ARTETERAPIA
ARTETERAPIA
ARTETERAPIA
1 SUMÁRIO
2 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2
3 ARTETERAPIA ........................................................................................... 3
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2 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
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3 ARTETERAPIA
Fonte: institutopsicologiaemfoco.com.br/2016/11/11/saude-mental-e-arte/
Lembrando que todas essas linguagens, são linguagens onde não é enfatizado
a questão estética.
Técnicas expressivas:
Desenho;
Pintura;
Modelagem: pode acontecer com argila, que é um excelente material de
trabalho, mas também pode ser usado massinha de modelagem com os
pequenos, com biscuit;
Música;
Poesia;
Dramatização e dança.
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Margareth Naumburg (1890-1983) pode ser considerada a fundadora da arteterapia,
pois foi a primeira a sistematizá-la, em 1941 (ANDRADE, 1995, 2000, apud REIS, p
145). Seu trabalho é denominado Arteterapia de Orientação Dinâmica, e foi
desenvolvido com base na teoria psicanalítica (Naumburg, 1966). Nessa perspectiva,
as técnicas de arteterapia visam a facilitar a projeção de conflitos inconscientes em
representações pictóricas, sendo esse material submetido à interpretação seguindo o
modelo teórico proposto por Freud.
No Brasil, a história da arteterapia nasce na primeira metade do século passado
entrelaçada com a psiquiatria e influenciada tanto pela vertente psicanalítica quanto
pela junguiana. Estas encontram-se representadas respectivamente nas figuras de
Osório Cesar (1895-1979, apud REIS, p 145) e Nise da Silveira (1905-1999, apud
REIS, p 145), psiquiatras precursores no trabalho com arte junto a pacientes em
instituições de saúde mental. Ambos contribuíram para o desenvolvimento de uma
outra abordagem frente à loucura, contrapondo aos métodos agressivos de contenção
vigentes na época (eletrochoque, isolamento) à possibilidade de expressão da loucura
e de sua eventual cura através da arte. Conforme relata Silveira, nesse caminho
alternativo, construiu-se um tratamento mais humano, com inegáveis efeitos
terapêuticos na reabilitação dos pacientes, que promovia a recuperação do indivíduo
para a comunidade em nível até mesmo superior àquele em que se encontrava antes
da experiência psicótica (2001, p.19, apud REIS, p 145).
Em 1923, Osório Cesar já era estudante interno no Hospital Psiquiátrico de
Juqueri, localizado em Franco da Rocha, região metropolitana de São Paulo, e, a partir
de 1925, aí trabalhou como médico ao longo de 40 anos (ANDRIOLO, 2003, apud
REIS, p 145). Já em 1925, cria a Escola Livre de Artes Plásticas do Juqueri, e, em
1948, é o organizador da 1ª Exposição de Arte do Hospital do Juqueri, no Museu de
Arte de São Paulo. Sobre seu trabalho de arte com psicóticos, o Dr. Osório publica,
em 1929, sua obra principal, A Expressão Artística nos Alienados, na qual apresenta
seu método de classificação e de análise de obras de arte de pacientes psiquiátricos.
Andriolo (2003, apud REIS, p 145) considera a importância do pensamento de Osório
Cesar, localizando-o no início da formação do campo da Psicologia da arte no Brasil,
onde sua obra representaria um exemplo consistente de leitura freudiana de arte,
embora hoje passível de crítica pelo reducionismo da obra artística a uma psicologia
individual e patologizante, em detrimento dos seus aspectos históricos e sociais.
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No que tange à história da arteterapia, Carvalho e Andrade destacam o papel
de Osório Cesar pela contribuição que trouxe no plano teórico, ao articular os
conceitos freudianos à análise da arte, considerando-o o precursor no Brasil da
análise da expressão psicopatológica de doentes mentais. Na perspectiva
psicanalítica clássica, Osório Cesar analisa a simbologia sexual presente nas
produções artísticas de seus pacientes, compreendendo a obra de arte como uma
representação dos desejos pessoais do autor, disfarçados nos elementos simbólicos
presentes nas imagens (CESAR, 1944, apud REIS, p 146). Devemos levar em conta
ainda a relevância do trabalho de Osório Cesar para a valorização da arteterapia, pois
ele realizou mais de 50 exposições divulgando a expressão artística de doentes
mentais, procurando, com isso, afirmar a dignidade humana dessas pessoas
(ANDRADE, 2000, apud REIS, p 146). Em termos da prática, de acordo com Carvalho
e Andrade, o seu método era baseado na espontaneidade e na crença de que o fazer
arte já propiciava a cura por si', por ser um veículo de acesso ao conhecimento do
mundo interior (1995, p.34, apud REIS, p 146).
A psiquiatra Nise da Silveira trabalhava no Centro Psiquiátrico D. Pedro II, em
Engenho de Dentro, Rio de Janeiro
Em 1946, assumiu a Seção de Terapêutica Ocupacional, onde os pacientes
realizam variadas atividades expressivas (sobretudo pintura e modelagem), dando-
lhe uma nova orientação, pois, para ela, a terapia com arte não deveria ter a finalidade
de distrair, mas de contribuir efetivamente para a cura dos pacientes. Em 1952, ela
criou, na mesma instituição, o Museu de Imagens do Inconsciente, composto pelo
acervo crescente das obras produzidas pelos internos, que conta com mais de
300.000 documentos plásticos, entre telas, papéis e esculturas. Desse modo,
constituiu um rico campo de pesquisa, em que a prática realizada na Seção de
Terapêutica Ocupacional era respaldada pelo estudo do valor terapêutico da atividade
criadora, a partir da investigação das imagens arquivadas no Museu de Imagens do
Inconsciente. Essa trajetória é narrada por ela no livro O Mundo Das Imagens, no qual
explica seu método e traz diversos exemplos de análise de obras de arte no processo
psicoterapêutico de pacientes, em uma leitura junguiana.
