Biosseguranca e Tecnovigilancia
Biosseguranca e Tecnovigilancia
Biosseguranca e Tecnovigilancia
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
BIOSSEGURANÇA................................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
BIOSSEGURANÇA APLICADA AO CONTROLE DE QUALIDADE...................................................... 9
CAPÍTULO 2
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS................................................................................ 14
CAPÍTULO 3
TECNOVIGILÂNCIA.................................................................................................................. 37
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 52
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
6
Introdução
Para um bom desempenho de suas funções, o gestor de uma instituição farmacêutica deve ter
conhecimentos apurados na área de Biossegurança e Tecnovigilância.
Deste modo, nosso material didático abordará temas como a Biossegurança aplicada ao controle de
qualidade, gerenciamento de resíduos sólidos e Tecnovigilância.
Objetivos
» Levantar informações importantes sobre Biossegurança aplicada ao controle de
qualidade.
7
BIOSSEGURANÇA UNIDADE I
CAPÍTULO 1
Biossegurança aplicada ao controle de
qualidade
Biossegurança
[
O QUE É?
ISO 17025: usado para possibilitar o credenciamento de laboratórios com competência técnica para realizar calibrações
e ensaios.
ISO 15189 (ABNT) e a NIT-DICLA 083 (IMETRO): seguem o modelo da ISO 17025, mas com critérios específicos para
laboratórios clínicos.
NIT-DICLA 028 (IMETRO): determina os princípios das boas práticas de fabricação para laboratórios.
9
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
Requisitos gerenciais1
ISO 17025 Elemento relacionado aos requisitos de organização institucional e
4.1 responsabilidades gerenciais do laboratório.
Organização Sugere-se a inclusão clara da definição da localização da gestão de
NIT-DICLA-083
biossegurança, na estrutura organizacional do laboratório (Departamento,
6.1 Programa, Coordenação, Núcleo etc.).
ISO 17025
Elemento que descreve os requisitos do sistema da qualidade, o que
4.2 inclui a política, os objetivos da qualidade. Apresenta a estrutura da
Sistema de gestão (da qualidade) documentação, Manual da Qualidade, procedimentos etc.
ISO 17025 Elemento que visa a assegurar a conformidade dos serviços e suprimentos
4.6 adquiridos às suas especificações, bem como selecionar e avaliar os
Aquisição de serviços e suprimentos/ fornecedores.
NIT-DICLA-083 Serviços externos e suprimentos
Quando aplicável, definir especificações de biossegurança para
6.5 equipamentos, insumos e serviços a serem adquiridos.
ISO 17025
4.7 Atendimento ao cliente/Serviços de Elemento que descreve atendimento adequado aos clientes do laboratório
NIT-DICLA-083 consultoria e assessoria para esclarecimentos de dúvidas e interpretação de resultados.
6.8
ISO 17025
4.8 Elemento que descreve requisitos para solucionar as reclamações
Reclamações/Resolução de
recebidas. Apresentar em linhas gerais o recebimento e o tratamento das
NIT-DICLA-083 reclamações
reclamações recebidas.
6.8
ISO 17025 Elemento que visa a assegurar que sejam tomadas medidas adequadas
4.9 e 4.11 Controle dos trabalhos não conformes/ quando for identificada uma não conformidade, o que inclui: descrição da
Identificação e controle de não não conformidade; investigação da causa raiz; seleção e implementação
conformidades/ das ações; monitoramento da eficácia das ações aplicadas.
NIT-DICLA-083
6.6 e 6.7 Ação Corretiva Identificar e controlar não conformidades e ações corretivas relacionadas à
biossegurança.
1 Extraído de: Disciplina BIOSSEGURANÇA – Unidade 4: Gestão da Qualidade, Ambiente, e Biossegurança. Subitem 4.6
Biossegurança e o sistema de gestão da qualidade. Aula(s): 7 (7/7/2006). Busca no Google.
10
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
Requisitos técnicos
ISO 17025
Elemento que visa a assegurar e a manter a competência do pessoal
5.2 envolvido nas atividades técnicas e de apoio do laboratório. Identificar as
Pessoal necessidades de treinamento que vão manter essa competência.
NIT-DICLA-083
A capacitação dos profissionais deve incluir a biossegurança.
7.1
ISO 17025 Elemento que descreve os requisitos para que as instalações usadas
facilitem a realização correta dos serviços prestados e as condições
5.3
ambientais não invalidem os resultados.
