Harmonia PDF
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2023
Copyright © 2023
Elaboração:
Prof. Gabriel Ferrão Moreira
ISBN papel
ISBN digital
“Graduação - EaD”.
1. Harmonia 2. Música 3. Brasil. 4. Gabriel Ferrão
Moreira. I. Título.
CDD - xxxx
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Sumário
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL................................ 1
PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE
HARMONIA TONAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO À HARMONIA
DIATÔNICA
1 INTRODUÇÃO
3
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL
4
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À HARMONIA DIATÔNICA
5
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL
FONTE: O autor
FONTE: O autor
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TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À HARMONIA DIATÔNICA
FONTE: O autor
As tríades são estabelecidas em cada uma das sete notas da escala e, re-
sumem-se, no caso diatônico, a três tipos principais: tríades perfeitas maiores,
tríades perfeitas menores e tríade diminuta (GUEST, 2006).
Cada acorde – desde as tríades aos mais complexos – será nomeado pela
nota fundamental. Aqui, utilizaremos as letras do alfabeto correspondentes às
sete notas musicais na língua inglesa: A para Lá, B para Si, C para Dó, D para Ré,
E para Mi, F para Fá, e G para Sol.
A tríade perfeita maior é formada pelos intervalos: uma terça maior e uma
quinta justa, sobrepostos à determinada fundamental. É chamada tríade perfeita
por ter a quinta justa – também chamada quinta perfeita (sete semitons); é chama-
da tríade maior por ter a terça maior (quatro semitons). Geralmente é chamada
apenas de tríade maior ou acorde maior.
7
UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL
FONTE: O autor
Dentre as sete tríades da escala diatônica, três são maiores: as que são
montadas sobre o primeiro, quarto e quinto graus da escala. Numeraremos as
tríades utilizando algarismos romanos. Assim, as tríades I, IV e V são maiores. No
caso da tonalidade de Dó, são os acordes de Dó, Fá e Sol, que veremos a seguir.
FONTE: O autor
FONTE: O autor
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TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À HARMONIA DIATÔNICA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL
FONTE: O autor
Os acordes que têm a sua fundamental como nota mais grave serão chamados de
acordes em posição fundamental. Quando uma tríade tiver sua terça ou quinta como no-
tas mais graves, dizemos que estão em primeira ou segunda inversão, respectivamente.
FONTE: O autor
Podemos comparar uma tríade à água: esteja em estado sólido, líquido ou ga-
soso, a água continua sendo composta pela mesma estrutura molecular, porém, em arranjo
diferenciado. Geralmente, pensamos que o estado fundamental da água é o líquido; nesse
caso, o estado sólido da água (gelo) e o gasoso (vapor) seriam suas “inversões” mantendo a
propriedade principal do acorde (seu tipo, suas notas), mas modificando sua apresentação.
FONTE: O autor
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DICAS
FONTE: O autor
FONTE: O autor
12
Quando relacionamos as inversões e as posições temos um número ainda
maior de possibilidades sonoras derivadas das tríades:
FONTE: O autor
FONTE: O autor
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RESUMO
Neste tópico, você aprendeu que:
• As tríades podem ser invertidas: para isso, basta mudar a nota mais grave da
fundamental para sua terça (1ª inversão) ou quinta (2ª inversão).
• A posição se refere à nota mais aguda, que em geral é percebida como a “pon-
ta” do acorde.
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AUTOATIVIDADE
a) ( ) I – I – II – I.
b) ( ) I – II – I – II.
c) ( ) II – I – II – I.
d) ( ) II – II – I – II.
a) ( ) F – F – V – V.
b) ( ) V – V – F – F.
c) ( ) F – V – V – V.
d) ( ) V – V – V – V.
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3 As tríades são formadas pela sobreposição de uma terça e uma quinta em
relação a sua fundamental. O intervalo de terça determinará se a tríade é
maior ou menor, caracterizando, assim, um acorde maior ou menor. Quan-
to à tríade maior, basta escrever a letra que corresponde à cifra do acorde.
Sobre os acordes maiores e menores, analise as tríades na figura a seguir:
FONTE: O autor
a) ( ) F – B – A – Em – G.
b) ( ) F – Dm – Am – Em – G.
c) ( ) Fm – Dm – Am – C – G.
d) ( ) Fm – Bm – Am – Em – G.
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TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Até aqui estudamos a base diatônica da harmonia tonal: como seus acordes
fundamentais – as sete tríades – se estruturam individualmente e se organizam
como tríades maiores, menores e diminutas. A partir deste momento, buscaremos
relacionar as tríades entre si, a partir da estrutura chamada campo harmônico.
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL
NOTA
Lembrando que nem todo intervalo menor gera um bemol. Entretanto, usa-se
o b para lembrar da redução de meio tom do intervalo maior. No campo harmônico menor,
teremos um acorde maior sobre o V, por utilizarmos o modo menor harmônico do tom
para a função dominante. Nos aprofundaremos nisso adiante.
FONTE: O autor
Cada tonalidade/escala possui seu campo harmônico. Entretanto, como
derivam do mesmo modelo de escala – diatônica maior ou menor – as tríades que
ocupam a mesma posição no campo harmônico (graus) sempre serão do mesmo
tipo (maior, menor ou diminuta). Nas figuras mostradas anteriormente, os acor-
des maiores estão em azul, os menores em verde e o diminuto em vermelho.
FONTE: O autor
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TÓPICO 2 — CAMPO HARMÔNICO TRIÁDICO
DICAS
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UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL
NOTA
FONTE: O autor
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TÓPICO 2 — CAMPO HARMÔNICO TRIÁDICO
FONTE: O autor
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL
FONTE: O autor
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TÓPICO 2 — CAMPO HARMÔNICO TRIÁDICO
FONTE: O autor
FONTE: O autor
4 DICIONÁRIO DE ACORDES
Vejamos agora diferentes tipos de tríades que são unidas pela mesma nota
fundamental. Adicionaremos aqui, para fins de concluirmos o estudo das tríades,
um quarto tipo de tríade que não ocorre na escala diatônica: a Tríade Aumentada.
Ela consiste da sobreposição de duas terças maiores, o que aumenta a quinta em
um semitom (gerando a quinta aumentada de 8 semitons a que se refere seu nome).
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UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL
FONTE: O autor
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FIGURA 27 – DICIONÁRIO DE TRÍADES
FONTE: O autor
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Para a escala diatônica, nos modos maior e menor, cada qual possui o seu
campo harmônico.
• Utilizamos a letra “m” após a cifra ou o algarismo romano para indicar que a
tríade é menor.