Embora seja considerada uma pioneira na história da arteterapia no Brasil
(CARVALHO & ANDRADE, 1995; ANDRADE, 2000, apud REIS, 2014, p 146), Nise
da Silveira não aceitava essa denominação ao seu trabalho, preferindo designá-lo
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terapêutica ocupacional. Ela considerava que a palavra arte trazia uma conotação de
valor, de qualidade estética, que não tinha em vista ao utilizar a atividade expressiva
com seus pacientes (SILVEIRA, 2001, apud REIS, p 146). Apesar disso, críticos de
arte como Mário Pedrosa e outros que passaram a frequentar o Museu de Imagens
do Inconsciente reconheceram ali verdadeiras obras de arte, como analisa Frayze-
Pereira (2003, apud REIS, p 146). Outros aspectos a embasar a crítica de Nise da
Silveira à arteterapia é que esta, se caracteriza pela intervenção do terapeuta,
enquanto, na prática adotada em Engenho de Dentro, as atividades realizadas pelos
pacientes eram absolutamente livres, suas criações davam-se espontaneamente a
partir do material disponibilizado nos ateliers, sendo apenas acompanhadas por uma
monitora, mas não dirigidas por ela. Nisso encontramos uma distinção não somente
metodológica, mas também teórica, pois Nise da Silveira, junguiana, refere-se
especificamente à arteterapia desenvolvida por Margaret Naumburg, psicanalítica, na
qual o paciente é dinamicamente orientado, a partir da relação transferencial, a
descobrir a significação de suas criações, um processo de interpretação que não
ocorria na abordagem proposta por Nise da Silveira.
Para ela, a função terapêutica da arte era permitir a expressão de vivências não
verbalizáveis por aqueles que se encontravam imersos no inconsciente, ou seja, em
um mundo fora do alcance da elaboração racional, cabendo ao terapeuta a tarefa de
estabelecer conexões entre imagens que emergem do inconsciente e a situação
emocional vivida pelo indivíduo. Nessa tarefa, apoiava-se sobretudo na psicologia
analítica de Jung, de onde derivou uma das mais importantes abordagens em
arteterapia, de cujos conceitos principais iremos tratar adiante. Para Nise da Silveira,
as produções artísticas não somente trazem elementos esclarecedores acerca do
processo psicótico (sobretudo quando as obras de um mesmo autor são examinadas
em série, revelando temas recorrentes) mas também trazem um valor terapêutico em
si mesmas, pois davam forma a emoções tumultuosas, despotencializando-as, e
objetivavam forças auto curativas que se moviam em direção à consciência, isto é, à
realidade. Para os pacientes, a atividade criadora permitia não somente dar uma
forma ao seu tumulto emocional, mas também transformá-lo por meio dessa
expressão.
Nise da Silveira destaca que a eficiência do tratamento através de atividades
expressivas se revelou na diminuição da porcentagem de recaídas na condição
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psicótica e de reinternações de pacientes beneficiados por esse trabalho em Engenho
de Dentro, especialmente quando os egressos continuaram com algum
acompanhamento. Este foi viabilizado por ela com a criação da Casa das Palmeiras,
em 1956, instituição pioneira no atendimento de pacientes em regime de portas-
abertas.
Fonte: hubspot.com
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Embora os psiquiatras Osório César e Nise da Silveira sejam pioneiros no
trabalho com terapias expressivas no Brasil, o desenvolvimento da arteterapia e sua
sistematização no campo específico da Psicologia se deram posteriormente.
Conforme descreve Andrade (2000, apud REIS, 2014, p 147), na construção
desse campo, destaca-se Maria Margarida M. J. de Carvalho, que, em 1980,
implantou o primeiro Curso de Arteterapia no Instituto Sedes Sapientae, em São
Paulo. Ela é psicóloga clínica, foi professora do Instituto de Psicologia da USP e
coordenadora, em 1995, do livro A Arte Cura? Recursos Artísticos em Psicoterapia.
Outro marco destacado por Andrade foi a criação, em 1982, da Clínica Pomar, no Rio
de Janeiro, coordenada por Ângela Philippini, onde se oferece curso de formação em
arteterapia de orientação junguiana. Já em 1990, outra abordagem entra no cenário
da arteterapia brasileira, ao ser implantada uma especialização em arteterapia
gestáltica por Selma Ciornai, no Sedes Sapientae. Desde então, a arteterapia vem
crescendo cada vez mais, ganhando outros espaços além da clínica e também outras
molduras teóricas, como a rogeriana, a antroposófica e a transpessoal, entre outras.
Fonte: amenteemaravilhosa.com.br/arteterapia-definicao-beneficios/
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Fonte: websta.org/tag/terapiadoriso
Fonte: .iped.com.br/materias/educacao-e-pedagogia/arteterapeuta.html
15
permitindo, posteriormente, uma aproximação para si mesmo e facilitando a
comunicação com o outro. No trabalho de voz busca-se e utiliza-se a voz natural,
desbloqueia-se a respiração; se cria e se transforma a partir de improvisações,
combinando diversas qualidades de sons.
