Biofísica Dos Sistemas Integradores: Prof. Romildo Nogueira
Biofísica Dos Sistemas Integradores: Prof. Romildo Nogueira
Biofísica Dos Sistemas Integradores: Prof. Romildo Nogueira
As células gliais não conduzem potencial de ação nem formam sinapses funcionais com
outras células, embora possam ser polarizadas passivamente pela atividade neural adjacente.
As funções dessas células são complexas e não totalmente compreendidas. Em geral, fornecem
uma sustentação aos neurônios. É provável que as células gliais desempenhem funções
metabólicas e nutritivas. Essas células podem: contribuir na regulação do fluxo sanguíneo
cerebral; atuar como escoadouro (sink) ou fonte (source) de íons; isolar eletricamente os
axônios e as sinapses e fagocitar fragmentos neurais após lesão.
Além dos oligodendrócitos existem mais quatro tipos de células gliais, são eles:
astrócitos; células ependimais; micróglia e células de Schwann. Os astrócitos, abundantes em
todo cérebro e medula espinhal, tem seus múltiplos prolongamentos circundando os neurônios
e seus axônios, e com freqüência, terminam nas paredes de vasos sanguíneos. É provável que
essas células desempenhem funções metabólicas e nutritivas para os neurônios, além de
formarem o arcabouço mecânico. Além disso, muitas sinapses são envolvidas por
prolongamentos astrocitários que separam e, talvez, isolem eletricamente as sinapses uma das
outras. As células ependimais revestem as superfícies dos ventrículos cerebrais e o canal da
medula espinhal, mas sua função não é bem conhecida. As micróglias, atuam fagocitando e
eliminando fragmentos do tecido cerebral quando lesado.
Um neurônio típico é composto de: soma (ou corpo celular), prolongamentos dendríticos
e do axônio. O corpo celular é a “usina” metabólica do neurônio. Muitos dendritos brotam do
soma, porém apenas um axônio sai dele. A bainha de mielina, quando existente, começa perto
do soma, logo após o cone axônico. No final do axônio a bainha de mielina termina e se
originam ramos desmielinizados que vão formar sinapses com outros neurônios, fibras
musculares, etc. Em alguns neurônios, o soma e os dendritos e, possivelmente, as porções pré-
terminais do axônio não são excitáveis eletricamente. Nesses casos, a excitabilidade elétrica e a
capacidade de propagar potencial de ação são propriedades limitadas ao axônio. Os dendritos
e o soma comportam-se como cabos elétricos passivos, caracterizados pela baixa resistência do
axoplasma e meio extracelular e pelo circuito RC de membrana, onde R é a alta resistência da
membrana e C a sua capacitância.
Nesses neurônios, as sinapses aferentes mesmo quando ocorre em dendritos mais periféricos
não distam mais que uma constante de espaço do segmento inicial do axônio, e desta forma
todas as sinapses podem influenciar a freqüência da atividade da célula pós-sináptica. Assim,
os potencias eletrotônicos excitatórios (PPSEs) e inibitórios (PPSIs) ao se propagarem, e
serem somados algebricamente no segmento inicial do axônio, podem (ou não) (dependendo
desse estimulo ser (ou não) supralimiar) disparar no axônio um potencial de ação. Embora o
potencial de ação, possivelmente, cesse antes de invadir os ramos axônicos pré-terminais, a
despolarização resultante desloca-se eletrotonicamente para as sinapses, onde vai liberar o
transmissor.
O músculo
Cada miofibrila consiste de uma cadeia de unidades contráteis finas, ou sarcômeros, cada um
com 2,2 m de comprimento, o que confere a aparência estriada as miofibrilas dos
vertebrados. Em cada sarcômero pode ser vista, em maior aumento, uma série de bandas
largas claras e escuras; uma linha densa no centro de cada banda clara separa um sarcômero
do seguinte, sendo conhecida como linha Z ou disco Z.
A contração acontece quando os filamentos de actina e de miosina deslizam uns pelos outros.
Além do músculo esquelético, dois outros estão presentes nos vertebrados, são eles os
músculos cardíaco e liso. O músculo cardíaco tem uma alta atividade contrátil, contraindo-se
cerca de 3 bilhões de vezes durante uma vida média humana e, o músculo liso, produz as
contrações lentas e prolongadas características de órgãos como os intestinos. Os mecanismos
moleculares envolvidos nas contrações desses três diferentes músculos são semelhantes, em
todos eles a contração ocorre devido ao deslizamento dos filamentos de actina sobre os da
miosina-II.
