Inteiroteor 2228710
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Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Longo Prazo - PNLP, constante do Anexo
desta Lei, em observância ao disposto no inciso IX do caput do art. 21 e no § 1º do art. 174 da
Constituição.
Art. 2º A PNLP dispõe sobre os fundamentos e os objetivos nacionais aplicáveis ao
planejamento estratégico de longo prazo da administração pública direta, autárquica e fundacional.
Art. 3º São fundamentos da PNLP:
I - garantir a soberania nacional;
II - promover o desenvolvimento nacional;
III - reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover a transparência e a participação social; e
V - estimular o diálogo e a cooperação federativa.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE LONGO PRAZO
CAPÍTULO III
DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE LONGO PRAZO
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS, ESPECÍFICAS E TRANSITÓRIAS
II - Tendências e Cenários
1. Visão de futuro
2. Megatendências
a) Crescimento em ritmo desacelerado e envelhecimento populacional.
b) Intensificação de movimentos de migração.
c) Adaptação do papel do Estado frente aos novos desafios sociais e populacionais.
d) Intensificação da urbanização.
e) Amadurecimento e consolidação do processo de globalização.
f) Crescimento da demanda por energia e alimentos.
g) Aumento da pressão sobre os recursos hídricos.
h) Mudanças climáticas e eventos climáticos extremos.
i) Aumento da competição por recursos naturais.
j) Nova ordem mundial multipolar.
k) Acelerado avanço tecnológico.
l) Expansão do crime organizado transnacional.
m) Prevalência de ameaças complexas como fontes de desestabilização da normalidade
institucional.
3. Cenários
A partir da identificação das megatendências, consideradas como variáveis componentes
e determinantes dos possíveis cenários, buscou-se a construção de cenários prospectivos com o objetivo
de organizar, sistematizar e delimitar incertezas, possibilitando o enfrentamento de qualquer um dos
cenários descritos a seguir.
Assim, foram definidos três cenários exploratórios com características distintas, a saber:
pessimista, realista e otimista.
O cenário pessimista é aquele que torna o Brasil dependente em quase todas as esferas
de atuação, com degradação de todos os seus sistemas públicos e privados no horizonte temporal de 36
(trinta e seis) anos. As características desse cenário, onde não se atinge a visão de futuro almejada,
tornarão o Brasil um país refém da comunidade internacional e de seus interesses, com reduzida
atuação no ambiente internacional.
O cenário realista é aquele que coloca o Brasil com avanços tímidos considerando as
condições atuais no horizonte temporal de 36 (trinta e seis) anos, com perturbações externas e internas
em suas escolhas como Estado soberano em investimentos para o domínio do conhecimento de novas
tecnologias disruptivas, sua busca, proteção e desenvolvimento. As características desse cenário, onde
pouco se atinge a visão de futuro desejada, manterão o país na situação de luta para não se tornar
refém da comunidade internacional e de seus interesses, com modesta atuação no ambiente
internacional em comparação a outros países com economias inferiores à nacional.
O cenário otimista é aquele que torna o Brasil soberano em todas as suas escolhas de
investimentos para o domínio do conhecimento de novas tecnologias disruptivas, sua busca, proteção e
desenvolvimento no horizonte temporal de 36 (trinta e seis) anos. As características desse cenário, por
meio do qual se consegue atingir totalmente a visão de futuro ansiada, tornam viável a possibilidade de
o Brasil ser um país de referência e um ator relevante, competitivo e respeitado no cenário
internacional, assim como de possuir o domínio em áreas estratégicas do conhecimento selecionadas e
com elevado indicador de desenvolvimento humano.
4. Desafios/Obstáculos
Após a definição do cenário almejado (cenário otimista), a proposição dos objetivos
nacionais norteadores da PNLP considerou os desafios/obstáculos a serem superados para o pleno
sucesso da política no horizonte temporal de 36 (trinta e seis) anos.
Esses desafios são limitações ou óbices ao desenvolvimento, aqui definidos como
obstáculos de toda ordem que dificultam ou impedem a conquista de objetivos nacionais. Dentre
muitos desafios, destacam-se os seguintes:
a) Economia Circular e Digital: o sistema econômico precisa funcionar de maneira cíclica,
integrando a exploração sustentável dos recursos naturais com modelos de negócio modernos e
inovadores, otimização dos processos produtivos e baixa dependência de matéria-prima virgem, dando
ênfase ao uso de insumos renováveis, duráveis e recicláveis. A Economia Circular é um modelo de
produção e consumo que envolve a partilha, locação, reutilização, reparação, renovação e reciclagem de
materiais e produtos existentes para que sejam mantidos no ciclo produtivo o maior tempo possível. A
Economia Circular visa enfrentar desafios globais, tais como mudanças climáticas, perda de
biodiversidade, resíduos e poluição, enfatizando a implementação baseada em design de três princípios
básicos: eliminação de resíduos e poluição, circulação de produtos e materiais, e regeneração da
natureza. A digitalização de todos os serviços assume papel relevante na medida em que gere e agregue
valor aos processos, produtos e serviços, 2 assim como fomente a inclusão. As tecnologias digitais e
outras tecnologias também estão tendo um impacto no comportamento dos negócios e na estrutura do
mercado. Produtos digitais intangíveis e altamente móveis, replicáveis com pouco ou nenhum custo,
reduzem a importância da presença física de uma empresa, criando oportunidades para novos
produtores de pequena escala entrarem em mercados cada vez mais globalizados;
b)Carga Tributária: é elevada e se apresenta como um dos obstáculos ao
desenvolvimento. Segundo dados da Secretaria do Tesouro Nacional, para o ano de 2021 a Carga
Tributária do Governo Geral foi de 33,90% do Produto Interno Bruto (PIB). O Custo Brasil é elevado e
dificulta a atração de novos investimentos e empreendimento. A carga tributária sobre a mão de obra,
as empresas e os cidadãos é alta. O sistema tributário precisa ser revisto, modernizado e simplificado no
âmbito da União, estados, Distrito Federal e municípios;
c) Burocracia Excessiva: apesar da evolução na melhoria dos processos nos últimos três
anos, ainda ocorre burocracia em excesso em alguns setores públicos que dificultam os processos de
negócio. Requer, portanto, uma pronta ação para a sua redução ao mínimo adequado. Na mesma linha,
a ampliação da coleta da percepção quanto a qualidade dos serviços públicos prestados, apurados
diretamente pelos usuários, objetiva o aumento da efetividade da ação estatal, em benefício do bem-
estar da sociedade;
d)Demografia: o país apresenta dados preocupantes em relação à evolução de sua
estrutura demográfica e seus reflexos que envolvem, por exemplo: ocupação urbana desequilibrada e
não planejada, dificuldade na mobilidade urbana, falta de acessibilidade principalmente para as Pessoas
com Deficiência (PcD) e para as pessoas com mobilidade reduzida, sistema de saúde com deficiências,
empregabilidade com alto nível de variação, especulação imobiliária, saneamento básico precário e
grandes desafios na esfera educacional;
e)Infraestrutura: é amplamente reconhecida a importância de uma base adequada de
infraestrutura como forma de promover o desenvolvimento econômico e social. Conforme apontado
pelo Plano Integrado de Longo Prazo da Infraestrutura (Pilpi), o estoque de capital de infraestrutura,
composto por estradas, ferrovias, portos, hidrovias, aeroportos, canais, açudes, adutoras, redes de
saneamento básico, sistemas de transporte público, usinas geradoras de energia elétrica, linhas de
transmissão e redes de comunicação, entre outros, é muito inferior ao necessário, proporcionalmente
ao tamanho da economia brasileira, comparada ao montante observado em países desenvolvidos.