Fonte:www.mediacionartistica.org
Por outro lado, a escrita possibilita novas formas para jogar com a imaginação
a partir das próprias experiências e vivências. Aparecem situações e companheiros
imaginários, itinerários diversos, até chegar à recreação de relatos e contos na ficção.
“A finalidade da arte é dar corpo à essência secreta das coisas, não é o
copiar de sua aparência.”
– Aristóteles –
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4 ARTETERAPIA: CRIATIVIDADE, ARTE E SAÚDE MENTAL COM PACIENTE
ADICTOS
Fonte: www.researchgate.net
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4.1 METODOLOGIA USADA EM SESSÕES DE ARTERAPIA APLICADAS AOS
DEPENDENTES QUÍMICOS JOVENS
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SÉRIE MANDALAS
SÉRIE CORPO
Objetivos: Resgatar a identidade do dependente químico e preencher o vazio.
“O fato é que o auto-retrato pode ser distorcido da realidade, porque muitas vezes tal
imagem associa-se a aspectos idealizados ou patológicos que geralmente refletem
dificuldades profundas com o próprio corpo” (VALLADARES & CARVALHO, 2005b,
p.40, apud VALLADARES et al, 2008 p.08).
Atividades desenvolvidas: Representação do próprio rosto com técnicas de
desenho e pintura em papel.
Representação do corpo inteiro com técnicas de colagem utilizando-se de
pedaços de papéis, pedras coloridas ou pingos de velas em papel e tecidos.
Representação de personagens com técnica de pintura num mural coletivo.
Desenvolvimento: Representação do próprio rosto – trabalho individual.
Representação do corpo inteiro – trabalho em grupo.
Representação de vários personagens – personagens confeccionados no início
individualmente, mas dentro de uma composição coletiva.
Comentários/Análise:
A representação do próprio rosto possibilitou “expressar o mundo interno” dos
usuários. A ação criativa revelou a riqueza inconsciente dos dependentes químicos.
A representação do corpo inteiro foi um trabalho de juntar fragmentos (pedaços
de papel, pingos de velas ou pedras coloridas). Representou simbolicamente a
construção ou reintegração das personalidades fragmentadas e em desordem dos
adictos.
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Com a representação de vários personagens permitiu-se estabelecer uma
ponte entre o intrapsíquico e o extra psíquico, possibilitou-se a percepção de si mesmo
e analisar a troca com o outro e a integração do grupo.
SÉRIE CONSTRUÇÃO
Objetivos: A construção resgata a edificação, a estruturação, a organização e
a elaboração da matéria e ao mesmo tempo, simbolicamente, incitam o indivíduo a
construir sua vida pessoal (VALLADARES & NOVATO, 2001, apud VALLADARES et
al, 2008 p.12).
Atividades desenvolvidas: Construção de uma cidade com sucata.
Desenvolvimento: Cada usuário deveria construir sua própria casa e algum
elemento coletivo da cidade de forma individual. Depois coletivamente deveriam
montar a cidade com os elementos já confeccionados e criar novos elementos,
pessoas e ambientes.
Comentários/Análise:
O exercício possibilitou ao jovem dependente químico construir e transformar
na ação criativa, pois a Arteterapia é um processo alquímico e não é só uma catarse.
A simbologia que mais esteve presente nos trabalhos foram:
- Flor: “Símbolo da natureza efêmera da vida e da beleza, e da eterna
renovação da vida. É uma imagem do “Centro” e, portanto, uma imagem arquetípica
da alma. As flores anunciam a primavera, que revela a aceleração do ciclo de evolução
pessoal. Assinalam o cumprimento de uma meta ou tarefa que exigiu muita dedicação”
(CHEVALIER & GHEERBRANT, 2003; CIRLOT, 2005; FINCHER, 1991; LEXIKON,
1994, apud VALLADARES et al, 2008 p.12).
- Sol: “É representado frequentemente como personificação da luz e, por
conseguinte, ao mesmo tempo, da inteligência cósmica suprema, do calor, do fogo e
do princípio vital. Imagem simbólica da ressurreição e, de modo geral, de cada novo
começo” (CHEVALIER & GHEERBRANT, 2003; CIRLOT, 2005; FINCHER, 1991;
LEXIKON, 1994, apud VALLADARES et al, 2008 p.13).
- Pássaros: são símbolos antigos da alma humana, do elemento ar e do
processo de transformação. Os pássaros voando para cima podem representar idéias
sendo divulgadas ou trazidas à luz” (CHEVALIER & GHEERBRANT, 2003; CIRLOT,
2005; FINCHER, 1991; LEXIKON, 1994, apud VALLADARES ET AL, 2008 p.13).
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- O número Dois: “O dois indica tensão, separação e conflito. Ele é uma ligação
saudável que anuncia o retorno da harmonia” (CHEVALIER & GHEERBRANT, 2003;
CIRLOT, 2005; FINCHER, 1991; LEXIKON, 1994, apud VALLADARES et al, 2008
p.13).
As atividades mais prazerosas para os usuários, segundo relato verbal deles
foram:
- Mandalas com velas: o fogo purifica e regenera. Mensageiro entre o mundo
dos vivos e dos mortos. A vela é o símbolo da luz, da alma individualizada e da relação
entre o espírito e a matéria (CHEVALIER & GHEERBRANT, 2003; CIRLOT, 2005;
FINCHER, 1991; JUNG, 2005; LEXIKON, 1994, apud VALLADARES et al, 2008 p.13).
