Teorias e Técnicas em Psicanálise
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Descrição
Propósito
A clínica psicanalítica foi a primeira psicoterapia inventada, introduzindo o tratamento por meio da escuta e
influenciando todos os outros modelos psicoterápicos que vieram depois. Seu conhecimento se torna
fundamental para a formação de psicólogos, mesmo que escolham outra abordagem para a sua atuação.
Objetivos
Módulo 1
Módulo 2
Módulo 3
Módulo 4
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Introdução
Quando se fala em Psicanálise, é comum surgirem à mente ideias como: “Freud só fala em sexo”; “tudo é
culpa da mãe” etc. Ao longo dos mais de cem anos de Psicanálise, a teoria se propagou pelo mundo
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ocidental, tornou-se uma técnica conhecida, chegando ao senso comum que, como sabemos, apropria-se
de termos científicos. Se, por um lado, essa apropriação é um caminho natural e mostra o alcance da
criação freudiana, por outro lado, muitas ideias e mitos são difundidos sobre a Psicanálise, que falam de
algo muito distante da verdadeira proposta psicanalítica.
Afinal, o que é a Psicanálise? Do que trata a invenção freudiana, quais suas características específicas, e o
que a difere de outras propostas teóricas e clínicas? Antes de abordar a técnica, consideramos ser
fundamental apresentar alguns conceitos que demarcam o campo da Psicanálise: inconsciente; recalque e
sexualidade. Eles serão apresentados inicialmente, buscando uma caracterização da Psicanálise.
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Nesse sentido, foi além da medicina e criou a Psicanálise: a primeira entre todas as psicoterapias, nomeada
de “cura pela palavra” por Anna O. Freud formou-se em medicina em 1881, na Universidade de Viena. Em
1885, ele aceitou uma bolsa de estudos para trabalhar na França, com Charcot, neurologista de renome na
época. O interesse de Freud era aprofundar seus estudos em neuroanatomia.
Entretanto, ao chegar à Salpêtrière, hospital em que Charcot trabalhava, Freud depara-se com a histeria e
assim muda, de uma vez por todas, seu objeto de pesquisa. Charcot estava em plena pesquisa sobre a
histeria, uma doença que, na época, acometia apenas mulheres.
Sigmund Freud em 1885, quando estava treinando como psiquiatra no Hospital Geral de Viena.
Os sintomas, que causavam grande desgaste de energia e impediam a vida cotidiana, giravam, quase todos,
em torno de disfunções corporais: cegueira, paralisia de membros; contorção do corpo; afasias etc. Charcot
já havia demonstrado que tais sintomas não apresentavam uma correlação neurológica. Nas apresentações
aos alunos, o médico, por meio da hipnose, removia e produzia sintomas, com a intenção de ratificar sua
hipótese. Para Charcot, a histeria era de ordem traumática e seria necessário levar a mulher a falar sobre o
fator traumático para libertá-la dos sintomas.
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Freud volta à Viena em 1886 e constrói uma parceria com Breuer, médico mais experiente, que já vinha
trabalhando com a histeria. Os dois escrevem juntos Estudos sobre a histeria, livro que relata casos e expõe
o tratamento utilizado por eles, chamado método catártico. A catarse consistia em liberar o afeto que fora
inicialmente ligado ao acontecimento desencadeador da neurose.
Quando o acontecimento era recordado – com o auxílio da hipnose – isso propiciava à emoção correlata
uma expressão verbal, junto com a descarga emocional. O resultado era o alívio imediato do sintoma, que se
dissipava pela via da palavra. Essa emoção que ficava retida foi chamada por Breuer de “afeto
estrangulado”, pois não pôde se expressar quando foi gerado. Mas Freud ainda não se sentia satisfeito com
este método. Mantinha-se a questão sobre mulheres que não se deixavam hipnotizar e os sintomas
removidos por sugestão, muitas vezes, voltavam mais tarde ou apareciam outros em seu lugar.
O que estava claro para Freud, já naquela época, era a importância de escutar suas pacientes, de buscar o
sentido do sintoma na história vivida, especialmente naquilo que elas não conseguiam recordar ou ter
acesso em estado de vigília.
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A primeira divergência surgiu em relação ao mecanismo psíquico da histeria. Ambos percebiam uma
espécie de divisão mental na histeria: havia o estado de consciência (no qual não se tinha acesso aos fatos
traumáticos) e outro lugar psíquico, acessado até então por meio da hipnose, em que o paciente lembrava
de tais fatos e conhecia suas dores.
Breuer sustentou a teoria dos estados hipnoides: haveria uma predisposição constitucional nos sujeitos
histéricos, que causava a divisão psíquica. Esses pacientes entrariam naturalmente nesse estado
hipnoide algumas vezes e durante esse momento eram mais suscetíveis aos traumas. Nesse estado, as
situações vividas se tornavam traumáticas com mais facilidade e era a esse estado que a hipnose
conduzia o paciente para que ele pudesse acessar o trauma e expressar seu sentimento represado.
Freud explicava a divisão psíquica por meio de uma dinâmica diferente: para ele, era o teor dos
acontecimentos que os tornava traumáticos. O outro lugar psíquico, diferente da consciência, era criado
para que o paciente se defendesse do trauma, sempre relacionado a situações não aceitas socialmente.
Essa ideia de defesa tornou-se posteriormente a teoria do recalque, por meio do qual se forma o
inconsciente.
Além da discordância em torno do mecanismo da histeria, um evento clínico deixou clara a distância de
concepções entre os dois médicos. Anna O., paciente atendida por Breuer, certa vez disse a Breuer estar
grávida de um bebê dos dois. A convicção da paciente e o conteúdo inesperado da fala fizeram com que
Breuer se afastasse do caso com certo atordoamento. Ao analisar essa questão, Freud constata suas
teorias sobre as situações traumáticas terem relação estrita com a sexualidade, que era reprimida pelas
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mulheres da época. Mais tarde, ele vai chegar à teoria da sexualidade infantil e reconhecerá na atuação de
Anna O. um exemplo do mecanismo da transferência. O mais importante nesse desenlace é perceber o
rumo que Freud começa a dar à sua clínica.
A realidade psíquica
Notemos que ao privilegiar a defesa como explicação para a constituição do inconsciente e para a causa da
histeria, Freud se volta para o conteúdo das histórias vividas por suas pacientes. Em 1896, Freud escreve A
Etiologia da Histeria. Ele continua a buscar, a partir da experiência clínica, as causas desencadeadoras da
neurose.
Nesse artigo, o autor conta como chegou, com muita dificuldade – inclusive para si mesmo – à certeza de
que a histeria apresentava a mais estreita relação com questões sexuais. A importância do fator
sexualidade na etiologia da histeria vem a Freud por uma inegável experiência.