Apesar dos avanços nos últimos três anos, esse déficit de infraestrutura, por vezes combinado a uma
deficiência de qualidade, aumenta os custos operacionais e, por conseguinte, onera diversas atividades
produtivas, reduzindo a competitividade das exportações e contribuindo para a baixa produtividade
total da economia, bem como reduzem o bem-estar da população;
2
Diversos países, como aqueles situados no sudeste asiático, desenvolveram-se por meio do incentivo às startups e do
empreendedorismo individual, reconhecendo estes como indutores do desenvolvimento econômico, social e tecnológico.
Nesse sentido, o desafio está muito relacionado à prospecção de novas práticas e soluções de negócio, à identificação de
oportunidades de execução e à implementação de projetos inovadores.
f) Legislação: a sobreposição de vários instrumentos legais ocasiona diversas
interpretações e inseguranças jurídicas. Apesar de avanços pontuais, nos últimos três anos, é necessária
a atualização e racionalização da legislação concernente às áreas consideradas estratégicas para a
estabilidade jurídica e o resultante desenvolvimento nacional;
g) Estabilidade Econômica: a estabilidade na economia é pré-requisito para o crescimento
sustentável e para uma sociedade mais justa. A globalização modificou o comportamento dos agentes
econômicos na medida em que os colocou diante de uma nova realidade, com mudanças cada vez mais
aceleradas. A instabilidade econômica gera, por exemplo, baixo investimento e baixo crescimento
econômico, desemprego, alto custo dos processos, produtos e serviços, inflação, desesperança,
insegurança social e afastamento de investimentos, entre outras consequências. Por essa razão, é
importante a implementação de políticas econômicas que visem à estabilidade macroeconômica,
melhor alocação e uso dos recursos públicos e fomento da produtividade da economia brasileira,
preservando-se, precipuamente, o equilíbrio das contas públicas, a expansão da renda e do emprego,
bem como a superação dos problemas sociais;
h)Meio Ambiente: em seus seis biomas, o país possui recursos naturais com grande
potencial de uso sustentável e capacidade turística. Para atenuar os efeitos das mudanças climáticas e
atrair recursos para a indústria nacional sustentável, será necessário um conjunto de medidas para o
alcance de uma economia verde e circular, com acesso aos mercados dos créditos de carbono,
investimentos dos fundos dos “títulos verdes” e ações voltadas ao ecoturismo. Medidas como
reflorestamento, manejo sustentável e recuperação de áreas degradadas podem permitir aumento da
produção agropecuária sem prejuízo ao meio ambiente;
i) Cadeias Globais de Valor: o enfoque de cadeias globais de valor conduz, para as
economias com estruturas produtivas mais diversificadas, à discussão sobre o desenho de políticas que
contribuam para aumentar a parcela de valor agregado capturado pela economia doméstica. O Brasil
apresenta baixos níveis de integrações locais, nacionais e globais. As cadeias são, na maioria dos casos,
subordinadas e dependentes de insumos importados;
j) Agronegócio: considerando as megatendências relacionadas ao setor e os respectivos
estudos nacionais e internacionais, identificam-se os seguintes desafios:
prática de subsídios pela concorrência internacional na produção e
comercialização de alimentos, aliada à elevada carga tributária nacional;
campanhas internacionais interessadas na falência do agronegócio nacional, que
buscam vincular a imagem do Brasil como não cumpridor de critérios de conservação e preservação
ambiental;
grande dependência externa de fertilizantes, defensivos e insumos agrícolas em
geral;
interesse de outros países no agronegócio brasileiro;
nada obstante os avanços significativos da Embrapa, ainda persiste a necessidade
de investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento, ciência, tecnologia e inovação na produção e
gestão do agro brasileiro;
infraestrutura deficiente de transporte e armazenamento da produção;
em decorrência disso, elevado custo logístico;
aperfeiçoamento da regularização fundiária rural;
pressões, com viés comercial, de atores nacionais e internacionais, com impactos
na expansão da superfície agricultável;
limitação da disponibilidade de insumos outros para a agricultura, tais como água
e energia, em que pese a riqueza desses recursos em território nacional; e
necessidade de desenvolver ações que visem à superação da pobreza e das
desigualdades socioeconômicas no meio rural;
k) Melhores Práticas, Normas e Padrões: deficiente cultura institucional do país acerca da
compreensão dos benefícios do investimento em padronização no ambiente público e privado e na
consolidação de uma política de integridade em ambos os setores. A deficiência em todas as suas
dimensões cria, no caso do ambiente público, a possibilidade de se onerar os custos dos sistemas
públicos envolvidos, como os decorrentes de ações judiciais contra os entes públicos;
l) Transformação Digital: necessidade de fortalecer o processo de transformação digital
dos serviços por meio da automação e simplificação de serviços, desburocratização de procedimentos e
normas e o desenvolvimento de uma cultura digital no país. Entretanto, há que se compreender seu
significado para que se possam desenvolver soluções adequadas e cumprir seu propósito do ponto de
vista tecnológico. O primeiro requisito é facilitar a vida dos usuários. O segundo é a integração dos
dados dos sistemas afins. O terceiro é tornar as instituições públicas ágeis na realização de suas
atribuições e no atendimento das demandas de seus usuários. Por fim, os sistemas devem permitir o
monitoramento e controle dos dados respeitando- se a LGPD;
