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USO DE VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS (VANT) PARA MENSURAÇÃO


DE PROCESSOS FLORESTAIS

Article · June 2018


DOI: 10.18677/EnciBio_2018A80

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5 authors, including:

Ana Paula Dalla Corte Bruna Vasconcellos


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Carlos Sanquetta Franciel Rex


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USO DE VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS (VANT) PARA MENSURAÇÃO
DE PROCESSOS FLORESTAIS

Marcos Fidêncio de Oliveira Sobrinho¹, Ana Paula Dalla Corte² Bruna Nascimento de
Vasconcellos3, Carlos Roberto Sanquetta², Franciel Eduardo Rex 4

¹. Engenheiro Florestal – Especialista em Manejo Florestal de Precisão - UFPR;


². Dr., Professor do Curso de Engenharia Florestal - UFPR;
³. Doutoranda em Engenharia Florestal - UFPR;
4
. Mestrando em Engenharia Florestal - UFPR;
Centro BIOFIX de Pesquisa em Biomassa e Sequestro de Carbono Universidade
Federal do Paraná – UFPR E-mail de contato: [email protected]

Recebido em: 06/04/2018 – Aprovado em: 10/06/2018 – Publicado em: 20/06/2018


DOI: 10.18677/EnciBio_2018A80

RESUMO
A utilização de veículos aéreos não tripulados (VANT) tem se destacado como uma
ferramenta de grande potencial para obtenção de informações em diversas áreas do
conhecimento. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o desempenho de
imagens coletadas com VANT para automatizar a geração de informações, tendo em
vista aplicações de silvicultura de precisão, tais como: avaliação de sobrevivência,
quantificação do estoque de madeira em campo e quantificação dos resíduos de
processos florestais. O desenvolvimento desta pesquisa foi realizado em três
fazendas, localizadas no Centro-Oeste do estado de São Paulo. As avaliações
realizadas foram de: sobrevivência aos 15 dias após o plantio de Eucalyptus grandis
e Eucalyptus urograndis, quantificação do estoque de madeira em campo, e
quantificação dos resíduos de processo em campo, empregando o VANT modelo
X800 Geo. Os resultados obtidos com o VANT revelaram-se satisfatórios. Quanto à
sobrevivência, o VANT apresentou o melhor resultado de correspondência com a
recomendação, apresentando 96,86% de sobrevivência. Quanto ao estoque de
madeira em campo (m³), ocorreu uma variação de 0,67% a 3,57% em relação ao
estimado pelo método convencional. Os resíduos florestais apresentaram um volume
médio por parcela de 0,64 m³, de modo que, o volume total foi de 9,09 m³ ha -1.
PALAVRAS-CHAVE: Drone, ortomosaico, precisão.

USE OF UNMANNED AERIAL VEHICLES (UAV) FOR MEASUREMENT OF


FOREST PROCESSES

ABSTRACT
The use of unmanned aerial vehicles (UAV) has stood out as a tool with great
potential for obtaining information in several areas of knowledge. In this sense, the
goal of this research was to evaluate the performance of images collected with VANT
to automate the generation of information for precision silviculture applications, such
as: for the evaluation of survival, quantification of wood stock in the field and
quantification of forest process residues. The development of this research was
carried out in three farms, located in the Center-West of the state of São Paulo. The
evaluations were: survival at 15 days after planting Eucalyptus grandis and
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.15 n.27; p. 117 2018
Eucalyptus urograndis, quantification of wood stock in the field and quantification of
process residues in the field, using the UAV model X800 Geo. The results obtained
with the UAV were satisfactory. Regarding survival, the UAV presented the best
matching result with the recommendation, presenting 96.86% survival. As for wood
stock in the field (m³), there was a change from 0.67% to 3.57% in relation to that
estimated by the conventional method. The forest residues had an average volume
per plot of 0.64 m³, so that the total volume was 9.09 m³ ha-1.
KEYWORDS: Drone, orthophoto, precision.

