Artigo Poled. Ma. Luiza Rodrigues - Gwerson Santos PDF

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CRISE DA DEMOCRACIA, JUSTIÇA SOCIAL E O NOVO PLANO

NACIONAL DE EDUCAÇÃO: DIÁLOGOS COM NANCY FRASER


Maria Luiza Rodrigues Flores
Gwerson Gley dos Santos
RESUMO
O trabalho tem como quadro histórico a crise estrutural do capitalismo no espaço-mundo e
suas repercussões no Brasil, principalmente, a partir da crise democrática iniciada em 2013 e
radicalizada, em 2018, com a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República. O ensaio
tem o objetivo de evidenciar limites e possibilidades em relação ao fortalecimento da
democracia no país desde o campo das políticas educacionais, em um futuro próximo. Para
tanto, partimos de uma aproximação entre os construtos de Nancy Fraser sobre justiça social e
o conteúdo da Carta de Natal, produto coletivo da Plenária Final da II Conferência Nacional
Popular de Educação de 2022. Desde uma abordagem metodológica qualitativa, recorremos à
revisão bibliográfica e à análise documental. As análises realizadas apontam que o conceito
de justiça social nos termos fraserianos encontra materialidade no conjunto do documento, o
qual articula as dimensões redistributiva, de reconhecimento e de representação,
apresentando-se como importante pressuposto para embasar o novo Plano Nacional de
Educação em uma perspectiva democrática e emancipadora; porém, dada à correlação de
forças presente, já desde o contexto de transição política, é necessário reconhecer os desafios
postos para a efetivação dos avanços previstos.
Palavras-chave: Plano Nacional de Educação. Justiça Social. Nancy Fraser. Conferência
Nacional Popular de Educação. Democracia.

ABSTRACT
The work has as its historical framework the structural crisis of capitalism in the world-space
and its repercussions in Brazil, mainly from the democratic crisis that began in 2013 and
radicalized in 2018, with the election of Jair Bolsonaro to the Presidency of the Republic. The
essay aims to highlight limits and possibilities regarding the strengthening of democracy in
the country from the field of educational policies, in the near future. We start from an
approximation between Nancy Fraser's constructs on social justice and the content of the
Natal Letter, a collective product of the Final Plenary of the 2022 II National Popular
Conference on Education. The analyzes point out that the concept of social justice in Fraser’s
terms finds materiality in the document as a whole, which articulates the redistributive,
recognition and representation dimensions, presenting itself as an important assumption to
base the new National Education Plan in a democratic perspective and emancipatory;
however, given the current correlation of forces, already from the context of political
transition, it is necessary to recognize the challenges posed for the realization of the foreseen
advances.
Keywords: National Education Plan. Social justice. Nancy Fraser. National People's
Education Conference. Democracy.

