Anatomia Cardíaca:: - Configuração Externa
Anatomia Cardíaca:: - Configuração Externa
Anatomia Cardíaca:: - Configuração Externa
- O coração fica apoiado do diafragma perto da linha média da cavidade torácica, no mediastino, e entre as
pleuras do pulmão;
- 2/3 do coração fica a esquerda da linha, médica do corpo, agora para baixo, direcionado anteriormente
para a esquerda, e uma base oposta ao ápice;
- Ele tem a forma de uma pirâmide de três lados, caída para o lado, com um ápice, agora “para baixo”,
direcionado anteriormente e para a esquerda; uma base, oposta ao ápice:
BASE: face posterior do coração; formada principalmente pelo átrio esquerdo; olha
posteriormente em direção aos corpos das vértebras T6 à T9;
ÁPICE: formada pela parte ínfero-lateral do ventrículo esquerdo; situa-se posterior ao 5º
espaço intercostal esquerdo nos adultos; é onde a pulsação máxima do coração ocorre;
- Configuração Externa:
*O coração possui três faces:
Face anterior (esternocostal) – VD.
Face diafragmática (inferior) – VE e parcialmente VD.
Face pulmonar (esquerda) – VE, ocupa a impressão cardíaca do pulmão esquerdo.
- Limites do coração:
A superfície anterior fica logo abaixo do esterno e das costelas;
A superfície inferior, em sua maior parte, repousa sobre o diafragma,
correspondendo à região entre o ápice e a borda direita;
A borda direita está volta para o pulmão direto e se estende da superfície inferior à
base;
A borda esquerda (borda pulmonar) fica voltada para o pulmão esquerdo,
estendendo-se da base para o ápice;
Como limite superior, encontra-se os grandes vasos do coração, e posteriormente a
traquéia, o esôfago, e a aorta descendente;
- O lado direito do coração recebe sangue pouco oxigenado (“venoso”), proveniente do corpo através das
veias cavas superior e inferior, e o bombeia através do tronco pulmonar para os pulmões para oxigenação.
O lado esquerdo recebe sangue bem oxigenado (“arterial”), proveniente dos pulmões através das veias
pulmonares, e o bombeia para a aorta para a distribuição para o corpo.
- O coração possui quatro câmaras: átrios direito e esquerdo e ventrículos direito e esquerdo. Os átrios são
câmaras de recepção que bombeiam sangue para os ventrículos – as câmaras de descarga.
o Epicárdio: lâmina externa fina (mesotélio) formada pela lâmina visceral do pericárdio
seroso.
Pericárdio:
* O pericárdio é um saco fibroseroso de parede dupla que envolve o coração
e as raízes de seus grandes vasos.
* A face interna do pericárdio fibroso é revestida com uma membrana serosa
brilhante, a lâmina parietal do pericárdio seroso. Esta lamina reflete-se para o coração nos grandes vasos,
como a lâmina visceral do pericárdio seroso.
* O pericárdio seroso é composto principalmente de mesotélio, uma lâmina
simples de células gordurosas que formam um epitélio, que reveste tanto a face interna do pericárdio
quanto a face externa do coração.
* O pericárdio restringe o coração a sua posição do mediastino; embora
permita sua liberdade de movimentação. Ele normalmente contém uma película fina de liquido que
permite ao coração mover-se e bater em um ambiente sem atrito.
* A cavidade do pericárdio é o espaço potencial entre as camadas das laminas
parietal e visceral do pericárdio seroso. A lâmina visceral do pericárdio seroso forma o epicárdio.
* Camadas do Pericárdio:
O pericárdio consiste em 2 partes principais:
pericárdio fibroso - saco externo: superficial, é um
tecido conjuntivo irregular, denso resistente e
inelástico. Assemelha-se a um saco, que repousa sobre
o diafragma e se prende à ele.
pericárdio seroso - saco interno: mais profundo, é uma
membrana mais fina e mais delicada que forma uma
dupla camada circundando o coração.
- lâmina/camada parietal: mais externa, e
reveste o pericárdio fibroso;
- lâmina/camada visceral: torna-se a
camada mais externa da parede do coração – epicárdio.
- As paredes do coração são compostas principalmente de miocárdio espesso, em especial nos ventrículos;
- As fibras musculares cardíacas estão presas ao esqueleto fibroso do coração. Este é um arcabouço
complexo de colágeno denso que forma quatro anéis fibrosos, que circundam os orifícios das valvas, um
trígono fibroso direito e outro esquerdo;
- O esqueleto fibroso do coração:
Mantêm os orifícios das valvas AV e semilunares abertas e impede que eles sejam excessivamente
distendidos pelo volume de sangue bombeado através deles.
Fornece inserções para as válvulas das valvas.
Fornece inserção para o miocárdio.
Forma um “isolador” elétrico.
Suprimento venoso do coração: é drenado pelas veias que desembocam no seio coronário e
parcialmente pelas pequenas veias (veias mínimas) que desembocam no átrio direito, diretamente.
(Todas elas desembocam no AD).
O seio coronário é a principal veia do coração, que corre da esquerda para a direita na
parte posterior do sulco coronário.
O seio coronário recebe a veia interventricular anterior e a veia cardíaca magna (veia
principal do seio coronário) na sua extremidade final; e a veia interventricular posterior ou veia
cardíaca média e a veia cardíaca parva na sua borda direita.
O coração é constituído por três camadas, que são: endocárdio, miocárdio e epicárdio (homólogo as
túnicas intima, média e adventícia dos vasos sanguíneos, respectivamente).
ENDOCÁRDIO: é uma membrana delgada formada por 3 camadas:
Interna: endotélio - epitélio simples pavimentoso;
Média: tecido conjuntivo subendotelial:
- tecido conjuntivo fibroelástico
- tecido conjuntivo denso
Externa: camada subendocárdica - que se localiza abaixo do endocárdio; sendo formada por
tecido conjuntivo frouxo, contendo: vasos sanguíneos, nervos e fibras de purkinje
O endocárdio lúmen do coração, sendo o continuo com a túnica íntima dos vasos que
entram e saem do coração.
