Aula 02 - Institutos Do Direito Cambiário PDF

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AULA 02

Institutos do
Direito Cambiário
Prof. Caio Ribeiro da Costa
O QUE SÃO OS INSTITUTOS

Os institutos do Direito Cambiário são situações de extrema relevância


para o cumprimento dos princípios e fins dos Títulos de Crédito, como a
negociabilidade e a circulação de riqueza. Tais institutos terão aplicabilidade
de acordo com as características do título.

São os instituto a emissão, apresentação, aceite, endosso, aval,


pagamento e o protesto.
Emissão
Também conhecido como Saque, este instituto nada mais é do que o
ato de emitir a cambial.
Nesta relação, o sacador (o devedor) é o emitente do título. Caso o
título seja uma ordem de pagamento, existirão três figuras: o sacador,
o sacado e o tomador; caso seja uma promessa de pagamento,
existirão somente duas figuras na relação: o sacador e beneficiário.
Emissão
Na relação, o sacador é quem emite a ordem, o sacado é aquele a
quem a ordem é destinada e o tomador é quem será beneficiado pela
ordem.
Insta salientar que a LUG admite que o título seja sacado: a) ao
próprio sacador; b) sobre o próprio sacador ou c) por ordem e conta
de terceiro.
Emissão
A) Ao próprio sacador: o título é emitido pelo sacador e ele mesmo é
o tomador. Ou seja, ele emite um título em seu próprio benefício.
B) Sobre o próprio sacador: O sacador e o sacado são o mesmo sujeito.
Ou seja, o título é emitido contra o próprio sacador.

C) Por ordem e conta de terceiro: É a relação usual. O sacador é um


sujeito, o sacado é outro e o tomador, outro.
Emissão
Um exemplo clássico e de fácil compreensão seria a situação de um
cheque.
Mélvio (sacador) emite cheque para Tício (tomador) para ser
descontado no banco Itaú (sacado).

Nessa relação, temos a situação do título emitido a ordem e conta de


terceiro.
Apresentação
A apresentação é o ato de, uma vez emitida a ordem, apresentar o
título para o devedor principal, de acordo com o lugar e datas
indicadas no título. É o que dispõe o art. 38 da LUG:
Art. 38. O portador de uma letra pagável em dia fixo ou a certo
termo de data ou de vista deve apresentá-la a pagamento no dia em
que ela é pagável ou num dos 2 (dois) dias úteis seguintes.
Apresentação
É necessário destacar que o art. 20 Lei 2.044 (Lei Saraiva), ao se referir à letra de
câmbio, diz que a mesma deve ser apresentada no dia do vencimento. Vejamos:
Art. 20. A letra deve ser apresentada ao sacado ou ao aceitante para o pagamento,
no lugar designado e no dia do vencimento ou, sendo este dia feriado por lei, no
primeiro dia útil imediato, sob pena de perder o portador o direito de regresso
contra o sacador, endossadores e avalistas
Segundo ensina Fabio Ulhôa Coelho, quando se tratar de pagamento em território
nacional, deve-se permanecer a aplicação da Lei Saraiva em detrimento da LUG, em
razão da especialidade da lei.
Aceite
O aceite é o instituto pelo qual o sacado aceita a ordem de
pagamento. Em caso de aceite, o sacado torna-se o devedor principal
responsável pela satisfação do crédito expresso na cártula, de acordo
com seu vencimento.
O aceite deverá ser expresso no título, conforme preconiza o
princípio da cartularidade, juntamente com a assinatura do sacado ou
de procurador com poderes especiais para tanto.
Aceite
A princípio, o aceite é o ato pelo qual o sacado toma para si a obrigação da
relação cambial. Entretanto, o aceite não é obrigatório.
O aceite pode ser obrigatório ou facultativo, a depender do título de
crédito. Quando facultativo, uma vez realizado o aceite, o mesmo é
irretratável.