Acomodações e condições ambientais
NIT-DICLA-083 As áreas laboratoriais devem ser planejadas considerando o conforto
dos seus ocupantes, a minimização de riscos de acidentes e doenças
7.2 ocupacionais.
Elemento que visa a assegurar que os equipamentos alcancem a
exatidão estabelecida pelo laboratório para os serviços prestados. Contêm
ISO 17025 requisitos quanto à aquisição, à identificação, à avaliação, à manutenção,
5.5 à manipulação e à estocagem dos equipamentos, sistemas analíticos,
materiais de referência e reagentes.
11
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
ISO 17025 Requisito que define condições para: avaliação, recebimento, identificação,
preparação, armazenamento, proteção, manuseio, retenção, descarte e
5.8 transporte de amostras. Exigência de Manual de Coleta de Amostras.
Procedimentos pré-exame/ Manuseio
de itens de ensaio e calibração O laboratório deve garantir o descarte seguro dos materiais utilizados
NIT-DICLA-083 para coleta. O laboratório deve monitorar o transporte das amostras ao
7.4 laboratório para segurança do transportador, público em geral e laboratório
receptor.
ISO 17025
Elemento que visa a assegurar que o laboratório utilize métodos e
5.4 Métodos de ensaio e calibração e procedimentos apropriados para todos os serviços que realiza.
validação de métodos/ Procedimentos
NIT-DICLA-083 de exame/ Incorporar requisitos de biossegurança nos procedimentos documentados
de ensaios/exames.
7.5
ISO 17025
5.9 Garantia da qualidade de resultados
Elemento que visa a assegurar a confiabilidade dos resultados obtidos nos
de ensaio e calibração/ Garantia da
NIT-DICLA-083 laboratórios.
qualidade de procedimentos de exame
7.6
Revisão de resultados de exames e armazenamento e descarte seguro de
amostras.
NIT-DICLA-083
Procedimentos pós-exame Descarte seguro de amostras que não são mais requeridas para exame
7.7
deve ser realizado de acordo com a legislação ou recomendações sobre
gerenciamento de resíduos
ISO 17025
5.10 Requisitos para elaboração, emissão e comunicação dos resultados
Apresentação de resultados/Laudo de
dos ensaios e calibrações com exatidão, clareza, objetividade e sem
NIT-DICLA-083 resultados
ambiguidade.
7.8
12
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
(baixo risco individual e baixo risco com a comunidade) – organismo que não causa doença ao homem ou
Classe de
animal. Ex.: micro-organimos usados na produção de cerveja, vinho pão e queijo. (Lactobacilus casei, Penicillium
Risco 1 camembertii, S. cerevisiae etc.).
(risco individual moderado e risco limitado para a comunidade) – patógeno que causa doença ao homem ou
aos animais, mas que não consiste em sério risco, a quem o manipula em condições de contenção, a comunidade,
Classe de aos seres vivos e ao meio ambiente. As exposições laboratoriais podem causar infecção, mas a existência de medidas
Risco 2 eficazes de tratamento e prevenção limita o risco.
Exemplo: bactérias – Clostridium tetani, Klebsieila pneumoniae, Staphylococcus aureus; vírus – EBV, herpes, fungos
– Candida albicans; parasitas – Plasmodium, Shistosoma
(elevado rsco individual e risco limitado para a comunidade) – patógeno que geralmente causa doenças graves
ao homem ou aos animais e pode representar um sério risco a quem o manipula. Pode representar um risco se
Classe de disseminado na comunidade, mas usualmente existem medidas de tratamento e de prevenção.
Risco 3 Exemplos: bactérias – Bacilus anthracis, Brucella, Chlamydia psittaci, Mycobacterium tuberculosis; vírus – hepatites
B e C, HTLV 1 e 2, HIV, febre amarela, dengue; fungos – Blastomyces dermatiolis, Histoplasma; parasitas –
Echinococcus, Leishmania, Toxoplasma gondil, Trypanosoma cruzi
(elevado risco individual e elevado risco para a comunidade) – patógeno que representa grande ameaça
Classe de para o ser humano e para aos animais, representando grande risco a quem o manípula e tendo grande poder de
Risco 4 transmissibilidade de um indivíduo a outro. Normalmente não existem medidas preventivas e de tratamento para esses
agentes. Exemplos: Vírus de febres hemorrágicas,, Febre de Lassa, Machupo, Ébola, arenavírus e certos arbovírus.