CORAÇÃO:
DIREITO: ESQUERDO:
- bombeia o sangue para os pulmões - bombeia o sangue para os órgãos periféricos
- átrio D e ventrículo D - átrio E e ventrículo E
Ciclo Cardíaco: conjunto dos eventos cardíacos que ocorre entre o início de um batimento e o início do
próximo.
Músculo ventricular
Especializadas fibras musculares excitatórias (contraem de forma fraca, pois tem pouca fibrila, mas
apresentam ritmicidade e velocidade de condução variável, formando um sistema excitatório).
- DISCOS INTERCALADOS:
Os discos intercalados são membranas celulares que
separam as células miocárdicas umas das outras;
representadas pelas áreas escuras no desenho. Em cada
disco intercalado, as membranas celulares se fundem entre
si, de modo a formarem junções comunicantes permeáveis
(junções de Gap), para que ocorra difusão de íons e gerar o
impulso. Dessa forma, o miocárdio forma um sincício de
muitas células musculares cardíacas, que quando uma delas
é excitada, o potencial se propaga para todas.
O coração, na verdade, é divido em dois sincícios: o
sincício atrial e o sincício ventricular. Essa divisão permite
que os átrios se contraiam um pouco antes da contração
ventricular.
OBS.: sincício (massa de células multinucleada que não
tem divisão entre elas).
Potencias de ação no musculo cardíaco:
O potencial de ação, registrado na fibra muscular cardíaca, tem, em média, 105 milivolts, o que
significa que o potencial intracelular passa de um valor muito negativo, para um valor muito positivo.
Após o potencial em ponta (Spike) inicial, a membrana permanece despolarizada durante cerca de 0,2
segundo, exibindo um platô, ao qual se segue repolarização repentina. A presença do platô faz a contração
muscular ventricular durar até 15 vezes mais do que em outros músculos esqueléticos.
No músculo cardíaco, o potencial de ação é originado pela abertura de canais de dois tipos:
(1) canais de sódio rápido: abrem-se de modo abrupto, permitindo que uma imensa quantidade de íons
sódio provenientes do liquido extracelular entre nas fibras do músculo cardíaco, fechando-se de modo
abrupto (final do fechamento REPOLARIZAÇÃO);
(2) canais de cálcio lentos: estes são mais lentos para se abrir e permanecem abertos por vários
décimos de segundos, fazendo com que grande quantidade de íons cálcio e sódio penetrem nas fibras
miocárdicas, permitindo um prolongado período de DESPOLARIZAÇÃO - PLATÔ.
Observamos, mais uma característica que difere o músculo cardíaco do esquelético:
- Durante o platô a permeabilidade da membrana para íons potássio diminui. Isso ocorre devido ao
grande influxo de cálcio pelos canais. Essa reduzida permeabilidade de potássio diminui acentuadamente a
saída dele durante o platô e assim retarda a volta ao valor de repouso do potencial de ação. Quando cessa
a entrada de cálcio aí sim a permeabilidade ao potássio aumenta e pode-se voltar ao normal.
A:
POTENCIAL DE
REPOUSO:
atingido
quando
quantidade
suficiente de
potássio já saiu
da célula para
que esta
retorne ao
potencial
anterior a
abertura dos
canais de
sódio. É
mantido pela
bomba de sódio e potássio.
B: DESPOLARIZAÇÃO DA MEMBRANA. Ocorre a abertura dos canais lentos e rápidos de sódio, havendo
uma grande entrada dos íon sódio e saída de íons potássio. No pico da curva os íos sódio deixam de entrar,
pois a membrana já atingiu o máximo de despolarização. Esta sequencia torna a membrana altamente
eletro positiva.
C: PLATÔ. Tempo prolongado de despolarização mantido pelo influxo de íons cálcio altamente
eltropositivos. Ao final do platô, este íon para de entrar, o que juntamente com o efluxo de íons potássio
causa repolarização da membrana.
D: repolarização da membrana.
Período Refratário no Músculo Cardíaco: é o intervalo de tempo durante o qual um impulso
cardíaco normal não pode reexcitar uma área já excitada do músculo. (0,25 a 0,3s)
-o período refratário normal corresponde ao potencial de ação.
-o período refratário relativo é quando o músculo fica mais difícil de excitar, mas ainda assim pode ser
excitado. (0,5s)
Sístole e Diástole:
-período de relaxamento = Diástole
-período de contração = Sístole
Funcionamento dos átrios como bombas de Escorva
-O sangue flui de forma contínua das grandes veias para o átrio
-80% do sangue flui dos átrios para os ventrículos antes da contração. Portanto a contração enche só 20%
do ventrículo. (bombas de escorva)
-no fim dessa sístole a pressão no ventrículo é baixa e no átrio é alta, isso promove a abertura a
Valva.
- O primeiro terço da diástole chama-se Período de enchimento rápido dos ventrículos.
-No terço médio flui pouco sangue e no final que o átrio contrai (20%).
Esvaziamento dos Ventrículos Durante a Sístole
Período de Ejeção.
- quando a pressão no VE é maior que 80mmHg e no VD é maior que 8mmHg é forçada a abertura das
semilunares
-70% do sangue sai nesse primeiro terço (período de ejeção rápida) da ejeção e 30% dos outros dois
(período de ejeção lenta)
*OBS: a pressão ventricular cai para um valor ligeiramente abaixo da aorta durante o período de ejeção
lenta, apesar de ainda sair sangue do VE.O sangue que está fluindo do ventrículo criou um momentum. A
medida que esse momentum diminui, durante a parte final da sístole, a energia cinética é convertida em
pressão na aorta.
- Válvulas Atrioventriculares.
-Se abrem e fecham passivamente
- impedem o refluxo
Função dos músculos papilares:
-se contraem quando a parede do ventrículo se contrai, mas o oposto não ocorre.
-não favorecem o fechamento das válvulas
-puxam as válvulas impedindo que elas “entrem” nos átrios durante a contração ventricular.
-quando o VE se contrai a pressão aumenta para abrir as semilunares, e pouco mais para ejetar o sangue.
-a força de ejeção do sangue estira a parede das artérias
-após ter-se fechado a válvula, a retração elástica mante a pressão elevada durante a diástole
-na curva de pressão existe uma incisura que é quando há um pequeno refluxo de sangue antes do
fechamento da válvula aórtica
-a pressão decresce lentamente na aorta depois do fechamento das semilunares pelo escoamento do
sangue retido nelas (geralmente 80mmHg)
- O trabalho sistólico do coração é a quantidade de energia que o coração converte em trabalho em cada
batimento, ao bombear o sangue para as artérias.