m) Tecnologias: barreiras internas que dificultam a adoção das tecnologias digitais
como as identificadas em análise de fraquezas, principalmente pelas indústrias. O Brasil precisa reduzir a
dependência de tecnologias importadas, principalmente das tecnologias estratégicas (críticas, sensíveis
e prioritárias), investindo no domínio do conhecimento e pesquisa, desenvolvimento e produção, a fim
de garantir sua independência nessa área;
n)Produtos e Serviços de Baixo Valor Agregado: são os mais comuns no ambiente
produtivo nacional e já estão incorporados à cultura nacional. Historicamente, o Brasil é um produtor e
exportador de commodities como grãos, minérios, proteína animal, ferro e aço, que contribuem com a
indústria e possuem a maior participação no PIB nacional. Entretanto, os benefícios de se gerar produtos
de alto valor agregado apontam para um necessário fortalecimento da indústria nacional, em especial
com investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e CTI;
o) Educação: no âmbito global, a qualidade da educação brasileira coloca o país entre
os últimos lugares entre 64 nações segundo o IMD World Competitiveness Center 2021, enquanto, no
Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2021, ocupa a 60ª posição entre 76 países
avaliados. Deve-se focar no conhecimento e no domínio das ciências exatas e das novas tecnologias,
bem como na formação de profissionais especializados no tema e responsivos aos objetivos e metas do
Estado, dada a relevância da tecnologia para o desenvolvimento sustentável e para a transformação
digital. Torna-se essencial e premente uma revisão do planejamento nacional em educação para que o
Brasil melhore sua colocação e se posicione entre os países mais desenvolvidos. Ainda, o ensino à
distância deve ser cada vez mais valorizado, em função da amplitude e dos custos, permitindo acesso ao
maior número possível de brasileiros;
p)Elevação da produtividade industrial: o processo de desindustrialização pode ser
entendido como uma consequência natural do amadurecimento de uma economia. Com a terceirização
e os ganhos de produtividade, que reduzem os preços de bens industriais, é natural que exista uma
tendência de redução do valor adicionado industrial no valor adicionado total. O problema, portanto,
não é necessariamente a redução da participação da indústria no PIB. Dessa forma, falar sobre como
elevar a produtividade industrial e como tratar seus gargalos parece ser o foco da questão. Para tanto,
requer-se uma plataforma industrial compatível com a estatura necessária e voltada para o futuro, com
domínio tecnológico, inovação e agregação de valor, a fim de que ocorra o desenvolvimento do país,
tornando-o cada vez menos refém de produtos e serviços importados;
q)Recursos para CTI e P&D: valores distantes daqueles necessários, com cortes e/ou
contingenciamentos orçamentários recorrentes e pouca priorização para o setor. Destaca-se que cada
um dólar investido em CTI resulta na obtenção de dez vezes mais para a economia de maneira geral;
r) Desenvolvimento Regional: observa-se, em diversas regiões do território nacional, de
dimensões continentais e diversos biomas, um desequilíbrio no seu desenvolvimento socioeconômico
que pode ser superado com planejamento, investimentos, estratégias e ações coordenadas e alinhadas
a uma política nacional de longo prazo com objetivos e prioridades;
s) Ocupação Urbana: historicamente as ocupações no território nacional ocorrem sem
planejamentos, criando toda ordem de óbices a um bem-estar urbano saudável e sustentável. Esse
desordenamento, com grandes aglomerações e concentrações humanas em áreas urbanas, tem trazido
problemas nas cidades, com fortes reflexos na mobilidade (pessoas e bens), na segurança pública, na
educação, na saúde, na habitação, no saneamento, na distribuição de energia e em vários outros
serviços públicos, bem como no meio ambiente, em razão do lixo produzido, do uso ineficiente e
descuidado com os recursos naturais, do desmatamento e da poluição (visual, sonora e atmosférica).
Faz-se necessário dotar o Poder Público, nas três esferas, de capacidade técnica, financeira e
institucional para o planejamento, a gestão urbana e territorial, com vistas à prestação de serviços, ao
bem-estar e ao controle do ordenamento urbano;
t) Segurança Pública: o grau de insegurança da população é alto, e a violência urbana
apresenta números anuais que colocam o país entre os mais violentos, considerando-se os índices de
criminalidade, impunidade, mortes no trânsito, entre outros. As diversas razões desse fenômeno social
devem ser tratadas de maneira urgente, pois seu impacto nos demais setores é inibidor do
desenvolvimento nacional;
u)Segurança Viária: é mais um fenômeno social grave e que deve ser objeto de atenção. A
média anual de mortes de pessoas no trânsito é da ordem de 60.000 (sessenta mil) e dos sequelados de
500.000 (quinhentos mil). A promoção do combate às causas da acidentalidade deve partir da
consideração de cinco pilares: gestão da segurança viária; vias mais seguras e mobilidade; veículos mais
seguros; conscientização de usuários; e resposta ao acidente;
v) Segurança da Informação: a transformação digital e o crescimento do uso das TICs no
âmbito público e privado, na oferta de serviços públicos, no comércio eletrônico, nos serviços bancários,
entre outros, traz em seu bojo a necessidade de proteção de sistemas e informações. Há que se garantir
que o uso da tecnologia não exponha os dados e informações pessoais, comerciais, industriais e
financeiros, bem como garanta a integridade e inviolabilidade dos sistemas e informações estratégicas e
sensíveis. Deve-se fortalecer a cultura de proteção e tratamento de dados e aprimorar sua governança.
