Descrição: Módulo 1
Descrição: Módulo 1
Descrição: Módulo 1
PROPÓSITO
Compreender os processos que levam aos diferentes distúrbios de pigmentação endógena e
exógena nos seres humanos, seus principais aspectos histopatológicos e clínicos. Apresentar
os princípios gerais da calcificação, suas características, formas mais importantes e como ela
impacta no organismo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
Descrever o conceito de calcificação patológica, seus aspectos gerais e clínicos
INTRODUÇÃO
Pigmento (do latim pigmentum ) é o nome dado às substâncias químicas que possuem uma
coloração própria. Essas substâncias são encontradas facilmente na natureza, como a clorofila,
que dá a coloração esverdeada às plantas, a hemoglobina, presente nos eritrócitos circulantes
no sangue, e a melanina, presente na pele.
Além dos pigmentos, podemos também acumular nos tecidos moles (artérias, cartilagens,
válvulas cardíacas etc.) sais de cálcio, tornando-os mais rígidos, em um processo conhecido
como calcificação patológica.
ENDÓGENA
EXÓGENA
PIGMENTOS ENDÓGENOS
Os pigmentos endógenos são aqueles produzidos pelo nosso organismo. Nesse contexto,
destacam-se a hemoglobina e a melanina, substâncias que apresentam uma enorme
importância fisiológica. Qualquer alteração na produção (hipo ou hiperprodução) ou na
distribuição dessas substâncias leva a um acúmulo nos tecidos.
Tem como principal função a proteção da pele contra a radiação ultravioleta (UV). As
propriedades de fotoproteção da melanina ocorrem pela absorção e dispersão da luz UV
e visível.
MELANÓCITOS
Produção de melanina por melanócitos, na pele com e sem exposição aos raios
ultravioletas.
SAIBA MAIS
Indivíduos com uma maior concentração de eumelanina são mais pigmentados, e indivíduos
com mais feomelanina são menos pigmentados e mais suscetíveis aos efeitos dos raios UV.
Além disso, a diferença fenotípica fundamental entre as raças não reside na produção de
melanina ou no número de melanócitos, mas, principalmente, na qualidade de seus
melanossomas.
Nevos melanocíticos
A maioria surge em decorrência de alterações genéticas e da exposição solar, mas podem ser
congênitos, ou seja, presentes desde o nascimento ou que se desenvolvem durante a infância
a partir de células névicas preexistentes. É importante destacar que congênito não quer dizer
hereditário.
NEVOS
É o termo médico que descreve uma lesão na pele popularmente conhecida como mancha,
pinta ou sinal.
RESPOSTA
BENIGNAS
MALIGNAS
BENIGNAS
Massa de células bem diferenciadas parecidas com o tecido de origem, coesa, bem delimitada,
com crescimento progressivo e que não apresenta capacidade invasiva e infiltrativa.
MALIGNAS
São chamadas de cânceres. Massa de células com contornos irregulares, invasiva e infiltrativa.
De crescimento rápido, são células normalmente indiferenciadas e com possibilidade de
metástases para outros órgãos.
ETAPA 03
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METÁSTASES
Metástase é o nome do processo no qual células de um tumor primário migram pela circulação
sanguínea ou linfática, gerando uma nova lesão tumoral.
Quando o nevo se inicia na junção entre a derme e a epiderme são chamados de nevos
juncionais. As células dos nevos juncionais costumam exibir pouca ou nenhuma atividade
mitótica.
MITÓTICA
Conforme os nevos juncionais crescem, eles podem se infiltrar cada vez mais na derme e
passam a se chamar nevos compostos, já que exibem características de nevos intradérmicos e
juncionais. Clinicamente, é difícil distinguir se o nevo é intradérmico ou composto, já que
ambos são lesões elevadas, diferentemente dos nevos juncionais, que se apresentam como
lesões planas hiperpigmentadas.