• Os graus do modo menor que diferem do maior, terceiro, sexto e sétimo rece-
bem o símbolo do bemol antes do grau, indicando o intervalo de tipo menor
que existe entre suas fundamentais e a tônica da escala.
26
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – F – F – V.
b) ( ) V – V – F – V.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) F – F – F – V.
FONTE: O autor
a) ( ) Cm – Dm – Em – F – G – Am – Bº.
b) ( ) C – Dm – E – F – G7 – Am – Bdim.
c) ( ) C – Dm – Em – F – G – Am – Bdim.
d) ( ) C – D – Em – F – G – Am – Bm(b5).
27
3 Os graus dos campos harmônicos menores são formados pelas notas
da escala menor natural. No entanto, o V grau provém da escala menor
harmônica, configurando, assim, um acorde maior. Acerca do campo
harmônico menor, assinale a alternativa CORRETA que compreende os
acordes da tonalidade de lá menor, tomando como base a figura a seguir:
FONTE: O autor
a) ( ) Am – Bm(b5) – C – Dm – E(aum) – F – G.
b) ( ) Am – Bdim – C – Dm – E – F – G.
c) ( ) Am – Bdim – Cm – Dm – E – F – Gdim.
d) ( ) A – Bdim – C – Dm – E – F7 – G.
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TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
ANÁLISE HARMÔNICA
1 INTRODUÇÃO
2 FUNÇÕES HARMÔNICAS
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UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL
FONTE: O autor
FONTE: O autor
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TÓPICO 3 — ANÁLISE HARMÔNICA
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL
FONTE: O autor
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TÓPICO 3 — ANÁLISE HARMÔNICA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
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TÓPICO 3 — ANÁLISE HARMÔNICA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 — PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE HARMONIA TONAL
No modo menor, boa parte das relações entre graus e funções do modo
maior se mantém, ou seja, mantém-se os graus para mesmas funções, levando em
consideração as alterações do modo menor. Entretanto, para que o quinto grau do
modo menor possua trítono e desempenhe a função dominante é necessário trans-
formar a tríade diatônica do modo menor (que é menor), em maior. Vejamos:
FONTE: O autor
As funções harmônicas são fixadas para cada grau do modo maior e menor.
Assim, sabendo a função associada a cada grau e conhecendo os campos harmôni-
cos, é possível reconhecer os aspectos funcionais das progressões harmônicas em
cada tonalidade. A seguir, veja as funções harmônicas dos modos maior e menor:
T–S–D–T
Devemos lembrar que para cada função temos mais de um acorde disponível,
o que enriquece as possibilidades de expressão harmônica expressa pela sequência
de funções. Vejamos a seguir algumas possíveis realizações da Progressão T-S-D-T:
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QUADRO 5 – REALIZAÇÕES HARMÔNICAS DA PROGRESSÃO T – S – D – T, EM MODO MAIOR
T S D T
I IV V I
I IIm V I
I IV V VIm
IIIm IV V I
FONTE: O autor
T S D T
Im IVm V Im
Im IIdim V Im
Im bVI V bIII
bIII bVII V Im
FONTE: O autor
DICAS
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FIGURA 44 – PROGRESSÃO T-S-D-T EM “PIRULITO QUE BATE-BATE”
FONTE: O autor
38
FIGURA 45 – REGISTRO E TESSITURA DAS VOZES
Quando trabalhamos com quatro vozes – quatro notas por acorde – será
necessário “dobrar” uma das notas das tríades. Para fazê-lo da melhor forma
devemos observar as orientações a seguir:
FONTE: O autor
39
Para a condução de vozes entre dois acordes a regra do menor movimento
entre notas da mesma voz deverá ser observada. O princípio é que cada nota de um
acorde se desloque o mínimo possível para o acorde seguinte, mantendo-se na mesma
altura se for nota comum, ou dirigindo-se para a nota mais próxima no acorde seguin-
te, evitando saltos melódicos sempre que possível, especialmente os maiores que a ter-
ça (preferindo sempre o movimento por grau conjunto), especialmente na voz mais
aguda (soprano). O movimento por grau conjunto descendente deverá ser a primeira
opção, especialmente no soprano. A ideia é evitar que a linha mais aguda dos acordes
“roube a cena” da melodia que será acompanhada pela harmonia. O baixo tem a liber-
dade de seguir essa regra ou de saltar entre as fundamentais dos acordes. Lembramos
que não é apenas a escolha dos acordes no preenchimento das progressões básicas que
define a sonoridade final da progressão, mas também a escolha na condução de vozes.
Vejamos um exemplo de condução de vozes do acorde de Dó maior para Fá Maior:
FONTE: O autor
No exemplo, as vozes estão com cores para reforçar seu movimento linear
(melódico) de uma tríade para a outra. Ambos acordes estão em posição funda-
mental: o baixo saltou da fundamental de Dó Maior para a de Fá Maior. O sopra-
no possuía nota comum (dó) e, portanto, não houve movimento. O contralto (em
laranja) ascendeu meio tom, dirigindo-se da terça de Dó Maior (mi) para a funda-
mental de Fá Maior. O tenor (azul) ascendeu da quinta de Dó maior (sol) para a
terça de Fá (lá). Nessa progressão todos os acordes estavam completos (com sua
Fundamental, 3ª e 5ª). Esse será o nosso objetivo, sempre que possível.
40
• Movimento contrário: quando baixo e soprano se movem em direções opostas.
• Movimento oblíquo: quando uma das vozes não se move enquanto a outra se
direciona ascendentemente ou descendentemente.
• Movimento paralelo: quando as vozes se dirigem para a mesma direção.
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
41
A condução do acorde V7 (acorde no qual há o trítono) é bastante particu-
lar e mais regulada: a 7ª do V7 resolve na 3ª do I e a 3ª do V na Fundamental do I,
ou seja, as notas o trítono – 3ª e 7ª do V – resolvem nos semitons diatônicos mais
próximos – Fundamental e 3ª da Tônica, respectivamente.
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
42
FIGURA 54 – PROGRESSÃO T S D T EM LÁb MAIOR (COM INVERSÕES)
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
43
FIGURA 57 – “PIRULITO QUE BATE BATE”
FONTE: O autor
A cantiga “Pirulito que bate, bate” possui oito compassos divididos em duas
frases (início em anacruse). Cada uma das frases está estruturada sobre uma mesma
harmonia: a da progressão básica I - IV - V - I, que, como vimos, expressa cada uma
das funções harmônicas. Podemos ver, pela letra e melodia, que a cesura (fechamen-
to) das frases é bastante evidente, pela pausa de colcheia. A seta será utilizada para
sinalizar o importante movimento de Dominante - Tônica na análise gráfica.
