Gestão Financeira
Gestão Financeira
Gestão Financeira
2021/2022
2ºSEMESTRE
Luísa Adriana
Análise de Rácios .............................................19
4 – Análise e Interpretação ..................................20
Índice 5 – Retirar conclusões e fazer recomendações ..20
Aulas Teórico-Práticas ...................................... 1 ANÁLISE DA CONDIÇÃO FINANCEIRA DA
VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO ..................... 1 EMPRESA ........................................................20
Noções básicas de cálculo financeiro .................... 1 Balanço contabilístico ...........................................21
Juro ..................................................................... 1 Estrutura Financeira .............................................21
Taxa de juro........................................................ 1 Condição genérica de equilíbrio da estrutura
Processos de homogeneização .............................. 2 financeira...............................................................21
Capitalização ...................................................... 2 Tempo médio de recebimento .......................22
Regimes de Capitalização ....................................... 2 Tempo médio de pagamento ..........................22
CAPITALIZAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DISCRETA ...... 2 Tempo médio de Stockagem (Global) ............22
Capitalização e Atualização em regime simples.... 3 Ciclo de caixa .........................................................22
Capitalização e Atualização em regime composto 3 Balanço de Gestão ................................................23
Assincronismo entre Taxas de Juro e Período de Estrutura do balanço funcional ............................23
Capitalização ........................................................... 4 Situações Financeiras típicas ...........................24
Taxas efetivas vs. Taxas nominais ..................... 4 Fundo de maneio funcional: ajustamentos ao
Taxas equivalentes vs. Taxas proporcionais ..... 5 balanço ..................................................................24
Tipos de taxas ......................................................... 6 Necessidades em Fundo de Maneio: ajustamentos
RENDAS ............................................................ 6 ao balanço .............................................................25
Séries temporais/tabelas financeiras..................... 7 Tesouraria líquida: ajustamentos ao balanço .....25
Tabelas 1 e 2 ...................................................... 7 Análise funcional do equilíbrio financeiro ...........26
Tabelas 3 e 4 ...................................................... 7 RÁCIOS DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO ...............26
Tabelas 5 e 6 ...................................................... 8 Rácios de liquidez .................................................26
Rendas Perpétuas (perpetuidades) ....................... 9 Liquidez geral – current ratio ..........................26
Valor atual de uma série crescente de n Liquidez reduzida – quick ratio .......................26
aplicações periódicas (anuidades): An ............10 Liquidez imediata .............................................27
Regimes de Amortização de Empréstimos ..........10 Rácios de solvabilidade.........................................27
LEASING .......................................................... 11 Rácios de endividamento .....................................27
Características da locação financeira ..................11 Rácios de capitalização .........................................27
Vantagens do Leasing ......................................12 Rácios de cobertura ..............................................28
Locação financeira vs. Locação operacional .......12 Ratings ...................................................................28
Locação operacional – Aluguer de Longa ANÁLISE DA PERFORMANCE DA EMPRESA ......29
Duração vs. Renting .........................................12 Análise de Rendibilidade ......................................29
Cálculo das rendas ................................................13 Demonstração de resultados Common Size ..30
Rendas constantes postecipadas ....................13 Atuação sobre os fatores de condicionamento
Rendas variáveis postecipadas........................13 ..........................................................................30
Rendas antecipadas .........................................13 Rácios de rendibilidade ...................................30
Função PMT do Excel .......................................13 Margens de vendas..........................................31
Leasing vs. Empréstimo ........................................14 Margens vs. Rotação ............................................31
Aulas Teóricas................................................. 16 Rácios de atividade/eficiência ..............................31
ANÁLISE FINANCEIRA ...................................... 16 Rácios de rendibilidade do investimento (ROI) ...31
Papel do gestor financeiro ...................................16 Rentabilidade do investimento ............................32
Objetivos da Gestão Financeira ...........................17 Rentabilidade económica – ROA.....................32
Valor da empresa ..................................................17 ROA vs. Custo de capital .......................................32
Cash-flow vs. Lucro ...............................................18 Rentabilidade do Capital Investido – ROIC ..........32
Análise das demonstrações financeiras...............18 Rentabilidade do Capital Empregue – ROCE .......33
FRAMEWORK DA ANÁLISE FINANCEIRA .......... 18 Rentabilidade financeira: Return on Equity – ROE
1 – Estabelecimento do propósito da análise .....18 ...............................................................................33
2 – Recolha de informação...................................18 Leverage Financeiro..............................................34
Relatório de Gestão .........................................19 Efeito de Levier – Alavanca Financeira ................34
3 – Processamento da informação ......................19 Identidade Du Pont ...............................................35
Rentabilidade vs. Crescimento .............................36 Relação entre as medidas de rendimento ..........51
Rentabilidade vs. Risco .........................................36 Tipos de obrigações ..............................................52
Tipos de risco ...................................................36 Quanto ao emitente ........................................52
5 Forças de Porter............................................37 Quanto à taxa ...................................................52
Indicadores de risco operacional ....................37 Quanto aos colaterais e proteções .................53
Indicadores de risco financeiro .......................37 Outras modalidades de obrigações .....................53
Indicadores de Risco Total...............................38 Obrigações inovadoras ....................................54
Risco de Falência ...................................................38 MERCADOS DE CAPITAIS – STOCKS .................55
Z-Score ..............................................................38 Direitos dos acionistas ..........................................55
INDICADORES E ANÁLISE DA DEMONSTRAÇÃO Modelos de avaliação de ações ...........................56
DE FLUXOS DE CAIXA ...................................... 39 1. Ótica do Património (ótica contabilística) ..56
INDICADORES DE MERCADO ........................... 40 2. Ótica do Património e Goodwill ..................56
Rácios de Mercado ...............................................40 3. Ótica do mercado – avaliação por
Rácios de rendibilidade de mercado ...................41 comparação (método dos múltiplos) .............57
ANÁLISE FINANCEIRA – SÍNTESE DE 4. Ótica de Atualização de Rendimentos ........58
INFORMAÇÃO A RECOLHER ............................ 42 Tipos de Ações ......................................................60
Obrigações com Warrant ................................60
GESTÃO FINANCEIRA ...................................... 42
Obrigações convertíveis ..................................61
Planeamento de longo prazo – o plano financeiro
...............................................................................43
TEORIA DAS CARTEIRAS: RENDIBILIDADE VS.
Modalidades de financiamento a médio e longo RISCO; MODELOS CAPM E APT ........................61
prazo ......................................................................44 Rendibilidade vs. risco ..........................................61
Autofinanciamento ..........................................44 Prémio de risco – CAPM .......................................62
Cessões de ativos .............................................45 Teoria das carteiras ..............................................62
Capital de risco.................................................45 Rendibilidade de uma carteira ........................63
Financiamento por dívida ................................45 Risco de uma carteira ......................................63
MERCADOS DE CAPITAIS................................. 45 Matriz do risco da carteira – N stocks ............64
Contribuição para o risco da carteira – o
Mercado Primário .................................................46
Bancos de investimento ..................................46 coeficiente 𝜷 ....................................................64
Mercado secundário .............................................46 Carteira de mercado .............................................65
Regulação dos mercados......................................47 Carteira de Mercado – BETA ...........................65
Carteira eficiente com 2 ações .......................65
MERCADOS DE CAPITAIS – OBRIGAÇÕES ........ 47
Carteira eficiente com Títulos do Tesouro .....66
Elementos das obrigações clássicas.....................47
Teorema da separação .........................................66
Métodos de amortização .....................................48
Risco e rendibilidade – Síntese ............................67
Despesas de emissão ............................................48
CAPM – Capital Asset Pricing Model ...................67
Custos ao longo da vida ........................................48
Linha Mercado do Capital – Capital Market Line
Custo total da operação (“all in cost”) .................48
..........................................................................67
Aquando da transação… ..................................49
Linha Mercado de Títulos – Security Market Line
Valor de uma obrigação .......................................49
..........................................................................68
Preço de uma obrigação – fatores
Capital Asset Pricing Model .............................68
determinantes .................................................50
Desenvolvimento do CAPM.............................68
Duração da obrigação...........................................50
Pressupostos do CAPM ....................................69
Medidas de rendimento .......................................50
Taxa de rendimento total .....................................50
TEORIAS MULTI-INDEX ....................................70
Teoria APT .............................................................70
Taxa de Rendimento até à maturidade (TRM) –
Modelo de Três Fatores .......................................71
Yield to Maturity (YTM) ........................................51
Medidas de volatilidade (risco) de uma carteira.71
YTM Modificada – MYTM .....................................51
Aulas Teórico-Práticas
VALOR TEMPORAL DO DINHEIRO
O objetivo da gestão financeira é, no final de contas, criar valor, sendo necessário analisar
como gastar dinheiro hoje para obter mais dinheiro amanhã. No entanto, o dinheiro não tem
sempre o mesmo valor. É, assim, necessário ter em conta:
ჵ Timing (valor temporal) → um euro hoje vale mais que um euro amanhã (ou o
contrário) pelo que há preferência pelo consumo presente, já que adiar o consumo
pressupõe uma compensação
ჵ Risco → euros certos valem mais que euros incertos, sendo necessária uma
compensação pela incerteza
ჵ Inflação → perda de poder de compra devido à desvalorização da moeda
O cálculo financeiro permite a comparação dos fluxos monetários (cash flows) tendo em
consideração o valor temporal do dinheiro. Apresenta uma regra de ouro que afirma que só
é possível comparar cash flows e operar sobre eles quando os mesmos estiverem reportados
ao mesmo momento de tempo, ou seja, homogeneizados. Um fator de homogeneização é a
taxa de juro.
Juro
Taxa de juro
A taxa de juro corresponde ao preço de uma unidade de capital numa unidade de tempo.
É normalmente referida a um capital de 100 unidades (em termos percentuais), ou seja, i%.
O período de tempo e a taxa de juro devem ser referidos à mesma unidade de tempo.
1
Processos de homogeneização
Capitalização
Regimes de Capitalização
2
Capitalização e Atualização em regime simples
Em regime composto, existe adição de juros, sendo o capital sempre crescente e o juro
também sempre crescente.
𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜: 𝐶𝑛 = 𝐶0 × (1 + 𝑖 )𝑛
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜: 𝐹𝐶 = (1 + 𝑖 )𝑛
𝐶𝑛
𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐴𝑡𝑢𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜: 𝐶0 =
(1 + 𝑖 )𝑛
1
𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐴𝑡𝑢𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜: 𝐹𝐴 =
(1 + 𝑖 ) 𝑛
É, ainda, possível calcular o valor de um capital futuro, 𝐶𝑛 , num momento 𝑚 entre o
momento atual e 𝑛 (𝐶𝑚 ).
𝐶𝑚 = 𝐶𝑛 × (1 + 𝑖 )−𝑛+𝑚
Se as taxas de juro forem diferentes ao
longo do período, é necessário fazer a
3
capitalização/atualização por passos, tantos quantos as taxas.
𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜: 𝐶𝑛 = 𝐶0 (1 + 𝑖1 )𝑚 (1 + 𝑖2 )𝑛−𝑚
𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑢𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜: 𝐶0 = 𝐶𝑛 (1 + 𝑖2 )−𝑛+𝑚 (1 + 𝑖1 )−𝑚
De acordo com a regra da multiplicação, o FC ou FA para 𝑛 anos é igual ao produto do FC
ou FA para 𝑚 anos pelo FC ou FA para 𝑛 − 𝑚 anos, ou seja:
𝐹𝐶𝑚 × 𝐹𝐶𝑛−𝑚 = 𝐹𝐶𝑛
(1 + 𝑖 )𝑚 × (1 + 𝑖 )𝑛−𝑚 = (1 + 𝑖 )𝑚−𝑛−𝑚 = (1 − 𝑖 )𝑛
De acordo com a regra da adição, o valor atual ou futuro de uma soma é igual ao valor
atual ou futuro das parcelas, ou seja:
𝑉𝐴(𝑥 + 𝑦) = 𝑉𝐴(𝑥 ) + 𝑉𝐴(𝑦)
A distinção entre estas taxas reside no facto de refletirem ou não o efeito da capitalização.
A taxa efetiva considera os efeitos da capitalização composta em períodos menores, pelo
que só existe diferença entre elas em regime de capitalização composta (em regime de juro
simples, a taxa nominal é a taxa efetiva)
ჵ TAN = Taxa anual nominal
ჵ TAE = Taxa anual efetiva
Por outras palavras, a taxa nominal é expressa em percentagem e representa a
remuneração de um capital durante um determinado período de tempo. Tem em conta
apenas o capital investido e quando não há capitalização de juros, a taxa nominal é a mesma
que a taxa efetiva. Por sua vez, a taxa efetiva é a taxa real que pagamos por um passivo ou
recebemos por um ativo financeiro e pode ser calculada para qualquer período. É diferente
da taxa de juro nominal, que ignora a capitalização e outros fatores.
Seja um capital de 100€ aplicado à taxa anual nominal de 16%, com frequência de
capitalização semestral. Para calcular o valor do investimento ao fim de 1 ano, temos de
descobrir qual a taxa a aplicar no semestre (pela regra da proporcionalidade, 16%/2=8%).
4
Assim, no final do 1º semestre, o capital será de 100*1,8%=108€. Por sua vez, no final do 2º
semestre, o capital será de 100*1,8%2=116,64€. Deste modo, a taxa anual nominal é de 16%
mas a taxa anual efetiva é de 16,64%.
5
𝑗 𝑚
(1 + 𝑖 ) = (1 + )
𝑚
, onde 𝑖 é a taxa anual efetiva, 𝑗 é a taxa anual nominal, 𝑚 é o número de períodos de
𝑗
capitalização no ano e é a taxa efetiva para uma fração do ano, permite passar de uma
𝑚
taxa anual efetiva para uma taxa anual nominal e vice-versa e calcular uma taxa efetiva para
uma fração do ano, a partir de uma taxa anual, seja ela efetiva ou nominal.
Se o processo de capitalização for de 𝑛 anos, multiplicam-se os dois expoentes por 𝑛:
𝑗 𝑚×𝑛
(1 + 𝑖 )𝑛 = (1 + )
𝑚
Tipos de taxas
A TAEG é a taxa anual efetiva global e representa o custo total do empréstimo para o
cliente e expressa-se em percentagem do montante que é emprestado pelo banco. Engloba
todas as comissões do empréstimo, seguros exigidos, juros, despesas com impostos e/ou
relativas a registos, e outros encargos que estejam associados.
RENDAS
Quando consideramos um conjunto de capitais a ocorrer a intervalos de tempo iguais,
estamos a falar de rendas. É o caso de prestações relativas ao pagamento de um empréstimo
para aquisição de uma habitação, contrato de “leasing”, Planos Poupança Reforma…, onde
cada um dos capitais é o termo da renda. É uma situação, num regime de capitalização
composta, em que há lugar a várias transferências de capital (termos/prestações) realizadas
de forma regular, no mesmo sentido e em momentos equidistantes no tempo.
Os valores dos termos podem ser constantes ou variáveis. Podem ser termos temporários
ou perpétuos, e a renda pode ser anual, semestral, mensal… A finalidade pode ser a
6
acumulação, amortização ou remuneração e pode ter início imediato ou diferido. Pode,
ainda, quanto à localização, ser antecipada ou postecipada.
O período é, assim, o intervalo de tempo que medeia entre dois termos consecutivos
(𝑡𝑛 − 𝑡𝑛−1 ). A origem corresponde ao período antes do vencimento do 1º termo (𝑡0 ).
Existem algumas tabelas financeiras, de dupla entrada (taxa de juro e prazo) com o
objetivo de facilitar os cálculos do processo de atualização e de capitalização de capitais.
Tabelas 1 e 2
Tabelas 3 e 4
A tabela 3 apresenta o fator de capitalização para o termo do período final (𝑛) de uma
série uniforme de aplicações periódicas (anuidades) a taxa 𝑖.
(1 + 𝑖 )𝑛 − 1
𝑖
Ou seja, se todos os meses aplicar
125€ a uma taxa de juro de 6% anual
durante os próximos 12 meses, pela
regra da proporcionalidade, a taxa
6%
mensal é 𝑖𝑚 = = 0,5% 𝑎𝑜 𝑚ê𝑠. Começando a aplicar daqui a um mês, no momento 1
12
(aplicações postecipadas), no primeiro mês terei 125€ × (1 + 0,5%)11 = 132,05€, no
7
segundo 125€ × (1 + 0,5%)10 = 131,39€… Até que no último mês terei 125€ × (1 +
0,5%)0 = 125€. O valor da soma será 125€ × (1 + 0,5%)11 + 125€ × (1 + 0,5%)10 + ⋯ +
125 = 125[1 + (1 + 0,5%)1 + ⋯ + (1 + 0,5%)10 + (1 + 0,5%)11 ], ou seja, trata-se da soma de
12 termos de uma progressão geométrica cuja razão 𝑟 é (1 + 0,5%) e 𝑢1 , o primeiro termo da
série, é 1.
1 − 𝑟𝑛
𝑁𝑜𝑡𝑎: 𝑃𝑟𝑜𝑔𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑔𝑒𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 → 𝑆𝑛 = × 𝑢1
1−𝑟
O valor futuro da aplicação descrita, a começar daqui a um período (postecipadas) é
então:
(1 + 0,5%)12 − 1
𝑆𝑛 = 125 × [ ] = 125 × 12,33556237 = 1541,945296€
0,5%
O fator de capitalização para o termo do período final de uma série uniforme de aplicações
(1+𝑖)𝑛 −1
periódicas (anuidades) à taxa 𝑖 é, então 𝑖
.
Tabelas 5 e 6
8
6%, seria preferível a entrega Lumpsum.
Se somarmos todos os valores atuais das rendas, obtemos 91 759€, pelo que é preferível o
Lumpsum de 100 000€.
A tabela 6, por sua vez, fornece o fator de equivalência anual (anuidade) à taxa 𝑖, de uma
só aplicação no começo do período inicial.
𝑖
1 − (1 + 𝑖 )−𝑛
É o exemplo dos empréstimos à habitação, em que as prestações (capital amortizado +
juros) são constantes. Ou seja, se pedirmos hoje (momento 0) um capital emprestado
(mutuado) de 350 000€, a pagar em 35 anos (420 meses) em prestações constantes, à taxa
6%
anual de 6%, a taxa mensal é de 𝑖𝑚 = = 0,5%. Podemos então escrever que as
12
prestações são:
0,5%
𝑎 = 350 000 × = 1 995,66€
1 − (1 + 0,5%)−420
1−(1+0,5%)−420
Usando a tabela 5, verificamos que 350 000 = 𝑎 × .
0,5%
Uma renda é considerada perpétua se o número dos seus termos é (ou pode ser)
considerado ilimitado. Mais precisamente, se o seu último termo já não acrescentar valor
significativo ao valor atual (global da renda). É o exemplo de modelos teóricos ligados à
avaliação de empresas (ou de ações), situações ligadas à atividade seguradora, cálculos
9
associados a doações perpétuas… Nestes casos, só faz sentido falar do seu valor atual, nunca
do seu valor acumulado.
Para saber o valor atual de uma perpetuidade, calcula-se o limite para que tende a
expressão da soma da tabela 5, quando 𝑛 → ∞.
1 − (1 + 𝑖 )−𝑛 1
lim ( )=
𝑛→∞ 𝑖 𝑖
Se a série não for uniforme, mas crescer à taxa g, o valor atual será:
1 1 (1 + 𝑔 ) 𝑛
𝐴𝑛 = 𝑎 × [ − × ]
𝑖 − 𝑔 𝑖 − 𝑔 ( 1 + 𝑖 )𝑛
10
de 833,33 + 1 741,67 = 2 575 €, e assim por diante. As prestações, não constantes de
capital e juros, são decrescentes.
