Aula 041666666477 PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 13

Custos Acessórios

Além dos custos diretos há outras fontes de despesa que são geralmente
incluídas nos orçamentos. Tais custos são acessórios porque complementam o
orçamento da obra, aparecendo perifericamente.
Os custos acessórios são:
→ Administração Central;
→ Imprevistos e Contingências;
→ Custo Financeiro.

A administração central é a estrutura necessária para a execução das


atividades de direção geral da empresa, incluindo as áreas administrativa, financeira,
contábil, técnica, de suprimento, etc.
O escritório central é apenas um gerador de despesas, sem ser propriamente
um gerador de receitas, são as obras que suportam as despesas da estrutura de
uma empresa e precisam embutir nos seus custos uma provisão de recursos para o
custeio deste. As obras rateiam os custos da matriz e remetem mensalmente uma
cota proporcional ao porte de cada contrato. O percentual do custo que as obras
rateiam entre si recebe o nome de taxa da administração central. Geralmente, a taxa
de administração central fica entre 2% e 5% do custo.
Um orçamento, por mais detalhado e criterioso que seja, é sempre
aproximado, pois é impossível preverem-se todas as casualidades de uma obra.
Na construção civil, onde os cenários, os objetos de trabalho e as
particularidades de metodologia variam de obra para obra, os fatores imprevistos
têm maior importância. Podem acarretar atrasos de cronograma, acréscimo de
custos diretos e indiretos, além de colocar em risco a sanidade financeira da
construção.
Em obras por preço global, os imprevistos e contingências devem ser mais
elevados do que em obras por preço unitário. Se a construtora for utilizar seguro de
obra (responsabilidade civil, risco de engenharia), o patamar de imprevistos é menor.
Normalmente, o percentual a ser incluído no orçamento fica na faixa de 1 a 3% dos
custos (diretos mais indiretos).

Valores sugeridos para imprevistos e contingências

Características da obra Contrato por Contrato por preço global


preço unitário

Obra simples e construtor experiente. 0,5% 1,0%

Obra normal e construtor experiente. 1,5% 2,5%

Obra complexa e construtor 3,0% 5,0%


experiente.

FONTE: SILVA, 2006.

Na maior parte dos contratos de construção, o construtor realiza os serviços


com seus próprios recursos, fecha a medição ao final do mês e só depois de alguns
dias é que recebe o pagamento.
A empresa que faz a obra gasta do seu bolso com material, mão de obra e
equipamento, e só recebe pelo serviço algum tempo depois (que pode variar de dias
até meses). Em última análise, é como se a empresa contratada funcionasse como
um banco, financiando a construção.
No caso de obras públicas, esta é a regra. Pelo fato de haver uma defasagem
entre o momento do desembolso e o momento do recebimento da medição, existe
inevitavelmente uma perda monetária. É o que se chama de custo financeiro. Se o
dinheiro empregado pelo construtor no financiamento da obra tivesse sido aplicado
no mercado financeiro (poupança, fundos de aplicação, ações, etc.), ele estaria
rendendo e representaria um ganho real. Essa "perda", ou melhor, esse ganho que o
construtor deixa de auferir precisa então ser contabilizado no custo indireto.
Ao incluir no orçamento o custo financeiro, não se está dando um benefício ou
regalia ou lucro ao construtor, senão apenas recompondo o poder de compra do
dinheiro com o qual ele financia a execução da obra. A única situação em que não
há a alocação de recursos próprios do construtor na obra é aquela em que a
contratante paga um sinal ou adiantamento. Neste caso, o construtor tem capital de
giro para tocar a obra e o custo financeiro é nulo. Não é prática das mais correntes,
pelo menos no setor público.

COMO CALCULAR PREÇOS DE VENDA

Após a realização do levantamento de todos os custos da obra, definindo o


percentual de lucro almejado e identificando todos os impostos com suas respectivas
alíquotas, o orçamentista está em condições de calcular o preço de venda da obra.
O preço de venda é o valor total ofertado pelo contrato, valor que engloba todos os
custos, o lucro e os impostos. É o valor final do orçamento. É com ele que a
construtora irá propor negócio à entidade contratante ou participar da licitação. A
passagem de custo para preço exige cuidados. Esta etapa está certamente entre as
maiores fontes de erro dos orçamentos.