NOTA
44
FIGURA 58 – “SE ESSA RUA FOSSE MINHA”
FONTE: O autor
Em Pela luz dos olhos teus cada uma das frases tem uma estrutura harmô-
nica distinta. Na primeira frase (compassos 1-4) temos uma harmonia que parte
da tônica nos primeiros compassos e se dirige à subdominante (I - IIm). Já na
segunda frase (c. 5-8), há um retorno para a tônica, a partir da dominante. Estas
primeiras duas frases são organizadas na progressão harmônica I - IIm - V - I,
uma das variações possíveis da progressão de quatro estágios (T-S-D-T).
Na terceira frase (c. 9-12) temos uma partida da tônica para uma sub-
dominante (IV), utilizando recursos que discutiremos mais adiante. Nessa frase
45
a harmonia mais importante é o IV. Na frase final (c. 13-16) temos o retorno e
confirmação da tônica por meio da harmonia V-I dos compassos finais. O ritmo
harmônico – ritmo de troca de acordes medido pela duração, em compassos, de
cada acorde – é de dois compassos por acorde. A única alteração está na quarta
frase, onde o acorde de tônica é seguido, no compasso posterior, pela dominante
e a dominante é seguida pela tônica final, que permanece por mais um compasso.
Esse procedimento destaca a última frase como fim do trecho musical. A progres-
são I - V - I funciona como uma confirmação da chegada da tônica nessa peça.
FONTE: O autor
46
3.1 CADÊNCIAS
Cadência Autêntica V- I
Semicadência V
Cadência Plagal IV – I
Cadência de engano V -> (acorde que não seja o I)
FONTE: O autor
DICAS
47
No trecho a seguir do Minueto em Sol de Johann Sebastian Bach (1685-
1750) temos uma frase de oito compassos que encontra seu fim sobre um V, ca-
racterizando, assim, uma semicadência:
DICAS
DICAS
48
FIGURA 62 – TRECHO DO “ALELUIA” DE HANDEL
49
LEITURA COMPLEMENTAR
50
Exemplo 2-2 – As tríades diatônicas de Lá menor antiga, sua classificação
e cifragem:
51
O exemplo 2-4 traz, a partir de Lá menor harmônica, um quadro com o
nome da tríade, sua Tipologia e cifragem.
Ao adotar cada uma das notas da escala menor melódica como uma pos-
sível fundamental na construção das tríades, obtêm-se treze tríades diferentes.
52
O exemplo 2-6 traz, a partir de Lá menor melódica, um quadro com o
nome da tríade, sua tipologia e cifragem.
53
No exemplo (Ex. 2-7), a nota fá# do contralto (assinalada com uma seta)
tem função exclusivamente melódica. Seu valor rítmico é de uma colcheia, em
parte fraca do tempo, e seu emprego exerce apenas a função de ligar melodica-
mente a nota mi à nota sol#. Assim, embora seja possível enxergar todas as notas
de um IV (ré, no baixo; lá, no tenor; fá#, no contralto e lá, no soprano) isto não
ocorre, pois este evento não assume função harmônica.
54
O exemplo 2-traz um quadro com o nome, a tipologia e a cifragem das
tríades usais em Lá menor.
FONTE: Adaptado de LIMA, M. R. R. de. Harmonia: uma abordagem prática. São Paulo, 2008.
55
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
56
• O conceito de quadratura harmônica regula a estruturas de frases na música tonal.
57
AUTOATIVIDADE
FONTE: O autor
a) ( ) T – V – IV – V.
b) ( ) S – V – V – T.
c) ( ) T – S – D – T.
d) ( ) T – S – S – D.
2 Ao trabalhar com quatro vozes, ou seja, com quatro notas por tríade, neces-
sitamos dobrar uma das notas do acorde. Além disso, utilizamos principal-
mente a regra do menor movimento entre as notas de cada voz, em que o
baixo se movimentará com maior liberdade. Assinale a alternativa CORRE-
TA com a sequência de acordes que corresponde às notas da progressão em
quatro vozes da figura a seguir:
58
FONTE: O autor
a) ( ) B – G – E7 – Am – D.
b) ( ) D – G – Em – A7 – D.
c) ( ) D – E/G – Em – A7 – D.
d) ( ) B – G – Em7 – Am7 – D.
a) ( ) F – V – F – V.
b) ( ) V – F – F – V.
c) ( ) F – F – V – F.
d) ( ) V – V – F – V.
59
REFERÊNCIAS
ALMADA, Carlos. Arranjo. Campinas: Editora da Unicamp, 2000.
FREITAS, S. P. R. de. Que acorde ponho aqui? 2010. Tese (Doutorado em Músi-
ca) – Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. Dispo-
nível em: https://bit.ly/3o3KIKO. Acesso em: 16 mar. 2020.
60
RAMEAU, J. Traité de l’harmonie. Paris: Jean-Baptiste-Christophe Ballard,
1722.
RIEMANN, H. Vereinfachte Harmonie oder die Lehre von der tonalen Funk-
tionen der Akkorde. Londres: Augener & co., 1893. Disponivel em: https://bit.
ly/3dHzJSu. Acesso em: 21 maio 2020.
61
62
UNIDADE 2 —
HARMONIA CROMÁTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
63
64
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
TRANSPOSIÇÃO, TONICIZAÇÃO E
MODULAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
65
UNIDADE 2 — HARMONIA CROMÁTICA
2 TRANSPOSIÇÃO
FONTE: O autor
FONTE: O autor
O que fizemos aqui foi transportar todas as notas da melodia numa mes-
ma distância, um tom ou dois semitons acima. Agora, a transposição da mesma
melodia para um tom e abaixo do tom original, de Mi Maior para Ré Maior:
FONTE: O autor
66
TÓPICO 1 — TRANSPOSIÇÃO, TONICIZAÇÃO E MODULAÇÃO
Esta lógica é mantida para toda a música. Assim como a melodia é trans-
posta mantendo o perfil melódico e a função melódica das notas dentro da escala
diatônica, no âmbito da harmonia algo semelhante acontece: os acordes são trans-
postos no mesmo grau da mudança de tom, para outros de mesmo tipo (maior, me-
nor, diminuto etc.) no mesmo grau e na mesma função. Trata-se de uma espécie de
deslocamento, em que as relações de melodia e harmonia permanecem as mesmas.
