4 - Hidratos de Carbono - 5 - Aminoacidos - 22 - 23
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TRABALHOS PRÁTICOS
Parte 2
2022/2023
Química Biorgânica – Trabalhos Práticos 2022/2023
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Trabalho 4
Propriedades de alguns hidratos de carbono
Objetivos
Estudar algumas propriedades dos monossacarídeos glucose e frutose: atividade ótica e carácter redutor.
Estudar algumas propriedades do dissacarídeo sacarose: atividade ótica e carácter não redutor.
Monitorizar a hidrólise da sacarose com auxílio do polarímetro: inversão da sacarose.
4.1. Introdução
Os hidratos de carbono são os compostos orgânicos mais abundantes nas plantas. Eles
desempenham papéis vitais nos sistemas biológicos, nomeadamente como fontes de energia (glucose,
amido, glicogénio, etc.), como componentes da estrutura de suporte das plantas (celulose) e das paredes
celulares das bactérias e ainda como componentes essenciais dos ácidos nucleicos (D-ribose e 2-desoxi-D-
ribose).
A designação "hidrato de carbono" deriva do facto de muitos membros desta família de compostos
possuírem uma fórmula molecular do tipo Cn(H2O)m. Por exemplo, a fórmula molecular da glucose,
C6H12O6, pode-se indicar como C6(H2O)6. De forma análoga, a fórmula molecular da sacarose, C12H22O11,
pode-se indicar como C12(H2O)11. Note que nem todos os hidratos de carbono obedecem a esta fórmula
geral. A designação "hidrato de carbono", apesar de não ser totalmente correta, continua, no entanto, a ser
usada para classificar este tipo de compostos.
A reação de uma molécula de álcool com um aldeído ou cetona forma um hemiacetal, que em
condições ácidas e na presença de outra molécula de álcool resulta na formação de um acetal, como
representado abaixo (Figura 1).
Figura 1 - Formação genérica de um acetal por reação de uma cetona ou aldeído com um álcool
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Química Biorgânica – Trabalhos Práticos 2022/2023
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do hemiacetal formado relativamente ao grupo hidroximetilo (CH2OH) é indicado pelo descritor α ou β,
sendo α para o caso em que estão em lados opostos e β quando estão ambos no mesmo lado do anel.
Os hidratos de carbono de 6 membros são chamados de piranoses, devido à sua relação com o
pirano, mas podem existem outras formas cíclicas. Os hidratos de carbono que ciclizam para originar anéis
de 5 membros são chamados de furanoses, devido à sua relação com o furano. A frutose é um exemplo de
um monossacarídeo que pode existir na forma de piranose e furanose, sendo a primeira forma a
normalmente predominante no monossacarideo e a segunda a predominante nos casos em que este açúcar
integra um dissacarideo.
1
CH2OH
2 O HO
HO OH
3 H 6 1 OH 1 OH
HO O 6 O O OH
O
H 4 OH 5 HO 2 + HO + 5 HO 2 HO
+
5 OH 4
H 4 OH HO OH HO
6 3 OH 3
OH OH
CH2OH OH OH OH
D-frutose -D-frutofuranose -D-frutofuranose -D-frutopiranose -D-frutopiranose
Neste trabalho vamos estudar e comparar algumas das propriedades químicas de dois
monossacarídeos (a glucose e a frutose) e de um dissacarídeo (a sacarose).
4.2.1. Reagentes
Glucose (sólido), frutose (sólido) e sacarose (sólido).
Reagente de Fehling [Solução A - CuSO4 (aq.) e solução B - tartarato de sódio e potássio e NaOH (aq.)]
(solução preparada pelo Docente no início da aula)
Soluções aquosas de HCl (5%) e NaOH (5%).
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Prepare 50,0 mL de uma solução aquosa de glucose a 5% e 50,0 mL de uma solução aquosa de frutose
a 5% (em balões volumétricos).
Prepare 100,0 mL de uma solução aquosa de sacarose a 5% (use um balão volumétrico).
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4.2.4. Inversão da sacarose
i. Hidrólise ácida
1. Transfira 50 mL (medidos com uma proveta) da solução de sacarose previamente preparada para um
erlenmeyer de 250 mL.