Os empréstimos podem ainda ter:
ჵ Período/prazo de carência → intervalo de tempo, após a contratação do empréstimo,
durante o qual o devedor (mutuário) paga ao credor (mutuante), nos períodos
convencionados, apenas os juros do período, não havendo lugar a qualquer
amortização de capital mutuado
ჵ Período/prazo de diferimento → intervalo de tempo, após a celebração do mútuo,
durante o qual o mutuário não efetua qualquer pagamento, quer de capital quer de
juros, ao mutuante
LEASING
Um acordo de renda que se estende por um ano ou mais e envolve uma série de
pagamentos fixos é chamado de leasing ou locação financeira. É uma alternativa à compra
de equipamento por grande parte das empresas. Qualquer acordo de leasing envolve duas
partes: o utilizador do ativo, o locatário, que faz pagamentos periódicos ao dono do ativo, o
locador. Quando o acordo de leasing termina, o equipamento reverte para o locador. No
entanto, o acordo permite frequentemente que o utilizador compre o equipamento ou
reinicie um novo leasing.
Alguns acordos de leasing são de curto período e podem ser cancelados durante o
contrato por parte do locatário. Esses acordos são chamados leasings operacionais. Outros
acordos estendem-se por mais tempo do que a vida económica estimada do ativo e não
podem ser cancelados sem que o locador seja reembolsado. Estes acordos são os leasings
financeiros, de capital ou de pagamento total.
Quando a operação de financiamento é sobre bens móveis, o leasing diz-se mobiliário, ao
passo que se for sobre bens imóveis se diz imobiliário. O locador adquire o bem por sua conta
ou constrói tendo em conta os requisitos técnicos indicados pelo locatário. Mantendo a
propriedade do bem, coloca-o à disposição do locatário. O locatário, por sua vez, assume
todos os riscos e encargos por um período pré-definido de tempo. Utiliza o bem, mediante
o pagamento de uma renda. No fim do período, dispõe de uma opção de compra por um
preço igual ao valor residual do bem, previamente estabelecido.
Numa locação financeira o prazo de locação cobre a maior parte da vida útil do bem e não
a deve ultrapassar. O valor presente das rendas corresponde a grande parte do valor do bem.
A opção de compra, pelo valor residual, tem baixo valor, substancialmente inferior ao preço
11
de mercado, pelo que tende a ser exercida. Com o exercício da opção, a propriedade do bem
é transferida no final do contrato para o locatário.
Vantagens do Leasing
Em ambos os casos, ALD e Renting, o locador cede ao locatário o direito de usar um bem
durante um período de tempo acordado e mediante o pagamento de prestações (rendas).
No ALD (aluguer de longa duração) o bem tem que obrigatoriamente passar a ser
propriedade do locatário quando o contrato termina. No Renting (conhecido como AOV no
aluguer operacional de veículos), por sua vez, não existe compromisso de aquisição do bem
no fim do contrato.
Normalmente, para os clientes-empresas, as gestoras de Renting prestam também um
serviço de gestão de frotas. As rendas incluem este serviço, bem como, para todos os tipos
de clientes, a prestação de um conjunto variado de serviços (como manutenção do
equipamento e seguros) que libertam os utilizadores dos encargos operacionais das viaturas
(de acordo com as cláusulas específicas do contrato). O montante das rendas está, no caso
dos veículos, sujeito a uma quilometragem pré-definida.
12
Cálculo das rendas
As rendas são calculadas com base no valor de contrato sem IVA. À renda e ao valor
residual acresce posteriormente o IVA.
𝑉𝑐 − 𝑉𝑟(1 + 𝑖 )−𝑛
𝑅=
1 − (1 + 𝑖 )−𝑛
𝑖
, sendo 𝑅 o valor da renda constante postecipadas, 𝑉𝑐 o valor do contrato, 𝑉𝑟 o valor residual
do bem no final do contrato, 𝑛 o número de períodos e 𝑖 a taxa de locação financeira
correspondente ao período.
𝑆𝑘 = 𝑚𝑘 + (𝑉𝑐 − ∑ 𝑚𝑡 ) × 𝑖
𝑡=1
Rendas antecipadas
Para calcular o valor das rendas antecipadas basta recorrer à fórmula equivalente das
rendas postecipadas e dividir o valor por (1 + 𝑖 ). Por exemplo, para o caso de uma renda
constante antecipada, a fórmula seria:
𝑉𝑐 − 𝑉𝑟(1 + 𝑖 )−𝑛
1 − (1 + 𝑖 )−𝑛
𝑖 𝑉𝑐 − 𝑉𝑟(1 + 𝑖 )−𝑛
𝑅= =
1+𝑖 1 − (1 + 𝑖 )−𝑛
× (1 + 𝑖)
𝑖
No excel, a função PMT (ou PGTO no excel português) permite obter o valor do
pagamento de um empréstimo com prestações constantes e taxa de juro constante.
13
𝑃𝑀𝑇(𝑟𝑎𝑡𝑒, 𝑛𝑝𝑒𝑟, 𝑝𝑣, [𝑓𝑣 ], [𝑡𝑦𝑝𝑒])
ჵ Rate → taxa de juro
ჵ Nper → número de rendas
ჵ Pv → valor de aquisição (present value)
ჵ Fv → valor residual (0 por omissão, future value)
Nota: ou o pv ou o fv têm de ser negativos, dependendo se o leasing está ser calculado por parte do locador ou
do locatário
ჵ Type → 1 para rendas antecipadas e 0, por omissão, para rendas postecipadas
Há dois casos onde o leasing operacional pode compensar, mesmo que por grandes
períodos. O primeiro, quando o locador consegue comprar e gerenciar o ativo por menos do
que o locatário (por exemplo, uma empresa de tratores consegue comprar um veículo por
menos do que uma empresa de parafusos). O segundo caso ocorre quando o acordo de
leasing oferece condições úteis como a opção de cancelar o acordo a qualquer momento.
A escolha entre o empréstimo e o leasing deve, assim, ser ponderada. É necessário ler o
contrato e identificar os cash flows originados pelo leasing
Anos
0 1 2 3 … n
Custo do equipamento +CI
Rendas a pagar -R -R -R -R … -R
Manutenção +M +M +M … +M
Economia imposto + + + … +
… … … … … … …
Total CF Leasing LCF0 LCF1 LCF2 LCF3 … LCFn
Deve ter-se em conta a vida do contrato, os cash flows exigidos pelo leasing no período t,
o valor do financiamento líquido de pagamentos imediatos e de outros custos de
oportunidade (LCF0)… Deve calcular-se o valor atual desses cash flows à taxa efetiva do custo
de capital (valor de um empréstimo equivalente).
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𝑛
𝐿𝐶𝐹1
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝐿𝑒𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔 = 𝐿𝐶𝐹0 − ∑
[1 + 𝑐𝑐 (1 + 𝐼𝑆)(1 − 𝐼𝑅𝐶 )]𝑡
𝑡=1
, onde 𝑐𝑐 é o custo de capital (taxa de juro do empréstimo), 𝐼𝑆 o imposto selo sobre juros e
𝐼𝑅𝐶 o imposto sobre lucros. O 𝐿𝐶𝐹0 é o financiamento líquido proveniente do leasing e o
somatório é o valor de um empréstimo equivalente que origina os mesmos cash flows que o
leasing.
15
Aulas Teóricas
ANÁLISE FINANCEIRA
16
Objetivos da Gestão Financeira
Valor da empresa
17
𝑛
𝐶𝑎𝑠ℎ_𝐹𝑙𝑜𝑤𝑖
𝑉0 = ∑
(1 + 𝑘𝑖 )𝑖
𝑖=0
O lucro contabilístico não é um indicador fiável, uma vez que é incerto e manipulável. O
lucro de uma empresa, por exemplo, assume como ganho a venda de um produto mas, se
este não tiver sido pago nem vier a ser pago, não pode ser considerado um ganho, mas antes
uma perda. Por este motivo, os titulares dos direitos das empresas estão interessados nos
fluxos de caixa (fundos líquidos), uma vez que estes garantem os ganhos e perdas apenas
quando há entrada ou saída de dinheiro, respetivamente, na empresa.
Esta etapa orienta as decisões futuras sobre a abordagem, ferramentas, fontes de dados
e formato que o relatório final assumirá. Define o público-alvo, o produto final e o prazo.
Identifica os recursos necessários e respetivas restrições.
A análise financeira apresenta como potenciais utilizadores todos aqueles que interagem
com a empresa, ou seja, acionistas, investidores, analistas de títulos, colaboradores,
credores, fornecedores, clientes, fisco, gestores… No fundo, todos os stakeholders da
empresa.
2 – Recolha de informação
Nesta fase, o analista reúne os dados necessários para responder às questões específicas
formuladas na fase 1. Pode incluir obter informação na economia e na indústria com a qual
a empresa trabalha. Tal informação irá permitir um melhor entendimento dos negócios da
empresa, posição financeira e performance económica.
18
Devem ser analisados pelo menos 5 relatórios de contas (ao longo de 5 períodos), que
incluem o balanço, demonstração de resultados e demonstração de fluxos de caixa, bem
como relatórios de gestão e anexos. É necessário obter informação diversa sobre a indústria,
setor de atividade, empresa comparável e economia em geral.
Relatório de Gestão
3 – Processamento da informação
Análise de Rácios
O rácio financeiro é uma relação/quociente entre dois ou mais itens das demonstrações
financeiras e pode ser usado como base de comparação. Quanto ao propósito da análise, o
rácio pode ser classificado em:
ჵ Rácio de liquidez → mede a capacidade de a empresa cumprir as suas dívidas
correntes
ჵ Rácio de rentabilidade → mede a capacidade de obter retorno dos investimentos
ჵ Rácio de endividamento “leverage” → mede o grau de proteção para financiadores
de longo prazo
ჵ Rácio de eficiência e rotação → mede a eficiência no uso dos recursos
Por sua vez, quanto à construção do rácio, pode ser
ჵ Rácio de cobertura → ex.: 𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙/𝐽𝑢𝑟𝑜𝑠
ჵ Rácio de retorno → ex.: 𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜/𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜
ჵ Rácio de rotação → ex.: 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠/𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜
19
ჵ Rácio percentual ou estrutural → 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠/𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
A análise dos rácios permite rapidamente analisar a situação da empresa a partir de um
conjunto selecionado de rácios, assim como uma melhor compreensão do que os valores
absolutos e uma análise histórica e setorial. No entanto, apenas lidam com informação
quantitativa, são afetados por decisões de curto prazo ou eventos sazonais, pelas diferentes
políticas contabilísticas das empresas, não existe estandardização na sua definição, não
refletem necessariamente o futuro da empresa e não têm um valor único correto.