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
67
UNIDADE 2 — HARMONIA CROMÁTICA
3 TONICIZAÇÃO OU TONICALIZAÇÃO
Um dos recursos cromáticos mais utilizados na harmonia tonal é a tonicização,
também chamada de tonicalização por alguns autores, termo cunhado pelo teórico aus-
tríaco Heinrich Schenker, mas amplamente discutido na teoria da harmonia (CORDEI-
RO, 2019). Distinta da modulação, que supõe a mudança de tonalidade de uma peça
inteira ou de um trecho considerável, a tonicização é o processo no qual algum acorde
do campo harmônico principal é enfatizado por meio da inserção de alguns acordes de
seu próprio campo harmônico. No uso destes acordes, notas estranhas à tonalidade da
peça são inseridas, mas pertencentes à região do acorde secundário.
NOTA
O termo região para descrever o domínio dos campos harmônicos dos di-
ferentes acordes dentro de uma tonalidade (que podem ser trazidos a contribuir
com a tonalidade principal) foi utilizado pelo teórico musical austríaco Arnold
Schoenberg (1874-1951). Schoenberg foi um dos principais responsáveis pela difu-
são e estruturação da teoria moderna da Harmonia Funcional. Todos os acordes
perfeitos dos campos harmônicos maior e menor constituem regiões possíveis de
tonicização e modulação; portanto tríades diminutas (VII do Campo Harmônico
Maior e II do Campo Harmônico Menor) não podem ser tonicizados e tampouco
serem regiões de modulação. Em seu trabalho Funções Estruturais da Harmonia
(SCHOENBERG, 2004) ele apresenta as relações das tonalidades com suas diver-
sas regiões e dá nomes próprios para cada uma delas. As regiões diatônicas do
modo maior são apresentadas a seguir:
68
TÓPICO 1 — TRANSPOSIÇÃO, TONICIZAÇÃO E MODULAÇÃO
69
UNIDADE 2 — HARMONIA CROMÁTICA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
70
TÓPICO 1 — TRANSPOSIÇÃO, TONICIZAÇÃO E MODULAÇÃO
FONTE: O autor
FONTE: O autor
71
UNIDADE 2 — HARMONIA CROMÁTICA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
72
FIGURA 13 – REGIÕES TONAIS E SEUS ACORDES EM LÁ MAIOR
FONTE: O autor
FONTE: O autor
73
FIGURA 15 – REGIÕES TONAIS E SEUS ACORDES EM MI MAIOR
FONTE: O autor
FONTE: O autor
74
FIGURA 17 – REGIÕES TONAIS E SEUS ACORDES EM SI MAIOR
FONTE: O autor
FONTE: O autor
75
FIGURA 19 – REGIÕES TONAIS E SEUS ACORDES EM FÁ# MAIOR
FONTE: O autor
FONTE: O autor
76
FIGURA 21 – REGIÕES TONAIS E SEUS ACORDES EM DÓ# MAIOR
FONTE: O autor
FONTE: O autor
77
FIGURA 23 – REGIÕES TONAIS E SEUS ACORDES EM LÁb MAIOR
FONTE: O autor
FONTE: O autor
78
FIGURA 25 – REGIÕES TONAIS E SEUS ACORDES EM MIb MAIOR
FONTE: O autor
FONTE: O autor
79
FIGURA 27 – REGIÕES TONAIS E SEUS ACORDES EM SIb MAIOR
FONTE: O autor
FONTE: O autor
80
FIGURA 29 – REGIÕES TONAIS E SEUS ACORDES EM FÁ MAIOR
FONTE: O autor
FONTE: O autor
81
4 DOMINANTE SECUNDÁRIAS
FONTE: O autor
Nesse trecho de “Pela luz dos olhos teus”, vemos o acorde de C7, que não
participa da tonalidade da música (Dó Maior). Em outras palavras, temos a nota
Sib inserida ao acorde de Dó, nota ausente da escala diatônica, que fundamenta
a tonalidade de Dó Maior. A análise harmônica, contudo, revela a função de do-
minância que o acorde de C7 exerce sobre o acorde seguinte, Fá Maior (IV) – esse
sim, diatônico –, sendo o seu V7.
FONTE: O autor
82
NOTA
Nesse trecho de “se essa rua fosse minha” vemos algo semelhante ao
exemplo anterior. O acorde de Am é transformado em A com baixo na sétima
(nota Sol). A nota Dó# de A7 não participa, naturalmente, do diatonismo de Lá
Menor, entretanto, participa da escala de Ré Menor harmônica, configurando a
dominante de Dm, o acorde do compasso seguinte.
83
FIGURA 33 – DOMINANTES SECUNDÁRIAS EM DÓ MAIOR
FONTE: O autor
FONTE: O autor
84
Percebemos que as figuras anteriores podem ser consideradas como um
resumo das figuras que na seção anterior apresentaram as regiões de tonicização.
Para cada região, há um acorde dominante que é a opção preferencial para pro-
mover a tonicização (em negrito nas figuras anteriores). Portanto, por questão de
economia de espaço em nosso livro de estudos, não iremos expor exaustivamente
aqui as dominantes secundárias de cada tonalidade, mas utilizaremos as figuras
antes expostas como referência para o conteúdo aqui apresentado.
FONTE: O autor
85
FIGURA 36 – REGIÕES TONAIS E SEUS ACORDES EM LÁ MENOR
FONTE: O autor
NOTA
86
FIGURA 37 – TRECHO DE “ESSE SEU OLHAR” DE TOM JOBIM
FONTE: O autor
Nesse trecho, nos compassos finais da música, Tom Jobim chega à pro-
gressão final Gm - C7 -> F (S-D-T) por meio de uma tonicização do IIm (Gm). Só
que aqui, ao invés de usar somente a dominante secundária de Gm (D7), ele inse-
re antes desse acorde a tríade de Cm (c.3 do exemplo), que não pertence à tona-
lidade de Fá Maior, mas à região de Sol Menor. A tríade de Cm é Subdominante
(IVm) na tonalidade de Sol Menor, e traz essa propriedade à tonicização do Gm
na tonalidade de Fá Maior. A importância do acorde de dó é ressaltada pelo fato
de o próprio Cm ser preparado pelo seu V7 secundário (G7, no c.2).
87
música novamente à tonalidade principal, Ré Menor. Por convenção teórica, não
utilizamos setas para acordes de função subdominante, mas a análise deve ser
clara, com a indicação de mudança de região – cifra da nova região seguida de
dois pontos, como em Schoenberg (2004 [1969]).
DICAS
FONTE: O autor
88
5 DOMINANTE ESTENDIDA
FONTE: O autor
89
6 ACORDES-PIVÔ
FONTE: O autor
FONTE: O autor
7 MODULAÇÃO
Quando há uma mudança de tom de toda a música não faz sentido conside-
rarmos a tonicização, já que o efeito obtido é de uma mudança completa de tonalidade
e não de uma ênfase passageira na região tonal alcançada. Em geral, apesar da modu-
lação considerar o surgimento de uma nova tonalidade, a primeira tonalidade segue
sendo considerada a principal, sendo muito comum o retorno a essa ao fim das peças.
