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Alcoolismo

&
Obsessão
Damião Borges Marins

Data de publicação: 15/04//2021

PUBLICAÇÃO:
EVOC – Editora Virtual O Consolador
Rua Senador Souza Naves, 2245 – CEP 86015-430 – Londrina, PR
Fone: (43) 3343-2000

www.oconsolador.com
Dados internacionais de catalogação na publicação

Marins, Damião Borges, 1949-

M294a Alcoolismo & obsessão / Damião Borges Marins;


revisão de Patrícia Costa Machado; capa de Ana
Luísa Barroso da Silva Neto. - Londrina, PR :
EVOC, 2021.
74 p.

1. Alcoolismo-espiritismo. 2. Alcoolismo-
tratamento. 3. Obsessão. I. Silva Neto, Ana
Luísa Barroso da. II. Machado, Patrícia Costa.
III. Título.

ISBN:  978-65-00-18696-3 

CDD 133.9
19.ed.

Bibliotecária responsável Maria Luiza Perez CRB9/703

2
Sumário
PREFÁCIO..............................................................................5

PRIMEIRA PARTE
SOBRE ALCOOLISMO.............................................................8
EFEITOS A LONGO PRAZO...................................................10
POR QUE AS PESSOAS SE TORNAM ALCOOLISTAS?.............11
QUANDO É HORA DE PROCURAR AJUDA?............................12
A CASA ESPÍRITA.................................................................14
OBSESSÃO E TRATAMENTO.................................................20
O PROCESSO OBSESSIVO....................................................29

SEGUNDA PARTE
BAHIA – PERÍODO COLONIAL...............................................36
O PLANO ESPIRITUAL MAIOR...............................................47
NO PLANO MATERIAL..........................................................52
NO VALE DOS SUICIDAS – O UMBRAL..................................55
NA COLÔNIA REDENÇÃO.....................................................57
O RESGATE DE ALBERTO.....................................................65
DE VOLTA AO PLANO MATERIAL...........................................68
DE VOLTA À COLÔNIA REDENÇÃO.......................................70
EPÍLOGO.............................................................................74

3
AGRADECIMENTOS:

Gostaria primeiramente de agradecer a Deus e


Jesus, pela oportunidade bendita de escrever
este livro, que será uma ferramenta de estudo
para os que querem conhecer as nuanças do
alcoolismo e da obsessão.

Agradeço a Patrícia Costa Machado, minha


irmã de ideal espírita, que tão gentilmente fez
as correções ortográficas e prefaciou este livro.

IN MEMORIAM

Quero deixar registrada neste livro uma


homenagem ao meu querido irmão em Cristo
NELSON MENDES, desencarnado
recentemente, vitimado pela Covid 19. Foi ele
um dos fundadores do DESADEF – Depto. de
Socorro aos Alcoólatras, Dependentes
Químicos e Familiares. Tenho certeza que Deus
e Jesus o chamaram de volta ao plano
espiritual, pois estavam precisando de mãos
preciosas para trabalhar na lida do Cristo.

4
PREFÁCIO

Alcoolismo e obsessão são dois assuntos


delicados e de grande importância para a
Doutrina Espírita e para a Ciência, seja no
enfrentamento do vício, seja na compreensão de
suas consequências materiais e espirituais.

Neste livro, Damião, o amigo de ideal


espírita, brinda-nos com a abordagem das
consequências do uso abusivo do álcool: obsessão
e comprometimento do espírito falido.

A primeira parte do livro apresenta


informações sobre o alcoolismo à luz do
Espiritismo. A segunda parte traz um conto
narrando os danos do alcoolismo para o espírito
envolvido com o vício e para seus familiares e
amigos.

O que leva uma pessoa a consumir bebida


alcoólica a ponto de permitir ser consumido pelo
vício? Onde buscar forças para resistir a esse mal?

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Qual o limite do amor dos familiares pelo ente
envolvido em tal vício?

Não sabemos.

Mas sabemos que a informação e o


conhecimento auxiliam na tomada de decisão, em
tudo.

Convidamos, então, o leitor para ingressar


conosco nessa jornada de instrução pelas páginas
deste livro que, com muita propriedade, o Damião
nos oferece como recurso para ampliarmos o
nosso entendimento sobre assuntos tão atuais e
relevantes nesse momento.

Patrícia Costa Machado

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PRIMEIRA PARTE

Por 36 anos trabalhando com alcoolismo,


mais precisamente com grupos de apoio
dentro das casas espíritas, tive a
oportunidade de presenciar muitas situações
tristes, jocosas, interessantes, dramáticas
que resultaram nos meus quatro livros:
“Alcoolismo: cura, através da
conscientização”; “Meu marido é um
alcoólatra”; “Alcoolismo: as histórias que eles
contam”; e “Alcoolismo: no limite do vício”.

Damião Borges Marins

7
SOBRE ALCOOLISMO

Gostaria de abordar neste livro a relação do


alcoolismo com a obsessão, trazendo aos leitores
um material para estudo baseado em
experiências vividas nestes últimos anos dentro
das casas espíritas.

Antes de entrar propriamente no tema


principal do livro: “obsessão”, faz-se necessário
tecer algumas considerações importantes sobre o
alcoolismo na atualidade.

O beber sem medida pode levar a uma


enfermidade crônica chamada alcoolismo, ou
Transtorno do Uso do Álcool (TUA).

Essa prática lidera a lista de abuso de


drogas nos Estados Unidos e, em todo mundo,
mais de três milhões de homens e mulheres
morrem em decorrência do uso nocivo de bebidas
alcoólicas. Estas ainda são causa de 5% de todas
as doenças mundiais. Os dados são da

8
Organização Mundial da Saúde (OMS).

O maior desafio desse quadro é que, na


maioria das vezes, a intervenção médica nunca é
precoce e, em geral, ela só acontece em
decorrência de algum problema de saúde, do
envolvimento em acidentes ou problemas legais.

Apesar disso, a doença impacta


negativamente o status socioeconômico, a saúde
mental, as relações interpessoais, a vida
profissional e o bem-estar físico. Para boa parte
dos que empreendem um tratamento, os recursos
são: educação do paciente e da família; ajuda
psicológica; frequência em grupo de apoio; e
medicamentos.

As consequências nocivas do mau uso da


substância podem ocorrer a curto e longo prazo.
Níveis tóxicos do álcool levam à desidratação e à
ressaca. Com sobrecarga para o sistema
digestivo, náuseas e vômitos aparecem.

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EFEITOS A LONGO PRAZO

Doenças Cardiovasculares (AVC,


Hipertensão arterial)

Doenças do fígado (aumento gordura local –


esteatose, por exemplo)

Pancreatite

Câncer (de boca, fígado, pescoço e cabeça,


mama, intestino)

Depressão

Demência

Infertilidade

Disfunções sexuais (Impotência, ejaculação


precoce)

10
POR QUE AS PESSOAS SE TORNAM
ALCOOLISTAS?

Até o momento não se sabe exatamente por


que alguns indivíduos desenvolvem esse
transtorno, mas já são conhecidos alguns fatores
relacionados:

Influências ambientais

Ambiente familiar

Interação Social

Genética

Níveis de funcionamento cognitivo

Presença de alguns transtornos de


personalidade (distúrbios de desinibição,
impulsividade, depressão e de socialização)

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QUANDO É HORA DE PROCURAR
AJUDA?

Entende-se que o alcoolista deva fazer


algumas perguntas para ele mesmo, tais como:

Eu estou bebendo o álcool ou o álcool está


me bebendo?