O tema segurança cibernética deve ser de conhecimento e preocupação de todos os entes federativos e
privados, bem como da sociedade como um todo. Frente a esse desafio, é necessário que seja
promovida a educação digital desde a juventude, a qualificação de profissionais para as demandas do
mercado e que o Estado tenha uma estrutura que possa responder às ameaças cibernéticas que, cada
vez mais, impactam a vida do cidadão;
w) Segurança de Infraestruturas Críticas: as infraestruturas de comunicações, de
energia, de transportes, de finanças, de águas e de defesa, entre outras, possuem dimensão estratégica,
uma vez que desempenham papel essencial tanto para a segurança e soberania nacionais, como para a
integração e o desenvolvimento econômico sustentável do país. Fatores que prejudiquem o adequado
fornecimento dos serviços provenientes dessas infraestruturas podem acarretar transtornos e prejuízos
ao Estado, à sociedade e ao meio ambiente. Em uma visão ampla, a atividade de Segurança de
Infraestruturas Críticas tem por finalidade articular, em diversos níveis e esferas do Poder Público, bem
como no setor privado, o desenvolvimento de um processo de segurança preventiva de recursos
humanos, de equipamentos, de instalações, de serviços, de sistemas, de informações e de outros
recursos que, de alguma forma, assegurem a resiliência e o funcionamento dos serviços e das atividades
indispensáveis ao Estado e à sociedade;
x) Mobilidade Urbana: é um dos problemas responsáveis pelo aumento de custo do
sistema produtivo, do sistema de saúde, do meio ambiente, do baixo nível escolar e da segurança
pública. Isso é resultado de diversos fatores, tais como: o sistema de transporte público inadequado
para o atendimento das demandas existentes, com indução ao transporte individual, com os efeitos de
esgotamento da capacidade dos sistemas viários, aumento das emissões de poluentes e aumento dos
custos de transporte, a ocupação urbana dissociada do planejamento dos deslocamentos, a ausência de
planejamento urbano em relação às áreas de ocupação, vias inadequadas e inseguras, transporte
público coletivo caro e insuficiente, entre outras. Assim, faz-se necessário promover mobilidade urbana
sustentável, por meio de investimentos em matriz de transporte urbano menos poluente e de maior
eficiência energética, de forma a mitigar os efeitos sobre a poluição atmosférica e a emissão de gases do
efeito estufa. O desafio da mobilidade urbana sustentável é prover serviços de maior qualidade e
conforto, como, por exemplo, melhor acessibilidade de pessoas com necessidades especiais, idosos e
crianças, bem como a utilização de tecnologias inovadoras que propiciem redução nos custos de
operação que permita modicidade tarifária para os usuários;
y) Economia Criativa: ainda são poucas as pesquisas que contemplem de modo amplo os
diversos setores desta economia, de modo a que se conheçam os dados relativos às vocações, bem
como as oportunidades de empreendimentos criativos, com o fim de se realizar uma definição de
políticas públicas responsivas às necessidades desse setor;
z) Defesa Nacional: um país com a importância do Brasil no cenário internacional não
pode prescindir de Forças Armadas capazes de defender o território nacional contra ameaças regionais
e extrarregionais, por meio de sistemas de emprego militar modernos, para a pronta resposta a fim de
apoiar o cumprimento dos objetivos estratégicos e garantir a soberania nacional;
aa) Retenção de talentos: o Brasil forma anualmente e conta com quadros de
profissionais de primeiro mundo, que são atraídos para outros países, contribuindo com o baixo
desenvolvimento nacional. Assim, Estado e setor privado devem se unir na formulação de políticas e
iniciativas para a continuidade de projetos de Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) e para
retenção desses talentos;
bb) Redução do Fardo Regulatório: Indicadores internacionais evidenciam que o Brasil
possui um ambiente regulatório que desfavorece o desenvolvimento econômico do país e a atração de
investimentos, tanto de origem doméstica quanto internacional. Apenas para mencionar alguns
indicadores internacionais, apresenta-se o Índice de Liberdade Econômica de 2019, elaborado pela
Heritage Foundation, no qual o Brasil ficou em 150º lugar no ranking global e no 27º no ranking regional
(de 32 países). No Indicador de Regulação de Mercados (PMR) de 2018, calculado pela OCDE para
estimar o grau de barreiras regulatórias à entrada no mercado e à concorrência, o Brasil ficou em
penúltimo lugar entre os 39 países considerados.
I. Pilares Estratégicos
1. Metodologia e construção
Para que um país alcance seu pleno desenvolvimento e a desejada prosperidade, é
necessário que se desenvolva uma série de etapas. Em uma realidade de muitas demandas e recursos
finitos, faz-se necessário o estabelecimento de prioridades que sejam estratégicas. Com a constatação
de que várias dessas demandas exercem e sofrem impacto direto de outras, trazendo uma condição de
quase dependência, é relevante reuni-las em um agrupamento que possa considerar a transversalidade
verificada. Para tanto, surgiu a necessidade de se estabelecer Pilares Estratégicos (PE) bem definidos,
dentro dos quais um conjunto de temas estratégicos nortearão o crescimento harmonizado e
duradouro.
Os PE representam, conceitualmente, um núcleo temático onde são aglutinados os AEN e
onde estão alocados os ONLP. Essa forma de representação permite que se conheça a transversalidade
dos AEN e ONLP, de forma a orientar a priorização de investimentos com foco nos resultados e impactos
que pode trazer aos demais AEN e ONLP de cada pilar estratégico. Assim, quando a PNLP for desdobrada
no nível operacional, em planos estratégicos, poderá ser decidido quais projetos serão priorizados para
o desenvolvimento dentro do horizonte temporal estipulado, a fim de se atingir a visão de futuro do
país.