O custo inclui:

→ Custos diretos;
→ Custos indiretos;
→ Custos acessórios – administração central, custo financeiro,
imprevistos e contingências.
O PREÇO DE VENDA EM FUNÇÃO DO CUSTO DIRETO

Para melhor entendimento, suponha que uma obra hipotética foi orçamentada
em R$ 100,00. A diretoria da empresa determinou que a margem de lucro almejada
é de 12% do preço de venda e o orçamentista verificou que os impostos na
localidade atingem o patamar de 8%. Um orçamentista incauto aplicaria as duas
taxas percentuais sobre os R$ 100, chegando a um preço de R$ 120. Isso está
errado, pois imposto e lucro foram calculados sobre o custo, quando deveriam ser
aplicados sobre a venda!
Ao aplicar a margem de lucro e os impostos sobre o custo, o orçamentista
distorceu o sentido dessas duas taxas, que devem incidir sobre o preço de venda,
que é o faturamento da empresa. É só fazer a verificação para constatar o erro do
orçamento:

Preço de venda (PV) = R$ 120,00


Impostos = 8% x R$ 120,00 = R$ 9,60

Lucro = 12% x R$ 120,00 = R$ 14,40


Sobram apenas R$ 96,00 para a realização da obra, porém o custo
orçado tinha sido de R$ 100,00.

O orçamento está errado!


Para obter o preço de venda correto, deve-se fazer a conta de trás para
frente, descontar os 12% da margem de lucro e 8% dos impostos, o valor que sobra
é exatamente o custo de R$ 100,00.
PV – (12% + 8%)PV = R$ 100,00
PV (1 – 0,12 – 0,08) = R$ 100,00

PV = 100 / (0,80) = R$ 125,00 (correto!)

Por meio dos cálculos, o preço de venda é suficiente:

Custo = R$ 100,00

Impostos = 8% x R$ 125,00 = R$ 10,00

Lucro = 12% x R$ 125,00 = R$ 15,00

Soma = R$ 125,00 = PV (correto!)

Um erro comum, que muitos orçamentistas cometem, é aplicar primeiro a


lucratividade e depois os impostos (ou vice-versa):

R$ 100,00 / (1 – 8%) = R$ 108,70

R$ 108,70 / 1 – 12%) = R$ 123,52 (errado!)

A explicação para esta questão, é que ao aplicar desta forma, os impostos


acabam por diminuir parte da margem de lucro prevista.
De forma a realizar um raciocínio lógico e cauteloso, leva-se à seguinte
equação em notação paramétrica (MATTOS, 2006).
𝐂𝐔𝐒𝐓𝐎
𝐏𝐕 =
𝟏 − 𝐢%

Onde,

PV = preço de venda (R$);


CUSTO = custo total (direto, indireto, administração central, custo financeiro,
imprevistos e contingências) (R$);
i% = somatória de todas as incidências sobre o preço de venda (%).

Não é correto aplicar os percentuais de lucratividade e impostos diretamente


sobre o custo, pois eles incidem sobre o preço de venda.
O correto é somar todos os custos e dividí-los por (1 - i%), sendo i% a
somatória de tudo que incide sobre o preço de venda.
Aplicar lucro e impostos separadamente, também altera o resultado, é preciso
somar ambos para compor a incidência total, ou seja, conforme a fórmula
apresentada, tudo que for custo deve ficar no numerador e tudo que incide sobre o
preço (faturamento) do contrato fica no denominador (MATTOS, 2006).
Exemplo:
Uma obra foi orçamentada em R$ 250.000,00 (custo total). Na localidade da
obra, os impostos atingem 7% e a margem de lucro desejada pelo construtor é de
8%. Calcular o preço de venda.
CUSTO = R$ 250.000,00
Impostos = 7%

Lucro = 8%

Incidência sobre o preço de venda = 15%

𝐂𝐔𝐒𝐓𝐎 𝟐𝟓𝟎.𝟎𝟎𝟎,𝟎𝟎
𝐏𝐕 = = = 𝟐𝟗𝟒. 𝟏𝟏𝟕, 𝟔𝟓
(𝟏−𝐢%) 𝟏−𝟎,𝟏𝟓

Verificação:
Custo = R$ 250.000,00

Impostos = 7% x 294.117,65 = R$ 20.588,24

Lucro = 8% x 294.117,65 = R$ 23.529,41

Soma = R$ 294.117,65 = PV

Exemplo de aplicação do BDI.