Corte histológico da pele e a pele, mostrando um nevo juncional.
SAIBA MAIS
Além dessas classificações, temos também o nevo intramucoso, tipo mais comum na boca,
com acúmulo de células névicas no tecido conjuntivo, e o nevo azul, que apresenta as células
com um formato fusiforme, localizado no tecido conjuntivo, de coloração azul.
MELANOMAS
Os melanomas são neoplasias malignas que afetam a mucosa oral, esôfago, meninges, olhos,
e especialmente a pele. Quando detectado em seus estágios iniciais, o melanoma pode ser
tratado e curado cirurgicamente.
Mutações que ativam os genes BRAF e NRAS, que são importantes na progressão do tumor,
pois aumentam a sinalização de vias relacionadas ao crescimento e sobrevida celular.
Mutação no gene TERT, que ativa a telomerase, enzima que preserva os telômeros e
interrompe o envelhecimento das células. Esse gene está mutado em 70% dos melanomas.
QUINASE
RESPOSTA
Os telômeros são sequências repetidas de DNA, localizadas na extremidade dos
cromossomos, que têm como função auxiliar:
No entanto, durante a replicação celular, ocorre perda progressiva dos telômeros pelo
encurtamento, o que diminui a capacidade replicativa e leva ao envelhecimento celular.
É importante destacar que a telomerase é uma enzima que estende os telômeros dos
cromossomos, revertendo seu encurtamento. Essa enzima é ativa nas células germinativas e
em várias células cancerígenas.
CRESCIMENTO RADIAL
Com a progressão, o melanoma passa para a fase de crescimento vertical, com infiltração das
camadas mais profundas da derme, sendo chamado de melanoma infiltrativo. Nessa fase,
pode-se observar a presença de nódulos, e o tumor passa a ter capacidade de gerar
metástase.
Os estágios do melanoma vão de 0 (melanoma in situ ) até 4, que é o grau mais grave,
também chamado de melanoma metastático.
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ACANTOSE NIGRICANS
Cerca de 80% dos casos de acantose nigricans são de natureza benigna. Histologicamente,
tanto na forma benigna quanto na maligna são observadas ondulações da epiderme, com
aumento no número de células, pigmentos e queratina na camada mais superficial da
epiderme.
OCRONOSE
é uma doença genética metabólica rara, causada por mutações no gene, que codifica a enzima
que degrada o ácido homogentísico, um pigmento castanho-avermelhado ou amarelo no
formato de grânulos.
Com isso, o pigmento se acumula no plasma sanguíneo, na pele, tecido conjuntivo, cartilagens
e na urina, que passa por oxidação quando exposta ao ar e forma polímeros parecidos com o
pigmento de melanina, o que torna a urina escurecida.
Ocronose.
ÁCIDO HOMOGENTÍSICO
HIPOADRENALISMO
Redução na função da glândula adrenal (presente na parte superior dos rins), resultando na
diminuição dos hormônios produzidos por ela.
Essas manchas podem ser chamadas também de cloasmas ou melasmas, e são mais
comuns em áreas da pele com maior exposição solar e em mulheres, por ação de fatores
hormonais, principalmente na gravidez, que apresenta uma maior alteração nos níveis de
hormônios.
VOCÊ SABIA
Você já deve ter ouvido falar em vitiligo e albinismo. Essas condições, diferentes das que já
estudamos até aqui, são distúrbios de pigmentação causadas pela diminuição ou
ausência de melanina.
VITILIGO
O vitiligo é classificado como uma condição multifatorial, e algumas teorias para a ausência dos
melanócitos são a destruição das células por estresse oxidativo, autoimunidade e
autodestruição dos melanócitos. O vitiligo de origem genética (familiar) representa cerca de
20% dos casos.