2. Adicione 50 mL de solução de HCl a 5% (medidos cuidadosamente com uma proveta).
3. Agite suavemente a solução.
4. Tape o erlenmeyer com folha de alumínio.
5. Coloque o erlenmeyer num banho de água a 60 ºC.
6. Após 5 minutos, tire o erlenmeyer do banho.
7. Transfira cerca de 20 mL da solução do erlenmeyer para um copo limpo e rotulado e coloque-o em banho
de gelo até à determinação da rotação ótica. Tome atenção para que o copo não se vire.
8. Tape com folha de alumínio o erlenmeyer contendo a mistura restante e coloque-o de novo no banho de
água a 60 ºC.
9. Após mais 10 minutos, tire o erlenmeyer do banho e coloque-o em banho de gelo até à determinação da
rotação ótica. Tome atenção para que o copo não se vire.
em que;
- α corresponde ao valor da rotação ótica observada (em graus)
- c corresponde à concentração da solução (em g/mL)
- l corresponde ao comprimento da célula do polarímetro (em dm)
- λ corresponde ao comprimento de onda da luz (589,3 nm)
- T corresponde à temperatura em ºC
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Instruções de uso do polarímetro ATAGO (Polax-D e Polax-2L)
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Instruções de uso do polarímetro KRÜSS
- Ligar o botão POWER
- Aguardar 10 minutos antes de iniciar as leituras.
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- Olhar pelo óculo e se os círculos estiverem como indicado em (1) ou (3), ajustar com a roda de seleção até
que o círculo fique na penumbra (2).
- Ler o valor da rotação ótica da amostra (em graus).
- O exemplo seguinte mostra que o zero da escala interior coincide com o 1 da escala exterior. Ou seja, o
número inteiro para leitura da rotação ótica da amostra é 1.
- Em seguida temos de ver qual é o traço da escala interior que coincide com o traço da escala exterior para
termos o número que corresponde às décimas para leitura da rotação ótica. Neste exemplo, o traço que
corresponde ao número 2 da escala interior coincide com um dos traços da escala exterior. Ou seja, o número
decimal para leitura da rotação ótica da amostra é 2.
- Por isso, para esta amostra o valor da rotação ótica é +1,2 graus.
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- Se o zero da escala interior coincidir com o traço correspondente a 178 graus, temos de subtrair este valor
aos 180 graus da escala (neste caso, 178 graus – 180 graus = - 2 graus).
- Ou seja, o número inteiro para leitura da rotação ótica da amostra é -2.
- Em seguida temos de ver qual o traço da escala interior que coincide com o traço da escala exterior para
termos o número que corresponde às décimas para leitura da rotação ótica. Neste exemplo, o traço que
corresponde ao número 1 da escala interior coincide com um dos traços da escala exterior. Ou seja, o número
decimal para leitura da rotação ótica da amostra é 1.
- Por isso, para esta amostra o valor da rotação ótica é -2,1 graus.
- No final das leituras, lavar as células utilizadas com água destilada.
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4.3. Pré-questionário
No início da aula deve entregar as respostas às seguintes questões:
1.1. Indique a massa de sacarose necessária para preparar 100 mL de uma solução aquosa de sacarose a 5%
(m/v). Apresente os cálculos.
1.2 Descreva em menos de 150 palavras a preparação da solução anterior, enumerando cada um dos passos
e mencionando todo o material necessário.
2. Preencha a Tabela I.A com os resultados (alteração da cor do reagente de Fehling) que espera observar
durante a aula.
Tabela I.A - Ação do reagente de Fehling sobre açúcares redutores e não redutores.
Reagente de Fehling (azul)
À temperatura Após
ambiente aquecimento
Água destilada
Glucose
Frutose
Sacarose
6. Preencha a Tabela II.A com os resultados (alteração da cor do reagente de Fehling) que espera observar
durante a aula.
Sacarose
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7. Escreva a equação da reação de hidrólise da sacarose com a solução de HCl a 5%.
REGISTOS
No fim da aula deve entregar as respostas às seguintes questões:
Tabela I.B - Ação do reagente de Fehling sobre açúcares redutores e não redutores.
Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Tubo 4
Água destilada Glucose Frutose Sacarose
Observações
T.A.* 60 °C T.A.* 60 °C T.A.* 60 °C T.A.* 60 °C
A cor do Reagente de Fehling
desapareceu?
Houve formação de precipitado
cor de tijolo?
É um açúcar redutor? -------------
*Temperatura Ambiente
2. Os resultados estão de acordo com o previsto nas respostas às perguntas da preparação da aula? Justifique.
3. Tendo em conta que a frutose é uma cetose, como explica o resultado que obteve com o Reagente de
Fehling?
4. Como explica o resultado que obteve para a sacarose, com o Reagente de Fehling?
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Tabela II.B – Hidrólise de sacarose em meio neutro, ácido e alcalino, seguida de teste de Fehling e
aquecimento a 60 ºC.
Tubo 5 Tubo 6 Tubo 7
Observações Sacarose + H2O Sacarose + HCl (5%) Sacarose + NaOH (5%)
A cor do Reagente de
Fehling desapareceu?
Houve formação de
precipitado cor de tijolo?
Existiam açúcares redutores
em solução antes de
adicionar o reagente de
Fehling?
Ocorreu hidrólise da
sacarose?
6. Os resultados estão de acordo com o previsto nas respostas às perguntas da preparação da aula? Justifique.
Tendo em conta os valores das rotações específicas tabelados para a sacarose, a glucose e a frutose,
interprete os resultados da rotação específica da sacarose e das rotações óticas ao fim de 5 e 10 minutos de
hidrólise registados na Tabela III.
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Trabalho 5
Propriedades de alguns aminoácidos
Objetivos
Efetuar a curva de titulação da glicina.
Identificar os valores de pKa1, pKa2 e ponto isoelétrico da glicina a partir da sua curva de titulação.
Utilizar a solução de ninidrina para distinguir a glicina da L-prolina.
5.1. Introdução
Os aminoácidos são geralmente representados como apresentando na sua constituição um grupo
amino e um grupo carboxilo, H2NCHRCOOH. No entanto, as propriedades físicas (por exemplo, ponto de
fusão, solubilidade e momento de dípolo) e químicas (constantes de acidez e basicidade) que apresentam
não estão em conformidade com essa estrutura.
As constantes de acidez e de basicidade dos aminoácidos são excessivamente pequenas quando
comparadas com as constantes que os grupos carboxílicos (COOH) e amino (NH2) apresentam. Por
exemplo, o valor do pKa do carboxilo da glicina (pKa1) é próximo de 2 e o do grupo protonado (pKa2) é
aproximadamente 10, enquanto estes grupos isolados têm pKa de 5 e 11 respetivamente.
No entanto, as propriedades físico-químicas dos aminoácidos estão perfeitamente de acordo com a
existência da seguinte estrutura iónica dipolar:
+
H3NCHRCOO¯
Deste modo, as propriedades ácido-base que apresentam tornam-se consistentes, existindo a
estrutura iónica dipolar indicada a pH fisiológico.
(NOTA: rever os conceitos de ácido-base, par ácido-base, constante de acidez e de basicidade,
titulação, ponto de equivalência).
Tendo em conta a estrutura iónica dipolar dos aminoácidos, pode-se definir o ponto isoelétrico (pI)
de um aminoácido como sendo o valor de pH da solução na qual esse aminoácido não migra quando sujeito
a um campo elétrico. Dito de outra forma, o pI é o valor de pH da solução na qual o aminoácido tem carga
global nula.
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A glicina (ácido aminoacético ou ácido aminoetanóico) é o aminoácido mais simples e é, dos
aminoácidos naturais, o único que não é quiral. Todos os outros aminoácidos naturais apresentam assimetria
(ou quiralidade) no carbono 2 (designado também como carbono α).
Assim, existe a necessidade de identificar o enantiómero presente e por isso a configuração dos
aminoácidos é especificada, normalmente, pelo sistema D/L. Todos os aminoácidos naturais quirais que
fazem parte da constituição das proteínas apresentam configuração L no seu carbono . A L-prolina é um
aminoácido quiral e, ao contrário da glicina, é uma substância oticamente ativa.
