ACRE Livro A Low PDF
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Logomarca Acre
Esta pesquisa é dedicada
a Chico Mendes que continua a iluminar
o nosso caminho.
Pesquisa sobre
a Identidade Acre
CRÉDITOS
GERÊNCIA CIENTÍFICA
Valentina Auricchio
Roberto Galisai e Giuliano Simonelli
Project manager
Valentina Auricchio, Roberto Galisai,
Elisângela Rocha e Marco Brandão
Pesquisadores
Zoy Anastassakis e Eugenia Chiara
Apoio À pesquisa
Rodrigo Hull e Carol Nemoto
Designer
Emmanuel Gallina e Bernardo Senna
Técnico de produção
Sergio Frison
Direção de arte
Eugenia Chiara
Diagramação
Carla Cesar Sergio
FOTOGRAFIA
Alessandro Brasile
Capa
Wennedy Figueiras
Tradução
Liliane Chaves e
Maria José Guidugli de Mendonça
REVISÃO TEXTUAL
Ducélia Lopes e Elisângela Rocha
Agradecimentos
Arturo Dell’Acqua Bellavitis, Sergio Frison,
Emmanuel Gallina, Bernardo Senna,
Marlúcia Cândida, Marco Brandão,
Elisângela Rocha
MÉTODO
de projetaçÃo
Projeto Acre Made in Amazonia
IDENTIDADE
ACRE
A identidade acreana de longe
específico, a saber: a cor amarela representa a paz; populações. Afinal, tais povos são habitantes
a cor verde, a esperança. naturais da região e têm conhecimentos
A estrela vermelha no canto superior esquerdo, importantes sobre a floresta.
chamada de “estrela solitária”, representa o sangue Florestania diz respeito, então, a observação e
dos bravos que lutaram pela a anexação da área do consideração de um conjunto de relações que se
atual Estado do Acre ao Brasil. A bandeira foi estabelecem dentro da floresta, e que forjam
adotada oficialmente pelo governador hábitos, comportamentos, valores, incluindo todos
Epaminondas Jacome. O atual governador, Tião os recursos naturais, para além do homem. Ao
Viana, a adotou como logomarca. tentar perceber como essas relações se
estabelecem, busca-se demonstrar as fragilidades
— SUSTENTABILIDADE O Acre vem se do antropocentrismo e do próprio conceito de
posicionando como exemplo na consolidação de cidadania.
práticas ambientais sustentáveis. Hoje, o território É importante ressaltar que o conceito de florestania
do Estado possui 88% de cobertura florestal, o que está associado ao projeto político do Partido dos
indica controle do desmatamento e consequente Trabalhadores (PT), quando de sua eleição para o
redução de emissão de gás carbônico. governo do Estado do Acre, em 1998. A ascensão do
O Acre vem buscando exercitar o manejo florestal: PT ao governo estadual marcou uma virada na
uma técnica de corte de árvores segundo condução política da região, historicamente
parâmetros ambientalmente sustentáveis. No implicada em processos de disputa pela posse e
manejo, a porção da floresta de onde são extraídas usos da terra, os quais eram regidos, no mais das
as árvores, em um determinado momento, é vezes, por princípios desenvolvimentistas que
dividida em várias partes, conforme a extensão da percebiam a região como local para a exploração de
área de manejo. Cada uma das partes é explorada recursos naturais, sem maiores preocupações com
por até um ano, segundo coordenação de a conservação da natureza, da sociedade e da
engenheiros florestais. Assim, apenas as árvores cultura pré-existentes na região.
que já completaram seu ciclo de vida são abatidas.
Nesse sistema, a floresta encontra condições de se — O ACRE FRENTE AO CONTEXTO AMAZÔNICO O
regenerar, sem perda da biodiversidade. Após a Acre é apontado, hoje, como o Estado que está mais
primeira retirada, a região permanece intacta por à frente em estudos e práticas sustentáveis,
25 anos, para que possa se reestabelecer. tornando-se, ao mesmo tempo, protagonista e
modelo de sustentabilidade para os demais Estados
— florestania Trata-se de um conceito criado do país. A busca pela criação de políticas para a
pelo pensador acreano Antonio Alves Leitão Neto, sustentabilidade se inicia, no Acre, em torno do
no final da década de 1980, a fim de propor um ano de 1999, com a elaboração do Zoneamento
novo modelo de cidadania adaptado à Floresta Econômico-Ecológico (ZEE), instrumento
Amazônica. Florestania seria, então, uma ordenador para o planejamento e a execução de
perspectiva que entende a preservação das políticas públicas que oferecessem oportunidades
riquezas naturais da floresta como condição para o de crescimento econômico que estivessem em
desenvolvimento humano, econômico e social na sintonia com o uso sustentável dos recursos
região. naturais.
Nessa perspectiva, busca-se superar o Desde então, o ZEE funciona como uma das
antropocentrismo e criar novos parâmetros para o principais ferramentas na orientação de políticas
respeito à natureza. Em uma primeira instância, o públicas na Amazônia, definindo as
conceito implica uma crítica ao antropocentrismo, potencialidades e fragilidades do território. Tal
na medida em que se entende que o homem é parte modelo de desenvolvimento sustentável, formulado
da natureza, e não seu dono. Em seguida, no Estado do Acre, abre caminhos para o
reconhece a primazia indígena e os direitos dessas estabelecimento de uma economia verde com
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inclusão social. Assim, os três pilares para o unidades, tais como a Estação Ecológica do Rio
desenvolvimento sustentável no Estado do Acre Acre, criada em 1981, que protege a região da
são: uso econômico das riquezas da floresta com a nascente do Rio Acre; e o Parque Estadual
valorização do patrimônio sociocultural e Chandless, criado em 2004. Juntas, as áreas
ambiental, com fins de crescimento, inclusão social protegidas formam mosaicos compostos por
e sustentabilidade. Unidades de Conservação da Proteção Integral e
do Uso Sustentável, como as Florestas Nacionais e
— Projetos de assentamento Ainda na Estaduais e Reservas Extrativistas intercaladas
década de 1970, com a pavimentação da BR364, por Terras Indígenas. Tais áreas ocupam mais de
foram criados, no Acre, muitos projetos de 45% do território do referido Estado.
assentamento de reforma agrária que foram O conceito de Reserva Extrativista (REx) foi criado
ocupados por camponeses, colonos e trabalhadores por Chico Mendes. Trata-se de uma área utilizada
rurais sem terra. Essa população buscava por populações tradicionais, cuja sobrevivência
oportunidades de acesso à terra na nova fronteira baseia-se no extrativismo e, complementarmente,
agropecuária. Na região do leste acreano, na agricultura de subsistência e na criação de
encontram-se, ainda hoje, muitos assentamentos animais de pequeno porte. Tem como objetivos
criados nesse período. básicos proteger os meios da vida e a cultura dessas
Percebendo a degradação ambiental provocada por populações e assegurar o uso sustentável dos
modelos de assentamento mal adaptados às recursos naturais da unidade. As áreas
características naturais da região amazônica, o particulares incluídas em seus limites devem ser
INCRA buscou criar alternativas, como os Projetos desapropriadas.
de Desenvolvimento Sustentável, de 2001, e os No Brasil, a Reserva Extrativista é gerida por um
Projetos de Assentamento Florestal, de 2003, além conselho deliberativo, presidido pelo órgão
dos Projetos de Assentamento Extrativistas, responsável por sua administração e constituído
criados anteriormente. Nesses assentamentos, por representantes de órgãos públicos, de
buscava-se conciliar desenvolvimento produtivo, organizações da sociedade civil e das populações
conservação dos recursos naturais e regularização tradicionais residentes na área.
fundiária. No âmbito estadual, existem os Polos
Agroflorestais, de 2005, criados com objetivo de — Ecoturismo O Estado do Acre investe no
assentar famílias carentes, ou originárias da zona incentivo ao ecoturismo e ao turismo de aventura,
rural, que viviam nas periferias das zonas urbanas, ou seja, busca promover, no Estado, um tipo de
em condições de extrema pobreza. Além disso, turismo que aproxime os visitantes da natureza e
buscava-se recuperar áreas alteradas através da incentive o desenvolvimento sustentável local.
implantação de Sistemas Agroflorestais, que A ligação rodoviária do Estado com o Peru via
tinham por objetivo manter a capacidade produtiva Estrada do Pacífico colocou-o como parte de um
do solo e contribuir para a diminuição dos dos corredores turísticos mais importantes da
desmatamentos. América Latina.
× Ashaninka
Esse povo possui uma longa história de lutas contra
os invasores, a qual se estende desde a época do
Império Inca até o tempo da economia da extração (vômito, vomitar). A cerimônia é sempre realizada
da borracha, no século XIX, particularmente entre à noite e pode se prolongar pela madrugada.
os habitantes do lado brasileiro da fronteira. Luta
também no combate à exploração madeireira, × Kaxinawa
desde os anos 1980 até hoje. Pertence à família linguística Pano, que habita a
É um povo que tem orgulho de sua cultura, além de floresta tropical do Leste peruano, do pé dos Andes,
ter uma forte habilidade de conciliar costumes e até a fronteira com o Brasil, nos Estado do Acre e
valores tradicionais com ideias e práticas do Sul do Estado do Amazonas.
mundo dos brancos, tais como aquelas vinculadas O uso da ayahuasca, considerado privilégio do
ao conceito de sustentabilidade socioambiental. xamã em diversos grupos indígenas, é uma prática
Pertence à família linguística Aruak. Ashen Ka é a coletiva entre os Kaxinawa. Com o uso da
autodenominação do povo, e pode ser traduzida ayahuasca, acessa-se o ‘mundo do cipó’. Aqueles
como ‘meus parentes’, ‘minha gente’. O termo que conseguem acessar esse mundo sem o uso da
também designa a categoria dos espíritos bons que substância são chamados de mukaya.
habitam ‘no alto’. Grande parte dos mitos de origem entre os
Possuem uma concepção dualista do universo, Kaxinawa está ligados a um bem cultural (tais
definindo claramente as fronteiras entre o bem e o como o roubo do fogo, a tecelagem, o desenho, a
mal. Para eles, o plano onde vivem os homens não cerâmica e o plantio). Esses mitos narram como
é habitado exclusivamente por seres humanos, determinado bem, ou a arte de produzi-lo, foi
animais e plantas. É um plano que apresenta um ofertado aos humanos por um animal. Não se trata,
equilíbrio frágil, onde os homens vivem porém, de um animal qualquer, mas sim de um
constantemente assediados pelo confronto entre o animal encantado. Quando se trata de ‘traduzir’ aos
bem e o mal. homens determinado hábito animal em
Diferentemente da maioria dos grupos indígenas comportamento humano, esses animais
das terras baixas sul-americanas, os Ashaninka encantados transformam-se em gente para que os
sempre usam roupas. Sua veste tradicional, o homens o percebam assim. Desta forma, terminam
kushma, constitui um elemento importante na sua por viver durante algum tempo entre os homens
diferenciação étnica. A roupa masculina apresenta sob a forma humana.
listras verticais coloridas, obtidas através do Os Kaxinawa tem o costume de tingir os dentes de
tingimento do algodão. Na kushma feminina, as preto usando uma planta da mata, cujo talo
linhas são horizontais e os motivos realizados com quebrado solta uma substância de tal coloração.
corantes vegetais também são distintos. Utilizam o Usam os dentes enegrecidos nas festas e rituais,
txoshiki,éum colar confeccionado com várias quando também costumam desenhar no corpo
espécies de sementes nativas. Usado a tiracolo em com jenipapo e pintar o corpo com a pasta
diagonal, com muitas voltas, eles são enfeitados vermelha de urucum; com óleo de amendoim ou de
com adornos (thatane) que caem nas costas. pupunha, misturado com perfume. Devido ao uso
Entre os Ashaninka, tanto a bebida quanto ritual de roupas, esse hábito tornou-se cada vez mais raro
em torno da ayahuasca são chamados de kamarãpi nos dias de hoje.
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× Ribeirinhos
Grupos que se estabeleceram à margem dos rios,
constituindo comunidades organizadas a partir de
— Outras famílias indígenas unidades produtivas familiares, as quais utilizam os
presentes na região são: rios como principal meio de transporte, de produção
Apolima Arara, Shawãdawa, Jaminawa, Jaminawa e de relações sociais.
Arara, Katukina, Madijá, Kuntanawa, Nawa, Em sua maioria, esses grupos são formados por
Nukini, Puyanawa, Shanenawa, Yawanawa imigrantes ou descendentes de nordestinos. Muitos
deles instalaram-se na beira dos rios depois da crise
× Índios Isolados da borracha, quando se esgotou a possibilidade de
Na região existem também algumas populações trabalho nos seringais. Terminaram por constituir,
chamadas de “índios isolados”. São povos que se nas margens dos rios, um tipo de população
retiraram na época dos seringais e não tiveram mais tradicional com estilo de vida característico, que
contatos com “os brancos”. Constituem três povos envolve uma economia de subsistência bastante
distintos que possuem aldeias fixas e são diversificada e, ao mesmo tempo, extremamente
agricultores. adaptada e condicionada pelo meio-ambiente.Por
Eles não reconhecem as fronteiras entre Brasil e essas características, sempre estiveram junto aos
Peru e nesses últimos anos têm sido ameaçados pela seringueiros na organização e na defesa dos direitos
exploração ilegal da madeira nas áreas de fronteiras. de ocupação das áreas em que vivem.