Os eventos que iniciam um potencial de ação nas células excitáveis são denominados de
estímulos. Estes estímulos podem ser de origem elétrica, hormonal, térmica, mecânica,
eletromagnética, química e outros. Contudo, seja qual for a origem dos estímulos, todos eles
sofrem um processo de transdução nos receptores para um sinal elétrico. Este sinal elétrico
é o agente responsável pelo disparo da atividade elétrica nos tecidos excitáveis. Assim,
estímulos que são capazes de disparar potenciais de ação propagados são aqueles cuja
intensidade e duração estão acima de um certo valor denominado de limiar de
excitabilidade celular. Os estímulos com essas características são denominados de estímulos
supralimiar e aqueles com intensidade e duração insuficientes para produzir um potencial
de ação são denominados de sublimiares.
O limiar de excitabilidade permite a célula funcionar como um discriminador de sinal
elétrico. Assim, apenas estímulos com intensidade e duração que permitam disparar um
potencial de ação produzem transferência de informação nas células excitáveis.
O potencial de ação, ao contrário, é do tipo “tudo ou nada”, isto quer dizer que o
estímulo ou é suficiente para atingir o limiar de excitabilidade e disparar um potencial de
ação que se propaga ao longo da fibra excitável sem variação da forma de onda e com
velocidade constante (tudo) ou então o estímulo é sublimiar e neste caso, não dispara um
potencial de ação (nada).
Os receptores, por sua vez, funcionam como transdutores de amplitude para freqüência.
O potencial de ação se propaga como uma onda que se desloca com velocidade constante a
partir do local do estímulo para as regiões adjacentes da membrana. Isto ocorre porque no
local do estímulo, gera-se uma despolarização e, em virtude da diferença de potencial entre
este ponto e os pontos adjacentes da membrana, ocorrem fluxos de íons que vão despolarizar
aquelas regiões. Além dessas correntes longitudinais, tem-se a corrente através da
membrana, fechando o circuito que denominamos de “circuitos locais de corrente”.
3. Transmissão sináptica
A sinapse é o local onde um impulso é transmitido de uma célula a outra. Há dois tipos
de sinapse: elétrica e química. Na sinapse elétrica as células excitáveis se comunicam
através da passagem direta da corrente elétrica entre elas e essa é a transmissão
eletrotônica. As junções abertas (gap junctions) ligam células acoplando-as eletricamente,
devido à presença, nessas junções, de vias de baixa resistência elétrica entre essas células.
Há poucos exemplos bem estudados de transmissão eletrotônica no sistema nervoso central
(SNC) de vertebrados.
Com maior freqüência, a informação é transferida entre as células excitáveis por meio
de sinapses químicas. Na sinapse química, um potencial de ação provoca a liberação de
substância transmissora pelo neurônio pré-sináptico. O transmissor se difunde, através da
fenda sináptica extracelular, e liga-se a receptores na membrana da célula pós-sináptica,
provocando alteração de suas propriedades elétricas. A junção neuromuscular é uma
sinapse química de vertebrados que melhor se conhece. Por esta razão, será iniciado o
estudo das sinapses químicas pela junção neuromuscular.
Junções neuromusculares
3. Aumento transitório da condutância aos íons cálcio e entrada de cálcio, ao longo do seu
gradiente eletroquímico, para dentro das terminações axônicas.
4. Influxo do íon cálcio faz com que as vesículas se fundam com a membrana plasmática e
liberem a acetilcolina para fenda sináptica por exocitose.
Na célula muscular o potencial de ação se espalha rapidamente por uma série de dobras
membranosas, denominadas de túbulos transversos ou Túbulos T. Esses túbulos T se
estendem da membrana plasmática para o interior do músculo envolvendo as miofibrilas.
O sinal elétrico ao chegar próximo ao retículo sarcoplasmático induz a abertura de canais
de cálcio no retículo. Esses canais são ativados, possivelmente, por acoplamento mecânico
entre proteínas sensíveis a voltagem do túbulo T e proteínas do retículo. A liberação de íons
cálcio do retículo induz a abertura de mais canais de cálcio amplificando a resposta. Essa
entrada de íons cálcio no citoplasma inicia a contração das miofibrilas.
