Democracia Radical
Democracia Radical
Democracia Radical
Democracia Radical
Nampula, Julho
2021
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Índice
1. Introdução.................................................................................................................................3
1.1. Método..............................................................................................................................3
1.2. Objectivos:........................................................................................................................3
5. Democracia Radical..............................................................................................................7
6. Conclusão...............................................................................................................................10
7. Bibliografia.............................................................................................................................11
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1. Introdução
O presente trabalho científico teórico é da cadeira de História das Instituições Politicas, e nele
abordarei sobre a Democracia Radical. Entretanto, o problema da democracia é tão antigo quanto
à reflexão sobre as coisas da política, tendo sido (re) proposto e reformulado em diversos
momentos e lugares. O cenário actual não é diferente e o debate em torno da questão
democrática parece estar longe de chegar ao fim.
1.1. Método
O presente trabalho levou a cabo o método bibliográfico. Com este método o estudante fez a
recolha de informações necessárias referentes aos temas, usando obras literárias já existentes das
quais foram citadas no desenvolvimento deste trabalho. Módulo de licenciatura em ensino de
História, internet e outros artigos científicos para a orientação teórica do trabalho.
1.2. Objectivos:
Geral
Específicos
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2. O Imaginário democrático moderno
De acordo com Laclau (2015), o imaginário democrático moderno começou a ser delineado a
partir da Revolução Francesa, com primeira experiência de democracia baseada unicamente na
legitimidade do povo e que substituiu a divisão social hierárquica e desigual, pelos princípios
democráticos da liberdade e da igualdade. Ao criar uma sociedade horizontal em que todos os
homens são iguais e livres a Revolução mudou o imaginário social criando uma “[...] pátria
intelectual comum da qual os homens de todas as nações podiam tornar-se cidadãos.”
(TOCQUEVILLE, 1997, p. 59). Em meio ao caos revolucionário, o rei é destronado dando lugar à
revolução democrática e a disputa pela ocupação provisória do poder e a soberania é transferida
deste para o povo, proclamado como portador e, ao mesmo tempo, realizador dos princípios da
revolução.
Para marcar a diferença radical deste novo regime é preciso destacar que a França pré-revolução
era governada por uma monarquia em que o poder central e absoluto estava nas mãos do rei que
governava como representante de Deus. Era a partir dele e de suas vontades que o direito e a justiça
eram distribuídos para o resto do corpo social de forma vertical e hierarquizada. Tratava-se de uma
sociedade de súbditos, pautada no privilégio que somente o monarca poderia distribuir, e cujo poder
estava ocupado por toda a eternidade (FURET, 1989).
Para Boaventura de Sousa Santos, a democracia assumiu um lugar central no campo político no
século XX, no qual foi objecto de disputa entre regulação e emancipação. Um dos processos que
levou à quebra do equilíbrio entre emancipação e regulação em favor da segunda foi a redução
da política a uma prática social sectorial e especializada, com uma rígida regulação da
participação.