A seguir, encontra-se a classificação dos laboratórios de acordo com o nível de biossegurança dada
pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
13
CAPÍTULO 2
Gerenciamento de resíduos sólidos
§ 1o Se o crime é culposo:
§ 2o Se o crime:
14
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
A maioria das vezes, portanto, aquele que deixar de descumprir a legislação e de alguma forma lesar
o meio ambiente vai ter de arcar com as consequências que, sim, desprendem muito mais recursos
do que manter um plano de gerenciamento de resíduos correto. Essa consciência tem crescido entre
os empresários brasileiros que sentem cada dia mais necessidade de legislações que possam servir
de guia para a melhoria da qualidade do gerenciamento dos resíduos.
Em nível federal, a gestão de resíduos é realizada pela Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA
– Lei no 6.938/1981) a qual está integrada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – Lei
no 12.305/2010) e pelas legislações editadas pelo CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente)
relacionadas ao tema. Existem também as legislações em nível estadual que são geralmente
construídas com base nas necessidades locais de gerenciamento. A seguir serão apresentadas
algumas dessas legislações específicas.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – Lei no 12.305/2010) é uma lei editada pelo Congresso
Nacional e sancionada pela Presidenta da República que dispõe basicamente sobre como deve ser
realizado o gerenciamento de resíduos sólidos, as pessoas envolvidas e suas responsabilidades. Ela
não se aplica aos rejeitos radioativos que devem ser tratados segundo a Lei no 10.308/2001.
15
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
Art. 1o [...]
Art. 3o [...]
A PNRS traz em seu capítulo II do título II os princípios e os objetivos que a orientam. Os princípios
são requisitos já concretizados, ou seja, servem de base de implementação das ações. Os objetivos
pelo contrário são requisitos que a política procura concretizar no futuro e que vão depender dos
princípios serem bem estruturados e seguidos.
I – a prevenção e a precaução;
II – o poluidor-pagador e o protetor-recebedor;
III – a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis
ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública;
IV – o desenvolvimento sustentável;
16
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
XI – a razoabilidade e a proporcionalidade.
17
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
A PNRS em seu capítulo III do título II possui alguns instrumentos com os quais conta para conseguir
concretizar objetivos ou obter os resultados esperados.
Art. 8o Instrumentos:
18
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
Na PNRS os resíduos são classificados de duas maneiras: quanto à origem e quanto à periculosidade.
A norma ABNT NBR 10004:2004 traz basicamente a mesma classificação da PNRS com algumas
adições em relação a esta e será discutida mais a adiante.
Art. 13 [...]
I – quanto à origem:
19
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
II – quanto à periculosidade:
Os planos de resíduos sólidos precisam ser concebidos em todas as esferas de governo: federal,
estadual e municipal. Nas esferas estadual, municipal e o Distrito Federal o plano serve como
condição para que os recursos que dizem respeito a esse tema e estejam sobre o poder da União
20
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
sejam repassados a esses entes. Na esfera federal, é chamado de Plano Nacional de Resíduos Sólidos
e possui as seguintes características:
21
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
O plano estadual de resíduos sólidos possui o mesmo prazo de vigência e de revisão que foram
estabelecidos para o plano anual de resíduos sólidos. Já o plano municipal (requisito para os
Municípios e o Distrito Federal) deve ser elaborado e revisado periodicamente de acordo com o
período de validade do plano plurianual municipal.
O plano de gerenciamento de resíduos sólidos deve ser elaborado, como já dito anteriormente,
pelas pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, geradoras de resíduos que são
relacionadas no esquema a seguir (Artigo 20).
Resíduos industriais:
» Geradores na produção e nas instalações.
Resíduos de serviços de saúde:
» Determinados pelo Sisnama e pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária/SNVS).
Resíduos de mineração:
» Pesquisa, extração e beneficiamento de minérios.
I – os geradores de resíduos sólidos previstos nas alíneas “e”, “f”, “g” e “k” do
inciso I do art. 13;
22
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
Art. 31
23
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
Art. 33
» pilhas e baterias;
» pneus;
24
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
Art. 47 [...]
Art. 48 [...]
Art. 17 [...] Aborda o conteúdo mínimo do plano estadual de resíduos sólidos. [...]