- Construção da cidade: A pessoa com a vivência de construção e de
transformação sente-se apta e segura a dar forma, direção e movimento à sua própria
vida, o que se constitui não só num processo externo, mas também interno do
indivíduo (SAAD, 1998, apud VALLADARES et al, 2008 p.13).
Ao criar e transformar materiais expressivos, os usuários puderam vivenciar
sensações, ideias, sonhos, desejos, expectativas, fantasias relacionando-se de uma
outra forma com o material e, consequentemente, a atividade pode despertar neles a
identificação de sentimentos, atitudes e dificuldades que até então não eram
expressos nem modificados, porque a comunicação não-verbal fala por si só, sem
necessariamente ter que ser expresso de maneira verbal.
As sessões de Arteterapia facilitaram a expressão da subjetividade dos
participantes e auxiliaram, sobremaneira, tanto no auto expressão, como na
elaboração de conteúdo internos e alívio de tensões. Permitiram, ainda, que o criador
pudesse expressar seus sentimentos, adquirir consciência dos mesmos e, em
seguida, melhorassem a ativação e a estruturação do processo de seu
desenvolvimento interno.
Aspectos da persona dos usuários puderam ser vistos em trabalhos feitos
durante as sessões de Arteterapia, quando eles criaram personagens fictícios ou não
e ao narrar suas histórias, o que permitiu a eles entrar em contato com os aspectos
psíquicos para serem compreendidos e transformados.
A sombra é representada pelos sentimentos negativos, como raiva, frustração
e inveja, que se acumulam no inconsciente e não são facilmente expostos pelas
pessoas em geral. Sentimento de revolta, medo e raiva experenciados pelos usuários,
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muitas vezes não podem ser aceitos pela sociedade e expressos por eles, e se
acumulam como sombras no seu inconsciente. Oferecer oportunidades para que
estes símbolos (sombras) venham à tona por meio dos trabalhos plásticos, de maneira
lúdica e que não ameace a estrutura psíquica juvenil, favorece a sua elaboração.
A sombra normalmente está implícita e presente, ao mesmo tempo, em
qualquer trabalho artístico, o que sugere dizer que os dependentes químicos tenham
projetado em seus personagens e histórias aspectos sombrios da sua personalidade
e relacionados com seu momento de vida atual.
Na dinâmica do processo arteterapêutico, quando as imagens internas são
projetadas, elaboradas e transformadas do material plástico ao produto expressivo
final, é como se as pessoas externassem simbolicamente parte de si, e, ao mesmo
tempo, levassem as imagens e os conteúdos trabalhados “para dentro” novamente,
mas desta vez decodificados e ressignificados (VASCONCELLOS & GIGLIO, 2006,
apud VALLADARES et al, 2008 p.14).
A Arteterapia trabalha com símbolos, que são imagens arquetípicas e
apresentam características individuais e coletivas simultâneas. Os dependentes
químicos, ao trazerem as imagens e os símbolos para o plano material, trouxeram
também conteúdos de sua história pessoal inseridos na história coletiva da
humanidade (inconsciente coletivo); assim, as significações encontradas nas culturas,
nos mitos e nas religiões, simultaneamente, faziam ligação com a história de vida dos
usuários, que expuseram cores, formas e símbolos representativos do seu mundo
subjetivo, com significados especiais para eles naquele momento de vida, elementos
que também os ligam aos significados que estes foram tendo para a humanidade ao
longo dos tempos.
As imagens dos usuários ao serem projetadas nas produções plásticas,
mostraram suas histórias de vida e o momento existencial deles, sinais sugestivos ou
não de fragilidade emocional como: suas angústias, medos, objetivos, metas e planos
futuros.
Concluindo, trabalhar a Arteterapia com dependentes químicos permite a troca
com o outro que possui características semelhantes às suas e ainda, favorece o
compartilhar de dificuldades e anseios relacionados à própria dependência, podendo
os personagens expressar e lidar de uma forma mais natural com a doença.
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Este trabalho pode trazer contribuições importantes para a área de saúde
mental, pois a Arteterapia é uma prática acessível ao tratamento de dependentes
químicos e pode ser um suporte importante para esta clientela, cujos resultados vêm
sendo satisfatórios. É importante também apontar que este estudo poderá ser utilizado
em contextos de Arteterapia clínica ou institucional, tendo em vista o valor e a eficácia
do trabalho arteterapêutico aqui demonstrados.
A saúde mental vem ampliando seus conhecimentos e utilizando-se de novas
práticas na assistência a seus usuários, assim, o investimento no trabalho e em
práticas complementares e criativas, com jovens dependentes químicos, é fator
importante no novo cenário da atenção em saúde mental.
Este tipo de atendimento, no qual se incluem as sessões de Arteterapia,
permite que se valorize o potencial existente em cada ser humano, objetivando
melhorar sua saúde e qualidade de vida.
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Segundo Werneck (2010, apud FACCO, S.C.M., et al 2016, p. 51), não há
empecilho que uma pessoa que se aprecie tenha a humildade de perder que ainda
menos sabe, do que na realidade sabe. Nada impede que essa pessoa, peça ajuda
espiritual e psicológica. A autoestima não é uma incubadora de orgulho, pelo contrário,
permite ser realidade de maneira positiva, onde devemos adiar a satisfação e conviver
com as frustrações.