O potencial da membrana da placa motora pode ser determinado pela média ponderada
(pelos valores das condutâncias da membrana a cada um dos íons que contribuem para
formação do potencial), dos potencias gerados pelos íons sódio e potássio. Formalmente,
O receptor de acetilcolina
As sinapses entre neurônios podem ser elétricas ou químicas. Nas sinapses elétricas, uma
variação do potencial de membrana de uma célula é transmitida a outra célula pelo fluxo
direto de corrente. Como a corrente flui diretamente entre as duas células, que formam uma
sinapse elétrica, não existe, praticamente, retardo sinaptico. As sinapses químicas apresentam
tipicamente um retardo sinaptico de aproximadamente 0,5 ms. De modo geral, as sinapses
elétricas permitem a condução em ambas às direções, ao contrário das químicas, que são
obrigatoriamente unidirecionais. Determinadas sinapses elétricas conduzem mais facilmente
numa direção do que em outra, propriedade esta denominada retificação.
As células formadoras de sinapses elétricas são unidas por junções abertas, onde as
membranas plasmáticas das células pareadas estão muito próximas (menos de 30 A) e podem
ser identificadas proteínas intramembranosas dispostas regularmente. Essas proteínas
consistem em seis subunidades que circundam um canal aquoso central. Essa disposição
hexagonal é denominada conexon. Cada uma das seis subunidades é uma proteína simples
denominada conexina (peso molecular = 25.000). Na junção aberta, os conexons das células
acopladas estão alinhados, formando canais. O canal que comunica as duas células acopladas
são formados por doze conexinas. Os canais permitem a passagem de moléculas
hidrossolúveis com pesos moleculares de até 1200 a 1500 de uma célula para outra e são as
vias para o fluxo de corrente elétrica entre as células.
Sinapse Elétrica
As células eletricamente acopladas podem ser desacopladas pelo fechamento dos canais dos
conexons. Esses canais podem fechar-se em resposta ao aumento do Ca++ ou H+ intracelular
em uma das células ou em resposta a despolarização de uma ou ambas as células. Um modelo
é proposto para o mecanismo de fechamento dos canais.
Já foram descritas numerosas sinapses elétricas nos sistemas nervosos central e periféricos de
vertebrados e invertebrados. As sinapses elétricas parecem ser particularmente úteis nas vias
reflexas, onde é necessária a transmissão rápida entre as células (pequeno retardo sináptico),
ou a resposta sincrônica de alguns neurônios. Entre as muitas células não-neuronais ligadas
por junções abertas estão os hepatócitos, as células miocárdicas, as células da musculatura lisa
intestinal e as células epiteliais do cristalino.
1. Despolarização pré-sináptica
6. Este potencial na membrana pós-sináptica, gera correntes que podem disparar ou inibir a
propagação de um potencial de ação na célula pós-sináptica.
Sinapse Química
Uma outra classe de neurotransmissores são as aminas biogênicas entre elas estão a
norepinefrina, a epinefrina, a dopamina, a serotonina e a histamina.
Dopamina, norepinefrina e epinefrina são catecolaminas. Os neurônios que contém alto teor
de dopamina são abundantes nas regiões mesencefálicas, conhecidas como substâncias negra e
tegmento ventral. Alguns dos axônios desses neurônios vão para o prosencéfalo, onde
participam das respostas emocionais. Outros axônios dopaminérgicos terminam no corpo
estrido, onde são tidos como importantes no controle dos movimentos complexos.
Norepinefrina é o transmissor principal dos neurônios pós-ganglionares simpáticos. No
cérebro, os corpos celulares que contêm norepinefrina são encontrados no lócus cerulens. Os
neurônios do lócus cerulens se projetam para o córtex, o hipotálamo, o cerebelo e a medula
espinhal. Os neurônios adrenérgicos do cérebro estariam envolvidos na ativação, na regulação
do humor e nos sonhos.
Os neurônios que contêm serotonina são abundantes nos núcleos da rafe (localizados na linha
média do tronco cerebral) e se projetam para muitas regiões do cérebro e da medula espinhal.