INTRODUÇÃO
Os recentes esforços em pesquisas mostraram que, os dados tridimensionais
(3D) gerados a partir de imagens coletadas usando veículos aéreos não tripulados
(VANT) são fontes viáveis de dados para apoiar práticas florestais (DANDOIS;
ELLIS, 2013; LISEIN et al., 2013). Desde seu advento, estes veículos têm oferecido
oportunidades promissoras para o monitoramento de fenômenos ambientais
(ANDERSON; GASTON, 2013) e tem se destacado particularmente na última
década, se consolidando como uma nova forma de obtenção de parâmetros
suborbitários de alta qualidade espacial, espectral e multissensorial (ALMEIDA,
2010; COLOMINA; MOLINA, 2014; DIAS; ROSSA, 2015).
A utilização desta tecnologia quando comparado com as técnicas de
sensoriamento remoto obtidas via satélite, aérea e/ou métodos de aquisição de
imagens de alta resolução, aparece como alternativa mais viável (GRAÇA, 2017).
Estes veículos se apresentam superiores, pois podem voar em baixas altitudes e
em velocidade lenta, permitindo a obtenção de alta resolução espacial de imagens
(KOH; WICH, 2012; WHITEHEAD; HUGENHOLTZ, 2014).
Outro destaque na utilização de VANT está relacionado a frequência das
medidas ao longo do tempo, ou seja, a resolução temporal (JAAKKOLA et al., 2010;
DANDOIS et al., 2015). Aumentando a resolução temporal, os VANT oferecem
oportunidades únicas para monitorar mudanças nos recursos florestais ao longo do
tempo (WHITEHEAD et al., 2014).
Na literatura já existe uma série de estudos que demonstraram a eficiência da
utilização de imagens de VANT, como por exemplo, no mapeamento de espécies
invasoras (MICHEZ et al., 2016), no planejamento de uso e cobertura do solo
(CANDIDO et al., 2015) no monitoramento da variação da estrutura da floresta e na
análise do padrão espacial (INOUE et al., 2014) bem como, na alteração do uso do
solo (PANEQUE-GÁLVEZ, 2014).
Porém, são escassas as pesquisas que apresentam metodologias e
resultados promissores utilizando imagens de VANT nos processos de silvicultura de
precisão. De acordo com Medeiros (2007), no Brasil as pesquisas ainda são
recentes, e os trabalhos com VANT têm no escopo as aplicações civis, como
vigilância policial de áreas urbanas e de fronteira, inspeções de linhas de
transmissão de energia, monitoramento, atividades de áreas agrícolas,
acompanhamento de safra, controle de pragas e de queimada.
Recentemente, estudo dirigido por Ruza et al. (2017) revelou-se muito
promissor para o meio florestal. Os autores testaram o desempenho da técnica de
redes neurais artificiais, em ortofotos obtidas por VANT, para a detecção e extração
automática de mudas de árvores, visando subsidiar e/ou substituir o inventário
florestal de sobrevivência em campo. Estudos neste escopo impulsionam o
desenvolvimento de novos estudos, pois demonstram que a utilização desta
tecnologia se revela como um instrumento potencial que pode subsidiar e fomentar a
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.15 n.27; p. 118 2018
obtenção de informações, promovendo melhorias e avanços para a pesquisa e para
o mercado florestal.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi testar o desempenho do uso de
imagens coletadas com VANT para a automação na geração de informações,
visando aplicações de manejo e silvicultura dos plantios florestais, como: para a
avaliação de sobrevivência aos 15 dias após o plantio, quantificação do estoque de
madeira em campo e quantificação dos resíduos de processos florestais.

MATERIAL E MÉTODOS
Caracterização experimental
Esta pesquisa foi desenvolvida em três fazendas da região Centro-Oeste do
estado de São Paulo. Na tabela 1 são expostas as informações referentes as
condições de cada fazenda.

