Surrealismo

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Surrealismo

Beatriz Dias, Jéssica Oliveira, Vasco Bica e Verónica Silva

Departamento de Ciências da Comunicação

Comunicação Visual

Professor Doutor João Pupo

29 de novembro de 2022
Origem do Surrealismo

O Surrealismo é um movimento artístico que surgiu no início dos anos 20 em França,

a partir de princípios dadaístas como o ilogismo, a irracionalidade e a causalidade, de modo a

explorar o inconsciente. Os artistas deixam de acreditar na realidade visível e procuram uma

realidade universal através da alucinação e do sonho - uma “surrealidade” (sur significa sobre

em francês).

Em 1924 o escritor francês André Breton, ex-dadaísta, publica o Manifesto do

Surrealismo, marcando assim o nascimento da nova vanguarda. Neste documento refere

“Acredito na fusão desses dois estados - sonho e realidade - aparentemente tão contrários,

numa espécie de ‘superrealidade’ (surrealidade absoluta)”.

O movimento veio influenciar a psicanálise desenvolvida por Sigmund Freud,

mergulhando no subconsciente e num mundo irracional. Como consequência, o olhar

psicanalítico impulsionou fortemente os surrealistas, dando importância ao estudo dos

sonhos, uma vez que revelam o nosso inconsciente.

No Surrealismo todos os artistas se expressavam sem utilizar o pensamento racional,

originando assim obras diversas e difíceis de entender. Estes acreditavam que, para além do

mundo visível, existem sensações reprimidas nos sonhos ou nos fenómenos alucinatórios. Por

outras palavras, o surrealismo prende-se na substituição do mundo exterior pela realidade

espiritual.

Deste modo, as obras surrealistas derivam da individualidade dos artistas. Estavam

alienados dos acontecimentos políticos na Europa (fascismo Espanha e Itália, nacional-

socialismo Alemanha e por fim 2ª Guerra Mundial), atitude política que se manifestou na

negação, em que o artista se volta para dentro e dedica-se exclusivamente à sua alma,

abandonando assim criticamente o mundo, que conscientemente se estava a destruir a si

próprio.
Artistas e Obras Surrealistas

Um dos grandes representantes do movimento surrealista foi René Magritte. Nasceu a

21 de novembro de 1898, na Bélgica, e foi o filho mais novo da família. Teve uma infância

complicada depois do suicídio sua mãe, Régina, no rio Sambre no sul da Bélgica. Este

acontecimento em específico levou-o a ganhar um interesse sobre o interior da mente humana

e o sonho.

Em 1916 entrou na Academia Real de Belas-Artes em Bruxelas, onde estudou por

dois anos. Aí conheceu a sua mulher, Georgette Berger, com quem se casou em 1922. Foi

designer de cartazes de anúncios até 1926, até assinar um contrato com a Galerie la

Centaure, tornando a pintura na sua principal atividade. Ainda no mesmo ano, Magritte

produziu a sua primeira obra surrealista, Le Jockey Perdu. As suas obras são metáforas que

utilizam objetos comuns e símbolos para compor representações realistas.

Faleceu a 15 de agosto de 1967 com cancro.

Imagem 1: Golconde (1953), René Magritte


Numa das suas obras mais famosas, Golconde ou A Queda, René retrata vários

homens idênticos, com sobretudos e chapéus de coco, quase que representando o ambiente

suburbano onde vivia e a forma como se vestia. Os mesmos estão a cair do céu como se

fossem gotas de chuva, ou a flutuar como seres cheios de hélio. Magritte representa nesta

obra a linha ténue entre a individualidade e a identidade de grupo

Outro autor que se tornou conhecido como o “Mestre da Arte Surrealista” foi

Salvador Dalí. Nasceu a 11 de maio de 1904 em Espanha, e mostrou um grande interesse pela

pintura e pelo desenho desde os 13 anos de idade. Incentivado pelos seus pais, este continuou

o seu percurso artístico e entrou na Academia de Artes de San Fernando, em Madrid.

Morreu no dia 23 de janeiro de 1989 de insuficiência cardíaca, aos 84 anos.

Dalí dizia que as suas obras eram fotografias dos seus sonhos, contendo personagens

bizarras e arrepiantes. Nas suas obras é comum encontrarmos várias personagens e objetos

interligados, como se fossem um só, fazendo como que um “jogo” com a mente humana.

Figura 2: Girafa em Chamas (1937), Salvador Dalí


Nesta obra estão presentes figuras femininas, uma principal mais à frente, constituída

por gavetas que representam o subconsciente. Do lado direito mais ao fundo está presente

outra mulher, e do lado esquerdo ao fundo está então a girafa em chamas, que não mostra

nenhuma expressão nem dor. Nenhuma das figuras demonstra qualquer emoção, visto que as

mulheres não têm feições. Podemos interpretar esta característica como uma alucinação, um

sonho, que é o método de alcance do subconsciente. Todas estas figuras estão sobrepostas

num fundo azul, dando a ideia de perspetiva/profundidade ao quadro.