ACROMIA
HIPERCROMIA
ALBINISMO
O albinismo é uma doença genética que afeta 1 a cada 20 mil pessoas. O indivíduo com
albinismo pode ter um quadro de acromia parcial, quando envolve ausência de pigmentação
somente na retina, condição conhecida como albinismo ocular (AO), ou acromia generalizada,
quando afeta a pele, cabelos e olhos no albinismo oculocutâneo (AOC).
O AOC é uma condição de caráter autossômico recessivo que envolve mutações em genes
relacionados à tirosinase, que resulta na coloração branca da pele e nos cabelos devido à
ausência de pigmentação. Os indivíduos que sofrem de albinismo devem evitar ao máximo a
exposição solar, pois são deficientes na principal forma orgânica de proteção contra os raios
UV, que é feita pela melanina.
Criança com albinismo oculocutâneo.
AUTOSSÔMICO RECESSIVO
VOCÊ SABIA
PIGMENTOS RELACIONADOS À
LIPOFUSCINA (LIPOCROMO OU PIGMENTO
DE DESGASTE)
A lipofuscina é um pigmento endógeno insolúvel derivado da peroxidação de lipídios, que atua
como um sinalizador da degradação de lipídios de membranas celulares. As moléculas geradas
se agrupam formando moléculas maiores num processo chamado polimerização, o que as
torna insolúveis e dificulta sua metabolização.
PEROXIDAÇÃO
AUTOFAGIA
Nome dado ao mecanismo de degradação de componentes e organelas celulares realizado
pela própria célula pelos lisossomas.
PIGMENTOS RELACIONADAS À
HEMOGLOBINA
A hemoglobina é uma proteína presente nas hemácias composta por 4 subunidades (2 alfas (α)
e 2 betas (β)) de uma fração proteica, chamada globina, e uma fração não proteica, chamada
de heme, que é a responsável pela coloração vermelha das hemácias. A fração heme da
hemoglobina possui íons ferro no centro e é o sítio de ligação para o oxigênio que será
distribuído no organismo.
A hemossiderose não costuma causar sintomas. Porém, indivíduos com quadros avançados
podem desenvolver anemia e fibrose pulmonar.
A hemocromatose é uma doença hereditária rara, que acomete mais facilmente os homens,
causada por mutações em genes relacionados à absorção de ferro. As mutações favorecem o
aumento da absorção intestinal de ferro proveniente da dieta, e com isso aumenta-se também
a deposição de hemossiderina nos macrófagos e no parênquima de órgãos como fígado, pele,
pâncreas, coração e em algumas glândulas.
VOCÊ SABIA
Indivíduos que passaram por transfusão sanguínea, com quadros de talassemia e síndromes
mielodisplásicas, podem desenvolver a hemocromatose secundária (ou adquirida) pelo
aumento na quantidade de hemácias degradadas e de ferro livre.
Em meios ácidos, por exemplo, por ação do ácido clorídrico em tecidos com úlceras.
Durante a malária, após a degradação da hemoglobina pelo parasita.
Durante a fixação de tecidos de biopsia com formol ácido durante a realização do exame.
As porfirias podem ser classificadas de acordo com sua origem (em congênita ou adquirida),
propriedades bioquímicas e pelo local em que se encontram. A porfiria eritropoética congênita e
a protoporfiria eritropoética, como os nomes sugerem, são causadas por alterações durante a
síntese do heme na medula óssea.
A porfiria cutânea tardia, porfiria intermitente aguda e a eritro-hepática são causadas por
alterações no fígado.
O principal sinal clínico dessas doenças é o aparecimento de lesões bolhosas na pele, que
regridem e deixam manchas com alteração de pigmentação e sensibilidade à luz solar, pela
capacidade de absorção de luz visível e UV pelas porfirinas.
Reação de hipersensibilidade à luz em indivíduo com protoporfiria eritropoética.
O aumento plasmático de bilirrubina faz com que ela se acumule na pele, mucosas, tecidos e
órgãos, em especial no fígado e rins, resultando em uma coloração amarelada.