São constantemente monitorados pela FUNAI que
cuida também de protegê-los. × Sulistas
Entre os anos 1970 e 1980, houve uma nova onda
× Seringueiros migratória para a região, que envolveu a vinda de
Depois da primeira ocupação pelos grupos empresários sulistas e migrantes rurais, todos eles
indígenas, o Acre sofreu nova onda de ocupação chamados, no Acre, de ‘paulistas’.
com o primeiro ciclo da borracha, ocorrido por volta O filme “Rosinha, a rainha do Sertão” retrata, com
de 1800. A rápida expansão da produção da drama e comédia, o choque cultural desse encontro.
borracha, incentivada pela revolução industrial e
pela invenção do automóvel, atraiu grande × Japoneses
quantidade de trabalhadores para a região. Eram, Em 1959, chegaram ao Acre as primeiras seis
em sua maioria,nordestinos que fugiam da seca em famílias de imigrantes japoneses convidadas a
busca de melhores condições de trabalho e de vida. participar de um programa de horticultura
A presença nordestina conforma até hoje uma das desenvolvido pelo governo do Estado. O objetivo da
principais matrizes da sociedade acreana. Com a iniciativa era criar condições para o abastecimento
peculiaridade de que, no Acre, essa cultura instalou- das cidades e reduzir, assim, a importação de
se no ambiente dos seringais, o que determinou a produtos alimentícios. Afinal, os produtos chegavam
criação de um novo modo de vida para a região ao Acre principalmente através do rio Amazonas, e,
amazônica e seu povo. em função do transporte, seu preço final resultava
muito alto. Ainda em 1959, chegaram ao Acre mais
× Sírios e Libaneses sete famílias de imigrantes japoneses, que, como as
Junto aos nordestinos, instalaram-se na região sírios primeiras, estabeleceram-se na colônia japonesa
e libaneses. Esses, primeiramente, atuavam como localizada próxima a Quinari.
vendedores de toda sorte de mercadorias,
percorrendo a região de barco a fim de atingir as × Os Kenes
diversas localidades. Os mascates ou regatões, como Os Kenes indígenas são a representação visual mais
eram ali denominados, conformam uma das forte da cultura indígena. O seu surgimento é
matrizes da sociedade acreana. contado através de várias histórias tradicionais cujas
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Identidade Acre
× Seringueira
Árvore de grande porte e ciclo perene pertencente à
família Euphorbiaceae. Tem como seu centro de × Castanha-do-Brasil
origem a região amazônica, nas margens dos rios e Também conhecida como castanha-do-pará, é uma
lugares inundáveis de mata de terra firme, árvore nativa da Amazônia e uma das mais altas e
ocorrendo preferencialmente em solos argilosos e majestosas da região, visto que pode atingir entre
férteis. Dela extrai-se uma borracha natural de 30 m e 50 m, com 1 a 2 m de diâmetro. Com um ciclo
qualidade que combina leveza, elasticidade, termo de vida que pode chegar a 400 anos, é conhecida
plasticidade, resistência à abrasão e à corrosão, como a Rainha da Amazônia. Pode ser encontrada
impermeabilidade a líquidos e gases, isolamento em florestas às margens de grandes rios como o
elétrico, assim como capacidade de adesão ao tecido Amazonas, o Araguaia, o Negro e o Orinoco.
e ao aço. A borracha natural derivada da seringueira Entretanto, encontra-se ameaçada de extinção.
é empregada, principalmente, na confecção de luvas Hoje, é considerada vulnerável pela União Mundial
cirúrgicas, preservativos e pneumáticos para para a Natureza (UCN) e, no Brasil, consta da lista
automóveis. de espécies ameaçadas do Ministério do Meio
Ambiente. A principal causa para a ameaça de
× Urucum extinção é o desmatamento, pois essas árvores
Utilizado tradicionalmente pelos índios brasileiros e dependem de um ambiente intocado para sua
peruanos como fonte de matéria prima na reprodução. Suas flores só são polinizadas por
preparação de tinturas vermelhas. Essas tinturas alguns tipos de insetos, os quais, por sua vez, são
têm finalidades diversas, tais como a proteção da atraídos por orquídeas que vivem perto das árvores
pele contra picadas de insetos e exposição ao sol. de castanha. Se as orquídeas ou os insetos são
Através de pinturas feitas com essa tintura se mortos, as castanheiras deixam de frutificar.
expressa também a gratidão aos deuses. Em todo o Seus frutos levam mais de um ano para
país, a tintura de urucum em pó é também amadurecer, tendo o tamanho de um coco, com peso
conhecida como colorau, sendo usada na culinária, aproximado de 2 kg. A casca é muito dura e abriga
para realçar a cor dos alimentos. É ainda cultivado entre 8 e 24 sementes (as castanhas), que são muito
por suas flores e frutos. Levado para a Europa pelos apreciadas para uso culinário devido a suas ricas
primeiros colonizadores da América, é propriedades nutricionais e também medicinais.
mundialmente empregado como corante de diversos
tipos, principalmente na indústria alimentícia. × Buriti
É encontrado em grande parte do Brasil central e no
× Cupuaçu Sul da planície amazônica. É uma das mais
Uma fruta amazônica do mesmo gênero do cacau- singulares palmeiras do país e dela tudo se utiliza: o
verdadeiro. Nasce em uma árvore de porte médio, fruto, com o qual são feitos doces, sucos, licores e de
nativa da Amazônia. É bastante apreciado na região onde se extrai o óleo que tem valor medicinal como
amazônica, sendo comum encontrá-lo em sucos, vermífugo, cicatrizante e energético natural; as
sorvetes, cremes, balas, bolos e tortas. folhas, que geram fibras utilizadas no artesanato, na
As sementes da fruta contêm alto teor de gordura, confecção de bijuterias, bolsas, brinquedos; com os
prestando-se assim à fabricação de chocolate, no talos das folhas fabricam-se móveis. Quando a folha
lugar das sementes de cacau. Na região Norte, é jovem, produz uma fibra bem fina, chamada de
chama-se o chocolate derivado do cupuaçu de seda de buriti, utilizada, por sua vez, na confecção de
cupulate. peças feitas com o capim dourado.
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— festas e lendas
× Mapinguari
Talvez essa seja a mais comum das lendas do Acre.
O Mapinguari é um ser que deriva dos índios que
alcançam idades avançadas, o qual é caracterizado
como um monstro cabeludo com um único olho na
testa. Possui pés e mãos semelhantes aos de uma
mão de pilão, pele igual ao couro de jacaré que exala
um odor muito forte. Vive nas florestas soltando
— cultura musical gritos que confundem o seringueiro e o caçador, por
serem parecidos com gritos de algum ser humano,
× Baques De Marchas perdido. Quando tentam responder aos gritos do
Ritmo binário que pode ser originário da região Mapinguari, ele os aprisiona, atacando para matar.
Nordeste, mas que apresenta também acento Demonstra ser invulnerável às balas dos caçadores,
indígenas. só morrendo quando atingido no olho.
× Caboclinho Da Mata
Segundo a lenda, o Caboclinho da Mata é um ente
× A Alma do Bom Sucesso fabuloso que habita e protege a selva acreana e está
Crença nos milagres da Santa do Bom Sucesso, sempre em busca de tabaco para mascar. Costuma
localizada na capelinha da Alma do Bom Sucesso, atacar o cachorro dos caçadores, batendo neles com
no seringal Cumaru, em Assis Brasil. Muitos pedaços de cipós que arranca das árvores. Por isso,
peregrinos para aí se deslocam, em busca de serem diz-se que quem vai caçar deve antes oferecer tabaco
atendidos por seus milagres. ao negrito. Se não, não terá sucesso na caçada.
A lenda conta que em torno de 1910, uma mulher,
em plena selva, sentiu as dores do parto e, sem × O Boto
ninguém que a assistisse, deu à luz duas crianças. A lenda do Boto é comum em toda a região
Não podendo resistir, entregou a alma a Deus. Mais amazônica. No Acre, costuma apresentar duas
tarde, foram encontrados os corpos da mãe e das variações. A tradicional fala sobre um rapaz bonito,
crianças sobre um grande formigueiro. trajado de branco e com um chapéu de palha na
cabeça, que sai dos rios e vai ao encontro das moças,
× Acoã fazendo promessas românticas. Seduzidas, elas
Acoã ou acauã é uma pequena ave da bacia adormecem e deixam-se levar, acordando tempos
amazônica que vive em baixas ramadas. Para os depois com o corpo dolorido. A segunda variação diz
moradores da região, seu canto triste é sinal de mau que os botos são pessoas encantadas, ou seja,
agouro, muita chuva ou até mesmo morte. espíritos de pessoas que foram habitar nesses
animais. Por isso, não se deve deixar crianças que
× Cipó Hoasca ainda não foram batizadas perto da beira dos rios
O cipó hoasca ou ayahuasca é encontrado sozinhas, pois elas se encantariam em botos.
normalmente às margens dos igarapés. Quando se
ergue na mata, desde pequeno, procura apoiar-se no × A Mula sem Cabeça
tronco da primeira árvore que encontra. A mula sem cabeça é uma forma de assombração.
Enroscando-se nela, cresce tornando-se uma planta Segundo a lenda, seria uma mulher que foi
adulta. Já maduro, de tempos em tempos, começa a amaldiçoada por Deus por seus pecados. Muitas
soltar sons que assustam até os bichos mais ferozes. vezes, é dito ser uma concubina que fez sexo dentro
Difere-se das demais espécies de cipós pelos seus de uma igreja com um padre católico e foi
cachos de flores, de tons brancos e róseos, os quais condenada a se transformar em uma criatura
ocupam toda a sua extensão. descrita como tendo a forma de um equino sem a
Desse cipó é feita a bebida conhecida como daime. cabeça e que vomita fogo. Galoparia pelo campo do
Entretanto, deve-se ressaltar que o uso do chá de entardecer de quinta-feira ao amanhecer de sexta-
hoasca é muito anterior à apropriação feita pelos feira.
movimentos religiosos hoje conhecidos como Santo O mito possui muitas variações a respeito do pecado
Daime e União do Vegetal. que teria amaldiçoado a mulher a se transformar no
monstro: necrofagia, infanticídio, um sacrilégio
× A Rasga-Mortalha contra a igreja, fornicação, incesto.
É a mais temida e respeitada dentre as aves do Acre.
Os acreanos consideram-na uma ave sobrenatural × O Boitatá
por acreditar que ela traz consigo estranhos avisos O Boitatá é o protetor dos campos iluminando a
do Céu. Por seu canto lembrar o rasgar de um grosso noite. Conhecido como a cobra de fogo, possui os
pano, a ele associa-se mau agouro. Dizem que, se ela olhos grandes e furados e sua figura assusta as
sobrevoa uma casa cantando, é que está preparando pessoas e os animais. É contra os que incendeiam as
a mortalha para alguém prestes a falecer. florestas.
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× Jabuti-Bumbá
Festa de rua que se brinca em cortejo ou em antecedem o “Vinte”, como passou a ser chamada a
circular, com o Jabuti Marupiara e dois jabutis data da grande procissão, são marcados pela
menores, o Tinga e o Tinguinha. Os brincantes, no chegada de uma grande multidão de romeiros,
mínimo dez, vestem chitas e se enfeitam com fitas turistas e comerciantes à cidade que, por vezes,
coloridas, colares de sementes, cuias e coroas. triplicam o número de habitantes da zona urbana.
Entre crianças e adultos, seguem o cortejo dançando Xapuri transforma-se, nessa época, em um grande
e tocando maracas, zabumbas, sanfonas, pandeiros e centro comercial temporário, cujas ruas são
percussão. Os puxadores cantam as cantigas fechadas ao trânsito de veículos para dar lugar aos
exclusivas do folguedo, compostas por integrantes tradicionais “marreteiros”, mercadores ambulantes,
do grupo e outros compositores acreanos, com que para lá se deslocam vindos de vários locais do
ritmos variados, mas com uma forte influência Acre e de outros Estados.
nordestina advinda do Baião, da Ciranda e do Frevo,
além da Catira de Goiás, do Vira de Portugal e do × Festival de Quadrilhas
Cacuriá do Maranhão. O Festival de Quadrilhas é um dos maiores eventos
A fim de refletir sobre ações concretas para a do calendário artístico-cultural do Acre. Nele,
preservação da Amazônia, o Jabuti-Bumbá traz grupos apresentam-se e competem entre si pelo
como símbolo o jabuti, por ser um dos bichos mais título de Quadrilha Campeã que, além do prêmio
afetados nas queimadas e, também,o mais em dinheiro, recebe passagens para a competição
resistente. Dessa forma, também se contrapõe às nacional.
brincadeiras com bois. Há, também, durante o período do evento, as
tradicionais comidas típicas e brincadeiras
× Festa de São Sebastião tradicionais ao som de forró. A ocasião também é
É a festa em homenagem ao santo padroeiro de utilizada pelo governo para promover a valorização
Xapuri, cujas atividades já extrapolaram o caráter do folclore regional, através de apresentações de
meramente religioso. Os dias de janeiro que temas como o jabuti-bumbá, maracatu e cirandas.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Identidade Acre
— PERSONALIDADES ACREANAS
× João Donato
Pianista, acordeonista, arranjador, cantor e
compositor de origem acreana. Nascido em 17 de
agosto de 1934, foi um dos expoentes da Bossa Nova
junto com João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de
Moraes. Entretanto, sua música nunca se restringiu aproximou-se do Partido Revolucionário
aos domínios da Bossa Nova, manifestando Comunista (PRC), abrigado, na época, dentro do
inúmeras outras influências, tais como as da PT.
musicalidade afro-cubana e do jazz. Atuou como professora de Ensino médio no
Filho de um major da Aeronáutica, aos 11 anos de movimento sindical, tornando-se aliada de Chico
idade, mudou-se para o Rio de Janeiro. Entre os Mendes, com quem fundou a Central Única dos
anos 1950 e 1960, viveu nos Estados Unidos, onde Trabalhadores (CUT) do Acre, em 1984.
gravou o disco “A Bad Donato” e compôs músicas Em 1985, filiou-se ao PT. Nas eleições de1988, foi a
como “Amazonas” e “A Rã”. vereadora com maior número de votos para a
Câmara Municipal de Rio Branco. Dois anos
× Marcos Afonso depois, foi eleita deputada estadual, com a maior
Professor, jornalista e ex-deputado federal, foi votação do Acre. Logo depois, foi submetida a um
membro da Frente Parlamentar Ambientalista para longo tratamento médico devido à contaminação
o Desenvolvimento Sustentável, Vice-Presidente da por metais pesados aos quais foi exposta durante o
Comissão Amazônia. Foi também titular de tempo que viveu em seringais. Em 1994,
comissões importantes como de Meio Ambiente e candidatou-se ao Senado Federal, tornando-se, aos
de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados. 36 anos, a senadora mais jovem da história da
Em 2002, foi eleito Liderança para a América República. Em 2002, foi reeleita com votação quase
Latina da GLOBE (Organização dos Legislados para três vezes maior que a anterior.
um Mundo Balanceado). Até 2005, foi o Em 2003, assumiu o Ministério do Meio-Ambiente
representante diplomático do Brasil na OTCA do governo Lula. Segundo a Sophie Foundation,
(Organização do Tratado de Cooperação durante sua gestão entre 2004 e 2007, logrou
Amazônica), que sistematiza ações sustentáveis nos diminuir o desmatamento na Amazônia em 60%,
oito países da Amazônia Continental. razão pela qual a referida fundação a premiou em
Atualmente, é Diretor da Biblioteca da Floresta, US$ 100 mil por seus esforços em defesa da
onde coordena ação estratégica para uma floresta. Em 2007, foi agraciada com o prêmio
metodologia de diálogo entre os saberes tradicionais Champions of the Earth, da ONU, pela sua luta
e o moderno. Palestrante há quase três décadas, pela conservação da Amazônia. No mesmo ano, o
dedica-se hoje ao estudo da sustentabilidade ética. jornal britânico The Guardian apontou a senadora
como uma das “50 pessoas que podem ajudar a
× Marina Silva salvar o planeta”.