4 – Análise e Interpretação
20
Balanço contabilístico
Numa ótica patrimonial, o balanço é constituído pelo ativo, correspondente aos bens e
direitos de uma empresa, pelo capital próprio/situação líquida, e pelo passivo/capital alheio,
que correspondem às suas obrigações. Por sua vez, numa ótica financeira, corresponde às
aplicações de fundos ou investimentos e às origens dos fundos ou financiamentos.
Estrutura Financeira
21
ჵ Facilidade de transformação dos ativos em disponibilidades
É entre estes e outros fatores que o fundo de maneio é considerado ou não suficiente,
pelo que não tem de ser forçosamente positivo.
𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
𝑇𝑀𝑅 = × 365 𝑑𝑖𝑎𝑠 / 12 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
O tempo médio de recebimento (TMR) mede a velocidade com que os clientes pagam as
suas dívidas. Os clientes incluem todas as contas correntes e títulos a receber. Pode incluir
as letras descontadas mas ainda não vencidas e os adiantamentos de factoring (TMC – tempo
médio de crédito). As vendas, por sua vez, têm de incluir todas as taxas (IVA, por exemplo).
𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑒𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠
𝑇𝑀𝑃 = × 365 𝑑𝑖𝑎𝑠 / 12 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑎𝑠
O tempo médio de pagamento (TMP) mede a velocidade com que a empresa paga as
dívidas aos seus fornecedores, sendo que fornecedores inclui todas as contas anexas e
compras inclui todas as taxas a elas associadas.
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑛𝑡á𝑟𝑖𝑜𝑠
𝑇𝑀𝑆 = × 365 𝑑𝑖𝑎𝑠 / 12𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠
𝐶𝐸𝑉𝐶 + 𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑙 + 𝐹𝑆𝐸
O tempo médio de stockagem (TMS) mede a velocidade em que em média são renovados
os inventários. CEVC significa custo das existências vendidas e consumidas. Inventários inclui
os produtos acabados, produtos em curso e matérias primas. Os fluxos de saída
(denominador) são constituídos apenas pelo CEVC em empresas comerciais e pelo
CEVC+GP+FSE em empresas industriais.
Ciclo de caixa
22
uma empresa da área da saúde tenha um elevado fundo de maneio e que uma empresa da
área da restauração tenha um baixo.
Balanço de Gestão
O balanço de gestão relaciona o equilíbrio financeiro com as decisões ligadas aos ciclos
financeiros da empresa, ciclos esses que são:
ჵ Ciclo de investimento → atividades e decisões de investimento
ჵ Ciclo de financiamento → ligado aos fluxos de financiamento autónomos e
subdividindo-se em fluxos para obtenção de fundos para investimentos (ciclo das
operações de capital) ou para a exploração (ciclo das operações de tesouraria)
ჵ Ciclo de exploração → atividades e decisões de aprovisionamento, produção e
comercialização
A empresa tem necessidades financeiras provenientes do seu ciclo de exploração, de
operações de financiamento e de operações de investimento, mas é também deles que a
empresa obtém recursos financeiros.
As necessidades financeiras do ciclo de exploração incluem inventários de segurança,
adiantamentos a fornecedores, créditos a clientes, impostos a receber… resultando num
ativo cíclico para o normal funcionamento da atividade. O ciclo de investimento e financeiro,
por sua vez, tem como necessidades os investimentos tangíveis e intangíveis, investimentos
financeiros e reembolsos de empréstimos.
Os recursos do ciclo de exploração correspondem ao crédito de fornecedores ou do
Estado, ao adiantamento de clientes… resultando num passivo cíclico decorrente do normal
funcionamento da atividade. O ciclo de investimento e financiamento, por sua vez, recorre a
desinvestimentos, empréstimos e aumento do capital social.
𝑇𝐿 = 𝐹𝑀 − 𝑁𝐹𝑀
𝑇𝑒𝑠𝑜𝑢𝑟𝑎𝑟𝑖𝑎 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 = 𝐹𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑛𝑒𝑖𝑜 − 𝑁𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑒𝑚 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑛𝑒𝑖𝑜
Os ajustamentos nos capitais próprios, ou seja, nos fundos próprios, pode incluir
empréstimos obrigacionistas convertíveis (se a probabilidade de conversão for alta),
provisões (se existirem reservas ocultas) e títulos de participação. Por outro lado, devem-se
deduzir os dividendos (devem ser colocados em tesouraria passiva) e os ativos por impostos
diferidos (devem ser retirados do ativo não corrente e do capital próprio).
O capital alheio estável inclui as dívidas correntes estáveis que não de exploração, como
contas de empresas do grupo, quando se analisa a empresa dominante. Se a análise for à
dominada, as dívidas correntes da dominante são tesouraria passiva. Inclui também
sócios/acionistas, dependendo da exigência.
24
O ativo não corrente tem características de permanência superior a 1 ano. Os intangíveis
devem ser retirados no capital próprio e no ativo, exceto os intangíveis convertíveis em
dinheiro.
As necessidades em fundo de maneio podem ser classificadas segundo a sua natureza em:
ჵ Cíclicas → diretamente relacionadas com o ciclo de exploração, correspondentes a
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑛𝑡á𝑟𝑖𝑜𝑠 + 𝑐𝑟é𝑑𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎çã𝑜 − 𝑑é𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎çã𝑜
ჵ Acíclicas → outras, independentes do ciclo de exploração, correspondentes a
𝑂𝑢𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑐𝑟é𝑑𝑖𝑡𝑜𝑠 − 𝑂𝑢𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑑é𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠
25
dividendos, retirados ao resultado líquido do exercício, letras descontadas não vencidas,
impostos correntes sobre lucros, entre outros.
Rácios de liquidez
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
𝐿𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑒𝑧 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑙 =
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
A regra simples 2:1 é suficiente para a maioria das empresas, mas depende do setor, pelo
que é necessário usar referências. Algumas tabelas apontam como suficiente uma liquidez
geral de 1,2 ou 1,3.
Liquidez imediata
Rácios de solvabilidade
Rácios de endividamento
Os rácios de endividamento medem até que ponto a empresa usa dívida para financiar as
𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎
suas atividades. Usando o total da dívida (todo o passivo), o rácio , que
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜
corresponde ao inverso do rácio de solvabilidade, deve ser menor ou igual a 2. Se, por sua
vez, se usa apenas as dívidas de médio/longo prazo (passivo não corrente), o rácio
𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎 𝑀𝐿 𝑝𝑟𝑎𝑧𝑜 𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑛ã𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
deve ser igual ou inferior a 1, com igual ou inferior a 0,5.
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑝𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑖𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑚𝑎𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
Rácios de capitalização
27
A autonomia financeira é o complementar do endividamento global, pelo que deve ser
superior a 1/3. Em ambos os casos deve-se usar as percentagens do balanço ou, quando
possível, os valores de mercado.
Rácios de cobertura
Ratings
28
ჵ D → não cumpriu as obrigações
Análise de Rendibilidade
29
ჵ Meios libertos operacionais
𝑀𝑒𝑖𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑏𝑒𝑟𝑡𝑜𝑠 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑖𝑠
= 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 + 𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎çõ𝑒𝑠 𝑜𝑢 𝑎𝑚𝑜𝑟𝑡𝑖𝑧𝑎çõ𝑒𝑠 + 𝐼𝑚𝑝𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
+ 𝑃𝑟𝑜𝑣𝑖𝑠õ𝑒𝑠 = 𝐸𝑥𝑐𝑒𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐸𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎çã𝑜 (𝐸𝐵𝐸)
Rácios de rendibilidade
Margens de vendas
As margens são importantes pois refletem para os gestores o efeito da sua política de
preços e o controlo dos seus gastos operacionais e financeiros, mas são muito condicionadas
pelo tipo de negócio. Por exemplo, entre um supermercado e uma joalharia,
tendencialmente o supermercado apresenta uma menor margem de lucro, mas isso não
significa que seja menos rentável, pois depende não só do volume de vendas como do
investimento feito, ou seja, da rotação dos ativos (vendas por cada euro investido).
Rácios de atividade/eficiência
Estes rácios indicam a intensidade com que a empresa utiliza os seus ativos para gerar
vendas. Podem ser:
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝑀𝑉𝑀𝐶 )
𝑅𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑛𝑡á𝑟𝑖𝑜𝑠 =
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑛𝑡á𝑟𝑖𝑜𝑠
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
𝑅𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑟é𝑑𝑖𝑡𝑜𝑠 =
𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
𝑅𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑛ã𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑛ã𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
𝑅𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜
Em todos os casos, avaliam as vendas geradas por cada € de ativos empregue.
31
𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠
𝑅𝑂𝐼 =
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
Os rácios de rendibilidade do investimento refletem 3 fatores: um fator de rendibilidade
(margem), um fator de atividade (rotação), e ainda um fator de endividamento (estrutura de
capital).
Rentabilidade do investimento
A empresa está a criar valor quando há um excedente do Earning Power (ROA) em relação
ao custo de capital. Este excedente pode ser medido pelo EVA – Economic Value Added.
𝐸𝑉𝐴 = (𝑅𝑂𝐴 − 𝐶𝐶 ) × 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜
32
(1 − 𝑡) × 𝐸𝐵𝐼𝑇 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
𝑅𝑂𝐼𝐶 = ×
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜
, onde se pretende que 1 − 𝑡 corresponda ao mínimo de impostos, 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 ao máximo de
margem e 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜 ao máximo de rotação. A criação de valor pode, assim, ser
também medida usando o ROIC em vez do ROA.
