A Dinâmica Externa

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Pode ter sido até acomodação de camadas geológicas. 1.

Com base no Mapa 1, especifique a localização


É muito pequeno o abalo, não chega a causar danos e dos territórios do Chile e do Brasil em relação às
nem a se repetir”, explicou. placas tectônicas.
[...]
2. Identifique no Mapa 2 os estados brasileiros nos
G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/
minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2015/07/
quais as falhas geológicas causam abalos sísmicos.
moradores-se-assustam-com-tremor-com-27-de-magnitude- 3. Compare as duas notícias e explique: porque as
em-frutal.html>. Acesso em: 17 fev. 2016.
atividades sísmicas são mais intensas e causam
Notícias de abalos sísmicos ou terremotos são mais danos em países como o Chile do que no
frequentes em revistas e jornais. Após ler as Brasil?
duas notícias e observar os mapas apresenta- 4. Relacione os mapas e a notícia 2 à presumida
dos, responda às questões propostas. estabilidade do território brasileiro.

A dinâmica externa e deslizamentos; do vento: dunas litorâneas; e dos


seres vivos: raízes das plantas, animais que escavam
Das principais formas de relevo, o Brasil possui o solo e as ações antrópicas.
planícies, planaltos e depressões. Sempre que nos
referimos ao relevo brasileiro, duas características
são mencionadas: sua antiguidade e baixas altitudes. Classificações do relevo
A antiguidade está relacionada a agentes inter-
nos que atuaram em remotas eras geológicas, e as
brasileiro
baixas altitudes são o resultado da longa exposição Três dos mais importantes geógrafos brasileiros
de suas rochas aos agentes externos, que atuam realizaram estudos e pesquisas para classificar o
como modeladores do relevo: a água, o vento (em relevo. Cada um utilizou os recursos que tinha à dis-
seu trabalho de erosão, sedimentação e transporte), posição na época.
o intemperismo e os seres vivos. O desenvolvimento e a utilização de modernas
No Brasil, encontramos vários exemplos da ação técnicas de sensoriamento remoto e de imagens de
das águas dos rios, por exemplo, meandros no rio satélites possibilitaram uma visão mais detalhada do
Paraíba do Sul, planícies fluviais em vários pontos território brasileiro, de sua geologia e hipsometria.
do país, cataratas no rio Iguaçu; das águas do mar: A primeira classificação foi proposta pelo
falésias no Sul e no Nordeste, tômbolos e restingas geógrafo e professor Aroldo de Azevedo, em 1940.
ao longo do litoral; das águas das chuvas: voçorocas Em 1960, foi proposta a segunda classificação,
Luca Atalla/Pulsar Imagens

Intemperismo: conjunto
de processos mecânicos,
químicos e biológicos
que ocasionam a
desintegração e a
decomposição das
rochas.
Meandro: curva formada
por erosão ou
acumulação no curso de
um rio.
Extração mineral
Tômbolo: cordão
no Rio de Janeiro
arenoso, formado por
(RJ), em 2016.
acumulação marinha e
Essa atividade é
que geralmente liga ilhas
um exemplo da
ao continente.
modificação do
Hipsometria:
relevo realizada
representação das
pela ação
altitudes no mapa.
humana.

42 UNIDADE 2 Brasil: espaço geográfico e impactos ambientais


reelaborada pelo também geógrafo e professor Aziz Classificação de Aziz Ab’Saber
Ab’Saber. Em 1989 foi a vez de Jurandyr Ross, ou-
tro geógrafo e professor, propor uma nova classi- Em 1960, o também professor do Departamento
ficação do relevo brasileiro. de Geografia da Universidade de São Paulo (USP)
Aziz Ab’Saber (1924-2012), usando o critério mor-
foclimático, que explica as formas de relevo pela
Classificação de ação do clima, ampliou a classificação de Aroldo de
Azevedo, acrescentando novas unidades ao relevo
Aroldo de Azevedo brasileiro. Em sua classificação, o Brasil apresenta
A primeira classificação que vamos estudar foi dez unidades de relevo.
elaborada, na década de 1940, pelo professor do Ab’Saber baseou-se nos processos de sedimen-
Departamento de Geografia da Universidade de São tação e erosão para diferenciar planalto de planície,
Paulo (USP) Aroldo de Azevedo (1910-1974). sem mencionar o nível altimétrico de Aroldo de
Nessa classificação, Aroldo de Azevedo empre- Azevedo. Segundo Aziz Ab’Saber, todas as superfí-
gou termos geomorfológicos para denominar as cies onde predominam os agentes de erosão são
divisões gerais (planaltos e planícies), e critérios consideradas planaltos, e as superfícies onde a de-
geológicos para classificar as subdivisões, que foram posição de sedimentos é maior que a erosão são
definidas em uma segunda etapa do trabalho. classificadas como planícies.
Além disso, ele usou o critério da altimetria, es-