V – metas para a eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à
emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis;
25
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
A norma ABNT NBR 10004:2004, como mencionado anteriormente traz uma classificação mais
aprofundada dos tipos de resíduos sólidos e como proceder para implementar um plano de resíduos.
NÃO INSERTES
CLASSE II-A
NÃO PERIGOSOS
CLASSE II
CLASSIFICAÇÃO INSERTES
DE RESÍDUOS CLASSE II-B
PERIGOSOS
CLASSE I
Resíduos não perigosos (classe II) são aqueles que não apresentam, portanto, periculosidade e os
perigosos (classe I) são aqueles que apresentam periculosidade além de outros requisitos discutidos
a seguir.
Os resíduos de classe II-A ou não inertes são aqueles que não podem ser classificados nem como
classe I nem como classe II-B, ou seja, são classificados por exclusão. Para ajudar em sua classificação
podem ser utilizadas propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em
água. Exemplos disso são resíduos de restaurante, resíduos de papel e papelão.
Os resíduos de classe II-B ou inertes são aqueles que quando uma amostra representativa (segundo
ABNT NBR 10007) é colocada em contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada,
26
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
à temperatura ambiente (segundo ABNT NBR 10006), não conseguem se solubilizar a ponto de sua
concentração atingir níveis superiores aos padrões de potabilidade da água (com exceção o aspecto,
cor, turbidez, dureza e sabor de acordo com o anexo G da ABNT NBR 10004:2004).
Os resíduos perigosos ou classe I são aqueles que apresentam periculosidade, constem nos anexos
A ou B da ABNT NBR 10004:2004 ou ainda possuam uma ou mais das dessas características:
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. A definição e os métodos
para descobrir se o resíduo possui alguma dessas características constam da ABNT NBR 10004:2004
e outras normas técnicas. Exemplos desses resíduos (que constam nos anexos A e B) são óleo
lubrificante usado ou contaminado, lâmpada com vapor de mercúrio após o uso (fluorescentes).
Uma política de gerenciamento de resíduos precisa ser vista como parte integrante das ações em
busca da qualidade de uma empresa, não só porque permite a economia de recursos financeiros pela
minimização de erros, mas também pelo fato de que a empresa se torna mais confiável aos olhos
de quem busca seus serviços ou produtos. O esquema, a seguir, mostra, simplificadamente, como
estruturar uma política de gerenciamento de resíduos.
27
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
Coprocessamento
Não perigosos
28
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
O primeiro passo é o planejamento e suas três fases são: determinação de aspectos ambientais,
requerimentos legais e outros e objetivos e metas. Os aspectos ambientais são importantes para
se conhecer os resíduos que estão sendo gerados. Para tanto, essa fase é dividida em determinar a
geração dos resíduos, classificá-los e quantificá-los. Na primeira etapa, é importante percorrer toda
a empresa, pois resíduos podem ser gerados desde o escritório, banheiro, cozinha, manutenção,
limpeza até o processo industrial propriamente dito.
A classificação deve ser realizada de acordo com o já explicado acima que consta na ABNT NBR
10004:2004. Por fim, determinar as quantidades de cada resíduo gerado ajuda no planejamento de
sua destinação final.
A segunda fase é conhecer bem quais as legislações aplicadas aos procedimentos realizados, que já
foram mencionadas anteriormente, e quais as exigências externas (do cliente, por exemplo) deverão
ser utilizadas como parâmetro para os procedimentos.
A definição de objetivos (requisitos gerais) e metas (requisitos numéricos e temporais) deve ser
prioridade para que os procedimentos sejam seguidos a risca e não haja desvio do plano- padrão.
Uma tendência mundial é a utilização da teoria dos 3Rs (Redução, Reutilização, Reciclagem)
como meta principal da gestão de resíduos. A seguir, estão descritos os 3Rs.
Reutilização de resíduos
2) Neste caso, o resíduo é reaproveitado sem que haja modificações na sua estrutura. Um exemplo é a utilização
dos dois lados de uma folha de papel.
Reciclatem de resíduos
3) No caso da reciclagem, há um beneficiamento no resíduo para que ele seja utilizado em outro (ou até no
mesmo) processo. Um exemplo é a reciclagem de latinhas de alumínio. As latinhas passam por um processo de
beneficiamento para que o alumínio seja reaproveitado no processo.