Maria Osmarina Marina Silva de Lima nasceu em Deixou o Ministério do Meio Ambiente em 2008,
08 de fevereiro de 1958 em uma casa sobre palafitas, após atritos com ministérios ligados às áreas de
no seringal Bagaço, Acre. Filha de seringueiros, aos infraestrutura e desenvolvimento. Em 2009,
11 anos mudou-se para Rio Branco, onde foi deixou o PT alegando falta de sustentação política
alfabetizada pelo MOBRAL (Movimento Brasileiro para seus projetos. Filiou-se ao Partido Verde (PV).
de Alfabetização). Em 2010, candidatou-se à Presidência da
Trabalhou como empregada doméstica e foi República, pelo PV. Em 2011, desfiliou-se do PV e
aspirante à freira. Participou das Comunidades em 2013, participa da fundação do partido Rede
Eclesiais de Base (CEBs) e, em 1981, ingressou no Sustentabilidade, mais conhecido como Rede, pelo
curso de História da Universidade Federal do Acre, qual planeja lançar-se novamente candidata à
onde teve contato com a filosofia marxista e Presidência nas próximas eleições.
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A identidade acreana
de perto
Identidade e design
— IDENTIDADE Esta pesquisa, sobre a identidade cultural contrária, definindo de maneira fiel a sua
acreana, quer fotografar a identidade coletiva de identidade e valorizando-a, também, na cultura
um povo, residente em um determinado território, material, na arquitetura e no design, para
em um determinado momento histórico. É uma aumentar o valor dos produtos regionais.
“foto Polaroid”, válida hoje, que provavelmente Um exemplo deste processo é a própria cidade de
daqui a cinquenta anos será diferente. É preciso Rio Branco, onde algumas construções
levar em conta que o estado do Acre tem contemporâneas, como a Biblioteca da Floresta, a
formalmente 50 anos. Antes disto, este lugar era Casa do Artesão, a sede da FUNAI e o Parque da
território brasileiro, sem um reconhecimento de Maternidade retomam traços distintos das
estado e, anterior a isto ainda, sua população teve construções vernaculares do povo indígena,
que combater para tornar-se independente da misturando-os com o minimalismo
Bolívia, tornando-se Brasil. contemporâneo.
Portanto, a identidade deste povo ainda está em Outro exemplo é a embalagem dos produtos da
construção, sendo uma mistura de grupos étnicos e marca Miragina, especialmente a embalagem dos
culturais diferentes (índios, nordestinos, sulistas, biscoitos de castanha, imediatamente reconhecível
libaneses, europeus, japoneses, etc.). como acreana, graças ao uso de cores e motivos
Estes grupos são unidos pelo fato de residirem no indígenas. Esta pesquisa tem, portanto, o objetivo
mesmo território e serem fortemente ligados à de fazer emergir alguns traços distintos desta
floresta, pela qual possuem atenção, cultura, também no âmbito visual, de modo a
comportamento de preservação e um sentimento influenciar significativamente o desenvolvimento
com relação à ecologia e sustentabilidade que os de novos produtos artesanais e industriais
tornam profundamente diversos dos outros estados acreanos.
da região amazônica. Segundo David Schneider, de fato “... a cultura é
Zygmunt Bauman afirma que a natureza um sistema de símbolos e significados”, que se
extraterritorial da comunidade de hoje tem feito as configura tanto na forma social quanto em formas
identidades mais voláteis, induzindo à insegurança materiais e componentes da paisagem. Falamos,
geral dos indivíduos, que não conseguem mais portanto, da cultura material, a disciplina que
reconhecer-se em uma identidade tradicional e estuda os objetos como ferramentas de
que, assim, procuram novos estímulos e compreensão da sociedade e materialização dos
alternativas de reconhecimento. processos sociais.
Hoje, o estado do Acre está fazendo uma operação Esta pesquisa quer cristalizar, através do estudo da
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Identidade Acre
— CAPTURAR A IDENTIDADE Esta pesquisa tem o Branco está presente um grupo de grafiteiros que
objetivo de fazer emergir alguns elementos da criaram um projeto etno-grafites, trabalho artístico
cultura (material e não material) acreana, para de resgate da identidade indígena. Através de uma
inspirar os produtos de design que serão resultados visita à Biblioteca da Floresta foi possível, também,
do projeto Acre Design. O estudo sobre a levantar várias referências bibliográficas e
identidade foi conduzido com diversos métodos. De fotográficas sobre diversas culturas presentes na
um lado, foi feita uma pesquisa tradicional, região: seringueiros e índios.
bibliográfica e nos sites da internet, antes da Em sala de aula, foram realizados diversos
primeira viagem ao local. Por outro lado, durante a exercícios para procurar “captar” o conceito de
primeira missão foram feitas entrevistas com identidade presente no imaginário dos estudantes.
personagens importantes da vida cultural acreana: O primeiro, chamado “mindmapping” ou mapas
Marcos Afonso (Diretor da Biblioteca da Floresta), mentais, é um exercício feito em grupo, onde cada
Gumercindo Rodrigues (amigo e advogado de grupo tem que construir painéis com palavras
Chico Mendes), Marcelo Piedrafita Iglesias chaves sobre fatos, emoções, riscos, oportunidades
(especialista da cultura indígena), Nilson e inovações na construção da identidade acreana.
Mendes (guia da floresta e primo de Chico Mendes) No final, cada grupo apresenta aos outros os
e Marlúcia Cândida (arquiteta e especialista em resultados e é, então, criado um painel síntese.
arquitetura vernacular, Primeira Dama do Acre). Os principais resultados dessa atividade são:
Paralelamente a isso, foi feita uma documentação focalizar os pensamentos dos participantes no tema
fotográfica da cultura material local, a partir das da identidade; captar traços fundamentais dessa
casas e dos monumentos, dos objetos, dos móveis, identidade; captar a atitude dos participantes com
da natureza e das pessoas. Atenção especial foi relação ao tema da identidade (orgulho, medo, etc.);
dada à área dos móveis, visitando diversas casas e passar para os participantes o conceito de que ter
negócios, para entender melhor as tendências e os uma identidade forte pode ser um diferencial nos
gostos do mercado local. Outra atenção foi dada negócios. Deste exercício foram levantados diversos
para a arte contemporânea e, especialmente, a conceitos, que são relacionados a seguir de forma
streetart, uma vez que em Rio resumida:
Fatos: Chico Mendes • Personalidade • Seringueiros • Grupos Sociais • índios •
• Açaí • Bandeira do Acre • Objetos Simbólicos • Poronga • Balde • Canoa • Faca •
Falta de Incentivo por parte do Governo • Não Valorização da Madeira • Discriminação dos
Sem a Ajuda de uma Pessoa que Saiba Projetar • Preconceitos • Fonte De Informações
a Folha como Cartão Postal • Medos • Moderno X Antigo • Uso X Utilidade • Novos
Social • No Acre Só Tem Indios • Temos Que Crescer Muito Ainda • Racismo •
Reconhecimento do Produto do Estado • Usar Texturas Das Árvores Novas Marcas • Usar
RAÍZES
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ÁRVORES
38 | 39
CIPÓ
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CASCA
40 | 41
FIBRAS
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Analisar e Visualizar a Identidade
TEXTURAS
42 | 43
VISTAS AÉREAS
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Analisar e Visualizar a Identidade
GEOGLIFOS
44 | 45
ABELHAS
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ARANHAS
46 | 47
BORBOLETAS
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Analisar e Visualizar a Identidade
PÁSSAROS
48 | 49
texturas animais
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Analisar e Visualizar a Identidade
FLORES
50 | 51
FORMAS FOLHAS
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Analisar e Visualizar a Identidade
FRUTAS
52 | 53
SEMENTES
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colares
54 | 55
DESENHOS
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SÍMBOLOS
56 | 57
TECIDOS
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MALOCAS
58 | 59
OBJETOS
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DANçAS
60 | 61
TATUAGEM
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PESSOAS
62 | 63
TRADIçÕES
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AGRICULTOR
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RIBEIRINHOS
66 | 67
CHICO MENDES
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SERINGUEIRO
68 | 69
SINDICATO
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ESTRADA DA SERINGA
70 | 71
CORTE
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BORRACHA
72 | 73
TECIDOS
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Analisar e Visualizar a Identidade
CASA
74 | 75
INTERIORES
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Analisar e Visualizar a Identidade
OBJETOS
76 | 77
trançados
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Analisar e Visualizar a Identidade
LENDAS
78 | 79
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
— Esse capítulo visa a fornecer uma visão geral do Brasil, do mercado brasilei-
ro e do seu setor moveleiro por meio de esquemas e números. São individuali-
zadas as empresas e os produtos que o compõem, identificando-se a categoria
e o posicionamento de cada empresa.
Faz-se presente, também, uma análise etnográfica sobre o “novo consumidor
brasileiro”, através da qual é possível identificar locais e pessoas que possam
representar as diferentes classes sociais do país. Para cada classe foi elabo-
rado um resumo em uma ficha-padrão, onde são registrados detalhes de vida,
hábitos, índices socioeconômicos e características habitacionais.
80 | 81
O novo consumidor
brasileiro
Classes sociais no Brasil
CLASSE ALTA
CLASSE MÉDIA
CLASSE BAIXA
2009
CLASSE ALTA
CLASSE MÉDIA
CLASSE BAIXA
82 | 83
TENDÊNCIAS
COMPORTAMENTAIS
Nova classe média
— perfis das classes sociais no brasil Foram investimento em marketing (em geral muito baixo
identificados padrões de ganhos e gastos para as nessa indústria), entre outros.
classes sociais, conforme definições do PNAD e Contudo, estima-se que os brasileiros passem a
do Critério de Classificação Econômica Brasil. destinar, cada vez mais, parte significativa de sua
Para simplificação do conteúdo, as classes sociais renda para a compra de mobiliário e de artigos para
foram agrupadas de duas em duas e, para cada o lar, com significativo destaque, nesse quadro,
um desses pares, buscou-se identificar os limites para os consumidores da classe C, onde hoje está
mínimos e máximos de renda, bem como algumas inserida mais da metade da população do país.
características de consumo. Além disso, a sessão A região do Noroeste paulista, onde se localiza o
conta com quadros de referências visuais para cada polo moveleiro de Mirassol, que concentra 54,42%
uma das duplas de classes sociais observadas. das indústrias da região, também concentra o
Deve-se ressaltar, entretanto, que tais imagens não maior mercado consumidor do setor. Ali, num raio
esgotam a diversidade sociocultural existente em de aproximadamente 500 km concentram-se 61%
cada uma dessas classes sociais, que estão, elas do consumo nacional de móveis e artigos para o lar.
mesmas, em constante processo de transformação Em 2011, as regiões Norte e Nordeste juntas
devido ao momento por que passa o país, de intenso apresentaram, na média, aumento de 14% no
dinamismo econômico, social e, também, cultural. potencial de compra de móveis, em relação ao ano
Assim, trata-se de uma tentativa de ilustrar anterior. Nos últimos dez anos, o comportamento
algumas da características de cada uma das classes do mercado moveleiro da região Nordeste vem
sociais existentes no país, no que tange aos seus apresentando aumento acima da média nacional,
ganhos e gastos, bem como ao ambiente em que e, há cinco anos, foi a vez de a região Norte figurar,
vivem. também, com números surpreendentes.
As duas regiões já absorvem quase 25% do
— Consumo Por família, o gasto médio com montante de vendas nacional, e há ainda bastante
móveis situa-se entre 1% a 2% da renda. Entretanto, espaço para crescimento, principalmente nos
a demanda por móveis varia de acordo com o nível setores de mobiliário institucional e para hotelaria.
de renda da população e comportamento de alguns Um estudo realizado pelo Intelligence Group
setores da economia, particularmente a construção mostra que, em 2014, as regiões Norte e Nordeste
civil. Outros fatores que impactam a demanda responderão por mais de 30% do potencial de
são as mudanças no estilo de vida da população, compra de móveis, superando as regiões Sul e
os aspectos culturais, o ciclo de reposição, o Centro-Oeste juntas.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
Inclusão via consumo: Essas classes consumidor, passara a ter mais acesso
estão descobrindo o consumo. As marcas a produtos e tratamentos de beleza,
que estiverem atentas a elas e seu novo criando uma tendência à qual as
universo de consumo obterão bom empresas terão que se adaptar.
resultados. Nesse contexto, as classes
menos abastadas passaram a ter o poder Novos papéis, novas famílias: Os papéis
da escolha, porque seu poder de compra sociais dos gêneros já não são mais os
se ampliou. mesmos. Com o crescimento de seus
rendimentos, status e consciência
Identidade e auto-estima: A base da quanto ao que isso lhes confere, as
pirâmide está mais consciente de sua mulheres das classes D e C mostram-
importância na sociedade e tenderá, cada se mais independentes e, por isso, vêm
vez mais, a valorizar suas conquistas, construindo outras relações familiares.
relacionando-as às suas origens, história Isso envolve a estruturação de uma nova
e características específicas. família, menor e com um rendimento
per capita maior.
Acesso e qualidade: Porque seu poder
de compra é maior, a nova classe média Redes de relacionamento, dicas: As
está cada vez mais exigente. Melhor classes mais baixas sempre foram
qualidade de serviço, de produto e mais dependentes de suas redes de
melhor qualidade de vida. Prestar relacionamento pessoais mais íntimas,
O que o brasileiro um bom serviço não é mais um como familiares e vizinhos, tendo
mais compra? diferencial, mas, sim, uma obrigação. As crescido e aprendido a viver juntos em
POF/IBGE;Elaboração: companhias que estiverem aptas a fazer ambientes de natureza colaborativa.
DECOMTEC/FIESP melhor uso da relação custo-benefício Com o apoio das novas tecnologias e da
encontrarão vantagens nesse mercado expansão das redes sociais na internet,
1. armário simples, consumidor. essas classes irão fortalecer e expandir
duplex ou embutido essas redes sociais pré-existentes.
2. conjunto estofado Educação e investimento: Essas classes
3. armário copa e cozinha tornam-se, paulatinamente, conscientes Capilaridade e segmentação: A
4. dormitório completo de que com educação podem elevar seus geografia dos bairros e a diversidade de
(armário, cama, mesinha, etc) padrões de vida. Assim, cada vez mais indivíduos dentro das classes baixas e
5. estante investem em educação, seja para si, seja médias requerem diferentes formatos
6. cama (adulto) para seus filhos. de produtos e distribuição das empresas.