O álcool está afetando minha vida


profissional?

Estou preocupado com amigos e familiares


sobre a forma como estou bebendo?

Tenho sentimento de desconforto diante das


críticas deles?

Sinto culpa por beber?

Tenho dificuldade de parar de beber (apesar


de pensar em fazê-lo)?

Sinto necessidade de beber já na primeira


hora do dia para superar a ressaca da noite

12
interior?

Se o alcoolista responder sim para algumas


destas questões, deverá procurar urgentemente
ajuda, ou estará fadado a entrar num processo
crônico do alcoolismo levando quase com certeza
a morte.

Fontes: Arthur Guerra, psiquiatra e professor titular de


psiquiatria da FMABC e presidente do CISA (Centro
de Informações sobre Saúde e Álcool)

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A CASA ESPÍRITA

Manoel Philomeno de Miranda em uma


mensagem psicografada por Divaldo Pereira
franco nos diz que: “A casa espírita avança para
condição de Educandário, fornecendo os
contributos para o estudo e a análise das
criaturas, libertando-as das crendices e
superstições, ao tempo que lhes oferece os
recursos para a ação com liberdade sem medos,
com responsabilidade sem retentivas,
perfeitamente lúcidas a respeito do destino que
lhes está reservado, ele próprio resultado das
suas opções e atitudes. Uma sociedade que se
conduza fiel a esses conceitos e determinações
torna-se justa, equânime e os membros que as
constituam serão, sem dúvida, felizes. Portanto, é
indubitável que o Espiritismo liberta as
consciências das sombras e as conclama às
escaladas desafiadoras do progresso”.

Entendemos, humildemente, ser a casa

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espírita um pronto socorro, onde ali tarefeiros em
nome de Jesus atendem todos aqueles que batem
às suas portas: doentes da alma, alcoolistas,
drogados, psicóticos entre outros.

– O Espiritismo possui recursos terapêuticos


valiosos como profilaxia e tratamento no uso de
drogas e outras viciações, dentre eles o
atendimento fraterno, a Fluidoterapia, os grupos
de apoio e os diversos estudos de literaturas
espíritas.

Estruturada a sua filosofia na realidade do


Espírito, a educação tem primazia em todos os
tentames e as técnicas do conhecimento das
causas da vida oferecem resistência e dão força
para uma conduta sadia. Além disso, as
informações sobre os valiosos bens mediúnicos
aplicáveis ao comportamento constituem
terapêutica de fácil destinação e resultado
positivo. Aqui nos referimos à oração, ao passe, à
magnetização da água, à doutrinação do
indivíduo, à desobsessão…

“Invariavelmente, defrontamos nas

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panorâmicas da toxicomania, da sexolatria, dos
vícios em geral a sutil presença de obsessões,
como causa remota ou como efeito do
comportamento que o homem se permite,
sintonizando com mentes irresponsáveis e
enfermas desembaraçadas do corpo. Em todo e
qualquer cometimento de socorro a dependentes
de vícios, recordemo-nos do respeito que nós
devemos a esses enfermos, atendendo-os com
carinho e dignificando-os, instando com eles pela
recuperação, ao tempo em que lhes apliquemos
os recursos espíritas e evangélicos na certeza de
resultados finais salutares.” (Do livro “Nas
Fronteiras da Loucura”, de Manoel Philomeno de
Miranda, psicografado pelo médium Divaldo
Pereira Franco.)

Na questão 459 de “O livro dos espíritos”,


Allan Kardec pergunta aos Espíritos: Os Espíritos
influem sobre nossos pensamentos e ações? E
eles respondem: “A esse respeito, sua influência é
maior do que podeis imaginar. Muitas vezes são
eles que vos dirigem.”

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Nós vivemos em sintonia; se pensamos
coisas boas, atraímos coisas boas para nós. Se
pensamos coisas ruins, atraímos coisas ruins; é
um eterno plantar e colher. Se plantarmos rosas,
colheremos rosas; se plantarmos urtigas,
colheremos urtigas.

Um músico, por exemplo, procura


companhias de outros músicos para trocarem
experiências; O médico procura outros médicos
para também trocarem experiências.

O alcoólatra e o drogadito não fogem à


regra. Eles procuram companheiros que usam o
álcool e as drogas para se locupletarem. Atraindo
para si, através da sintonia, tanto os
desencarnados como os encarnados.

A obsessão se dá nos dois planos, pois os


alcoólatras e os drogaditos estão nos dois planos
da vida. Os alcoólatras, quando desencarnam,
continuam bebendo, ou seja, continuam
procurando, por meio da sintonia, outros
companheiros que também bebem.

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Os desencarnados sugam as emanações
fluídicas da bebida alcoólica que o encarnado
esteja bebendo.

André Luiz – espírito que escreveu diversos


livros utilizando a mediunidade de psicografia de
Francisco Cândido Xavier, entre eles “Nosso Lar”
-, esclarece-nos que os alcoólatras são os “copos
vivos” dos espíritos.

A Doutrina espírita estuda o problema da


obsessão há mais de um século. Quando um de
nossos irmãos vem para a casa espírita, a fim de
receber tratamento, ele passa a recebê-lo, tanto
do ponto de vista físico quanto do ponto de vista
espiritual.

Enquanto estamos tratando do ser


encarnado através de palestras evangélicas,
esclarecimentos, depoimentos e Fluidoterapia,
água fluidificada, o Plano Espiritual Maior está
tratando dos alcoólatras desencarnados que os
acompanham.

André Luiz explica-nos que, para cada

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alcoólatra encarnado há, em média,
acompanhando-o de um a cinco desencarnados.
Se o assistido que está em tratamento na casa
espírita, toma consciência de que é um alcoólatra
e passa a receber os passes, a água fluidificada e
a ouvir as palestras evangélicas, o seu padrão
vibratório começa mudar. Consequentemente, os
espíritos que o acompanham, começam a se
afastar, pois já não existe mais a “conexão”. O
Plano Espiritual Maior acolhe e encaminha esses
espíritos para tratamentos em grandes colônias
espirituais e educandários, com muito mais
propriedade do que nós, preparando-os para
novas reencarnações de provas ou resgates. Os
mentores espirituais nos esclarecem que, em
nossas reuniões de assistência aos alcoólatras são
trazidos centenas de espíritos falidos por conta do
vício, para serem tratados e estudarem conosco,
preparando-se para futuras encarnações.

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OBSESSÃO E TRATAMENTO

Gostaria de reservar este capítulo para tecer


algumas considerações sobre a obsessão e sua
direta influência sobre os doentes alcoólatras,
dependentes químicos e familiares.

A casa espírita é o hospital dos espíritos


encarnados e desencarnados. Quando um ser
(encarnado ou desencarnado) vem para a casa
espírita para tratamento, junto dele vêm espíritos
que estão a escravizá-lo numa simbiose doentia.

Numa casa espírita bem estruturada,


tarefeiros especializados recebem esses doentes
da alma e do corpo, encaminhando-os para o
tratamento por meio dos passes. Nesse momento,
o Plano Espiritual Maior, separa os espíritos
“obsessores”, que nada mais são que espíritos
doentes, para que sejam direcionados às câmaras
de contenção, sendo encaminhados
oportunamente para salas de desobsessão, onde

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tanto o encarnado quanto o desencarnado
receberão tratamento.