- Conceitos:
Pré-carga: grau de tensão do músculo quando ele começa a se contrair (pressão durante o
enchimento de ventrículo) – Pressão diastólica final quando o ventrículo está cheio;
Pós-carga: carga contra a qual o músculo exerce sua força contrátil (pressão arterial contra a qual o
ventrículo deve exercer a contração) – do ventrículo: é a pressão na artéria à saída do ventrículo
- A energia utilizada pelo Músculo cardíaco é em maior parte derivada do metabolismo cardíaco dos ácidos
graxos e, em menor grau, de lactado e glicose (por exemplo)
- A intensidade do consumo de oxigênio mede a quantidade de energia química é liberada
Mecanismos:
(1) a regulação intrínseca do bombeamento em resposta as variações de volume
(2) sistema nervoso autônomo
-A eficácia do bombeamento é muito controlada pelos nervos Simpáticos e Parassimpáticos (vagos), que
inervam abundantemente o coração.
-o débito cardíaco pode ser aumentado em até 100x pela estimulação simpática e reduzido a quase 0 pelos
nervos vagos
-Simpático: Aumenta a frequência cardíaca, força de contração, volume de sangue e pressão de ejeção
-Parassimpático (Vagal): Pode interromper os batimentos por alguns segundos, diminui a força ventricular
de contração e o bombeamento ventricular
- Potássio: -muito potássio no líquido extracelular faz com que o coração fique dilatado e flácido,
reduzindo a frequência cardíaca; pode até bloquear a condução do impulso cardíaco dos átrios para os
ventrículos pelo feixe A-V; pode enfraquecer o coração e, com ritmos anormais, levar a morte
Isso ocorre porque o potássio pode reduzir o potencial de membrana das fibras musculares
cardíacas
- Cálcio: -o excesso faz com que o coração entre em contração espática (involuntária)
-a falta causa flacidez do músculo
-muito raro causar implicações clínicas
-Temperatura: -no calor a frequência pode ficar até o dobro do normal e no frio pode diminuir muito
+calor = +permeabilidade iônica da membrana celular = + velocidade do processo contrátil
Excitação Rítmica do coração:
O coração é provido de um sistema especializado (1) para a geração de impulsos rítmicos, para
causar a contração rítmica do músculo cardíaco, e (2) para a condução rápida desses impulsos, por todo o
coração.
Quando esse sistema funciona normalmente, os átrios se contraem cerca de um sexto de segundo
antes da contração ventricular, o que possibilita maior enchimento dos ventrículos antes que eles
bombeiem o sangue pelos pulmões e pela circulação periférica. Outra importância especial do sistema é
que ele possibilita que todas as partes dos ventrículos se contraia, simultaneamente, o que é essencial
para a geração efetiva de pressão nas câmaras ventriculares.
O Nodo Sinusal:
É uma pequena tira achatada e elíptica de músculo especializado, com aproximadamente 3 mm de
largura, 15 mm de comprimento e 1 mm de espessura; está localizado na parede superior lateral do átrio
direito, imediatamente abaixo e lateral à abertura da veia cava superior. As fibras sinusais são contínuas
com as fibras atriais, de modo que qualquer potencial de ação que se inicia no nodo sinusal espalha-se
imediatamente para os átrios.
Também conhecido como “ataque cardíaco” consiste na morte do músculo cardíaco resultante de
isquemia.
É responsável por um grande numero de mortes no Brasil e no mundo. Alguns pacientes não
morrem no momento do evento, podem vir a falecer posteriormente devido à insuficiência cardíaca ou a
arritmias ventriculares malignas, sequelas bem conhecidas do IAM.
Estima-se que a letalidade do IAM oscile em torno de 30%. A primeira hora é a mais critica,
momento no qual ocorrem 50% dos óbitos, geralmente antes do primeiro atendimento médico. O
mecanismo mais comum desses óbitos é a fibrilação ventricular primária.
Definições:
Infarto: é a necrose de uma porção tecidual. Infarto miocárdico é a necrose de um segmento
miocárdico.
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM): é um evento coronariano agudo cuja evolução natural converge
para a necrose miocárdica macroscópica. É o tipo mais grave entre as síndromes coronarianas agudas.
IAM sem Supra de ST: é um infarto agudo em que a necrose miocárdica não se estende por toda a
espessura da parede do miocárdio, acometendo geralmente a região subendocárdica (necrose
subendocárdica), ou pequenas áreas descontínuas da parede (necrose não transmural). Caracteriza-se pela
ausência de supradesnível de ST no ECG de apresentação e ausência de onda Q patológica no ECG de
evolução. A fisiopatologia, na maioria dos casos, é semelhante à angina instável: suboclusão trombótica
aguda de uma coronária. Corresponde a cerca de 30-40% dos IAM.
IAM com Supra de ST: é um infarto agudo em que a necrose estende-se por toda (ou quase toda) a
espessura da parede miocárdica (necrose transmural). Caracteriza-se pela presença de supradesnível de ST
no ECG de apresentação e de onda Q patológica no ECG de evolução. A fisiopatologia, na maioria dos
casos, é a oclusão trombótica aguda de uma coronária. Corresponde a 60-70% dos IAM.
IAM COM SUPRA DE ST:
Patogenia e fisiopatologia:
As três artérias coronárias epicárdicas principais (DA, CX e CD) possuem frequência semelhante de
acometimento, cada uma responsável por cerca de 1/3 dos casos. A oclusão do tronco da CE, entidade
quase sempre fatal, responde por menos de 5% dos IAM.
ETIOLOGIA:
Em mais de 95% dos casos, a oclusão é causada por Trombose Intracoronariana, adjacente a uma
placa ateromatosa que acabou de sofrer uma ruptura. A ruptura com frequência dá-se em uma placa
levemente obstrutiva (20-50% do lumem), levando à oclusão trombótica aguda de uma coronária que
nutre um território pouco protegido, em termos de rede de colaterais.
Se a área isquêmica for grande (>25% do miocárdio total do VE), instala-se um quadro de
insuficiência ventricular esquerda, podendo cursar com edema agudo de pulmão.