𝐸𝑉𝐴 = (𝑅𝑂𝐼𝐶 − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 ) × 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜
33
Leverage Financeiro
34
𝑅𝑂
𝑅𝐿 = ( × 𝐴 − 𝑖 × 𝑃) × (1 − 𝑡)
𝐴
𝑅𝐿 (𝑟 × 𝐶𝑃 + (𝑟 − 𝑖) × 𝑃) × (1 − 𝑡) 𝑃
= = (𝑟 + (𝑟 − 𝑖 ) × ) × (1 − 𝑡)
𝐶𝑃 𝐶𝑃 𝐶𝑃
𝑅𝐿+𝐸𝐹 𝑃
, onde 𝑟 = 𝑅𝑂𝐴 = 𝐴
. Se 𝑟 > 𝑖, a rendibilidade financeira é uma função crescente de
𝐶𝑃
. Se 𝑟 <
𝑖, quanto menor o recurso ao crédito, menor o efeito de Levier e menor o risco financeiro da
empresa. Se 𝑟 = 𝑖, o recurso ao endividamento não influencia a rendibilidade financeira.
Identidade Du Pont
35
impostos gerado por cada u.m. liberta pelo RO e o multiplicador do CP reflete a estrutura de
financiamento da empresa.
O efeito fiscal representa o resultado líquido gerado por cada u.m. liberta pelo RAI.
A taxa a que a empresa pode crescer sem ter de angariar novos financiamentos pode ser
avaliada pela taxa de crescimento interna.
𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑡𝑖𝑑𝑜𝑠 (𝑅𝑅 )
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 =
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜
, onde 𝑅𝑅 = 𝑅𝐿 − 𝐷𝑖𝑣𝑖𝑑𝑒𝑛𝑑𝑜𝑠, o que depende da política de dividendos da empresa.
Existem, no entanto, fatores que influenciam a taxa de crescimento interna, uma vez que:
𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑅𝑒𝑡𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑅𝑅 𝑅𝐿 𝐶𝑃
= × ×
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑅𝐿 𝐶𝑃 𝐴
, ou seja,
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑒𝑠𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 = 𝑅á𝑐𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 × 𝑅𝑂𝐸 × 𝑁í𝑣𝑒𝑙 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
Tipos de risco
O risco pode ser avaliado pela variabilidade dos resultados. O risco pode ser:
ჵ Risco de negócio → variabilidade dos RO da empresa, depende da gestão da atividade
operacional sem consideração do tipo de endividamento
ჵ Risco financeiro → variabilidade dos RL associada ao grau e tipo de endividamento
A variabilidade dos resultados operacionais ocorre por diversos fatores, entre os quais a
instabilidade da procura, a volatilidade do preço, a volatilidade dos custos de produção e a
repercussão dos custos nos preços de venda.
O risco de negócio varia com o setor em causa. Atendendo ao setor, a empresa pode
apresentar menor risco se usar políticas de marketing para diminuir a volatilidade da procura
36
e/ou preço ou encetar negociações com fornecedores para estabilizar os preços dos fatores
de produção, entre outros fatores.
A estrutura de custos (risco operacional) amplifica a volatilidade se for muito rígida.
5 Forças de Porter
37
Este grau mede o impacto das dívidas na rendibilidade financeira e a variação percentual
nos resultados líquidos causada por uma variação percentual nos resultados operacionais. O
GAF é o inverso do rácio do efeito dos encargos financeiros (DuPont).
Comparando os medidores do nível de risco da empresa com as parcelas apresentadas na
análise DuPont, concluímos que o efeito dos custos fixos é o inverso do GAO (risco
operacional) e o efeito dos encargos financeiros é o inverso do GAF (risco financeiro).
Risco de Falência
O risco de falência é avaliado por uma combinação de rácios usados na análise de risco de
crédito como indicador de default ou falência. São avaliadas as pontuações (Scorings) e as
classificações (Ratings).
Z-Score
38
Para empresas não cotadas, 𝑍 ∗ = 0,717𝑋1 + 0,847𝑋2 + 3,107𝑋3 + 0,420𝑋4 + 0,998𝑋5 .
Neste caso, se 𝑍 < 1,23, o risco de falência é elevado. Se 1,23 < 𝑍 < 2,9, a empresa está na
zona de incerteza, e se 𝑍 > 2,9, o risco de falência é considerado nulo.
Para mercados emergentes, 𝑍 = 3,25 + 6,56𝑋1 + 3,26𝑋2 + 6,72𝑋3 + 1,05𝑋4 . Neste caso,
se 𝑍 < 1,1, o risco de falência é elevado, se 1,1 < 𝑍 < 2,6, a empresa está na zona de
incerteza, e se 𝑍 > 2,6 o risco de falência é considerado nulo.
INDICADORES DE MERCADO
Até aqui, foram analisados os rácios de performance, que interessam fundamentalmente
aos investidores, e os rácios de equilíbrio financeiro, que interessam fundamentalmente aos
credores. Agora, serão importantes os rácios de mercado, que interessam
fundamentalmente aos acionistas e comparam os resultados das operações com o valor de
mercado das ações.
O preço corresponde ao preço de mercado da ação (cotação). A capitalização bolsista da
empresa corresponde à multiplicação da cotação pelo número de ações:
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜 𝑏𝑜𝑙𝑠𝑖𝑠𝑡𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 = 𝐶𝑜𝑡𝑎çã𝑜 ∗ 𝑁º 𝑎çõ𝑒𝑠
Esta capitalização representa quanto é que o capital próprio da empresa vale em termos
de mercado. Quanto à capitalização bolsista do mercado, esta corresponde ao somatório da
capitalização bolsista de todas as empresas do mercado:
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜 𝑏𝑜𝑙𝑠𝑖𝑠𝑡𝑎 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜
= ∑ 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎çã𝑜 𝑏𝑜𝑙𝑠𝑖𝑠𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜
Rácios de Mercado
Existem múltiplos rácios de mercado para avaliar o valor do capital próprio da empresa,
entre os quais:
𝐶𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜
𝑃𝐸𝑅 =
𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑎çã𝑜 (𝐸𝑃𝑆)
O PER (Price Earning Ratio), assumindo a manutenção dos lucros anuais, indica o número
de anos que o investidor teria de esperar para receber o que investiu.
40
𝑃𝐸𝑅
𝑃𝐸𝐺 =
𝑔
O PEG (Price Earnings Growth) é uma variante do PER para empresas de elevado
crescimento. Divide o PER pela taxa de crescimento esperada, 𝑔, e permite uma melhor
comparação das empresas e perceber se uma empresa com um PER elevado está
sobreavaliada ou simplesmente tem uma (esperada) alta taxa de crescimento.
𝐶𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜
𝑃𝑟𝑖𝑐𝑒 (𝑚𝑎𝑟𝑘𝑒𝑡) 𝐵𝑜𝑜𝑘 𝑉𝑎𝑙𝑢𝑒 =
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑏𝑖𝑙í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑎 𝑎çã𝑜
O PBV permite avaliar o capital próprio de empresas com resultados negativos. Uma
variante do PBV, tomando em conta o valor total da empresa e não só o Capital Próprio, é o
𝑞 𝑑𝑒 𝑇𝑜𝑏𝑖𝑛:
𝑉𝑀𝐴 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 (= 𝐷í𝑣𝑖𝑑𝑎 + 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜)
𝑞 𝑑𝑒 𝑇𝑜𝑏𝑖𝑛 = =
𝑉𝑅𝐴 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 (𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑎𝑑𝑜) 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠
Um 𝑄 alto, superior a 1, significa que é rentável o investimento que se fez na aquisição de
ativos. Em princípio, indica altas taxas de crescimento, o que implica a criação de valor. Um
𝑄 baixo, inferior a 1, significa que as empresas estão sujeitas a risco de takeover, ou seja,
alguém as vai adquirir por baixo valor e rentabilizar melhor os seus ativos.
Para avaliar o valor total da empresa, temos também:
𝐸𝑉
𝑅á𝑐𝑖𝑜 1: , 𝑠𝑒𝑚 𝑖𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖𝑟 𝑜 𝑙𝑒𝑣𝑒𝑟𝑎𝑔𝑒
𝐸𝐵𝐼𝑇
𝐸𝑉
𝑅á𝑐𝑖𝑜 2: , 𝑝𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟í𝑣𝑒𝑙 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑎𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎𝑠
𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴
41
ANÁLISE FINANCEIRA – SÍNTESE DE INFORMAÇÃO A RECOLHER
Sistematizando, aquando da análise financeira, devemos recolher:
ჵ Balanço
➢ Análise do equilíbrio financeiro
→ Comentários à estrutura financeira e nível de fundo de maneio
→ Fundo de maneio e rácios de funcionamento
→ Rácios de liquidez
→ Rácios de endividamento e solvabilidade
→ Fundo de maneio, necessidades de fundo de maneio, tesouraria
líquida (balanço funcional)
ჵ Demonstração de Resultados por funções e por natureza
➢ análise de rendibilidade, eficiência e crescimento
→ Rendibilidade das vendas/margens: estrutura de gastos e fatores de
condicionamento
→ Rendibilidade económica (ROA) e fatores determinantes
→ Rendibilidade financeira (ROE) e fatores determinantes (análise
DuPont e crescimento interno)
→ Taxa de crescimento interna e de crescimento sustentável
➢ Análise de risco operacional e financeiro
→ Ponto crítico
→ Margem de segurança
→ Grau de alavanca operacional, financeira e combinada
ჵ Demonstração dos fluxos de caixa
➢ Análise dos fluxos monetários (risco e equilíbrio financeiro)
→ Fluxo das atividades operacionais
→ Fluxo das atividades de investimento
→ Fluxo das atividades de financiamento
→ Rácios da demonstração dos fluxos de caixa
GESTÃO FINANCEIRA
Na gestão financeira, existem decisões básicas a tomar. De entre as decisões estratégicas,
é necessário averiguar que investimentos de longo prazo fazer (capital budgeting/API), e
como arranjar o dinheiro e que tipo de financiamento para esses investimentos (capital
structure/decisões de financiamento). Já as decisões operacionais incluem como gerir o dia
a dia, em termos de decisões de investimento e de financiamento correntes (gestão de
capital circulante/Cash budgeting)
42
Planeamento de longo prazo – o plano financeiro
Ano Ano
1 – Aplicações … …
- Investimentos
- de renovação
- de expansão
- Necessidades de Fundo de Maneio
- Outros
- Empréstimos concedidos
- Reembolsos de empréstimos
- Dividendos
-…
Total de Aplicações
2 – Recursos … …
- Recursos internos
- Autofinanciamento
- Excedente de Fundo de Maneio
- Cessões de ativos
- Recursos externos
- Aumento de capital
- Empréstimos de médio e longo prazo
-…
Total de Recursos
3 – Desvio anual (2-1) … …
43
reformulação de quase todas as rúbricas), ou tentar angariar outros financiamentos
(problema da escolha das novas fontes e do próprio rácio de endividamento)
O planeamento de longo prazo deve, assim, ser elaborado:
ჵ Via modelo financeiro (computorizado)
ჵ Com diferentes cenários/análise de sensibilidade para simulação de diferentes
situações
ჵ Com ponto de partida usual: taxa de crescimento pretendida (“plug”)
Resultam destes modelos os mapas previsionais para análise, entre os mais comuns:
mapas de previsão de vendas; mapas de investimentos necessários (para ativo não corrente
e para fundo de maneio); necessidades de financiamentos (análise de estrutura de capital e
de política de dividendos); mapas pró-forma: balanços, demonstrações de resultados,
demonstrações de fluxos de caixa…
O plano financeiro é importante, uma vez que obriga a empresa a estabelecer objetivos
(estratégia), evidencia a interação entre as decisões de investimento e de financiamento,
requer viabilidade das opções (necessidade de consistência) e evita surpresas e antecipa
mudanças (planos contingenciais). O planeamento financeiro força a empresa a pensar sobre
e a prever o futuro.