TABELA 1. Especificações das fazendas A, B e C utilizadas para as avaliações de


sobrevivência, estoque de madeira em campo e resíduo de processo.
Espaçamento
Fazenda Talhão Área (ha) Espécie Data de Plantio
(m x m)

A 01102 11,21 E. grandis 02/04/2008 3,0 x 3,0

B 01702 11,65 E. grandis 26/02/2009 3,8 x 2,1

B 01703 11,65 E. urograndis 29/07/2016 3,8 x 2,1

C 05102 16,34 E. grandis 26/02/2009 3,8 x 2,1

FONTE: Os autores.

As coletas de dados em campo foram realizadas em talhões, entre os meses


de junho a setembro de 2016. Utilizou-se o VANT modelo X800 Geo, produzido pela
empresa XFly Brasil com 1,18 m de envergadura e 2,5 kg, controlado remotamente.
Foram definidos diferentes valores de GSD (Ground Sample Distance), uma
vez que, esta é uma definição muito importante de um projeto fotogramétrico, pois
representa o tamanho real em unidades do terreno, que um determinado pixel
representa em função da resolução de uma imagem (BRITO; COELHO, 2002). Para
as avaliações realizadas utilizou-se:

 Avaliação de sobrevivência: GSD 2,0 a 3,0 cm;


 Quantificação dos estoques de madeira em campo: GSD 3,0 a 5,0 cm;
 Quantificação dos resíduos de processo em campo: GSD 3,0 a 5,0 cm.

O trabalho foi dividido em três etapas, sendo: avaliação da sobrevivência aos


15 dias de plantio, quantificação do estoque de madeira no campo, quantificação dos
resíduos dos processos florestais. Na Figura 1 é possível visualizar a sequência
metodologia utilizada.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.15 n.27; p. 119 2018
FIGURA 1 – Etapas da mensuração de processos florestais
utilizando VANT. FONTE: Os autores
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.15 n.27; p. 120 2018
Avaliação de sobrevivência aos 15 dias após o plantio
Inicialmente gerou-se o mosaico de ortofoto, utilizado para modelagem 3D e
mapeamento. O processamento das imagens foi realizado com o auxílio de
algoritmos computacionais, de forma automatizada, para grandes lotes de imagens,
já objetivando a aplicação em escala operacional. A etapa inicial consistiu em uma
fase de pré-processamento das imagens, com operações de equalização, ajuste de
brilho, contraste, ajuste por histograma, entre outros.
Logo, foram aplicadas técnicas de processamento de imagens específicas
para o tema analisado, sendo: segmentação, análise de forma e área de objetos. A
metodologia empregada na identificação de alvos foi baseada na interpretação dos
elementos que o caracterizam, sendo: formato, tamanho, tonalidade, padrão, textura
e localização. A combinação desses elementos e processamento através do
PhotoScan, QGIS e ArcGIS, possibilitou discernir um alvo de interesse de um ruído
de imagem.
Para este estudo, foram consideradas apenas as linhas inteiras dos plantios,
sendo desconsideradas as linhas iniciais por serem curtas e também as linhas que
não possuíam continuação ao longo de todo talhão, pois não possuem
representatividade. A partir da primeira linha, onde iniciou-se a avaliação, ao final da
contagem de plantas na linha, utilizou-se um intervalo de 15 linhas e iniciou-se uma
nova contagem na 16ª linha de plantio.