Os neurônios serotonérgicos estariam envolvidos na regulação da temperatura, na percepção
sensorial, no início do sono e no controle do humor e a histamina é encontrada em
determinados neurônios do hipotálamo.
Além desses transmissores clássicos tem sido observado que determinadas células liberam
peptídios, que atuam em concentrações baixas, para excitar ou inibir neurônios.
O sistema nervoso central (SNC) no homem e nos outros vertebrados pode ser encarado
como um sistema integrador que analisa os sinais provenientes das vias sensoriais e utiliza
essas informações para gerar sinais de comando, transmitidos pelas vias motoras até os
músculos ou efetores. Assim, o sistema nervoso percebe e avalia o meio ambiente de modo a
gerar uma resposta adequada ao ambiente. Todas essas interações com o meio ambiente
precisam passar pelas unidades periféricas, que são os receptores sensoriais ou transdutores e
unidades motoras. São elas as interfaces entre o sistema nervosos e o meio ambiente.
Mesmos animais mais simples, não vertebrados, apresentam sistemas receptores sensoriais
para interfacear a comunicação entre seu sistema nervoso com o seu meio ambiente. Esta é
lógica comum usada pelos diferentes animais para sua integração com o meio em que vive.
Para codificar o ambiente sensorial, a energia dos sinais ambientais (luz, calor, tato, etc.)
precisa ser convertida em energia eletroquímica, que pode ser usada para gerar sinais
neurais. Isso é feito por meio de transdutores. Cada transdutor é capaz de converter um
determinado tipo de energia do estímulo do ambiente num potencial lento e graduado,
denominado potencial gerador.
Embora não seja o transdutor real, o corpo tem importante função mecânica de conferir ao
corpúsculo de Pacini a sua característica de um transdutor fásico ou de adaptação rápida, ou
seja, o potencial gerador retorna rapidamente à linha de base. Esse potencial só ocorre
durante as variações rápidas da pressão, como o início ou o término do estímulo. Todavia, se o
corpo é retirado e a força é aplicada diretamente sobre a terminação nervosa, o potencial
gerador passa a ser tônico ou de adaptação muito lenta, mantendo-se com uma lenta queda
temporal enquanto atuar o estímulo. Aparentemente, o corpo por suas propriedades
viscoelásticas, age como um filtro temporal de limiar alto para os estímulos mecânicos,
transformando-os de tal forma que apenas alterações transitórias da pressão atingem a
terminação nervosa. É interessante observar que os potenciais de ação só são gerados durante
as alterações rápidas do potencial gerador, mesmo que o local onde a força é aplicada se
mantenha despolarizado.
As respostas fásicas, como as exemplificadas pelo corpúsculo de Pacini, têm papel importante
no processamento sensorial. A atividade fásica é o indicador mais sensível das preparações
temporais de um estímulo. Como uma resposta tônica ou um potencial gerador tônico
aumenta ou diminui monotonicamente com a intensidade do estímulo, variações pequenas do
estímulo seriam difíceis de serem detectadas nessas respostas. Os transdutores fásicos só
geram um potencial quando ocorrem essas variações e, portanto assinalam mais
dramaticamente essas alterações. Não obstante, as células fásicas são pouco adequadas à
percepção quantitativa da magnitude dessas alterações. Essas células também são pouco
adequadas para distinguir entre aumentos e diminuições das intensidades estímulos. Por esses
motivos, são necessários transdutores tônicos ou de adaptação lenta.
Receptores auditivos
A deflexão no aparelho vestibular é causada pela inércia do fluído nos ductos quando o
ouvido está sujeito a aceleração angular, enquanto na cóclea o estereocílio cada célula de
cabelo ressona para uma determinada freqüência em função da sua posição na cóclea.
Fotorreceptores
Os cones e os bastonetes têm características morfológicas semelhantes (Figura 14, 6.5 Berne &
Levy). O segmento externo (cilíndrico nos bastonetes e cônico nos cones) está ligado a um
segmento interno e ao resto da célula por um delicado pedículo. O segmento externo é
ocupado por membranas paralelas empilhadas onde ficam os pigmentos fotossensíveis
(fotopigmentos). Nos bastonetes, o fotopigmento é a rodopsina (formado pelo derivado da
vitamina A, o retineno, ligado a uma proteína, a opsina).