7. mesa e cadeiras (sala) Os canais de venda precisam ter
8. sofá/sofá-cama Juventude e classe C: Jovens dessas grande capilaridade, a fim de atender
9. armário, mesas e cadeiras classes são mais educados, informados as diferentes demandas, em distintos
(copa/cozinha) e economicamente ativos que seus contextos.
10. mesa e cadeiras pais, eventualmente, formando uma
(copa/cozinha) nova geração de consumidores com Tecnologia como investimento: A
novos e distintos hábitos de consumo. O penetração da tecnologia da informação
Brasil de amanhã terá cada vez mais as expande-se vertiginosamente também
características dessa juventude. entre as camadas médias da população,
especialmente entre a juventude. A
Vaidade e beleza como fatores tecnologia é vista como um investimento
de inclusão: Agora, as classes no futuro profissional e como um canal
anteriormente excluídas do mercado de acesso à informação.
86 | 87
A
ALTA CLASSE ALTA / BAIXA CLASSE ALTA
B
classe média alta / classe média
C
baxia classe média/vulnerável
D
POBRE/EXTREMAMENTE POBRE
SP
RJ MG
PR RS
BA
SC GO PE CE
Consumo
R$ 3,2 bi
R$ 8,5 bi
R$ 2,3 bi
R$ 19,6 bi
R$ 7,8 bi
92 | 93
sofá/sofá-cama
ármario copa e cozinha
armário, mesas e
dormitório completo
cadeiras (copa/cozinha)
mesa e cadeiras
estante (copa/cozinha)
aspectos culturais
A B C D E
CRESCIMENTO DO SETOR MOVELEIRO NACIONAL
15 Produção/
Faturamento*
Consumo*
12
* milhões de R$
94 | 95
Análise do mercado
interno brasileiro
Análise da indústria moveleira
— tipologia dos móveis No Brasil, costuma- interno, mas que representa, também, um salto em
se classificar o mobiliário em três tipos, a saber: termos de grande produção e de exportação, setores
doméstico, escritório e institucional. Quanto aos esses onde o país ainda não havia conseguido se
materiais mais utilizados na produção de mobiliário, posicionar de forma competitiva.
em primeiro lugar encontra-se a madeira, em Em 2006, a produção brasileira de móveis foi de
segundo o metal e, em seguida, o plástico. Em torno 10,21 bilhões de reais, com faturamento de 9,22
da produção dos móveis de madeira concentram-se bilhões de reais, e produção de 354 milhões de
91% dos estabelecimentos, 83% do pessoal ocupado e unidades, números que garantem ao país um
72% do valor da produção. lugar no grupo dos maiores produtores mundiais
Os móveis de madeira são ainda segmentados em de mobiliário. Segundo a ABIMÓVEL, os móveis
dois tipos: retilíneos e torneados. Os primeiros residenciais são responsáveis por 60% da produção
apresentam superfícies lisas, formas mais simples, total no setor, enquanto os móveis de escritório
com linhas e ângulos retos, e neles utiliza-se respondem por 25% e os móveis institucionais,
com mais frequência aglomerados e painéis de para escolas, consultórios médicos, hospitais,
compensado. Já os segundos costumam reunir restaurantes, hotéis e similares abarcam 15% .
detalhes mais sofisticados de acabamento, Nos últimos anos, tem contribuído de forma
misturando formas retas e curvilíneas, com decisiva para o aumento do consumo de mobiliário
utilização de forma mais expressiva, em madeira o significativo desenvolvimento da indústria de
maciça, seja ela de lei ou de reflorestamento. construção civil, impulsionado pelo aumento do
poder de compra de classes sociais até pouco tempo
— Características da produção Nos ainda excluídas do mundo do consumo, e, também,
últimos anos, o setor moveleiro brasileiro tem as políticas de incentivo aos créditos financeiro e
experimentado um intenso desenvolvimento imobiliário.
devido, em grande parte, aos avanços tecnológicos A indústria de fabricação de móveis tem crescido
ocorridos de forma mais significativa desde meados não só em número de estabelecimentos industriais,
da década de 1990, mas, também, à redução de mas, também, em termos de trabalhadores
impostos inflacionários e ao expressivo incremento empregados pela atividade. Dentro do setor, cresceu
do consumo no país. de forma mais expressiva o número de empresas
Nos dias de hoje, a produtividade de alguns setores de micro e pequeno porte. Segundo dados da
já se aproxima dos níveis internacionais, o que tem Relação Anual de Informações Sociais – RAIS
favorecido não somente a produção para mercado do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, a
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
DEMAIS ESTADOS
24, 10%
Distribuição da produção
CONCENTRAÇÃO DE ESTABELECIMENTOS
MOVELEIROS PELOS ESTADOS Empresa líder com capacitação média.
FONTE: MOVERGS / IEMI (BRASIL MÓVEIS 2011) PMEs intensivas em mão-de-obra.
Móveis residenciais de padrão médio: retilíneos
de painéis, torneados e estofados.
LAGOA VERMELHA 1%
Estruturação da Indústria
COMPOSIÇÃO DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NO PAÍS
GRANDE
MÉDIA
MICRO E PEQUENA
DISTRIBUIÇÃO DA PRODUÇÃO
NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS PESSOAL OCUPADO NACIONAL DE MÓVEIS POR PORTE
DA EMPRESA
PRODUÇÃO SEGMENTADA
barreiras de investimento
fracas
exportação
maior especialização
da fabricação
aumento do consumo
de mobiliário
avanço tecnológico a
partir dos anos 1990
fortalecimento das
chances de sobreviência
e crescimento
aumento do consumo
nacional
políticas de incentivo a créditos
financeiro e imobiliário
aumento do poder
desenvolvimento do
aquisitivo das classes C/D
setor moveleiro
Tendências 102 | 103
milhões
de m3
2
Aglomerado
1,5
MDF
1
Chapas
0,5 de fibra
0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
retilíneos
PRODUÇÃO DE MÓVEIS
DE ACORDO COM SEU MATERIAL
FONTE: BNDES
OUTROS*
* INCLUI MÓVEIS DE
PLÁSTICO E ARTEFATOS DE
MOBILIÁRIO COMO
METAL COLCHOARIA E PERSIANAS
MADEIRA
torneados
maior frequência de
madeira maciça, seja ela de
lei ou de reflorestamento
Florestas plantadas no Brasil
Total: 4,982 *
* EM MILHÕES DE HECTARES
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
madeiras reflorestadas,
elevação do padrão
em geral, pinus ou
de qualidade
eucalipto
valorização
do produto aproveitamento
de materiais
> US$25.000.000,0
US$10.000.000,00 – US$25.000.000,00
US$5.000.000,00 – US$10.000.000,00
US$1.000.000,00 – US$5.000.000,00
US$500.000,00 – US$1.000.000,00
US$ 87.427.269
US$ 91.731.990
US$ 68.256.572
SÃO PAULO
PARANÁ
MINAS GERAIS
US$ 11.190.400
BAHIA
ESPÍRITO SANTO
US$ 6.425.973
CEARÁ
US$ 4.429.587
400
600
800
1000
DE US$
MILHÕES
MARANHÃO
US$ 3.987.663
PARÁ
US$ 3.308.094
GOIÁS
US$ 2.988.023
RIO DE JANEIRO
US$ 2.527.747
US$ 1.442.428
FONTE: ABIMÓVEL
PERNAMBUCO
US$ 1.044.608
ACRE
US$ 2.588
EXPORTAÇÕES DO SETOR MOVELEIRO
Importações
PRINCIPAIS PAÍSES EXPORTADORES DE MÓVEIS PARA O BRASIL, 2007
FONTE: ALICEWEB/MDIC
> US$100.000.000,0
US$50.000.000,00 – US$100.000.000,00
US$25.000.000,00 – US$50.000.000,00
US$10.000.000,00 – US$25.000.000,00
US$1.000.000,00 – US$10.000.000,00
1000
Exportação*
800 Balança
comercial*
600
400
200
Importação*
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Análise do mercado
moveleiro
Análise do mercado de referência
× Revistas Especializadas
Percebe-se uma variedade de revistas
especializadas em decoração, sendo cada uma
delas direcionada a um público específico.
Identifica-se, portanto, três grupos de
consumidores:
Revistas classe A/B+, R$ 15,00 - 30,00
Revistas classe A-/B, R$ 10,00 - 15,00
Revistas classe B-/C, R$ 4,00 - 10,00
Mobiliário tradicional
Classe A+Conservador Média de preços percebida
Mesa de jantar: R$ 4.000,00 - 7.000,00
Cadeira: R$ 750,00 - 1.500,00
Sofá R$ 4.000,00 - 10.000,00
Design assinado
clASSE A + Tendência
TIPOLOGIA DE MÓVEIS chegam a preços bem mais elevados que a média dos
Produtos concebidos por designers renomados, que produtos A+.
costumam ter alto preço. Muitos possuem formas
orgânicas ou possuem alguma referência humorística. MERCADO DE REFERÊNCIAS
A assinatura parece elevar intensamente os preços. As principais fontes para consulta sobre esse tipo de
Além da madeira, é comum encontrarmos objetos de mobiliário reúnem revistas como Casa Cláudia e Casa
plástico ou acrílico. Vogue, além de referências de filmes e televisão. É
comum ainda a consulta a arquitetos ou designers de
COMERCIALIZAÇÃO interiores para decorar a casa.
Tais produtos podem ser encontrados em lojas como:
Way Design, Novo Ambiente, Artefacto, Dpot. PÚBLICO-ALVO E USO DOS MÓVEIS
É comum tais lojas estarem reunidas em shoppings, Esse público possui alto poder aquisitivo, podendo se
muitas vezes especificamente voltados para permitir gastar com móveis. São pessoas que estão
decoração. Também em lojas de museus que ligadas às tendências e se preocupam em ter uma
possuem alguns itens de mobiliário, como a Novo casa sempre como vitrine de si, de seu estilo de vida.
Desenho, do MAM-RJ; e os ateliers dos próprios
designers. É difícil perceber uma média de preços,
pois, devido à assinatura de Designers, alguns móveis
114 | 115
Mobiliário tradicional
Classe B/c+Conservador Média de preços percebida
Mesa de jantar + Cadeiras: R$ 1.500,00 - 3.000,00
Cadeira: R$ 100,00 - 500,00
Sofá R$ 1.500,00 - 3.000,00
Guarda-roupa: R$ 1.500,00 - 5.000,00
TIPOLOGIA DE MÓVEIS para ter como referência. Ainda assim, absorvem o que
A maior parte dos móveis é feita em madeira maciça, é exibido em novelas, filmes ou por encartes de jornal.
por ser entendida como sinônimo de qualidade
e durabilidade. As mais comuns são o pinus e o PÚBLICO-ALVO E USO DOS MÓVEIS
eucalipto reflorestados. Percebe-se, de modo geral, Os que compõem a classe média conservadora, ao
proporções largas e um pequeno desenvolvimento da comprar um móvel, procuram qualidade e utilidade.
forma. Dentre os estofados, são mais comuns formas Por isso, é comum o interesse sobre o material do
robustas. Nas mesas, é frequente o uso de vidros. produto, quanto vai durar, ou quantas gavetas possui,
por exemplo. Porém, essas pessoas não possuem
COMERCIALIZAÇÃO o capital que o grupo anteriormente exibido possui.
Lojas pequenas de bairro; Meu Móvel de Madeira; Assim, procuram soluções mais acessíveis, sendo
e grandes lojas como Etna e Tok & Stok, que, por comum encontrá-las em móveis de pinus ou eucalipto,
oferecerem uma ampla variedade de produtos, por exemplo. É importante observar que, para alguns
também alcançam o público mais conservador. itens de mobiliário, esses usuários tendem a ser mais
conservadores. Ao comprar um guarda-roupa, por
MERCADO DE REFERÊNCIAS exemplo, eles procuram algo que irá durar muito,
Por ser um público considerado mais conservador, enquanto, ao comprar um sofá, o aspecto mais
muitas vezes não costuma recorrer a fontes específicas importante seja o estético.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
Design acessível
classe média Média de preços percebida
Mesa de jantar: R$ 700,00 - 2.000,00
Cadeira: R$ 250,00 - 750,00
Sofá R$ 1.00,00 - 5.000,00
MERCADO DE REFERÊNCIAS
Revistas como Casa Cláudia e Casa & Jardim; Jornal;
Filmes e televisão.
116 | 117
Mobiliário Popular
Classe c Média de preços percebida
Mesa de jantar + Cadeiras: R$ 500,00 - 1.000,00
Guarda-roupa: R$ 300,00 - 1.500,00
Sofá R$ 300,00 - 1.500,00
Gambiarras
Vendas de usados +
ECONÔMICOS CRIATIVOS
TIPOLOGIA DE MÓVEIS médio, já que ele vária de preços muitos altos até
Existe ainda uma prática paralela ao mercado valores muito baixos ou até mesmo de graça.
tradicional, que envolve a venda de móveis de
segunda mão. De modo geral, trata-se de móveis de MERCADO DE REFERÊNCIAS
boa qualidade e durabilidade. É importante observar, Percebe-se, nos últimos anos, uma forte tendência
também, outro aspecto cultural que, na verdade, de ítens vintage, originária de uma macro-tendência
substitui o comércio de móveis: a interferência do internacional sobre tudo o que envolve o romântico e
usuário. A gambiarra reflete a criatividade do brasileiro o nostálgico. Por isso, se observa a absorção desses
e a sua capacidade de com o material que lhe estiver móveis pela indústria de referência, sendo comum
disponível, conseguir realizar o que precisa. vermos, em capas de revista e cenários de televisão.
madeira
A madeira constitui a principal matéria-prima para fabricação 1. Sergio Rodrigues, Poltrona Chifruda
de móveis no Brasil, quer seja madeira maciça ou painéis 2. Alfio Lisi, Banco Abaporu
reconstituídos. Em geral, associada à sofisticação, a madeira 3. Sergio Fahrer - Orro & Christensen,
possui um toque que considerado insubstituível. Mesa de Centro Tapajós
4. Jorge Zalzupin, Mesa Pétalas
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
metal
Ainda que o metal seja o segundo material mais utilizado pela 1. Bernardo Senna, Cadeira Azteca
indústria moveleira, percebe-se ainda uma pequena exploração 2. Índio da Costa, Metais Sanitários para Fabrimar
desse por parte de designers brasileiros e do setor de referência de 3. Studio Zanini
mobiliário. 4. Índio da Costa, Puxadores para Papaiz
122 | 123
plÁSTICO
O plástico também é um material pouco explorado pelo Design 1. Bernardo Senna
brasileiro para a criação de mobiliário. De modo geral, o plástico 2. Nada se Leva, Banco Arab
é associado a objetos contemporâneos, agregando a esses certo 3. Studio Zanini, Cadeira Bambino
grau de jovialidade e humor. 4. Nada Se Leva, Mesa de Apoio da Linha Ligero
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
couro bovino
O couro é um material tradicionalmente usado no desenvolvimento 1. Paulo Mendes da Rosa, Cadeira Paulistana
de móveis no Brasil. Seu uso é geralmente associado à sofisticação e 2. Carlos Motta
qualidade, sendo um item bem cobiçado, embora sua utilização seja
cada vez mais criticada por ambientalistas. É necessário destacar,
também, a importância do setor pecuário para a economia brasileira
e, especialmente, para a economia do Acre. Tal prática, no entanto, é
um dos principais agentes de desmatamento da região Amazônica.