Os aminoácidos podem ser identificados por diversos métodos. A ninidrina é um reagente que
permite detetar grupos amino (incluindo -aminoácidos). Todos os aminoácidos que possuam um grupo
amino primário (RNH2) dão um resultado positivo (cor azul arroxeada também conhecida por Ruhemann's
Purple).
No caso da L-prolina, como o grupo amino é secundário (R2NH), não se obtém a cor azul arroxeada
quando em solução na presença de ninidrina (cor amarela). Desta forma é possível identificar a presença
de L-prolina entre os aminoácidos testados.
Outro método que permite identificar de uma forma muito precisa a presença de aminas primárias,
secundárias e terciárias é a reação entre estas aminas e ácido nitroso.
O ácido nitroso, HNO2 (ou HONO, para exemplificar a sua estrutura de Lewis), é instável e é
sempre preparado in situ. Geralmente é preparado pela reação entre uma solução de nitrito de sódio ou
potássio com ácido clorídrico.
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A reação de ácido nitroso com grupos –NH2 traduz-se pela seguinte equação, ocorrendo a libertação
de N2:
Quando a reação ocorre entre o ácido nitroso e aminas secundárias (R2NH) ou terciárias (NR3) não
há libertação de N2 e formam-se compostos insolúveis amarelo-alaranjados.
5.2.1. Reagentes
Glicina (sólido)
Solução de L-Prolina (já preparada)
Solução aquosa de NaOH 0,1 mol.dm-3 (já preparada)
HCl concentrado
Solução de ninidrina a 1% em etanol (já preparada)
Solução aquosa de NaNO2 a 10% (preparada pelo Docente no início da aula)
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Bureta
Agitar Aquecer
5.3. Pré-questionário
No início da aula deve entregar as respostas às seguintes questões:
1. Sabendo que, para a glicina, os pKa1 e pKa2 são, respetivamente, 2,34 e 9,60, calcule o seu ponto
isoelétrico.
2. Indique a massa de glicina necessária para a preparação de 50mL de solução aquosa de glicina a 0,10
mol.dm-3. Apresente os cálculos.
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3. Indique a massa de L-prolina necessária para preparar 50mL de solução aquosa de L-prolina a 5,00%.
Apresente os cálculos.
4.i. Tendo em conta a estrutura da glicina e da L-prolina, que cores espera observar com o teste de ninidrina?
Preencha a Tabela seguinte com os resultados que espera observar durante a aula.
Glicina
L-prolina
5.i. Tendo em conta a estrutura da glicina e da L-prolina, o que espera observar na reação com o ácido
nitroso? Preencha a Tabela seguinte com os resultados que espera observar durante a aula.
Ácido nitroso
Glicina
L-prolina
Água
REGISTOS
No fim da aula deve entregar as respostas às seguintes questões:
NOTA: Para este trabalho devem trazer uma folha de papel milimétrico
1. Represente graficamente (em papel milimétrico) a variação de pH em função do volume de base
adicionado na titulação da glicina.
2. Identifique no gráfico:
a) os pontos correspondentes aos valores de pKa1 e pKa2 da glicina;
b) o ponto isoelétrico da glicina;
c) as regiões em que predominam cada uma das diferentes formas da glicina, escrevendo a estrutura
de cada espécie presente;
d) as regiões nas quais se pode considerar que a solução se comporta como uma solução tampão.
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3. Tendo em conta os valores de pKa1 (2,0), pKa2 (10,6) e do ponto isoelétrico (6,3) da L-prolina, esboce
também, aproximadamente, a forma da curva de titulação da L-prolina.
4. Escreva as estruturas das formas da glicina que predominam nas seguintes regiões:
a) pH 1;
b) pKa1;
c) ponto isoelétrico;
d) pKa2;
e) pH 11.
Ácido nitroso
Glicina
L-prolina
Água
5.4. Bibliografia
R. Morrison, R. Boyd, Química Orgânica, Fundação Calouste Gulbenkian.
F. A. Carey, Organic Chemistry, McGraw-Hill.
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