Autofinanciamento
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Cessões de ativos
Capital de risco
ჵ Private Equity: sociedades não cotadas que se dedicam a captar capital junto de
investidores institucionais
ჵ Business Angel: os BA são investidores individuais, normalmente empresários ou
diretores de empresas, que investem o seu capital, conhecimentos e experiência em
projetos promovidos por empreendedores, que se encontram em início de atividade
ou em fases críticas de crescimento. Trata-se de uma entrada no capital das
empresas, delimitada no tempo, com o objetivo de valorização a médio prazo,
através de alienação posterior da quota a outros interessados.
ჵ FFF: Friends, Family and Fools
MERCADOS DE CAPITAIS
Os mercados financeiros têm
como função canalizar fundos de
quem poupa para quem investe. Os
mercados monetários são de curto
prazo (menos de um ano), enquanto
45
que os mercados de capitais são de médio e longo prazo. Têm maior maturidade, maior risco
e maiores flutuações de preço.
Nos mercados de capitais, existe o mercado primário, onde se faz a emissão e a subscrição
dos novos títulos e onde as empresas que emitem os títulos efetivamente recebem dinheiro,
e o mercado secundário, onde se transacionam os títulos já emitidos e em circulação,
asseguram a liquidez dos títulos e dão indicação do preço ao mercado primário.
Mercado Primário
Bancos de investimento
Mercado secundário
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O mercado de balcão (OTC – over de counter market) toma conta de todas as transações
efetuadas fora de bolsa, aos balcões de corretores (brokers) e negociantes (dealers).
Os brokers são simples intermediários que cruzam as ordens de compra e venda, e que se
remuneram na base das comissões. Os dealers são negociantes que assumem os riscos de
compra de títulos para posterior venda, são fazedores de mercado (market makers) e detêm
inventários de títulos e fazem a sua vida vendendo-os com uma margem.
𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 = 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝐴𝑆𝐾 − 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝐵𝐼𝐷
O preço ASK é o preço a que o dealer vende o título, enquanto o preço BID é o preço a
que o dealer está disposto a comprar o título.
47
ჵ Valor de reembolso → a situação mais comum é ao par, ou seja, o valor do reembolso
é igual ao valor nominal. Acima do par, a diferença corresponde ao prémio de
reembolso
ჵ Maturidade (vida máxima) → corresponde ao período entre a data da emissão e o
último reembolso de capital
ჵ Vida média → é a média dos períodos de tempo que medeia entre a data de emissão
e os vários reembolsos parciais de capital
ჵ Período de carência → é o tempo que medeia entre a emissão e o primeiro
reembolso
Métodos de amortização
Despesas de emissão
O custo das obrigações ao longo da vida inclui os juros (comissão de pagamento de juros),
reembolsos (comissão de reembolsos), o imposto de selo sobre comissões (4%) e despesas
com anúncios, obrigatórios por cada pagamento de juros e reembolsos.
48
𝑛
𝐶𝐹𝑡 𝑉𝑅
𝑉𝐸 − 𝐷𝐸 = ∑ 𝑡
+
(1 + 𝑎𝑖𝑐 ) (1 + 𝑎𝑖𝑐 )𝑛
𝑡=1
Aquando da transação…
Aquando da transação, é necessário ter em conta a cotação (clear price ou flat price), o
juro corrido, a comissão de corretagem, as comissões de bolsa (comissões de negociação e
de clearing), a comissão de intermediário (caso as ordens sejam dadas através de uma
instituição de crédito ou parabancária) e o imposto de selo sobre as comissões. Assim:
Juro corrido
Para o cálculo do juro corrido, é necessário saber o montante de juros acumulados desde
o último pagamento do cupão até ao dia da liquidação da operação (+2 dias úteis). Para
calcular os dias de juros na transação de títulos, a convenção mais comum é o ano comercial
(ano de 360 dias e meses de 30 dias). A taxa de cupão é nominal e referente ao ano (usar a
regra da proporcionalidade).
49
, sendo 𝑉 o valor atual da obrigação (igual ao valor teórico da obrigação), 𝐶𝐹𝑡 o cash flow
associado ao timing 𝑡, e 𝑖 a taxa de atualização (ou taxa de desconto, tendo a taxa e mercado
para obrigações com o mesmo nível de risco).
ჵ Quanto maior a taxa de cupão para uma dada taxa de atualização, maior será o preço
da obrigação (e vice-versa)
ჵ Quanto maior o prémio de reembolso, maior o valor da obrigação
ჵ O valor da obrigação varia inversamente com as taxas de juro do mercado
ჵ Obrigações com maturidade mais longa apresentam maior volatilidade de preço
Duração da obrigação
A maturidade só tem em conta o timing do último cash flow, pelo que para definir a
duração de uma obrigação é mais correto ter em conta a vida média ponderada dos fluxos
que a obrigação paga, ou seja:
∑ 𝐶𝐹𝑡 × (1 + 𝑟)−𝑡
𝐷= ×𝑡
𝑃0
A duração também mede o efeito das variações (percentuais) da taxa de juro no preço da
obrigação. Por exemplo, uma duração de 3 anos significa que o valor do título pode aumentar
cerca de 3% se as taxas de juro caírem 1% (elasticidade preço/taxa de juro).
Medidas de rendimento
ჵ Taxa de cupão – 𝑇𝑐
ჵ Taxa de rendimento corrente (TRC) – current yield → relaciona o cupão (C) com o
preço de mercado (P)
𝐶
𝑇𝑅𝐶 =
𝑃
ჵ Rendimento ganho de capital → taxa de ganho de capital (g)
𝑃𝑡+1 − 𝑃𝑡
𝑔=
𝑃𝑡
50
𝑃𝑡+1 − 𝑃𝑡 + 𝐶𝑡
= 𝑔 + 𝑇𝑅𝐶
𝑃𝑡
A MYTM é também designada por taxa de rendimento realizada – TRR – e entra em linha
de conta com a taxa real a que o reinvestimento dos juros é feito. O cálculo baseia-se na
determinação do valor de juros e reembolsos, reinvestidos à taxa realista, no final da vida da
obrigação (valor de capitalização – 𝑉𝐶). Corresponde ao cálculo da taxa de juro (MYTM) a
que o preço tem de ser remunerado, para se chegar ao valor de capitalização.
𝑃(1 + 𝑀𝑌𝑇𝑀)𝑛 = 𝑉𝐶
Quanto mais próximo 𝑃 se situar do valor nominal da obrigação, menos incorreta será a
utilização da 𝑇𝑅𝐶 para medir a rendibilidade da obrigação. Quanto mais longa a vida da
obrigação, menos incorreta será a utilização da 𝑇𝑅𝐶 para medir a rendibilidade da obrigação.
No limite, para 𝑛 = ∞, elas coincidem.
51
Tipos de obrigações
Quanto ao emitente
Quanto à taxa
53
➢ O Yield to call apresenta um cálculo análogo ao da𝑌𝑇𝑀 em que o número de
cupões considerados são os cupões que faltam até à data da call e o valor do
principal passa a ser o call price (e não o 𝑉𝑁)
ჵ Obrigações com opção de venda (put option)
➢ Puttable bond corresponde a obrigações com opção de reembolso
antecipado do obrigacionista, a um preço especificado, existindo
normalmente um desconto no valor de reembolso (put option premium)
Obrigações inovadoras
ჵ Liquid yield option notes (LYONS) → dívida de “cupão zero” com opção de venda,
exigível e conversível
ჵ Floating-price (death spiral) convertibles → dívida conversível onde o detentor da
obrigação a pode converter num valor fixo de ações
ჵ Asset backed securities → muitos pequenos empréstimos são agrupados e
revendidos como uma só obrigação
ჵ Catastrophe (CAT) bonds → os pagamentos são reduzidos em caso de um desastre
natural específico
ჵ Reverse floaters (yield curve notes) → obrigações de taxa flutuante que pagam uma
taxa de juros mais alta quando outras taxas de juro caem e uma taxa de juro mais
baixa quando outras taxas de juro aumentam
ჵ Equity linked bonds → Pagamentos estão vinculados ao desempenho de um índice
do mercado de ações
ჵ Pay-in-kind bonds (PIKs) → o emissor pode optar por efetuar pagamentos de juros
em dinheiro ou em mais obrigações com valor nominal equivalente
ჵ Rate sensitive bonds → a taxa de cupão muda à medida que a classificação de crédito
da empresa muda
ჵ Ratchet bonds → obrigações de taxa flutuante cujos cupões só podem ser redefinidos
para baixo
54
MERCADOS DE CAPITAIS – STOCKS
Os stocks são capital social e, assim sendo, representam propriedade. São negociados no
mercado de capitais, pelo que são títulos. Representam um direito sobre um fluxo de cash
flows futuros (dividendos e preço de venda).