Surgimento do Surrealismo em Portugal

O Surrealismo chegou a Portugal depois da Segunda Guerra Mundial, em 1947. O

movimento não durou muito, mas teve um grande impacto principalmente na literatura

portuguesa, em especial na poesia. Mesmo tendo sido tardio, Portugal foi o primeiro país

onde o Surrealismo foi mencionado depois do seu surgimento em França, em 1924.

No século XIX e início do século XX, Portugal viu-se num período complicado com o

fim da Monarquia e a implantação da República. Pouco tempo depois assiste-se às Guerras

Mundiais, que causaram na Europa um ambiente de destruição e tristeza, e logo depois inicia-

se o conflituo entre os Estados Unidos e a União Soviética, a Guerra Fria. O Surrealismo

permitiu a vários artistas portugueses criticar a sociedade, em especial a temática da

destruição, e “renovar” as artes, em principal a literatura, que era considerada muito

envelhecida.

Mesmo tendo sido afirmado em 1947 em Portugal, o movimento surrealista já era

referido em 1942 por parte de um grupo de estudantes da Escola de Artes António Arroio,

que realizavam reuniões no café Herminius. Só alguns anos mais tarde há uma reunião entre

vários poetas e artistas jovens que marca o começo do primeiro grupo surrealista português, o

“Grupo Surrealista de Lisboa”, onde se conhecem artistas como Alexandre O’Neill, Cruzeiro

Seixas, entre muitos outros. Depois de uma primeira exposição, o grupo desintegrou-se.

No ano de 1948 surge outro grupo em Portugal chamado “Os Surrealistas”, liderado

por Mário Cesariny de Vasconcelos. Tal como o grupo anterior, este não durou muito tempo,

extinguindo-se em 1951 depois da saída de O’Neill. Este episódio ficou marcado com o fim

do Surrealismo em Portugal. Estes artistas continuaram os seus trabalhos surrealistas, apenas

de forma individual.

As reuniões entre artistas surrealistas continuaram no Café Royal, na Praça Duque da

Terceira, e no Café Gelo, no Rossio.


Artistas Surrealistas Portugueses

Um grande artista português, não só conhecido pelo Surrealismo mas por todo o seu

percurso artístico em geral, foi Alexandre O’Neill. O artista nasceu em 1924 e faleceu em

1986, e foi um dos mais importantes poetas do movimento surrealista em Portugal.

Foi um dos fundadores do movimento, fazendo parte do primeiro grupo surrealista

português, o “Grupo Surrealista de Lisboa”. É nesta corrente também que publica a sua

primeira obra, o volume de romance-colagem “A Ampola Miraculosa” (1948), obra que

pertence à coleção “Cadernos Surrealistas” e que atualmente se encontra exposta no Museu

do Chiado.

Figura 3: A Ampola Miraculosa (1948), Alexandre O’Neill

As influências surrealistas permanecem visíveis nas suas obras, que além de livros e

poesia incluem prosa, discos de poesia, traduções e antologias.

Não conseguindo viver apenas da sua arte, o autor alargou a sua ação à publicidade,

sendo da sua autoria o lema publicitário “há mar e mar, há ir e voltar”.


Outra obra que se insere no movimento da sua autoria é o livro “Uma Coisa em

Forma de Assim”, que reúne os seus textos previamente publicados na imprensa, e tem o

objetivo de relembrar que foram vãos os anos em que ajudou a fundar o grupo surrealista em

Portugal.

Figura 4: Uma Coisa em Forma de Assim (1980), Alexandre O’Neill

Outro artista foi Cruzeiro seixas, que nasceu em 1920 e faleceu em 2020. Foi “um

homem que pinta”, pois a designação de pintor aborrecia-o, e foi poeta também.

No seu longo percurso artístico, conta com uma fase expressionista, outra neorrealista,

e outra com início no final dos anos 40, em que integra o Grupo Surrealista de Lisboa.

É autor de um vasto trabalho no campo do desenho e pintura, mas também na poesia e

escultura.
Figura 5: Já não temos nada para esconder (2014), Cruzeiro Seixas
Conclusão
Concluímos com o nosso trabalho que o Surrealismo foi um movimento muito

marcante a nível internacional. Tendo o seu início em França por parte de André Breton, foi

uma vanguarda que se focou na surrealidade e representação do sonho. Assistiu a um período

de guerra e destruição por toda a Europa, e surgiu como uma forma de dar voz aos que

pretendiam afastar-se da realidade e criticá-la.

Em Portugal esteve presente durante um pequeno período, sendo marcado por grupos

de artistas jovens. Mesmo sendo um movimento atribulado, permitiu dar uma nova faceta à

arte portuguesa, em especial a poesia, a arte mais envelhecida.


Webgrafia

https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-seculo-20/surrealismo/

https://modernismo.pt/index.php/s/829-surrealismo

http://www.museuartecontemporanea.gov.pt/pt/programacao/Surrealismo-em-Portugal-1934-
1952

https://carlosduarte12av1.wordpress.com/os-autores-surrealistas/surrealismo-em-portugal-2/

https://www.historiadasartes.com/prazer-em-conhecer/rene-magritte/

https://www.escritoriodearte.com/artista/salvador-dali

https://www.cps.pt/pt/artistas/cruzeiro-seixas

https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=332

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