Quantificação do estoque de madeira em campo


O software utilizado foi o PhotoScan para modelagem 3D das pilhas de
madeira, e assim, obtenção do volume estéreo (st). Após a quantificação da
variável, foi realizado o levantamento do fator de empilhamento nas pilhas de
madeira amostradas em campo para obtenção do volume em metros cúbicos (m³). O
princípio de identificação foi realizado em um alvo fixo de 1 m 2, onde o sistema
realizou a varredura das imagens (pixel a pixel), agrupando pixels que possuíam as
mesmas características e classificando-os como madeira e área vazia. O fator de
conversão de volume (st para m 3) foi obtido pela relação de área de madeira
presente em 1 m2 do gabarito.
Para o levantamento do estoque de madeira em campo, foi realizada a
medição das pilhas de madeira, onde considerou-se a primeira altura a partir do
ponto em que a mesma segue ao longo do perfil da pilha de madeira. A cada 10
metros foi coletada uma nova altura até o final do perfil da pilha, as “pontas” foram
seccionadas representando o encaixe formando um retângulo. Mediu-se o
comprimento da pilha de madeira com fita métrica de 50m.
Em escritório, foi feito a média das alturas, multiplicou-se pelo comprimento
da tora (valor padrão) 6,20m e este resultado multiplicou-se pelo comprimento da
pilha de madeira, obtendo assim o volume estéreo (st). Conforme pode ser
visualizado na Equação 1:

Volst = Ẋalt X 6,20 (valor padrão) X L [Eq.1]


Onde:
Volst = volume estéreo;
Ẋalt = média das alturas;
6,20m = comprimento do traçamento das toras;
L= Comprimento da pilha.

ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.15 n.27; p. 121 2018
Para obtenção do volume em metros cúbicos (m³) determinou-se o fator de
empilhamento, sendo a metodologia empregada semelhante com a utilizada pelo
VANT. Colocou-se um gabarito de 1m² na pilha de madeira e mediu-se o diâmetro
de todas as toras dentro do esquadro. Esses valores determinaram o fator para a
pilha de madeira ponderando as amostras coletadas pelo volume estéreo. Este fator
foi utilizado para a conversão do volume em metros cúbicos (m³).
Para análise comparativa considerou-se os dados de madeira posto na
fábrica. O primeiro dado foi o volume estéreo, obtido através da coleta da altura da
carga já no caminhão; comprimento das toras, através do controle de qualidade do
processo de colheita e largura do caminhão, que foram lançados no sistema ERP
(Enterprise Resource Planning) e retornaram o valor em estéreo. Outro dado, foi o
peso em toneladas (t), o caminhão foi pesado na balança ao sair da fábrica e ao
retornar carregado pesado novamente, obtendo o volume de carga em toneladas.

Quantificação dos resíduos de processos florestais


A quantificação dos resíduos deixados pelos processos florestais, é uma
informação muito almejada pelas empresas, pois sua utilização apresenta um
grande potencial para a geração de subprodutos, tais como energia, briquetes ou
pellets para posterior combustão (WIECHETECK, 2009).
Com o uso do VANT foi realizada a quantificação desses resíduos. Para tal,
inicialmente foram instaladas seis parcelas aleatórias de aproximadamente 703 m²
para cubagem rigorosa dos resíduos do processo de remoção de forwarder. Essa
cubagem auxiliou no ajuste da equação volumétrica com base nas variáveis de
diâmetro, comprimento e superfície para o modelo de colheita harvester + forwarder
sistema toras curtas, tendo como base um modelo exponencial (ajustado pela
empresa). Logo, para o processamento das amostras e quantificação dos resíduos,
foram instaladas 19 parcelas sistemáticas de aproximadamente 703 m². Após o
processamento do algoritmo ajustado ao modelo, obteve-se o volume de resíduos
por parcela.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Avaliação de sobrevivência aos 15 dias após o plantio


Na Tabela 2 é possível visualizar o total de plantas contabilizadas por meio de
censo e amostragem obtidas com o VANT, e ainda, a contabilização pelo método
convencional, e o que seria recomendado de acordo com o “stand” ou (densidade de
plantio) utilizado pela empresa.

TABELA 2. Avaliação comparativa de sobrevivência aos 15 dias após o plantio.