Allmaps/Arquivo da editora
tabelecendo o limite de 200 metros para diferenciar Relevo do Brasil: classificação
planaltos de planícies. geomorfológica de Ab’Saber
Na classificação de Aroldo de Azevedo, o terri- 50º O
tório brasileiro foi dividido em oito unidades de
relevo. Equador

Allmaps/Arquivo da editora
Adaptado de: AZEVEDO, Aroldo de. Geografia do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1976. p. 34.

Relevo do Brasil: classificação de


Aroldo de Azevedo
50º O

N

PLANALTO Equador OCEANO
DAS GUIANAS ATLÂNTICO
O L
C A
Z Ô N I
A M A
T E I R A

E
Í C I S
A N
P L Trópico d
O

e Capricó
rnio
C
TI

P L A N A LT O C E N T R A L Planaltos
N

O

das Guianas
C
AT

Brasileiro
C I E

0 610 1 220 km
PLANÍCIE DO
O

Central
LT

PANTANAL
Meridional
A

N Í

Plan’cies
N

PLANALTO Nordestino
A

MERIDIONAL Planícies e terras baixas


A
L

OCEANO
P

amazônicas
L

Maranhão-Piauí
PACÍFICO
P

Trópico de Planícies e terras baixas


Capricó
rnio Uruguaio-Rio-Grandense
costeiras
Serras e planaltos do
OCEANO Leste e Sudeste Planície do Pantanal
N ATLÂNTICO
Adaptado de: AZEVEDO, Aroldo de (Org.). Brasil, a terra e o homem.
O L São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1964, v. 1.
0 550 1 100 km
S

Planalto das Guianas Planalto Brasileiro


Classificação de Jurandyr Ross
Planícies

Em 1989, outro professor do Departamento de


Na definição de Aroldo de Azevedo, planaltos são terrenos
levemente acidentados, com mais de 200 metros, e planícies Geografia da USP, Jurandyr Ross, com base nos es-
são superfícies planas, com altitudes inferiores a 200 metros. tudos de Aziz Ab’Saber, propôs uma nova divisão

Brasil: estrutura geológica e formas de relevo C A P Í T U L O 4 43


do relevo brasileiro, mais detalhada graças às mo- Na nova classificação são consideradas três prin-
dernas técnicas cartográficas, como sensoriamento cipais formas de relevo: planaltos, planícies e depres-
remoto e imagens de satélites, obtidas entre 1970 e sões. Planaltos estão presentes na maior parte do
1985 pelo Projeto Radambrasil, que garantiu um Brasil e são consideradas formas residuais, isto é,
levantamento preciso das características geológicas, constituídas por rochas que resistiram à erosão.
geomorfológicas, hidrográficas, de solo e de vege- Planícies são áreas planas onde predomina a depo-
tação, além de possibilitar um mapeamento com- sição de sedimentos recentes, com origem no Período
pleto e minucioso do país. Por meio dele, foi possível Quaternário. Depressões são áreas rebaixadas, for-
chegar a uma classificação das formas de relevo madas principalmente na Era Cenozoica, por proces-
mais próxima da realidade. sos erosivos nas bordas das bacias sedimentares.
Adaptado de: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. 6. ed. São Paulo: Edusp, 2011. p. 53. (Didática 3).