Se a área for maior que 40%, pode haver choque cardiogênico (baixo débito cardíaco com altas
pressões de enchimento ventricular).
Felizmente, na maior parte dos casos, a área miocárdica em sofrimento isquêmico não ultrapassa
os limites acima, logo a maioria dos indivíduos com IAM (mais de 80%) não apresenta insuficiência
cardíaca ou choque.
Uma área isquêmica maior que 15% do miocárdio total do VE já pode comprometer levemente a
função sistólica global, reduzindo a FE para abaixo dos valores de referencia (<50%), como mostra o
ecocardiograma desses pacientes.
Mais precoce e mais comum do que a disfunção sistólica é a disfunção diastólica, por déficit de
relaxamento ou mesmo por redução da complacência ventricular. O aparecimento de B4 é bastante
comum no IAM, causada pela disfunção diastólica.
MIOCÁRDIO “ATORDOADO” (“STUNNING”):
É comum quando a reperfusão é tardia. Ou seja, o déficit contrátil (acinesia ou discinesia),
desencadeado pela isquemia transmural aguda, pode demorar muitas horas ou alguns poucos dias pra
reverter após a reperfusão miocárdica, mesmo se não houver necrose.
Quadro Clínico:
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
O episódio agudo da oclusão coronariana é detectado clinicamente, na maioria dos casos, pelo
rápido inicio de dor torácica em repouso, to tipo anginosa ou “isquêmica”. Essa dor costuma ser muito
intensa, eventualmente deixando o individuo quase sem se mover. A intensidade pode progredir na
primeira ou primeiras horas. São comuns os sintomas associados: diaforese profusa, náuseas e vômitos e,
algumas vezes, sensação de iminência de morte.
Características da dor típica do IAM:
Localização subesternal (mais comum) ou precordial.
Caráter constritivo: “em peso”, “em aperto”, etc.
Duração > 30 min.
Não melhora com o uso de nitrato sublingual.
Cerca de 40-60% dos pacientes referem um fator desencadeante, tal como estresse físico ou
emocional ou uma grande refeição.
Em 1/3 dos casos existe um pródromo, caracterizando por desconforto torácico anginoso, que
ocorre aos mínimos esforços ou em repouso, porém não estimulando o paciente a procurar o médico, ou,
se o faz, pode ser liberado para casa devido a um ECG inocente. O pródromo pode iniciar-se 24h a 4
semanas antes do IAM. O pródromo nada mais é do que uma angina instável.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:
Dor torácica aguda – angina instável, dissecção aórtica, pericardite aguda, pneumotórax, embolia
pulmonar, trauma torácico.
Dispneia de instalação aguda – embolia pulmonar, edema agudo hipertensivo, crise asmática, ICC
descompensada.
Choque agudo – choque hipovolêmico, embolia pulmonar, choque séptico, pneumotórax
hipertensivo.
Morte Súbita – isquemia miocárdica aguda, FV relacionada à cardiopatia, FV idiopática.
Confirmação Diagnóstica
*Em 2007, a American College of Cardiology e a European Society of Cardiology (ACC/ESC) publicaram
novos critérios diagnósticos para IAM, que serão descritos após comentarmos cada item acima.
HISTÓRIA CLÍNICA
É um importante critério diagnóstico, se o paciente apresentar um quadro típico: dor torácica
subesternal ou precordial, de inicio agudo, de caráter constritivo, geralmente associada a sintomas
correlacionados: diaforese (transpiração excessiva), náuseas e vômitos.
Quando o quadro não é típico, porém, bastante sugestivo (ex: dor atípica em paciente idoso ou
diabético ou com probabilidade alta de doença coronariana) podemos, pelo bom senso, considerar critério
diagnóstico positivo.
ELETROCARDIOGRAMA
O ECG é o principal exame complementar a ser solicitado em um paciente sob suspeita de IAM. Este
exame não só contribui para a confirmação diagnóstica, como é o principal dado que orienta a terapêutica.
Infelizmente, só metade dos pacientes possui alterações eletrocardiográficas típicas.
Critérios Diagnósticos: supradesnível de ST ≥ 1,0 mm, em duas ou mais derivações consecutivas, isto é, que
representam a mesma parede miocárdica. Esta alteração eletrocardiográfica é a expressão de uma oclusão
coronariana aguda.
CPK-MB: tem uma especificidade alta para o miocárdio, porém pode estar presente, em menores
quantidades, no músculo esquelético e em tecidos como intestino delgado, língua, diafragma,
útero, próstata. Sensibilidade entre 70-85% e uma especificidade entre 95-97% para o diagnóstico
de IAM. O critério de aumento varia com o kit:
o 5ng/ml (massa).
o 15-20 U/L (atividade).
Troponinas Cardioespecíficas:
Elas não são enzimas, são proteínas que participam no processo bioquímico de contração muscular
na fibra cardíaca. As troponinas existem em todos os tecidos musculares, mas a troponina I e a troponina T
são especificas do tecido miocárdico.
As troponinas são superiores à CPK-MB na decteção de pequenos reinfartos (com CPK-MB normal)
e para o diagnóstico de IAM na presença de lesão muscular associada.
Elas começam a se elevar de 3 a 6 horas, e tem seu pico em torno de 24 horas, mantendo-se
elevadas durante 7 a 10 dias (troponina I) e 7 a 14 dias (troponina T). portanto também servem para
confirmar diagnóstico do IAM na fase tardia, substituindo totalmente a enzima LDH.
Valores superiores a 0,1 ng/mL são consideramos diagnósticos de IAM.
Mioglobina:
Proteína presente em todos os tecidos musculares, logo não é especifica do miocárdio. No entanto,
tem uma grande vantagem em relação à CPK-MB devido a sua rápida cinética. Possui peso molecular bem
menor que a CPK-MB, podendo ser detectado o seu aumento após 1h do inicio do evento coronariano,
tendo seu pico entre 2-4h, e seu desaparecimento antes de completar 24h.
No IAM, a injuria isquêmica é suficiente para levar à necrose miocárdica. No infarto sem supra a
injuria não acomete toda a extensão do miocárdio, restringindo-se à região subendocárdica, ou
distribuindo-se de forma esparsa pela parede. O IAM sem supra é também chamado de IAM sem Q.