1.
2.
3.
A bilirrubina direta, por sua vez, sai dos hepatócitos para os canalículos biliares para formar a
bile ou é metabolizado pela microbiota intestinal em vários compostos, mas principalmente no
urobilinogênio.
Este pode entrar na circulação sanguínea, e ser reconvertido no fígado à bilirrubina conjugada,
para ser excretado de novo na bile (ciclo enterro-hepático). Pode ser encaminhado para o rim,
onde é convertido à urobilina, um pigmento amarelo que dá cor à urina, ou ser degradado pela
flora fecal no intestino, sendo oxidada a estercobilina, um pigmento castanho-avermelhado que
dá cor às fezes.
Degradação do heme e formação da bilirrubina.
SAIBA MAIS
A bilirrubina não conjugada é insolúvel e, sendo assim, não é eliminada na urina, o que
favorece seu acúmulo nos tecidos. Já a bilirrubina conjugada torna-se solúvel em água e tem
pouca afinidade de ligação à albumina (principal proteína transportadora do plasma
sanguíneo), o que facilita sua excreção na urina.
EXEMPLO
O grupamento heme, por sua vez, é regurgitado pelo verme adulto na circulação sanguínea do
hospedeiro, originando o pigmento esquistossomótico. Esse pigmento apresenta cor castanho-
escura e acumula-se nas células de Kupffer.
MÓDULO 2
PIGMENTOS EXÓGENOS
Os pigmentos exógenos são moléculas originadas no ambiente que penetram o organismo por
diferentes vias de administração, como a inalação, ingestão ou inoculação.
Esses pigmentos, quando acumulados nos tecidos, na maioria das vezes, funcionam como
corpos estranhos, sendo fagocitados pelos macrófagos residentes, iniciando uma resposta
imune inata (processo inflamatório agudo), na tentativa de eliminar o agente etiológico. O
processo inflamatório pode evoluir para cronicidade ou resolução, com a fibrose no tecido
acometido.
Diferentemente dos pigmentos endógenos que indicam dano ou uma patologia, os pigmentos
exógenos são, na sua maioria, os responsáveis pelo desenvolvimento das doenças. Várias
dessas doenças são resultados da exposição ocupacional, como ocorre com os mineradores,
trabalhadores de indústrias e joalheiros.
Como uma exceção à regra, temos a tatuagem, um exemplo de pigmento exógeno. Ao serem
inoculadas na nossa pele, as partículas de tinta são fagocitadas por macrófagos, mas sem
causar uma doença.
PIGMENTAÇÕES PATOLÓGICAS
EXÓGENAS: VIA INOCULAÇÃO –
TATUAGEM
A tatuagem é a forma de pigmentação exógena mais comum de encontrarmos nos seres
humanos. Ela é realizada pela inoculação de pigmentos insolúveis (como os sais de enxofre,
carvão, nanquim, mercúrio, ferro, entre outros corantes) na pele, utilizando-se agulhas para
meios estéticos e de identificação de animais.
Em geral, as tatuagens são permanentes devido à introdução do pigmento na derme. Caso ele
seja introduzido em camadas mais superficiais da pele, como o estrato córneo da epiderme, a
tatuagem se torna temporária.
SAIBA MAIS
PIGMENTAÇÕES PATOLÓGICAS
EXÓGENAS: INGESTÃO ORAL
Argirismo
É uma patologia causada pela intoxicação por sais de prata e pela deposição dessas partículas
nos tecidos.
SAIBA MAIS
Plumbismo ou saturnismo
Os indivíduos mais suscetíveis à contaminação com o chumbo são trabalhadores das áreas de
mineração e indústria, que pela sua ocupação apresentam contato periódico com esse metal.
Embora esse quadro acometa também crianças especialmente pelo contato com brinquedos
que contenham tintas à base de chumbo.