Total de Stand Sobrevivência
-1
plantas (mudas.ha ) (%)
Censo 12.149 1.204 94,29
Amostragem 12.480 1.237 96,86
Convencional 12.259 1.215 95,14
Recomendado 12.885 1.277 100,00
FONTE: Os autores

De acordo com o resultado da Tabela 2, o “stand” recomendado é de 1.277


mudas.ha-1, para o caso de 100% de sobrevivência. Por ser uma área de reforma
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.15 n.27; p. 122 2018
florestal, é realizado o plantio entre as cepas do plantio anterior, interferindo no
espaçamento. Porém, quando há um espaçamento maior entre linhas do que o
padrão utilizado, adensa-se o espaçamento entre plantas para manter o “stand”.
A amostragem realizada através de VANT apresentou o melhor resultado de
equivalência com a recomendação. Acredita-se que o método de amostragem seja
menos tendencioso que o censo. Pois principalmente nas áreas de reforma, ocorre
os realinhamentos ou plantio entre cepas e o censo não faz essa leitura do reajuste
do espaçamento. Relacionando essas informações com as abordagens realizadas
no inventário florestal, tem-se que o êxito na obtenção de informações precisas está
intimamente relacionado aos processos e métodos de amostragem a serem
adotados, assim como à intensidade amostral adotada (UBIALLI et al., 2009;
CORTE et al., 2013).
Estudo recente dirigido por Puliti et al. (2017) consideram que o uso de dados
obtidos por meio de VANT’s são eficazes no inventário florestal, pois a combinação
de dados espaciais com dados de campo aumenta a precisão das estimativas, e
oferece uma alternativa econômica para avaliação de recursos florestais em larga
escala. Chianucci et al. (2016) consideram que as imagens obtidas por meio de
VANT’s são eficientes, pois permitem obter estimativas rápidas e baratas, além do
que, as imagens de alta resolução permitem realizar análises de monitoramento de
“stands” florestais e de rotina em tempo real, sendo considerado como grande
potencial no inventario florestal. A seguir a Figura 2 ilustra imagens do voo de
identificação e a classificação das mudas. As mudas foram convertidas para o
formato vetorial, e contabilizadas

FIGURA 2. Voo de identificação (esquerda) e classificação das mudas


(direita).
FONTE: Os autores.

Na Figura 2 é possível visualizar que a obtenção e o processamento de


imagens de VANT’s vem se revelando como um instrumento muito importante para o
apoio em obtenção de informações, neste caso, a identificação e a classificação das
mudas apresentaram resultados nítidos e satisfatórios. Além disso, foi possível
identificar a localização geográfica das áreas que apresentaram mortalidade. De
acordo com Vergani (2015) informações de sobrevivência são consideradas como
suporte à decisão para ações de mitigação para os casos de baixa sobrevivência,
principalmente no que se refere à compensação de fustes e plantio de adensamento.

ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.15 n.27; p. 123 2018
Ruza et al. (2017) realizaram o inventário de sobrevivência de povoamento de
Eucalyptus com uso de redes neurais artificiais em fotografias obtidas por VANT e
alcançaram resultados satisfatórios. Os autores consideram ainda, que o uso desta
tecnologia para as grandes empresas florestais é vantajoso, quando comparados as
imagens de satélites.

Quantificação do estoque de madeira em campo


Os resultados do estoque de madeira em campo obtidos através da medição
das pilhas de madeira e levantamento com VANT foram comparados com base na
informação de madeira posto fábrica. As Tabelas 3 e 4 apresentam os resultados
obtidos para as fazendas A e B, respectivamente.

TABELA 3. Comparativo dos volumes de madeira nas fazendas A e B.