Esse tipo de infarto corresponde a cerca de 30-40% doa casos de infarto agudo do miocárdio. Seu
prognóstico hospitalar é pior que o da angina instável, porém melhor do que o IAM com supra de ST.
Podemos raciocinar como se fosse um IAM incompleto, isto é, ainda há uma área do miocárdio
isquêmico que pode infartar.
A fisiopatologia do IAM sem supra de ST (sem Q) é semelhante à da angina instável: trombose
coronariana aguda ou subaguda de caráter suboclusivo.
Quadro clínico e eletrocardiograma: o quadro clínico típico é uma dor prolongada em repouso (> 20 min). A
disfunção miocárdica tende a ser maior, assim como as complicações hospitalares e pré-hospitalares. O
ECG pode ser normal ou revelar os meios achados da angina instável, contudo, há maior incidência do
infradesnível do segmento ST, por vezes persistente, e de disfunção ventricular esquerda grave.
CARDIOPATIA ISQUÊMICA (IC):
FATORES DE RISCO:
Diversos fatores estão associados à presença de placas ateroscleróticas, não só no leito coronário
como também nos vasos cerebrais e periféricos. Só a partir dos resultados iniciais do estudo de
Framingham, publicados no início da década de 1960, é que se começou a utilizar o conceito de fatores de
risco para doença aterosclerótica coronária. Hoje, a partir de estudos epidemiológicos, os fatores de risco
convencionais para doença aterosclerótica coronária incluem tabagismo, hipertensão arterial sistêmica,
hiperlipidemia, diabetes melito e intolerância à glicose, resistência à insulina, obesidade, vida sedentária e
estado hormonal (deficiência de estrógeno). Além desses, outros fatores também estão associados a risco
elevado de eventos coronários: níveis altos de homocisteína, fibrinogênio, lipoproteína (a) (um composto
de LDL, apo B-100 e apoA), fator tissular ativador do plasminogênio (t-PA), inibidor do plasminogênio
ativado (PAI 1) e proteína C reativa.
Tabagismo – O tabagismo é um fator de risco independente para doença coronária, tanto em
homens como em mulheres. Nos homens que fumam pelo menos 20 cigarros por dia a incidência
de infarto agudo do miocárdio aumenta 3 vezes em relação aos não-fumantes; nas mulheres esse
risco é de 6 vezes em relação às não fumantes. O risco aumenta linearmente com a quantidade de
cigarros fumados e também é maior nos fumantes passivos. Na angina instável, recentemente
demonstramos que as mulheres tabagistas, independentemente da quantidade de cigarros
inalados, apresentavam risco de placa aterosclerótica coronária grave (= 70%), 4,5 vezes maior do
que as não-tabagistas. O mais importante é que esse risco é completamente reversível,
independente do tempo de tabagismo e da quantidade de cigarros fumados. Como conseqüência
da abolição do tabagismo observa-se aumento da sobrevida e diminuição na taxa de reinfarto.
Hipertensão – A hipertensão arterial e a hipertrofia ventricular esquerda são dois fatores de risco
bem estabelecidos para doença coronária, morte por doença coronária, insuficiência cardíaca e
acidente vascular cerebral. De acordo com o estudo de Framingham, a pressão sistólica é um fator
de risco coronário pelo menos da mesma magnitude que a da pressão diastólica, e hipertensão
sistólica isolada está sabidamente relacionada a doença coronária e acidente vascular cerebral. De
todas as pressões, a que mais se associa com risco coronário é a pressão de pulso, definida como a
diferença entre a pressão sistólica e a pressão diastólica. Pope et al.21, avaliando 10.689 pacientes
com quadro de dor precordial, verificaram associação entre a pressão de pulso mais alta e os
pacientes que tiveram diagnóstico final de isquemia. Alguns autores demonstraram que a pressão
de pulso é o fator preditivo mais potente para determinação do risco cardíaco. O risco de
insuficiência cardíaca é independente da idade e diretamente relacionado ao nível pressórico, e a
hipertrofia ventricular, uma resposta à hipertensão sendo demonstrada mesmo em crianças e
adolescentes com hipertensão limítrofe. Estudos sugerem que um sistema renina-angiotensina
cardíaco contribui para o desenvolvimento da hipertrofia ventricular e que a hipertensão arterial
também pode levar à fibrose intersticial, com os dois fatores determinando alterações na função
diastólica ventricular. Além desse sistema, a endotelina, as proteínas G, a predisposição genética, a
viscosidade sanguínea e o tipo de hipertrofia (concêntrica ou excêntrica) são fatores associados
com o desenvolvimento de hipertrofia ventricular e disfunção cardíaca. Pacientes com hipertrofia
da parede ventricular e sem aumento do índice de massa ventricular apresentam o mesmo risco
que pacientes com aumento da massa ventricular. Além de todos esses fatores, a redução do fluxo
coronário subendocárdico e da reserva de fluxo pela própria hipertrofia (elevação da pressão
diastólica final); do fluxo coronário total pelo aumento do tono coronário e da relação parede/luz
vascular; o aumento da resistência periférica e, portanto, da demanda metabólica são todos fatores
associados com isquemia miocárdica, contribuindo também para deterioração da função
ventricular nos pacientes hipertensos. A detecção desses fatores com terapêutica adequada é
passo fundamental na prevenção da insuficiência cardíaca nesses pacientes.
Dislipidemia – Um estudo estabeleceu claramente que o risco de doença coronária aumenta
linearmente com o aumento do colesterol total. Outros estudos demonstraram a importância das
frações do colesterol na determinação do risco coronário. Os triglicerídeos isoladamente parecem
desempenhar papel mais importante nas mulheres, principalmente nas mulheres diabéticas. Ao
contrário dos homens, o aumento do colesterol total e da LDL (lipoproteína de baixa densidade)
tem baixa correlação com doença arterial coronária em mulheres e, nestas, apenas em idade
inferior a 65 anos. Na mulher, o fator mais importante é o nível de HDL-colesterol.