O segundo passo é implementar e colocar o PGRS em operação. Esses processos devem levar
em consideração primeiramente uma estruturação e a divisão das responsabilidades de cada parte
do PGRS. Além disso, o pessoal envolvido no plano deve ser escolhido de acordo com capacidades
técnicas que se encaixem nas necessidades do plano e devem ser realizados treinamentos com essas
pessoas. O treinamento deve conter basicamente os seguintes requisitos.
29
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
Devem ser, também, definidos os procedimentos para armazenar e acondicionar os resíduos. Isso
é importante, pois a separação e o acondicionamento corretos facilitam o processo de reciclagem,
minimizam as perdas com materiais que não podem ser acondicionados de qualquer maneira,
impedem a contaminação cruzada, ou seja, materiais que antes não eram perigosos se tornarem.
Ainda é importante, pois recuperar a saúde do meio ambiente ou de um trabalhador por falta de
acondicionamento adequado de materiais desprende mais recursos diretos (dinheiro) e indiretos
(força de trabalho) do que seu correto acondicionamento e armazenamento. As normas NBR
12235, NBR 11564, NBR 7500 e NBR 11174 contêm as especificações necessárias para manusear e
armazenar os resíduos.
DICAS:
Alguns tipos de resíduos necessitam de pré-tatamento antes de serem descartados. Esse processo
pode ser realizado pela própria empresa geradora ou por terceiros, sempre lembrando, da necessidade
de licenciamento pelos órgãos competentes para realizar essas atividades. Exemplos disso são as
latas de alumínio que precisam ser prensadas antes de serem enviadas para a reciclagem ou no lodo
30
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
que precisa ser adensado antes do destinamento final. Este é um processo que depende de cada tipo
de resíduo e a análise deve levar em consideração as variáveis a seguir.
Variáveis:
Documentar é uma fase importante da construção do PGRS, pois é assim que se garante a
reprodutibilidade e a padronização das ações. Além disso, é uma forma importante de comprovar os
procedimentos realizados e rastrear eventuais erros. A documentação deve estar disponível a todos
os envolvidos no cumprimento do PGRS. A documentação básica trata-se do seguinte.
DOCUMENTAÇÃO MÍNIMA:
Objetivos e metas
Requerimentos legais e outros
Procedimentos escritos com detalhes do PGRS e seus responsáveis
Protocolos de auditorias internas e das realizadas nos terceiros que trabalham para a empresa
Indicadores para realizar o acompanhamento do PGRS em diferentes períodos
Ficha de resíduo para cada tipo de resíduo.
31
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
O passo três é composto pela verificação e ações corretivas. Para fazer a verificação, é necessário
monitorar e fazer medições. Isso pode ser feito por meio de indicadores quantitativos, qualitativos e
financeiros dos resíduos. Esses indicadores devem ser comparados, periodicamente, com resultados
históricos ou que sejam esperados para um indicador específico. Esses indicadores devem ser
determinados na época da implementação e servirão de base para delimitar objetivos e metas,
mensurar ganhos/perdas econômicos e ambientais.
Indicadores (exemplos):
Outra forma de verificar e realizar correções são realizando auditorias internas e externas. As
auditorias internas (sua periodicidade, o protocolo, as questões que devem ser abordadas) devem
constar do PGRS. As auditorias externas devem ser realizadas também periodicamente e o motivo
de sua realização é que o gerador de resíduos é responsável legal até sua destruição final.
Depois da análise dos indicadores e da realização das auditorias as não conformidades (desvios
legais, técnicos, de custo-benefício) encontradas devem ser corrigidas e novos erros prevenidos.
Além disso, deve-se manter um registro de todas as ações realizadas com os resíduos até sua
destruição final. De acordo com a DZ 1310 R.7 (SISTEMA DE MANIFESTO DE RESÍDUOS),
concebido pela FEEMA-RJ (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente – Rio de Janeiro)
quatro vias do manifesto devem ser produzidas para cada movimentação e tipo de resíduo. Além
desses documentos, devem ser mantidos pela empresa no caso dos resíduos serem enviados para
tratamento por terceiros os seguintes.
1) Documento de saída do resíduo, informando quantidade, destino, data, meio de transporte e percurso a ser pecorrido.
Documento de chegada do resíduo ao seu destino (pode ser o documento de saída protocolado junto ao receptor
2)
com a data e a hora de chegada ou um documento específico para ser assinado pelo receptor do resíduo).
