Transferência de Calor 1 Prof. Carlos Eduardo Catunda
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01
Transferência de Calor
Prof. Carlos Eduardo Catunda
PARTE - 1/2
Até o último quartil do século XVIII, pouco se sabia sobre a natureza do calor.
Apesar do surgimento da termometria no século anterior e da invenção da
máquina a vapor - que, de certa forma, aguçou o interesse pelo estudo do
calor - o fenômeno permanecia um enigma. Lavoisier e Laplace aventaram,
em 1778, a hipótese de que o calor era um fluido imponderável, insípido,
incolor, inodoro: o calórico. Toda substância, segundo eles, continha calórico.
Quando duas substâncias, a diferentes temperaturas, entravam em contato
térmico, aquela que contivesse mais calórico (estivesse a uma temperatura
mais elevada) cederia parte desse fluido à outra; de modo que o calórico no
final do processo era igual à soma dos dois: em outras palavras, o calórico se
conservava.
A teoria calórica do calor vigorou até meados do século XIX, quando cedeu
lugar à teoria energética do calor. O marco inaugural da Termodinâmica é o
artigo “On the Dynamical Theory of Heat”, publicado em 1849 de autoria de
William Thompson, mais conhecido como Lord Kelvin.
Mas o que dizer da transferência de calor? Como o calor se transfere de
uma substância a outra?
Temperatura
Grandeza física que indica o estado (grau de agitação) das partículas de um
corpo, caracterizando o seu estado térmico.
T1 > T2 T1 > Teq > T2
T1 T2 T T
contato
SISTEMA C SISTEMA C
Energia em trânsito
Calor é a energia térmica em trânsito, devido a uma diferença de
temperatura entre os corpos”.
NÃO !
Q
Quente Frio
SIM !
Há transferência líquida de calor, espontaneamente, do corpo mais quente
para o corpo mais frio.
Q1 Q2 Q3 ... Qn 0
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9
Transferência de Calor – Introdução
Relação entre Termodinâmica e Transf. de Calor
Termodinâmica:
≡ Estuda as interações (trocas de energia) entre um sistema e suas vizinhanças.
Transferência de calor:
≡ Indica como ocorre e qual a velocidade com que o calor é transportado.
Aplicações (Exemplos)
≡ Condutores Térmicos
≡ Isolantes Térmicos
T2 T2 T1
H é a potência
Q Q T
T1 H (Watts) H A
t t x
dT T 2 T1
A taxa de transferência
dx L
de energia pelo calor
será
T2 T1 k é a condutividade térmica
H kA
L
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Modos de Transferência de Calor
Condução
Definição
≡ A convecção térmica é um processo de transmissão em que a energia
térmica é propagada mediante o transporte de matéria, havendo portanto,
deslocamento de partículas; logo, a convecção é um fenômeno que só se
processa em meios fluidos, ou seja, em líquidos e gases.
≡ Movimento de partículas mais energéticas por entre partículas menos
energéticas;
Aplicações (Exemplos)
≡ Refrigeradores
≡ Inversão Térmica
≡ Efeito Estufa
≡ Conforto Ambiental
Convecção natural
qconv h A (Ts T )
Área A
Convecção forçada
Gases 25 – 250
Líquidos 50 – 20.000
H AeT 4
Constante de Stefan-Boltzmann:
5.6696 10 8 W/m2K4
Aplicações (Exemplos)
≡ Garrafa Térmica
≡ Estufa de Plantas
≡ Previsões meteorológicas baseiam-se nas emissões de infra-vermelho
provenientes da terra
Lei de Stefan-Boltzmann
q
E (corpo negro) rad T 4 (corpo negro)
A
máxima
qrad
E T 4
(corpos reais)
A
Para a troca de calor por radiação entre duas superfícies, uma dentro da outra,
separadas por um gás que não interfere na transferência por radiação:
qrad
A
T 4
Superfície T 4
vizinhança
Os diferentes mecanismos de
Ainda que nunca apareçam troca térmica ocorrem
isoladamente, serão tratadas aqui simultaneamente nas mais
individualmente
diversas situações.
1,2
A tabela abaixo mostra o tempo necessário para que a temperatura seja reduzida à
metade (50 °C), na posição x = 30 cm da superfície, para diferentes difusividades
térmicas.
Fica claro que quanto maior a difusividade térmica do material, menor será o tempo
para o calor “penetrar” (se difundir) no sólido.