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alternativas ao
couro bovino
A borracha extraída da seringueira é uma matéria-prima típica 1. Pedro Santoro Franco, Poltrona Supernova de Látex
do Acre, podendo ser utilizada naturalmente como látex, ou com Lycra
processada como couro vegetal, processo esse no qual adquire 2. Acessório da Osklen, Couro de Peixe
características que o assemelham ao couro animal. Seu principal
problema , no entanto, é durabilidade limitada, uma vez que o
látex não é um material estável.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
fibras naturais
Impulsionada pelo consumo sustentável, criou-se, recentemente, 1. Jader Almeida
uma tendência de valorização do uso de fibras naturais no mercado
brasileiro. Antes restritos ao mobiliário de jardins e piscinas, as
fibras ganharam o design contemporâneo. Com isso, vivencia-se
um período de investigações e descobertas do potencial desses
materiais.
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bambu
O bambu é um material que possui excelente resistência. Sua 1. Marko Brajovic, Banco Peque, feito com lâminas de
principal vantagem relacionada à sustentabilidade é o fato de bambu e resina de mamona
crescer muito rápido e que, sendo ratado, pode ter uma boa 2. Lucio Kanonenko Bambu
durabilidade. Além do bambu usado em sua forma natural,
pode-se ainda transformá-lo em lâmina, o que permite inúmeras
possibilidades construtivas e formais.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
MISTURA DE
MATERIAIS
Misturar diferentes materiais em um mesmo produto tem sido 1. Nó Design, Cadeira Simbiose
uma estratégia crescente do design brasileiro. O principal objetivo é 2. Flavia Pagotti Silva, Banco Bate Papo, utiliza uma
agregar-lhe valor, muitas vezes por um baixo custo, pois é comum borracha de câmara de pneu no assento, possibilitando
unirem-se materiais nobres e tradicionais a materiais alternativos. a sua flexibilidade
Além disso, tal abordagem permite explorar e potencializar as 3. No Design, Cadeira Cubo
vantagens de cada um dos materiais. 4. Pedro Useche, Banco Flexus
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marchetaria
A marchetaria é a técnica de ornamentar a superfície da madeira 1. Muira Design , Aparador Muira
com pedaços ou folhas de madeiras de cores diferentes ou 2. Muira Design, Mesa Muira
mesmo com outros materiais. É interessante para o projeto
avaliar a possibilidade de serem utilizados resíduos das indústrias
madeireiras no desenvolvimento de novas peças.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
mistura de
madeiras
A simples mistura de madeiras em tons diferentes também é uma 1. Maurizio Azevedo, Mesa Menor
técnica com um excelente resultado visual. 2. Claudia Moreira Salles, Mesa de Centro Reverso
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reaproveitamento
Aqui, são reunidos produtos que, de alguma forma, reaproveitam 1. Rona Silva, Banco Cabelo
materiais diversos. É possível perceber a criatividade do brasileiro 2. Studio Moobil
e a sua capacidade de transformação expressas através desses 3. Mauricio Arruda, utiliza engrados de plástico
móveis, nos quais é utilizado o que comumente é considerado lixo, como gavetas
transformando-o em matéria-prima para novos objetos. 4. Studio Zanini
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
MISTURA COMO
conceito
A diversidade é uma das principais características da cultura 1. Irmãos Campana, Cadeira Favela
brasileira. A miscigenação étnica reflete-se na mistura de 2. Irmãos Campana, Sushi
materiais e cores e na criatividade de composições improvisadas
e imprevisíveis. A adoção da mistura como conceito participa do
repertório artístico brasileiro desde a Semana de Arte Moderna
de 1922, onde se formulou a ideia de cultura brasileira como
naturalmente antropofágica.
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misturas de
cores tropicais
A mistura faz-se especialmente presente nas cores, tornando- 1. Pedro Useche, Mesa Carambola, baseada no
se impossível pensar em uma paleta saturada e diversa sem se reaproveitamento de embalagem circular de papelão
pensar em Brasil. Tal combinação origina-se na paisagem natural 2. Alfio Lisi, Poltrona Bonfim
nacional e é apropriada pela Arte, pela cultura popular e, por fim,
pelo Design.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
técnicas
artesanais
Atualmente, cada vez mais designers unem-se a grupos de artesãos 1. Domingos Totora, papelão reciclado
para desenvolver projetos. Em geral, esses designers utilizam- 2. Renato Imbroisi
se das técnicas já dominadas por determinado grupo para o
desenvolvimento de um produto que possa ser inserido no mercado
com novo posicionamento de valor.
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madeira bruta
Alguns designers brasileiros exploraram a madeira em seu modo 1. Hugo França
mais bruto, conciliando a função do mobiliário a sua forma natural. 2. Carlos Motta, Asturias Chair
3. Hugo França
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
formas orgÂnicas
A busca por referências oriundas da natureza revela-se frequentemente 1. Sergio Rodrigues
em desenhos orgânicos. As curvas sinuosas podem tanto serem mais 2. Porfirio Valladares
fechadas, remetendo à tradição francesa, ou, como em peças mais
contemporâneas, serem bem abertas. Podem, ainda, não serem tão
sinuosas, conciliando curvas e retas, remetendo ao Design Nórdico.
Um traçado orgânico, que se expressa através das curvas, é marca
distintiva dos grandes nomes do Design Moderno Brasileiro.
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confortável, convidativo
estofado
O brasileiro é também conhecido pela sua hospitalidade, a qual 1. Marcus Ferreira, Poltrona Carbono
remete ao conceito de acolher e abraçar, refletido em formas 2. Irmãos Campana, Sofá Boa
moles, flexíveis, confortáveis. 3. Lina Bo Bardi, Bardi’s Bowl
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
rede
A rede é um tradicional suporte de descanso para o brasileiro. De 1. Hélio Oiticica, Cosmococas
origem indígena, ela foi rapidamente absorvida pelos colonizadores. 2. Ernesto Neto
Hoje, é comumente utilizada por pescadores e caminhoneiros, para
dormir, e pode ser encontrada em casas de todas as classes sociais.
Sua simplicidade é o fator mais interessante desse produto, que se
estrutura ao ser pendurado em um suporte pré-existente. Percebem-
se adaptações populares e apropriações pela Arte e Design.
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leveza
Outro aspecto relacionado ao design é pensar não apenas no 1. Michel Arnoult, Poltrona Policano
transporte, mas também na redução do gasto de materiais, 2. Móveis Z, Loja que produzia móveis de compensado
desenvolvendo objetos que sejam leves e flexíveis. Constituem laminado com lona,nos anos 50
produtos, portanto, com uma estrutura mínima e que utilizam
tecidos e cordas substituindo placas de madeira, metal ou plástico.
É interessante a conexão entre a rede de dormir e os móveis
elaborados sob esse paradigma.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
colapsável
Para que um projeto seja sustentável, é essencial pensar em como ele 1. Habto Design, Modulo Arco
será transportado. Quanto mais leve e menos espaço ocupar, menos 2. Carlos Motta, Cadeira São Paulo
combustível e menos viagens serão necessárias para o transporte da 3. Nó Design, Cadeira Tangran
mercadoria. Visando a esse propósito, surgem inúmeras iniciativas,
tais como os produtos colapsáveis, os quais são transportados
dobrados, ou ainda, desmontados. Nesse caso, podem até transferir
a função de montá-lo para o próprio usuário.
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retas
Ainda que simples, um móvel de ângulos retos, quando bem 1. Camila Fix, Estante Xis
desenhados, pode ser um grande sucesso. Além de possuir um
custo de produção baixo, é claro.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro
fun design
O bom-humor é também uma característica intrínseca ao 1. No Design, Mesa Elos
brasileiro. Desse modo, brincadeira não poderia ficar de fora do 2. Cláudio Brandão, Cinzeiro Ploft, De Silicone
design. 3. Luminária Água-Viva
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Mobiliário
institucional
Hotéis, bares, restaurantes, lojas e lazer
Mobiliário
corporativo
Escritórios
Mobiliário
outdoor
Varandas, jardins e quintais
Tendências
globais
Tendências socioculturais
— A análise de tendências A análise de época em que os jeans não eram usados senão por
tendências é parte das estratégias de pesquisa cowboys e por trabalhadores braçais.
em design. É uma atividade que ocorre A capacidade de captar os “pequenos sinais” pode
geralmente antes do projeto e pode também ser ser adquirida a partir de anos de treinamento e de
desenvolvida sem um objetivo específico, senão um bom conhecimento do que já existe. Aquilo
aquele de manter-se atualizado sobre inovações que guia um bom designer e o torna capaz de
socioculturais, tecnológicas e formais. fazer pesquisa de tendências é a “curiosidade”;
Existem diversos escritórios de design que curiosidade por pessoas, pela sociedade e pelas
se ocupam exclusivamente da pesquisa de pequenas mudanças.
tendências. Entre os mais famosos encontram-se Os termos usados neste contexto são variados.A
o Trednwatching.com e o Future Concept Lab. seguir são apresentados alguns deles:
Esses escritórios trabalham com uma rede de × Hot Spot: lugar que concentra grande quantidade
pessoas de diversas partes do mundo, as quais de pequenos sinais de mudança;
captam pequenas mudanças nos estilos de vida e × Antennas: pessoas que pertencem à rede de
costumes da sociedade. Depois de recolherem uma pesquisadores internacionais;
série de estímulos e informações, essas agências × Zoomers: designers que ativamente estão
são capazes de criar hipóteses sobre para onde está pesquisando sinais;
caminhando o mundo e constroem estórias através × Trendwatching: pesquisa de novas tendências;
das quais narram essas mudanças para empresas × Viral Marketing: publicidade viral (trend
e para outros interessados no desenvolvimento de spamming);
novos produtos. × Early Adopters: pessoas que são os primeiros
As mudanças assim captadas podem variar de agentes de mudança;
simples modificações nos acessórios a variações × Horizon Scanning: pesquisa de cenários futuros;
mais complexas no âmbito sociológico. Os casos × Stimoli Scouting: pesquisa de sinais fracos
levantados nessa atividade são chamados “sinais (difusos);
fracos (difusos)”. Assim são chamados porque são × Impact Analysis: análise das consequências
pequenos sinais de mudança que acontecem antes relacionadas a uma tendência;
de ser uma criada uma tendência reconhecida × Fad: uma tendência temporária, que pertence
globalmente. Como exemplo disso, podemos citar somente a um pequeno grupo de pessoas ou a um
uma pequena comunidade de pessoas que decide período histórico preciso e limitado no tempo;
vestir jeans além do ambiente de trabalho, em uma × Craze: tendência temporária observada em uma
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Tendências globais
1 Uma direção geral na qual alguma coisa está desenvolvendo ou mudando. Lindgren & Bandhold (2003) considera que uma tendência é algo que
representa uma mudança mais profunda do que uma moda passageira. Por definição, uma tendência já teve início - a sua existência implica que
já tem uma inclinação. A tendência é avistada em vez de ser criada (Cornish, 2004). Isso pode levar à situação de “profecia autorrealizável”, onde o
ato de identificar uma tendência confirma sua existência e, portanto, reforça a sua direção ou tendência (tradução própria).
2 Estudos do futuro e Planejamento Estratégico são disciplinas que possuem a finalidade de orientar e controlar o futuro. Futurologia - a palavra-
chave usada para descrever as atividades associadas com previsões do futuro - oferece noções de como o futuro será (ou poderia ser). Seu uso traz
consigo um nível de ceticismo e dúvida. A noção de previsão de eventos ainda está para acontecer, e a maneira pela qual esses supostos eventos são
entregues, leva os observadores a exibir dúvidas.
3 Quando se está no negócio de futurologia, há três problemas que podem ser encontrados: antes de tudo, há a possibilidade de se estar errado;
segundo, de estar-se no tempo errado mesmo quando se está certo; terceiro, quando se está certo e ninguém acredita em você.
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ECO-Tech
BAMBU
A utilização do bambu ao natural apresenta, como principal problema, o fato de o mesmo 1. Flax 1500 - David Trubridge
ser imediatamente associado com um material “étnico” e não elegante. Para móveis de 2. Chair Jun Zi, Dragonfly
exterior tem-se preferido o “rattan” ao invés do bambu, porque esse é mais fino e de fácil Design Center - Jeff, Dayu
trabalhabilidade. Existem muitos e diferentes tipos de bambu, mas o mobiliário que alcança Shi
maior sucesso nas cidades é aquele fabricado com o laminado de bambu e não com a planta
inteira. O bambu não laminado pode funcionar em contextos exóticos quando utilizado para
decorar hotéis e restaurantes para turistas, ou pode ser proposto para casas muito grandes
com uma decoração eclética/étnica. Outra possibilidade de uso são os produtos de edição
limitada, que deixam o material ao natural e o transformam em uma obra de arte de design.
Quando assim utilizado, corre o perigo de cair no étnico, caso não se tenha a capacidade de
trabalhar e laminar muito bem o material. Por outro lado, aspecto positivo da utilização do
bambu é, seguramente, o valor ecológico do material e a sua leveza.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Tendências globais
Memórias de madeira
MADEIRA RECUPERADA
Na área do mobiliário ecológico, existem diversos tipos de estratégias que se podem 1. Poltrona slide -
encontrar na subdivisão dos 3R: Reduzir, Reciclar e Reusar. Reduzir significa usar a menor Controprogetto
quantidade possível de material e, portanto, menor quantidade de componentes e,
quando possível, todos do mesmo material ou que sejam facilmente separáveis. Nesse
contexto, privilegiam-se encaixes mecânicos com colas ecológicas. Reciclar significa pegar
um produto velho, processar seu material para poder utilizá-lo de outras formas como,
por exemplo, transformar as garrafas de plástico em pulôver. Reusar significa reutilizar
material ou objetos velhos, sem processá-los, para criar novos produtos, que podem
ter uma segunda vida. Essas três estratégias podem também ser aplicadas no setor
moveleiro e, recentemente, a estética dos produtos oriundos desses processos tem sido
muito apreciada pelo público, precisamente por causa das imperfeições e das memórias
estéticas que neles permanecem.