INTRODUÇÃO
Em 2018, Levitsky e Ziblatt publicaram trabalho de repercussão internacional,
tematizando sobre o colapso das democracias, incluindo-se aquelas vistas como tradicionais,
tais como a dos Estados Unidos e a da Inglaterra. Crescente entre a década de 80 do século
passado e os anos de 2010, o número de Estados democráticos passou a decrescer em
continentes como a África, a Ásia e no Leste Europeu. Mais recentemente, em 2016, a eleição
de Donald Trump nos Estados Unidos pôs o mundo em alerta acerca de um processo em
curso, em diferentes países, no qual “[...] regimes democráticos tradicionais e consolidados
são enfraquecidos de modo ‘legal’, por dentro [...].” (NICOLAU, 2018, s/p.)
Preocupados com o caso norte-americano, Levitsky e Ziblatt (2018) identificaram
características comuns em países onde as democracias se encontram fragilizadas, tais como a
polarização entre políticos, que se tornam inimigos, estratégias de intimidação à imprensa
livre e ameaças de rejeição ao resultado de eleições: “Eles tentam enfraquecer as salvaguardas
institucionais de nossa democracia, incluindo tribunais, serviços de inteligência, escritórios e
comissões de ética.” (LEVITSKY; ZIBLATT, 2018, p. 9). Diferentemente da estratégia até
então comum de colapsar uma democracia a partir de um golpe militar, o mundo tem
acompanhado a fragilização de algumas democracias “desde dentro”.
Desde 2013, pode-se afirmar que o Brasil tem vivido tempos turbulentos para sua
democracia, e a partir do Golpe jurídico-midiático-parlamentar de 2016, que destituiu a
Presidente Dilma Rousseff, a situação só tem se agravado. A asfixia do Plano Nacional de
Educação (PNE 2014-2024), causada pela ausência de destinação dos recursos públicos
necessários à efetivação de suas metas, pela falta de articulação política em torno de um
Sistema Nacional Articulado de Educação e pelo esvaziamento do Fórum Nacional de
Educação, seu guardião, iniciativas efetivadas desde o governo de Michel Temer (2016-
2018), contribuiu diretamente para o processo de desdemocratização no que tange às políticas
educacionais.
As forças democráticas da sociedade brasileira operaram um esforço de resistência
ativa (SAVIANI, 2018) em defesa do Plano Nacional de Educação (PNE), documento
entendido como ‘epicentro das políticas públicas educacionais’ (CONAPE, 2022), criando o
Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE), que organizou a I Conferência Nacional
Popular de Educação (CONAPE) em 2018.
Agravando a crise da democracia no país, a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da
República, em 2018, representou um “suicídio democrático” (SAVIANI, 2018), o qual,
durante os últimos quatro anos, se caracterizou pela redução de direitos sociais da classe
trabalhadora (WOOD, 2011), implicando em um amplo processo de desdemocratização
(DARDOT; LAVAL, 2019) marcado pelo questionamento constante às instituições
democráticas.
Ao longo da crise sanitária, política e econômica causada pela COVID-19, que
provocou a morte de mais de 689 mil brasileiros1, os ataques à democracia ganharam ares de
barbárie, alcançando corrosivamente as políticas sociais e repercutindo de maneira forte nas
políticas educacionais, em consequência dos cortes de recursos e da ausência de uma
coordenação nacional das políticas para o campo, tanto durante o isolamento social quanto
após o retorno à presencialidade.
O presente trabalho se soma no esforço coletivo de parte da sociedade brasileira de
operar uma resistência ativa aos desmontes na educação, buscando fortalecer a importância
estratégica do PNE como instrumento central para a efetivação das políticas educacionais no
Brasil (DOURADO, 2017). A partir de uma perspectiva crítica e assumindo como referencial
teórico as contribuições de Nancy Fraser sobre o conceito de justiça social (2006; 2009;
2022), o objetivo do texto foi evidenciar limites e possibilidades em relação às aproximações
entre os construtos da autora, a Carta de Natal e o atendimento às demandas para as políticas
educacionais presentes na sociedade brasileira. Essa Carta consiste no documento produzido
na II Conferência Nacional Popular de Educação (CONAPE, 2022), realizada em Natal, no
Rio Grande do Norte, entre os dias 15 e 17 de julho de 2022. O referido documento apresenta
35 pontos como subsídio ao novo PNE, visando orientar uma retomada democrática no campo
educacional.
Trata-se de um ensaio apoiado em uma abordagem qualitativa (FLICK, 2009),
aprofundando a análise sobre uma questão social relevante para o contexto atual do país, que
se encontra em processo de transição no nível do Governo Federal, após a eleição de Luiz
Inácio Lula da Silva para a Presidência no período 2023-2026. A fim de atingir os objetivos,
adotou-se como metodologia a revisão bibliográfica sobre o contexto político atual e sobre o
papel do PNE como documento central da política pública e procedeu-se à análise documental
na perspectiva de que documento é história: “Não é possível qualquer investigação que passe
ao largo dos projetos históricos que expressa.” (EVANGELISTA, 2012, p. 55).
Para a análise da Carta de Natal, fruto do debate coletivo da II CONAPE, focamos em
conceitos, conteúdos e discursos presentes no documento, buscando compreender a política
proposta no contexto do seu tempo histórico. Sendo assim, apoiados nessa perspectiva,
entendemos o texto da política como “[...] um objeto a ser trabalhado pelo pesquisador para
produzir sentido.” (SHIROMA; CAMPOS; GARCIA, 2005, p. 427).

1
A pandemia da COVID-19, causada pelo Coronavírus, foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), em 11 de março de 2020, como “Emergência em Saúde Pública de importância internacional”. Os dados
sobre mortes provocadas pelo Coronavírus aqui apresentados foram atualizados na última semana de novembro.
Disponível em: https://covid.saude.gov.br/
O trabalho está estruturado em duas seções, além da introdução e das considerações
finais. A seção intitulada “Crise da Democracia e resistência ativa em defesa do PNE” resgata
o quadro histórico do Golpe de 2016 e suas implicações para o processo de
desdemocratização do país, destacando o empenho das forças democráticas na apresentação
de caminhos superadores da crise brasileira, especialmente, no campo da educação.
Colocando o PNE como epicentro da política pública educacional, a seção apresenta esse
documento como expressão concreta da luta pela (re)democratização educacional no país.
Na seção “A Justiça Social em Nancy Fraser e o novo PNE”, são desenvolvidas as
dimensões centrais que estruturam a concepção da autora sobre a problemática da justiça
social, e empreendidas análises sobre as aproximações entre o conceito de justiça social e o
conteúdo da Carta de Natal. Os resultados do estudo evidenciam que as dimensões de
redistribuição e reconhecimento, as quais sustentam o conceito de justiça social em Fraser
encontram-se presentes no documento analisado, ambas animadas pela exigência de
participação social (dimensão política).