Diabetes melito, intolerância à glicose, resistência à insulina – A doença coronária é a principal
causa de morte em pacientes diabéticos (75% dos casos). Resistência à insulina, hiperinsulinemia,
hiperglicemia e intolerância à glicose são todas associadas a processo aterogênico difuso e
acelerado. O diabetes melito é um fator de risco para doença coronária, tanto em homens quanto
em mulheres, mas nestas é mais potente, praticamente tirando todo o benefício decorrente do
sexo feminino, mesmo antes da menopausa. A coronariopatia é uma complicação maior do
diabetes, tanto tipo 1 quanto tipo 2.
Insuficiência renal crônica – A doença arterial coronária é também a principal causa de morte em
pacientes renais crônicos em tratamento dialítico. Isso ocorre em parte pela idade avançada desses
pacientes, bem como pela proporção de pacientes diabéticos com essa complicação. Cerca de 35%
dos pacientes com insuficiência renal crônica, em diálise, têm diabetes melito. A aterosclerose
acelerada desses pacientes é multifatorial. Alterações lipídicas, hipertrigliceridemia, intolerância à
glicose e resistência à insulina ocorrem cedo nos pacientes renais crônicos, independentemente de
serem ou não diabéticos.
Obesidade
Atividade física – Estudos epidemiológicos têm demonstrado que a atividade física habitual diminui
o risco de doença coronária. Mesmo exercícios moderados apresentam efeito protetor contra
doença coronária e morte por qualquer causa. O exercício físico, quando analisado objetivamente,
associa-se com maior diminuição de risco no sexo feminino, sendo o sedentarismo um fator de
risco independente e mais prevalente nas mulheres.
Deficiência de estrógeno – A mulher após a menopausa está sob maior risco de eventos coronários.
Acredita-se que isso ocorra pela deficiência de estrógeno característica dessa fase. O estrógeno
atua no perfil lipídico diminuindo a fração LDLcolesterol e sua oxidação e aumentando a fração
HDL-colesterol. Alguns efeitos indesejáveis são relatados com o uso de estrógeno por via oral em
mulheres jovens: trombose venosa profunda, embolia pulmonar, infarto agudo do miocárdio e
acidente vascular cerebral. Esses efeitos ocorrem principalmente em mulheres tabagistas.
Novos fatores de risco para doença coronária – Várias substâncias dosadas no sangue têm
demonstrado relação com risco coronário maior. Entre essas, as mais estudadas são o valor total de
homocisteína, lipoproteína (a), marcadores da função fibrinolítica (PAI-1, t-PA e d-dímero),
fibrinogênio e marcadores inflamatórios (proteína C reativa, interleucina 6, fatores de adesão
celular – ICAM-1 e fator de necrose tumoral – TNFα).
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA - IC
DEFINIÇÃO: É uma síndrome heterogênea na qual uma anormalidade na função cardíaca é
responsável pela inabilidade do coração em bombear o sangue a um volume que atende as
necessidades metabólicas dos tecidos, ou quando ele desempenha esta atividade apenas a
pressões ou volumes diastólicos anormalmente elevados.
- A IC pode ser produzida por qualquer patologia cardíaca que reduza a capacidade de bombeamento do
coração;
- A IC caracteriza-se por sinais e sintomas de sobrecarga de volume intravascular e intersticial, incluindo
dispnéia, estertores e edema e/ou manifestações de perfusão tissular inadequada, como prejuízo na
tolerância ao exercício, fadiga e disfunção renal.
EPIDEMIOLOGIA:
ETIOLOGIA:
CLASSIFICAÇÃO:
3. Débito Cardíaco:
Alto débito: Pacientes com Tireotoxicose, Beriberi, ou Anemia importante podem
apresentar débito cardíaco com valores elevados, associadamente a sinais e sintomas de IC,
caracterizando uma síndrome de alto débito, reconhecida pela perfusão aumentada na
pele.
Baixo débito: se caracteriza por sinais de má perfusão (pele fria, sudorese) e congestão.
4. Fração de ejeção de ventrículo esquerdo ou direito:
Sistólica: quando a fração de ejeção de ventrículo esquerdo/direito é comprometida.
Caracteriza-se por diminuição do volume de ejeção, apesar das elevadas pressões de
enchimento ventricular (sintomas resultantes: congestão pulmonar ou sistêmica,
intolerância à atividades, e disfunção de órgãos).
Diastólica: IC com fração de ejeção preservada. Há dificuldade de enchimento do coração ou
enchimento com pressões elevadas. Reconhece-se, hoje em dia, que 20 a 40% dos pacientes
com IC têm frações de ejeção normais. É provável que pacientes mais idosos com IC tenham
disfunção diastólica como causa primaria de seus sintomas. A maioria dos pacientes com
função sistólica preservada tem hipertensão ou uma historia de hipertensão tratada. A taxa
de mortalidade de pacientes com função sistólica preservada é menor do que em indivíduos
com uma fração de ejeção baixa, mas ainda permanece mais elevada do que a da população
em geral.
CONGESTÃO
M
SECO: sem sinal de congestão
Á SIM NÃO
ÚMIDO: com sinal de congestão SECO ÚMIDO
FRIO: com má perfusão QUENTE QUENTE
NÃO
QUENTE: com boa perfusão P (normal) (diurético)
E
R SECO ÚMIDO
U FRIO FRIO
S SIM
(soro) (ionotrópico)
Ionotrópico: aumenta o desempenho contrátil Ã
O
7. Distúrbio Mecânico: reconhecer se há obstrução ou disfunção mecânica das válvulas cardíacas;
Classe I: sem limitação é experiente em qualquer atividade, não há sintomas de atividades correntes.
Classe II: limitação leve de atividade, o paciente se sente confortável em repouso ou com esforço
leve.
Classe III: limitação acentuada de qualquer atividade, o paciente se sente confortável apenas em
repouso.
Classe IV: qualquer atividade física traz desconforto e sintomas ocorrem em repouso.
9. Estágios:
A
ALTO RISCO
Hipertensão B
Doença Coronariana LESÃO ESTRUTURAL
Diabetes SEM IC
C
Alcoolismo LESÃO ESTRUTURAL
Doença Reumática Hipertrofia
COM IC
Fibrose D
História Familiar
Infarto IC REFRATÁRIA
Prevenção da lesão Lesão estrutural
Valvopatia
Sintoma de IC
Necessidade de
intervensão
Evitar progressão da lesão.
especializada
Iniciar o tratamento específico Tratamento
Associar sintomáticos
FISIOPATOLOGIA:
Débito cardíaco: Quantidade de sangue que os ventrículos ejetam a cada minuto. O coração te a
capacidade de ajustar seu débito com as necessidades do corpo. Principal determinante do Desempenho
Cardíaco.