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No relato de todas as histéricas das quais tratava, Freud se depara com experiências traumáticas que
envolviam a sedução por parte de um adulto. Conduzido pelas lembranças de suas pacientes, Freud percebe
um fato novo: as cenas de sedução recordadas, que realmente funcionavam como propulsoras da neurose,
datavam de muito antes da puberdade, período que era comumente chamado de primeira infância. “As
pistas conduziam ainda mais para trás, à infância e aos seus primeiros anos” (Freud, 1914, p. 27).
Sexualidade infantil
Esse é o primeiro momento em que Freud se depara com a ideia da sexualidade infantil. Mas,
nesse momento, trata-se de uma ideia associada à realidade concreta. Freud ainda
interpretava literalmente as histórias, acreditando no que lhe diziam as histéricas; havia a
preocupação em estabelecer uma correspondência com a realidade.
A Realidade Psíquica
Seria possível que todas, invariavelmente, teriam sido seduzidas na infância? Freud começa,
então, a duvidar do que lhe dizem suas pacientes. É um momento difícil para ele como
pesquisador, que vê os alicerces de seu sistema teórico ameaçados. Esse impasse leva Freud
a compreender que suas pacientes não mentiam; elas falavam de outra realidade: a realidade
psíquica.
A ação do inconsciente
F d dá t d d
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Freud se dá conta de que as cenas de sedução recordadas pelas histéricas, agora chamadas
de fantasias de sedução, apresentavam-se no psiquismo com a finalidade de encobrir a
atividade sexual infantil. A sexualidade estava presente desde sempre e não apenas a partir
da puberdade. Aquilo que fantasiavam ter sofrido passivamente, na verdade tentava ocultar o
caráter ativo da sexualidade infantil.
A sexualidade infantil
Freud vai, então, dedicar-se ao estudo da sexualidade infantil, que servirá de protótipo para o entendimento
da sexualidade humana no viés psicanalítico.
Aqui é importante um esclarecimento sobre essa sexualidade infantil que Freud observa e afirma existir.
Desde os primeiros contatos que o bebê mantém com aqueles que o cercam, o referencial prazer/desprazer
se impõe como modelo, fazendo com que a criança esteja sempre pronta a evitar o desprazer e a buscar o
prazer.
Freud postula que, ao receber o seio, o bebê encontra algo a mais, um prazer que excede o apaziguamento
da fome, que ele vai tomar como referência de satisfação e tentar repetir.
Há, dessa forma, uma defasagem que se impõe entre aquilo que é buscado e o que pode ser encontrado. O
importante a ser sublinhado na experiência da amamentação, é que o prazer passa a ser buscado
independentemente da fome, marcando a vigência da organização pulsional, que situa o humano para além
do registro da necessidade. Fica claro um descolamento que se opera, no homem, em relação à ordem do
instinto.
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É disso que se trata quando falamos de sexualidade na Psicanálise. O humano surge no circuito pulsional,
no qual a busca da satisfação está presente desde o início, impulsionando a vida. A relação sexual está
inserida nesse contexto, mas a sexualidade, para Freud, tem um significado distinto e mais amplo. Mas
voltando à realidade psíquica, esse conceito é fundamental para a evolução da clínica psicanalítica, pois vai
nortear a escuta do analista.
Mesmo que não haja correspondência com a realidade concreta, importa entender o lugar que o sujeito
ocupa em suas relações, como ele se vê, de que maneira se sente atingido. O que o paciente nos narra
sobre isso pode viver apenas em sua fantasia, mas é a sua realidade e só compreendendo essa dinâmica
interna podemos ajudá-lo.
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A sexualidade infantil e a realidade psíquica
Confira agora a importância da sexualidade infantil na realidade psíquica segundo Freud, destacando a
escuta da fantasia inconsciente por parte do psicanalista.
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Depois de seu trabalho com Charcot, Freud volta à Viena e se une a Josef Breuer para tratar as
pacientes histéricas. Eles utilizavam o método catártico com o auxílio da hipnose. A hipnose era
necessária para a aplicação do método. Por quê?
O método catártico visava à lembrança de uma situação traumática, inacessível à consciência. Seriam
lembranças dolorosas, que por essa razão eram afastadas da consciência. Nesse sentido, a hipnose
era utilizada para diminuir a resistência, já que o paciente entrava em outro estado de consciência.
Questão 2
O interesse de Freud pela histeria, iniciado em sua estadia na França junto a Charcot, foi o grande
propulsor da criação da Psicanálise. Freud vai se afastando de seu olhar de médico neurologista para
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construir um tratamento que acontece pela via da escuta. O aspecto que chama a atenção de Freud,
logo de início, é o fato de não haver correspondência entre os sintomas histéricos e uma lesão
fisiológica. Além disso, Freud se dá conta, no Salpêtrière, de que os sintomas não eram inventados. Ou
seja, os sintomas não podiam ser explicados por uma disfunção do corpo, nem podiam ser creditados à
imaginação. Freud vai construindo sua teoria a partir da experiência clínica e chega a um conceito
fundamental para compreender o sintoma neurótico e o relato de suas pacientes. Marque a opção que
apresenta este conceito.
A Hipnose
B Sexualidade infantil
C Trauma
D Realidade psíquica
E Catarse
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Com a associação livre, a procura direcionada do elemento patogênico, que ocorria no método catártico,
“desaparece em proveito de uma expressão espontânea do paciente” (LAPLANCHE; PONTALIS, 2000, p. 38).
De fato, não houve um texto inaugural dedicado à introdução do conceito e, portanto, este foi estabelecido
de modo esparso e paulatino.
Os estudos sobre a histeria colocam em evidência o papel desempenhado pelos pacientes nessa evolução,
uma vez que Freud vai modificando sua técnica com essas primeiras pacientes. O caso da jovem conhecida
como Miss Lucy é bastante significativo nesse processo de mudança da técnica:
Por meio de uma pressão na testa, a sua paciente Miss Lucy lembrava do fato traumático em questão
quando isso era solicitado por Freud, que percebeu que a hipnose seria dispensável, nesse caso.
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Freud não abandonou totalmente o método catártico, mas começou a explorar essa nova modalidade,
percebendo que os conteúdos que haviam causado o trauma poderiam aparecer por meio de sugestão.
Paralelamente, a análise dos sonhos tomou um lugar de extrema importância para Freud e o trabalho de
interpretação abriu caminho para a importância da associação de elementos conscientes e inconscientes.
Em sua obra A Interpretação de Sonhos, publicada em 1899, Freud escreveu que o sonho seria a real estrada
para o inconsciente. Essa observação leva Freud a entender que poderia chegar ao desejo recalcado, a partir
de uma teia de representações que podem ser associadas, afirmando que todos os sonhos, mesmo os
pesadelos, são realização de desejo.