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Simplicidade nórdica
MADEIRA CLARA
Jovens casais europeus não costumam investir muito dinheiro na decoração de suas 1. Frida - Edoardo Fioravanti
próprias casas. Casam-se muito tarde e, até esse momento, vivem como solteiros em 2. CLEN Tam 02 - Emmanuel
casas simples, nas quais reina um único móvel: IKEA. Por que esse varejista obteve Gallina
tanto sucesso junto a esse nicho de consumo? Primeiramente, por causa do preço.
Não resta dúvida de que seu preço é acessível a todos. (No Brasil, a empresa Tok&Stok
copiou o modelo IKEA na concepção e confecção de móveis, porém com custos e preços
muito mais elevados.) O outro ponto forte de IKEA é o ser design escandinavo: simples,
essencial e sem decorações. Linhas retas, formas básicas, modelos que não têm um
caráter forte, mas que tornam o ambiente um lugar asséptico, limpo. Esses produtos
são, por assim dizer, básicos, sendo adquiridos tal como quando se compram roupas
“básicas”. Esses móveis devem ser unidos a móveis “com caráter” para que se possa
transformar o ambiente em um lugar interessante para se viver.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Tendências globais
Essência e integridade
MADEIRA AO NATURAL
Os móveis para o grande consumo não são fabricados com madeira maciça. Para esses 1. Briccole Venezia -
são preferidas soluções com placas de derivados de madeira (aglomerado, compensado Hardwood table, Riva 1920
multilaminado, MDF), porque custam menos e possuem um peso menor para transporte. - Matteo Thun
A madeira maciça é utilizada para a fabricação de móveis mais importantes e de maior
preço, uma vez que esses móveis são criados a partir da melhor parte da árvore. Portanto,
no uso de madeira maciça há a necessidade de se focar no mercado de luxo e, às vezes,
também em edições limitadas, quando se tratar de móveis com detalhes especiais.
Geralmente, esses móveis são peças importantes e a família decide investir em um só destes
elementos para dar caráter a casa. As casas que possuem a presença desses móveis são,
geralmente, tradicionais ou ecléticas, ou seja, que optam por ambientes onde se misturam
estilos para mostrar que os moradores viajaram o mundo e apreciam o artesanato local. O
importante, no caso de fabricantes e comerciantes, é não restringir-se ao produto “étnico”.
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Leveza brasileira
CADEIRA ESPAGUETE
A cadeira espaguete é um móvel histórico do Design Italiano. No Brasil, esse tipo de móvel 1. Sedia Tropicalia, Moroso -
é muito difundido e talvez, pouco valorizado em seu poder estético.Alguns produtos, Patricia Urquiola
dos que se encontram habitualmente em todas as varandas brasileiras, poderiam ter
sucesso imediato no mercado internacional. A linguagem presente na cadeira espaguete
é lúdica, divertida, podendo ser adquirida a um preço razoável. Considerar-se a hipótese
de uma valorização deste produto como a de uma série de outros móveis e elementos de
decoração, poderia ser uma estratégia para o Brasil.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Tendências globais
EXTERIOR
O móvel para exterior é, seguramente, um setor muito atual. Em muitas feiras 1. Titikaka, B&B Italia - Naoto
internacionais foram dedicados espaços inteiros para este tipo de móvel, diferenciando-o Fukasawa
dos demais e posicionando-o no setor de luxo. Nas empresas, o setor de móveis de
exterior é separado dos de outros produtos, possuindo catálogos exclusivos, à parte,
visando a contactá-lo diretamente com um mercado distinto e especializado.
Os móveis de exterior podem ser subdivididos em duas macro categorias: os móveis de
pequenas dimensões para uso doméstico e os sistemas de móveis para grandes espaços,
esses geralmente presentes em hotéis, restaurantes ou lugares de lazer e relaxamento.
Com o aumento dos lugares projetados para o bem estar, esses móveis adquirem uma
ampla possibilidade no mundo do mobiliário para hotéis ou negócios (contract), em
especial para o mercado de luxo.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Tendências globais
Experiência inesquecível
2005 Insight
ONDE Ainda não se podem medir os resultados sobre
Holanda e Uganda o território e sobre a rede internacional, mas
PROMOTOR consequências do projeto sobre a população local
René Malcorps (iniciou o projeto como estudante do foram sintetizadas em:
mestrado “Homem e Humanidade” da Academia de × aumento do emprego direto;
Design de Eindhoven, o qual terminou em 2006) × aumento da renda direta;
PMI × melhoria da qualidade de vida,
Tecido Bark Uganda (empresa com 16 funcionários -14 × transferência de conhecimento e capacidade;
mulheres e 2 homens) × sustentabilidade ambiental.
APOIO
Negócios em Desenvolvimento - BiD Desafio 2006
PARCEIROS LOCAIS
Mulheres na liderança (Women in
leadership)
OUTRAS PARCERIAS
Projeto Holandês de Desenvolvimento (DDiD),
designer Noor Wentholt + Gemeente Eindhoven +
Econcept
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
tradição +
mulheres artesãs +
materiais renováveis sustentabilidade social
AND sustentabilidade
ART ambiental
NATURE
DESIGN
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
162 | 163
At Home
Em Casa
2005 Insight
ONDE × os produtos realizados não encontraram ainda um
Índia e Holanda mercado real, o que deu lugar a frustrações, seja da
PROMOTOR parte dos designers, quanto dos artesãos que não viram
Academia de Design de Eindhoven + Dastkar New um retorno econômico do projeto;
Delhi 11 estudantes do mestrado intitulado “Homem e × os estudantes ficaram emperrados às dificuldades
Humanidade” da Academia de Design de Eindhoven dos projetos, no qual estavam envolvidos atores de
PMI culturas diferentes. Durante o projeto discutiram sobre
Artesãos indianos da região de Kutch o significado,objetivos e modalidade de colaboração
APOIO dos mesmos;
ICCO (organização entre igrejas) + Embaixada do Reino × sem uma rede de distribuição planejada, os projetos
dos Países Baixos da Índia permanecem como experimentações interessantes,
PARCEIROS LOCAIS mas não levaram valor econômico ao território.
Dastkar + Khamir/CRC
OUTRAS PARCERIAS
Intercâmbio de Executivos Jovens (EYE) + Instituto
Nacional de Moda e Tecnologia de Nova Delhi (NIFT)
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
treinamento +
turismo +
interação sustentabilidade social
AT sustentabilidade
HOME ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
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Crear Artesanía
Crear Artesanato - A Ideia Apropriada
APOIO
Município de Pamplona cofinanciado pelo Programa
URBAN com fundos FEDER da União Européia
PARCEIROS LOCAIS
Centro Europeu de Empresas e Inovação de Navarra
(CEIN SA), Ajuntamento de Pamplona - Área de
Comércio e Turismo
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
— DESCRIçÃO O projeto foi coordenado pelos a relação entre artesanato e design na região de
irmãos Giulio & Valerio Vinaccia, milaneses por Navarra. A partir dos elementos de referência da
adoção, especialistas neste método de pesquisa cultura religiosa local supracitada, elaboraram
muito praticada com algumas comunidades de uma coleção de imagens com mais de 12.500 fotos.
trabalhadores no Brasil, Colômbia, Argentina, Em seguida, através de uma análise e seleção dos
Chile e Equador. Trata-se do desenvolvimento materiais coletados, foi criado um manual gráfico
de um processo de formação e pesquisa para os de aplicações iconográficas para o desenvolvimento
artesãos de Navarra, através de elementos culturais de novos produtos. Esse manual foi publicado e
de sua terra. O Caminho de Santiago e as festas de intitula-se “Manual de Aplicação Iconográfica do
São Firmino foram os pontos de partida do projeto. Caminho de Santiago & São Firmino”. Organizado
Utilizando elementos iconográficos das duas pelos irmãos Vinaccia e editado pelo projeto
culturas e cruzando com os valores etnográficos europeu Urban, em colaboração com o município
e artísticos, projetaram-se novos produtos em de Pamplona, reúne em suas páginas o trabalho
que a qualidade, a criatividade e o design foram feito. Contando com essa ferramenta como
os principais elementos, atentando-se para as suporte, realizaram-se 10 workshops criativos, nos
características artesanais da produção. quais artesãos e designers da região espanhola
A etnografia constituiu-se elemento importante desenvolveram novos produtos. Em 2005, foram
para a determinação da iconografia do território. apresentadas as primeiras coleções.
O trabalho conjunto entre profissionais do Todos os novos produtos que foram desenvolvidos,
design e os artesãos permitiu, partindo dos bem como aqueles que o serão futuramente,
produtos tradicionais, a incorporação de novas possuem uma única marca, CREAR ARTESANIA
formas, materiais, funções e padrões de uso, que (Criar Artesanato), para que possam ser
possibilitaram melhorar a competitividade e a adequadamente comercializados e apresentados. O
inovação das lojas artesanais. escritório de design IRD Iosu Rada Diseño, criou o
O projeto teve também como objetivo melhorar design da imagem corporativa.
modernização +
competitividade +
etnografia sustentabilidade social
CREAR sustentabilidade
ARTESA- ambiental
NIA
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
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Design Solidário
Design entre Holanda e Brasil
1999 - 2001 Stishting KICI (Den Haag, NL), Tok&Stok (São Paulo,
ONDE BR)
Brasil e Holanda PARCEIROS LOCAIS
PROMOTOR Associação dos Artesãos do Sertão Central, Associação
Academia de Design de Eindhoven + Urban Fabric + A Comunitária Monte Azul (ACOMA)
Casa, Museu Virtual de Artes e Artefatos Brasileiros OUTRAS PARCERIAS
15 estudantes do mestrado em “Homem e URBIS, Instituto Maurício de Nassau, BANDEPE,
Humanidade” da Academia de Design de Eindhoven Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM - São
(10 em São Paulo e 5 em Serrita) Paulo, BR), Fundação Padre João Câncio
PMI Insight
Artesãos de Serrita (Pernambuco) + artesãos de Monte × o projeto despertou inúmeras polêmicas por parte da
Azul (favela de São Paulo) comunidade brasileira de design, mas seus promotores
APOIO sustentam que foi um sucesso em relação à formação;
Bouwfonds Regio Zuid (Eindhoven, NL), Consulado × alguns produtos foram inseridos em museus virtuais
dos Países Baixos (São Paulo, BR), Cusenza Foundation e em coleções limitadas.
(Los Angeles, USA), Embaixada Brasileira (The
Hague,NL), Embaixada do Reino dos Países Baixos
(Brasília, BR), Empresa Haans (Tilburg, NL),
SEBRAE SP (São Paulo, BR), SEBRAE PE (Recife, BR),
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
design social +
favelas +
jovem sustentabilidade social
DESIGN sustentabilidade
SO- ambiental
LIDÁRIO
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
168 | 169
— DESCRIçÃO Esse projeto possui diversas dos parceiros locais no que tange ao mercado alvo e
almas e, portanto, é muito difícil definir os seus procuraram criar uma boa relação de colaboração
objetivos. Seus principais promotores são DDID, com os artesãos locais.
GMI e INBAR. Cada um desses atores possui A experiência de Lara de Greef: A pesquisa
uma “missão” diferente: DDID é uma organização realizada antes da partida resultou quase inútil,
que se ocupa do desenvolvimento local através pois não foi coerente com as possibilidades
da promoção do design holandês; o GMI é um produtivas dos parceiros artesãos. Ao chegar à
subprograma da INBAR que tem por objetivo Índia, Lara realizou duas semanas de pesquisas in
incentivar a ligação entre empresas Norte-Sul e Sul- loco para entender o mercado local e os produtos
Sul para a comercialização de produtos de bambu; vendidos para os turistas. Depois de um primeiro
a INBAR é uma organização internacional que momento de dificuldade devido, principalmente,
tem por objetivo conectar cinquenta países para a à falta de mão de obra qualificada no local, Lara
promoção dos territórios produtivos do bambu e do foi transferida para outra região, onde pode
rattan. A combinação desses atores internacionais desenvolver protótipos após análise das habilidades
deu vida a este projeto, que viu três jovens designers produtivas dos artesãos.
holandeses desenvolverem projetos para duas A experiência de Thies Timmermans: O briefing
distintas regiões da Índia. O projeto foi realizado de Thies era projetar móveis para uma escola na
em dois momentos e lugares distintos: a sua Índia. Depois da primeira semana de trabalho, este
primeira parte foi realizada por Lara De Greef briefing foi modificado para o projeto de móveis
e Eliza Noordhoek no Centro de Facilidades para um mercado turístico de Goa. Tornou-se, pois,
Comuns de Bagthan (Himachal Pradesh, Índia); inútil a pesquisa inicial feita na Holanda. Thies
a segunda parte foi desenvolvida por Thies planejou seu trabalho de forma autônoma. Após
Timmermans no Centro de Facilidades Comuns uma pesquisa rápida sobre o mercado de turismo
de Kudal (Maharashtra, Índia). Os designers de Goa, Thies desenvolveu três conceitos, dos quais
autogerenciaram-se para o desenvolvimento do apenas um foi considerado adequado para ser
projeto. Receberam algumas indicações por parte produzido e comercializado futuramente.
trabalho +
bambu +
pesquisa sustentabilidade social
GLOBAL sustentabilidade
MARKET ambiental
INICIATI-
VES
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
170 | 171
Hafa Collection
Marrocos Style
— DESCRIçÃO Em 1998, foi criada a coleção em 2001. “Nestes projetos, o design se torna um
Hafa: alguns designers e artistas italianos e empreendedor no mercado de ideias” - Marco
marroquinos foram solicitados a repensar os Ferreri.
móveis e os objetos de decoração em função das A casa árabe é o alvo deste projeto árabe -
casas árabes. itálico, que envolveu nove designers dos dois
Em termos gerais, a palavra árabe Hafa tem por países. Cada um deles ficou responsável por
significado o ponto-limite. Indica, pois e por si só desenvolver projetos para áreas diferentes da
um limite não fechado, mas aberto. Desta forma, casa, por escolher um tema conectado a um
Tanger olha para o outro lado: Gibraltar. Os comportamento ou a um ritual doméstico. O
objetos são, assim, todos duplos, movendo-se na tema de base permanece a possível contaminação
temporalidade extrema da nossa vida cotidiana, entre o modelo árabe de habitar e os padrões de
mantendo a sabedoria de uma tradição antiga. produção europeia, visando à modificação do
A coleção Hafa, que se enriquece a cada ano com artesanato local e de um interesse de consumo de
novas peças, foi apresentada durante o Salão de nosso mercado.