Durante esses anos de trabalho com


alcoolismo dentro das casas espíritas, tive a
oportunidade de participar de diversas reuniões
de desobsessão, e gostaria de destacar alguns
casos relevantes para nossos estudos:

Certa vez, apresentou-se um espírito


totalmente alcoolizado implorando que lhe
servissem uma dose de “cachaça”, pois precisava
muito beber. Estava desesperado. Após o diálogo,
com ajuda do Plano Espiritual Maior, a equipe de
trabalhadores da reunião (médiuns e dialogador)
conseguiu esclarecê-lo que ele já havia
desencarnado há muito tempo, ou seja, deixado e
seu veículos físico e que não havia necessidade
dele estar bebendo. Neste momento ele toma
consciência de sua situação e é recolhido pelos
mensageiros de Jesus, para ser levado às colônias
espirituais, para tratamento e libertação.

Noutra situação, o espírito comunicante


queixava-se de muitas dores abdominais, relatava

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estar preso em um limbo, gritava de dores e pedia
socorro. Soubemos posteriormente, que já havia
muitos anos que ele se encontrava nessa
tormenta (nesse inferno). No decorrer da reunião,
apresentou-se um mentor espiritual, esclarecendo
que tudo o que esse espírito estava passando era
consequência da sua vida desregrada, regada a
álcool e drogas. Mas ele seria socorrido e
encaminhado às colônias espirituais
especializadas, pois as preces de sua mãezinha
tinham sido atendidas em favor de seu filho.

O Espírito André Luiz, no livro “Nos domínios


da mediunidade”, psicografado pelo querido
Francisco Cândido Xavier, informa que os espíritos
que vivenciaram, no plano material, incursões
pelo vale dos vícios, tais como: alcoolismo,
tabagismo, drogadição, sexolatria, criaram
situações que impregnaram em seus períspiritos
miasmas negativos marcando em definitivo seu
futuro.

– O nobre espírito ainda diz que somente


com dolorosas reencarnações – o que significa

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tremenda luta expiatória para as almas
necrosadas no vício –, tais espíritos estarão
libertos. Alguns exemplos de expiações ou
provações: a Síndrome de Down, a hidrocefalia, a
paralisia, a cegueira, a epilepsia secundária, a
alienação mental, o aleijão de nascença e muitos
outros recursos, angustiosos embora, mas
necessários, e que podem funcionar, em benefício
da mente desequilibrada, desde o berço, em
plena fase infantil. Na maioria das vezes,
semelhantes processos de cura, prodigalizam
bons resultados pelas provações obrigatórias que
oferecem…

Sob o ponto de vista espírita, um dos


aspectos a ser considerado é a obsessão sobre os
alcoólatras.

O dependente do álcool é, em muitos casos,


acompanhado por dois tipos de obsessores: os
ectoparasitas, e os endoparasitas espirituais.

Chamam-se ectoparasitas aqueles espíritos


que costumam frequentar bares ou locais de
bebedeira, alimentando-se dos vapores etílicos

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que absorvem para seu corpo espiritual
(perispírito).

Os endoparasitas espirituais são de mais


grave consequência, pois se ligam ao corpo
espiritual do beberrão, prendendo-se ao chacra
(ou centro energético) esplênico (região do
umbigo) do mesmo –, onde vampirizam o fluido
vital (energia vital).

O alcoolista crônico costuma ser rodeado de


larvas espirituais (oriundas de Formas-
pensamentos). São realidades energéticas criadas
e mantidas pelos nossos pensamentos habituais.

Essas criações mentais são também


conhecidas como larvas astrais ou miasmas. São
ideias projetadas pela mente humana e
materializadas no mundo astral, que se mantém
pela força de nossos pensamentos. Possuem
características, como formato e cor, definidas e,
quanto mais claro, constante e forte for o
pensamento sobre determinado assunto mais
clara, forte e definida será também a forma-
pensamento gerada.

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Essas larvas se fixam ao perispírito, fato
esse descrito por autores espirituais e observado
por médiuns videntes.

Quando o viciado ingere álcool (bebida


alcoólica), há uma expansão de sua consciência e
as energias ou fluidos desequilibrados que se
encontravam retidos, saem para a superfície da
sua aura atraindo os seus perseguidores
espirituais.

Um caso de enxertia fluídica – Eis como


André Luiz relata, em sua obra citada, o caso
Cláudio Nogueira:

Estando Cláudio sentado na sala de seu


apartamento, aconteceu de repente o imprevisto.
Os desencarnados vistos à entrada do
apartamento penetraram a sala e, agindo sem-
cerimônia, abordaram o chefe da casa. “Beber,
meu caro, quero beber!”, gritou um deles,
tateando-lhe um dos ombros. Cláudio mantinha-se
atento à leitura de um jornal e nada ouviu.
Contudo, se não possuía tímpanos físicos para
registrar a petição, trazia na cabeça a caixa

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acústica da mente sintonizada com o apelante. O
Espírito repetiu, pois, a solicitação, algumas
vezes, na atitude do hipnotizador que insufla o
próprio desejo, reafirmando uma ordem. O
resultado não demorou. Viu-se o paciente desviar-
se do jornal e deixar-se envolver pelo desejo de
beber um trago de uísque, convicto de que
buscava a bebida exclusivamente por si.

Abrigando a sugestão, o pensamento de


Cláudio transmudou-se, rápido. “Beber, beber!” e
a sede de aguardente se lhe articulou na ideia,
ganhando forma. A mucosa pituitária se lhe
aguçou, como que mais fortemente impregnada
do cheiro acre que vagueava no ar. O Espírito
malicioso coçou-lhe brandamente os gorgomilos,
e indefinível secura constringiu lhe a laringe. O
Espírito sagaz percebeu-lhe, então, a adesão
tácita e colou-se a ele. De começo, a carícia leve;
depois da carícia, o abraço envolvente; e depois
do abraço, a associação recíproca. Integraram-se
ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica.
Produziu-se ali – refere André Luiz – algo

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semelhante ao encaixe perfeito. Cláudio-homem
absorvia o desencarnado, à guisa de sapato que
se ajusta ao pé. Fundiram-se os dois, como se
morassem num só corpo. Altura idêntica. Volume
igual. Movimentos sincrônicos. Identificação
positiva. Levantaram-se a um tempo e giraram
integralmente incorporados um ao outro, na área
estreita, arrebatando o frasco de uísque. Não se
podia dizer a quem atribuir o impulso inicial de
semelhante gesto, se a Cláudio que admitia a
instigação, ou se ao obsessor que a propunha. A
talagada rolou através da garganta, que se
exprimia por dualidade singular: ambos os
dipsômanos estalaram a língua de prazer, em
ação simultânea.

Desmanchou-se então a parelha e Cláudio


se dispunha a sentar, quando o outro Espírito
investiu sobre ele e protestou: “eu também, eu
também quero!”, reavivando-se no encarnado a
sugestão que esmorecia. Absolutamente passivo
diante da sugestão, Cláudio reconstituiu,
mecanicamente, a impressão de insaciedade.

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Bastou isso e o vampiro, sorridente, apossou-se
dele, repetindo-se o fenômeno visto
anteriormente.

André aproximou-se então de Cláudio, para


avaliar até que ponto ele sofria mentalmente
aquele processo de fusão. Mas ele continuava
livre, no íntimo, e não experimentava qualquer
espécie de tortura, a fim de render-se. Hospedava
o outro simplesmente, aceitava-lhe a direção,
entregava-se por deliberação própria.