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Essa realização de desejo relacionada ao sonho não diz respeito a uma sensação percebida pela
consciência, mas ao próprio mecanismo do conflito psíquico, que se atualiza no embate entre desejo e
censura.
Papel da censura
O sonhador, ao acordar, lembra de um sonho que já passou pela censura; já se trata do
conteúdo manifesto. Esse trabalho da censura é uma defesa contra representações dolorosas
ou inconsistentes com a moral vigente. O papel da censura é proteger o ego.
Hipnose é parcial
Ao mesmo tempo em que o trabalho com os sonhos chama a atenção de Freud, ele
intensifica suas reticências ao uso da hipnose. Freud se dá conta de que a hipnose produzia
resultados apenas parciais e transitórios. Os sintomas voltavam ou outros apareciam.
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Freud acreditava que toda fala da sessão era importante e, de alguma forma, levaria ao núcleo
patógeno.
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A resistência se coloca a favor do recalque, com a intenção de manter a defesa. Na hipnose, como estado
de consciência alterado, era mais fácil acessar lembranças dolorosas, mas, segundo Freud, por meio da
associação livre, o acesso aos afetos e às representações tornaram-se mais confiáveis, com ação
terapêutica duradoura.
Freud ressalta, como uma das características da clínica psicanalítica, que está contida no novo método, a
importância de não direcionar a fala do paciente. Ele passa a pedir que lhe falem tudo o que passar pela
mente, de preferência, sem pensar muito.
Diga, pois, tudo que lhe passa pela mente. Comporte-se como faria, por
exemplo, um passageiro sentado no trem ao lado da janela que descreve para
seu vizinho de passeio como cambia a paisagem em sua vista.
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(FREUD, 1913, p. 136)
Freud afirmava que tudo o que o paciente dizia na sessão, em uma relação transferencial, teria relação com
o que o levou à análise. A análise, dessa forma, com a regra fundamental da associação livre, passou a
demandar mais tempo do que ocorria no método catártico. Não cabia ao analista apressar o paciente a
lembrar de algo doloroso, visto que isso aumentaria a resistência. Uma interpretação precoce, sem
conhecer mais profundamente o funcionamento psíquico do paciente, teria o mesmo efeito.
A escuta analítica ganha extrema importância, o que não quer dizer, como é pensado no senso comum, que
os analistas não falam com seus pacientes. Os analistas não falam por seus pacientes. Eles propõem, a
partir do material que vão reunindo, formas de compreender as causas daquilo que aparece como sintoma.
A atenção flutuante
A atenção flutuante é uma técnica complementar ao método da associação livre. Ao pedir que o paciente
associe livremente, espera-se, do lado do analista, uma disponibilidade psíquica para que a escuta
acompanhe tais associações. A partir da atenção flutuante, o analista se recusa a fixar-se em um conteúdo
específico, sob pena de perder um material importante em detrimento de outro. No texto Recomendações
aos médicos que exercem à Psicanálise, de 1912, Freud fala sobre a técnica:
Se o psicanalista pressupõe saber sobre o paciente antes de escutá-lo, não chegará à verdade
daquele sujeito. E mesmo quando interpretações se fazem possíveis, é importante dividi-las com o
paciente e perceber se fazem sentido para ele. A Psicanálise trabalha estritamente com a ideia de
que todo ser humano é singular e, nesse sentido, devemos resistir à ideia de criar teorias
antecipadas. Isso é importante para a escuta analítica do psicanlista.
Suspensão tão completa quanto possível de preconceitos, julgamento moral, posição crítica. Pois, se
o que foi recalcado diz respeito ao que não é aceito moralmente, uma pessoa em análise só vai falar
sobre tais conteúdos – que envolvem vergonha – se perceber que pode ser ouvida sem pudores por
parte do analista, que deve se colocar em um lugar de acolhimento e não de desaprovação.
Segundo Freud, este tipo de conexão permite ao analista descobrir o discurso do paciente
(LAPLANCHE; PONTALIS, 2000). Aqui estamos falando das formações do inconsciente. O sintoma é
uma formação do inconsciente, pois é uma manifestação da neurose que se liga simbolicamente ao
conteúdo recalcado.
Além do sintoma, que é uma formação patológica, Freud falou sobre outras ocorrências da vida cotidiana.
São elas:
Sonhos
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Lapsos
São os equívocos na fala, os esquecimentos.
Atos falhos
Ocorre quando uma palavra é falada no lugar de outra que seria intencional.
Chistes
São as piadas ou uso do humor, que podem funcionar como uma forma de liberar pensamentos recalcados.
Esses eventos, que ocorrem no dia a dia, também aparecem na sessão de análise. E são considerados
formações do inconsciente porque são momentos em que a consciência falha e algo do inconsciente
irrompe. Se o analista fixar sua atenção em determinado conteúdo dito e não acompanhar a fruição da fala,
ele correrá o risco de perder uma dessas ocorrências, que sinalizam um caminho privilegiado para o
conteúdo recalcado.
Outro fator importante é que, pela técnica da atenção flutuante, o psicanalista se distancia de uma tentativa
de compreensão do discurso do paciente pela via puramente intelectual. Para Freud, esse não é o caminho
para a compreensão da neurose, pois a lógica do sintoma não é racional e consciente.
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Sobre a possibilidade de o analista esquecer algo que foi falado na sessão, isso não se torna um problema.
Se o que é levado para a sessão de análise sempre tem a ver com o conteúdo recalcado – mesmo que com
muitas camadas encobridoras – esse conteúdo vai aparecer de novo, possivelmente por meio de outras
representações. A atenção flutuante se torna o complemento da regra fundamental da análise, dessa vez,
por parte do analista.
Concluindo, vemos que a técnica psicanalítica convida o paciente a discorrer sobre seus pensamentos o
mais livremente possível. Já o analista precisa se ater à necessidade de que sua escuta seja também livre
da busca por um conteúdo específico.
Dica
Em relação à dificuldade de ocupar esse lugar “livre” e conseguir descartar suas questões pessoais no
exercício da Psicanálise, Freud fala sobre a importância da autoanalise – no início da prática psicanalítica –
e, posteriormente, da análise pessoal como fundamental na formação do analista.
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A atenção flutuante: definição e
considerações básicas
Confira agora a importância da atenção flutuante no processo psicoterapêutico, desenvolvendo as suas
particularidades e apresentando a sua importante relação com a associação livre.
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Distinto de outros modelos terapêuticos, o processo proposto pela Psicanálise solicita ao paciente
discorrer livremente sobre temas que passam por sua mente. Trata-se da técnica da associação livre,
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C Freud abandona a ideia de trauma e, com isso, o método catártico fica obsoleto.
Freud deixa de ver a hipnose como uma técnica que permite o acesso mais fácil a
E
lembranças recalcadas.