CRISE DA DEMOCRACIA E RESISTÊNCIA ATIVA EM DEFESA DO PNE


Em tempos neoliberais marcados pela crise estrutural do capitalismo (MÉSZÁROS,
2011), o obscurantismo beligerante (DUARTE; MAZZEU; DUARTE, 2020) campeia pelo
mundo e, em especial, pelo Brasil, desde o Golpe de 2016, ganhando feições de radicalidade
em 2018. Tal análise é compartilhada por Saviani (2018), ao afirmar que o momento atual do
país se dá a partir de dois eixos explicativos, sendo um deles de caráter global, o qual,

[...] tem a ver com a fase atual do capitalismo, que entrou em profunda crise de
caráter estrutural, situação em que a classe dominante, não podendo se impor
racionalmente, precisa recorrer a mecanismos de coerção, combinados com
iniciativas de persuasão que envolvem o uso maciço dos meios de comunicação e a
investida no campo da educação escolar, tratada como mercadoria e transformada
em instrumento de doutrinação. O segundo componente tem a ver com a
especificidade da formação social brasileira, marcada pela persistência de sua
classe dominante, sempre resistente em incorporar a população, temendo a
participação das massas nas
decisões políticas. É essa classe dominante que, agora, no contexto da crise
estrutural do capitalismo, dá vazão ao seu ódio de classe, mobilizando uma direita
raivosa que se manifesta nos meios de comunicação convencionais, nas redes
sociais e nas ruas. (SAVIANI, 2018, p. 781-782, grifos nossos)

O Brasil, nesse sentido, embora esteja inserido em uma crise estrutural de natureza
global, apresenta características particulares, muito em razão da sua formação social de base
escravocrata, patriarcal e elitista vinculada a um capitalismo tardio e dependente (SOUSA,
2019). A ascensão de Michel Temer à Presidência da República, em 2016, expressa esses
interesses históricos vinculados a uma elite do atraso (SOUSA, 2019), uma vez que sua gestão
representou processos de desdemocratização de direitos sociais recém-conquistados,
marcadamente com a aprovação da Emenda Constitucional nº 95/2016 (EC), conhecida como
proposta do Teto dos Gastos. A aprovação dessa EC deu impulso a uma agenda austericida,
sorvedora de direitos sociais fundamentais, repercutindo fortemente na educação pública.
Como exemplo dessa agenda austericida, trazemos, ainda, a Emenda Constitucional 109/2021
e a Reforma Trabalhista promovida pela Lei n.º 13.467/17, ambas igualmente danosas à
efetivação dos direitos sociais básicos, conforme denuncia a Campanha Nacional pelo Direito
à Educação (CNDE, 2021).