Nenhuma simbiose em que fosse a vítima. A


associação era implícita, a mistura era natural.
Efetuava-se a ocorrência na base da percussão.
Apelo e resposta. Eram cordas afinadas no mesmo
tom. Após novo trago, o dono da casa estirou-se
no divã e retomou a leitura, enquanto os Espíritos
voltaram ao corredor de acesso, chasqueando,
sarcásticos…

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O PROCESSO OBSESSIVO

“Justapondo-se sutilmente cérebro a


cérebro, mente a mente, vontade dominante
sobre vontade que se deixa dominar, órgão a
órgão, através do perispírito pelo qual se
Identifica com o encarnado, a cada cessão feita
pelo hospedeiro, mais coercitiva se faz a presença
do hóspede, que se transforma em parasita
insidioso…” (Nos Bastidores da Obsessão, Manoel
Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo
Pereira Franco, ‘Examinando a obsessão’.)
Encontrando em sua vítima os condicionamentos,
a predisposição e as defesas desguarnecidas,
disso tudo se vale o obsessor para instalar a sua
onda mental na mente da pessoa visada. A
interferência se dá por processo análogo ao que
acontece no rádio, quando uma emissora
clandestina passa a utilizar determinada
frequência operada por outra, prejudicando-lhe a
transmissão. Essa interferência estará tanto mais

29
assegurada quanto mais forte, potente e
constante ela se apresentar, até abafar quase por
completo os sons emitidos pela emissora burlada.
O perseguidor age persistentemente para que se
efetue a ligação, a sintonia mental, enviando os
seus pensamentos, numa repetição constante,
hipnótica, à mente da vítima, que, incauta,
invigilante, assimila-os e reflete-os, deixando-se
dominar pelas ideias intrusas. Kardec explica que
há também um envolvimento fluídico: “Na
obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a
ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o
do encarnado, ficando este afinal enlaçado por
uma espécie de teia e constrangido a proceder
contra a sua vontade.” Há, pois, uma afinização
da aura de ambos, uma identificação, cujas raízes
se encontram nos compromissos do passado,
possibilitando a sintonização inicial, que, por
carência de méritos morais do paciente e por sua
invigilância, transforma-se em obsessão. A
princípio, é uma ideia que o perseguidor emite e
que, repetida, acaba por se fixar, perturbando o
fluxo do pensamento de quem está sendo visado.

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Tendo a liberdade de escolha para refugar ou
aceitar os pensamentos intrusos, a vítima
geralmente se deixa dominar, torna-se passiva,
por trazer nos refolhos da consciência a sensação
da culpa ou, conforme o caso, por se comprazer
no conúbio mental que se está instalando. O
obsessor atua na ânsia de alcançar os seus
intentos, certo de que a perseverança, a
perseguição sem tréguas, a constância da
manifestação de sua vontade subjugarão o seu
devedor. É uma guerra sem quartel, que não tem
hora e nem local, que se processa de modo
silencioso e às ocultas, tendo por campo de
batalha as consciências endividadas e como arma
o pensamento dos contendores. O obsessor usará
de variados estratagemas, de táticas diferentes,
dependendo do seu grau de inteligência. Aquele
que está sendo perseguido pode, aparentemente,
apresentar-se indefeso. Mas, mesmo o maior dos
devedores, terá ao seu alcance o escudo da prece
e o amparo das Hostes de Luz, que lhe oferecem
recursos para a defesa. A maioria, porém, fecha-
se no poço de seus próprios erros, não

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enxergando as oportunidades sagradas de
redenção que o Pai oferece. Afastando-se
propositadamente da luz, deixar-se-á envolver
pelas trevas. Estas durarão até que a vítima se
resolva a sair, finalmente, para a claridade de
uma nova vida.

André Luiz, no livro “Libertação”, analisando


a obsessão de Margarida, denominou-a de “cerco
temporariamente organizado” e observou que os
obsessores atuavam de forma cruel e meticulosa.
Ao lado dela ficavam permanentemente Espíritos
hipnotizadores. Entre as técnicas utilizadas por
eles, ressaltamos o que se poderia chamar de
“vibrações maléficas”, isto é, energias
desequilibrantes e perturbadoras que eram
aplicadas pelos algozes com a finalidade de
prostrá-la, colocando-a completamente vencida.

Além da constrição mental, o perseguidor se


utiliza também do envolvimento fluídico, o que
torna o paciente combalido, com as suas forças
debilitadas, chegando até ao estado de prostração
total. Dessa forma ele não tem condições de lutar

32
por si mesmo, cerceado mentalmente e
enfraquecido fisicamente. Após consolidar o
cerco, o obsessor passa a controlar sua vítima por
telepatia, favorecida agora pela sintonia mental
que se estabeleceu entre ambos. Essa comunhão
mental é estreita e, ainda que a distância, o
perseguidor controla o perseguido, que age
teleguiado pela mente mais forte. Não podemos
perder de vista que isto acontece porque os seres
humanos, desviados dos retos caminhos,
preferem situar-se mentalmente em faixas
inferiores, escolhendo com esse comportamento
as suas próprias companhias espirituais. (Cf. a
obra “Obsessão/Desobsessão”, de Suely Caldas
Schubert”.)

A doutrina espírita tem vasto material para


pesquisa trazido pelos espíritos que nos
esclarecem a relação do envolvimento dos
espíritos desencarnados com os espíritos
encarnados.

O alcoolista, este ser sofrido que muitas


vezes já nasce trazendo tendências para a

33
alcoolatria, carrega no perispírito as marcas de
suas encarnações pregressas.

Normalmente reencarna em lares onde


vários membros da família já têm um histórico
com o alcoolismo, ou em lares de espíritos que se
predispõem a ajudá-lo em uma nova
reencarnação.

34
SEGUNDA PARTE

Apresento, na segunda parte do livro, um


conto com dados fictícios tirados da vida real
com enfoque no Alcoolismo, na obsessão e
na redenção de um grupo de espíritos que se
reconciliam através do amor.

35
BAHIA – PERÍODO COLONIAL

Apogeu do século XVI, ano 1580, dia quinze


de fevereiro. Vamos encontrar o Coronel Bento
Medeiros em sua fazenda de engenho de açúcar,
uma das maiores da região da chapada
Diamantina na Bahia colonial.

A sede da fazenda estava em festa, pois


nascia seu primogênito que receberia o nome de
Alberto. Dona Anita, sua esposa, estava muito
feliz em dar à luz o seu menino que tanto era
esperado pelo Coronel Bento.

O Coronel, não se contentava de alegria, já


que aguardava ansioso o nascimento deste filho
que daria sequência a saga dos Medeiros.

A manhã parecia sorrir a todos os


empregados e escravos. Os pássaros cantavam
alegremente nas árvores. Uma suave brisa
soprava aos campos saudando o lindo sol que
despontava no horizonte.

36
A colônia da fazenda estava igualmente em
festa. O Sr. Galdino Mendes e sua esposa Tereza,
recebiam também naquela manhã a chegada de
uma linda menina, a qual recebera o nome de
Laura.

Galdino e Tereza eram colonos da fazenda,


nascidos na Bahia, mais precisamente em
Salvador. Haviam sido contratados pelo Coronel
Bento para trabalharem na lida da cana-de-açúcar
há muitos anos. Tereza, com o passar dos anos
passou a trabalhar na Casa Grande, servindo
Sinhá Anita, e Galdino era um dos braços direitos
do Coronel.

Naquele dia, a lida na fazenda foi suspensa,


visto que o coronel pretendia realizar uma grande
festividade reunindo os colonos e os escravos.
Coronel Bento era muito bom, tratava os colonos
e os escravos com respeito e justiça.

O tempo passou. Encontramos Alberto e


Laura com seis anos, estudando juntos na
escolinha da colônia, onde lá conhecem Tonico,
filho de um colono, e os três se tornam grandes

37
amigos.

