, quer fazer presente a Sua compaixão no mundo em nós e
através de nós, seus discípulos. Somos convidados a fazer nosso o Seu olhar sobre a
humanidade e agir com os sentimentos do Coração de Jesus. Somos enviados com Ele, de
diferentes modos, às periferias da existência humana, ali onde homens e mulheres sofrem a
injustiça, para ajudar a sustentar e curar aqueles que têm um coração ferido. Mesmo que
estejamos limitados por alguma doença ou impedidos fisicamente, mesmo quando nos
sintamos incapazes de mudar as estruturas injustas da nossa sociedade, participamos nessa
missão, fazendo nosso o olhar compassivo de Deus para com todos os nossos irmãos e irmãs.
Uma vez que fomos tocados pela compaixão de Deus, agora podemos dá-la aos outros. É a
nossa resposta ao seu amor por nós (reparação). Vamos para além das fronteiras visíveis da
Igreja, porque onde houver compaixão, aí está o Espírito de Deus. Unimo-nos
espiritualmente a todos aqueles que, em diferentes culturas ou tradições religiosas, são
dóceis a este Espírito e se mobilizam para aliviar o sofrimento dos mais fracos.
Frederic Fornos sj
DINÂMICA INTERNA
Nos Exercícios Espirituais, Santo Inácio nos convida a contemplar a Deus (Trindade), que
olha o mundo e para salvar a humanidade decide encarnar-se. "Porque Deus tanto
amou o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que crê não
pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3, 16-17). A decisão de Deus, que está na origem
no seu profundo amor pela humanidade, requer a nossa própria decisão.
Como diz o Papa Francisco: "Do coração da Trindade, do íntimo mais profundo do
mistério de Deus, brota e flui incessantemente a grande torrente da misericórdia. Esta
fonte nunca poderá esgotar-se, por maior que seja o número daqueles que dela se
aproximem. Sempre que alguém tiver necessidade poderá entrar nela, porque a
misericórdia de Deus é infinita. Quanto insondável é a profundidade do mistério que
encerra, tanto é inesgotável a riqueza que dela provém” (Misericordiae Vultus nº 25).
DINÂMICA INTERNA
Em sua mensagem quaresmal (2015) o Papa Francisco nos diz: "Também como
indivíduos, temos a tentação da indiferença. Estamos saturados de notícias e imagens
que nos narram o sofrimento humano e, ao mesmo tempo, sentimos toda a nossa
incapacidade de intervir. O que podemos fazer para evitar que sejamos absorvidos por
essa espiral de horror e impotência? Em primeiro lugar, podemos orar na comunhão da
Igreja terrena e celeste. Não esqueçamos o poder da oração de tantas pessoas".
Que este "caminho do coração" possa fazer nossa a compaixão de Jesus e despertar nos
outros o desejo de ser e de estar cada vez mais disponíveis a serviço da missão de Cristo
pelos desafios da humanidade e pela missão da Igreja.
O Papa Francisco nos convida a participar de sua rede de oração: "Gostaria de convidá-
los a participar da Rede Mundial de Oração do Papa, que difunde, também através das
redes sociais, as intenções de oração que proponho mensalmente a toda a Igreja". É
assim que se realiza o Apostolado da Oração e se faz crescer a comunhão" - Angelus, 8
de Janeiro de 2017. Em 20 de janeiro de 2019, o Papa Francisco abriu seu perfil pessoal
de oração no Click To Pray, a plataforma digital da Rede Mundial de Oração do Papa.
Confiemos esta rede de oração a Nossa Senhora, Maria, estrela da nova evangelização,
que, movida pelo Espírito Santo, esteve sempre disponível para o seu filho e para a
missão da Igreja.
EXERCÍCIO - Ore com as propostas da plataforma Click To Pray, com Jesus pela manhã,
com Jesus durante o dia, com Jesus à noite. A oração é uma fonte de verdadeira
fecundidade para a missão da Igreja.