Proposta de Implantação Do Sistema de Controle Interno No Âmbito Da Unesp
Proposta de Implantação Do Sistema de Controle Interno No Âmbito Da Unesp
Proposta de Implantação Do Sistema de Controle Interno No Âmbito Da Unesp
Dirceu Martins
Regiane Marcondes Carregari
Valéria Coimbra dos Santos
Introdução
1
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 18ª Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2005.
2. Arcabouço Teórico
2
Conforme CASTRO (2007)
3
GUERRA, Evandro Martins. Os controles externos e internos da administração pública. 2ª ed. rev. e ampl.
Belo Horizonte: Fórum, 2005.
Figura 1: Sistema de Controle Interno
Fonte: TCU
4
Note-se que os termos "controle interno da gestão" e "controle interno administrativo" aparecem na
literatura como sinônimos. Para fins didáticos este trabalho preferiu adotar o termo "controle interno da
gestão", conforme aparece nos documentos elaborados pela Controladoria-Geral da União (CGU).
5
BRASIL. Instrução Normativa nº 01, de 06 de abril de 2001 - Secretaria Federal de Controle Interno.
O objetivo geral do controle interno administrativo é evitar a ocorrência de
impropriedades e irregularidades, por meio da observância de princípios e instrumentos
próprios.
Tais princípios são um conjunto de regras, diretrizes e sistemas que visam ao
atingimento de objetivos específicos:
1. Relação custo/benefício - consiste na avaliação do custo de um controle em
relação aos benefícios que ele possa proporcionar;
2. Qualificação adequada, treinamento e rodízio de funcionários - a eficácia
dos controles internos da gestão está diretamente relacionada à
competência, a formação profissional e à integridade do pessoal. É
imprescindível haver uma política de pessoal que contemple:
a) seleção e treinamento de forma criteriosa e sistematizada, buscando
melhor rendimento e menores custos;
b) rodízio de funções, com vistas a reduzir/eliminar possibilidades de
fraudes; e
c) obrigatoriedade de funcionários gozarem férias regularmente, como
forma, inclusive, de evitar a dissimulação de irregularidades.
3. Delegação de poderes e definição de responsabilidades - a delegação de
competência, conforme previsto em lei, será utilizada como instrumento de
descentralização administrativa, com vistas a assegurar maior rapidez e
objetividade às decisões. O ato de delegação deverá indicar, com precisão, a
autoridade delegante, a delegada e o objeto da delegação. Assim sendo, em
qualquer unidade/entidade, devem ser observados:
a) existência de regimento/estatuto e organograma adequados, nos
quais a definição de autoridade e consequentes responsabilidades
sejam claras e satisfaçam plenamente as necessidades da
organização; e
b) manuais de rotinas/procedimentos, claramente determinados, que
considerem as funções de todos os setores do órgão/entidade.
4. Segregação de funções - a estrutura das unidades/entidades deve prever a
separação entre as funções de autorização/ aprovação de operações,
execução, controle e contabilização, de tal forma que nenhuma pessoa
detenha competências e atribuições em desacordo com este princípio;
5. Instruções devidamente formalizadas - para atingir um grau de segurança
adequado é indispensável que as ações, procedimentos e instruções sejam
disciplinados e formalizados por meio de instrumentos eficazes e específicos,
ou seja, claros e objetivos e emitidos por autoridade competente;
6. Controles sobre as transações - é imprescindível estabelecer o
acompanhamento dos fatos contábeis, financeiros e operacionais,
objetivando que sejam efetuados mediante atos legítimos, relacionados com
a finalidade da unidade/ entidade e autorizados por quem de direito;
7. Aderência a diretrizes e normas legais – o controle interno da gestão deve
assegurar observância às diretrizes, aos planos, às normas, às leis, aos
regulamentos e aos procedimentos administrativos, e que os atos e fatos de
gestão sejam efetuados mediante atos legítimos, relacionados com a
finalidade da unidade/entidade. Tais atividades são também conhecidas
como gestão de compliance. O termo compliance tem origem no verbo inglês
to comply, que significa agir em sintonia com as regras.
Segundo a Secretaria Federal de Controle Interno, o controle interno da gestão
implementado em uma instituição deve:
1. ter, prioritariamente, caráter preventivo;
2. estar voltado, permanentemente, para a correção de eventuais desvios em
relação aos parâmetros estabelecidos;
3. prevalecer como instrumento auxiliar de gestão;
4. estar direcionado para o atendimento a todos os níveis hierárquicos da
administração.
Dessa forma, quanto maior for o grau de adequação dos controles internos
administrativos, menor será a vulnerabilidade dos riscos inerentes à gestão
propriamente dita.
Diante do exposto, percebe-se que para o Sistema de Controle Interno de um
órgão público funcionar adequadamente é necessário que se estabeleça e se mantenha
uma estrutura eficaz, com regras bem definidas de controle e um quadro de pessoal
comprometido e imparcial. Dessa forma, a atividade de controle será um instrumento
gerencial usado para proporcionar razoável segurança de que os objetivos da
administração superior estão sendo atingidos.