DC (débito cardíaco) = FC (freqüência cardíaca) x VS (volume sistólico)
Reserva Cardíaca: Capacidade de aumentar o débito cardíaco durante uma atividade aumentada.
Pessoas com IC usam sua reserva cardíaca ao repouso.
Após agravo inicial precipitar a IC, ocorre alterações progressivas na estrutura e função miocárdicas,
devido a danos contínuos pelo processo subjacente, resposta ao estresse hemodinâmico e ativação neuro-
hormonal. O VE dilata-se progressivamente, alterando seu formato elipsóide normal para uma geometria
mais esférica, isso acontece acompanhado por alterações nas miofibrilas, morte de cardiomiócitos por
necrose (por privação de O2 e energia) e apoptose (relacionada à ação de catecolamina e angiotensina II),
deposição de colágeno e fibroblastos (fibrose progressiva). O resultado é a contração mais descoordenada
e menos eficaz.
Na IC, com fração de ejeção comprometida, há um
progressivo remodelamento excêntrico do VE, com
conseqüente dilatação e redução da fração de ejeção. A IC com
fração de ejeção preservada é caracterizada pelo
remodelamento concêntrico.
São sintomas bem conhecidos, mas com frequência estão ausentes e variavelmente específicos
nesta condição. Os sintomas geralmente refletem as perturbações hemodinâmicas das pressões elevadas
do lado esquerdo e do lado direito do coração e o debito cardíaco prejudicado ou a reserva do debito
cardíaco, embora possam se apresentar dissociados de outras doenças.
Dispnéia: É o sintoma mais comum em pacientes com IC. Na maioria a dispnéia ocorre apenas com
a atividade ou o esforço. Os mecanismos são multifatoriais. O mais importante é a congestão pulmonar
com liquido intersticial ou intra-alveolar aumentado, que ativa os receptores J justacapilares, estimulado
um padrão rápido e superficial de respiração. A rigidez pulmonar aumentada pode elevar o trabalho
respiratório, evidenciando assim, um quadro de dispnéia. A respiração de Cheyne-Stokes, ou respiração
periódica, é comum na IC grave. A dispnéia costuma ser comum em pacientes com doença pulmonar,
obesidade, anemia e indivíduos sedentários.
Ortopnéia e Dispnéia paroxística noturna: A ortopnéia é uma dispnéia posicional, ocorrendo na
posição ortostática ou semi-ortostatica. Resulta de um aumento no retorno venoso a partir das
extremidades e da circulação esplâncnica para a circulação central em função das alterações na postura,
com o conseqüente aumento nas pressões venosas pulmonares e na pressão hidrostática capilar
pulmonar. A tosse noturna pode ser uma manifestação deste processo. A dispnéia paroxística noturna é
um episódio de falta de ar agudo e grave, que desperta o paciente do sono, geralmente 1 a 3 horas depois
de se recolher. Os sintomas normalmente se resolvem 10 a 30 minutos após o paciente se levantar,
freqüentemente refolegante, procurando o ar fresco de um janela aberta.
Edema Pulmonar Agudo: resulta de uma transudação do líquido para dentro dos espaços alveolares
devido a elevações agudas nas pressões hidrostáticas capilares decorrentes de uma depressão aguda da
função cardíaca ou de uma elevação aguda no volume intravascular. Os sintomas iniciais podem ser tosse
ou dispnéia progressiva. E sibilos são comuns.
Intolerância ao exercício: ocorre conjuntamente com a dispnéia. O fluxo sanguíneo para os
músculos em exercícios fica prejudicado, como resultado de uma redução na reserva de debito cardíaco e
de uma vasodilatação periférica prejudicada.
Fadiga: é uma queixa comum, mas inespecífica, dos pacientes com IC.
Edema e retenção de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico): as pressões atriais
direitas elevadas aumentam as pressões hidrostáticas capilares na circulação sistêmica, com uma
resultante transudação. A localização do liquido do edema é determinado pela posição, ou por doenças
associadas.
Sintomas abdominais e gastrointestinais: a congestão passiva do fígado pode levar à dor no
quadrante superior direito e a uma discreta icterícia. O edema de parede intestinal pode levar a uma
saciedade precoce (comum na IC), náusea, desconforto abdominal difuso, má absorção e uma forma rara
de enteropatia perdedora de proteínas.
Distúrbios do Sono e manifestações do sistema nervoso central: períodos de dessaturação noturna
de oxigênio menores que 80 a 85% são relativamente comuns na IC, coincidem com episódios de apnéia e
freqüentemente são precedidos ou seguidos por episódios de hiperventilação.
Caquexia cardíaca: na IC pode ocorrer uma perda de peso crônica, não intencional, levando a uma
síndrome de caquexia cardíaca. A causa desta síndrome é obscura, mas pode resultar de muitos fatores,
tais como níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias, taxas elevadas no metabolismo, perda de apetite
e má absorção. Essa síndrome revela um péssimo prognóstico.
Aparência e Sinais Vitais: pacientes mais graves podem estar inquietos, dispnéicos e pálidos ou
diaforéticos. Extra-sistoles ou arritmias são comuns, o pulso alternante constitui um sinal de falência
cardíaca avançada. A pressão arterial pode estar normal ou alta.
Veias jugulares e exame do pescoço: a pressão jugular venosa deve ser quantificada em
centímetros de água (normal ≤ 8 cm), estimando-se o nível de pulsações acima do ângulo esternal. Para
detectar a presença de refluxo abdominojugular deve-se pressionar o quadrante superior do abdome por
30 segundos, evitando-se induzir uma manobra de Valsalva. 80% dos pacientes com IC avançada
apresentam.
Exame Pulmonar: achados principais são a dispnéia, os estertores, representando liquido alveolar.
Exame Cardíaco: é de extrema importância na avaliação do paciente com insuficiência cardíaca,
mais particularmente no que concerne à identificação de anormalidades cardíacas associadas do que a
avaliação de sua gravidade.