Volume Variação Fator Volume Variação Fator Volume Variação t
Tipo
(st) st (%) st/m³ (m³) m³ (%) st/t (t) (%)
Fazenda A

Medição de
6.012,33 94,44 1,65 3.643,84 91,58 0,43 2.585,30 80,72
campo

VANT 6.166,57 96,86 1,68 3.670,58 92,25 0,43 2.774,96 86,64

Fábrica 6.366,22 100,00 - 3.978,89 100,00 - 3.202,89 100,00


Fazenda B

Medição de
5.844,36 97,49 1,60 3.643,95 111,01 0,43 2.513,07 111,01
campo

VANT 6.099,67 101,75 1,73 3.527,02 107,44 0,43 2.622,86 115,86

Fábrica 5.994,61 100,00 - 3.282,67 100,00 - 2.263,91 100,00

FONTE: Os autores
De acordo a Tabela 3, pode-se observar que o volume (st) da Fazenda A
apresenta uma variação de 2,42% entre o levantamento com VANT e a medição de
campo realizado pela empresa. Entretanto, ao analisar o volume (m³) a diferença
reduziu para 0,67%. Ao comparar os levantamentos com o volume estéreo posto
fábrica, é subestimado em 3,14% e 5,56% o volume de madeira. Quando o volume é
convertido de metro estéreo para metros cúbicos, essa diferença passa a ser 7,75%
e 8,42%, respectivamente.
Pode-se observar também que ao converter o volume estéreo para tonelada,
a variação entre os resultados dos levantamentos comparados com o de fábrica
aumentam. Porém, o fator utilizado para conversão (st/t), é um valor padrão adotado
pela empresa. Como a densidade, teor de umidade da madeira e outros fatores
interferem na pesagem da madeira, o erro pode ser considerado como um fator com
valor fixo.
Em relação a Fazenda B, observa-se que no volume estéreo existe uma
variação de 4,26% entre o levantamento com VANT e a medição de campo
convencional realizada pela empresa. Entretanto, ao analisar o volume m³ a
diferença reduziu para 3,57%.
Ao comparar com o volume em estéreo posto fábrica, a medição de campo
subestimou em 2,51% e o VANT superestimou em 1,75% o volume de madeira.
Quando se converte de estéreo para metros cúbicos há uma superestimava de
11,01% e 7,44%, respectivamente. Pode-se observar também que ao converter o
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.15 n.27; p. 124 2018
volume estéreo para tonelada, a variação entre os resultados dos levantamentos
comparados com o de fábrica aumentam.
Autores como Figueiredo et al. (2016) estimaram o volume de madeira em
pátios de estocagem de toras por meio de câmeras RGB instaladas em VANT. Os
erros de estimativa volumétrica variaram de 0,58 a 19,63%, variando conforme os
diferentes planos de voo testados. Os voos com 30m apresentaram valores
aceitáveis para uma atividade de averiguação de volume estocado em pátio.
Kung et al. (2011) consideram que ao estimar volume por meio de VANT, os
maiores erros estão associados ao plano de voo, de modo que, quanto mais alto o
voo, maior será o erro. Porém, os equipamentos e a capacidade de processamento
de dados têm evoluído significativamente, de modo que, obtém-se uma melhor
acurácia do produto final (ROKHMANA, 2015).
Dos resultados apresentados, a única medição realizada para os três fatores
analisados é o volume em estéreo. Com base nesse fator, observa-se que o
levantamento de VANT é o resultado que mais se aproxima do posto fábrica, logo o
que melhor representa o valor real. Os demais fatores analisados são obtidos
através de fatores de transformação o que pode acarretar em erros devido à
influência de variáveis não analisadas.

Quantificação dos resíduos de processos florestais


Para quantificação dos resíduos de processos florestais, foi considerada
apenas as toras de madeiras descascadas. As quais foram agrupadas por classe de
comprimento, e estratificadas como resíduo de processo do harvester as toras com
comprimento menor que 3 metros, e resíduo de processo do forwarder toras maiores
que 3 metros. Obteve-se um volume médio por parcelas de 0,64 m³. Dessa forma, o
volume total foi de 9,09 m³.ha-1 (Figura 03).