Uma das preocupações de Freud, ao construir a Psicanálise, era criar um método que pudesse
proporcionar tratamento e cura para a neurose. Ao observar que a remoção dos sintomas pela hipnose
não é duradoura, isso se coloca como um problema para Freud como médico e pesquisador.
Questão 2
Em um grupo de supervisão em Psicanálise, Ana relata seu caso e expõe as dificuldades encontradas.
Ao narrar a última sessão, ela conta que seu paciente mencionou um sonho. Por saber a importância
dos sonhos como via de acesso ao inconsciente, ela resolveu anotar os detalhes durante a sessão. A
supervisora indicou um erro na conduta de Ana, explicando sobre o conceito de atenção flutuante.
Marque, entre as opções a seguir, qual delas poderia ser a justificativa da professora.
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O psicanalista não deve tomar notas durante a sessão para não despertar fantasias
A
paranoicas no paciente.
Tomar notas durante a sessão é um método ultrapassado, mas Ana poderia voltar ao
B assunto do sonho na sessão seguinte, solicitando ao paciente que falasse mais sobre o
mesmo tema.
C Houve um erro em relação à técnica porque Ana não interpretou o sonho na sessão.
O analista não deve tomar notas durante a sessão, pois isso indica um direcionamento
E
de sua atenção especificamente para o que está sendo escrito.
Tomar notas durante a sessão seria uma conduta na direção oposta da atenção flutuante. O analista
deve acompanhar a fala do paciente sem priorizar um relato específico e, ao escolher anotar um relato,
ele perde o que será dito a seguir, além de direcionar sua atenção.
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Definição de transferência
A ideia de transferência foi aparecendo em escritos de Freud desde muito cedo. Mas o conceito foi
formalizado por ocasião da publicação dos artigos técnicos, de 1912 a 1915. O primeiro texto consagrado à
transferência é A Dinâmica da Transferência, de 1912.
Atualmente, podemos afirmar que a transferência é a relação que se estabelece entre o paciente e o
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Na observação de Freud, esse mecanismo não foi visto, de imediato, como um motor propulsor para a
análise e sim como um resultado da resistência à análise.
Para Laplanche e Pontalis (2000), a resistência pode ser entendida como todas aquelas ações, verbais ou
não verbais, por parte do analisando que oferecem certa dificuldade para que o analista possa acessar o
seu inconsciente durante o tratamento psicanalítico.
Nesse sentido, a transferência chega a ser considerada um obstáculo à análise. Mas, ao mesmo tempo,
Freud percebe seu poder revelador sobre as fantasias do paciente. O desenvolvimento do conceito, em seu
início, carrega uma certa ambiguidade.
Trata-se de uma irrupção que interfere na continuação do tratamento: a paciente para de falar sobre seus
sintomas e suas lembranças e considera-se livre da neurose que a levou ao tratamento. Freud observa que o
surgimento dessa paixão ocorre de forma abrupta e sempre quando a cadeia associativa está levando a
lembranças mais profundas e dolorosas. Ele percebe ainda que, muitas vezes, a paciente estabelece uma
transferência afetuosa para com o analista, que facilita a análise. E esse afeto, de uma hora para outra
transforma-se em uma demanda de amor apaixonada.
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Dessa maneira, a demonstração repentina de amor seria uma forma inconsciente de se desviar do caminho
da análise; a resistência funcionaria, assim, como defesa do eu em relação ao conteúdo recalcado. Se a
observação de Freud estagnasse nesse ponto, a transferência não teria se tornado o principal instrumento
da Psicanálise.
O sintoma se expressa nas relações e, apesar de interromper a busca de uma causa, a transferência
apresenta esse sintoma. Trata-se do caráter revelador da transferência, uma perspectiva que se faz possível
a partir do conceito de repetição, que Freud introduz nos artigos sobre a técnica e que reformula a clínica
psicanalítica.
Transferência e repetição
Segundo Freud, existe uma diferença entre recordar e repetir que marcará uma virada na técnica
psicanalítica. Freud afirma que o recordar, tal como acontecia no método catártico, um recordar ideal do que
foi recalcado, devia-se à hipnose e ao correspondente estado no qual a resistência era posta de lado. Além
disso, ele observa que as experiências ocorridas na infância muito remota e que não foram compreendidas
na ocasião, não são acessadas pela recordação. A recordação continua a ocupar um lugar importante na
análise, mas, cada vez mais, o fenômeno da repetição chama para si a atenção de Freud, que explica:
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Por exemplo, o paciente não diz que recorda que costumava ser desafiador e
crítico em relação à autoridade dos pais; em vez disso, comporta-se dessa
maneira para com o médico
Assim, a repetição diz respeito a situações que são reproduzidas sem que o sujeito se dê conta de seu
protagonismo. É comum culpar os outros, o acaso ou Deus. Podemos citar mais exemplos, tais como:
Aqueles que sempre se sentem perseguidos quando lidam com figuras de autoridade.
Pessoas que entram no mesmo tipo de relacionamento amoroso sucessivamente, apesar de configurar
uma experiência dolorosa.
São muitas as possibilidades de repetição, tal como são infinitas as formas da singularidade humana. Freud
refere-se à repetição também como resistência, no sentido em que impede o acesso direto ao fato
traumático. Entretanto, por meio análise dessa resistência, o psicanalista chega à compreensão das causas
da neurose por outra via. A repetição é aquilo que opera como resistência, mas o analista pode transformar
a repetição em um poderoso instrumento terapêutico.
Relembrando
Freud afirma que a transferência é um fragmento da repetição e que a repetição é uma transferência do
passado esquecido, que se dirige não apenas para o médico, mas também para todos os outros aspectos
da situação atual. Ou seja, a transferência é um fenômeno que ocorre em todas as relações, dada a sua
relação estreita com a compulsão à repetição. Mas na análise, torna-se um recurso clínico.
A transferência, como uma forma de repetição, faz parte do mecanismo da neurose, mas não da clínica
psicanalítica. Na neurose, encontramos uma significativa retenção da libido nas fantasias infantis
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inconscientes e, como consequência, uma diminuição da libido direcionada para a realidade, ou seja, para a
satisfação da pulsão pelas relações vividas na realidade.
Quando, na análise, o psicanalista é incluído na série de repetições do paciente, isso leva à lógica que
sustenta a neurose, diferentemente da lógica sustentada na realidade concreta. Freud afirma, no entanto,
que durante a análise, a transferência eclode com uma força especialmente maior. Ele distingue três tipos
de transferência:
O manejo da transferência
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Freud abre o texto Observações sobre o amor transferencial (1914) discorrendo sobre a insegurança que
acompanha os analistas principiantes e as dificuldades que lhe estão reservadas quando forem interpretar
as associações do paciente e lidar com a reprodução do recalcado. Ele observa, entretanto, que tais
dificuldades se mostram insignificantes frente à verdadeira batalha a ser enfrentada: o manejo da
transferência.
