Unidade Ii
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de História
Material Teórico
A invenção da história
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
A invenção da história
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Os objetivos desta Unidade são:
·· Abordar a relação da história com o surgimento da escrita.
·· Desdobrar o conceito de fato histórico e documento.
·· Demonstrar o uso das fontes históricas para escrita da história e para a sala
de aula.
·· Discutir as tendências da historiografia, suas características e contribuições.
·· Refletir sobre a leitura de diferentes textos históricos.
ORIENTAÇÕES
Nesta unidade, abordaremos a relação da história com a escrita, a história
e suas fontes, o conceito de fato e fonte histórica e as diferentes escolas
historiográficas. Esses temas circularão em torno do título A Invenção da
História, no sentindo de elencar aspectos que fazem parte do repertório que
compõem a disciplina.
Contextualização
O título desta unidade, A Invenção da História, é uma proposta de reflexão
criativa em algumas direções para nós professores. Entender a história como uma
invenção é aproximar o mundo da ciência ao mundo inventivo da arte. A ideia,
aqui, é desmembrar os percursos historiográficos, métodos e estratégias e, a partir
daí, poder desempenhar o ofício de professor e pesquisador com mais eficiência.
O filósofo Deleuze discorre em uma fala sobre o ato de ensinar e como deve
o professor se preparar para essa função, comparando o processo preparatório
de uma aula aos espetáculos de teatro e música, onde o ator e o músico precisam
ensaiar para atuar e o professor deve ter uma relação de afeto com aquilo que
está ensinando. Dito de outra forma, é preciso gostar do que se faz e estar muito
bem inteirado sobre o assunto em que se vai discorrer. O ofício de professor, para
Deleuze, é de partida transdisciplinar.
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A história e o surgimento da escrita
Por fim, o caráter “único” dos eventos históricos, a necessidade do historiador de
misturar relato e explicação fizeram da história um gênero literário, uma arte ao
mesmo tempo que uma ciência.
(Jacques Le Goff – História e Memória)
A leitura dos tempos da pré-história se dá por escritas feitas nas pedras, por
pinturas e gravuras rupestres.
[...] esses códigos imagéticos poderiam ser acionados nas mais diversas situações,
tais como registros de eventos, explicação dos fenômenos naturais, transmissão de
experiências, delimitação de territórios, homenagens, ritualizações, contagens etc. Isso
significa que os motivos pintados ou gravados englobados na denominação de arte
rupestre teriam sido aplicados com funções variadas, da maneira como se emprega a
escrita na sociedade moderna. Desta forma, os locais de pinturas e gravuras rupestres
podem ser considerados verdadeiros documentos sobre a presença e atuação dos
grupos pré-coloniais em determinada região, ao passo que se constituem em marcos
de memória social para as populações contemporâneas. Assim sendo, os sítios de arte
rupestre assumem a condição de monumentos históricos que evocam configurações
sociais diferentes das de origem européia.
(ETCHEVARNE, 2007).
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Trocando ideias...Importante!
Reflexão/ discusssão 1:
O escritor Mia Coto (Moçambicano) afirmou em entrevista que a África deve contar sua própria
história. O que ele quis dizer com isso?
Ver link com texto de Mia Coto: http://goo.gl/54QJ8I
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Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a
coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento
do patrimônio cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento
histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de
uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. A
coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do
conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por
39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.
Para saber mais sobre História da África, a Unesco publicou 8 volumes para Dowload:
http://goo.gl/ZzQVR1
Figura 3 - Papiro
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Existe uma ciência que estuda as escritas antigas, seus símbolos e significado. Esta
ciência é chamada de Paleografia.
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Hoje, os documentos escritos, ou elaborados em linguagens outras, são
analisados pelo historiador em seu tempo e contexto histórico. Os documentos não
são aceitos como verdades prontas de partida, eles passam por todo um processo
de análise. Cabe ao historiador, duvidar, questionar o documento. Investigar como,
por quem e em que contexto ele foi produzido. Analisar o documento é parte
fundamental do ofício de historiador.
Ao professor, então, cabia reproduzir os conteúdos produzidos pelos historia-
dores. O professor seria o mediador entre o historiador e os alunos.
No século XX, emergiram discussões metodológicas que colocaram em
pauta o documento histórico. Foram feitas também observações críticas sobre o
entendimento do fato histórico. O fato histórico não era mais entendido como um
objeto dado e acabado e as fontes históricas passaram a ser testadas e questionadas.
O fato histórico
Os historiadores são partícipes do processo de criação dos fatos, e dão
valor a cada um, de acordo com uma série de critérios que a historiografia vem
aperfeiçoando, métodos de análise, comparação de dados e fontes. Para o ensino,
os fatos históricos podem ser entendidos como ações humanas significativas,
escolhidas por professores e alunos, para análise de determinados momentos
históricos. Podem ser eventos pertencentes ao passado mais próximo ou distante,
de caráter material ou mental, que destaquem mudanças ou permanências ocorridas
na vida coletiva.
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No século XX, o fato histórico passa a ser entendido como uma construção
discursiva conectada a uma ideia de não inocência do documento. Esse
questionamento gerou uma desconfiança perante a história e seus fatos. Essas
críticas e reflexões levaram a uma expansão e apuramento do método científico da
história, chegando a outros modos de pensar e fazer história.
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Do homem à botânica, das etnias que construíam a Colônia aos animais que
habitavam as suas florestas, tudo foi retratado por esses grandes desenhistas/
viajantes. Dentre eles, pode-se citar da primeira metade do século XIX, o francês
Jean-Baptiste Debret, o alemão Johann Moritz Rugendas.