Quando um fóton atinge a rodopsina, ele muda a isomerização da fração retineno da molécula
e isso acaba levando à degradação da rodopsina até o retineno ou vitamina A e opsina. Essa
degradação é conhecida como descoramento e é reversível. O descoramento é o primeiro
estágio de uma série que resulta no potencial gerador. Essas células têm a propriedade de
ficar hiperpolarizadas pela luz. No escuro, os íons sódio fluem para o interior dos
fotorreceptores. Essa é a corrente do escuro, que despolariza a célula. Em presença de luz, os
canais de sódio são bloqueados, a corrente do escuro diminui e a célula hiperpolariza. Essa
hiperpolarização assinala muito eficazmente a presença de luz para os neurônios retinianos.
A absorção da luz nos segmentos externos dos cones e bastonetes hiperpolariza a membrana
dessas células ( potencial gerador) e isto reduz a taxa espontânea de liberação de transmissor
(possivelmente o glutamato) nas sinapses efetuadas entre essas células e as células nervosas
bipolares e horizontais da retina.
A absorção do fóton pela rodopsina causa uma mudança conformacional nessa molécula que
permite a transducina (uma proteína G trimérica) ligar-se ao GTP. O GTP- ativado pela
transducina (T ) dissocia-se e ativa o cGMP fosfodiesterase (PDE). A hidrólise do cGMP
causa o fechamento dos canais de cátions dependentes de cGMP na membrana plasmática
dessas células. O decréscimo da entrada de Na + hiperpolariza a célula (potencial gerador) e
com isto reduz a liberação espontânea do transmissor nas sinapses entre segmentos internos
dos bastonetes e cones e as células neurais. A entrada dos íons cálcio através dos canais de
cátions também fica inibida e isto abaixa a concentração de cálcio interno. Este abaixamento
da concentração do íon cálcio ativa a guanilil ciclase (GC), que tem o papel de restaurar os
níveis de cGMP nos cones e bastonetes. A ativação da guanilil ciclase é resultado da ligação da
recoverina (rec) a GC. Duas outras enzimas, a arrestina e a rodopsina quinase, tem a
propriedade de desensibilizar a rodopsina, durante a alta exposição à luz. Isto ocorre devido
estas enzimas poderem dissociar a transducina da rodopsina. A Figura 15 (6.3 Nicholls)
mostra esquematicamente todas reações descritas acima.
Receptores químicos.
Os receptores químicos são responsáveis pelo cheiro e o sabor das substâncias da natureza.
Neste texto trataremos somente dos receptores olfatórios, devido a melhor compreensão que
se tem desse sistema.
O sistema olfatório dos mamíferos pode distinguir entre milhares de odores e podem detectar
um odor numa concentração tão baixa como 1 parte por trilhão. Os neurônios responsáveis
pela recepção do odor apresentam um único dendrito que se projeta para a superfície apical
do epitélio. Esse dendrito apresenta em seu terminal cílios que se projetam para dentro da
cavidade nasal. Na outra extremidade esse neurônio projeta o seu axônio para o bulbo
olfatório.
Nos cílios os odores podem ativar o neurônio por duas vias. Numa delas uma proteína G
olfatória é ativada por alguns odores e isto leva a ativação da Adenil Ciclase (AC). O cAMP
resultante ativa canais de cátions não-específicos, permitindo a entrada de Na + e Ca++ para
dentro da célula. Outros odores atuam via receptores que ativam a fosfolipase C (PLC),
resultando na formação do (1,4,5)-IP3 que ativa canais de Ca++, permitindo a entrada deste
íon para interior celular. Pode também ocorrer o cruzamento entre as duas vias, por exemplo,
via PKC ou Ca++/ calmodulina ativando a adenil ciclase e abrindo os canais de cátios não-
específicos pela ação do cAMP. A Figura 16 mostra um esquema dessas possíveis vias.
A desensibilização dos receptores de odores parecem ser mediadas por um mecanismo similar
aquele observado na transdução visual associado a uma regulação -adrenérgica , realizada
por fosforilação desse receptor por uma isoforma de - adrenoreceptor quinase e
desacoplamento da ativação da proteína G mediado pela arrestina. É sugerido que o óxido
nítrico (NO) e a NO-sintetase estejam envolvidos no mecanismo de desensibilização desses
receptores.
Receptores de temperatura