Após as eleições de 2018 e, em especial, no contexto pandêmico, os movimentos de


retrocesso negligenciaram o direito à vida, resultando em prejuízos à gestão articulada da
oferta educacional entre os entes federados, implicando no alargamento das desigualdades
sociais e educacionais, fustigando ainda mais as chagas históricas de corte de classe, raça e
gênero (CNDE, 2021).
No campo da educação, entre outros exemplos, a desdemocratização se materializou
na destituição de representantes de entidades do movimento educacional que, até então,
tinham assento no Fórum Nacional de Educação (FNE), como destaca Araújo (2022),
implicando na redução da participação popular e no fortalecimento de uma agenda
educacional de conteúdo neoliberal-conservadora.
O desmonte do FNE, guardião do PNE, comprometeu a agenda de realização das
Conferências Nacionais de Educação (CONAEs), impulsionando a organização da sociedade
para a resistência e a transformação, a partir da criação do Fórum Nacional Popular de
Educação (FNPE), que organizou as CONAPEs de 2018 e de 2022 sem apoio do Governo
Federal.
Entendemos que esse movimento de resistência que se move em função da
transformação social é o que Saviani (2018) qualifica de resistência ativa, a qual implica,
segundo o autor, em dois requisitos: “[...] que seja coletiva, pois as resistências individuais
não têm força para se contrapor ao poder dominante exercido pelo governo ilegítimo e
antipopular [..]” e que também seja “[...] propositiva, isto é, capaz de apresentar alternativas
às medidas do governo e de seus asseclas.” (SAVIANI, 2018, p. 785). No âmbito deste artigo,
defendemos que estes traços de resistência podem ser identificados como característicos do
FNPE e das duas CONAPEs realizadas.
Azevedo (2004) afirma que, enfrentar o debate da educação como política pública
exige compreendê-la no seu contexto mais amplo, pertencente ao campo teórico-analítico
próprio das políticas públicas, materializado na intervenção do Estado, ou em outros termos,
no Estado em ação, revelando as relações de poder, conflitos e contradições que
consubstanciam a sociedade e o próprio Estado, guardadas as particularidades fruto da sua
historicidade, da sua cultura e de suas crenças e valores. A autora aponta que a dimensão
relativa à memória social tem valor importante para a formulação, implementação e
monitoramento das políticas públicas educacionais no Brasil, dada a estrutura secular de um
passado marcado por 388 anos de escravidão e de uma liberdade sem asas que, articulados
com valores patriarcais, alcançam com força o tempo presente e dão ao capitalismo e ao
Estado brasileiro, no período pós-Golpe, uma feição de barbárie institucionalizada.
Nesse sentido, o PNE, como documento da política estatal para a educação, criado por
lei e cuja vigência é prevista para um período decenal, precisa ser analisado como documento
que expressa em seu conteúdo disputas societárias distintas e conflitantes de seu tempo. No
caso específico do atual PNE (2014-2024), com a maioria das suas metas, submetas e
estratégias não cumpridas ou cumpridas parcialmente e, mesmo, em alguns casos, em pleno
retrocesso (CNDE, 2022), é necessário compreender os resultados do monitoramento de sua
implementação como expressão dessas correlações de forças do tempo presente.
De todas as metas, a Meta 20 chama nossa atenção por ser a meta financiadora da
maioria dos compromissos acordados nas outras 19 metas do PNE 2014-2024 e, como
defende a Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, essa meta é instrumental para
entender o estado de descumprimento do PNE atual: “Para 2019, o PNE previa uma
destinação de 7% do PIB para a educação, o que dificilmente terá sido atingido, já que os
gastos estiveram em torno de 5% de 2015 a 2017, tendo uma queda ao invés de subir.”
(CNDE, 2022, p. 28). Segundo o Balanço do PNE publicado pela Campanha Nacional Pelo
Direito à Educação, ainda que, para 2024, tenha sido determinado como meta 10% do PIB, a
tendência observada nos últimos anos aponta para o não cumprimento da meta. Além disso,
há desafios na implementação do Custo Aluno Qualidade (CAQ), mecanismo que vincula o
financiamento a parâmetros de qualidade para a educação básica, pois os insumos básicos
ainda não foram regulamentados.
É necessário insistir na tese de que não se trata de erro de percurso ou falha na
execução da política educacional, muito pelo contrário, a política de descontinuidade na
execução do PNE 2014-2024, assim como a precarização do conjunto das políticas públicas
atingindo os grupos mais vulneráveis da sociedade é, ela própria, resultado das correlações de
forças em luta no atual contexto histórico. Portanto, não se trata de uma crise enquanto
resultado de erros, mas de crise enquanto projeto político (CNDE, 2021).
Nesse sentido, a defesa do PNE como eixo estruturante das políticas educacionais
visando ao fortalecimento do Estado Democrático de Direito, ao longo dos últimos seis anos,
como realizado pelo FNE em articulação com as instituições da sociedade civil que o
compõem, torna-se relevante como resistência ativa no contexto histórico recente do país.