Exame do Abdome e das Extremidades: o tamanho, a pulsatilidade e dor na região do fígado devem
ser avaliados como evidencias de congestão passiva e de insuficiência tricúspide.
Sinais e Sintomas comuns na IC Aguda descompensada:
SINTOMAS SINAIS
Relacionados à sobrecarga do volume
Dispnéia (em esforço, paroxística, noturna, Estertores crepitantes, derrame pleural;
ortopnéia ou em repouso), tosse, sibilos;
Relacionados à hipopefusão:
- Fadiga - Extremidades frias
- Alteração do nível de consciência, sonolência - Palidez, pele escura, hipotensão
diurna, confusão ou dificuldade de concentração;
- Tontura, pré-síncope, síncope - Pressão do pulso (estreita) / pressão do pulso
proporcional (baixa) – Pulsus alternans
DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico da insuficiência cardíaca é direto quando o paciente se apresenta com os sintomas
clássicos e os achados físicos associados. Em pacientes com insuficiência cardíaca crônica, no entanto, o
diagnóstico frequentemente é retardado ou deixa de ser estabelecido, visto que nenhum sinal ou sintoma
isolado é diagnóstico.
A chave para estabelecer o diagnostico da insuficiência cardíaca crônica no momento correto está
em manter um elevado grau de suspeita, particularmente em pacientes de alto risco (pacientes com
doença arterial coronariana, hipertensão crônica, diabetes, uso abusivo de álcool e idade avançada).
HEMOGRAMA:
A anemia pode agravar o quadro de IC.
PLAQUETAS:
A Plaquetopenia pode auxiliar no diagnóstico diferencias de sinais e sintomas sugestivos de IC.
PROVAS DE COAGULAÇÃO:
O prolongamento do tempo de Protrombina pode indicar alteração da função hepática
secundária à congestão sistêmica.
BIOQUÍMICA:
Pode-se pedir: Função Renal, Eletrólitos, Provas Hepáticas, Perfil Lipídico, Glicemia, Função
Tireoidiana, e QUE – para avaliar diagnósticos diferenciais e determinar fatores de risco
cardiovascular, comorbidades concomitantes.
Também podemos solicitar: Creatinina, Uréia, Sódio e Ácido Úrico.
SOROLOGIA PARA HIV:
É usado para avaliar diversas manifestações cardiovasculares que podem cursar com a IC
(miocardite, miocardiopatias,...), e também pela associação com o risco elevado de doença
aterosclerótica coronariana.
SOROLOGIA PARA DOENÇA DE CHAGAS:
Usado em áreas endêmicas.
PEPTÍDEOS NATRIURÉTICOS:
Auxilia particularmente na diferenciação de dispnéia de causas cardíacas e não cardíacas.
TROPONINAS
Elevações da I ou T indica necroses miocárdicas.
TRATAMENTO – FARMACOLOGIA:
ANTAGONISTAS DE RECEPTORES Β-ADRENÉRGICOS:
Ações:
Efeitos produzidos em seres humanos dependem do grau de atividade simpática e são
discretos nos indivíduos em repouso.
Efeitos mais importantes são no sistema cardiovascular e músculo liso brônquico.
Propranolol: ao repouso causa pouca mudança na frequência cardíaca, no débito cardíaco ou na
pressão arterial. Reduz efeito do exercício ou excitação nessas variáveis.
Oxprenolol: aumenta a frequência de repouso, mais a reduzem durante o exercício. O fluxo
coronariano é reduzido, mas relativamente menos do que o consumo de oxigênio do miocárdio,
de tal modo que a oxigenação do miocárdio é melhorada, efeito importante na angina de peito.
Carvedilol e Nebivolol: são particularmente eficazes na redução da pressão sanguínea, por causa
de suas propriedades vasodilatadoras adicionais.
Uso Clínico:
O uso de antagonistas de receptores β na ICC merece atenção especial, eles tem sido usados em
doses baixas, embora o início do tratamento haja perigo de exacerbar o problema.
Vários mecanismos podem contribuir, incluindo inibição do efluxo simpático central, efeitos
vasodilatadores diretos e prevenção da hipertrofia cardíaca por interferência com outras vias de
sinalização além da via principal do AMPc. O carvedilol é frequentemente usado com esse objetivo.
Efeitos Adversos:
Broncoconstrição: risco em pacientes asmáticos.
Depressão cardíaca: pode ocorrer, levando a sinais de insuficiência cardíaca, particularmente
em idosos.
Bradicardia: pode levar a bloqueio cardíaco potencialmente fatal e pode ocorrer em pacientes
com doença coronariana.
Hipoglicemia
Fadiga: devido à redução do débito cardíaco e perfusão muscular durante exercício.
Extremidades frias: resultam de uma perda da vasodilatação mediada pelos receptores β nos
vasos cutâneos.
Efeitos Farmacológicos:
Eles são potentes inibidores dos efeitos da angiotensina I, causando apenas uma pequena queda da
pressão arterial em animais normais ou em indivíduos que estejam consumindo a quantidade de sal
contida em uma dieta ocidental normal, porém uma queda muito maior nos hipetensos, particularmente
aqueles nos quais a secreção de renina esteja muito aumentada.
Os IECA afetam os vasos de capacitância e de resistência e reduzem a carga cardíaca, bem como a
pressão arterial. Não afetam a contratilidade cardíaca, de modo que o débito cardíaco normalmente
aumenta.
Atuam, preferencialmente sobre os leitos vasculares sensíveis à angiotensina, que incluem o rim, o
coração e o cérebro.
Usos Clínicos:
Hipertensão.
Insuficiência cardíaca.
Após infarto do miocárdio.
Nas pessoas com alto risco de
cardiopatia isquêmica.
Nefropatia diabética.
Insuficiência renal progressiva.
Efeitos Indesejáveis:
Em grandes doses, podem causar rashes, distúrbios da gustação, neuropenia e proteinúria
maciça.
Podem surgir efeitos como hipotensão, especialmente depois da primeira dose do
medicamento, e especialmente em pacientes com IC que tenham sido tratados com diuréticos de
alça, nos quais o sistema renina-angiotensina é altamente ativado.
Uma tosse seca, possivelmente decorrente de acumulo de bradicinina é o efeito adverso
mais comum.