As três crianças estavam sempre juntas a


brincar, ora na colônia, ora na casa grande.

Com o passar do tempo, Sinhozinho Alberto


foi levado a estudar em Salvador, em colégio
particular dos Jesuítas.

Laura continuava na fazenda, estudando na


escolinha local com Tonico. Nas férias escolares,
os três, agora jovens, sempre se encontravam.

Estamos no ano de 1600, Alberto e Laura


completando 20 anos de juventude. Nesse ano, os
três se encontraram novamente nas férias, e
como de costume foram tomar banho na
cachoeira, onde lá, Alberto se declarou para Laura
e fizeram grandes juras de amor. Tonico, também
gostava de Laura, mas respeitou a decisão dos
dois.

O tempo passava e Alberto sempre voltava


à grande capital. Morava em um apartamento
alugado pelos pais, e se dedicava aos estudos
para ser um grande Advogado.

38
Com o passar dos dias, envolveu-se com
companhias de caráter duvidoso e passou a
frequentar os Saraus da capital, bebendo muito e
se relacionando com diversas mulheres.

Na fazenda, o tempo corria normalmente,


Laura estava estudando para ser professora, mas
começou a sentir a falta do seu amado, que já não
retornava com frequência para a fazenda.

Enquanto isso, na capital, Alberto se


envolvia gradativamente com o álcool. Seus
amigos o alertavam sobre os excessos com as
bebidas, mas ele, continuamente tinha uma boa
justificativa em sua defesa. Dizia ele: – Eu sei o
que faço; Eu bebo com meu dinheiro; paro quando
quiser.

Alberto, envolvido com pessoas de má


índole e consumindo constantemente bebidas
alcoólicas perdera o interesse pelos estudos.
Perdera o controle de sua vida.

Certa feita, de volta à fazenda para passar


férias, seus pais notaram que ele já não era mais

39
aquele menino educado, saudável. Andava meio
esquisito, desligado das coisas da família.

Já não demonstrava interesse por sua


amada Laura. Laura, por sua vez, estava
preocupada com as atitudes de seu amado,
porque seu comportamento não era o mesmo da
juventude. Alberto deixara de ser aquele jovem
rapaz, a qual, ela trocou juras de amor.

Passaram-se cinco anos. Alberto está de


volta à capital, aos “amigos de copos” e ligado a
espíritos inferiores, que pela sintonia mental e
fluídica começavam a se apossar de sua mente,
dominando sua vontade, ficando assim, a mercê
de suas ordens.

Já havia abandonado a faculdade, e seus


pais nem sabiam. Alberto não revelou esse fato
aos pais.

Laura, cansada de esperar seu amado e


sem demonstração de interesse por parte dele,
deu início a um novo relacionamento. Tratava-se
de Tonico, bom rapaz que havia sido criado na lida

40
de cana, como quase todos os colonos
trabalhadores da fazenda. Tonico crescera na
companhia de Laura e de Alberto. Estudaram
juntos na infância. Com o passar do tempo,
nasceu uma grande amizade por Laura, que se
tornou em grande amor.

Em determinada ocasião, período de férias,


Alberto chega à fazenda para visitar os pais, de
surpresa. Na realidade, a intenção dele era
conseguir mais dinheiro para suas noitadas na
capital. Coronel Bento já sabia como estava a
situação do filho na capital e isso não o agradava.
Recebeu relatos de alguns amigos da família
sobre o comportamento de Alberto.

Coronel Bento, desgostoso com que vinha


acontecendo com o filho, sabendo das
circunstâncias das quais vivia o filho na capital,
negou-lhe veementemente dinheiro.

Nesse dia, pai e filho discutiram


intensamente, e o coronel Bento, num ato de
desespero disse ao filho que a partir daquele
momento ele seria deserdado dos bens da família.

41
Dona Anita, desesperada, tentou intervir
pelo filho, mas o Coronel foi implacável e manteve
sua decisão.

Alberto, desnorteado, saiu pelo vilarejo da


fazenda e foi parar na pequena venda que da
pracinha da vila. Entrou sedento por bebida e,
logo, estava com um copo de cachaça em suas
mãos.

Sentado à mesa, passou a beber, pedindo


mais uma dose, mais outra, e o tempo passando...
Já era tarde e Alberto continuava a beber
envolvido por duas entidades espirituais grotescas
de aspecto tenebroso, que o dominava
totalmente, ligados ao seu chacra coronário,
emitindo-lhe pensamentos terríveis.

Em determinado momento, um deles se


achegou mais perto do ouvido de Alberto e
sussurrou baixinho: – Cadê sua amada Laura? Por
que você não vai procurá-la?

Alberto balbuciou algumas palavras quase


incompreensivas dizendo: – Laura, minha amada,

42
onde você está?

Os Obsessores afirmavam: – Vai procurá-la!


Vai procurá-la! Ela te deixou por outro. Esse é o
momento de você tirar satisfação, de resolver
essa parada.

Alberto então, por impulso, levanta-se da


mesa e sai cambaleante pela porta da venda,
cruzando a pracinha afora, a procura de sua
amada, deixando algumas pessoas que o viam
naquele estado, preocupadas.

Seu Venâncio, dono da venda e que assistira


à cena de Alberto se embriagando, chama seu
neto e pede-lhe que vá ter com Sinhá Anita,
pondo-lhe a par do que estava acontecendo, mas
orienta-o para não relatar o fato ao Coronel Bento.

Alberto, comandado pelos dois espíritos


obsessores, sai à procura de Laura e a encontra,
sentada no coreto da praça a conversar com
Tonico, seu namorado.

Ao ver os dois, Alberto dispara palavras de


baixo calão ofendendo Laura e Tonico.

43
Tonico, educadamente, dispõe-se a
conversar com Alberto, mas este, envolvido pelas
duas entidades, parte para o combate e saca sua
peixeira, que sempre trazia com ele, e desfere um
golpe mortal em Tonico.

Laura, desesperada, aproxima-se dos dois,


tentando separá-los e também acaba atingida
com um golpe em seu abdome, tirando-lhe a vida
instantaneamente.

Sem pensar, Alberto atira sua peixeira ao


chão e corre desnorteado por uma plantação de
cana, e depois de muito correr se esconde num
dos barracões do engenho de cana.

A notícia da tragédia corre rápida pela


fazenda e a comoção é total. Três famílias
totalmente desmoronadas, a do Sinhozinho
Alberto, a do seu Galdino e Tereza e a dos pais de
Tonico.

Quando Sinhá Anita recebe a notícia, sente


o mundo desmoronar e o chão desabar sob seus
pés, caindo desmaiada, na sala da casa grande,

44
ironicamente sendo acalentada por Dona Tereza
que, igualmente, encontrava-se em choque.
Ambas se consolam, em choros de aflição e
desespero.

Coronel Bento fica atormentado, pois jamais


em sua vida, pensava que viveria uma situação
assim com sua família. Um filho criado com tanto
amor, educado e preparado para assumir o
império da cana-de-açúcar. Agora vê seus sonhos
desmoronando em ruínas com o acontecido, e
coloca todos os seus empregados a procura de
Alberto, mas não conseguem achá-lo.

No dia seguinte, pela manhã, a comoção era


total no arraial dos Medeiros. Dois corpos sendo
velados na capelinha da fazenda: o de Laura e o
de Tonico.

Sinhá Anita, tentava consolar os pais de


Laura e de Tonico. Coronel Bento, totalmente
desolado, sentado num canto da igrejinha, era
consolado pelos amigos fazendeiros da região.