A JUSTIÇA SOCIAL EM NANCY FRASER E O NOVO PNE


Neste tópico faremos uma breve apresentação de Nancy Fraser, para em seguida,
apresentar as ideias centrais que estruturam sua concepção de justiça social, destacando as três
dimensões que substantivam este conceito (redistribuição, reconhecimento e representação).
Na sequência, faremos o uso do conceito de justiça social para analisar o documento
intitulado Carta de Natal, expressão da resistência ativa das forças democráticas ao pós-Golpe
de 2016 no campo da política educacional brasileira.
Nascida no ano de 1947, em Baltimore, Estados Unidos, a feminista e acadêmica
radical Nancy Fraser se apresenta “[...]uma intelectual crítica politicamente engajada que se
mantém atenta aos debates teóricos e às práticas políticas possíveis e existentes, com o
objetivo emancipatório de aclarar as lutas e os desejos de uma época (BRESSIANI, 2020, p.
77, grifo nosso)
Em sua trajetória de ativismo e de produção intelectual, Fraser desenvolveu profícua
contribuição ao debate sobre a temática do “[...] capitalismo, reconhecimento, políticas
afirmativas, democracia, justiça e feminismo nos Estados Unidos” (BRESSIANI, 2020, p.77).
Esta abreviada apresentação, nos indica alguns elementos importantes para as nossas
reflexões a seguir. O primeiro, diz respeito ao contexto socioespacial em que a autora está
inserida, os Estados Unidos da América, o que requer alguns cuidados para a não transposição
mecânica de suas ideias a realidades como a do Brasil. O segundo elemento a destacar é sua
filiação à corrente do pensamento crítico, o que indica que os temas nos quais se debruça vão
ter sempre um horizonte de emancipação humana, portanto, de superação do capitalismo
(FRASER, 2019), à medida que, proclama a autora,
[...] uma economia organizada para acumulação máxima de mais valia e sua
apropriação privada na forma do capital é essencialmente programada para destruir a
natureza, esgotar as energias das comunidades, das famílias e das mulheres sem
restituí-las; para destruir o poder público do qual, ao mesmo tempo, ela depende
(FRASER, 2020, s/p).
Acreditamos serem fundamentais essas considerações iniciais para não localizarmos
Fraser no campo das teóricas e teóricos que buscam apenas soluções reformistas dentro da
institucionalidade do capitalismo. Embora estas lutas tenham seu devido lugar de importância
tática, os problemas aos quais a autora se dedica a estudar e a apontar alternativas estão postos
a serviço de transformações mais profundas na sociedade, como é o caso do tema da justiça
social, o qual subsidiará de nossas análises no presente trabalho.
O percurso teórico-conceitual de Fraser no que tange à apreensão do problema da
justiça social se deu num processo de amadurecimento, tendo como ponto de partida o modelo
bidimensional de justiça, articulando a dimensão da redistribuição e do reconhecimento como
faces de uma mesma problemática:

[...] cuando postulamos un tipo de división social situado en el médio del espectro
conceptual, encontramos una forma híbrida que combina características de la classe
explotada con otras de la sexualidade despreciada. Llamaré “bidimensionales” a
estas divisiones. Arraigadas al mismo tiempo en la estructura económica y en orden
de estatus de la sociedad, implican injusticias que pueden atribuirse a ambas as
realidades. Los grupos bidimencionalmente subordinados padecen tanto una mala
distribuición como un reconocimiento erróneo en formas en las que ninguna de estas
injusticias es un efecto de la outra, sino que ambas son primarias y cooriginales. Por
tanto, en su caso, no basta ni una política de redistribuición ni una de
reconocimiento solas. Los grupos bidimensionalmente necessitan ambas.
(FRASER, 2006, p.20, grifos nosso)

Nessa primeira fase de reflexão, a pensadora oferece importante contribuição ao


debate sobre a questão da justiça social, ao apontar a falsa oposição entre os dois paradigmas
vigentes sobre o tema, chamados de Teorias Unidimensionais de Justiça, porque se
estruturavam em uma única dimensão (redistribuição ou reconhecimento). Para Fraser (2006),
a justiça social deveria ser constituída tanto da dimensão econômica do problema
(redistribuição) como da dimensão cultural (reconhecimento), formando uma importante
unidade que incidiria sobre sujeitos e grupos de sujeitos que, na prática, são integrais e plenos;
em outras palavras, não só são sujeitos econômico-sociais, mas, também, são sujeitos
culturais. Portanto, trabalhar apenas um dos aspectos, significaria mutilar a justiça social e,
em última instância, os seus próprios destinatários em sua condição de classe e, também, em
suas múltiplas identidades culturais.
Contudo, numa segunda fase de reflexão teórico-prática, Fraser vai constatar a
carência de mais uma dimensão em seu modelo teórico de justiça social; por essa razão,
passando a ser caracterizado como modelo tridimensional, pois além das dimensões
preexistentes, também ganha igual atenção a noção de representação (dimensão política):
Distribuição e reconhecimento pareciam constituir as únicas dimensões da justiça
apenas enquanto o enquadramento Keynesiano-Westfaliano2 era tomado como
pressuposto. Uma vez que a questão do enquadramento se torna sujeita à
contestação, o efeito disso é tornar visível uma terceira dimensão da justiça, que foi
negligenciada em meu trabalho anterior – bem como no trabalho de muitos outros
filósofos (FRASER, 2009, p. 18).