O chumbo não apresenta nenhuma função fisiológica e tem efeito nocivo em quase todos os
órgãos e sistemas.
Essa molécula forma complexos estáveis com enxofre, fósforo, nitrogênio, oxigênio
(grupamentos -SH, -H2PO3, -NH2, -OH) e conseguem imitar ou inibir o cálcio e interagir com
No SNC, o chumbo deposita-se nos astrócitos, células que mantêm a integridade da barreira
hematoencefálica e, assim, protegem o SNC. Além disso, há a alteração do metabolismo de
carboidratos, com diminuição da glicose circulante no cérebro e aumento da síntese de
neurotransmissores como dopamina, acetilcolina e do ácido aminobutírico (GABA), o que pode
ocasionar um quadro de defeitos cognitivos.
O plumbismo pode afetar também o intestino, onde causa enrijecimento da parede abdominal,
além de nefropatia tubular nos rins e reações na pele como dermatite e úlceras.
SAIBA MAIS
Nos indivíduos que sofrem de plumbismo crônico, a presença de chumbo lesiona fibras
mielínicas, o que leva ao desenvolvimento de neuropatia periférica, e gera atrofia em diversas
áreas do cérebro.
DICA
A intoxicação por chumbo pode ser tratada com terapia quelante. Essa terapia consiste na
administração de medicamentos capazes de se ligar ao chumbo e favorecer a eliminação dos
metais pela urina.
Rara de ser encontrada, a pigmentação bismútica acontece pela intoxicação com sais de
bismuto. O bismuto costumava ser muito usado no passado para o tratamento de sífilis. A
pigmentação bismútica leva ao aparecimento de linhas gengivais de coloração azul ou preto-
azulada. Sua capacidade de intoxicação é baixa quando comparada a outros metais pesados,
como o chumbo.
Carotenose
Assim, quando a ingestão acontece de forma exagerada, a excreção dessa substância pode
não acontecer de maneira suficiente, o que faz com que o estrato córneo da epiderme
reabsorva o excesso não eliminado, que por sua vez se acumula no local e se torna visível na
pele, causando a condição chamada de carotenodermia, comum em crianças e que não
causa nenhum problema além da alteração de coloração da pele. A pele amarelada é a
principal característica clínica da carotenose.
Níveis reduzidos de lipoproteínas responsáveis pelo transporte dos carotenos, de ácidos
biliares e lipases pancreáticas que auxiliam na sua absorção, além de alterações intestinais,
são fatores que podem favorecer o acúmulo dos carotenos.
ATENÇÃO
Por levar ao amarelamento da pele é importante que seja feito o diagnóstico diferencial com a
icterícia.
PIGMENTAÇÕES PATOLÓGICAS
EXÓGENAS: VIA INALAÇÃO
As pneumoconioses são pneumonias causadas pela inalação de partículas inorgânicas que
afetam o interstício pulmonar. Costumam ser causadas pela inalação de partículas de dióxido
de silício, carvão ou amianto.
Partículas menos densas e com alta solubilidade tendem a provocar efeitos de maneira aguda,
enquanto as mais densas e com menor solubilidade podem se instalar no parênquima
pulmonar por anos.
TAMANHO E FORMA
QUANTIDADE
Varia de acordo com o tempo de exposição, quantidade de partículas presentes no ar e
capacidade do organismo de eliminar as partículas inaladas.
FATORES SECUNDÁRIOS
O tabagismo, por exemplo, facilita a deposição de partículas no pulmão por lesionar o aparelho
mucociliar.
SAIBA MAIS
Associada a isso, a ação de outros produtos presentes na fumaça, como a nicotina, que tem
capacidade de inibir os movimentos ciliares, aumenta a produção de muco, que acaba ficando
retido no pulmão pela inibição do sistema mucociliar.