A recusa do aceite, no entanto, gera o vencimento antecipado do título,


podendo o tomador (credor) exigir do sacador o pagamento do crédito
descrito.
Aceite
É importante frisar, ainda, que a recusa pode ser tácita, ou seja, pela
simples devolução do título ao tomador, ou expressa, onde o sacado
descreve no título a recusa. Ressalta-se que a recusa não precisa ser
justificada.
Também, o título pode ser, ainda, aceito parcialmente, acarretando, assim,
a recusa parcial de pagamento. Neste caso, ocorre o mesmo efeito de
vencimento antecipado. Além disso, como já aprendido, no aceite parcial,
o sacado se torna obrigado somente a parte da obrigação, neste caso,
podendo ser acionado em vias judiciais e extrajudiciais.
Aceite
Para se blindar do vencimento antecipado da ordem de pagamento, o sacador pode inserir
no título a "cláusula não aceitável". Esta cláusula é responsável por impor ao tomador que o
mesmo somente poderá buscar a satisfação do crédito em sua data de vencimento.
Caso o tomador busque a satisfação com a presença desta cláusula, o sacado não poderá
aceitar o título, assim, não gerando o vencimento antecipado.
Existe uma breve anotação a ser feita. O sacador pode, ao invés de impor que o título
somente poderá ser aceitado em seu vencimento, determinar uma data antes do
vencimento em que a apresentação e aceite poderão ser feitos. Neste caso, o título poderá
ser apresentado antes de seu vencimento, e, em caso de recusa ou aceite parcial, gerará, da
mesma forma, o vencimento antecipado em desfavor do sacador.
Relação Cambiária Padrão

Fonte: SANTA CRUZ, 2018.


Endosso
O endosso é um dos atos cambiários mais importantes, visto que o mesmo serve
de instrumentalização da circularidade dos títulos de crédito.
Por meio do endosso, o credor (tomador) transmite os seus direitos a um
terceiro. Neste caso, o credor é denominado endossante e o terceiro
endossatário.

Cabe relembrar que os títulos "não à ordem" não podem ser transmitidos por
meio de endosso, somente por meio de cessão civil de crédito.
Endosso
Os títulos nominados possuem implícita a cláusula "à ordem". Ou
seja, os mesmos podem ser transferidos por meio de endosso, sem a
necessidade de constar nos mesmos a cláusula.
Contudo, a cláusula de "não à ordem" deve estar expressamente
descrita no título, em respeito ao princípio da cartularidade dos
títulos.
Endosso
Considera-se que o endosso gera dois efeitos: a transferência da
titularidade do crédito e responsabilização do endossante (antigo
tomador), passando este a ser codevedor do título. Ou seja, se o
devedor não honrar o pagamento, este poderá ser acionado pelo
endossatário (novo tomador).
A doutrina explica que o endosso não transfere somente o crédito, mas
também a garantia e segurança no seu pagamento. Contudo, o endosso
ainda pode ter a "cláusula sem garantia", que, expressamente exonera o
endossante de responsabilidade pelo crédito endossado.
Endosso
De acordo com a LUG, o endosso deve ser feito no verso do título,
sendo representado pela assinatura do endossante. Contudo, caso o
mesmo seja feito no anverso (frente) do título, deverá conter, além da
assinatura, a expressão que referencie o endosso.
A legislação ainda veda qualquer tipo de endosso parcial ou limitações
do valor endossado, bem como endosso subordinado a condições. Caso
o endossante subordine o endosso por meio de alguma condição, esta
será considerada não escrita na cártula e, assim, não terá validade e não
impedirá a validade do endosso.
Endosso
O endosso ainda possui a classificação de "em branco" ou "em preto".
Endosso em branco é aquele que não identifica o beneficiário
(endossatário). Na prática, quando o endosso é realizado em branco, o
título se torna título ao portador, permitindo, assim, que a mera tradição
possibilite a circulação do título.
Nesse raciocínio, o endossatário poderá transferir o título por mera tradição
ou por endosso em branco. Além disso, poderá transformar o endosso
originário (em branco) em endosso em preto, completando-o com a sua
identificação.
Endosso
Ainda nesta situação, caso o título seja transferido por meio de endosso, o
endossatário (agora endossante), passa a integrar a cadeia de codevedores do
crédito, responsabilizando-se pela satisfação da obrigação literal do título.
Nesta esteira, caso o endossatário transfira o título somente pela tradição do
mesmo, não se torna integrante da cadeia de corresponsabilidade. Assim,
em caso de inadimplemento do crédito por parte do devedor principal, o
novo endossatário deverá acionar o corresponsável pelo adimplemento,
neste caso, o primeiro endossante, sendo o segundo endossante exonerado
da obrigação.
Endosso
O endosso em preto, é, como já percebido, aquele que identifica o
endossatário. O resultado lógico é que o endossatário somente poderá
transmitir o título por meio de novo endosso, podendo ser em branco
ou em preto.
Assim, este não ficará exonerado do adimplemento, sendo,
automaticamente, por este ato, corresponsável pelo crédito.
Endosso
O endosso estudado até aqui, que possui as características de transferência
de titularidade e de responsabilização do endossante como codevedor é
chamado de endosso próprio.
Existe ainda a figura do endosso impróprio, que não produz os efeitos do
endosso próprio e que pode ser feito em duas modalidades distintas:
endosso-caução e endosso-mandato.
O único efeito do endosso impróprio é a legitimação da posse de alguém
sobre o título, para que este exerça os direitos presentes na cártula.
Endosso
Segundo André Santa Cruz (2018), o endosso impróprio
tem a utilidade destacada em situações em que não se busca
a transferência do crédito, mas a quem vai receber o crédito
precisa ser legitimado para poder exercer o direito ao
crédito do tomador.
Endosso
O endosso-mandato, espécie de endosso impróprio, também é chamado de
endosso-procuração. Este serve para conferir poderes ao endossatário para
agir como representante do endossante, e, assim, exercer os direitos previstos
no título.
Uma situação comum em que isso acontece é quando realizado endosso-
mandato para uma instituição financeira, para que a mesma possa exercer o
direito da cártula, executá-lo, protestá-lo, entre outros atos.
Para que o endosso-mandato seja realizado, deve ser colocado juntamente ao
endosso a expressão "para cobrança", ou "valor a cobrar" ou "por procuração".
Endosso
O endosso-caução, também chamado de endosso-pignoratício ou endosso-garantia, é
caracterizado quando o endossante transmite o título ao endossatário como forma de
garantia de uma dívida pretérita perante o mesmo.