Dentro do contexto deste documento, um pilar estratégico constitui uma coleção de AEN,
envolvendo uma ou mais temáticas relevantes à definição da PNLP. As temáticas de alguns AEN são
transversais e aparecem em mais de um pilar, com ONLP distintos.
No que diz respeito aos objetivos, estes precisam ser alcançáveis, realistas e temporais, e
ao mesmo tempo, abrangentes, passíveis de acompanhamento e avaliação dentro de períodos de
tempo determinados.
Em resumo, os ONLP se aglutinam em torno de AEN, que por sua vez compõem os PE.
A identificação dos PE é um processo contínuo e passível de revisões. Isso garante que,
neste tempo de surgimento de tecnologias disruptivas e de novos modelos de negócio e das próprias
mudanças sociopolíticas que afetam de forma irreversível a sociedade, o passo dessas transformações
seja acompanhado e incorporado. Além disso, os melhores resultados são atingidos quando o processo
é realizado de forma colaborativa, com o envolvimento da sociedade e suas entidades representativas,
aumentando, desta forma, a inteligência coletiva.
Com a finalidade de aplicar esses conceitos e buscar informação junto às entidades de
governo, sociedade e academia para a geração desta PNLP, foram coletados cerca de 1.500 objetivos
nacionais junto aos órgãos de governo, pastas ministeriais, universidades e especialistas dos diversos
setores. Esses objetivos foram obtidos por meio de consulta direcionada, discutidos em workshop, e
extraídos de políticas e estudos vigentes. Organizados em forma de documentos textuais, os objetivos
foram utilizados para a identificação de assuntos temáticos elucidativos dos pilares estratégicos.
Dado o número grande de documentos analisados, decidiu-se pela utilização de
algoritmos computacionais para organização, compilação e extração das informações relevantes. Para
tanto, foram utilizadas técnicas de processamento de linguagem natural e análise de redes de relações
para tratamento dos textos contidos nos documentos.
O intuito dessa metodologia foi a identificação, de forma automatizada e não enviesada,
de grupos de objetivos em torno de cada assunto estratégico. Utilizando-se técnicas de agrupamento
comuns à análise de redes complexas, foi possível agrupar os objetivos de acordo com suas
similaridades textuais ou semânticas. Esses agrupamentos se referem a textos similares no uso de suas
palavras e que tratam de assuntos estratégicos semelhantes. Da mesma forma, assuntos que tratam de
uma mesma temática foram agrupados para formar os pilares estratégicos.
Dentro de cada agrupamento, identificaram-se os objetivos mais representativos de seus
grupos. Esses objetivos estão associados aos assuntos estratégicos que, agrupados, caracterizam áreas
temáticas presentes no conjunto de dados. Esses grupos de assuntos estratégicos constituem os PE.
Com base na análise textual supracitada dos objetivos e assuntos associados a cada um
dos pilares, nomearam-se os seguintes pilares para representar o teor dos assuntos estratégicos neles
contidos:
a) Desenvolvimento Social: agrega assuntos essenciais à sociedade, capazes de mudar a
conjuntura social e econômica, como, por exemplo, cidadania, educação, saúde, movimentos
migratórios, turismo e cultura;
b)Desenvolvimento Sustentável: abrange assuntos referentes ao desenvolvimento
sustentável dos biomas brasileiros (em especial o bioma Amazônia), o desenvolvimento do turismo, do
agronegócio, da economia, da mineração e a proteção de ecossistemas e biodiversidade;
c) Desenvolvimento Científico e Tecnológico: engloba assuntos relativos à ciência,
tecnologia e inovação, saúde, agropecuária, comunicações, defesa e segurança, tecnologias críticas e
transversais habilitadoras. Este pilar é o mais transversal, permeando os demais;
d)Infraestrutura e Desenvolvimento Regional: constituído por assuntos relacionados à
infraestrutura, logística, defesa e segurança, desenvolvimentos urbano e regional, e integração e
desenvolvimento da Amazônia e dos demais biomas brasileiros; e
e) Soberania e Modernização do Estado: trata de assuntos estratégicos que se
referem à garantia da governança, defesa, segurança e aperfeiçoamento do Estado. Esse pilar agrega
assuntos como coesão nacional, defesa, modernização dos serviços, geopolítica e segurança pública.
Esses pilares compreendem 28 assuntos estratégicos, vários dos quais possuem
transversalidades, podendo aparecer em mais de um pilar. A distribuição dos objetivos estratégicos
dentro de seus assuntos associados aos PE está contida no capítulo IV.
A concretização dos PE envolve o trabalho cooperativo e colaborativo de várias áreas da
sociedade, a fim de garantir a visão de país estabelecida nesta PNLP. A execução estratégica de ações
visando consolidar estruturalmente os pilares elencados, envolve o estabelecimento de uma Estratégia
Nacional, próximo documento a ser elaborado pela Seae, na construção do arcabouço documental do
planejamento de longo prazo do Estado. Para isso, tarefas devem ser delegadas e cumpridas pelos
órgãos públicos, por meio de um monitoramento de indicadores que possibilitem a otimização dos
resultados e a aplicação eficiente de recursos.
A PNLP ousa olhar e pensar o Brasil para meados do século XXI. Se hoje o país possui
deficiências e enfrenta desafios ao desenvolvimento constante e sustentável, há que se pensar e
planejar a atuação estratégica do poder público. É necessário definir objetivos de longo prazo que
indiquem ações do Estado para aumentar a capacidade para o desenvolvimento e superar os obstáculos
paulatinamente.
Com esses ONLP, relativos a 28 assuntos estratégicos, poder-se-á trabalhar para,
aproveitando-se as oportunidades, compreender e superar os desafios que o Brasil enfrentará nas
décadas vindouras. Da mesma forma, será possível orientar a formulação de estratégias, focadas nas
prioridades para a ação do Estado que os objetivos representam, permitindo-se coordenar esforços e
buscar a prosperidade e o bem-estar.