Essa condição pode evoluir para o enfisema centrolobular quando há dilatação dos alvéolos
próximos. Quando esse quadro evolui de forma mais agressiva, causa a fibrose maciça
progressiva, com fibrose intensa e grande acometimento funcional do pulmão.
Fibrose pulmonar.
Antracose
Assim que são inalados, os pigmentos encontram macrófagos alveolares que os fagocitam,
sendo possível observar os pigmentos no citoplasma das células e nos linfonodos regionais.
Silicose
A silicose ocorre pela inalação de cristais de dióxido de silício (ou sílica), e não é considerada
um distúrbio de pigmentação. No entanto, é uma pneumoconiose que se desenvolve após
exposição longa à sílica, uma partícula altamente irritante, que ativa o sistema imunológico
inato, desencadeando uma resposta inflamatória relevante e predispõe a outras infecções
pulmonares.
No início do quadro, são observados nódulos pequenos nas partes superiores do pulmão e nos
linfonodos hilares, que podem ser brancos ou escurecidos, a depender da presença
concomitante de partículas de carvão.
INFLAMASSOMAS
Com a evolução do quadro, podem se formar áreas de fibrose nodular coalescente (junção dos
nódulos), com rígidas cicatrizes colagenosas e fibrose maciça progressiva. É importante dizer
que a doença pode progredir mesmo com o fim da inalação de novas partículas.
VOCÊ SABIA
Pacientes com silicose têm mais chances de desenvolver câncer de pulmão, e são mais
suscetíveis à tuberculose, pela redução na capacidade dos macrófagos pulmonares em
eliminar o Mycobacterium tuberculosis .
Telhas de amianto eram muito usadas na construção civil.
Asbestose
O amianto, além de ser um potente indutor e promotor tumoral, também é um potente indutor
de fibrose pulmonar. As fibras de amianto possuem diferentes características de aerodinâmica,
solubilidade e flexibilidade.
As fibras mais solúveis são eliminadas aos poucos dos tecidos, enquanto as menos solúveis e
mais rígidas são mais perigosas, pois, a partir da corrente sanguínea, podem penetrar nas
células endoteliais e atingir partes mais profundas do pulmão. No entanto, ambas causam a
fibrose pulmonar.
Fibras de asbestos podem acumular-se nos pulmões.
ATENÇÃO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
Osteoclastos são células de reabsorção óssea presentes nas superfícies ósseas onde o osso
está sendo removido ou remodelado (reorganizado) ou onde o osso foi lesionado. Os
osteócitos representam os osteoblastos recobertos de matriz extracelular.
O tecido ósseo é classificado como tecido ósseo compacto (denso) e tecido ósseo esponjoso
(trabecular). O tecido ósseo compacto é a parte rígida, mais externa e presente em maior
quantidade na parte central do comprimento dos ossos. Já o tecido ósseo esponjoso está
presente em maior quantidade nas extremidades dos ossos, possui redes de espaços
intercomunicantes, além de abrigar a medula óssea.
Uma vez ativadas, essas células liberam uma série de enzimas proteolíticas, que agem
removendo o cálcio e o fosfato do tecido ósseo, além de colágeno, desmineralização e
degradação da matriz óssea (reabsorção óssea).
Além disso, é fundamental para a manutenção dos níveis de cálcio normal no organismo.
O osso serve como um reservatório de íons cálcio. A manutenção dos níveis de cálcio normais
no organismo é de suma importância para a manutenção da vida. Quando os níveis de cálcio
sanguíneo diminuem, o cálcio pode ser mobilizado da matriz óssea, e quando os níveis
aumentam, ele pode ser removido do sangue e depositado nos ossos.
O cálcio circula pelo corpo principalmente na sua forma inativa e sua absorção acontece no
intestino, mais especificamente no duodeno. Além de fatores hormonais, a deficiência de
vitamina D interfere na absorção de cálcio.