A modulação pode acrescentar dramaticidade à música, sendo usada frequentemente
para esse fim. Observe o exemplo a seguir, da música Summer Elaine and Drunk Dori
90
do quarteto californiano de rock Weezer, onde a mesma progressão harmônica (I – V –
VIm – IIIm – IV – I – V) é apresentada em tonalidades diferentes na estrofe (Dó Maior)
e no coro (Lá Maior), configurando uma modulação. O último acorde do coro (G7), é a
dominante que faz a música retornar à Dó Maior, na segunda estrofe.
DICAS
91
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Acordes pivô são acordes comuns entre duas tonalidades ou regiões, que
podem servir como indicadores de tonicização.
92
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) V – F – F – V.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) F – F – V – F.
C – F – C – A7 – Dm – G7 – C
93
94
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
EMPRÉSTIMO MODAL
1 INTRODUÇÃO
FONTE: O autor
95
UNIDADE 2 — HARMONIA CROMÁTICA
DICAS
96
TÓPICO 2 — EMPRÉSTIMO MODAL
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
97
UNIDADE 2 — HARMONIA CROMÁTICA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
NOTA
98
TÓPICO 2 — EMPRÉSTIMO MODAL
DICAS
O bII é visto por muitos teóricos como uma versão mais suave – sem trítono – do
segundo grau do modo menor, já que esse, diatonicamente, é meio diminuto (IIdim).
99
UNIDADE 2 — HARMONIA CROMÁTICA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
NOTA
100
TÓPICO 2 — EMPRÉSTIMO MODAL
FONTE: O autor
101
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O acorde bII é tratado como acorde de empréstimo modal, mesmo sem ser,
diatonicamente, derivado do modo menor.
102
AUTOATIVIDADE
1 O acorde napolitano recebeu este nome por sua associação à cidade de Ná-
poles, no século XVII, e é muito utilizado na música erudita, por exemplo,
pelo compositor Frederic Chopin. Com base no acorde bII (napolitano),
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) F – V – F – V.
b) ( ) V – F – V – F.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) V – F – F – V.
103
104
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
105
UNIDADE 2 — HARMONIA CROMÁTICA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
106
TÓPICO 3 — OUTROS ACORDES COM FUNÇÃO DOMINANTE
FONTE: O autor
NOTA
FONTE: O autor
107
UNIDADE 2 — HARMONIA CROMÁTICA
FONTE: O autor
FONTE: O autor
108
TÓPICO 3 — OUTROS ACORDES COM FUNÇÃO DOMINANTE
FONTE: O autor
3 TÉTRADE DIMINUTA
FONTE: O autor
NOTA
109
UNIDADE 2 — HARMONIA CROMÁTICA
FONTE: O autor
Por compartilhar a função de dominante com o V7, o acorde diminuto tem seus
intervalos considerados a partir do V7, para fins de condução de vozes na resolução.
FONTE: O autor
De fato, não apenas o trítono (em vermelho na figura anterior), mas todas as
notas do acorde diminuto serão interpretadas a partir da dominante principal da tona-
lidade. Nesse caso, o acorde diminuto comporta-se como um acorde de G7, com nona
menor (nota Láb) e sem fundamental, já que a nota Sol não está no acorde diminuto. A
nota Láb será considerada, por proximidade a Sol, como nota fundamental e resolverá
sobre a quinta do acorde seguinte, mantendo a regra das resoluções de acordes domi-
nantes conforme vimos no Tópico 2. Já a nota Ré do acorde de B°, interpretada como
quinta de G7, resolverá sobre a fundamental do acorde seguinte junto à nota Si.
FONTE: O autor
110
TÓPICO 3 — OUTROS ACORDES COM FUNÇÃO DOMINANTE
3m Ab B D F
3m F Ab B D
3m D F Ab B
3m B D F Ab
FONTE: O autor
NOTA
Essa propriedade simétrica legou o símbolo do círculo (°) para esse acorde
em específico.
FONTE: O autor
111
UNIDADE 2 — HARMONIA CROMÁTICA
FONTE: O autor
Dominante G7 3a 5a 7a b9
Diminutos Relac. B° D° F° Ab°
FONTE: O autor
112
FIGURA 72 – ACORDES DIMINUTOS COMO DOMINANTES SECUNDÁRIOS NO MODO MAIOR
FONTE: O autor
FONTE: O autor
113
FIGURA 75 – OS DOIS TRÍTONOS DO ACORDE DIMINUTO
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
114
4 O ACORDE DE SEXTA AUMENTADA OU “SUBV7”
O Acorde de Sexta Aumentada aparece na literatura da música erudita no
modo menor (preferencialmente, embora possa ser emprestado ao modo maior). O
intervalo de sexta aumentada surge sobre o sexto grau melódico do modo menor
(bVI) antecedendo a cadência no V (a chamada semicadência ou meia cadência). Os
intervalos que constituem essa harmonia típica do acorde são, com relação ao baixo,
3ª maior e 6ª aumentada caracterizando o primeiro tipo de Acorde de Sexta Aumen-
tada, a Sexta Aumentada Italiana. Vejamos este acorde na tonalidade de Fá menor:
FONTE: O autor
FONTE: O autor
115
• Quando adicionado de um intervalo de 5ªJ é chamado Sexta Alemã.
• Quando adicionado de um intervalo de uma 4ªaum é chamado Sexta Francesa.
FONTE: O autor
NOTA
116
FIGURA 81 – "Db7" COMO DOMINANTE SUBSTITUTA DE G7
FONTE: O autor
NOTA
117
QUADRO 3 – TABELA DE ACORDES DOMINANTES E SEUS SUBSTITUTOS NO CAMPO HARMÔ-
NICO DE DÓ MAIOR
V7 SUBV7 Resolução
G7 Db7 C
A7 Eb7 Dm
B7 F7 Em
C7 Gb7 F
D7 Ab7 G
E7 Bb7 Am
FONTE: O autor
118
LEITURA COMPLEMENTAR
Émile Jaques-Dalcroze
Entendamos com clareza: existem, com toda certeza, numerosos livros nos
quais são prescritos muitos exercícios de leitura à primeira vista, de transposição, de
escrita e, mesmo, de improvisação vocal. No entanto, todos eles podem ser realizados
sem o auxílio da audição; os exercícios de leitura e improvisação podem ser realiza-
dos com o auxílio do sentido muscular e os exercícios de transposição e escrita, com o
auxílio do sentido visual. Nenhum deles é diretamente dirigido ao ouvido e, todavia,
é através do canal auditivo que as vibrações sonoras são registradas em nosso cére-
bro. Não seria insensato ensinar música sem se preocupar em diversificar, graduar e
combinar, em todas as suas nuances, as escalas de sensações que despertam em nossa
alma os sentimentos musicais? Como é possível que o ensino atual de música não
leve em consideração a qualidade principal que caracteriza o músico?