A terceira dimensão de justiça que Fraser vai advogar é a dimensão do político ou de


representação que, em seu sentido específico, esclarece ela, “[...] diz respeito à natureza da
jurisdição do Estado e das regras de decisão pelas quais ele estrutura as disputas sociais.”
(FRASER, 2009, p. 19). E arremata a pensadora: “O político, nesse sentido, fornece o palco
em que as lutas por distribuição e reconhecimento são conduzidas.”, estando associado ao
olhar da representação e pertencimento social (FRASER, 2009, p. 19, grifo nosso).
Como podemos observar nessa sucinta exposição, houve um salto qualitativo na
elaboração teórica de Fraser sobre a justiça social, partindo de uma perspectiva bidimensional
de justiça para uma abordagem tridimensional, na qual, além das dimensões econômicas
(redistributiva) e culturais (reconhecimento), é acrescida a dimensão da representação
(política).
Considerando, então, a Teoria Tridimensional de Justiça, para iniciar um diálogo com
o documento da política educacional por nós escolhido, propomos as seguintes questões:
quais são as aproximações possíveis entre o pensamento de Fraser sobre justiça social e o
conteúdo da Carta de Natal? Como os aportes de Fraser acerca da justiça social podem
contribuir para pensarmos um novo PNE como documento da política pública educacional em
consonância com a realidade brasileira e com as necessidades postas no momento atual?
Considerando as três dimensões constitutivas da concepção fraseriana de justiça
social, a redistribuição, o reconhecimento e a representação, passamos a enfrentar a primeira
questão operando aproximações entre esta última dimensão e o documento final da plenária
da CONAPE 2022, para, em seguida, tratar dos aspectos da redistribuição e reconhecimento.
A dimensão política ou de representação merece especial atenção por ser o elemento
que põe em movimento as duas outras dimensões. Embora consideremos a relevância da
situação política do país que levou à produção da Carta de Natal, focaremos nossa análise no
próprio documento, já que ele mesmo reflete e sintetiza a resistência ativa de parte da
sociedade brasileira aos desmontes no campo da educação. Essa dimensão está diretamente
expressa em cinco itens do documento, mais precisamente nos itens 7, 8, 14, 17 e 18,

2
Segundo Fraser (2009, p.12): “A expressão “enquadramento Keynesiano-Westfaliano” tem o propósito de
assinalar os fundamentos nacionais-territoriais das disputas em torno da justiça no auge do Estado de bem-estar
democrático do pós-guerra, entre os anos 1945 e 1970”.
articulando escalas, níveis e espaços distintos de participação política. Destacamos o item 7,
que defende o monitoramento e consolidação do PNE, “[...] à luz das deliberações das
CONAEs de 2010 e de 2014, e das CONAPEs de 2018 e 2022, como epicentro das políticas
públicas educacionais, instrumento fundamental de articulação do SNE (CARTA DE
NATAL, 2022, p.1).
O item 7 faz importante referência a dois processos de participação democrática
anteriores ao Golpe de 2016, começando pelas conferências nacionais de educação de 2010 e
2014, que deram sustentação ao texto do atual PNE (2014-2024), aprovado sem vetos pela
Presidenta Dilma Rousseff. Em seguida, o texto traz as conferências nacionais populares de
educação realizadas no contexto pós-Golpe de 2016, portanto, fruto da resistência ativa de
parcela representativa da sociedade brasileira, encarnando o espírito do tempo presente que
reclama participação popular democrática nos rumos do país.
Este item estabelece importante aproximação com as formulações de Fraser sobre os
dois níveis da representação ou da dimensão política:

O que está em jogo aqui é a inclusão ou a exclusão da comunidade formada por


aqueles legitimados a fazer reivindicações recíprocas de justiça. Em outro nível,
pertinente ao aspecto da regra decisória, a representação diz respeito aos
procedimentos que estruturam os processos públicos de contestação. Aqui, o que
está em questão são os termos nos quais aqueles incluídos na comunidade política
expressam suas reivindicações e decidem suas disputas (FRASER, 2009, p. 20).