Documento emitido pelo receptor do resíduo informando a data e a hora em que o resíduo foi processado, tratado,
3)
incinerado, aterrado etc. e o processo de tratamento ou disposição utilizado.
A destinação final dos resíduos pode se tornar lucrativa em alguns aspectos se for bem planejada.
Por exemplo, a reutilização dos resíduos tem os seguintes efeitos sobre a economia: redução dos
custos com transporte, com construção e manutenção de aterros sanitários, redução dos gastos com
matéria-prima e redução de custos com possíveis acidentes ambientais.
32
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
O fluxo a seguir demonstra como é possível escolher a melhor maneira de destinar os resíduos.
A seguir, serão apresentados alguns métodos de tratamento e disposição final dos resíduos.
1. Processos térmicos
Aqueles em que o calor é aplicado aos resíduos. A diferença entre os métodos está
na quantidade de calor utilizada.
b. Coprocessamento
33
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
c. Pirólise
d. Plasma
VANTAGENS DESVANTAGENS
Degrada completamente os resíduos, quebrando Gera cinzas, que devem ser corretamente dispostas de
as moléculas dos componentes perigosos. acordo com a sua composição.
VANTAGENS DESVANTAGENS
2. Processos físicos
a. Centrifugação
34
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
b. Separação gravitacional
c. Redução de partículas
a. Aterro industrial
VANTAGENS DESVANTAGENS
Baixo custo em relação a outras opções de Necessita de uma grande área física para
ATERRO INDUSTRIAL tratamento e disposição final, como incineração. construção e operação.
Pode ser utilizado para grande variedade de Gera um passivo que precisa ser continuamente
resíduos. monitorado.
35
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
36
CAPÍTULO 3
Tecnovigilância
Glossário
“Evento adverso: qualquer efeito não desejado, em humanos, decorrente do uso de produtos sob
vigilância sanitária.”
“Produto para a saúde: equipamento, aparelho, material, artigo ou sistema de uso ou aplicação médica,
odontológica ou laboratorial, destinado à prevenção, ao diagnóstico, ao tratamento, à reabilitação ou
à anticoncepção, e que não utiliza meio farmacológico, imunológico ou metabólico para realizar sua
principal função em seres humanos, podendo, entretanto, ser auxiliado em suas funções por tais meios
(RDC no 185/2001), bem como produto para diagnóstico de uso in vitro (RDC no 206/2006).”
Esse conceito advém da Portaria no 1.660, DE 22 DE JULHO DE 2009, que instituiu o Sistema de
Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária (VIGIPOS), considerado como parte integrante
do Sistema Único de Saúde (SUS). Nessa Portaria, ficam definidas as responsabilidades da ANVISA,
estados, municípios e Distrito Federal com relação ao processo de notificação. Além disso, essa
Portaria determina que os produtos e serviços sob vigilância sanitária são os listados nos §§ 1o e
2o do art. 8o da Lei no 9.782, de 26 de janeiro de 1999 (Define o Sistema Nacional de Vigilância
Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências).
Art. 8o [...]
§ 1º [...]
37
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
Art. 2o [...]
A notificação pode ser feita além do caso citado acima (dos detentores de registro de produto) pelo
cidadão (Notificação Tecnovigilância Avulsa– disponível no site da ANVISA) ou mediante cadastro
no site do Sistema Nacional de Notificações para a Vigilância Sanitária (NOTIVISA – é um sistema
informatizado que tem a finalidade de coletar notificações de eventos adversos e queixas técnicas)
pelos seguintes grupos.
38
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
» ANVISA.
» Universidades/Centros de pesquisa.
Depois de feito o cadastro, a notificação pode ser realizada utilizando e-mail e senha para entrar no
sistema.
39
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
40
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
41
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
A investigação das notificações pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) funciona
baseada em prioridades. Essas prioridades são a gravidade e a frequência da ocorrência do EA ou
da QT. Para isso, todas as notificações precisam ser lidas e analisadas para a determinação das
prioridades e catalogação no sistema para formação de um banco de dados. A seguir, encontra-se
um quadro de definições utilizadas na investigação de notificações.
Evento Adverso grave: é aquele que se enquadra em, pelo menos, uma das seguintes
situações:
» leva à morte;
42
BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE I
Lesão temporária não grave: ocorre quando a lesão temporária não afeta o
desempenho das atividades e não apresenta risco de morte ao caso, como flebite,
escarificação da pele.