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Fonte: rioeduca.net Fonte: “Viagem pitoresca através do Brasil”; Johann Moritz
Rugendas; Biblioteca Histórica Brasileira
Filho do comerciante inglês de Liverpool, John Theodore Koster, Henry Koster nasceu
em Lisboa, Portugal. Não se sabe ao certo a data do seu nascimento, mas ao chegar no
Recife, no dia 7 de setembro de 1809, consta que tivesse 25 anos de idade. Considerado
um dos mais importantes cronistas sobre o Nordeste brasileiro, Koster viajou para o Brasil
em busca de um clima tropical para curar uma tuberculose. Teve um papel importante
na vida social, artística e até política do Recife na época. Fez muitas amizades, conheceu
governadores, senhores-de-engenho, comerciantes, coronéis. Informação tirada do site da
Fundação Joaquim Nabuco: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar./index.php
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Na imagem, pode-se constatar as condições desumanas do navio negreiro, onde
todos viajavam amontoados. Vê-se a figura de dois homens brancos, em pose de
mando. O texto de Koster complementa a imagem com informações sobre as
perdas humanas que se davam na travessia, ele traz inclusive dados quantitativos.
Aborda o tempo de duração da viagem o processo de chegada e adaptação dos
escravos nos pontos de chegada.
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PINSKY, Jaime (org). O ensino de História e a criação do fato. São Paulo: Contexto,1984.
Esse livro traz uma discussão atual sobre as formas de os historiadores “criarem” o fato
histórico e de como os livros didáticos reproduzem essas ‘verdades’ e de como muitos
professores apresentarem-nas como definitivas. Embora com posições teóricas diferentes,
os autores colocam-se numa postura antipositivista e ressaltam a importância da
historicidade e até o subjetivismo como ingredientes da leitura do passado.
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Na teoria da história, as correntes mais conhecidas são: o Positivismo, a
Escola dos Annales, o Marxismo e a Nova História, que se desdobram no que
poderíamos denominar:
1. A história como narrativa;
2. De uma história econômica a uma história social – o Marxismo e a Escola
dos Annales;
3. História Cultural – História Nova;
4. História do Tempo Presente – História Nova.
A história narrativa tem sua origem no século XIX, junto ao Positivismo,
uma história voltada para os fatos passados, organizada cronologicamente e
ideologicamente em torna de um tempo linear.
O Positivismo foi elaborado por Augusto Comte no século XIX. Tal teoria acreditava
que os pesquisadores deveriam encontrar um fator que determinasse a verdadeira
história, ela seria indiscutível e encontrada nos documentos governamentais, que por
isso, nunca estariam errados. De acordo com esse pensamento, apenas as histórias
politicas teriam importância de serem verificadas. Além disso, defende a ideia que
o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro, podendo-
se afirmar que uma teoria é verdadeira apenas se a mesma for comprovada através
de métodos científicos válidos. Assim, os positivistas, excluem tudo o que se refere
a crenças, supertições, ou qualquer outra coisa que não possa ser comprovada
cientificamente. Toda essa devoção à ciência fez com que com o Positivismo fosse
considerado “a religião da humanidade”.
(AUGUSTO, Pedro, artigo: Teoria da história, in: http://www.infoescola.com/historia/teoria-da-historia/)
No século XX, a Escola dos Annales propôs uma história problema, no lugar
da história factual, centrada nas ideias e decisões de grandes homens, em batalhas
e estratégias diplomáticas. Era uma proposta de uma história acerca de outras
temáticas, interagindo com métodos de outras disciplinas das ciências humanas, a
exemplo das ciências sociais. Daí aconteceu a divisão, por exemplo, entre história
social e econômica.
Nas últimas décadas do século XX, a História Nova abriu sua perspectiva para
outros estudos como os do cotidiano, das mulheres, das cidades, dos corpos,
das sensibilidades, das mentalidades, do imaginário, além das abordagens que
permitiam novas possibilidades como a história e o espaço urbano, a história e a
música, por exemplo.
A Escola dos Annales é uma corrente historiográfica nascida na França, em torno
da revista “Annales d’histoire économique et sociale”, e criada por Marc Bloch e
Lucien Febvre que acreditavam que eram insuficientes a forma com que a história
era tratada. Apesar disso, não foram os primeiros a propor novas abordagens a
História. Tal corrente se destaca por incorporar métodos das Ciências Sociais à
História, o que ampliou o quadro das pesquisas históricas com a incorporação de
atividades até então pouco investigadas, rompendo assim com a compartimentação
das Ciências Sociais (História, Sociologia, Psicologia, Economia, Geografia) e
privilegiando os métodos pluridisciplinares.
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Material Complementar
Vídeos
Abecedário Deleuze - P de Professor (Parte 1)
https://youtu.be/JagcUtuyd4o
Sites
Sobre História da África, a Unesco publicou 8 volumes para Download:
http://goo.gl/ZzQVR1
Saiba Mais:
http://goo.gl/epkAYD
http://goo.gl/cCO0QF
http://goo.gl/sWDZ3m
http://goo.gl/0tlwmQ
http://goo.gl/54QJ8I
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Referências
ETCHEVARNE, Carlos. Escrito na Pedra: cor, forma e movimento nos grafismos
rupestres: Organização Odebrecht. Rio de Janeiro: Versal, 2007. P.11.
HIGOUNET, Charles. História concisa da escrita. 10. ed. São Paulo: Parábola, 2003.
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