O facto de os stocks representarem propriedade significa que o acionista detém parte da
empresa e recebe dividendos do emissor. Não existem stocks do Tesouro, ou seja, os
indivíduos não podem possuir parte do governo.
Tanto as ações como as obrigações são títulos, podendo ser negociados no mercado de
capitais. Ambos representam um direito a um fluxo de cash flows futuros. Nas obrigações
existe pagamento de juros e principal no vencimento, enquanto nos stocks existe pagamento
de dividendos e preço de venda (quando vendido).
Obrigações Ações
ჵ É um título representativo de parte ჵ É um título representativo do capital
da dívida de uma sociedade social de uma sociedade
ჵ O detentor de uma obrigação é ჵ O detentor de uma ação é co-
credor da sociedade proprietário
ჵ Rendimento e vida máxima da ჵ O rendimento das ações é variável,
obrigação são predeterminados na não existe vida máxima
emissão ჵ Em caso de falência os acionistas
ჵ Em caso de falência e liquidação dos não têm qualquer prioridade
bens, os obrigacionistas têm ჵ Os dividendos não são dedutíveis
prioridade em relação aos acionistas (existe subsídio fiscal à utilização da
ჵ Em termos fiscais, os juros pagos dívida que não se verifica no
pela empresa são dedutíveis nos financiamento de ações)
lucros ჵ Existe controlo de gestão
ჵ Não existe controlo de gestão (a
obrigação dá direito a voto)
55
ჵ Subscrição (podem ser exercidos ou vendidos) → direito de preferência na subscrição
de novas ações salvo disposições contrárias nos estatutos
56
𝑅𝑂 × (1 − 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜) − 𝐾𝑚 × 𝐶𝐼
𝐺𝑊 =
𝐾𝑚
, onde 𝐾𝑚 é o custo médio de capital.
ჵ O valor do goodwill com ganhos contantes durante 𝑇 anos, pela ótica da entidade:
𝐺𝑊 = (𝑅𝑂 × (1 − 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜) − 𝐾𝑚 × 𝐶𝐼) × 𝑡𝑎𝑏5(𝐾𝑚 , 𝑇)
ჵ O valor do goodwill com ganhos contantes durante 𝑇 anos, pela ótica dos capitais
próprios:
𝐺𝑊 = (𝑅𝐿 − 𝐾𝑒 × 𝐶𝑃) × 𝑡𝑎𝑏5(𝐾𝑒 , 𝑇)
Esta ótica é mais plausível, dado a concorrência eliminar a prazo os lucros
supranormais.
3. Treasury Method
ჵ Pela ótica dos capitais próprios, temos que:
∑ 𝑅𝐿𝑡 − 𝐾𝑒 × 𝐶𝑃0
𝐺𝑊 = → 𝐶𝑃 = 𝐶𝑃0 + 𝐺𝑊
(1 + 𝐾𝑒 )𝑡
, onde 𝐾𝑒 é o custo de capital próprio, 𝐶𝑃0 é o valor contabilístico do capital
próprio e 𝑅𝐿 é o resultado líquido.
Empresas comparáveis são empresas que oferecem padrões de Cash Flows semelhantes
e riscos comerciais e financeiros semelhantes.
A avaliação via múltiplos analisa quanto os investidores dessas empresas estão dispostos
a pagar por cada € de:
ჵ Resultados – avaliação via PER (Price earnings ratio)
0 𝑃
𝑃𝐸𝑅 é o preço pago por unidade de resultados, sendo 𝑃𝐸𝑅 = 𝐸𝑃𝑆 . Relaciona a
cotação da ação (𝑃0 ) com o resultado líquido por ação (𝐸𝑃𝑆). O 𝑃𝐸𝑅 é afetado pela
estrutura de capital da empresa e não apenas pelo desempenho operacional.
ჵ Valor contabilístico – avaliação via PBV (Price book value)
O 𝑃𝐵𝑉 é preferível ao 𝑃𝐸𝑅 em caso de resultados líquidos negativos e é equivalente
𝑃
a 𝑃𝐵𝑉 = 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 0𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜.
ჵ Cash Flow – avaliação via PCF (Price cash flow)
O 𝑃𝐶𝐹 relaciona a cotação da ação (𝑃0 ) com o cash flow por ação (𝐶𝐹𝐴), sendo
0𝑃
𝑃𝐶𝐹 = 𝐶𝐹𝐴 . Para muitos analistas, é preferível ao 𝑃𝐸𝑅 dado excluir as depreciações,
imparidades e provisões, as quais se prestam a manipulação contabilística.
ჵ Vendas – avaliação via EBITDA
𝐸𝑉
relaciona o valor de mercado da empresa (𝐸𝑉 – enterpise value) com o
𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴
𝐸𝐵𝐼𝑇𝐷𝐴. Este múltiplo foca-se no valor total da empresa. Deve-se começar por
calcular o 𝐸𝑉 e por dedução da dívida obtemos o valor do capital próprio.
57
4. Ótica de Atualização de Rendimentos
58
para avaliar o capital próprio (usando o resultado líquido) ou a empresa
(usando o resultado operacional)
➢ Ignora o valor de ativos não utilizados
A estimativa da taxa anual de crescimento dos dividendos, 𝑔, pode fazer-se
com base no crescimento passado, recorrendo a previsões dos analistas
financeiros (ainda que estas previsões são normalmente a 5 anos enquanto o
modelo requer longo prazo), ou com base na taxa de crescimento sustentável.
59
𝐹𝐶𝐹𝑛+1
𝑉𝑇𝑛 =
𝑟−𝑔
O valor atual da empresa depende dos Free Cash Flows for the Firm (𝐹𝐶𝐹) descontados
ao custo de capital da empresa 𝑟. 𝑛 é o horizonte de tempo, após estabilização do
crescimento, ou seja, quando 𝑔 é constante.
Para a empresa, 𝐹𝐶𝐹 = 𝐸𝐵𝐼𝑇 × (1 − 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜) + 𝐷𝑒𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎çõ𝑒𝑠 − 𝐶𝐴𝑃𝐸𝑋 − ∆𝑁𝑊𝐶,
tal como 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝐶𝑃 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 − 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑑í𝑣𝑖𝑑𝑎.
Tipos de Ações
60
Obrigações convertíveis
A avaliação de títulos (ações, obrigações, opções) exige para utilização do método do VAL
a determinação de uma taxa de desconto, 𝑅𝑒 , que é a taxa de rendibilidade exigida pelo
investidor.
A rendibilidade que o investidor exige, 𝑅𝑒 , é função do nível de risco do investimento em
causa. Para investimentos sem risco (como títulos de tesouro) a taxa de rendibilidade
inerente corresponde à taxa de rendibilidade sem risco da economia (Risk free rate - 𝑅𝑓 ).
Para qualquer tipo de investimentos com risco (traduzido pela maior ou menor variação dos
fluxos que lhe estão associados) o investidor exige, adicionalmente a 𝑅𝑓 , um prémio de risco.
A taxa de desconto a utilizar na avaliação dos títulos terá então que refletir este prémio:
𝑅𝑒 = 𝑅𝑓 + 𝑃𝑟é𝑚𝑖𝑜
61
Prémio de risco – CAPM
𝑅𝑒 = 𝑅𝑓 + 𝛽(𝑅𝑚 − 𝑅𝑓 )
62
ჵ Desvio padrão → mede a volatilidade da rendibilidade da ação (o risco)
Um investidor procura uma carteira com as melhores médias possíveis (mais altas) e o
menor risco. Para isso, devemos conhecer o comportamento das carteiras em termos de
retorno (médio) e risco.
𝑅𝑐 = ∑ 𝑥𝑖 𝑅𝑖
𝑖=1
O risco de uma carteira, 𝜎𝑐2 , não é a média ponderada do risco das suas componentes,
mas sim:
𝑛 𝑛 𝑛
, onde 𝜎𝑖𝑗 é a covariância de 𝑖𝑗, sendo 𝜎𝑖𝑗 = 𝜎𝑖 𝜎𝑗 𝜌𝑖𝑗 (é aqui que assenta a diversificação,
sempre que 𝜌𝑖𝑗 < 1), 𝜌𝑖𝑗 é o coeficiente de correlação entre as rendibilidades de 𝑖 e 𝑗, 𝜎𝑖2 é
a variância do rendimento da ação 𝑖 e 𝑥𝑖 é a proporção de cada ação na carteira. Se:
ჵ −1 < 𝜌𝑖𝑗 < 0 → existe uma correlação negativa entre a rendibilidade das ações, com
redução do risco da carteira
ჵ 0 < 𝜌𝑖𝑗 < 1 → existe uma correlação positiva entre a rendibilidade das ações, mas
com redução do risco da carteira
ჵ 𝜌𝑖𝑗 = 1 → todas as ações variam exatamente da mesma forma e o desvio padrão da
carteira é igual à média dos desvios padrões das ações individuais
ჵ 𝜌𝑖𝑗 = −1 → existe uma correlação perfeita negativa entre a rendibilidade das ações.
Neste caso, é possível constituir uma carteira (proporções das diferentes ações) que
elimine completamente o risco (𝜎𝑐 = 0). Isto verifica-se quando a proporção de cada
𝑥 𝜎𝑗
ação na carteira é inversa à proporção dos respetivos desvios padrões (𝑥𝑖 = ).
𝑗 𝜎𝑖
63
Matriz do risco da carteira – N stocks
A contribuição de cada ação para o risco da carteira depende do seu valor de mercado,
𝑥𝑖 , e da sua covariância em relação a todas as ações da carteira, 𝜎𝑖𝑐 . A contribuição para o
𝑥𝜎
risco é de 𝑥𝑖 𝜎𝑖𝑐 e a contribuição proporcional da ação para o risco da carteira é 𝑖 2𝑖𝑐. O rácio
𝜎𝑐
𝜎𝑖𝑐
é o 𝛽 da ação 𝑖, ou seja, a sensibilidade de 𝑖 às alterações do valor da carteira.