Neste sentido, o sistema de controle tem uma função de extrema relevância na
gestão da coisa pública e na garantia da realização do interesse público pretendido pela
Administração.6
Por esse motivo, e conforme aponta o Tribunal de Contas da União: a função de
controle na Administração Pública deve estar localizada no nível máximo de direção da
organização, assessorando o gestor máximo e emitindo recomendações aos demais
escalões da estrutura organizacional.
Dessa forma, entende-se que a área de risco está diretamente ligada ao controle
interno. O Tribunal de Contas da União aponta que, em uma definição preliminar, pode-
se considerar uma área de risco como aquela parcela da gestão que, sendo submetida
à fiscalização, o auditor considera que o controle interno está desenhado incorretamente
ou que não está funcionando de maneira adequada. Neste sentido, conclui-se que a
identificação de áreas de risco se dá por meio de avaliações do sistema de controle
interno implantado pelos órgãos e entidades.
No setor público, portanto, a gestão de risco consiste na adoção de medidas que
diminuam a possibilidade de determinada área da Administração Pública ficar refém de
agentes internos ou externos que cometam fraudes.
7
Traduzido para a língua portuguesa pelo Instituto de Auditores Internos do Brasil (Audibra), juntamente
com a PricewaterhouseCoopers.
Controle Interno da Unesp, faremos uma comparação entre o que existe atualmente e a
que seria uma estrutura ideal.
Partindo do conceito de Sistema de Controle Interno apresentado pelo TCU, ou
seja, o sistema composto por quatro macro-áreas (Controle Interno da Gestão,
Ouvidoria, Auditoria e Corregedoria), coordenados por um controle central
(Controladoria), e considerando as atribuições de cada uma dessas áreas, identificamos
na Unesp a seguinte estrutura:
1. Ouvidoria: criada pela Resolução Unesp nº 03/2003 e posteriormente
reorganizada pela Resolução Unesp nº 16/2015, a Ouvidoria de Serviços
Públicos da Unesp, tem como competência avaliar a procedência de
sugestões, reclamações e denúncias de natureza administrativa da
comunidade interna e externa da Unesp, encaminhando-as às autoridades
competentes, com vistas a:
I - melhoria dos serviços;
II - correção de erros, omissões, desvios ou abusos na prestação dos
serviços;
III - apuração de atos de improbidade e de ilícitos administrativos;
IV - prevenção e correção de atos e procedimentos incompatíveis com o
direito à informação e à qualidade na prestação dos serviços, na forma da lei;
V - proteção dos direitos dos usuários.
SIC - Serviço de Informação ao Cidadão: implantado em 2012 no Estado
de São Paulo, visando atender a Lei de Acesso à Informação (Lei nº
12.527/2011), na Universidade está sob responsabilidade da Assessoria de
Planejamento Estratégico - APE.
2. Corregedoria: embora não haja uma área de Corregedoria formalmente
constituída, as funções de correição são exercidas pela Assessoria Jurídica e
pelas Comissões Processantes Especiais, as quais por meio da instauração
de processos de apuração preliminar e de processos de sindicâncias
verificam atos de irregularidades praticados por servidor. Sendo comprovada
a autoria e a irregularidade do ato, a sindicância dará ensejo à abertura do
Processo Administrativo Disciplinar, por meio do qual poderá ser imputada
penalidade ao autor da irregularidade (como repreensão, suspensão,
demissão a bem do serviço público).
3. Controle Interno da Gestão: é atualmente exercido pelos gestores das
áreas no desenvolvimento de suas atividades cotidianas. A área de
almoxarifado, por exemplo, realiza o controle interno da gestão ao registrar
em sistemas próprios a entrada e saída de materiais, de forma que, a
qualquer tempo, um fiscal (interno ou externo) poderia confrontar se as
quantidades existentes em estoque estão compatíveis com os registros. No
mesmo sentido, o Setor de Transporte possui mecanismos de controle da
frota, sendo possível identificar as saídas, chegadas, percurso percorrido,
indicação do hodômetro do veículo, entre outras. As áreas de Recursos
Humanos possuem controles de frequência, gozo de férias, afastamentos,
etc. Os exemplos permitem notar que o controle interno administrativo é
inerente a uma boa gestão.
Na Universidade, algumas áreas ainda contam com uma 2ª linha de defesa:
as Coordenadorias - como é o caso da Coordenadoria de Recursos
Humanos (CRH), da Coordenadoria Geral de Bibliotecas (CGB) e da
Coordenadoria de Saúde, Segurança do Trabalhador e Sustentabilidade
Ambiental (COSTSA) - as quais desempenham um importante papel na
definição de diretrizes e normatização das áreas sob suas responsabilidades.
Ouvidoria Gestores
+ SIC das Áreas
AJ +
Comissões
Processantes
•AUDITORIA •CORREGEDORIA
4. Proposta de Normatização