TCC Da Arielly em PDF
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SILVA
GOIÂNIA
2020
ARIELLI TAVARES COTA
GOIÂNIA
2020
ARIELLI TAVARES COTA
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Germano Campos Silva. Nota
___________________________________________________________________
Examinador Convidado: Prof. Ms. Eurípedes Clementino Ribeiro Júnior. Nota
À meus pais Luciano e Patrícia, por serem
meus maiores exemplos de determinação
e persistência.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, também, aos meus pais Luciano e Patrícia, que prezaram pela
minha educação, e sempre torceram e se alegraram com minhas conquistas. Tudo o
que sou devo a vocês. À minha irmã, pelo suporte e apoio durante a minha formação,
bem como meu namorado Lucas, por sempre acreditar em mim.
1 RESUMO ............................................................................................................. 08
2 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 09
3 CAPÍTULO I – CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO .......................................... 11
3.1 Evolução Histórica .............................................................................................. 11
3.2 Conceito ............................................................................................................. 12
3.3 As estapas da Lavagem de Dinheiro .................................................................. 12
3.4 Previsão Normativa ............................................................................................ 13
4 CAPÍTULO II - A TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA ................................... 17
4.1 A Origem ............................................................................................................ 17
4.2 Conceito ............................................................................................................. 19
4.3 Requisitos para aplicação da Teoria .................................................................. 20
4.4 Aplicação da Teoria da Cegueira Deliberada nos crimes de Lavagem de Dinheiro
................................................................................................................................... 22
5 CAPÍTULO III - LIMITES DA LEGALIDADE .......................................................... 23
5.1 Conceito de Dolo ................................................................................................ 23
5.2 A admissibilidade de dolo eventual na Teoria da Cegueira Deliberada ............... 24
5.3 A dificuldade da prova do dolo nos crimes de Lavagem de Dinheiro
................................................................................................................................... 26
5.4 Casos Concretos ................................................................................................. 28
5.4.1 Mensalão .......................................................................................................... 28
5.4.2 Lava Jato .......................................................................................................... 29
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 32
7 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 34
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RESUMO
O presente trabalho busca discutir a respeito da aplicabilidade da Teoria da
Cegueira Deliberada no Sistema Penal Brasileiro, de forma mais específica, nos
crimes de lavagem de dinheiro. De origem inglesa, a referida teoria vem ganhando
mais espaço em imputações de crimes de lavagem de capitais, mesmo encontrando
empecilhos para sua aplicação em países que adotam o sistema civil law, como é o
caso do Brasil. Nesse sentido, é necessário um estudo acerca da compatibilidade da
teoria com nosso Sistema Penal, verificando os requisitos para sua aplicação, como
o uso do dolo eventual, evitando, assim, interpretações abusivas e arbitrárias.
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO
1.2 Conceito
A lei nº 9.613/1988 alterada pela lei 12.683/2012 dispõe que lavagem de
dinheiro consiste em: “Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes,
direta ou indiretamente, de infração penal.”
O crime de lavagem de dinheiro não passa do ato de mascarar bens,
direitos e valores que foram obtidos ilegalmente com a prática de crimes ou
contravenções penais, na tentativa de lhe dar uma aparência de que foram alcançados
de maneira lícita. O Grupo de Ação Financeira (GAFI) conceitua lavagem de dinheiro
como o processo que tem por objetivo disfarçar a origem criminosa dos proveitos do
crime. Para Sérgio Moro “a lavagem consiste na conduta de ocultar, ou dissimular,
produto do crime”. (2010, p.15).
A vista disto, importante se faz destacar as gerações do crime de lavagem
de dinheiro, classificadas pela doutrina. A primeira geração que considera
exclusivamente como crime antecedente o tráfico de drogas e afins. A segunda
geração que traz um rol de crimes antecedentes, como na Lei 9.613/1998, e a terceira
que retira a taxatividade deste rol, como no disposto da Lei 12.683/2012.
O crime de lavagem de capitais, portanto, pode ser definido como um crime
posterior, pois sua existência só ocorre para esconder um delito anterior, portanto é
dependente do crime ou contravenção penal que tenha gerado os proveitos, os quais
originam a lavagem.
Capítulo II
2.1 Origem
De acordo com Sérgio Moro (2010, p. 49), dois são os casos norte-
americanos que serviram como precedentes da teoria, o caso Turner vs. United
A apelação foi amparada sob o argumento de que não foi demonstrado que
os acusados tinham ciência de que os valores recebidos por eles era de origem ilícita,
e que na Lei 9.613/1998, no seu parágrafo 2º e inciso II, é exigido a ciência expressa,
e não apenas o dolo eventual, já que quando os fatos ocorreram o crime de Lavagem
de Dinheiro previa ainda exclusivamente o dolo direto.
2.2 Conceito
Isto posto, a teoria, nada mais é do que imputar dolosamente o agente que
tem ciência da origem ilícita do bem, direito ou valor por ele ocultado, mas prefere
cegar-se deliberadamente quanto ao ato ilegal, para não deixar de favorecer-se.
(1) deve se estar numa situação em que o agente não tem conhecimento
suficiente da informação que compõe o elemento de um tipo penal em que
está inserido; (2) tal informação, apesar de insuficiente, deve estar disponível
ao agente para acessar imediatamente e com facilidade; (3) o agente deve
se comportar com indiferença por não buscar conhecer a informação suspeita
relacionada à situação em que está inserido; (4) deve haver um dever de
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Sendo assim, são nos casos de lavagem de dinheiro que a teoria vem sido
amplamente aplicada no mundo todo. Ocorre no geral, nos casos em que “o agente,
apesar de ter condições de aprofundar seu conhecimento sobre os fatos, ou seja,
sobre a origem ou natureza dos bens, direitos ou valores envolvidos, escolhe
permanecer alheio a esse conhecimento” (MORO, 2010, p.100).