Essa disputa envolveu dois debates principais no período do pós-guerra. O primeiro, sobre a
desejabilidade da democracia como forma de governo, em que assumiu a hegemonia a proposta
que implicava a restrição das formas de participação ampliada em favor de procedimentos
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eleitorais para a formação dos governos. O segundo, sobre as condições estruturais da
democracia, sua compatibilidade com o capitalismo e suas virtualidades redistributivas, no
sentido de colocar limites à propriedade, o que representaria ganhos para os sectores
desfavorecidos. Dessa forma, a tensão entre democracia e capitalismo se coloca como um
elemento constitutivo do Estado moderno e a maior ou menor legitimidade deste último está
vinculada ao modo como esta tensão foi resolvida, com maior ou menor equilíbrio.9
No entanto, ao contrário de Laclau e Mouffe, Santos (2001a), não abandona a noção de estrutura
que, para ele, é pulverizada. Propõe, então, a existência de seis espaços estruturais de produção
de poder na sociedade capitalista, não hierarquizados,13 nos quais, dentro de seus limites, há
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um oceano de contingência: o espaço doméstico, conjunto de relações sociais de produção e
reprodução da domesticidade e do parentesco; o espaço da produção, conjunto de relações
sociais agrupadas em torno da produção de trocas económicas, processos de trabalho e relações
de produção; o espaço do mercado, conjunto de relações sociais de distribuição e consumo de
troca de valores; o espaço da comunidade, conjunto de relações sociais agrupadas em torno da
produção e reprodução de territórios físicos e simbólicos e de identidades e identificações
comuns; o espaço da cidadania, conjunto de relações sociais que constituem a esfera pública, e o
espaço mundial, soma total de efeitos pertinentes das relações sociais, por meio das quais a
divisão de trabalho é produzida e reproduzida. Cada um dos espaços estruturais, ou " conjunto
básico de relações sociais que definem o horizonte da determinação relevante" , são entidades
relacionais complexas constituídas por seis dimensões: a da prática social, a das instituições, a da
sua dinâmica de desenvolvimento, a das formas de poder, a das formas de direito e a das formas
epistemológicas.
Nesse sentido, as lutas por emancipação social não são abandonadas. No entanto, os autores
acreditam que, apesar da perspectiva iluminista ter desempenhado um papel importante na
consolidação da democracia liberal, ela se constitui, actualmente, em um obstáculo à
compreensão das novas formas de política, que precisam ser abordadas em uma perspectiva não
essencialista, criticando-se o racionalismo e o subjectivismo.
A primeira condição para se alcançar uma sociedade radicalmente democrática seria aceitar seu
carácter contingente e essencialmente aberto a todos os seus valores, o que tem como
contrapartida o abandono da aspiração de um fundamento único,3 como também com seu oposto,
" um certo tipo de fragmentação pós-moderna do social, que recusa dar aos fragmentos qualquer
tipo de identidade relacional" (idem, ibid., p. 15). Para os autores mencionados, a sociedade
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democrática moderna é constituída por um modelo em que o poder, a lei e o conhecimento
encontram-se expostos a uma indeterminação radical.
Assim, não existe uma posição identitária prioritária e o movimento de articulação é resultado de
práticas hegemónicas que são contingentes, constituindo-se em uma " ponte" entre a
indecibilidade e a decisão. Nenhuma identidade, dessa forma, é definidamente estabelecida,
emergindo, assim, novas perspectivas de acção política que nem o liberalismo, com sua ideia de
indivíduo que busca o seu próprio interesse, nem o marxismo, com a redução de todas as
posições à posição de classe, puderam sancionar.
Para Laclau e Mouffe, todas as identidades são relacionais e a condição de existência de uma
identidade passaria pela delimitação de um outro, que desempenhará o papel de elemento externo
constitutivo. O que estaria em causa seria a criação do " nós" pela delimitação do " eles". O que
caracterizaria esta relação como política seria a oposição amigo/inimigo, que aconteceria quando
o outro fosse compreendido como a negação de nossa própria identidade. A manutenção da
ordem democrática pluralista implicaria, portanto, a consideração do opositor não como um
inimigo a destruir, mas como um adversário cuja existência é legítima e tem de ser reconhecida.
5. Democracia Radical
Para Laclau e Mouffe que podemos mencionar é que para eles um projecto democrático radical e
plural deve se fundar na negação da essência do social e na formação da contingência como
constitutiva deste. Isso significa situar-se no terreno teórico-metodológico pós-estruturalista que
pressupõe que o social não possui um fundamento último, mas é constituído apenas por
sedimentações parciais e contingentes. Trata-se de negar
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“ [...] as formas originais de pensamento democrático [que] estavam ligada a uma concepção
positiva e unificada da natureza humana e, nesta medida, tendiam a constituir um espaço único.”