FIGURA 3. Estratificação dos resíduos de processos florestais.


FONTE: Os Autores.

Através do resultado apresentado pôde-se observar que as principais


questões são as falhas de processo. Os resíduos provenientes de harvester são
toras processadas que não foram previamente dimensionadas e ao serem
tracionadas, ficaram com comprimento inferior ao do processo de remoção.
As falhas do processo de remoção consistem no excesso do enchimento do
compartimento de carga do forwarder, causando a queda de toras ao longo do
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.15 n.27; p. 125 2018
deslocamento até a pilha e também a coleta das toras que não preenchem a garra
no momento da coleta e são deixadas para trás.
Baggio e Carpanezzi (1995) quantificaram os resíduos florestais em
Bracatingais no município de Curitiba e concluíram que a quantidade média de lenha
abandonada depois da exploração equivale a 24% do peso total dos resíduos
florestais, representando 16,5% da produtividade média dos talhões amostrados.Na
Figura 4 é possível visualizar os resíduos identificados por meio do VANT,
distribuídos em parcelas sistemáticas.

FIGURA 4. Parcelas sistemáticas para quantificação do resíduo.


FONTE: Os Autores

De acordo com Zhang et al. (2016), o uso de VANT apresenta uma grande
vantagem em relação as demais técnicas de sensoriamento remoto, pois podem
voar em baixas altitudes e em velocidades lentas, de modo que, é possível obter
imagens com uma alta resolução espacial (1 a 20 cm). Além do mais, a combinação
de baixa resolução espectral e alta resolução espacial das imagens coletadas com
VANT propiciam novas abordagens no setor florestal, bem como a detecção de
copas, quantificação de madeira e dos resíduos florestais (HUNG, 2012).
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos através do VANT foram satisfatórios para a avaliação
de sobrevivência aos 15 dias após o plantio, quando comparados com o método
convencional. O uso deste equipamento permitiu, além da avaliação quantitativa, a
avaliação geográfica e especializada do problema, tornando possível a tomada de
decisão e a intervenção de forma eficaz e precisa.
Para a quantificação do estoque de madeira em campo, os resultados
obtidos (volume estéreo) apresentaram baixa variabilidade com relação ao volume
posto fábrica. Para a determinação do volume das pilhas de madeira e o fator de
empilhamento das mesmas, os resultados, tanto quantitativos quanto de rendimento,
foram superiores quando comparados ao método convencional de medição.
Para a quantificação dos resíduos de processos florestais, o uso do VANT
se mostrou eficaz na classificação das classes diamétricas, podendo determinar qual
dos processos podem contribuir para a geração destes resíduos. Para a
determinação do volume dos mesmos também se obteve resultados satisfatórios e
condizentes com a cubagem realizada em campo.
De forma geral, o uso do VANT apresentou resultados e rendimentos
melhores que o método convencional de medição para os processos. Com esta
abordagem é possível obter importantes resultados importantes para determinação
de planos de ação em casos em que a produtividade possa ser comprometida,
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.15 n.27; p. 126 2018
reduzindo eventuais problemas de produção de madeira e abastecimento das
fábricas consumidoras.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, J. Normas de Segurança para Implantação dos VANT Civis no
Espaço Aéreo Brasileiro: uma nova abordagem. Conexão SIPAER, v. 2, n. 1,
2010.

ANDERSON, K.; GASTON, K. J. Lightweight unmanned aerial vehicles will


revolutionize spatial ecology. Frontiers in Ecology and the Environment, v. 11, n.
3, p. 138-146, 2013. https://doi.org/10.1890/120150

BAGGIO, A. J.; CARPANEZZI, A. A. Quantificação dos resíduos florestais em


Bracatingais na região metropolitana de Curitiba-PR. Boletim de Pesquisa
Florestal, v.30, p.51-66, 1995.

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