Exercícios Incropera – 6ed
Condução 1.1 1.5 1.7 1.9 1.11
Lei de Fourier 2.4 2.7 2.10 2.12
Propriedades Termofísicas 2.14 2.16 2.17
A Equação do Calor 2.22 2.23 2.24 2.37
VALORES TÍPICOS DE H
Convecção kW/(m².K)
0,006 -
Natural, ar
0,035
0,028 -
Forçada, ar
0,851
Natural, água 0,170 - 1,14
Forçada, água 0,570 - 22,7
da água em ebulição 5,70 - 85
do vapor em condensação 57 - 170
Forçada, sódio 113 - 227
do filme de condensação em tubos verticais,
4 000-11 000
água
- 131,7°C
Condução Convecção
T T T
q k A
L
q h A T
L 1
kA h A
T
q onde, T é o potencial térmico e
R
R é a resistênci a térmica do sistema
q
(T1 T2 )
h1. A
q.L
(T2 T3 )
k. A
q
(T3 T4 )
h2 . A
1 L 1
T1 T2 T2 T3 T3 T4 q.
h1. A k . A h2 . A
T T T T T total
q 1 4 1 4 q
1
L
1 R R R Rt
1 2 3
h .A k.A h .A
1 2
Convecção
Condução de Calor Unidimensional em Regime Permanente
? Meio composto
Resistência equivalente:
(147)
(148)
(149) (150)
q
T total T1 T5
T1 T5
Rt Ri Rref Riso R e 1 L L 1
1 2
hi .A k 1.A k 2 .A he .A
Exercícios Incropera – 6ed
Convecção 1.13 1.15 1.16 1.17 1.19
Radiação 1.24 1.25 1.27 1.30
Parede Plana 3.1 3.5 3.9 3.11 3.15
Parede Cilíndrica 3.37 3.41 3.42 3.43 3.47
Parede Esférica 3.55 3.57 3.58 3.59 3.60
Condução com geração de Energia Térmica 3.72 3.88 3.96
≡ Processos e Propriedades
≡ Intensidade e Poder Emissivo
≡ Radiação de Corpo Negro
Cerca de 87% dos raios cósmicos observados até hoje são formados por núcleos de
hidrogênio, 12% pelos de hélio e o restante são elementos mais pesados, como o carbono e o
ferro. Os raios cósmicos mais energéticos observados até hoje têm energia igual à de uma
bola de tênis lançada com uma velocidade de 57 m/s (205 km/h). É uma quantidade de
energia imensa para um corpo que é cerca de 1014 vezes menor que uma bola de tênis...
Heinrich Hertz, cientista alemão, foi quem produziu pela primeira vez ondas eletromagnéticas.
Em sua homenagem, a unidade de frequência é denominada “hertz” (Hz).
≡ 1 ciclo/segundo = 1 Hz (hertz)
COMPRIMENTO
DESIGNAÇÃO
DE ONDA (λ)
Até 0,001 Å Constituinte dos raios cósmicos
0,001 Å a 0,01 Å Raios gama
0,01 Å a 100 Å Raios X
100 Å a 4 000 Å Ultravioleta
4 000 Å a 7 000 Å Luz visível
7000 Å a 100 µm Infravermelho
100 µm a 100 cm Ondas de radar e micro-ondas
Ondas hertzianas
1 m a 1 km (televisão, FM, rádio: ondas curtas,
médias e longas)
Exemplo 59– Você está sintonizando uma emissora que opera numa
frequência de 100 MHz. Qual o comprimento de onda dessas emissões?
Mais tarde, no século XVII, essas teorias ganharam dois fortes adeptos: Newton que defendia a ideia
dos antigos filósofos gregos, dando a ela o nome de modelo corpuscular da luz, e Christian
Huygens, físico holandês, defendia a teoria de Leonardo da Vinci insistindo no modelo ondulatório da
luz.
Em 1862, estudando o fenômeno da refração, o físico francês Michel Foucault conseguiu medir a
velocidade da luz na água. Newton dizia que esse valor seria maior do que a velocidade da luz no ar,
devido a uma força de atração F, que provocaria uma mudança na direção do movimento das
partículas do feixe luminoso.
Foucault observou exatamente o contrário: a velocidade da luz, na água, era menor do que no ar. A
visão de Newton sobre o assunto foi praticamente abandonada.
Quando a radiação é tratada como onda eletromagnética, ela pode ser emitida em
todos os comprimentos de onda, de = 0 a ⟶ +∞. Nas temperaturas
encontradas na maioria das aplicações em engenharia, há predomínio da radiação
emitida por um corpo nos comprimentos de onda de = 0,1 a 100 m. Por esta
razão, a faixa do espectro de comprimento de onda nesse intervalo é denominada
radiação térmica.