A vitamina D, de qualquer fonte (fotossintetizada ou ingerida na alimentação), é encaminhada
para o fígado, onde é convertida em outra molécula, a 25-hidroxicolecalciferol (25-OH-D). Por
fim, a 25-OH-D é convertida nos rins na forma mais ativa da vitamina D, a 1,25-di-
hidroxivitamina D (1,25-OH-2D).
SAIBA MAIS
A vitamina D pode ser absorvida pelos alimentos, como atum e salmão, por via intestinal ou
sintetizada endogenamente mediante exposição à radiação UV. A síntese endógena de
vitamina D corresponde à 90% da quantidade necessária para o organismo. Quando há
exposição aos raios UV, a molécula precursora 7-desidrocolesterol, presente na epiderme, é
convertida em vitamina D (também chamada de colecalciferol).
Alguns hormônios também estão diretamente relacionados com a homeostase dos níveis de
cálcio circulantes. Nos quadros de hipercalcemia, a glândula tireoide é estimulada a produzir
um hormônio chamado de calcitonina, que estimula absorção e deposição de cálcio no tecido
ósseo, inibe reabsorção óssea feita pelos osteoclastos e reduz a reabsorção renal de cálcio,
reduzindo, assim, os níveis de cálcio circulantes.
De maneira contrária age o paratormônio (PTH), hormônio produzido pelas paratireoides que
induz um aumento na concentração de cálcio na corrente sanguínea, pois estimula a ativação
de osteoclastos que, ao causar a desmineralização e degradação da matriz, libera cálcio e
fósforo para a corrente sanguínea.
CALCIFICAÇÃO PATOLÓGICA
Uma vez que o tecido ósseo está em constante remodelamento, como ocorre o processo
de calcificação patológica?
RESPOSTA
Nesses tecidos, os sais de cálcio precipitados são similares à hidroxiapatita e sua deposição e
precipitação inicial ocorrem de maneira espontânea e gradual, sendo chamadas de nucleação
primária. Uma vez depositados, esses cristais precipitados favorecem a precipitação de mais
cristais, em uma fase chamada de nucleação secundária.
Além disso, os sais de cálcio circulantes também ajudam a manter o processo de calcificação.
Na presença do íon fosfato, o cálcio circulante se liga e origina o fosfato de cálcio, uma
substância insolúvel que se deposita com mais facilidade, podendo acumular nos vasos
sanguíneos. No entanto, esses cristais podem ocorrer como depósitos amorfos não cristalinos.
CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA
Tipo mais comum de calcificação, ocorre com acúmulo de sais de cálcio nos tecidos mortos ou
lesados, ou seja, onde existam alterações teciduais, de forma local e independente da
concentração plasmática de cálcio. Essa calcificação é encontrada em focos de necrose
tecidual e celular, e está quase sempre presente nas placas ateroscleróticas avançadas.
VOCÊ SABIA
Fibras elásticas e colágenas, ácidos graxos, proteínas desnaturadas, entre outras estruturas,
podem agir como iniciadores de nucleação primária, favorecendo, assim, a deposição de sais
de cálcio precipitados.
CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA
Insuficiência renal.
Essa calcificação pode acontecer em qualquer lugar do corpo, mas acometem principalmente
os rins, pulmões, estômago e artérias. Essa predileção por esses locais é explicada pelo fato
de esses órgãos secretarem substâncias ácidas; sendo assim, o seu interior é alcalino e
favorece a precipitação dos sais de cálcio.
HIPERFOSFATEMIA
Em geral, seu acúmulo não causa disfunção clínica. Porém, o envolvimento grave dos pulmões
leva a um sério comprometimento respiratório.
SAIBA MAIS
Existem ainda calcificações sem a presença de lesão prévia, como a calcificação distrófica, e
com os níveis séricos de cálcio e fosfato normais. Essa calcificação, chamada de calcinose
idiopática, costuma se estabelecer de forma assintomática na pele, em especial na região
escrotal.