Em uma obra composta pelo mapa de trabalhos abaixo:

TABELA - CUSTO DIRETO

Serviço Unidade Quantidade Custo unitário (R$) Custo total (R$)

Escavação m3 10,0 10,00 1.000,00

Forma m2 70,0 20,00 1.400,00

Armação kg 500,0 5,00 2.500,00

Concreto m3 5,0 200,00 1.000,00

Total 5.000,00

A soma de R$ 5.000,00 corresponde ao total de custo direto para esta obra.


Falta acrescer o custo indireto, os custos acessórios (administração contratual, custo
financeiro, imprevistos e contingências), o lucro e os impostos. Para efeito de
exemplo de cálculo supondo que estes outros itens tenham os seguintes valores:

Custo indireto = R$ 500,00

Administração central = R$ 50,00

Imprevistos e contingências = R$ 50,00

Lucro = 10% sobre o faturamento

Impostos = 10% sobre o faturamento.

(𝟏−𝐢%) 𝟏−𝟎,𝟏𝟎−𝟎,𝟏𝟎

Para explicar este valor no Mapa de trabalhos da obra, deve-se de maneira lógica dividir o

preço de venda pelo custo direto e multiplicar este valor a todos os serviços, gerando um
multiplicador:
𝟕.𝟎𝟎𝟎

TABELA - PREÇO DE VENDA


Serviço Unidade Quantidade Custo unitário (R$) Custo total (R$)
(multiplicador x 1,40)

Escavação m3 10,0 14,00 140,00


Forma m2 70,0 28,00 1.960,00
Armação kg 500,0 7,00 3.500,00
Concreto m3 5,0 280,00 1.400,00
Total 7.000,00

FONTE: SILVA, 2006.

Em resumo, todos os custos não diretos foram diluídos sobre os custos


diretos. Todos os custos indiretos, acessórios, imprevistos, lucros e impostos foram
linearmente distribuídos sobre o custo direto dos serviços. Este multiplicador que no
caso do exemplo representou uma majoração de 40%, chama-se BDI (SILVA, 2006).
BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) é o fator a ser aplicado ao custo direto
para a obtenção do preço de venda, portanto:

PV = CD x (1 + BDI)

ou de forma inversa,

𝑷𝑽
BDI =𝑪𝑫−𝟏

PV = preço de venda
CD = custo direto

O BDI inclui:

→ Despesas indiretas de funcionamento da obra;


→ Custo da administração central (matriz);
→ Custos financeiros;
→ Custos imprevistos;
→ Impostos;
→ Lucro.

Em termos práticos, o BDI é o percentual que deve ser aplicado sobre o custo
direto dos itens do mapa de trabalhos da obra para se chegar ao preço de venda.
Por exemplo, se o custo direto de uma determinada obra foi orçado em R$
100,00, o custo indireto em R$ 20,00 e o lucro em R$ 10,00, o BDI é igual ao
quociente (20,00 + 10,00) / 100,00 = 30%. o preço final (preço de venda) será
100,00 x 1,30 = R$ 130,00, portanto o BDI é a majoração percentual que o preço de
venda representa sobre o custo direto.

CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA – SEQUÊNCIA DE OPERAÇÕES

Para o cálculo de preço de venda e BDI, pode-se utilizar a seguinte sequência


de operações (MATTOS, 2006):
PV = preço de venda (R$);

CUSTO = custo total (direto, indireto, administração central, custo financeiro,


imprevistos e contingências) (R$);
i% = somatória de todas as incidências sobre o preço de venda (%).

𝐏𝐕
𝐁𝐃𝐈 =
𝐂𝐃 − 𝟏

BDI = Benefícios e Despesas Indiretas (%) PV = preço de venda


CD = custo direto
Outra forma de calcular o BDI é transformar os custos em percentuais, tendo
a fórmula:

(𝟏+𝐂𝐈)𝐱(𝟏+𝐀𝐂+𝐂𝐅+𝐈𝐂)
BDI = −𝟏
𝟏−(𝐋𝐎+𝐈𝐌𝐏)
onde,

CI = Custo indireto (%) (sobre custo direto).

AC = Administração central (%) (sobre custos diretos e indiretos).