Atingir os ONLP será uma tarefa difícil, mas perfeitamente possível. Com a priorização,
cooperação e conjugação de esforços de toda Administração Pública, em conjunto com a iniciativa
privada e com o conhecimento dos reais objetivos da nação, cria-se uma condição importante e
favorável para o desenvolvimento brasileiro, gerando-se oportunidades de investimentos, sinergia e
alinhamento estratégico.
Esses objetivos, reunidos em pilares, constituídos de núcleos temáticos onde se verifica a
existência de um maior grau de relação e transversalidade, indicam à sociedade o que se almeja atingir e
onde se quer chegar, bem como quais as condições a serem paulatinamente alcançadas e mantidas pela
nação com a PNLP.
Com essa abordagem, foram definidos 71 ONLP, sendo agrupados em seus respectivos
AEN e, conforme já exposto, em cinco PE, os quais leva-se ao conhecimento da sociedade, conforme
segue.
AEN-1: Cidadania
ONLP-1: Posicionar o Brasil entre os países com melhores indicadores de
desenvolvimento social.
ONLP-2: Promover o fortalecimento dos vínculos familiares e da solidariedade
intergeracional.
ONLP-3: Tornar acessível e incentivar a prática esportiva e o lazer para toda a
população.
ONLP-4: Minimizar o número de pessoas em situação de vulnerabilidade sócio econômica.
ONLP-5: Minimizar os danos associados ao uso e/ou abuso de drogas lícitas e ilícitas.
AEN-2: Cultura
ONLP-6: Ter reconhecida no exterior a qualidade da produção c u l t u r a l b r a s i l e i r a .
ONLP-7: Tornar acessível e incentivar a cultura e a preservação do patrimônio
cultural do país.
AEN- 3: Educação
ONLP-8: Possuir, formar e valorizar profissionais de educação com orientação para
demandas estratégicas futuras.
ONLP-9: Promover a educação técnica e a profissional orientadas pelas demandas
futuras.
ONLP-10: Universalizar o acesso à educação básica, possibilitando que todos os
cidadãos tenham completado o ensino de nível médio com qualidade.
ONLP-11: Possuir profissionais em setores estratégicos que possam colocar o Brasil
entre as principais potências mundiais.
ONLP-12: Ter consolidado o ensino e habilidades nas Ciências, Tecnologia, Engenharia
e Matemática.
AEN-5: Saúde
ONLP-15: Mitigar vulnerabilidades e riscos à saúde individual e coletiva.
ONLP-16: Adequar o perfil de atendimento do sistema de saúde para demandas
decorrentes do envelhecimento populacional.
ONLP-17: Aumentar a capacidade de enfrentamento a bioameaças e epidemias,
incrementando a preparação e a resposta diante de situações de emergência e de necessidade de
cooperação internacional.
AEN-8: Turismo
ONLP-21: Ter um setor de turismo desenvolvido, competitivo e que contribua para a
redução das desigualdades regionais.
AEN-9: Agropecuária
ONLP-22: Liderar o agronegócio mundial.
ONLP-23: Ter as cadeias produtivas agropecuárias brasileiras alicerçadas sobre sistemas
sustentáveis, resilientes e produtivos.
AEN-10: Amazônia
ONLP-24: Explorar sustentavelmente os recursos naturais da Amazônia.
AEN-12: Economia
ONLP-28: Possuir uma economia circular e sustentável.
ONLP-29: Ampliar a participação do uso de recursos da bioeconomia na economia
nacional.
ONLP-30: Aumentar a inserção nacional nos fluxos globais de comércio e investimentos.
ONLP-31: Possuir uma economia digital dinâmica, produtiva, competitiva, integrada e
desburocratizada.
ONLP-32: Alcançar e manter o crescimento econômico sustentável.
ONLP-33: Posicionar o Brasil entre as economias de maiores indicadores de
produtividade e competitividade.
AEN-13: Mineração
ONLP-34: Maximizar a agregação de valor e a participação da indústria da mineração na
economia.
O progresso científico será cada vez mais impulsionado pela intensa interação entre os
vários campos da física, da biologia molecular, da informática e das TICs. Vislumbra-se a aceleração do
desenvolvimento com uma visão interdisciplinar, com aplicações tecnológicas cada vez mais integradas,
tendo a internet como a espinha dorsal das economias em desenvolvimento. Como tendência, há
necessidade de investimentos para o desenvolvimento e a aplicação nos campos tecnologia quântica, da
nanotecnologia, biotecnologia e tecnologia nuclear, em especial nas comunicações e na produção e
conservação de alimentos.
Avanços em áreas como novos materiais e bioengenharia estão mudando os princípios
farmacêuticos e de cuidados médicos. No que diz respeito a inovações em produtos e serviços para
saúde humana, verifica-se a alta probabilidade de avanço em gerontologia e tecnologias genéticas, com
o uso de nano chips e tecnologia de micro sensores, transplantes de órgãos, células nervosas, retina etc.
Isso propiciará um aumento substancial na qualidade de vida.
Assim, os objetivos desse pilar indicam a importância de se buscar o desenvolvimento no
campo científico e tecnológico. Essa é uma condição necessária para estar entre os países emergentes
mais promissores na segunda metade do século XXI.
Para isso, é importante ter autonomia e capacidades em áreas portadoras de futuro e
estratégicas.
AEN-14: Ciência, Tecnologia e Inovação
ONLP-35: Assegurar a soberania científica e tecnológica nacional em áreas
estratégicas.
ONLP-36: Ter autonomia em soluções baseadas em ciência, tecnologia e inovação para
superação dos desafios enfrentados pela nação brasileira.
AEN-16: Comunicações
ONLP-40: Estar entre os países mais avançados nas tecnologias de informação e de
comunicação.
AEN-17: Agropecuária3
ONLP-41: Liderar mundialmente a pesquisa científica, o
desenvolvimento tecnológico e a inovação no setor agropecuário.
AEN-23: Infraestrutura
ONLP-50: Universalizar o acesso aos serviços de infraestrutura.
ONLP-51: Maximizar o uso de energias renováveis e de energias limpas, mantendo a
elevada participação de fontes renováveis na matriz energética nacional.