A emissão de energia na forma de radiação eletromagnética é um processo
global; isto é, a radiação que se origina do interior de um corpo é emitida através
da superfície. Com relação a absorção, a radiação incidente sobre uma superfície
penetra no meio até uma determinada profundidade.
Como grande proporção de radiação incidente é atenuada a uma pequena
distância da superfície podemos afirmar que a radiação foi absorvida pela
superfície. A parte absorvida é transformada em energia interna. Por exemplo, o
Sol emite radiação térmica a partir de uma superfície efetiva a cerca de 5.760 K,
prevalecendo os comprimentos de onda entre 0,1 e 5 m.
1
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Radiação
Radiação Térmica
Q Q Q Qi 1
Q Q Q
(absorvidade) ( refletivid ade ) (transmissividade)
Qi Qi Qi
Outras Características
= 1
Frequentemente a equação (172) também se aplica a líquidos, embora a
transmissividade seja fortemente dependente da espessura. Os gases, em
geral, refletem muito pouco; a radiação térmica incidente, neste caso, torna-se
= 1
Como são frações, e variam entre 0 e 1; para todos os corpos reais elas
são sempre menores que 1.
Reflexão
Absorção
Transmissão
Absorção de Radiação
Se o fluxo de radiação incidir sobre um corpo negro, será completamente
absorvido por este. Entretanto, como vimos, se a radiação térmica incidir sobre
um corpo real, parte será absorvida e parte será refletida.
Se for feita uma consideração razoável, desprezando o fluxo de radiação
advindo do meio circundante, a troca líquida entre as superfícies pode ser
expressa por
(178)
Onde F1, que inclui o efeito de orientação das superfícies (leva em conta o
ângulo entre as normais às superfícies) e as emissividades, é denominado
fator de vista (ou fator de forma), no caso, da superfície 1.
Apenas uma pequena parte da energia do Sol atinge a superfície do nosso planeta
devido à grande distância entre os dois. A intensidade dessa radiação que alcança
a atmosfera da Terra foi determinada com mais exatidão através de um conjunto de
medidas em grande altitude usando balões, aeronaves e até naves espaciais entre
1967 e 1970. A energia resultante, conhecida como constante solar, foi
determinada por consenso internacional como sendo Gs = 1.353 W/m².
Esta quantidade representa o fluxo de radiação solar incidente sobre um plano
ortogonal aos raios solares na linha Kármán (superfície esférica imaginária, há
100 km acima do nível do mar, usada para definir o limite entre atmosfera e
espaço), quando a Terra se encontra à distância média do Sol.
Conforme o planeta se move em torno do Sol, numa órbita ligeiramente elíptica, a
distância entre os astros varia entre 98,3% (periélio) e 101,7% (afélio) dessa
distância média. Por esse motivo, o valor real de Gs varia em cerca de ±3,4%, isto
é, de um valor mínimo de 1.310 W/m², no dia 21 de junho, a um valor máximo de 1
399 W/m², no dia 21 de dezembro. De qualquer maneira, na prática tal variação no
valor efetivo de Gs é desprezível e assume-se que o valor de Gs é a constante
estabelecida.
Figura 82 – Distribuição espectral da
radiação solar
A figura 87 ilustra graficamente cada uma das polarizações e a soma das duas
(resultante).
Note que a luz espalhada, tanto para frente quanto para trás, tem a mesma
característica da luz incidente. Todavia, à medida que visualizamos a luz
espalhada, nos deslocando em direção à normal ao eixo de incidência, há uma
redução da intensidade I2 e a luz espalhada vai se polarizando
progressivamente.
Exercícios Incropera – 6ed
Intensidade e Poder Emissivo 12.2 12.3 12.5
Radiação de Corpo Negro 12.16 12.17 12.18
Da mesma forma que um gradient e de t em perat ura é o pot encial m ot riz para a
t ransferência de calor , um gradient e de concent r ação de uma espécie em uma mistura
fornece o pot encial m ot riz para a t ransferência de m assa desta espécie.
Deve ser feita uma distinção entre t r ansferência de m assa e m ovim ent o da m assa
(escoamento) de um fluido, que ocorre em nível m acroscópico quando o fluido é
transportado de um lugar para outro.
𝜙 = 0,1 m
1 atm 1 atm
60% A 30% A
20% B 70% B
T = 273 K 1,8 m T = 273 K
Figura 91 – Exemplo 65
Exercícios Incropera – 6ed
Composição de Misturas 14.1
Difusividade Mássica 14.6 14.7
Equação da Difusão Mássica 14.17 14.18
Contato:
(+5521) 99759-1661
http://lattes.cnpq.br/9510794972870727
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