Neste tipo de endosso, o endossatário não se torna o titular do crédito. Somente


manterá o título sobre sua posse até o momento do adimplemento do endossante de
sua dívida pretérita. Caso a divida seja adimplida, o título retorna ao endossante;
contudo, caso não seja adimplida, o endossatário poderá executar a dívida, tornando-
se titular do crédito.
Para se verificar este tipo de endosso, deve ser feito aliado a expressão "valor em
garantia", "valor em penhor" ou outra que implique no reconhecimento de uma
caução.
Endosso
Importante:

NÃO HÁ LIMITE DE ENDOSSOS!


Endosso

Fonte: SANTA CRUZ, 2018.


Atividades
1 - O que dispõem a Lei Unificada de Genebra e a Lei Saraiva sobre as formas de
saque dos títulos de crédito?
2 - Descreva uma relação simples de titulo emitido ao próprio sacador, somente
identificando o sacador, o tomador e o sacado.
3 - Conforme a doutrina e a legislação, caso um titulo seja apresentado em
território nacional, a mesma deverá ser paga na data de vencimento ou data
anterior ao vencimento? Indique legislação e/ou doutrina em sua resposta.
Atividades
4 - Tício emite letra de câmbio para Tiago para o mesmo sacar em face de
Tamires o valor de R$ 500,00. Tamires, no ato de apresentação por parte de
Tiago, realiza o aceite a letra de câmbio. Contudo, posteriormente, por questões
pessoais, se arrepende de ter dado o aceite no título de crédito. O que Tamires
pode fazer? Indique legislação em sua resposta.
5 - O endosso é o principal instituto responsável por dar circulabilidade dos
títulos de crédito. É possível realizar endosso de parte de um direito de crédito?
Indique legislação em sua resposta.
Atividades
6 - Qual a diferença de um título ao portador e um título nominal?
7 - Qual o pricípio considerado mais importante no Direito Cambiário?
Explique sua resposta.

8 - Quais são os efeitos do endosso próprio? E do endosso impróprio?

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