Aliada a essas percepções, constatasse que a arteterapia pode beneficiar as
pessoas no resgate da autoestima e da autoconfiança, para o melhor enfrentamento
e resolução de conflitos, melhorando consideravelmente a sua qualidade de vida,
como também, suas relações pessoais.
“O ponto positivo é que o pessoal vai ajudando, todo mundo se ajuda né (...)” (J)
“Às vezes eu estou parado com o desenho e vem alguém e pergunta se quer
Alguma ajuda para fazer alguma coisa, não falo nada, mas fica na cabeça né? (...).
Fica na cabeça (...) Sinal que o pessoal está querendo ajudar uns aos outros. ” (J)
Os amigos são bem legal, respeita todo mundo, respeito (...)” (PAM).
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Diante do conjunto de evidencias geradas, é de grande necessidade a
arteterapia como método terapêutico na saúde mental dos usuários do CAPS,
amenizando as tensões e provendo bem-estar do usuário, destacando a importância
da inserção do profissional enfermeiro nestes espaços de cuidado, fortalecendo a
promoção, prevenção e reabilitação da saúde dos indivíduos e da coletividade. Além
do CAPS a arteterapia pode ser desenvolvida em outros espaços, com outros
públicos, como acima no texto citado pois ela perpassa o significado da arte como ator
principal, ela traz a promoção da saúde em meio a esses sentidos.
ORGANIZAÇÃO
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era necessário que os participantes e acompanhantes que se encontrassem no setor
de oncologia estivessem ativos, lúcidos e aceitassem envolver-se com as atividades.
Excluíram-se os acamados e os em isolamento, devido à baixa imunidade
durante o tratamento de quimioterapia. Ao total tivemos 49 participantes neste estudo.
Os encontros grupais com atividades de arteterapia foram conduzidos por acadêmicas
de graduação do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará (UFC),
orientados por professores enfermeiros e terapeutas especialistas em arteterapia e
massoterapia. Sendo realizados semanalmente, com duração média de uma hora,
divididos em três fases, a primeira iniciava-se com a apresentação dos facilitadores e
dos participantes; a segunda consistia na explicação e realização da arteterapia
proposta; e a terceira vislumbrou a avaliação, quando os membros relataram seus
sentimentos diante das atividades.
O processo grupal foi registrado em diário de campo, como instrumento de
coleta das informações relatadas pelos participantes. Para alcançar os objetivos de
cada atividade (aumentar a autoestima, facilitar o autoconhecimento e relaxar),
utilizaram-se métodos da arteterapia, como: pintura, recorte, desenho, colagem,
visualização criativa, técnica do espelho, cromoterapia, argiloterapia, meditação e
massoterapia.
A análise dos dados se deu com a criação de quadros, compostos pelo número
de participantes, gênero representados simbolicamente, objetivo a ser alcançado,
método da arteterapia utilizado e resultados encontrados. A discussão foi realizada
com base em estudos pertinentes à temática.
Já as questões éticas foram fundamentadas na Resolução 196/96, do Conselho
Nacional de Saúde (M.S. et al, apud D’ALENCAR, 2014, p 5), sendo o estudo
aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa, sob o protocolo nº 019.04.09.
Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Todos tiveram garantia do sigilo e anonimato, e também foi assegurado que a
qualquer momento poderiam não participar das atividades de arteterapia, sem
prejuízo de qualquer natureza ao tratamento.
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RESULTADOS
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Fonte: www.eusemfronteiras.com.br
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Vamos citar a experiência feita com um segundo grupo, que teve como objetivo,
resgatar momentos positivos, de felicidades, resgatar o futuro após a alta hospitalar,
aspectos interessantes da vida e o desejo de cada um.
O método usado foi, pintura terapêutica, visualização criativa e a técnica do
espelho.
Os resultados foram momentos de alegria, como colher e plantar na roça,
cuidar do gado, estar com o filho. Uma participante não conseguiu relatar em nenhum
momento alegre. Referiram relaxamento e grande prazer ao realizar a atividade.
Visualizaram a felicidade em momentos marcantes, como estar com a família,
cuidar dos netos, estar num sítio, ter saúde, estar fora do hospital e sentir que não tem
mais câncer.
Relataram também a vontade de ir à igreja, amar o marido, conversar muito
com as pessoas que ama, ouvir música, voltar ao lar, servir a Deus e ser feliz.
Refletiram o quanto são importantes. Sentiram-se surpresos e emocionados.
Perceberam que deveriam cuidar mais de si e valorizar mais o seu potencial.
Relembraram momentos da vida cotidiana, como ter uma boa higiene (tomar
banho, escovar os dentes, pentear o cabelo), pois gostavam de estar limpos mesmo
no hospital.
E teve ainda quem falou do seu desejo de ter a carteira de habilitação, uma
casa com um grande quintal, trabalhar com turismo, voltar à faculdade, uma casa para
abrigar 20 animais.
Com os resultados do segundo grupo, mostra que a elevação da autoestima foi
um dos fatores que mais se destacou nas atividades propostas, por se registrar o
resgate de momentos positivos e de felicidade, além de desejos para o futuro.
Também houve estímulo para que essas pessoas pudessem estar em contato
com sua vida durante seu adoecimento, buscando encontrar alguns aspectos
importantes que pudessem resgatar planos futuros.