Allmaps/Arquivo da editora
Relevo do Brasil: classificação de Jurandyr Ross
50º O
Planaltos
Bacias sedimentares
5
1. Amazônia oriental
5 5 5 2. Planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba
Equador 3. Planaltos e chapadas da bacia do Paraná
0º 13
Intrusões e coberturas residuais de plataforma
12
28 4. Planalto e chapada dos Parecis
1 23 5. Planaltos residuais Norte-Amazônicos
1 6. Planaltos residuais Sul-Amazônicos
12 Cinturões orogênicos
14
6 6 7. Planaltos e serras do Atlântico Leste-Sudeste
2
8. Planaltos e serras de Goiás-Minas
12 6 10 9. Planaltos e serras residuais do Alto Paraguai
6
6 6 19 Núcleos cristalinos arqueados
6 2
10. Borborema
24 11. Sul-Rio-Grandense
25 20
4
Depressões
17 9 15 12. Amazônia ocidental
16
13. Marginal Norte-Amazônica
8 14. Marginal Sul-Amazônica
26
28 15. Araguaia-Tocantins
7 16. Cuiabana
OCEANO 17. Alto Paraguai-Guaporé
18 3 OCEANO 18. Miranda
PACÍFICO 9 ATLÂNTICO 19. Sertaneja e do São Francisco
20. Tocantins
Formas de relevo 21. Periférica da borda leste da
21 Trópico
d e Capri Bacia do Paraná
Planalto córnio
22. Periférica Sul-Rio-Grandense
Depressão
Planícies
Planície N
23. Rio Amazonas
Tipos de rochas 22 27 24. Rio Araguaia
11 O L 25. Pantanal do rio Guaporé
Sedimentares 26. Pantanal Mato-Grossense
0 400 800 km 27. Lagoas dos Patos e Mirim
Cristalinas
S 28. Planícies e tabuleiros litorâneos

A classificação de Ross considera 28 unidades no relevo brasileiro e está baseada em três maneiras diferentes de explicar as formas
de relevo: morfoestrutural — leva em conta a estrutura geológica; morfoclimática — considera a ação do clima; e morfoescultural
— considera a ação de agentes externos.

Outros tipos de relevo


Planalto, planície e depressão são as principais planaltos. Pode ser formada por movimentos tectô-
formas do relevo brasileiro. Segundo o aspecto que nicos ou por agentes externos.
essas formas apresentam em nosso território, encon- Serra: terreno acidentado e com grandes desní-
■■

tramos alguns tipos bem característicos: veis e vertentes muito inclinadas. São conside-
Escarpa: rampa ou vertente inclinada, que forma radas serras: dobramentos antigos e recentes,
um paredão abrupto, encontrada nas bordas dos escarpas de planalto e cuestas, por exemplo.

44 UNIDADE 2 Brasil: espaço geográfico e impactos ambientais


■■
Cuesta: forma de relevo assimétrica

Frederico Oioli/Acervo do fotógrafo


que apresenta uma vertente levemen-
te inclinada e outra abrupta, podendo
formar escarpas, também chamada
de frente de cuesta. São comuns em
bacias sedimentares, onde as rochas
têm resistências muito diferentes à
erosão.

Escarpa da Cuesta de Botucatu, no


município de Torrinha (SP), em 2016.
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

■■
Morro: feição do relevo pouco eleva-
da (aproximadamente de 100 a 200
metros) e com pequena inclinação.

Mar de morro na serra da Mantiqueira, em


Nazaré Paulista (SP), em 2014. Os mares de

Andre Dib/Pulsar Imagens


morro são formações geológicas muito antigas.
Essa classificação, do Aziz Ab’Saber, faz
referência à enorme quantidade de morros
presentes na paisagem e à semelhança com o
mar, com suas ondulações.

■■
Chapada: área de planalto sedimen-
tar com topos aplainados e altitudes
médias superiores a 600 metros.

Chapada Diamantina no
município de Palmeiras (BA),
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

em 2015.

■■
Falésia: é uma escarpa formada pela
erosão marinha. Ocorre no limite en-
tre o continente e a praia, em trechos
de altitude continental elevada.
Falésias também podem ser chama-
das de tabuleiros costeiros.

Falésia na barra de Tabatinga, no município


de Nísia Floresta (RN), em 2014.

Brasil: estrutura geológica e formas de relevo C A P Í T U L O 4 45

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