Nesse texto, é feito uma ampla discussão sobre o manejo da transferência, colocando em foco a
transferência erótica. Essa situação, que muito amiúde Freud vinha observando, mostra-se ideal para avaliar
as possíveis respostas do analista à demanda de amor da paciente. Ele assinala que, para o leigo, haveria
apenas três desfechos:
Primeiro desfecho
Acontece mais raramente. As circunstâncias levam a uma união entre médico e paciente.
Segundo desfecho
Acontece mais frequentemente. Médico e paciente se separam e abandonam o trabalho que
começaram e que deveria levar ao restabelecimento da união.
Terceiro desfecho
Acontece justamente no manejo da transferência e é a única que permite a continuidade do
processo analítico.
O primeiro e o segundo desfecho são caminhos possíveis ainda hoje, mas os dois culminam no fim do
tratamento. O manejo da transferência consiste em não a repelir, nem a atender reciprocamente. Se a
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paciente está apaixonada e tomamos o fato como transferencial – como pede a técnica analítica – estamos
falando de repetição.
Vejamos um exemplo retirado da situação do Homem dos ratos (1909), um dos casos mais famosos de
Freud: Trata-se de um rapaz que procurou Freud com sintomas de neurose obsessiva severa, com a vida
paralisada pela compulsão à repetição. São muitos os elementos trabalhados no caso, no qual podemos
observar a transferência roubar a cena em vários momentos.
As fantasias inconscientes tinham o pai como figura central e um dos relatos dolorosos dizia respeito à
moça que ele amara no passado, mas por não ter a aprovação do pai, não se casou com ela. Certa vez, ao
chegar ao consultório, ele deparou-se com uma moça no jardim, certamente uma das filhas de Freud, que
mantinha seu consultório em casa. A situação despertou o sentimento de raiva recalcado em relação ao pai.
O paciente dirige-se a Freud agressivamente, acusando-o de ter colocado a moça no jardim para seduzi-lo e
torturá-lo, já que não poderia desposar uma filha do analista.
Freud, então, ao invés de retrucar – como poderia fazer com um amigo – disse a ele que a raiva ali liberada
não era para ele, Freud. O paciente estaria revivendo o fato de não ter se casado com a mulher que amou
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para não desagradar o pai. Aquela raiva, na verdade, era de seu pai e estivera recalada, funcionando com
origem de seus sintomas.
É importante lembrar que é um fragmento do caso, que é extremamente complexo e rico em detalhes. Mas
podemos notar aí que o manejo da transferência é o mesmo em relação ao que se deve fazer diante de uma
paciente apaixonada por seu analista - este deve sair dos lugares em que é colocado pelo paciente e
analisar o conteúdo da transferência. Nesse sentido, Freud enfatiza:
A postura do analista deve ser decorrente dessa compreensão teórica. Não haveria outra forma de trabalhar
se entendemos o movimento subjetivo a partir dessas premissas. A questão do reconhecimento é abordada
por Calligaris em seu livro Cartas a um jovem Terapeuta (2004).
O autor conta que seu pai foi um médico muito querido por seus pacientes e recebia muitos presentes em
datas especiais, como Natal, Páscoa etc. Em uma reflexão sobre o papel do psicanalista, Calligaris afirma
que há pessoas para quem o reconhecimento narcísico ocupa um lugar fundamental.
Atenção!
Caso o futuro psicanalista tenha a característica narcisística e não esteja disposto a superá-la por meio da
análise pessoal, a Psicanálise não é uma boa opção profissional. Assim como as demonstrações de amor e
ódio são manifestações da transferência, o reconhecimento idealizado e a expressão de devoção também o
são. Nesse sentido, falam sobre o paciente e não sobre os méritos do analista.
Calligaris chama a atenção para uma via fundamental na formação do analista: a análise pessoal. Aquele
que não estiver disposto a mergulhar em seu próprio inconsciente não deve e dificilmente conseguirá
exercer a Psicanálise:
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Notamos que, com o conceito de transferência, abordamos a especificidade da clínica psicanalítica. Estão
presentes a compreensão do que deve ser objeto de interesse do analista e as orientações que embasam o
manejo. A transferência é instrumento do analista por trazer à luz o que sustenta a relação do sujeito com o
outro, atravessada sempre pelas fantasias inconscientes.
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Cuidados no manejo da transferência
Confira agora os principais cuidados no manejo da transferência, destacando que no manejo da técnica é
possível a compreensão e elaboração daquilo que se repete, sintomaticamente, nas relações interpessoais.
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João procura um psicanalista e se queixa de não conseguir se manter em nenhum emprego. Ele conta
que sempre encontra um ambiente hostil que não permite que ele desenvolva seu potencial. Depois de
um tempo de tratamento, o analista diz a João que ele projeta nos colegas de trabalho uma situação
dolorosa vivida na infância, quando era excluído por seus primos. Antes de procurar análise, João já
havia entrado e saído de seis empregos pelo mesmo motivo. Qual conceito psicanalítico está
evidenciado nessa situação?
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A Inconsciente
B Recalque
C Repetição
D Trauma
E Contratransferência
O conceito de repetição explica padrões de comportamento motivados por situações não elaboradas. O
caso de João indica a repetição de um comportamento que remete a uma situação passada e dolorosa.
A repetição é a atuação daquilo que não pode ser recordado.
Questão 2
Letícia está em tratamento psicanalítico há alguns meses. Certo dia, ao chegar para a uma sessão, ela
se depara com outra moça saindo do consultório. Letícia se sente desconfortável e, ao entrar no
consultório, tem uma explosão de raiva, acusando a analista de não a priorizar como paciente e não se
preocupar com ela. Do ponto de vista da Psicanálise, como se explica essa situação?
A falta de cuidado da analista, que deveria deixar um espaço de tempo maior entre os
A
pacientes, causou a reação da paciente.
B A paciente já estava passando por um dia difícil, o que a deixou mais sensível.
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C Esse tipo de reação indica que a análise não está transcorrendo da forma como deveria.
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Particularidades da Psicanálise
O setting consiste no conjunto de fatores invariáveis e necessários para que o tratamento analítico possa
transcorrer da melhor maneira possível. A tradução mais utilizada em português é enquadre, mas muitos
autores mantêm o uso da expressão em inglês, o que se repete internacionalmente. Trata-se da combinação
de regras necessárias para que se estabeleça o processo analítico que terá um efeito terapêutico.
O setting seria equivalente aos trilhos que sustentam a passagem do trem no processo analítico. Mais uma
vez, será nos artigos técnicos que encontraremos as orientações diretas de Freud sobre o tema. Por ocasião
da publicação dos artigos técnicos, o autor estava preocupado em demarcar as particularidades da
Psicanálise, assegurando que os novos médicos que exercessem a Psicanálise preservassem a
caracterização de sua criação. Freud se preocupou em transmitir as regras e suas implicações éticas, além
da construção teórica sobre a subjetividade, ocorrida a partir da clínica.