Com isso, foi desenvolvido um estudo com o objetivo de relatar a experiência
de atividades de arteterapia com um grupo de pacientes e seus acompanhantes em
um hospital universitário. Relato de experiência realizado em Fortaleza - CE, no
período de setembro de 2010 a fevereiro de 2011. Participaram dos encontros grupais
49 pessoas que, utilizando os métodos da arteterapia, realizaram diversas atividades,
tais como: pintura, recorte, desenho, colagem, visualização criativa e cromoterapia.
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No momento destinado às avaliações, os participantes descreveram que a
intervenção permitia dialogar tanto com o processo da vida quanto o enfrentamento
do câncer.
Observou-se com os relatos dos participantes e acompanhantes, que o uso da
arteterapia, no ambiente hospitalar, propiciou resgate de aspectos saudáveis, como:
reviver as lembranças do passado de modo mais harmônico, dar significado positivo
ao adoecimento, relembrar as fases de vida, entre outros.
É possível afirmar que com a elaboração e planejamento de sessões grupais
dentro de enfermarias no hospital pode-se atender a um número maior de pessoas
facilitando interações e integração de pacientes e acompanhantes em situação de
doença grave como o câncer.
A experiência da prática da arteterapia fez com que pudesse ser evidenciado
com esse método de condução simples e de baixo custo como: pintura, recorte,
desenho, colagem, visualização criativa, cromoterapia, argiloterapia, relaxamento,
meditação e
Massoterapia com materiais recicláveis pode trazer referências positivas para a vida
das pessoas que estão submetidas a condição de doença oncológica e seus
acompanhantes em um hospital. Também proporciona autoconhecimento, resgate da
autoestima e sensação de bem-estar. Ocupando horas que são consideradas ociosas,
em que não há atividades a serem realizadas, foi propiciado benefícios como alegria,
visão de futuro e desejo de mudanças a indivíduos adoecidos fisicamente que, muitas
vezes, se encontravam com prognóstico desfavorável.
Considera-se que esse trabalho foi de grande relevância por ser um relato de
experiência, no qual a arteterapia está em destaque, como método que pode auxiliar
na melhoria da qualidade de vida de pacientes com doença oncológica e
acompanhantes nos hospitais.
Podendo ainda ser incluído como estratégia no planejamento da assistência de
enfermagem, pois demonstra que o uso dessa técnica facilita o diálogo entre paciente
e acompanhante, no enfrentamento da patologia.
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8 CULTURA DE PAZ E ARTETERAPIA
Fonte: espacoelabora.com.br
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A arteterapia recebeu influência de áreas do conhecimento como a Psicanálise
Freudiana, que, no início do século XX, interessou-se pela arte como meio de
manifestação do inconsciente através de imagens. Sigmund Freud observou que o
artista pode simbolizar concretamente o inconsciente em sua produção, retratando
conteúdo do psiquismo. Acerca disso, menciona-se seus estudos realizados sobre as
obras de autores consagrados como Leonardo da Vince e Michelangelo
(FREUD,1970, apud COQUEIRO.2010, p.860).
A Psiquiatria Junguiana, na década de 1920, apropria- se da expressão artística
como parte do processo psicoterápico. Para Jung imagens representam a
simbolização do inconsciente individual e, muitas vezes, do inconsciente coletivo
(JUNG, 1991, apud COQUEIRO.2010, p.860).
A arteterapia é um “processo predominantemente não verbal, por meio das
artes plásticas e da dramatização, que acolhe o ser humano com toda sua
complexidade e dinamicidade. (...) procura aceitar os diversos aspectos dos
pacientes, como os afetivos, culturais, cognitivos, motores, sociais entre outros, tão
importantes na saúde mental” (VALLADARES,2008, apud COQUEIRO.2010, p.860).
É dentro dessa perspectiva inovadora que os CAPS de Fortaleza, através do
Projeto Arte e Saúde, integrante da política de saúde mental desse Município, vêm
desenvolvendo um trabalho articulado à arte na saúde mental, visando a viabilizar e
dinamizar os processos em grupos terapêuticos nos CAPS, utilizando as variadas
expressões artísticas, sendo executado por artistas, arteterapeutas, arte-educadores
e profissionais de saúde mental com formação em arteterapia.
No CAPS/ UFC essas experiências tiveram início em junho de 2007, com a
formação inicial de dois grupos. Oito meses depois, existiam oito grupos em
funcionamento, utilizando-se das mais variadas linguagens artísticas. A arte está
presente nos diversos CAPS de Fortaleza no Projeto Arte e Saúde, com a criação dos
grupos de arteterapia. O projeto recebe assessoria e supervisão sistemática do
Instituto Aquilae, especializado na formação de profissionais em arteterapia.
Fonte: www.alinebarcelos.com.br
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Durante as sessões, utilizamos duas técnicas distintas, a depender do
comportamento dos participantes no momento, ou seja: se a maioria apresenta certo
grau de agitação, utilizamos a técnica de relaxamento com músicas instrumentais,
objetivando reduzir o nível de tensão e angústia, permitindo que as emoções fluam
mais intensamente e a sessão passe a ser um momento de profundo contato com os
sentimentos (MATEUS,1997, MC.CLELLAN, apud COQUEIRO.2010, p.861).