CF = Custos financeiros (%) (sobre custos diretos e indiretos).
IC = Imprevistos e contingências (%) (sobre custos diretos e indiretos).
LO = Lucro operacional (%) (sobre o preço de venda).
IMP = Impostos (%) (sobre o preço de venda).

Considerações sobre BDI

Várias são as conclusões a que se chega sobre BDI (SILVA, 2006):

Nem toda obra tem o mesmo BDI.

Por depender diretamente da composição dos custos indiretos, administração


central, custo financeiro, imprevistos e contingências, lucro e impostos, cada obra
terá o seu próprio BDI. Não se pode querer que todas as obras de uma mesma
empresa apresentem o mesmo percentual.
Mudando as condições, muda o BDI. Por isso, recrimina-se a prática que
algumas construtoras têm de utilizar um "BDI padrão" da empresa para qualquer
orçamento. Esta simplificação na prática só teria algum cabimento se aconstrutora
só fizesse o mesmo tipo de obra e sob as mesmas circunstâncias, o que nem
sempre é possível. Para cada obra, o orçamentista tem que calcular o seu
respectivo BDI.
No cálculo do BDI só entram os impostos que incidem sobre o faturamento
(preço de venda).

Na construção há uma grande quantidade de impostos, mas só integram o


cálculo do BDI aqueles que incidem sobre a fatura ou preço de venda: COFINS, PIS,
CPMF, ISSQN e, no caso de regime de tributação por Lucro Presumido, o IRPJ e a
CSLL. Outros impostos e encargos, tais como IPI, ICMS, FGTS e INSS não deixam
de ser computados. O que acontece é que eles são computados em outro lugar: uns
são integrantes do custo de material, outros compõem a extensa massa de encargos
sociais e trabalhistas.

O BDI não tem limite superior.


O BDI pode assumir qualquer valor positivo, inclusive acima de 100%. Sendo
o BDI um quociente entre as parcelas que precisam ser diluídas e o custo direto,
nada impede que o BDI atinja valores muito altos. Supondo uma obra em que uma
empresa precise construir uma casa popular a milhares de quilômetros de sua sede.

O custo indireto será tão alto em comparação com o custo direto - certamente
maior, que a razão indireto/direto será superior a 1, gerando um BDI maior do que
100%.

Em uma concorrência, duas empresas proponentes não necessariamente


chegam ao mesmo BDI.
Considerando que cada empresa tem suas peculiaridades de arranjo e
sofisticação de canteiro, formação de equipe, política salarial, margem de lucro e
estipulação de riscos e imprevistos, é virtualmente improvável que duas construtoras
cheguem a um mesmo BDI para uma mesma obra. Aliás, é basicamente pelo BDI
que as propostas se diferenciam entre si.

CÁLCULO DE CUSTOS DIRETOS DE TAREFAS

FÓRMULA DOS CUSTOS COMPOSTOS

A formação dos custos compostos do orçamento é realizada por meio do


estabelecimento dos custos necessários para a execução de um determinado
serviço ou atividade de acordo com certos requisitos.
As categorias de custos compostos envolvidas em um serviço são (MATTOS,
2006):
Custos de mão de obra
A mão de obra é um dos principais custos compostos de uma obra porque é o
elemento racional de uma obra e de suas ações e decisões depende em grande
parte o sucesso do empreendimento. Este custo tem influência em todas as partes
de um projeto de construção civil e é o responsável por dar forma aos serviços. É o
trabalho humano que, em última análise, gera o produto final. A importância da
estimativa correta deste custo para uma obra pode representar em algumas
ocasiões até 60% de seu custo global.

Custos de materiais
Os materiais entram na maioria absoluta das atividades de uma obra,
representando, muitas vezes, mais da metade do custo unitário de cada serviço. A
cotação de preço dos materiais é uma tarefa que requer cuidado, porque tem
algumas particularidades que o orçamentista deve levar em consideração. São
variadas as formas nas quais os fornecedores dão seus preços, assim como nem
sempre as cotações obtidas, referem-se ao mesmo escopo de aplicação.

Custos de equipamentos
De acordo com o porte da obra, os equipamentos podem representar grande
parcela do custo de um serviço. Os equipamentos geram diversos custos de:
aquisição, operação, manutenção, seguros, taxas, etc.

Você também pode gostar