119
Apliquei-me, portanto, a inventar exercícios destinados a reconhecer a altura
dos sons, a medir os intervalos, a investigar os sons harmônicos, a individualizar as
diversas notas dos acordes, a seguir os desenhos contrapontísticos das polifonias,
a diferenciar as tonalidades, a analisar as relações entre as sensações auditivas e as
sensações vocais, a desenvolver as qualidades receptivas do ouvido e – graças a uma
ginástica de um novo gênero destinada ao sistema nervoso – a criar, entre o cérebro,
o ouvido e a laringe, correntes necessárias para fazer do organismo, como um todo,
algo que pudesse ser denominado ouvido interior. Ingenuamente eu imaginei que bas-
taria inventar esses exercícios para que eles fossem aplicados nas aulas especiais!
120
de movimentar-se e a possibilidade de realizar esse movimento, que não é de espantar
que tantas pequenas laringes sejam inábeis; tantas cordas vocais se apresentem pouco
flexíveis e pouco precisas; tantas respirações sejam mal reguladas nos exercícios de can-
to e também na maneira de escandir e dividir o tempo e de emitir a nota no momento
justo. Portanto, não apenas o ouvido e a voz da criança deveriam ser exercitados, mas
também tudo aquilo que, em seu corpo, coopera com os movimentos ritmados, tudo
aquilo que, músculos e nervos, vibra, contrai-se e descontrai-se sob a ação de impulsos
naturais. Não seria, então, possível criar novos reflexos; empreender uma educação
dos centros nervosos; acalmar os temperamentos agitados demais; regular os antago-
nismos e harmonizar as sinergias musculares; estabelecer comunicações mais diretas
entre os sentidos e a mente, entre as sensações que provocam a inteligência e os senti-
mentos que recriam meios sensoriais de expressão? Todo pensamento é a interpretação
de um ato. Uma vez que, até hoje, tem sido suficiente oferecer à mente a consciência
do ritmo graças unicamente às experiências musculares da mão e dos dedos, não lhe
comunicaríamos impressões muito mais intensas se fizéssemos colaborar o organismo
inteiro em experiências que lhe despertassem a consciência tátil-motriz? Ponho-me a
sonhar com uma educação musical na qual o próprio corpo desempenharia o papel
de intermediário entre os sons e o pensamento e tornar-se-ia o instrumento direto de
nossos sentimentos – em que as sensações do ouvido se tornariam mais fortes, graças
àquelas provocadas pelas múltiplas matérias suscetíveis de vibrar e ressoar em nós: a
respiração dividindo os ritmos das frases e as dinâmicas musculares traduzindo as di-
nâmicas que ditam as emoções musicais. Assim, na escola, a criança não só aprenderia
a cantar e a escutar com precisão e no compasso, mas aprenderia também a mover-se e
a pensar de modo preciso e ritmicamente. Começaríamos por regular o mecanismo do
andar, aliando os movimentos vocais aos gestos de todo o corpo. E isso seria, ao mesmo
tempo, uma instrução para o ritmo e uma educação e pelo ritmo.
Infelizmente, quando penso nas dificuldades que tenho atualmente para con-
vencer os educadores musicais sobre a possibilidade de exercícios cujo objetivo seja
ensinar a criança a escutar as sonoridades antes de executá-las e registrá-las grafica-
mente e a despertar o pensamento antes de empreender sua tradução, eu me pergun-
to: a educação dos centros motores será possível um dia? Os homens recusam toda
proposta nova, quando certas tentativas anteriores lhes proporcionam alguma satis-
fação e suas mentes habituaram-se a não mais contestar a utilidade delas. Todo ato
libertador com o qual consentem parece-lhes definitivo e imutável, e toda verdade
futura parece-lhes hoje uma mentira. Todavia, o pensamento humano desenvolve-se
pouco a pouco, apesar das resistências; as ideias esclarecem-se; os desejos afirmam-
-se; os atos multiplicam-se. Um dia, quem sabe, quando os pedagogos vierem a re-
conhecer universalmente a possibilidade de reforçar os diversos modos de sensibili-
dade por meio de procedimentos de adaptação, variação e substituição, a educação
musical possa apoiar-se menos exclusivamente na análise e mais no despertar das
sensações vitais e da consciência dos estados afetivos. Nesse dia, nascerão, por toda
parte, métodos fundamentados na cultura da combinação das sensações auditivas e
táteis, e eu poderei desfrutar da silenciosa alegria daqueles que puderam proferir, em
algum momento doloroso de suas vidas, o eterno ''E pur si muove!''.
121
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os acordes diminutos têm dois trítonos e podem gerar quatro diferentes acor-
des dominantes, revelados pelo contexto harmônico.
122
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – F – F.
b) ( ) V – F – V – F.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) F – F – V – V.
123
REFERÊNCIAS
CAPLIN, W. Classical form: a theory of formal functions for the instrumental mu-
sic of Haydn, Mozart, and Beethoven. New York: Oxford University Press, 1998.
DORHAM, K.; JOHNSON, S. Blue Bossa: Partitura Musical. Estados Unidos: Or-
pheum Music and Kendor Music, 1961.
ELLIS, M. A Chord in Time: The Evolution of the Augmented Sixth from Mon-
teverdi to Mahler. Aldershot: Ashgate, 2010.
124
UNIDADE 3 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
125
126
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
TÉTRADES BÁSICAS
1 INTRODUÇÃO
NOTA
127
UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
FONTE: O autor
128
TÓPICO 1 — TÉTRADES BÁSICAS
FONTE: O autor
FONTE: O autor
129
UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
FONTE: O autor
2.5 DIMINUTO – X°
FONTE: O autor
130
TÓPICO 1 — TÉTRADES BÁSICAS
FONTE: O autor
Estes são os cinco tipos básicos de tétrades encontradas nas escalas dia-
tônicas maiores e menores. A seguir, veja as cinco tétrades construídas sobre as
doze notas da escala cromática.
131
UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
FONTE: O autor
132
TÓPICO 1 — TÉTRADES BÁSICAS
uso da terceira inversão da tétrade dominante podem ser mais flexíveis. Na mú-
sica folclórica, as regras tendem a ser as apresentadas aqui.