Por outro lado, se as reações dos indivíduos apresentam rebaixamento do
humor, empregamos técnicas de expressão corporal através de jogos coletivos,
movimento corporal com música, visando a melhorar os potenciais emocionais de
modo lúdico. Em cada um desses momentos são desenvolvidas ações que têm por
fim trabalhar as capacidades de se expressar dos participantes tanto no que se refere
ao corpo quanto ao intelecto, não apenas em relação ao grupo, mas também em
relação à descoberta de si, sendo o indivíduo conduzido a ser autor de sua descoberta
(MATEUS,1997, KUNZ, 2004, apud COQUEIRO.2010, p.861).
Assim sendo, iniciamos as atividades com exercícios de relaxamento ou
expressão corporal. Em seguida, abre-se espaço para que os participantes possam
falar como se sentem, dando a oportunidade de refletir sobre suas emoções. A partir
daí, conforme a profundidade e a amplitude dos relatos, os facilitadores propõem
algum tipo de técnica adequada à situação presente, utilizando a expressão artística.
Desse modo, trabalham-se no grupo as dificuldades emergentes.
Na arteterapia, várias modalidades expressivas com propriedades
terapêuticas inerentes e específicas são trabalhadas. Fica a cargo do arteterapeuta
criar um repertório de informações relativo a cada modalidade, adequando-as às
necessidades do usuário a ser atendido (PHILIPPINI,2004, apud COQUEIRO.2010,
p.861).
O grupo Amigos da Arte executou, várias propostas, ou seja, criação de
trabalhos desde pintura em tela, técnicas de pinturas em tecido, monotipia (técnica de
impressão com uso de tinta) e até elaboração de escultura em argila, pintura e
colagem sobre telha, técnicas de pintura sobre gesso. São produzidos também
objetos a partir de material reciclável, como garrafas PET ou canos de papelão.
Ao final de todo o fazer criativo, os participantes são estimulados a observar
seus trabalhos, refletindo sobre seus significados, percebendo o processo desde o
primeiro momento da representação artística. Acerca disso, tem-se a utilização de
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material reciclável como expressão em arteterapia, que resgata a edificação, a
estruturação, a organização e a elaboração da matéria, estimulando a pessoa a
construir de modo pessoal e, simultaneamente, a criar uma consciência
socioambiental. Dessa forma, buscamos possibilitar ao grupo, através do estímulo
individual e/ou coletivo, a criatividade e a expressão artística, dando ênfase ao
processo de criação, à medida que o participante é levado à reflexão e à busca de
significados inferidos ou atribuídos ao que ele produziu.
A arteterapia vem ganhando espaço cada vez maior na área da saúde e,
sobretudo, no campo da saúde mental. O trabalho desenvolvido junto aos usuários do
CAPS Geral da Secretaria Executiva Regional III/ UFC. Apresenta-se como uma das
ferramentas fundamentais que vêm colaborando para amenizar os efeitos negativos
da doença mental. É central a promoção do bem-estar da pessoa com sofrimento
psíquico, uma vez que a arteterapia propicia mudanças nos campos afetivo,
interpessoal e relacional, melhorando o equilíbrio emocional ao término de cada
sessão.
Observa-se que a arteterapia tem possibilitado aos usuários a vivência de suas
dificuldades, conflitos, medos e angústias de um modo menos sofrido. Configura-se
como um eficaz meio para canalizar, de maneira positiva, as variáveis do adoecimento
mental em si, assim como os conflitos pessoais e com familiares. Nota-se que há uma
minimização dos fatores negativos de ordem afetiva e emocional que naturalmente
surgem com a doença, tais como: angústia, estresse, medo, agressividade,
isolamento social, apatia, entre outros.
Tendo em vista nossas recentes experiências com a utilização de recursos
artísticos como dispositivo terapêutico na saúde mental no referido CAPS SER III/
UFC, percebemos empiricamente que a arteterapia, em qualquer das linguagens
artísticas aplicadas, tem se configurado importante instrumento para ajudar grupos de
pessoas com transtornos mentais, trazendo consigo visíveis resultados em espaço de
tempo relativamente curto.
O grupo Amigos da Arte pode ser percebido como espaço em constante
processo de construção e reconstrução da integração, socialização, liberdade de
experimentação do fazer e expressão artística de seus participantes, tendo como
objetivo fundamental minimizar o sofrimento mental, tornando possível o direito de
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achar o seu elo e o caminho para vida, mesmo que fora do padrão normal socialmente
aceito (MUNARI, 2004, apud COQUEIRO.2010, p.861).
Consideramos que, mediante a interpretação e a reflexão das vivências na
relação terapêutica, a pessoa vai se apropriando dos seus próprios conteúdos,
conhecendo a si mesma e se tornando assim sujeito ativo do processo terapêutico.
Parece razoável pensar nossa experiência com o grupo de arteterapia no CAPS
supracitado e seus desdobramentos como salutar, na medida em que observamos os
resultados. Dessa forma, consideramos a necessidade da ampliação do projeto Arte
e Saúde a partir da criação de novos grupos terapêuticos que percebem na arte um
instrumento importante na busca do bem-estar da pessoa em sofrimento mental e de
promoção da saúde em geral.
Face a um contexto dessa natureza e com base nestas reflexões, esperamos
sensibilizar e estimular outros profissionais da área de saúde mental e artistas de
modo geral a vivenciar essas gratificantes experiências.