Enquanto isso, Alberto, que conhecia bem

45
os caminhos da fazenda, furtivamente voltava à
casa grande, sede da fazenda, aproveitando que
estavam todos na igreja, conseguiu furtar algum
dinheiro e algumas peças de ouro da família,
separou algumas mudas de roupas e fugiu para a
capital baiana.

46
O PLANO ESPIRITUAL MAIOR

Acima da cidade de São Salvador, vamos


encontrar uma das colônias espirituais de socorro
aos que desencarnam naquela região.

Trata-se da Colônia Redenção, fundada


pelos portugueses no início da colonização do
Brasil. Grandes pavilhões, cercados de amplas
praças, e dentre esses pavilhões, encontrava-se
um grande hospital que recebia os espíritos
desencarnados da região de Salvador.

Avistamos em um grande quarto, diversos


espíritos recém-desencarnados em tratamento,
entre eles o casal Laura e Tonico. Ambos
acomodados em leitos aconchegantes, em sono
profundo, assistidos por diversos enfermeiros
vestidos com uniformes de cor azul-celeste a
transmitir-lhes passes de harmonização fluídica
em seus ferimentos. Pairava no ar suave música
que trazia paz ao ambiente beneficiando a todos.

47
Dirigindo a colônia, encontra-se Ernesto,
trabalhador desta colônia desde sua fundação,
dedicando hora integral incansavelmente.

À medida que o tempo passa, Laura e Tonico


despertam de um sono profundo, sendo recebidos
por Ananias, o enfermeiro responsável pelo setor,
que os esclarece dos acontecimentos. O
prestativo enfermeiro informa-os que, em breve,
serão atendidos por Ernesto, o venerando Diretor
da colônia.

Na colônia Redenção, todos os dias ao pôr


do sol, Ernesto faz uma prece a Deus e a Jesus,
agradecendo pelo equilíbrio da colônia e pelo
amparo dos mensageiros do Cristo.

Diz ele: “– Deus, Nosso Pai, criador do Céu e


da Terra, deixai cair seu manto sagrado em nossa
humilde colônia de socorro. Abençoai nossos
irmãos internos, dê-nos força, perseverança para
prosseguirmos em nossa jornada de socorro a
almas tão sofridas, cada uma dentro de seu
estado evolutivo, muitos colhendo o que
plantaram, outros se recuperando da grande

48
transição chamada morte. Jesus, divino mestre,
ampara-nos e deixe que Seus emissários estejam
sempre conosco. Amém…”

O ambiente era de total harmonia. Partículas


de luz caiam sobre todos que participavam
daquele momento memorável, uma música suave
preenchia o recinto de bem-estar e esperança.

Passado este momento, Ernesto solicita a


Ananias a presença dos dois enfermos, Laura e
Tonico, para uma conversa esclarecedora.

Laura e Tonico são encaminhados a um


salão onde Ernesto os aguardava com toda sua
simplicidade transmitindo segurança ao casal.

Assim que os dois avançaram as portas do


agradável salão, Ernesto direcionou-os a duas
poltronas para que se acomodassem
confortavelmente.

Ernesto então começou a discorrer: “– Meus


queridos irmãos, Jesus seja convosco. Somos
espíritos eternos, criados por Deus para a
evolução. Todos nós estamos cumprindo nossas

49
jornadas evolutivas, ora encarnados, ora
desencarnados.”

Os dois ouviam atentamente as explicações,


e o venerando diretor prosseguiu: “– Não cai uma
folha de uma árvore, se não for pelos desígnios de
Deus, Nosso Pai. O que aconteceu com vocês era
previsto que acontecesse, cumprindo-se as Leis
Divinas.

Você Laura, Tonico e Alberto já viveram


várias encarnações juntos. E numa das últimas
encarnações, você Laura, e Tonico, mataram
Alberto para que pudessem ficar com sua
herança.

A Lei de Deus se cumpre. Resume-se em


Plantar e colher. Não importa quando e como,
mas um dia a lei se cumpre e foi o que aconteceu
com vocês.”

Laura e Tonico estavam atônitos com a


revelação, mas Ernesto percebendo suas aflições,
tranquilizou-os dizendo: “– Não se preocupem.
Vocês ficarão um bom período aqui na colônia,

50
em tratamento. Poderão estudar e compreender
as Leis Divinas. Com o tempo entenderão que
tudo faz sentido.”

Assim, Ernesto abençoou o casal, e


chamando Ananias, solicitou que os
encaminhasse ao departamento de recuperação e
assistência, onde teriam suas necessidades
atendidas.

51
NO PLANO MATERIAL

Já havia se passado alguns anos, e


encontramos a fazenda de engenho do Coronel
em sua rotina de trabalho a todo o vapor.

O ocorrido do passado aproximou as duas


mães, Sinhá Anita e Dona Tereza, mães de Alberto
e Laura, respectivamente, que eram espíritos
afins de outras encarnações.

Coronel Bento continuava a tocar a fazenda,


mas se tornou um homem muito triste, pois não
teve mais notícias de seu filho desde o trágico
acontecimento, que culminou com as mortes de
Laura e Tonico.

Sinhá Anita e Tereza, com o passar dos


anos, conseguiram preencher o tempo criando um
grupo de senhoras da comunidade, com o objetivo
de confeccionar roupas para crianças e adultos da
fazenda.

52
E foi assim que Sinhá Anita conseguiu trazer
para seu grupo a mãe de Tonico, aproximando-se
dela e procurando consolá-la. No fim de cada dia,
reuniam-se em preces, pedindo a Deus e a Jesus,
que lhes dessem forças para continuarem vivendo
e pediam as bênçãos para seus filhos
desencarnados.

Em São Salvador da Bahia, Alberto estava


vivendo em total miséria num quartinho dentro de
um cortiço nos arrabaldes da grande metrópole.
Totalmente dominado pelo vício do álcool e por
obsessores terríveis que lhe sugavam todas as
suas forças. A tuberculose já havia se instalado e
consumido seu organismo.

Alimentava-se quando conseguia esmolar


algum dinheiro fazendo pequenos serviços,
quando encontrava forças para tanto.

Com o passar dos dias sua saúde se


agravou. Aos trinta e oito anos de idade, Alberto
veio a desencarnar acometido por uma crise da
doença negligenciada e não tratada.

53
Em situação muito triste foi arrebatado
pelos espíritos obsessores que lhe
acompanhavam há muito tempo sugando todas
suas energias.

54
NO VALE DOS SUICIDAS – O
UMBRAL

Em um plano extrafísico, plasmado por


entidades inferiores, como se fosse um deserto
extremamente árido, com céu cinzento e nuvens
avermelhadas, regiões abismais e cheios de
espíritos chumbados ao solo, desacordados, com
aspectos cadavéricos e magérrimos colados a
terra, encontra-se Alberto. Boa parte desses
espíritos, enquanto estiveram encarnados tiveram
problemas com álcool e drogas.

É nesse cenário que se encontra Alberto,


preso nessa teia, face sua inconsciência
comprometida ao seu passado tenebroso. Sua
mente tão perturbada e desequilibrada projeta-se
no ambiente em que se encontra.

Cenas passavam pela sua mente como se


fossem que mostravam o momento em que
assassinava Laura e Tonico. Alberto ouve gritos: -

55
Assassino! assassino! Nesta situação, ora
acordado, ora em coma, sofria as consequências
de suas atitudes enquanto encarnado.

