Tomada de Monte Castello

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TOMADA DE MONTE CASTELO - 78 ANOS

O Brasil não foi à guerra, mas a guerra chegou ao Brasil


quando nossa soberania foi ultrajada e nossa neutralidade foi
desrespeitada. Após o afundamento covarde de navios mercantes
nacionais em pacífica navegação oceânica, não restou outra
alternativa senão a declaração de guerra às potências do Eixo.
Relembramos hoje os 78 anos da tomada de Monte Castelo.
Não podemos esquecer que o Exército Brasileiro teve
um papel fundamental na história do conflito. Fomos o único
país da América do Sul a cruzar o Oceano Atlântico e o mar
Mediterrâneo, com uma força de mais de 25.000 homens, para
levar a democracia, a liberdade e a esperança ao povo italiano,
combatendo o totalitarismo que ameaçava não somente a Europa,
mas todo o mundo.
A Força Expedicionária Brasileira (FEB) enfrentou o hostil
inverno italiano, as escarpas íngremes das montanhas dos
Apeninos, as chuvas e os atoleiros dos caminhos tortuosos que
levavam a Monte Castelo.
A missão dos brasileiros era desalojar os alemães que
ocupavam fortificada posição defensiva e liberar a Rodovia 64,
também chamada pelos italianos de via Porrettana, que levava
à cidade de Bolonha. Essa operação daria início à liberação do
solo italiano, ocupado pelas forças nazistas. Era imperativa para o
moral dos bravos expedicionários a conquista daquela elevação.
Fomos por quatro vezes repelidos, mas, com coragem e firmeza,
nossos pracinhas encararam a crua realidade da guerra e, mesmo
durante o rigoroso inverno europeu, intensificaram as ações de
patrulha e infiltrações, além dos tiros de inquietação de morteiro
e de artilharia.
Vencemos. O preço da vitória, para além da glória e do
heroísmo, foi o tombamento de muitos de nossos soldados
no solo italiano. Esses bravos repousam, em solene e eterna
homenagem, no Mausoléu dos Heróis da Pátria, localizado no
Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial,
no Rio de Janeiro. O Monumento veio a cumprir o desejo do
Marechal Mascarenhas de Moraes, Comandante da FEB, que,
em afirmação de sua liderança e de seu respeito àqueles bravos
homens, declarou: “eu os levei para o sacrifício; cabia-me trazê-
los de volta”.
A batalha de 21 de fevereiro de 1945 é um marco inesquecível
para o Exército Brasileiro. Foi uma difícil vitória, mas essa
conquista impulsionou a FEB para outros sucessos, culminando
com a rendição incondicional da 148ª Divisão de Infantaria Alemã
em Fornovo di Taro, dois meses após esse grande feito. Nesse
contexto, podemos dizer que a tomada de Monte Castelo foi
fundamental para as tropas aliadas e para o destino da guerra
na Península Itálica. A vitória das armas brasileiras, ao lado da
10ª Divisão de Montanha norte-americana, abriu caminho para o
rompimento da temida Linha Gótica, contribuindo para o êxito do
IV Corpo de Exército Aliado em sua ofensiva dirigida à libertação
de Bolonha.
A FEB deixou registrado nos anais da História um dos
feitos mais gloriosos da nossa Força Terrestre, escrito com
demonstrações de bravura, abnegação, perseverança e fé no
cumprimento da missão. A tomada de Monte Castelo tornou o
combatente brasileiro reconhecido e respeitado.
Cultuar e reverenciar aqueles que escreveram esta página
de honra e glória com seu próprio sangue é um dever de todos
nós. Aos nossos valorosos pracinhas, nosso reconhecimento e
eterna gratidão! Que eles sirvam de exemplo aos Soldados de
Caxias, empenhados no cumprimento da missão constitucional
do Exército, em defesa da Pátria e da democracia!

Brasília-DF, 21 de fevereiro de 2023.

General de Exército TOMÁS MIGUEL MINÉ RIBEIRO PAIVA


Comandante do Exército

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