Podemos inferir que o Golpe de 2016, nos termos fraserianos, imprimiu nas políticas
públicas em geral e, em particular, nas políticas educacionais, o que ela chama de falsa
representação “[...] à medida que as regras de decisão política equivocadamente negam
a alguns dos incluídos a chance de participar plenamente, como pares, a injustiça é o que eu
chamo de falsa representação política-comum” (FRASER, 2009, p. 21, grifo da autora). É o
que ocorreu com o FNE e com o CONAE, a partir dos seus respectivos esvaziamentos
iniciados imediatamente ao Golpe em 2016 a partir da Portaria n.º 577/17, do Ministério da
Educação (MEC), que retira os movimentos sociais mais críticos do FNE (ARAÚJO, 2022).
No que diz respeito à dimensão da redistribuição, podemos constatá-la em vários
pontos da Carta de Natal; aqui, destacaremos os cinco primeiros itens do documento:

1. revogação da Emenda Constitucional n.º 95/2016 e, portanto, pelo fim do


congelamento de recursos primários associados ao Poder Executivo e pela retomada
dos investimentos na educação e em áreas sociais, com a flexibilização da Lei de
Responsabilidade Fiscal;

2. revogação da privatização, ocorrida na Petrobrás, Eletrobrás, patrimônios naturais


e públicos do povo brasileiro, e pelo resgate dos 75% e dos recursos dos 50% dos
royalties do petróleo e do Fundo Social do Pré-Sal para o financiamento da
educação pública estatal, de gestão pública;

3. efetivação de uma reforma tributária fortemente redistributiva e pela


implementação da taxação das grandes fortunas;

4. auditoria da dívida pública e revogação das demais medidas de ajuste e renúncia


fiscal que fragilizam as políticas sociais, principalmente na área educacional, social
e da saúde;

5. suspensão da tramitação das PECs 13 e 32 e de quaisquer medidas similares que


tenham a intenção de estabelecer o fim das vinculações mínimas obrigatórias de
recursos, privatizando, terceirizando e retirando direitos dos servidores públicos e,
ainda, por uma regulamentação de ICMS que não retire recursos da área da
educação e das demais políticas setoriais garantidoras de direitos; [...] (CONAPE,
2022, p. 1, grifos nossos)

Nos cincos primeiro itens da Carta de Natal, é possível fazer aproximações ao sentido
‘redistributivo’ presente no conceito fraseriano de justiça social, tendo em vista que todos os
itens são atravessados pela ideia de repartição da riqueza coletivamente produzida pelo
conjunto da sociedade. Entre as proposições, destacamos o item 3, onde se encontra a defesa
de “[...] uma reforma tributária fortemente redistributiva e pela taxação das grandes fortunas”.
Quando analisada a dimensão de “reconhecimento”, também encontramos
aproximações importantes, especialmente, nos itens 23, 24, 26 e 27 da Carta. Vejamos como
exemplo, o item 23:

[...] eliminação da pobreza, da miséria, do racismo, do sexismo, da


LGBTQIA+fobia, da xenofobia, do capacitismo e todo e qualquer tipo de
discriminação, preconceito, violência, intolerância e violação de direitos que devem
ser entendidos/as como injustiças sociais a serem superadas, com políticas de Estado
e com a afirmação do papel da sociedade civil e da justiça civil em uma perspectiva
inclusiva e democrática como fundamental para a resolução da tensão entre
diversidade e desigualdade; (CONAPE, 2022, p. 3, grifos nossos)

O item 23 chama a atenção por promover em sua formulação uma importante


aproximação à teoria da tridimensionalidade de justiça social em Fraser, pois articula os
aspectos da eliminação da pobreza e da miséria (dimensão redistributiva ou objetiva), a
igualmente importante necessidade de eliminação de todo “[...] e qualquer tipo de
discriminação, preconceito, violência, intolerância e violação de direitos, que devem ser
entendidos/as como injustiças sociais a serem superadas com políticas de Estado”. Este item
dialoga, ainda, com a dimensão de reconhecimento, também chamada de intersubjetiva.
Ainda, na formulação do item 23, é possível inferir aproximações com a ideia de
representação defendida por Fraser com a “[...] afirmação do papel da sociedade civil e da
justiça civil em uma perspectiva inclusiva e democrática como fundamental para a resolução
da tensão entre diversidade e desigualdade” (CONAPE, 2022, p. 3).