56
NA COLÔNIA REDENÇÃO

Laura e Tonico, totalmente recuperados de


seus ferimentos, estão integrados aos afazeres da
colônia. Trabalhando na enfermaria,
recepcionando os espíritos que chegavam à
colônia para atendimento e tratamento.

Fizeram cursos de aprimoramento, entre


eles o de Fluidoterapia – para manipular fluídos, e
curso para operar aparelhos semelhantes aos que
conhecemos nos hospitais da terra.

Auxiliavam, da mesma forma, os


enfermeiros no tratamento dos enfermos e nos
demais afazeres da enfermaria.

Ao cair da tarde, os tarefeiros de Redenção


aguardavam ilustre visita de um espírito
mensageiro do Plano Maior, pertencente a um
escol de espíritos de relevância importância para
a colônia.

57
Em horário preestabelecido pelo Venerando
Ernesto com o Plano Maior, os tarefeiros da
colônia foram chamados ao grande salão nobre.

Os tarefeiros em trabalho emergencial, sem


poderem se ausentar de seus postos,
acompanhariam o pronunciamento do ilustre
visitante pelos telões espalhados nas diversas
dependências da colônia.

O silêncio do ambiente cedeu lugar a suave


melodia preenchendo o grande salão de paz e
bem-estar. Todos aguardavam, ansiosos, a palavra
do Mensageiro do Cristo.

Do teto, flores azuis de diversos matizes e


gotículas luminosas caiam sobe os presentes
proporcionando harmonia edificando, ainda mais o
ambiente com particular espetáculo da natureza.

Ao fundo, em tela gigantesca, desenhava-se


prodigioso quadro de luz fantástica que, num
determinado momento passou a projetar a figura
excelsa do aguardado visitante. Trajando túnica
clara e manto azul cintilante, o nobre espírito com

58
aparência de um ancião da terra saúda os
presentes com sua doce voz: “– A paz do Cristo
esteja convosco.”

Após cumprimentar as autoridades


responsáveis pelo bom funcionamento da colônia
e agradecer a Deus pela oportunidade do
intercâmbio e da nobre tarefa, o augusto visitante
inicia sua mensagem: “– O AMOR é energia
criadora e mantenedora do Universo, constituído
por essência divina.

É um tesouro que, quanto mais se divide,


mais se multiplica, e se enriquece à medida que
se reparte, mais se agiganta, na razão que mais
se doa. Fixa-se com mais poder, quanto mais se
irradia.

Nunca perece, porque não desfalece nem se


enfraquece, desde que sua força reside no ato
mesmo de doar-se, de tornar-se vida.

Assim como o ar é indispensável para a


existência orgânica, o AMOR é o oxigênio para a
alma, sem o qual a mesma se enfraquece e perde

59
o sentido de viver.

É imbatível, porque sempre triunfa sobre


todas as vicissitudes e ciladas.

Quando aparente – de caráter sensualista,


que busca apenas o prazer imediato – se debilita
e se envenena, ou se entorpece, dando lugar à
frustração.

Quando real, estruturado e maduro – que


espera, estimula, renova – não se satura, é
sempre novo, ideal, harmônio, sem altibaixos
emocionais. Une as pessoas, porque reúne as
almas, identifica-as no prazer geral da
fraternidade, alimentando o corpo e dulcificando
o eu profundo.

O prazer legítimo decorre do AMOR pleno,


gerador da felicidade, enquanto o comum é
devorador de energias e de formação
angustiante.

O estado de prazer difere daquele de


plenitude, em razão de o primeiro ser fugaz,
enquanto o segundo é permanente, mesmo que

60
sob a injunção de relativas aflições e problemas-
desafios que podem e dever ser vencidos.

Somente o AMOR real consegue distingui-


los e os pode unir quando se apresentem
esporádicos.

A ambição, a posse, a inquietação geradora


de insegurança – ciúme, incerteza, ansiedade
afetiva, cobrança de carinhos e atenções – a
necessidade de ser amado, caracterizam o
estágio do amor infantil, obsessivo, dominador,
que pensa exclusivamente em si antes que no ser
amado.

A confiança, suave-doce e tranquila, a


alegria natural e sem alarde, a exteriorização do
bem que se pode e se deve executar, a
compaixão dinâmica, a não posse, a não
dependência, não exigência, são benesses do
AMOR pleno, pacificador, imorredouro.

Mesmo que se modifiquem os quadros


existenciais, se alterem as manifestações da
afetividade do ser amado, o AMOR permanece

61
libertador, confiante, indestrutível.

Nunca se impõe, porque é espontâneo como


a própria vida e irradia-se mimetizando,
contagiando de júbilos e paz.

Expande-se como um perfume que


impregna, agradável, suavemente, porque não é
agressivo nem embriagador ou apaixonado…

O AMOR não se apega, não sofre a falta,


mas frui sempre porque vive no íntimo do ser e
não das gratificações que o amado oferece.

O AMOR deve ser sempre o ponto de partida


de todas as aspirações e a etapa final de todos os
anseios humanos.” (*)

Ao término da mensagem, todos na


assembleia estavam em êxtase e derramavam
lágrimas de júbilo e gratidão a Deus. O divino
mensageiro despediu-se dizendo: “– Fiquem com
a paz de Jesus, nosso querido Mestre.”

De volta às atividades na enfermaria, Laura


Tonico comentavam o acontecido cheios de

62
entusiasmo. Ao concluir mais um turno de
trabalho edificante, os dois se dirigiram aos seus
aposentos para o merecido descanso.

No dia seguinte, no primeiro horário da


manhã, Ananias chamou-os, pois Ernesto queria
vê-los. Os dois foram então conduzidos ao salão
onde Ernesto os aguardava.

“– Sejam bem-vindos, caros irmãos! A paz


do Cristo esteja convosco”, saudou o diretor de
Redenção.

Assim que os dois se acomodaram, Ernesto


iniciou: “– Recebemos notícias de nossos postos
avançados no Umbral, que Alberto lá se encontra
em estado deplorável, colhendo os frutos que
plantou em sua vida pregressa envolvido com o
álcool e espíritos trevosos.

Por outro lado, é de nosso conhecimento


que sua mãezinha Sinhá Anita, tem orado todos
os dias por ele, abrindo assim, um canal de
libertação para Alberto.

Com isso, o Plano Maior nos autorizou

63
resgatá-lo e o faremos em breve.”

Laura e Tonico ficaram felizes com a notícia,


mas Ernesto lhes explicou que ele ficaria em uma
ala especial de tratamento para suicidas e
alcoólatras.

(*) Texto do espírito Joana de Ângelis, encontrado no livro


“Amor, imbatível amor”, psicografado pelo médium Divaldo
Pereira Franco.

64
O RESGATE DE ALBERTO

No início do dia seguinte, Ernesto


determinou a Ananias que preparasse um grupo
de batedores para resgatar Alberto. Ananias e
mais alguns irmãos socorristas, apoiados por
enormes cães batedores da raça “Dobermann”
seguiram às zonas inferiores.

O lugar causava total tristeza. Almas


infelizes a gritarem por socorro sendo chicoteadas
por espíritos que vestiam capas pretas; outras,
com seus corpos mergulhados em lamaçais
fétidos querendo sair daquele lugar, mas quanto
mais se debatiam, mais afundavam.

Os cães batedores iam à frente protegendo


a caravana do assédio de espíritos trevosos que
pronunciavam xingamentos e tentavam se
aproximar deles.

Assim que alcançaram Alberto, criaram um


cordão fluídico para que pudessem socorrê-lo.