𝜎𝑐2
Novamente, o que importa não é medir o risco em termos absolutos para cada ação, mas
a sua contribuição (positiva ou não) para o risco global da carteira. Isto implica que o beta, e
não a volatilidade da ação, que é uma medida do
risco total (risco sistemático e diversificável), é a
medida apropriada de risco para determinar o
prémio de risco exigido por um investidor na ação.
Por cada variação percentual (∆%) na
rentabilidade do mercado, será esperada uma
variação de 𝛽 × ∆% na rentabilidade da ação. A equação característica do título corresponde
a:
𝑅𝑠 = 𝑎 + 𝛽𝑅𝑀 + 𝜀
64
, onde 𝛽𝑅𝑀 é o risco sistemático (não diversificável) e 𝜀 o risco não sistemático
(diversificável).
Carteira de mercado
65
A curva AB representa o conjunto de carteiras que otimizam esse binómio, ou seja, que
proporcionam maior rendibilidade para cada nível de risco. É a fronteira eficiente (é a
metade superior do limite de variância mínima).
Entre dois investimentos que proporcionam a mesma rendibilidade escolhe-se aquele
cujo nível de risco é inferior e entre dois investimentos que proporcionam o mesmo risco
escolhe-se aquele cuja rendibilidade é maior.
Dada a fronteira eficiente, a carteira a escolher depende do
nível de risco que o investidor queira tomar. A interseção das
curvas de indiferença da utilidade rendimento/risco do investidor
com a fronteira eficiente (ponto A) conduz à carteira ótima.
são as curvas de indiferença.
Este tipo de carteira permite aos investidores combinar títulos de risco com um
investimento sem risco. Se para além de investir em ações, o investidor pode fazer aplicações
sem risco, como é o caso dos títulos do tesouro, o que equivale a emprestar dinheiro, ou
pode contrair empréstimos à mesma taxa de juro, 𝑅𝑓 , a fronteira eficiente já não
corresponde ao leque de opções de carteiras que maximiza o binómio rendimento/risco.
A reta 𝑅𝑓 ↔ 𝑀 passa a representar os investimentos mais
eficientes: são combinações na carteira 𝑀 e na aplicação sem
risco (linha de mercado de capital). O ponto 𝑀 é o ponto de
tangência entre 𝑅𝑓 e a possibilidade dada pelas ações do
mercado. Origina o mais elevado prémio esperado de risco
(𝑅𝑐 − 𝑅𝑓 ) por unidade de desvio padrão (𝜎𝑐 ). 𝑀 é assim a carteira mais eficiente, para
qualquer investidor.
Para determinar qual o investimento mais eficiente para um investidor individual,
podemos recorrer ao teorema da separação.
Teorema da separação
Primeiro, o investidor decide que parte do dinheiro está disposto a colocar com risco. O
que sobrar, pode emprestar a uma taxa de juro fixa. Se pretende investir com risco mais do
66
que dispõe, poderá pedir dinheiro a uma taxa de juro fixa. O investimento eficiente é uma
combinação entre uma cópia da carteira do mercado e um título sem risco.
Se no mercado existe livre circulação de informação, cada investidor deterá a mesma
carteira de ações, 𝑀. A composição da carteira não depende da atitude do investidor face
ao risco (dado o 2º ponto do teorema da separação) mas das perspetivas de rendimento das
ações. Se a combinação escolhida se encontra para além de 𝑀, significa que se fez um
investimento superior ao capital disponível, tendo-se contraído empréstimos à taxa 𝑅𝑓 para
o aplicar em 𝑀. Se a combinação escolhida se encontra para aquém de 𝑀, significa que se
investiu parte do capital disponível em 𝑀, tendo-se emprestado, à taxa 𝑅𝑓 , o restante.
67
Linha Mercado de Títulos – Security Market Line
𝐿𝑀𝑇 = 𝑟𝑓 + 𝛽(𝑟𝑚 − 𝑟𝑓 )
𝑅 = 𝑟𝑓 + 𝛽(𝑟𝑚 − 𝑟𝑓 )
Se uma carteira é eficiente, deve haver uma relação linear entre a rendibilidade esperada
de cada ação e a sua contribuição marginal para o risco da carteira, ou seja:
𝑅𝑒 = 𝑅𝑓 + 𝛽(𝑅𝑚 − 𝑅𝑓 )
Desenvolvimento do CAPM
𝑅𝑐 = 𝑅𝑚 𝑥 + 𝑅𝑓 (1 − 𝑥 )
𝛽𝑐 = 1𝑥 + 0(1 − 𝑥 ) → 𝑥 = 𝛽𝑐
𝑅𝑐 = 𝑅𝑚 𝛽𝑐 + 𝑅𝑓 (1 − 𝛽𝑐 ) 𝑅𝑐 = 𝑅𝑚 𝛽𝑐 + 𝑅𝑓 (1 − 𝑅𝑓 )𝛽𝑐
68
e uma carteira cópia do mercado, que proporcione o mesmo rendimento 𝑅𝑒 , com um nível
de risco idêntico (𝛽). 𝑅𝑒 seria o mínimo exigido por qualquer investidor.
A utilização da equação do CAPM para cálculo da rendibilidade esperada de uma ação, 𝑅𝑖 ,
pressupõe:
ჵ O conhecimento do indicador de risco da ação (𝛽𝑖 ), o qual poderá ser estimado com
base em dados históricos
ჵ Que seja possível substituir o investimento na ação 𝑖, por uma combinação de
investimento num instrumento sem risco, e carteira cópia de mercado, que
proporcionasse o mesmo 𝑅𝑖 e com um risco idêntico, 𝛽𝑖
ჵ Que a ação 𝑖 se integre numa carteira bem diversificada, pois só assim o risco da ação
se mediria pela sua contribuição marginal para o risco de mercado
𝑅𝑒 significará o contributo da ação para o rendimento de uma carteira diversificada (o
rendimento efetivo da ação poderá ser menor ou maior que 𝑅𝑒 dependendo do seu risco
específico).
Mesmo para empresas não cotadas, podemos usar o CAPM por analogia, fazendo uso da
fórmula de Hamada, sendo:
(1 − 𝑡𝑐 )𝐷
𝛽𝐿 = 𝛽𝑢 × [1 + ]
𝐸
Pressupostos do CAPM
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ჵ Os investidores podem fazer aplicações sem risco ou pedir empréstimos à mesma
taxa
ჵ Custos de transação e impostos inexistentes, e perfeita divisibilidade dos títulos
ჵ O mercado de capitais está sempre em equilíbrio
ჵ Todos os investidores têm o mesmo horizonte de investimento
ჵ Os investidores ficam satisfeitos em investir o seu dinheiro num número limitado de
carteiras básicas, tais como carteira de mercado e bilhetes do Tesouro
O CAPM apresenta, no entanto, alguns problemas. A maior parte deriva da não verificação
dos pressupostos do modelo:
ჵ Os mercados não são perfeitos
ჵ Os bilhetes do Tesouro só em termos nominais são aplicações sem risco (existe
inflação)
ჵ Na prática o 𝑅𝑚 é apurado através de um índice de ações, o qual não contém todos
os investimentos com risco (por exemplo, Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑙𝑠𝑎 =
∑𝑛𝑑 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑎çõ𝑒𝑠 𝑡í𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑛𝑑×𝑐𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑛𝑑
∑𝑛𝑑−1 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑎çõ𝑒𝑠 𝑡í𝑡𝑢𝑙𝑜 𝑛𝑑−1×𝑐𝑜𝑡𝑎çã𝑜 𝑛𝑑−1
)
ჵ O 𝛽 do CAPM como única medida de risco é criticável por várias teorias, como as
teorias multi-index
TEORIAS MULTI-INDEX
As teorias multi-index consideram que a rendibilidade esperada de uma ação (𝑅𝑒 )
depende de diversos fatores ou influências independentes. O modelo alarga-se para:
𝑅𝑒 = 𝑎 + 𝑏1 (𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 1) + 𝑏2 (𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 2) + ⋯ + 𝑏𝑛 (𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑛)
O problema está em conseguir identificar estas variáveis (poderá ser taxa de juro,
produção, inflação, …).
Teoria APT
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preocupam) não depende apenas de um único fator (𝛽) mas está associado a cada fator do
modelo (prémios de risco de cada fator). Depende também da sensibilidade da ação a cada
um dos fatores (𝑏1 , 𝑏2 , …).
O modelo APT não diz quais os fatores macroeconómicos mais relevantes para cada ação.
Fama e French sugerem 3 fatores:
ჵ Market → Medido pela diferença entre o retorno no índice de mercado e a taxa de
juros livre de risco: 𝑅𝑚𝑎𝑟𝑘𝑒𝑡 − 𝑅𝑓 (historicamente 7% nos USA)
ჵ Size → Medido pela diferença do retorno em ações para empresas pequenas e
empresas grandes: 𝑅𝑠𝑚𝑎𝑙 𝑓𝑖𝑟𝑚𝑠 − 𝑅𝑙𝑎𝑟𝑔𝑒 𝑓𝑖𝑟𝑚𝑠 (historicamente 3,6% nos USA)
ჵ Book-to-market (B/M) → Medido pela diferença no retorno em ações com alta
relação B/M e baixa relação B/M: 𝑅𝑣𝑎𝑙𝑢𝑒 𝑠𝑡𝑜𝑐𝑘𝑠 − 𝑅𝑔𝑟𝑜𝑤𝑡ℎ 𝑠𝑡𝑜𝑐𝑘𝑠 (historicamente
5,2% nos USA), onde o 𝑅𝑣𝑎𝑙𝑢𝑒 𝑠𝑡𝑜𝑐𝑘𝑠 corresponde às ações com elevada relação B/M
e o 𝑅𝑔𝑟𝑜𝑤𝑡ℎ 𝑠𝑡𝑜𝑐𝑘𝑠 corresponde às ações com baixa relação B/M. O índice Book-to-
Market é um indicador do valor de uma empresa, comparando o seu valor (capital
próprio) com o valor de mercado.
𝐸(𝑅𝑠𝑡𝑜𝑐𝑘 ) = 𝑅𝑓 + (𝛽𝑚𝑎𝑟𝑘𝑒𝑡 × 7%) + (𝛽𝑠𝑖𝑧𝑒 × 3,6%) + (𝛽𝐵/𝑀 × 5,2%)
71