Essas estruturas também podem ser chamadas de litíases, e são classificadas usando-se
como sufixo o órgão afetado: colelitíase, nefrolitíase, sialolitíase. A composição dos cálculos é
de origem endógena e varia de acordo com o órgão em que eles são formados.
SIALOLITÍASES
As sialolitíases, embora não tenham causa específica, são originadas muitas vezes por
associação à obstrução das glândulas salivares por restos de alimentos, o que favorece o
crescimento bacteriano.
COLELITÍASE
Os cálculos biliares são formados na maioria das vezes pela produção aumentada da bile,
fazendo com que frações insolúveis compostas por sais de cálcio, bilirrubina e outras
substâncias insolúveis precipitem ao redor de núcleos orgânicos.
Podem também ser desenvolvidos na forma de cálculos de colesterol. Essa massa ou pedra
endurecida pode obstruir as vias biliares e causar icterícia, dores e quadros de pancreatite
aguda.
Cálculos de colesterol na vesícula biliar com colecistite.
Os cálculos de colesterol são de cor amarela; já os cálculos biliares formados por cálcio e
bilirrubina, são pigmentados na cor marrom à negra. Cerca de 80% dos casos de cálculo biliar
são assintomáticos. Entretanto, nos casos sintomáticos, pode haver dor na região da vesícula
e, nos casos mais graves, pode gerar colecistite.
NEFROLITÍASE
No caso dos cálculos renais (nefrolitíase), o cálcio presente na urina é o principal componente.
A formação de cálculos renais por ácido úrico e outras substâncias também acontece, porém,
de maneira menos frequente.
O segundo é quando os cálculos são formados aderidos às saídas dos ductos coletores;
Os principais sintomas dos cálculos renais são dores severas, hematúria e o favorecimento de
infecções.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, vimos que os pigmentos presentes no nosso corpo podem ser de origem
endógena (como a melanina e a hemoglobina) ou de formas exógenas, originários do meio
ambiente.
Aprendemos também que a pigmentação pode ocorrer de forma normal ou patológica, sendo
os pigmentos endógenos, normalmente, indicativos de danos e de patologias, e os exógenos
as causas das doenças, pois, na sua maioria, destravam um processo inflamatório. Assim,
vimos os principais pigmentos relacionados a condições patológicas e as características das
patologias relacionadas.
Vimos que, além de pigmentos, o organismo é capaz de acumular sais de cálcio nos processos
de calcificação patológica, e que esse acúmulo pode ocorrer em tecidos que sofreram algum
dano, como a necrose, independentemente da concentração plasmática de cálcio (calcificação
distrófica), ou em situações de hipercalcemia, ocorrendo em qualquer tecido normal do
organismo (calcificação metastática). No entanto, as alterações micro e macroscópica desse
tipo de calcificação são iguais.
Por fim, conhecemos os diferentes tipos de cálculos, massas solidificadas formadas em órgãos
ocos, predominantemente nos rins e na vesícula biliar, e que apresentam diferentes
composições e têm origem endógena.
Todos esses conceitos abordados nesta jornada são fundamentais para auxiliar no
entendimento da fisiopatologia de alguns distúrbios e doenças, suas causas e consequências
no organismo.
PODCAST
Neste podcast, a professora Isabella Tavares faz um breve resumo do tema por meio de
perguntas que permeiam os principais tópicos abordados.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
AZULAY, R. D. et al . Dermatologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
BRASILEIRO FILHO, B. Patologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Gen, Guanabara Koogan, 2016.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados nesta aula, assista:
Ao vídeo sobre Hemoglobina, no canal Khan Academy Brasil, que revisa a estrutura e
como a hemoglobina age na oxigenação.
Veja a cartilha sobre Pneumoconioses, elaborada pelo Ministério da Saúde para obter
mais detalhes sobre elas.
CONTEUDISTA
Isabella Forasteiro Tavares
CURRÍCULO LATTES