65
Ananias iniciou a aplicação de passes de
limpeza desintegrando fluídos pesados que
envolviam Alberto. Os socorristas acomodaram-no
na maca para transportá-lo até a colônia. Alberto
balbuciava palavras confusas, ora gritando de dor,
ora resmungando.

Nesse momento, grande faixo de luz se


abriu acima da caravana, como se fora um portal,
e a caravana deixou aquele ambiente, retornando
à colônia.

Na colônia Redenção, Alberto é recebido em


ala específica para cuidados de suicidas e
dependentes químicos, ala essa diferente da que
se encontram Laura e Tonico.

O estado de Alberto é grave e delicado. Ele


passou anos sob o jugo dos espíritos das trevas,
tendo suas energias sugadas. Ananias adentra ao
recinto acompanhado de alguns enfermeiros
iniciando, assim, o tratamento em Alberto com
passes revigorantes. Um aparelho emissor de
luzes coloridas é colocado na região de seu
abdome, onde é possível ver, nitidamente,

66
energias negativas saindo de seu organismo e
evaporando-se pelo ambiente.

Diuturnamente uma equipe de enfermeiros


e tarefeiros dedica-se ao bem-estar e Alberto. O
tempo passa célere na Colônia Redenção…

Alberto, aos poucos, apresenta sinais de


melhoras. Mas ainda sem condições de entender o
que está acontecendo. Diariamente, Ananias
comparece ao seu leito, prestando-lhe assistência
e acompanhando sua evolução, transmite-lhe
passes revigorantes acalmando seu espírito. Na
cabeceira de seu leito fica uma jarra com água
fluidificada para ser ingerida em pequenas doses,
algumas vezes ao dia.

67
DE VOLTA AO PLANO MATERIAL

A família do Coronel Bento segue a vida


dedicando-se aos afazeres característicos de uma
fazenda de engenho.

Inesperadamente, num dia qualquer Coronel


Bento e Sinhá Anita recebem a visita de um
grande amigo da capital baiana. Esse amigo traz
uma notícia muito triste à família, a morte de
Alberto. Relata que tomou conhecimento que
Alberto fora enterrado como indigente num dos
cemitérios da capital.

Coronel Bento e Sinhá Anita, ficaram


chocados. Sinhá Anita pede encarecidamente ao
Coronel que permita o translado do corpo de seu
filho para a fazenda, pois quer sepultá-lo com
Laura e Tonico para que descansem em paz.

O Coronel, tomado de compaixão, concorda


com o pedido da esposa e solicita,
imediatamente, providências para que o corpo de

68
seu filho estivesse em breve na fazenda.

Numa manhã ensolarada, em que a brisa


soprava suavemente nos campos e os pássaros
cantavam alegremente, o corpo de Alberto foi
baixado à sepultura da família junto dos túmulos
de Laura e Tonico.

O padre da comunidade fez uma prece


fervorosa encomendando o corpo de Alberto ao
Céu. Toda a comunidade estava ali reunida orando
pelos três amigos.

Passado o momento emocionante, a rotina


se restabeleceu na fazenda de engenho.

À noitinha, Sinhá Anita conversava com


Dona Tereza, dizendo que agora ela estava mais
tranquila, com o coração em paz, tendo o corpo
de seu filho mais perto, e juntas entoaram uma
oração a Deus pedindo pelas almas de seus filhos.

69
DE VOLTA À COLÔNIA REDENÇÃO

Passados alguns anos, Alberto encontra-se


em plena recuperação. Em majestoso jardim,
adornado por lindas flores coloridas e de aromas
indescritíveis, Venerando Ernesto o recebe,
dizendo-lhe: “– Alberto, meu querido irmão, as leis
divinas se cumprem.” E continua:

“– Você se envolveu com pessoas menos


felizes que o levou ao vício do álcool, ligando-o a
espíritos obsessores, destruindo sua vida. Essa
situação o fez tomar decisões equivocadas,
impensadas, resultando na morte de seus
melhores amigos, Laura e Tonico.”

Alberto ouvia atentamente os


esclarecimentos do Venerando Ernesto, que
emendou:

“Somos espíritos eternos criados para


evolução e progresso, nascidos simples e
ignorantes, tendo como meta a angelitude.

70
Quando, nesse percurso, desviamo-nos das leis
divinas assumimos débitos que deveremos arcar
no futuro. Jesus, o nosso Divino Mestre, já nos
alertava: ‘Embainha a tua espada; porque todos
os que lançarem mão da espada à espada
morrerão.’” (Mateus 26:52).

Precisamos entender a profundidade desse


ensinamento… Toda vez que atingimos nosso
próximo, seja da forma que for, com palavras ou
com atos, estamos infringindo as leis divinas e
isso ficará gravado em nosso íntimo. Assim, a lei
de justiça se cumprirá em tempo oportuno. Você,
Alberto, nessa última encarnação, pôs termo a
vida de seus melhores amigos, que tinham uma
projeto reencarnatório delineado juntos, que, por
suas mãos foi ceifado. Por isso, meu caro irmão,
você passará um período em tratamento aqui, em
nossa colônia, aguardando orientações do plano
maior para seu futuro.

Alberto, mais reconfortado e com o coração


mais aliviado pelas explicações de Ernesto, foi
levado de volta ao seu pavilhão para continuar

71
sua investida no aprimoramento espiritual.

Na manhã seguinte, o sol brilhava


intensamente na colônia Redenção. Suave música
envolvia todo o jardim que embelezava e coloria a
colônia. Laura e Tonico foram chamados ao salão
nobre para conversarem com Ernesto. Quando
chegaram, Ernesto os saudou em nome de Jesus.
Os dois se sentaram próximos ao Venerando
diretor que logo lhes disse: “– Tenho boas notícias!
Vocês, Laura e Tonico, irão reencarnar em breve, e
receberão como filho o nosso querido Alberto. A
Lei de amor se cumpre. Como pais de Alberto
vocês poderão amá-lo como ele necessita. Vão
ampará-lo, educá-lo e ensiná-lo novos conceitos
de vida, afastando-o, assim, das más companhias
e do alcoolismo que veio ceifar sua vida. Vocês
reencarnarão em breve, mas Alberto ainda ficará
na colônia em tratamento por um determinado
período até adquirir condições de retornar ao
veículo físico.”

O dia tão esperado por todos na colônia


Redenção chegou! Ernesto, Ananias, e os

72
enfermeiros estavam radiantes, pois Laura e
Tonico estavam retornando a Terra, mais
precisamente à cidade de São Salvador da Bahia.
Votos de coragem e de esperança eram ditos
pelos cidadãos de Redenção. Lágrimas de alegria
eram derramadas por muitos que aguardavam
semelhante momento. Ernesto fecha os olhos e
com um sorriso nos lábios pede a Deus, em
pensamento, o amparo e a proteção aos dois
irmãos para que não sucumbam em oportuna
missão. Respira fundo e diz: “– Que Deus os
abençoe e Jesus lhes guie os passos! Assim seja,
meus irmãos… assim seja!”

73
EPÍLOGO

As leis divinas se cumprem. Passados 25


anos da reencarnação de Laura e Tonico, vamos
encontrá-los casados, vivendo em uma singela
casa nos arrabaldes de Salvador. Estão felizes
porque Laura está grávida de nove meses, e em
seu ventre resplandece a chegada de um lindo
menino que receberá na pia batismal, o nome de
Alberto.

No Céu, os anjos cantam hinos de louvor a


Deus e na Colônia Redenção, Ernesto e Ananias
unem-se em oração e louvor a Deus, jubilosos por
mais uma missão cumprida.

Fim

74

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