NOTA
133
UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
FONTE: O autor
FONTE: O autor
134
TÓPICO 1 — TÉTRADES BÁSICAS
FONTE: O autor
135
UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
FONTE: O autor
136
TÓPICO 1 — TÉTRADES BÁSICAS
FONTE: O autor
137
UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
FONTE: O autor
138
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Existem cinco tétrades básicas: maiores com 7ª maior, menores com 7ª menor,
dominantes (ou maiores com 7ª menor), meio diminutas (ou menores com 7ª
menor e 5ª diminuta) e Diminutas (tríade diminuta + 7ª diminuta).
• Podemos usar enarmonias na escrita das cifras e das notas dos acordes di-
minutos, levando em consideração o contexto, facilitando a interpretação da
harmonia.
139
AUTOATIVIDADE
1 A tétrade é formada pela simples adição de uma terça acima da tríade e ambas
configuram acordes. Em termos funcionais, a tétrade possui a mesma função
que a tríade e a sua sonoridade é enriquecida pela adição da sétima maior, me-
nor ou diminuta. Analise os acordes a seguir e assinale a alternativa CORRETA
que corresponde à sequência de acordes em estado fundamental:
FONTE: O autor
FONTE: O autor
140
3 Quando um acorde de quatro notas se apresenta em sobreposição de terças,
indica que está em estado fundamental. Assim, a nota mais grave já representa
a nota que o denomina e o passo seguinte é verificar se a terça é maior ou menor,
sucessivamente se a quinta é justa, diminuta ou aumentada e finalmente sua
sétima, se é maior, menor ou diminuta. Analise os acordes a seguir e assinale a
alternativa CORRETA que contempla os acordes em estado fundamental:
FONTE: O autor
141
142
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
FONTE: O autor
143
UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
FONTE: O autor
144
TÓPICO 2 — CAMPO HARMÔNICO TETRÁDICO
FONTE: O autor
DICAS
145
UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
DICAS
146
TÓPICO 2 — CAMPO HARMÔNICO TETRÁDICO
Podemos perceber que as funções harmônicas são fixadas em sua posição nos
graus que organizam o campo harmônico. Uma versão triádica da música seria possível,
apenas pela subtração das sétimas com a manutenção das tríades dos graus utilizados.
147
UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
DICAS
148
TÓPICO 2 — CAMPO HARMÔNICO TETRÁDICO
FONTE: O autor
149
UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
FONTE: O autor
A escala menor melódica insere o sexto grau maior na escala menor har-
mônica, desfazendo a 2ª aumentada que existe entre a sexta menor e a sensível
que destoa dos demais intervalos de graus conjuntos das escalas diatônicas, sem-
pre caracterizados como 2ª maior ou menor. A inserção dessa nota gera novas
opções de acordes de função Subdominante no modo menor, já que é a Funda-
mental, 3ª, 5ª e 7ª de acordes dessa função (IIm7, IV7M, VIm7(b5)).
FONTE: O autor
FONTE: O autor
150
O campo harmônico menor natural terá tétrades formadas apenas pelas no-
tas diatônicas da escala menor, e, portanto, seu V não terá sonoridade nem função
dominante (SCHOENBERG, 2004). Já os seus outros acordes, estes terão função
harmônica e poderão interagir com o campo harmônico da escala menor harmô-
nica, que garantirá a presença da função dominante nas tonalidades menores. Já o
campo harmônico menor melódico inserirá novas colorações harmônicas de fun-
ção Subdominante. Nas músicas em modo menor encontramos esses três campos
harmônicos interagindo constantemente (menor natural, harmônico e melódico),
como parte de apenas um campo menor. Podem ser usados também em contextos
do modo maior, como empréstimos modais, como vimos no caso das tríades.
FONTE: O autor
151
FIGURA 25 – CAMPO HARMÔNICO DE MI MENOR (TÉTRADES)
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
152
FIGURA 28 – CAMPO HARMÔNICO DE DÓ# MENOR (TÉTRADES)
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
153
FIGURA 31 – CAMPO HARMÔNICO DE DÓ MENOR (TÉTRADES)
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
154
FIGURA 34 – CAMPO HARMÔNICO DE Eb MENOR (TÉTRADES)
FONTE: O autor
FONTE: O autor
DICAS
155
FIGURA 36 – CIFRA DE “HOTEL CALIFORNIA”
156
natural. Ambos têm função subdominante e o fim desse trecho, em D – bIII – al-
cança a função Tônica. Os últimos dois acordes são Em e F#7, progressão S-D, que
tem como alvo o início do trecho a seguir.
DICAS
157
Em Starway to Heaven, temos uma harmonia inteiramente em modo menor,
que utiliza – à exceção do próprio Am – somente acordes maiores, gerando um am-
biente harmônico bastante ambíguo, que estabelece a tonalidade menor por meio de
diversos acordes maiores do seu campo harmônico (C, D, E7, F7M, G). Esses acordes
maiores provêm dos três modos menores: C (bIII) e G (bVII) e F7M (bVI), vêm do
modo menor natural; E7 (V7) do modo menor harmônico; D (IV) do modo menor
melódico. A escolha do compositor em evitar a progressão V7 – Im (D-T) – que ex-
pressaria com clareza a tonalidade da música, estabelecendo-a claramente – e opção
pela chegada à Tônica pela Subdominante (usando G/B na primeira chegada à Tônica
no fim da primeira estrofe e F7M no interlúdio com vocalises em “u”) também refor-
ça a ambiguidade da harmonia da música, que parece ressoar o tema da letra, que
fala de ambientes insólitos e oníricos (como uma Escada para o Céu, título da canção).
DICAS
158
Nessa música, Tom Jobim utiliza as inversões dos acordes de forma a criar
um movimento cromático descendente nos baixos, da nota Lá até Fá, alternando
acordes menores e maiores enquanto faz isso (Am E7/G#, Gm, D/F#, Dm/F).
FONTE: O autor
Na análise harmônica a seguir, temos alguns termos e símbolos que não foram
utilizados até aqui. No sistema de análise harmônica da música popular – desenvolvido
na segunda metade do século XX, na Berklee College of Music (MULHOLLAND; HOJNA-
CKI, 2013) – utilizamos colchetes sobre as progressões IIm V7, indicando a presença de
159
um movimento S–D particularmente importante para o repertório jazzístico, o chamado
dois-cinco. Também observamos a presença da cadência de engano (ver figura a seguir),
procedimento no qual um acorde dominante (V7) tem sua resolução típica frustrada,
conduzindo a outro acorde que não o acorde usual, normalmente o I (Tônica).