Móveis de Milão, nos anos 1999-2000, e, também,
em mostras organizadas em Casablanca e Rabat,
integração cultural +
tradições antigas +
exportações sustentabilidade social
HALFA sustentabilidade
COLLEC- ambiental
TION
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
172 | 173
— DESCRIçÃO As pesquisas realizadas neste Norte Sul desenvolveu diversos métodos para
projeto são parte de um processo de contínua a pesquisa cultural e histórica das regiões em
exploração e desenvolvimento, refletindo a que atua. Através de processos tradicionais de
relação entre design e pesquisa, entre comércio design, incluindo oficinas para criar novos ícones
e cultura, enfatizando a importância de uma em colaboração com artesãos e Universidades
sustentabilidade social, material e ambiental. Internacionais, o projeto oferece a oportunidade
Patty Johnson, uma designer de Toronto de desenvolver novos modelos de negócios para
(Canadá), trabalha com micro empresas alcançar mercados internacionais.
em diversos países para desenvolver novos
produtos em que são evidenciadas suas próprias
capacidades técnicas. A ênfase sobre a qualidade
das coleções é acompanhada de uma particular
atenção quanto aos impactos sobre a comunidade
e a economia que os produz.
Os produtos desenvolvidos nascem não apenas
das capacidades de Patty Johnson como designer,
mas de uma rede de atores locais e internacionais,
que colaboraram durante o projeto. O projeto
gramática regional +
artesanato +
qualidade sustentabilidade social
NORTH sustentabilidade
SOUTH ambiental
PROJECT
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
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Hispaniola
Design Para a Solidariedade
2011 Insight
ONDE × os resultados do projeto foram apresentados em uma
Itália - Haiti e República Dominicana mostra em Milão, em janeiro de 2012, por ocasião do
PROMOTOR segundo aniversário do terremoto que devastou o Haiti;
Modoloco design e ColorEsperanza 10 escritórios de × os produtos foram fabricados localmente;
design italianos × os designers não visitaram o lugar de produção e
PMI não conheceram o contexto local, senão através de
artesãos e marceneiros locais vídeo. Isto poderia ser um ponto negativo porque não
APOIO puderam perceber a cultura local.
Fundação Cariplo - Edital 2010 ”Criar parceiros
internacionais para o desenvolvimento”
PARCEIROS LOCAIS
ONG dominicana OnéRespé
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
solidariedade +
marceneiros +
crianças sustentabilidade social
HISPANI- sustentabilidade
LA ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
176 | 177
Ñandeva
Artesanato Trinacional em Foz de Iguaçu
2004 Insight
ONDE × as oficinas oferecidas para os artesãos, tem por
Argentina, Brasil e Paraguai objetivo melhorar a qualidade das técnicas de
PROMOTOR acabamento, bem como da aplicação da iconografia
Parque Tecnológico Itaipu regional;
PMI × o trabalho de grupo favorece a troca de
Artesãos de Argentina, Brasil e Paraguai conhecimentos e experiências entre os artesãos dos
APOIO três países;
SEBRAE × a criação de uma identidade forte ajuda na
comercialização dos produtos.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
identidade cultural +
desenvolvimento +
laboratórios sustentabilidade social
ÑANDEVA sustentabilidade
ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
178 | 179
Design Possível
Jovens Designers nas Ongs
promoção cultural +
identidade cultural +
oficina sustentabilidade social
DESIGN sustentabilidade
POSSÍVEL ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
180 | 181
Coopermandi
Design nas Incubadoras de Cooperativas Populares
cooperativas +
marca solidária +
incubadoras sustentabilidade social
COOPER- sustentabilidade
MANDI ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
182 | 183
2001 Insight
ONDE × os moveleiros têm, como benefícios, a facilidade
Brasil de realizar compras em conjunto, negociando preços
PROMOTOR mais acessíveis com os fornecedores, que, por sua vez,
Câmara de Comércio de Milão (Promos) refletir-se-ão em um preço menor de venda ao cliente.
Designer Carlos Alcantarino × a rede tem como base a associação dos moveleiros.
APOIO A implantação da rede, em Paragominas, está sendo
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas feita pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Empresas (SEBRAE), Governo do Estado, Prefeitura Tecnológico e Associativo (ILBRAS), sob a orientação
Municipal, Banco Interamericano de Desenvolvimento do Centro de Resultados Madeira e Móveis.
(BID) × os primeiros resultados do projeto foram expostos
na Expomóveis: ”A Expomóveis será o primeiro contato
que faremos com os clientes, por isso queremos causar
uma boa impressão”, explica Gilnei Pereira, técnico do
Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico e
Associativo (Ibras).
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
cooperação tecnológica +
arranjo produtivo local +
ecologia sustentabilidade social
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
184 | 185
Controprogetto
Móveis Sócio-Eco Sustentáveis
2012 Insight
ONDE × reaproveitamento de madeira em chave
Milano contemporânea;
PROMOTOR × metodologias de co-projetação e construção de
Valeria Cifarelli, Matteo Prudenziati, Davide Rampanelli, objetos;
Alessia Zema × parcerias com ONGs e associações.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
reaproveitamento +
co-projetação +
modularidade sustentabilidade social
CONTRO sustentabilidade
PROGETTO ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
186 | 187
Fibra
A Alma Ecológica do Rio
2012 Insight
ONDE × novas empresas podem nascer da pesquisa de novos
Brasil materiais. A ideia de criar uma materioteca acreana,
PROMOTOR com os produtos da floresta, pode ser de grande
Coletivo Fibra ajuda para a criação de um polo moveleiro industrial
APOIO: sustentável.
ITCP, Incubadora da ESDI Escola Superior em Desenho × a presença da Incubadora de empresas dentro deste
Industrial projeto foi fundamental. Este tipo de estrutura dentro
do polo moveleiro do Acre poderia ser uma ferramenta
potente, para o fomento de pequenas novas empresas
sustentáveis.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
materioteca +
incubadora +
pupunha sustentabilidade social
FIBRA sustentabilidade
ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
188 | 189
Bonfim
Design & Tradiçoes
tradições +
Nordeste +
cores sustentabilidade social
BONFIM sustentabilidade
ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
190 | 191
Coza
Design de Objetos Utilitários
1983 Insight
ONDE × mistura de plástico com uma fibra natural;
Caxias do Sul, RS × investimento no desenvolvimento do material;
PROMOTOR × identidade do produto associada à sustentabilidade;
Rudy Luiz Zatti e família × identidade brasileira;
× objetos para casa;
× parcerias com designers, agregando valor ao produto.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
— DESCRIçÃO A empresa foi criada em 1983, em de fibra de coco, misturado com polipropileno.
Caxias do Sul, por Rudy Luiz Zatti. Em 1987, com Na linha Bios, é usada a lignina, substância
seu falecimento, sua filha Cristina e sua esposa proveniente de madeiras certificadas e cultivadas
Vera assumiram o negócio. de forma sustentável. Enquanto isso, a Coza
A proposta da marca foi desde o início inovar para Organic utiliza biopolímeros obtidos da batata,
facilitar. Sob a nova direção feminina, os produtos sendo biodegradáveis e precisam de apenas
ganharam formas e cores mais modernas, dezoito semanas embaixo da terra para que se
assumindo, principalmente, o uso do plástico. decomponham completamente; além disso, o
O investimento em novas tecnologias e materiais produto possui textura e aroma naturais.
também faz parte da trajetória da marca,
conseguindo criar produtos especiais para micro-
ondas e lava-louças e desenvolver o polipropileno
para adquirir novas texturas e cores (como as
translúcidas). A Coza também é considerada
pioneira no uso de biopolímeros no Brasil. Com
isso, ela conquistou prêmios em Design e realizou
parcerias com artistas e designers renomados.
Atualmente, possui uma variedade de mais de
300 produtos. Dentre eles, merecem destaque
três linhas com materiais sustentáveis: a Native,
aBios e a Organic. A linha Native possui 35%
sustentabilidade +
identidade +
valor agregado sustentabilidade social
COZA sustentabilidade
ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
192 | 193
Natura
Produtos para o Bem-Estar com Identidade da Amazônia
1969 Insight
ONDE × identidade brasileira e amazônica;
São Paulo × cooperação entre a empresa e comunidades locais;
PROMOTOR × aprendizado com a tradição local, que unido ao
Natura conhecimento científico, se potencializa;
× utilização de matérias-primas naturais, extraídas de
“Nossos produtos são a maior expressão forma sustentável da floresta.
de nossa essência. Para desenvolvê-los, mobilizamos
redes sociais capazes de integrar conhecimento
científico e sabedoria das comunidades tradicionais,
promovendo, ao mesmo tempo, o uso sustentável da
rica biodiversidade botânica brasileira.”
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
— DESCRIçÃO A marca surgiu em São Paulo extrair tais matérias-primas da forma mais
em 1969. Desde 1974, no entanto, ela possui sustentável possível, envolvendo-se diretamente
um sistema de comercialização através de com as comunidades locais responsáveis pela
revendedoras, acreditando no potencial da venda extração. Dessa forma, ela também promove o
direta. desenvolvimento dessas regiões, conservando
Enxergando a capacidade de crescimento, a o meio ambiente. Os produtos dessa linha são,
Natura expandiu-se para fora do Brasil, vendendo portanto, biodegradáveis e, além disso, utilizam
principalmente para países da América Latina vidros e embalagens que contêm material
e, desde 2005, para a França, onde optou por reciclado e refis. Tal prática diminui o impacto
também abrir uma flagship store. ambiental e aumenta a competitividade da
Dentre as suas linhas de produto, destaque para empresa, oferecendo economia e aproveitamento
a Natura Ekos lançada em 1992, por sua proposta de embalagens.
sustentável. A linha Ekos utiliza matérias-primas
naturais, propondo aumentar a consciência
sobre o patrimônio ambiental brasileiro. Com
isso, ela constrói uma forte identidade nacional.
Em seu processo, a Natura aprende com os
usos tradicionais de ingredientes da Floresta
Amazônica, unindo-os ao conhecimento
científico. O resultado são produtos com alto grau
de diferenciação do mercado.
É interessante ressaltar que a empresa procura
Amazônia +
floresta +
cosméticos sustentabilidade social
NATURA sustentabilidade
ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
194 | 195
Melissa
Design de Calçados de Plástico
1979 Insight
ONDE × iniciativas de marketing, como eventos, que
Brasil promovem a sustentabilidade;
PROMOTOR × parcerias com designers, agregando valor aos
Grendene produtos;
× democratização do Design;
× intenso desenvolvimento do material, até atingir sua
composição atual.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
— DESCRIçÃO Melissa é uma marca de calçados se”, em parceria com a + Luz e os Irmãos
de plástico produzida pela Grendene desde Campana, com ações em São Paulo e Rio de
1979. A empresa passou por um momento de Janeiro chamando a atenção das pessoas para a
estagnação, sendo relançada em 1994, com uma questão da sustentabilidade.O trabalho contou
estratégia que envolvia parceria com designers ainda com o lançamento da Melissa Campana
renomados, como Alexandre Herchcovitch, Corallo, feita com até 30% de PVC reciclado e
irmão Campana, Judy Blame, Marcelo Sommer, teve parte da venda revertida para a ONG Visão
Vivienne Westwood, e, recentemente, Zaha Mundial, que tem programas para enfrentamento
Hadid. de pobreza e exclusão social.
A criação de um modelo Melissa leva em conta
pouco gasto de energia na fabricação, uma vida
útil maior, a possibilidade de reutilização e a
facilidade de desmontagem e reciclagem. O seu
principal atributo sustentável é o processo de
fabricação por injeção, que não gera desperdício.
A empresa defende a conscientização como a
melhor forma de preservação do meio ambiente.
Em 2005, por exemplo, a marca patrocinou a
edição nacional do livro “Haverá a Idade das
Coisas Leves”, organizado pelo francês Thierry
Kazazian. Em 2008, foi a vez do projeto “Sustente-
designers contemporâneos +
design democrático +
marketing sustentabilidade social
MELISSA sustentabilidade
ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
196 | 197
Havaianas
Sandálias de Borracha com Identidade Brasileira
1962 Insight
ONDE × estratégia de marketing para reposicionamento do
São Paulo produto;
PROMOTOR × associação do produto com a identidade brasileira,
São Paulo Alpargatas ou melhor, com o modo de vida brasileiro;
× o chinelo remete à informalidade, à despretensão e
ao cenário praiano/carnavalesco;
× displays desenvolvidos pela empresa valorizaram o
produto;
× foi desenvolvido baseado em um produto tradicional.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
— DESCRIçÃO Produzidas pela São Paulo de crescimento da imagem do produto que, aos
Alpargatas desde 1962, seu modelo foi baseado poucos, tornou-se mais sofisticado, aumentando
na Zori, sandália japonesa feita de palha de arroz também, as publicações em revistas e o índice
ou madeira lascada e que são usadas com os de exportação. Posteriormente, a empresa
quimonos. Por esse motivo, até hoje as Havaianas diversificou ainda mais seus modelos, criando
mantém uma textura que remete à palha de arroz. peças especiais para as Olimpíadas, por exemplo,
As Havaianas representam, atualmente, cerca e ainda lançou outras com diferentes cores, saltos,
de 80% do mercado brasileiro de chinelos de brilhos e aplicações.
borracha, comercializando cerca de 162 milhões A estratégia de marketing da empresa também
de pares por ano, dos quais 10% destinam-se para se revela excepcional quando investe no mercado
exportação. externo. Além de criar um departamento para
O investimento em marketing ao longo de sua essas questões, de reorganizar as redes de
história tem mantido o crescimento da empresa. distribuidores e de realizar eventos especiais para
Quando surgiu, a marca ganhou mercado por divulgação, como fez durante o Oscar de 2003, por
conseguir vender a baixíssimo custo, sendo exemplo; a marca distribuiu modelos especiais
basicamente consumida pela classe baixa e com rubis aos indicados ao prêmio.
comercializada em mercados de bairro. Por isso, Muitas campanhas publicitárias marcaram
passou a ser referida como “chinelo de pobre”. a história da empresa. Como o slogan “As
Nos anos 1990, no entanto, a empresa legítimas”, posicionando-se contra a concorrência;
reposicionou-se no mercado, lançando novos ou o “Todo mundo usa”, que explorava a
modelos (a Havaianas Sky, de uma só cor e com amplitude de público alcançada. A marca
salto um pouco maior), com uma estratégia contou com a imagem de personalidades como
de propaganda que envolvia celebridades e Chico Anysio, Didi, Tom Jobim, Vera Loyola e
desenvolvendo displays verticais que facilitavam Luiz Fernando Guimarães em suas primeiras
a escolha. A partir de então, teve início o processo propagandas.
