Resenha - MetEnsGeoII

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RESENHA DESCRITIVA

Letícia de Araujo Oliveira


Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Universidade de São Paulo
[email protected] | NUSP: 10765771

VASCONCELLOS, Celso dos S. Metodologia dialética em sala de aula. Revista de


Educação AEC, Brasília, v. 21, n. 83, p. 28-55, abr./jun., 1992.

O artigo Metodologia dialética em sala de aula, de autoria do Professor Doutor Celso


dos Santos Vasconcellos, foi publicado pela Revista de Educação AEC em 1992, com o
objetivo de propor uma renovação da metodologia usada em sala de aula, da expositiva
para a dialética.
No primeiro bloco do artigo, o autor critica o uso da metodologia expositiva em sala
de aula e evidencia, ainda, a contradição entre o discurso pedagógico e a prática: o autor
argumenta que no discurso há uma repulsa ao modelo pedagógico tradicional, porém no
cotidiano escolar é o mais presente. Vasconcelos evidencia, ainda, que os mestres não
sabem como efetivar uma prática diferente, e sigam repetindo o modelo tradicional:
apresentação de um ponto, resolução de um exercício modelo e a proposição de uma série
de exercícios para os alunos resolverem, nesta ordem. Dentre os problemas da metodologia
expositiva que o autor apresenta estão: o alto risco de não aprendizagem, o baixo nível de
interação objetiva e subjetiva do sujeito-objeto e a formação de um homem passivo.
No segundo bloco do artigo, o autor elenca as três grandes preocupações do
educador na metodologia dialética: a mobilização para o conhecimento, a construção do
conhecimento e a elaboração da síntese do conhecimento. A primeira é um momento
especialmente pedagógico, na qual o objetivo do educador é despertar o interesse do aluno
a partir da provocação, de forma que o assunto/objeto tratado tenha uma significação inicial,
para que o estudante se sinta desafiado a conhecer. A segunda trata da construção do
conhecimento em si, através da elaboração de relações genéricas, elaborando uma
representação mental do assunto/objeto estudado. Já a terceira é a sistematização desse
conhecimento adquirido e a construção de uma síntese, para a compreensão concreta do
assunto/objeto.
No terceiro bloco, Vasconcellos detalha como se dá o primeiro momento da
metodologia dialética, a mobilização para o conhecimento. No primeiro momento, o
professor deve fazer uma análise do que os alunos já conhecem para ter um ponto de
partida da sua ação pedagógica. O autor justifica que, sem esse diagnóstico, o objeto de
estudo pode ser trabalhado de forma inadequada e a posteriori causar rejeição por parte de
alguns alunos. Por isso destaca que é importante que o professor tenha clareza dos
objetivos e da intencionalidade da ação. Vasconcellos explica que a motivação está
associada ao assunto, à forma pelo qual esse é tratado e as relações interpessoais dos
alunos, assim o professor deve provocar neles uma brecha para o aprendizado e
direcioná-lo.
No quarto bloco, Vasconcellos segue detalhando o segundo momento da
metodologia dialética, a construção do conhecimento. Para o autor, é o momento da
atividade, um estágio de desenvolvimento operacional na qual o sujeito age sobre o objeto
de conhecimento e com isso desenvolve análises. Há pelo menos sete critérios para a
construção do conhecimento: a) significação, buscar conhecimentos vinculados às
necessidades daqueles que estão aprendendo; b) práxis, a atividade do sujeito sobre o
objeto; c) problematização, após a ação sobre o objeto de estudo, o aluno levanta questões;
d) continuidade-ruptura, o professor deve mediar o aluno, através do seu senso comum, a
elaborar análise e síntese do assunto, para que se atinja um conhecimento melhor
desenvolvido; e) criticidade, entender a essência dos processos, a verdadeira causa das
coisas; f) historicidade, resgatar a história do conhecimento; e por fim, f) totalidade, o
conhecimento é criado em um determinado contexto social, com isso o educador deve
articulá-lo em sua totalidade.
No quinto e último bloco, Vasconcellos caracteriza o terceiro momento, a elaboração
da síntese do conhecimento. Este momento se trata da materialização e objetivação do
conhecimento, na qual o aluno expõe as relações que ele conseguiu fazer com o objeto de
conhecimento, assim como a generalização e aplicação em outras situações dentro da sua
realidade. O aluno deve perceber a passagem do desenvolvimento da síncrese para uma
síntese simplificada, e por fim para uma síntese mais elaborada.

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