ONLP-52: Possuir segurança energética, considerando a modicidade tarifária e a
sustentabilidade ambiental.
ONLP-53: Possuir eficiência logística.
ONLP-54: Garantir o saneamento básico.
ONLP-55: Possuir uma matriz de transporte eficiente.
ONLP-56: Possuir infraestruturas energéticas inteligentes em todo o territorial nacional.
O Estado precisa desenvolver sua capacidade de atuar em defesa do seu território, do seu
povo e dos assuntos estratégicos para o seu desenvolvimento. Precisa se modernizar e cooperar para
atender às demandas inerentes à cidadania e prestar serviços públicos de qualidade em todo o
território.
Uma nação precisa ser soberana em suas decisões e nos rumos que deseja tomar na
defesa dos seus interesses. O sentimento e o desejo de pertencimento, orgulho, o amor e a devoção do
povo ao seu país são algumas das características importantes na coesão e na identidade nacional,
fortalecendo a sua soberania. Tal questão é tão relevante que consta como o primeiro princípio
fundamental da Constituição da República Federativa do Brasil.
A força da transversalidade e sinergia dos AEN e ONLP, a seguir, corroboram as
afirmativas para esse pilar, indicando as bases e a necessidade de serem priorizados para o
desenvolvimento nacional.
AEN-26: Geopolítica
ONLP-63: Alcançar e manter autonomia estratégica nos campos político, econômico,
militar, científico-tecnológico, diplomático, ambiental e cultural.
ONLP-64: Ampliar a inserção brasileira no concerto mundial das nações, potencializando
a postura pacífica e cooperativa do Brasil, para fortalecer a capacidade do país de exercer influência no
ambiente e nos processos decisórios no âmbito internacional.
AEN-27: Modernização do Estado
ONLP-65: Possuir uma Administração Pública eficiente, transparente e íntegra.
ONLP-66: Dispor de serviços públicos de qualidade e acessíveis a toda a população.
ONLP-67: Ter um pacto federativo eficiente.
ONLP-68: Possuir um sistema tributário eficiente.
A PNLP não esgota as orientações necessárias para o atingimento dos ONLP, uma vez que
é um elo entre outros que se seguirão, todos ligados primaria e fundamentalmente à Constituição
Federal.
Esta PNLP abrange o horizonte de 36 anos a partir de sua publicação, indicando os macro-
objetivos para a concretização do pleno potencial brasileiro, tanto o de suas riquezas naturais quanto o
do poder criativo de seu povo. Por isso, os ONLP aqui listados traduzem expressões de vontade, de
querer ser e/ou estar, as mais abrangentes e sintéticas possíveis.
Certamente existem muitos outros objetivos importantes a serem atingidos pelo país em
vários níveis e setores. Porém os apresentados neste documento são os de caráter estratégico, básicos e
impulsionadores para outros objetivos, sendo, portanto, não apenas importantes, mas indispensáveis
para a vida e o desenvolvimento nacionais.
Os ONLP foram selecionados dentro da perspectiva dos AEN que, por sua vez, são
diretamente alinhados ao que a Constituição brasileira prioriza em seu texto, sempre em harmonia com
as percepções do panorama nacional e o contexto internacional em que o país se insere.
Por isso, a seleção dos AEN com os ONLP a eles vinculado deve contemplar as conjunturas
nacional e internacional, acompanhadas do vislumbre das megatendências internacionais que sinalizam,
ao longo da jornada do planejamento de longo prazo brasileiro, os importantes aspectos a serem
levados em consideração na tomada de decisões, evitando-se ao máximo imprecisões e perda de foco
no rumo planejado.
Ademais, é feito um esforço de prospecção com métodos reconhecidos nos meios
acadêmico e profissional para a identificação das grandes possibilidades que se desenham no futuro,
levando-se em consideração tanto a conjuntura quanto as megatendências e os desafios nacionais,
acrescidas de propostas elencadas para a lide com os cenários apresentados.
Considerando-se os cenários identificados e sua correlação com os ONLP, a PNLP foi
elaborada com o fim de se atingir o cenário otimista, gerando subsídios para as melhores escolhas de
investimentos que possibilitem o atendimento de necessidades as quais, uma vez satisfeitas, resultarão
no bem-estar nacional em longo prazo:
a) a criação do ambiente institucional necessário para se atingir o alto retorno de
investimentos e o alto valor agregado de produtos e serviços;
b) a necessária atualização e racionalização da legislação concernente às áreas
consideradas estratégicas tornando-a objetiva e desburocratizando o ambiente de negócio;
c) a concentração de investimentos nas áreas econômicas de alto valor agregado,
visando à maior integração de interesses e competividade possível;
d) a geração de mecanismos de investimentos multissetoriais que melhorem
significativamente os indicadores de segurança pública;
e) o equilíbrio do desenvolvimento regional por meio dos recursos de tecnologias,
cidades inteligentes, infraestrutura adequada, produção e criação de empregos;
f) a inclusão do Brasil na lista de países com os mais elevados índices de
desenvolvimento humano;
g) tornar o país autossuficiente em áreas estratégicas, tais como: saúde, educação,
energia, defesa, CT&I, espacial, aeronáutico, cibernético, nuclear, sistemas inteligentes e autônomos,
tecnologia da informação, tecnologia da comunicação, agronegócio, fármacos, radiofármacos,
tecnologia assistiva, entre outras que vierem a ser elencadas e priorizadas;
h) a garantia da soberania nacional no domínio das áreas de conhecimento
estratégico desejadas pela nação, sem afetar a relação de parcerias internacionais estratégicas;
i) a ampliação e diversificação dos sistemas de comunicação para que atinjam todo o
território nacional;
j) diversificação da matriz energética brasileira, com investimentos em fontes
alternativas e renováveis de energia;
k) o crescimento e amadurecimento do sistema de inovação nacional;
l) uma maior integração dos entes públicos e privados nos temas de governança,
gestão, ciência e tecnologia;
m) o desenvolvimento de uma base sólida de conhecimento científico e tecnológico,
acompanhada de mecanismos efetivos de proteção contra cerceamentos;
n) a proteção dos ativos dos patrimônios de todos os setores do sistema institucional
nacional, tais como: educação, CT&I, indústria, bioeconomia, biotecnologia e biodiversidade;
o) a estruturação de uma base educacional atualizada, madura e efetiva que
possibilite o suporte aos projetos de desenvolvimento nacional, em qualidade e quantidade suficiente
por parte dos egressos;
p) o desenvolvimento da base industrial nacional, incluindo a base industrial de
defesa, com o fortalecimento, autonomia e independência das cadeias produtivas e de suprimentos;
q) posicionar o Brasil entre os países mais competitivos nos mercados internacionais;
r) a plena participação brasileira no ambiente internacional de produtos e serviços
de alto valor agregado;
s) o fortalecimento da política externa nacional para o posicionamento geopolítico e
geoestratégico adequados à defesa dos interesses e da soberania nacionais; e
t) a elevação da taxa de empregabilidade, em especial, nos empregos de alta
especialização e retorno de investimento.