(LACLAU; MOUFFE, 2015, p. 269).
A importância deste ponto não deve ser subestimada. Como dissemos há pouco, o imaginário
democrático tem como efeito a dissolução dos marcadores de certeza. Quando o rei é destituído,
a unicidade do saber e a unidade do poder são substituídas por construções democráticas parciais
e provisórias. Além disso, os princípios da igualdade e da liberdade operam diversificando o
campo das relações sociais que a partir de então só se tornaram mais complexas. Apesar disso,
diante da novidade, as construções teóricas que se desenvolveram em seguida continuaram por se
inspirar na teoria da soberania que persistiu como ideologia.
Dito de outro modo, a soberania foi simplesmente transferida do rei para o povo e as teorias
tentaram adaptar a nova situação a partir das referências que já existiam. Como já citamos, o
próprio Marx tentou recriar a divisão do espaço político através da luta de classes. Pelo lado da
democracia liberal a permanência da teoria da soberania continuou presente através da
permanência das teorias do contrato social, considerando os indivíduos de modo isolados. Nessa
esteira o aumento da complexidade das relações sociais foi tomado enquanto diversificação
dentro de um espaço único e não como diversidade em um espaço plural. Haveria um universal
compartilhado fechado em torno do qual um projecto político poderia se localizar e resolver
finalmente todos os problemas políticos.
Entretanto, para Laclau e Mouffe, todo projecto político que vise erradicar todo o poder, seja
substituindo-o pela racionalização ou seja pela emancipação total do social, não pode ser um
projecto plural, visto que nesse caso haveria um só caminho e um só modelo aceitável de
sociedade. De acordo com os autores, essas teorias não dão conta de pensar o espaço político
actual e tendem a homogeneizar os indivíduos e excluir a pluralidade. Para eles é preciso, ao
contrário, renunciar
[...] à categoria de sujeito como entidade unitária, transparente e suturada [e abrir] caminhos para
o reconhecimento dos antagonismos constituídos na base de diferentes posições de sujeitos e,
logo, para a possibilidade de aprofundamento de uma concepção pluralista e democrática.
(MARQUES, 2008, p. 64).
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A universalidade característica de uma democracia deve ser pensada como uma universalidade
incompleta e é dessa premissa que um projecto radical e plural deve partir. Isso não significa a
Renuncia da própria ideia de um universal compartilhado, mas a aceitação de que toda ideia
universalizada, ou podemos dizer que se hegemonizou, é sempre parcial e precária. “O
universalismo não é rejeitado, mas particularizado.” (MOUFFE, 1993, p. 13).
A pluralidade característica de um projecto democrático radical não deve ser confundida com
diversificação dentro de um espaço unificado.
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6. Conclusão
Após o término deste presente trabalho científico conclui-se que, a democracia radical, ela surge
como uma série de sugestões para a esquerda política que, segundo os autores, deveria produzir
um projecto político alternativo a actual ordem neoliberal e desafiar as instituições vigentes. O
sucesso da empreitada, do reconhecimento adequado das relações nas sociedades atuais, muito
mais contingentes e complexas. A democracia radical tem por objectivo central expandir os
efeitos da Revolução Democrática e institucionalizar a irredutível tensão entre autonomia e
hegemonia em favor de um equilíbrio político que deve ser constantemente renegociado. Ela visa
à construção de um novo indivíduo diferente tanto daquele construído pelos liberais democratas
quanto daquele criado pelo socialismo clássico. Um indivíduo democrático social.
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7. Bibliografia
LACLAU, E. (2000), Nuevas reflexiones sobre la revolución de nuestro tiempo. Buenos Aires:
Nueva Visión,.
LACLAU, E (, 2015). A Razão Populista. São Paulo: Três Estrelas, 2013.LACLAU, E.;
MOUFFE, C. Hegemonia e Estratégia Socialista: por uma política democrática radical. Rio de
Janeiro: Intermeios.
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