Em 1911, o termo “autismo” foi primeiramente usado por Bleuler para designar
crianças que, aparentemente, haviam perdido o contato com a realidade resultando
em grande dificuldade ou incapacidade de comunicação. (PEREIRA, et al, 2008, apud
GATTINO, 2009)
Oliveira e Oliveira, (2016, p.1), desenvolvem uma pesquisa para estudar a eficácia
e os benefícios da arteterapia no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA),
e explorar como esse recurso está inserido na atuação do psicólogo.
Para Valladares e Silva, (apud OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2016, p 1), a arteterapia
contribui significativamente na humanização nos cuidados à saúde, é um processo
natural no qual o indivíduo comunica o que sente, pensa e a maneira como vivência e
percebe o mundo, processo que ocorrerá de acordo com o seu desenvolvimento
emocional, mental, psíquico e perceptual.
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Segundo Marinho e Merkle, (apud OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2016) são chamadas
autistas as crianças que tem inadaptação para estabelecer relações normais com o
outro, um atraso na aquisição da linguagem, apresentam igualmente estereótipos
gestuais, uma necessidade de manter imutável seu ambiente material, ainda que
deem provas de uma memória frequentemente notável.
De acordo com Valladares e Silva (apud OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2016), ainda do
autor acima, a arteterapia possibilita oferecer uma assistência globalizada,
favorecendo um ambiente facilitador e propício ao seu comportamento e
desenvolvimento, buscando sempre barrar a estagnação de estímulos, pois esta pode
prejudicar estruturalmente todo seu processo de desenvolvimento normal, acredita-se
que a ampliação dos espaços da arteterapia poderá facilitar a expressão das crianças,
estimulando o desenvolvimento de suas potencialidades expressivas.
A arteterapia, que utiliza a arte no auxílio ao tratamento psicológico, é um
dispositivo terapêutico que absorve saberes das diversas áreas do conhecimento,
constituindo-se como uma prática transdisciplinar, visando a resgatar o homem em
sua integralidade através de processos de autoconhecimento e transformação.
Tommasi (apud OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2016), diz que a arteterapia estimula a
imaginação, libera as manifestações de símbolos, trabalha a afetividade, a expressão
criativa. Trabalha com o ser humano em sua totalidade.
Segundo a autora, a arteterapia tem várias raízes, com sustentação na arte e na
psicologia, e aprofunda ainda mais nessas raízes. A psicologia, por exemplo, surgiu
da filosofia, que por sua vez, surgiu da mitologia. Na pré-história o ser humano já se
expressava artisticamente. O porque ainda é uma incógnita, poderia ser um meio de
comunicação, rituais, forma de expressar sua realidade, seus medos, etc.
Não sabemos ao certo o porquê, mas uma coisa é certa, já estava desenvolvendo
ciência. Passados os tempos, ele vai pensar em sua natureza, o que é o ser humano,
como ele se desenvolve, como se diferencia e, ao fazer isso ele está fazendo filosofia,
o que é a base da psicologia e das demais ciências, como a medicina e a engenharia.
Ao fim do século XIX e início do século XX a atividade artística é levada para os
lugares dos cuidados psiquiátricos. A “arteterapia” científica aparece realmente no
século XX, seguida pela musicoterapia. Nos anos de 1960, reconhece-se a verdadeira
arteterapia como domínio totalmente à parte e relacionado a todo conjunto das
técnicas artísticas (FORESTIER, apud OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2016, p 2).
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Os estudos de Jung influenciaram amplamente o campo da arteterapia, trazendo
à tona discussões sobre importância do mundo imagético na compreensão do
psiquismo e, consequentemente, valorizando a análise das imagens simbólicas
projetadas nas produções artísticas dos pacientes dentro do enquadre
psicoterapêutico.
A reforma da psiquiatria levou a uma ressignificação de saberes e práticas na
saúde mental, o que foi possível pela substituição do paradigma manicomial, marcado
pela exclusão social e olhar simplista e hegemônico biopatológico da psiquiatria, por
novas formas de cuidado
Surge então a arteterapia como um novo campo a ser explorado, dentro de uma
multidimensionalidade e interdimensionalidade existentes em todas as áreas de
conhecimento.
A arte tem um papel importante no campo de conhecimento rico em símbolos e
significados, que proporciona a eclosão de uma linguagem não verbal, possibilitando
a comunicação por meios pouco explorados, buscando promover o desenvolvimento
de habilidades individuais, integração grupal e formação humana.
Importante frisar o fato de que ao lidarmos com pessoas portadoras de
necessidades especiais, devemos estar abertos ao novo.
Concluímos então que, conforme cita Karvonen e Stoxen (2003, apud OLIVEIRA
et al, 2016), o maior problema de pessoas com necessidades especiais são os
comportamentos problemas, e por isso é muito importante uma intervenção
abrangente, que foca o desenvolvimento de habilidades funcionais e não apenas na
redução de comportamentos indesejáveis, a intervenção e estratégias deverá ser de
acordo com os princípios de planejamento centrado na pessoa e na sua capacidade
de fazer escolhas, isso permite que o indivíduo expresse suas decisões e escolhas de
forma adequada ao invés de um comportamento problema. Isto se dá através da
análise funcional e implantação de intervenções abrangentes. A inclusão é um
processo que ocorre continuamente pela vida inteira da pessoa com necessidades
especiais e o principal objetivo é promover uma vida com dignidade e qualidade.
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10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FACCO, S. C. M., et al. Revista Espaço Ciência & Saúde, v. 4, 2016, p. 45-54.
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