Ao falarmos de setting ou enquadre analítico, tocamos em pontos como: o horário fixado, os honorários do
analista etc. É importante estabelecer um contrato no qual se informa ao paciente os parâmetros para que o
trabalho seja eficaz:
A assiduidade.
O tempo de duração da sessão.
O valor das sessões.
A forma de pagamento.
O que se espera do paciente.
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A regra da associação livre é comunicada ao paciente, fazendo parte dessas informações preliminares.
Trata-se de uma combinação sobre as circunstâncias que fazem parte do processo. É preciso combinar, por
exemplo, se o paciente pagará pela sessão mesmo que não compareça a ela e se o pagamento será
semanal ou mensal.
Freud dedica dois de seus artigos técnicos para orientações sobre o setting: Recomendações aos médicos
que exercem a Psicanálise (1912) e Sobre o início do Tratamento (1913). Neste último, Freud afirma que os
fatores mais importantes dentro do contrato dizem respeito a tempo e dinheiro, pois representam as
principais dificuldades com as quais o analista precisará aprender a lidar. Dessa forma, esses dois aspectos
serão privilegiados na discussão proposta a seguir.
O dinheiro na Psicanálise
A questão da cobrança dos honorários é um tema de debate recorrente para os psicólogos clínicos, em
geral. A natureza da psicoterapia, que implica uma aliança de confiança e empatia, facilita a percepção, por
parte de alguns pacientes, de que o pagamento das sessões pode ser postergado.
Da mesma maneira, quem trabalha com a formação de novos psicólogos clínicos, observa as dificuldades
relacionadas à cobrança por seu trabalho. Na Psicanálise não é diferente. Acrescentamos, entretanto, o
papel simbólico do dinheiro e do ato de pagar, que pode ser palco para a projeção de conteúdos recalcados.
No texto Sobre o início do tratamento (1913), Freud dedica uma parte a esse tema. Em primeiro lugar, ele é
claro em assinalar o exercício da Psicanálise como um trabalho que, como tal, deve ser remunerado,
provendo o sustento do analista. Orienta também aos médicos que tratem o assunto de forma clara e
franca. O analista não deve ter problemas em dizer ao paciente o preço em que avalia o seu tempo. Ao
contrário, deve tratar o tema com naturalidade para que o paciente também o faça.
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No trecho citado, Freud entra em outro ponto que merece destaque: o tratamento não deve ser confundido
com filantropia e isso se torna interessante sob o ponto de vista clínico quando observado a partir da
eficácia da análise. Para o autor, a ausência do pagamento pode incrementar as possibilidades de
manifestações de resistências características do neurótico, tanto em homens como mulheres, dificultando
mais ainda a aceitação do trabalho do analista. Se na Psicanálise escutamos a realidade psíquica e
analisamos os sintomas a partir de suas motivações inconscientes, logo, o pagamento das sessões faz
parte desse processo.
Nos Três ensaios sobre a teoria da Sexualidade (1905), Freud descreve as fases do desenvolvimento infantil.
Ao discorrer sobre a fase anal, Freud assinala que a relação de pessoas adultas com o dinheiro pode ser
decorrente de fixações nessa fase. Na fase anal, está em foco o controle dos esfíncteres e a relação da
criança com as fezes, uma vez que os hábitos de higiene estão sendo introduzidos na rotina infantil.
As fezes representam o primeiro objeto de troca, a partir do qual a criança pode negociar. A criança percebe
o valor dado pelos adultos e projeta nesse jogo simbólico as características de sua relação interna com a
mãe. Reter ou soltar? Agradar ou não à mãe?
São essas questões que se equivalem na fantasia inconsciente infantil. Martim (1997) observa que, do
ponto de vista pulsional, o bebê faz uso de seus atributos para negociar o afeto da mãe, buscando satisfazer
as suas próprias necessidades por meio da atenção recebida. Independentemente do caráter anal da
relação com o dinheiro, o importante a sublinhar é que na clínica psicanalítica o que está em questão é o
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que se esconde por trás da fala e das ações que ganham sentido no campo transferencial. Não será
diferente em relação ao ato de pagar por seu tratamento.
A relação de uma pessoa com o dinheiro expõe traços de sua relação com a própria alteridade. Isso será
atualizado na análise e, nesse sentido, o pagamento das sessões não é um mero cumprimento de acordo; é
um fato a ser analisado.
O uso do tempo
Sobre o tempo, existem duas abordagens: o tempo de duração da sessão e o tempo do tratamento. A
primeira é mais fácil de lidar, embora também careça de atenção por parte do analista. As sessões de Freud
tinham a duração de uma hora e ele atendia seus pacientes seis dias na semana, com exceção de domingos
e feriados.
Nos dias de hoje, a relação com o trabalho se desdobra em tarefas que podem ser cumpridas de forma
remota devido ao desenvolvimento da tecnologia da informação e comunicação. Nos grandes centros,
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existem engarrafamentos; as mulheres trabalham e desdobram seu tempo entre a casa e o trabalho. Dentro
de um cenário tão diferente da era vitoriana, as sessões, muitas vezes, ocorrem uma vez por semana.
Entretanto, é bom ressaltar que não era sem uma razão importante que Freud atendia todos os dias da
semana. Quanto mais sessões, mais rapidamente o processo analítico caminha.
Pensar a frequência das sessões em Psicanálise implica levar em conta que lidamos com resistências
poderosas ao tratamento, pois buscamos as causas do sintoma, que invariavelmente envolvem sofrimento
psíquico. Nesse sentido, Freud afirma que:
Freud fala sobre a “crosta da segunda-feira”, após o descanso dominical. De fato, é comum observarmos
hoje que o paciente parece regredir depois de um tempo de férias ou qualquer outro tipo de interrupção.
Entretanto, outra característica do processo analítico é que o que foi elaborado não se perde. O paciente
pode se fechar um pouco para a análise após as interrupções, mas, na transferência, o conteúdo recalcado
se atualiza e o processo analítico retoma de onde parou.
Atenção!
Como em tudo o que faz parte da relação transferencial, o paciente pode usar o tempo da sessão para
projetar conteúdos inconscientes. É comum, por exemplo, o paciente faltar à sessão como expressão de
resistência, quando chegamos perto de um conflito mais profundo. Atrasos constantes, chegar quase no
final da sessão ou se negar a finalizar a sessão são comportamentos que servem ao analista como material
para interpretação. Ou seja, todos os elementos do setting são, para a Psicanálise, mais do que itens de um
contrato, mas também funcionam como uma tela em branco para a projeção do inconsciente.