Para iniciar uma investigação, existem critérios de prioridade, ou seja, parâmetros que determinam
a maneira e quando devem ser investigadas as notificações.
43
UNIDADE I │ BIOSSEGURANÇA
Para o Evento adverso (EA), esses critérios são organizados da seguinte maneira.
Outros critérios
Surto Investigação obrigatória.
Situação inusitada Investigação obrigatória de uma notificação.
Para a queixa técnica (QT), esses critérios são organizados da seguinte maneira.
Classe de risco do produto Classe de risco IV e III com potencial de causar risco a saúde – investigar uma
notificação.
Produtos com estratégias diferenciadas de Investigar uma notificação. Ex.: implante ortopédico, bomba de infusão.
monitoramento
Produtos utilizados em programas de Investigar dependendo do motivo da queixa. Ex.: DIU, preservativo masculino, bolsa de
saúde pública sangue.
» Identificar o local ou locais onde o produto está sendo utilizado e as pessoas que
estão expostas a ele.
O passo a passo da investigação deve seguir um fluxo padronizado e o processo deve ser completamente
documentado física ou eletronicamente anexando todos os documentos que forem produzidos no
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seu desenrolar (ex.: fotos, relatórios de inspeção, pesquisas etc.). As seguintes atividades devem ser
concretizadas:
» coleta de dados;
» análise de informações;
» planejamento de ações;
» execução de ações;
» conclusões;
Coleta de dados
Esse primeiro passo visa a identificar detalhes sobre o paciente, o produto e a empresa envolvidos na
investigação. O quadro a seguir é utilizado pela vigilância epidemiológica para guiar sua obtenção e
saber onde obtê-los.
Investigação de EA ou QT
Informações necessárias e
Dados a serem coletados Fontes
Questões orientadoras
Nome comercial do produto, classe de risco, Formulário de notificação e contato com notificador,
número do registro na ANVISA, local de como, por exemplo, cópia de nota fiscal.
fabricação, nome do fabricante/ importador/ Dados do Datavisa que emergem no Notivisa e
Identificar as características do produto. distribuidor, lote, modelo e no de série. busca com campos ainda não indexados.
Quais são os atributos do produto envolvido Histórico de notificações do produto e similares. Alertas de Tenovigilância.
na notificação?
Histórico de manutenções do equipamentos ou Notivisa: histórico de notificações.
Reprocessamento do artigo.
Visa-sede: histórico das inspeções de BPF e de
Outros. fiscais das empresas.
Lista de distribuição de vendas da empresa
Determinar a abrangência do problema.
Tamanho do lote caso aplicável.
Outras pessoas utilizaram ou podem vir a Contato com a detentora do registro no Brasil.
Unidades em estoque e unidades implantadas,
utilizar o memso produto?
se couber.
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Análise de informações
É feita pela técnica de análise de sistemas. Todas as descrições devem possuir componentes
qualitativos e quantitativos a fim de que a análise possa ocorrer de maneira completa e organizada.
O sistema deve possuir os subcomponentes da figura a seguir.
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A figura a seguir mostra uma análise das falhas e dos fatores mais comuns que podem levar a
ocorrência de um efeito adverso.
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» Relatório preliminar.
» Medidas regulatórias:
› interdição do produto;
› recolhimento;
› chamadas de correção;
› alerta;
› ampliação do sinal.
» Divulgação do ocorrido.
» Assessoria de consultor/especialista.
Em caso de evento grave e que há a certeza da relação produto-evento as ações de controle devem
ser iniciadas durante ou até mesmo antes do início da investigação. Exemplo: suspender o uso ou
interditar local. [15]
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sobre o fim da investigação para que a medidas cabíveis sejam adotadas. Sempre que possível, essas
medidas devem ser de caráter educativo.
continua
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Referências
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Manole, 2002.
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Paulo: Ed. Manole, 2008.
LEVINSON, W.; JAWETZ, E. Microbiologia Médica e Imunologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed,
2010.
LIMA, A. Oliveira; SOARES, J. B.; GRECO, J. B.; GALIZZI, João; CANÇADO, J. Romeu. Métodos
de Laboratório Aplicados à Clínica – técnica e interpretação. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
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KATZUNG, B. G. Farmacologia Básica & Clínica. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara
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NEVES, David Pereira; DE MELO, Alan Lane; LINARDI, Pedro Marcos et al. Parasitologia
Humana. 11. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
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