Essas necessidades são encontradas no conjunto dos temas vitais à nação e que
influenciam o seu desenvolvimento integral. Levá-las em consideração é pré-requisito fundamental para
o atingimento daquilo que o Brasil deseja ser e onde aspira estar em 36 anos.
Por isso, os AEN e os ONLP foram, assim, identificados, selecionados e, na sequência,
agrupados em pilares de sustentação da proposta da Política que, novamente, não ignoram outros que
possam ser pensados, mas indicam uma importante síntese que facilita a visualização do caminho a ser
tomado no atendimento das necessidades, anseios e interesses do Estado brasileiro.
Esta proposta de iniciativa da Administração Pública Federal inserirá o Brasil no rol das
nações que pensam estrategicamente no longo prazo e à frente de seu tempo, utilizando-se das
melhores práticas internacionais desenvolvidas em planejamento estratégico de longo prazo. Seu
desdobramento natural será, na sequência, a Estratégia Nacional de Longo Prazo, onde as ações
implícitas nos ONLP, com estratégias, ações estratégicas e orientações associadas a cada um, serão
detalhadas.
Desse modo, a nação brasileira segue em passos firmes e contínuos na defesa de sua
soberania, na busca de seus interesses e no atendimento de suas necessidades, atuando
harmoniosamente no concerto dos povos e realizando sua vocação democrática, pacífica, livre e justa,
com vista ao seu pleno desenvolvimento.
EM nº 00061/2022 CC
Brasília, 29 de Dezembro de 2022
1. Submeto à apreciação de Vossa Excelência proposta de Projeto de Lei que dispõe sobre a
Política Nacional de Longo Prazo (PNLP), no âmbito nacional, com foco na construção de um documento
que oriente as ações de Estado, com priorização estratégica de temas que precisam ser tratados como base
para o desenvolvimento nacional, constituindo-se como um marco referencial em forma de lei.
2. Com horizonte de 36 anos a partir de sua publicação, a PNLP se insere num conjunto de
propostas que visam ao desenvolvimento nacional, conforme disposto na Constituição Federal de 1988,
especificamente no § 1º do artigo 174, que trata da ordem e do progresso do País, estruturados
harmoniosamente em suas diversas dimensões. Verifica-se, também, na Carta Magna, o embasamento
sólido das perspectivas de progresso da República, em relação a seus fundamentos e em direção aos seus
objetivos fundamentais, expostos em seus Artigos 1º e 3º.
3. A República Federativa do Brasil chega ao ano de 2022, em seu bicentenário de
Independência, vivenciando desafios próprios e do cenário internacional, muitas vezes indissociáveis, que
continuarão a se fazer sentir nos anos à frente. O planejamento com horizonte de longo prazo é essencial
para permitir o crescimento ordenado, vislumbrar oportunidades, lidar com desafios e concentrar esforço
em áreas estratégicas nacionais com forte potencial de desenvolvimento. Se faz imprescindível para
nortear políticas públicas, utilizar mais efetivamente os recursos e servir como referência na delineação e
reordenação de rotas para gestores nas mais diversas esferas.
4. Igualmente, objetiva-se a colaboração com o Sistema de Planejamento e de Orçamento
Federal, conforme disposto na Lei 10.180/2001, em seu Artigo 2º Incisos I e II, uma vez que a PNLP trará
contribuições para a formulação do planejamento estratégico nacional e de planos nacionais, regionais e
setoriais de desenvolvimento econômico e social.
5. Sendo assim, a proposta da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República (SEAE/PR) de “pensar o Brasil, construir o futuro” materializa-se respaldada pelo exercício de
suas atribuições, conforme dispostas no Decreto 10.374/2020, alterado pelo Decreto 10.817/2021. Isso é
feito com uma perspectiva abrangente e multisetorial, por meio de reflexões e apoio ao planejamento de
longo prazo e trabalho em parceria com os entes setoriais.
6. A PNLP organiza os principais assuntos nacionais concernentes ao desenvolvimento em 5
Pilares Estratégicos, a saber: Soberania e Modernização do Estado; Infraestrutura e Desenvolvimento
Regional; Desenvolvimento Social; Desenvolvimento Sustentável; e Desenvolvimento Científico e
Tecnológico. Os Pilares, por sua vez, são desdobrados em 28 Assuntos Estratégicos Nacionais (AEN),
que compreendem, a seu turno, 71 Objetivos Nacionais de Longo Prazo (ONLP), orientadores dos
planejamentos, projetos e ações de médio e curto.
7. A definição das bases da PLNP, Pilares Estratégicos, Assuntos e Objetivos Estratégicos
contou com a colaboração e participação cooperativa de todos os entes setoriais, com subsídios colhidos
em consulta a especialistas, workshop e análises reiteradas por meio de ferramentas tecnológicas que
utilizaram as políticas, estratégias e planos já existentes em conjunto com o material produzido para se
elaborar a proposta ora submetida.
8. São essas, Senhor Presidente, as razões que justificam a proposta de Projeto de Lei que ora
submetemos à elevada apreciação de Vossa Excelência.
Respeitosamente,