O inconsciente atemporal
Quando Freud expõe a sua primeira tópica, ele descreve o funcionamento psíquico a partir de três registros:
inconsciente; pré-consciente e consciente. O inconsciente reúne uma série de características que o
diferencia da lógica consciente. No inconsciente imperam o processo primário e o princípio do prazer. Na
segunda tópica, onde o psiquismo é formado por ego, id e superego, fica mais nítido o papel do ego como
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mediador entre as exigências do id e as regras morais do superego. Ou seja, entre o princípio do prazer e o
princípio da realidade.
O bebê nasce imerso no princípio do prazer. Sob o domínio desse funcionamento, o que está em jogo é
buscar o prazer e evitar o desprazer, sem tolerar o adiamento da satisfação. O desenvolvimento do princípio
da realidade ocorre aos poucos e é o que permite a inserção no meio social.
Exemplo
Um bebê de quatro meses urina na fralda como descarga de tensão imediata. Seria impossível esperar dele
algo diferente, uma vez que não existe desenvolvimento cognitivo, perceptivo ou psicomotor para isso. Mas
uma criança de quatro anos pode esperar sua vez de ir ao banheiro (dentro de um limite aceitável), assim
como compreende que é necessário adquirir esse comportamento. A realidade vai se impondo à criança
aos poucos e o princípio do prazer não deixa de existir, mas será um dos vértices do conflito psíquico.
O inconsciente é formado a partir de desejos que seriam inconciliáveis com o sistema moral e, por isso,
tiveram sua representação recalcada. Esse processo é o desfecho de um conflito que se coloca para o ego,
que lança mão do recalque como mecanismo de defesa. Como já abordamos, a formação dos sintomas e a
compulsão à repetição deixam claro que o inconsciente não funciona com a mesma coerência do
pensamento racional.
Vejamos mais uma vez o exemplo de O homem dos ratos (1909). Em suas séries de repetições obsessivas,
por trás estava o pensamento: se eu não fizer, algo terrível acontecerá ao meu pai. Entretanto, quando
procurou a ajuda de Freud, seu pai já estava morto. O que os sintomas tentavam resolver era a culpa de ter
odiado o pai e ter acreditado que este ódio foi responsável por sua morte.
Essa ideia se mantinha no inconsciente e impelia o paciente à sintomatologia como forma de reparar o mal
causado. Existe aí uma lógica própria do inconsciente que é ininteligível se levarmos em conta apenas a
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racionalidade da consciência. Não adiantava dizer ao paciente que seu pai já havia morrido e nada que ele
fizesse poderia lhe fazer mal. Porque isso ele sabia.
Foi necessário chegar à origem dos sintomas, à construção de uma fantasia que explicasse o
funcionamento psíquico. Pois bem, se a lógica do inconsciente é diferente, a noção de tempo também o é.
Haja vista que, no inconsciente, o homem dos ratos mantinha o pai vivo e tentava salvá-lo de seu próprio
ódio. No texto O Inconsciente, Freud afirma que os processos do sistema inconsciente são atemporais:
(...) isto é, não são ordenados temporalmente, não se alteram com a passagem
do tempo; não têm absolutamente qualquer referência ao tempo.
A duração da análise
Uma das formas de abordar o tempo em Psicanálise é com relação à duração do tratamento. Freud observa
que, se o paciente se encontra em sofrimento psíquico, nada mais natural do que perguntar quanto tempo
levará para livrar-se de seus sintomas. Sobre essa questão ele considera:
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A metáfora utilizada pode ser entendida da seguinte forma: é preciso saber a amplitude do passo para saber
quanto tempo dura uma viagem. Ainda assim, Freud diz que é impossível calcular o tempo e que o analista
não deve se arriscar nesse sentido. O que podemos entender aqui é que, apesar de não ser possível calcular
o tempo, não ignoramos a “amplitude do passo”.
É claro que quanto mais o paciente se compromete com o tratamento, mais rapidamente pode perceber
seus efeitos. E isso deve ser comunicado ao fecharmos o contrato: o fato de que a análise depende,
principalmente, da entrega e do desejo de mudança daquele que nos procura.
Talvez muitos se surpreendam em saber que as análises conduzidas por Freud duravam cerca de seis
meses. Tendo em vista que o inconsciente é atemporal, é possível compreendermos que o tratamento
analítico não pode precisar o tempo de seu percurso. Nosso trabalho visa trazer à luz desejos e ideias que
causam desconforto, quebrando padrões de comportamento que se repetem desde a infância.
Os pacientes de Freud recebiam alta em menos de um ano porque as circunstâncias permitiam que o
trabalho fosse intenso e praticamente sem interrupção. Aqui entramos em uma questão muito discutida na
atualidade:
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Poderíamos simplesmente lançar mão do fato de que a Psicanálise se mantém viva em todo o mundo
ocidental e que se trata de uma área rica em estudos e publicações sobre a teoria e sobre a clínica
contemporânea. E isso se mantém porque os psicanalistas continuam escutando pacientes.
Aprofundando essa abordagem, o paciente dirige ao analista a sua queixa, o que podemos chamar de
demanda de análise. Não vamos esmiuçar o conceito, apenas dizer que a demanda é a queixa apresentada
ao analista. O analisando expressa a si mesmo o que busca alcançar com o tratamento e envolve o analista
nesse processo por meio da transferência. O que se espera é que aquilo do qual o sujeito se queixa (...)
Demanda de análise
Este termo foi introduzido por Lacan, psicanalista pós-freudiano de origem francesa
Se pensarmos que cada paciente formula a sua demanda, vamos entender que, muitas vezes, um
psicanalista é procurado para ajudar a elaborar um processo específico, por exemplo, um luto. Essa pode
ser uma demanda pontual que, decerto, será trabalhada com base nos conflitos inconscientes e imagos
infantis. O paciente pode se dar por satisfeito ao conseguir lidar melhor com a perda e não formular outra
demanda. Mas pode desdobrar essa questão e mergulhar num caminho de reestruturação subjetiva. A
demanda de análise vai interferir no tempo da análise.
Além disso, é fundamental observar que, mesmo que a análise alcance seu êxito depois de vários anos de
trabalho, ao longo desse processo, mudanças acontecem na vida do paciente devido ao tratamento. As
várias camadas que encobrem o que Freud chamou de núcleo patógeno vão sendo retiradas aos poucos e
isso se faz sentir em conquistas diversas relacionadas à qualidade de vida.
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O tempo no enquadre analítico
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Connfira agora a integração entre a demanda de análise do analisado, o processo de transferência com o
analista e o tempo de duração do tratamento, respondendo às críticas feitas na atualidade à Psicanálise em
relação a sua longa duração.