ícone nacional +
reposicionamento +
marketing sustentabilidade social
HAVAIA- sustentabilidade
NAS ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
198 | 199
Vidigal
Poltrona Inspirada na Favela Carioca
2011 Insight
ONDE × exemplo de mobiliário outdoor;
Rio de Janeiro × utilização de fibra natural;
PROMOTOR × pensar no desdobramento do mesmo produto em
Lattoog Design, dos designers Leonardo Lattavo e uma versão mais conceitual e outra mais comercial,
Pedro Moog como é, respectivamente, a Vidigal Peluda e a Vidigal
Lisa.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
outdoor +
fibra natural +
conceitual/comercial sustentabilidade social
VIDIGAL sustentabilidade
ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
200 | 201
Mole
Poltrona Ícone do Design Brasileiro
1957 Insight
ONDE × considerada um dos grandes ícones do Design
Rio de Janeiro Brasileiro;
PROMOTOR × é um exemplo de trabalho de marcenaria de primeira
Sérgio Rodrigues qualidade;
× utiliza o couro animal, que poderia, entretanto, ser
substituído por outros materiais;
× a forma convida ao conforto;
× a poltrona é transportada desmontada.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso
ícone nacional +
couro natural +
conforto sustentabilidade social
MOLE sustentabilidade
ambiental
sustentabilidade
econômica
outros produtos
cooperação
produtos de
mobiliário
institucional
identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
202 | 203
CENÁ
POSS
ÁRIOS
SÍVEIS
204 | 205
Cenários
possíveis
Possibilidades e incentivos para a projetação
— CENARIOS DE DESIGN A criação de cenários é conceitos. A visão é uma ferramenta que serve para
uma atividade utilizada pelos designers para obter dar um forte estímulo emocional ao projeto, trata-se
um quadro claro a fim de projetar objetos únicos. O de descrever como vemos o mundo no futuro e onde
cenário é uma ferramenta muito potente uma vez localizaremos nosso projeto dentro dessa visão. O
que pode auxiliar os demais a entenderem melhor cenário é uma ferramenta mais prática, na qual se
os objetivos do projeto e, também, a captar as descreve o mundo das visões dando detalhes
emoções ligadas ao mundo em que se deseja operar. relacionados a usos e costumes, pessoas, lugares,
etc. O conceito,por sua vez, é uma ideia de produto
Segundo Luisa Collina (2005) que desejamos inserir dentro de nosso cenário.
The aim of Scenario Building is the generation of Pode-se dizer que a visão contém o cenário, o qual,
POSSIBLE VISIONS for product service systems and por sua vez,contém o conceito. Contudo, esses
social, technological, entrepreneurial strategies for termos não estão claramente definidos e nem
decision making. Scenario Building intervenes in the sempre são entendidos globalmente por todos os
development of socio-technical platforms able to push a designers da mesma forma.
system of actors. Technologies and economies along
desired paths. Para se entender melhor para que serve a pesquisa
The VISUALIZATION of scenarios and future de tendências e o desenvolvimento de cenários,
visions is a way to activate a strategic conversation apresenta-se, a seguir, a um texto de Nicola Morelli
between different stakeholders, actors, enterprises and (2003), no qual ele narra, brevemente, como foi
institutions which operate with different competences, desenvolvido um famoso projeto da Philips Design,
roles, languages and therefore need a common em 1996:
informative and knowledge platform to be understood Scenario building is one of the methodologies that a
by everybody.1 socially-responsible design approach can borrow from
strategic design. Scenario building has been widely
Assim como para as tendências, também no used in strategic management, often with a specific
contexto da criação dos cenários, existem diversas design focus, as in the Vision of the Future project,
teorias e metodologias. Ao projetar, cada designer initiated by Philips Design in 1996, with the aim of
utiliza os termos de modo diverso e não existe uma exploring what people will perceive as useful, desirable
regra precisa para a definição de um processo and beneficial in the future and to create a technological
projetual. roadmap to realize this goal.
Os termos utilizados são: visões, cenários e The research involved multidisciplinary teams
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Cenários possíveis
consisting of cultural anthropologists, ergonomists, Utilizaram-se, para esse fim, várias polaridades:
sociologists, engineers, product designers, interaction × mercado local/brasileiro/estrangeiro;
designers, exhibition designers, graphic designers, and × público de baixa renda/de alta renda;
video and film experts. The project was based on a series × móvel residencial/institucional;
of creative workshops, which produced more than 300 × móvel indoor/outdoor;
scenarios (short stories describing a product concept × madeira/outros materiais.
and its use) based on the socio-cultural and Esse exercício foi fundamental para definir
technological research. The scenarios were developed algumas categorias de produtos. Posteriormente,
using five basic parameters: people, time, space, objects essas categorias foram cruzadas com os materiais e
and circumstances. os agrupamentos culturais individualizados no
Eventually the scenarios were distilled down into 60 exercício do mapa mental e, a partir deste processo,
concept descriptions, grouped in four domains: foi possível definir dez linhas de móveis.
personal, domestic, public and work, mobile. The Essas linhas foram projetadas para adotar
concepts were discussed again with experts and diferentes tipos de posicionamentos e mercados,
eventuated in a series of prototype products.2 desde o mercado externo de móveis de alta
qualidade, até móveis de preços acessíveis para a
— CO-PROJETAR CENÁRIOS Dentro do projeto Acre classe C acreana, a fim de oferecer-se a mais ampla
Design, os cenários foram desenvolvidos com gama de possibilidades comerciais.
dinâmicas de co-projetação no primeiro workshop Todas elas (linhas projetadas) possuem forte
em Rio Branco. identidade local advinda dos três conceitos que
Primeiramente, foi realizado um exercício em foram identificados como culturalmente mais
grupo, no qual foram trabalhados gráficos de relevantes no mapa mental: o componente
polaridade para definir que tipos de produtos indígena, o ambientalismo ligado ao mundo
seriam adequados ao mercado. seringueiro e o conceito de florestania.
1 O objetivo da construção de cenários é a geração de VISÕES POSSÍVEIS para os sistemas produto-serviços e estratégias empresariais para
a tomada de decisões sociais e tecnológicas. A construção de cenários intervém no desenvolvimento de plataformas sociotécnicas capazes de
empurrar um sistema de atores. Tecnologias e economias ao longo de caminhos desejados.
A VISUALIZAÇÃO de cenários e visões futuras é uma maneira de ativar uma conversa estratégica entre diferentes atores, empresas e
instituições que operam com diferentes competências, papéis, linguagens e, portanto, precisam de um informativo e uma plataforma comum de
conhecimento a ser compreendida por todos.
2. Construção de cenários é uma das metodologias que uma abordagem de design socialmente responsável pode emprestar do design
estratégico. A construção de cenários tem sido amplamente utilizada na gestão estratégica, muitas vezes com um foco específico de design, como
no projeto Vision of the Future, iniciado pela Philips Design em 1996, com o objetivo de explorar o que as pessoas irão perceber como útil,
desejável e benéfico no futuro e criar um roteiro tecnológico para alcançar esta meta.
A pesquisa envolveu equipes multidisciplinares constituídas por antropólogos culturais, ergonomistas, sociólogos, engenheiros, designers de
produto, designers de interação, designers de exposições, designers gráficos e especialistas em vídeo e cinema. O projeto foi baseado em uma
série de workshops criativos, que produziram mais de 300 cenários (estórias curtas descrevendo um conceito de produto e seu uso), com base na
pesquisa sociocultural e tecnológica. Os cenários foram desenvolvidos utilizando-se cinco parâmetros básicos: pessoas, tempo, espaço, objetos e
circunstâncias.
Eventualmente, os cenários foram destilados em 60 descrições de conceitos, agrupados em quatro domínios: pessoal, doméstico, público e
trabalho, móvel. Os conceitos foram novamente discutidos com especialistas e finalizados em uma série de protótipos de produtos.
206 | 207
1 2 3 4 5 6
Hotel Pequenos Móveis Outdoor Escritório Móveis
Restaurantes Objetos Classe C Classe B/A Público Classe A
HOsPITALIDADE
Móveis leves para bares, restaurantes e hotéis.
CONTEXTO
É uma linha de móveis para hotéis, restaurantes e bares, voltada para o contexto local, tanto o acreano quanto o
brasileiro. Essa linha de móveis é destinada, principalmente, ao público de classe B; entretanto, deve ser capaz
de satisfazer também às necessidades de uma classe C que começa a ascender a uma qualidade de vida que lhe
permite frequentar lugares mais sofisticados e destinos turísticos internacionais, atraídos por grandes eventos que
acontecerão no Brasil nos próximos anos (Copa do Mundo em 2014, Olimpíadas em 2016).
PRODUTOS MATERIAIS
Trata-se de móveis leves e facilmente Os materiais devem atender às características de resistência, mas,
transportáveis. Como resultado do primeiro principalmente, às de leveza e durabilidade. A partir do trabalho
workhop, foi criada pelos estudantes uma de grupo, surgiram propostas como a utilização do bambu para
proposta que consistia em posicionar a estrutura dos móveis, o látex (disponível também em cores) e
rodas aos pés dos móveis, cujo objetivo era fibras para os assentos e eventuais detalhes.
criar layouts espaciais mais flexíveis, que
se adaptariam a diversas configurações de IDENTIDADE
variadas instalações. O projeto deve possuir uma forte identidade local e representar
tanto o Estado do Acre quanto o Brasil de uma forma geral, de
maneira imediatamente reconhecível. Essa identidade poderá
adotar símbolos simples e fortes como, por exemplo, a bandeira
acreana.
Em relação às características da identidade acreana, essa deve
transmitir a sensação de “calor”, acolhimento e hospitalidade.
O universo de referência, expresso também por meio dos
materiais, seria aquele pertencente aos seringueiros.
Mercado
local
Classe B/C
210 | 211
EMBAIXO DAS
ÁRVORES
Móveis de classe para espaços externos
CONTEXTO
Mercado interno brasileiro; produtos comercializados em shopping centers e em showrooms de nível médio.
Classe B brasileira, com alguns produtos disponíveis também para a classe A (chaise-longue, móveis para a piscina).
PRODUTOS MATERIAIS
Nessa categoria, estão presentes tanto Resíduos de madeira, madeira maciça, madeira fsc.
móveis para casas particulares, quanto
móveis para o espaço público e comercial. IDENTIDADE
As possíveis linhas individualizadas são: A temática à qual se refere esta linha é a da florestania.
Móveis para churrasco;
Decks de piscina;
Vasos para plantas;
Mobiliário urbano
(parada de ônibus, lixeira);
Painéis de loja.
Mercado
Brasileiro
Classe A/B
212 | 213
POSIC
NAME
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Posicionamento
CIO-
ENTO
Nos esquemas a seguir, os cenários criados são posicionados de modo a
esclarecer a sua destinação em termos de mercado e utilização. Os gráfi-
cos de posicionamento são ferramentas úteis para definir os principais
objetivos do projeto e para verificar a sua coerência ao final do processo
projetual, podendo, também, SEREM utilizados depois do projeto feito, a
fim de posicionar cada linha de produto, de forma individual, com rela-
ção a futuros concorrentes.
214 | 215
Cenário de referência
e tendências
Referências, tendências, destino de uso
HOSPITALIDADE
Leveza brasileira
ECO-Tech CADEIRA ESPAGUETE
BAMBU
Essência e integridade
MADEIRA AO NATURAL
Memórias de madeira
MADEIRA RECUPERADA
Simplicidade nórdica
MADEIRA CLARA
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Posicionamento
Leveza brasileira
ECO-Tech CADEIRA ESPAGUETE
BAMBU
Essência e integridade
MADEIRA AO NATURA L
Memórias de madeira
MADEIRA RECUPERADA
Simplicidade nórdica
MADEIRA CLARA
216 | 217
A B C D E
INDOOR
HOSPITALIDADE
— Cenário de referência e classes sociais O esquema acima posiciona todos os cenários com
base em duas variáveis : a classe social de referência e o posicionamento em interior ou exterior (indoor
ou outdoor), dos produtos a serem fabricados. No esquema, é possivel observar que os cenários estão
concentrados nas classes A, B e C, enquanto as classes D e E não foram levadas em consideração, devido
a escolhas estratégicas, as quais foram baseadas em pesquisas sobre o poder de compra de cada grupo.
Dois cenários são posicionados na metade, entre linhas de interior ou exterior (indoor ou outdoor). Isto
indica a possibilidade de produzir uma linha mista, que visa a contemplar esses dois ambientes.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Posicionamento
CASA
EMBAIXO
DAS ÁRVORES
Móveis de classe para E
espaços externos
Acre no Salão do
OUTDOOR INDOOR
HOSPITALIDADE
CONTRACT
— Cenário de referência e destino de uso No diagrama acima, os cenários são posicionados com
relação a duas polaridades: indoor-outdoor e casa-contract. Contract, no mercado internacional, é todo o
setor de BtoB (Business to Business – negócio para negócio) e, portanto, são todos os setores de móveis, nos
quais o consumidor final não está envolvido diretamente na compra, tendo em seu lugar uma empresa
(por exemplo: móveis para escolas, para escritórios, para hotéis, para restaurantes, etc.). No esquema há
três cenários posicionados em ambientes precisos: casa-indoor, contract-indoor e casa-outdoor, enquanto
os outros três posicionam-se na metade, entre outdoor e indoor, porque as coleções podem oferecer
produtos em ambos os ambientes.
218 | 219
CANA
DE VE
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Canais de venda
AIS
ENDA
220 | 221
Canais de venda
Brasil
Canais de venda
Internacionais
Feiras Nacionais
2012
— Fevereiro Femur 2012, Ubá - MG House & Gift Fair, São Paulo - SP
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index.php Movinter, Mirassol - SP www.craftdesign.com.br/
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econtrosempresariais3/index.html www.esmovelshow.com.br
Femman. Gramado - RS Movelnorte, Imperatriz - MA Fesqua, São Paulo - SP
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