A Lei 9.613/1998 antes de ser alterada dispunha em seu 1º, § 2º, I: “Incorre,
ainda, na mesma pena quem: I – utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens,
direitos ou valores que sabe serem provenientes de qualquer dos crimes antecedentes
referidos neste artigo”.
Com a alteração, foi retirado do texto da lei o termo “sabe serem” elaborada
então da seguinte maneira: “Incorre, ainda, na mesma pena quem: I – utiliza, na
atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores que sabe serem
provenientes de infração penal”. (BRASIL, 2012).
Capítulo III
Limites da Legalidade
Neste sistema finalista foi definido como dolo de 1º grau (primeiro grau), ou
dolo direto, o desejo de se obter o resultado finalístico, o esperado. Já quando não se
espera esse resultado, mas sabe-se que haverá uma consequência direta de seu ato,
é o que se denomina de dolo de 2º grau (segundo grau), também conhecido como
dolo indireto.
E ainda, quando se tem a ciência, mas não a vontade de praticar o ato, e
o agente consegue visualizar o efeito, prevendo como possível o resultado, é o que
se chama de dolo eventual.
Dentro da teoria finalista, podemos diferenciar os tipos de dolo a partir de
um exemplo. Um agente tem a intenção de enganar uma seguradora, e assim ateia
fogo em uma embarcação, porém com o incêndio acaba matando tripulantes que
estavam presentes no navio. Destarte age o indivíduo com dolo de primeiro grau
quanto a fraude praticada contra a seguradora, que era o seu objetivo. Já quanto a
aos tripulantes o agente agiu com dolo de segundo grau, uma vez que as mortes foram
uma consequência do meio por ele escolhido.
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Todavia, é necessário também que o agente tenha agido com dolo, haja
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visto que, no Brasil o crime de lavagem de dinheiro não pode ser punido na
modalidade culposa. Sendo assim, restando demonstrado que houve o conhecimento
da procedência ilícita dos bens, tem-se o caráter subjetivo do delito.
Todavia nos casos concretos, o caráter subjetivo, ou seja, a comprovação
do dolo é difícil de ser explanada. Como explica Sérgio Moro:
De todas as dificuldades probatórias, nada se compara à prova do elemento
subjetivo. Prová-lo é algo difícil em todo crime. Tal dificuldade tende a
acentuar-se quanto maior for a complexidade do crime. (MORO, 2010, p.70).
3.4.1 Mensalão
Neste caso, apesar dos réus não terem sido condenados, foi neste contexto
que foi reconhecida a possibilidade do dolo eventual no crime de lavagem de dinheiro,
e consequentemente, da Teoria da Cegueira Deliberada, sendo esta inserida de forma
mais ampla no ordenamento jurídico brasileiro, de modo a ser reiteradamente
aplicada, como no próximo caso abordado, a “Lava Jato.”
Age dolosamente não só o agente que quer o resultado delitivo, mas também
quem assume o risco de produzi-lo (art. 18, I, do Código Penal). Motorista de
veículo que transporta drogas, arma e munição não exclui sua
responsabilidade criminal escolhendo permanecer ignorante quanto ao objeto
da carga, quando tinha condições de aprofundar o seu conhecimento.
Repetindo precedente do Supremo Tribunal Espanhol (STS 33/2005), ‘quem
podendo e devendo conhecer a natureza do ato ou da colaboração que
lhe é solicitada, se mantém em situação de não querer saber, mas, não
obstante, presta a sua colaboração, se faz devedor das consequências
penais que derivam de sua atuação antijurídica’. Doutrina da ‘cegueira
deliberada’ equiparável ao dolo eventual e aplicável a crimes de transporte
de substâncias ou de produtos ilícitos e de lavagem de dinheiro. (ACR
5004606-31.2010.404.7002 – Rel. Des. Federal João Pedro Gebran Neto -
8a Turma do TRF4 – un. - j. 16/07/2014).
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Destarte, Sérgio Moro aplicou aos réus João Santana, responsável pelo
marketing nas campanhas políticas dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff e
Mônica, sua esposa, a Teoria da Cegueira Deliberada, condenando-os a 8 (oito) anos
e 4 (quatro) meses de reclusão por dolo eventual no crime de lavagem de capitais.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. 11. ed. São Paulo: Saraiva.
2007.
BRASIL. Justiça Federal de Primeiro Grau da 5ª Região. 11ª Vara da Seção Judiciária
do Ceará. Ação Penal nº 2005.81.00.014586-0. Autor: Ministério Público Federal.
Réu: Antônio Jussivan Alves dos Santos e outros. Juiz Federal Danilo Fontenelle
Sampaio. Data de Julgamento: 28 de junho de 2007, p. 19. Disponível em:
<http://www.jfce.jus.br/consultaProcessual/resimprsentintegra.asp?CodDoc =217
7598.> Acesso em: 24 ago 2020
BRASIL. Lei nº 2.848, artigo 18, Código Penal, de 7 de dezembro de 1940. PARTE
GERAL TÍTULO I DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 7 dez. 1940.
CHARLOW, Robin. Willful Ignorance and Criminal Culpability. Tex: L. Rev, 1992.
Regina v. Sleep, 169 Eng. Rep. 1296, 1302 (Cr. Cas. Res. 1861).