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Tatiana está em análise há dois anos e tem avançado em seu autoconhecimento. Ela percebeu que
sempre deu presentes valiosos às pessoas com quem se relaciona, mas em contrapartida, não é
generosa consigo mesma e sempre acha caro demais tudo o que deseja para si. O trabalho de análise
levou à compreensão de que a paciente não se considera importante o suficiente para as outras
pessoas e o ato de presentear é uma forma acrescentar valor a si mesma. Tatiana passa por um bom
momento em sua carreira, com a situação financeira estável e satisfatória. Ainda assim, ela reluta
sempre que a analista reajusta os honorários, reclama do valor e constantemente esquece de efetuar o
pagamento mensal. Escolha a opção que explica a situação relatada.
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O pagamento das sessões, na perspectiva psicanalítica, está incluído na relação transferencial. Além de
configurar o cumprimento de um compromisso, o ato de pagar pode ser um lugar no qual o paciente
projeta seus patrões inconscientes de relacionamento.
Questão 2
Luana está em análise há seis meses. Recentemente, sua analista fez uma interpretação da relação
transferencial, mostrando à Luana que ela esperava reconhecimento da analista porque não se sentia
amada por sua mãe na infância. Luana fala mais sobre sua relação com a mãe chora até o final da
sessão. Depois disso, pela primeira vez, Luana esqueceu o horário da sessão seguinte e faltou. A
sessão é um tempo reservado para a análise, no qual o paciente pode projetar conteúdos
inconscientes. Dentro dessa perspectiva, marque a opção que explique teoricamente esse relato.
Esquecer o horário da sessão é uma ocorrência comum e não tem relação com
D
conflitos inconscientes.
E Luana desenvolve uma transferência hostil e por isso não comparece à sessão.
Estipular o tempo e a frequência das sessões da análise faz parte do enquadre analítico e é uma das
formas de abordar o tempo em Psicanálise. O comparecer, se atrasar ou faltar à sessão é passível de
interpretação. No relato da questão, a paciente falta pela primeira vez após uma interpretação que a
mobiliza emocionalmente.
Considerações finais
A Psicanálise é um método de investigação da mente humana, inaugurado por Freud no final do século
XVIII, e se mantém até hoje como opção de tratamento para o psiquismo. Freud foi fisgado pelo interesse
em desvendar os sintomas histéricos, que não se explicavam pela via da Ciência e da racionalidade. A partir
daí, introduziu uma quebra de paradigma ao deslocar da consciência para o inconsciente o cerne da
questão humana. Sua teoria foi construída levando em conta um conflito básico entre desejo e normas
sociais, que estaria na origem da neurose.
Conforme visto no conteúdo, a clínica psicanalítica inaugura o espaço psicoterapêutico, no qual a fala tem
lugar de destaque. Até os dias atuais, as orientações técnicas de Freud são seguidas pelos analistas em
formação, que trabalham com a escuta do inconsciente e o manejo da transferência. A Psicanálise é um
campo de saber necessariamente articulado à experiência clínica, tal como foi criada por Freud: a
experiência alimentando a teoria. Essa característica faz com que seja um campo vivo e producente,
constantemente pensando as questões contemporâneas e as novas sintomatologias.
headset
Podcast
Para encerrar, ouça sobre como reconhecer as particularidades da clínica psicanalítica na prática,
destacando a Transferência, os fatores do setting e a regra fundamental da técnica psicanalítica.
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Referências
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FREUD, S. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. ESB Vol. VII. Rio de Janeiro: Imago, 1989.
FREUD, S. (1909). Observações sobre um caso de neurose obsessiva (O homem dos ratos). ESB Vol. XI. Rio
de Janeiro: Imago, 1989.
FREUD, S. (1912). A Dinâmica da Transferência. ESB Vol. XII Rio de Janeiro: Imago, 1989.
FREUD, S. (1912). Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise. ESB Vol. XII Rio de Janeiro:
Imago, 1989.
FREUD, S. (1913). Sobre o início do tratamento. ESB Vol. XII. Rio de Janeiro: Imago, 1989.
FREUD, S. (1914). Sobre o narcisismo: uma introdução. ESB Vol. XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1989.
FREUD, S. (1914). A história do Movimento Psicanalítico. ESB Vol. XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1989.
FREUD, S. (1914). História do movimento psicanalítico. ESB Vol. XX. Rio de Janeiro: Imago, 1989.
FREUD, S. (1914). Observações sobre o Amor Transferencial (Novas Recomendações sobre a Técnica da
Psicanálise). ESB Vol. XII Rio de Janeiro: Imago, 1989.
FREUD, S. (1915). O Inconsciente. ESB Vol. XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1989.
LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
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Confira as indicações que separamos para você!
Leia o texto A História do movimento psicanalítico, incluído no volume XIV das obras completas de S.
Freud. O texto é uma narrativa de Freud sobre suas próprias descobertas, com explicações teóricas que
justificam os ajustes feitos na técnica até aquela data (1914). Freud explica a mudança do método catártico
para a associação livre, expondo também as próprias inquietações em torno de suas descobertas. É um
mergulho no universo criativo de Freud.
Leia o livro Cartas a um jovem terapeuta, de Contardo Calligaris, que reúne algumas cartas aos jovens que
pretendem se tornar psicanalistas. A primeira carta foi comentada no módulo sobre a transferência, mas
merece ser lida na íntegra, assim como as outras. Nome de referência no campo psicanalítico, Calligaris
aborda temas importantes sobre a escolha da profissão, dificuldades encontradas, condições importantes
para uma boa formação e aperfeiçoamento constante. É uma leitura fundamental para quem pretende
ingressar não só na Psicanálise, mas na Psicologia clínica em geral.
Assista ao documentário O Jovem Dr. Freud, documentário do History Channel, dirigido por David Grubin
(2002), uma viagem no tempo, narrando a descoberta de Freud, que revoluciona a forma de pensar sobre a
mente. A abordagem é fidedigna à teoria e o filme é envolvente. Há uma contextualização histórica do
percurso de Freud que enriquece extremamente o relato. Trata-se de uma forma atrativa de acompanhar o
início da Psicanálise e os primeiros conceitos freudianos.
Assista ao filme O Homem dos ratos (Rat man), escrito e produzido por Bruce Norman (1972), que oferece
uma tomada panorâmica de um dos mais importantes casos clínicos de Freud: uma neurose obsessiva
conhecida como Homem dos Ratos. É um filme em preto e branco, com duração de 52 minutos. É
perfeitamente possível acompanhar a história, permitindo a discutição sobre alguns dos paradigmas da
clínica psicanalítica daquele momento (1909) e do momento atual.
Assista ao vídeo O que é a Transferência, no canal Falando nIsso, do psicanalista Christian DunKer, um dos
mais importantes pensadores contemporâneos da Psicanálise, no YouTube. Dunker começa explicando que
transferência é amor. E desdobra seu pensamento, associando o conceito de transferência à repetição de
padrões e ao seu caráter de instrumento para o psicanalista. É uma aula sobre o conceito, com explicação
clara e linguagem acessível.
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04269/index.html# 51/51