No item 24, há elementos para um diálogo com a dimensão de reconhecimento ou de


respeito às identidades culturais, quando é defendida a importância do fortalecimento da
educação em suas diferentes modalidades: “[...] do/no campo, educação quilombola, educação
especial, educação escolar indígena, educação com pessoas em situação de itinerância,
educação de jovens, adultos e idosos, educação de pessoas LGBTQIA+, educação nas prisões
e educação para adolescentes submetidos a medidas socioeducativas; [...].” (CONAPE, 2022,
p. 3).
Desenvolvida a primeira de nossas questões, passemos agora a segunda: Como os
aportes de Fraser acerca da justiça social podem contribuir para pensarmos um novo Plano
Nacional de Educação como documento da política pública educacional em consonância com
a realidade brasileira e com o momento atual?
A despeito de Nancy Fraser ser uma teórica que fala a partir da realidade
estadunidense, com parte de sua produção teórica vinculada aos anos 90, em nossa avaliação,
os aportes teóricos fraserianos sobre o tema de justiça social apresentam balizas potentes para
orientar o campo das políticas sociais, especialmente, no campo das políticas educacionais,
dados os marcadores que historicamente estruturam a sociedade capitalista brasileira, fundada
no racismo, no patriarcado, amalgamados a uma elite política e econômica dominante
atrasada (SOUSA, 2019).
A caracterização do cenário mundial vivido desde a década de 90 do século passado,
estendendo-se ao contemporâneo, é nominada pela autora (2022) de "condição pós-
socialista", a partir de três marcadores: (1) a ausência de uma visão progressista que mereça
crédito como alternativa ao contexto recente; (2) o fortalecimento de movimentos
reivindicatórios em torno de pautas identitárias, fragilizando o debate sobre as demandas com
foco no social; e (3) o agravamento das políticas de caráter ultra neoliberal no campo das
políticas de Estado.
Ainda que o documento Carta de Natal sistematize, sob a forma de uma
agenda, aspectos necessários para o avanço das políticas educacionais no país, incluindo as
dimensões de redistribuição, reconhecimento e participação, conforme a Teoria de Justiça
Social de Fraser, entendemos que a mera coalizão de grupos políticos distintos em torno da
construção do programa do candidato eleito, Lula da Silva, não se torna garantia inconteste de
que um projeto social emancipatório venha a ser factível de implementação nos próximos
quatro anos, dada a correlação de forças posta no Congresso Nacional e a polarização política
que levou à eleição do vencedor por uma margem pequena de votos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o presente ensaio, partindo da compreensão do PNE como um documento da
política pública com status estratégico, buscou-se evidenciar, em um primeiro momento, as
aproximações possíveis entre a teoria de justiça social em Fraser e o documento chamado
Carta de Natal, o qual visa embasar a construção de um novo PNE, em consonância com as
demandas do povo brasileiro.
Em um segundo movimento, considerando a complexidade vivida no Brasil no
momento atual, marcado pelas expectativas que cercam a transição de um governo em nível
federal, que atuou a partir de políticas de caráter austericida, desdemocratizante e genocida
para um governo que se anuncia como democrático e progressista, nosso esforço foi no
sentido de evidenciar a CONAPE e o documento dela resultante como um movimento de
resistência ativa da sociedade civil organizada no país, que tem potencial para contribuir na
efetivação de um projeto educacional emancipador.
Concluímos, a partir da análise do documento coletivo intitulado Carta de Natal –
CONAPE da Esperança, que o conteúdo deste apresenta estreita aproximação com a Teoria
Tridimensional de Justiça Social de Fraser, pois nos itens presentes ao longo do documento
estão presentes as dimensões da representação, da redistribuição e do reconhecimento como
bases orientadoras para a formulação do novo PNE.
Neste momento, nos alinhamos a Fraser (2022), quando esta afirma ter a esperança
de, pelo menos com o pensamento, atravessar a condição por ela nominada como pós-
socialista “[...] com a esperança de sair do outro lado.” Ainda que, no momento presente, não
possamos saber “[...] o que exatamente nos espera desse outro lado.” (FRASER, 2022, p. 23).
O contexto atual do país, ao mesmo tempo em que nos exige um pensamento crítico em
relação à realidade posta, nos exorta à esperança, como grafado no nome do documento aqui
analisado, no sentido de que redistribuição, reconhecimento e representação contribuam para
o fortalecimento da democracia no país.

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Sobre autores:
Maria Luiza Rodrigues Flores. Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (PPGEdu/UFRGS). Professora Associada da Faculdade de Educação da
UFRGS, atuando nos cursos de graduação e no Programa de Pós-Graduação em Educação
(PPGEdu/UFRGS). E-mail: [email protected]
Gwerson Gley dos Santos. Docente na Rede Municipal de Ensino de Parauapebas (PA) e
Mestrando em Educação pelo PPGEdu/UFRGS. e-mail: [email protected]

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