DICAS
160
FIGURA 42 – CONTINUAÇÃO DE “ESSE SEU OLHAR”
4.1 O bVII7M
161
FIGURA 43 – O bVII7M
FONTE: O autor
FONTE: O autor
Como visto na figura anterior, nenhuma das três versões da escala menor pos-
sui as quatro notas que constituem o acorde do bVII7M. A escala menor natural é a úni-
ca que tem a tríade de G, mas a sétima de G nessa escala é a sétima menor (Fá natural).
As escalas restantes (harmônica e melódica) não tem a tríade de G. Assim, o bVII7M
não corresponde “diatonicamente” a nenhuma das escalas. Não obstante, é utilizado
com frequência nas peças em modo menor ou como empréstimo à tonalidade maior.
DICAS
162
FIGURA 45 – CIFRA DE TRECHO DE “TREM AZUL” DE LÔ BORGES
Em Trem Azul, Lô Borges apresenta uma poética harmônica feita apenas de tétra-
des maiores com 7ª maior. Ele busca, com isso, gerar uma percepção de simetria harmô-
nica, evocando as funções pela mudança de graus com o mesmo tipo de tétrade básica.
Entre os acordes com 7ª maior escolhidos para essa música, está o bVII7M.
Com ele, acontece algo semelhante com o que vimos no acorde bII: um acorde que
se encontra no domínio da função Subdominante, muito semelhante ao bVII7,
mas que evita o trítono do acorde diatônico que ocupa essa posição (no tom em
questão Dó, Bb7). Como havíamos visto, o bII7M retira do II grau do modo menor
– (IIm7(b5) –, de função Subdominante, o trítono que usualmente caracteriza a
função Dominante, suavizando e intensificando a característica de Subdominan-
te. O bVII7M, ocupando a posição do bVII7, o associa ainda mais fortemente com
a função Subdominante, transformando-o em tétrade de sonoridade associada a
essa função (como o IV7M, por exemplo). Em outras palavras, o trítono diatônico
que está nos graus IIm7(b5) e bVII7 é neutralizado – tornado quinta justa – com
a inserção de uma nota cromática, originalmente ausente dos acordes diatônicos.
163
FIGURA 46 – COMPARAÇÃO ENTRE O bII7M e o bVII7M
FONTE: O autor
DICAS
164
No início de Dindi o bVII7M se alterna com o I7M, numa oscilação que
destaca o paralelismo entre os dois acordes por meio do deslocamento de acordes
com o mesmo perfil de intervalos. No fim da segunda frase, o bVII7M de Dó se
converte em acorde pivô para a modulação para Lá Maior, como bII7M.
5 CONDUÇÃO DE VOZES
FONTE: O autor
5) Quando o grau conjunto descendente não for possível, buscar o menor salto
possível. Se o salto descendente for maior que uma terça, preferir o grau con-
junto ascendente ou um pequeno salto ascendente (no máximo, uma terça).
165
Na figura a seguir, o exemplo a mostra as vozes externas (baixo e soprano)
em movimento paralelo, o que nos faz ouvir o deslocamento harmônico de
“blocos de notas” com pouca independência entre as vozes (regra 6). A ascensão
de Si para Dó no soprano também é desaconselhável (regra 3). No exemplo b,
as vozes externas movimentam-se em direções opostas (movimento contrário)
aumentando a percepção da independência do movimento entre as vozes. Para
que, no segundo caso, o acorde de Dm possuísse sua 7ª (dó) e a harmonia fosse
mantida em tétrades, foi necessário um salto descendente de terça numa voz
interna (em lilás). Isto é preferível (regra 5) frente à ascensão do soprano e à perda
da tétrade na condução de vozes que há no exemplo c (regra 10).
FONTE: O autor
166
Na figura a seguir temos duas possíveis conduções de vozes entre o I7M
e bVII7M. Esse tipo de deslocamento – mesmo tipo de acorde, grau abaixo ou
acima – não apresenta notas comuns, portanto, todas as vozes terão mudança
de notas. No exemplo a, todas as vozes se deslocam grau abaixo paralelamente.
Essa maneira de trabalhar a condução nesses casos é melhor que a alternativa
(exemplo b), onde o soprano necessita saltar terça acima para completar o acorde,
gerando ativação melódica da condução harmônica.
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
FONTE: O autor
168
É importante perceber que aqui estamos falando de regras gerais para
uma boa condução das vozes da harmonia, onde se deseja manter uma distinção
clara entre o papel da melodia (voz ou instrumento solista) e da harmonia (sus-
tentação harmônica). No contexto de um arranjo ou uma orquestração, certos ins-
trumentos (ou grupos de instrumentos) podem oscilar rapidamente entre o papel
de melodia e harmonia. As regras aqui apresentadas são úteis para instrumentos
no papel da harmonia, não levando em consideração as possibilidades melódicas
de conjuntos harmônicos (como os combos de metais do Jazz, ou mesmo grupos
de cordas no Tango que desenham linhas melódicas como contracanto).
FONTE: O autor
169
FIGURA 56 – RESOLUÇÃO DO Bb7 EM Eb7
FONTE: O autor
FONTE: O autor
170
FIGURA 58 – EXEMPLO DE ACORDES INTERPOLADOS:
FONTE: O autor
Por fim, após a chegada ao Eb7, temos uma típica resolução de acorde
dominante.
171
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O campo harmônico menor melódico insere diversas opções de acordes para a fun-
ção Subdominante no campo harmônico menor: IIm7, IV7, VIm7(b5) e VIIm7(b5).
172
AUTOATIVIDADE
FONTE: O autor
173
3 O campo harmônico representa as possibilidades de acordes pertencentes à
escala diatônica. Outros acordes podem ser inseridos, com notas estranhas
à tonalidade, enriquecendo o discurso harmônico e tornando a música ain-
da mais interessante. As funções, no entanto, se resumem em Tônica (T),
Subdominante (S) e Dominante (D). Analise a escala de Eb (Mi bemol) a
seguir e assinale a alternativa CORRETA que compreende as funções:
FONTE: O autor
a) ( ) T – S – D – T – S – D – T.
b) ( ) T – S – T – S – D – T – T.
c) ( ) T – T – S – S – D – T – D.
d) ( ) T – S – T – S – D – T – D.
174
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
TENSÕES DISPONÍVEIS
1 INTRODUÇÃO
175
UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
176
TÓPICO 3 — TENSÕES DISPONÍVEIS
FONTE: O autor
DICAS
177
UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
DICAS
Devemos lembrar que o uso de uma tétrade com tensões disponíveis gera,
na maior parte dos casos, a expectativa de uso de mais tétrades com suas tensões
disponíveis, preferencialmente. Portanto, é bom optarmos corretamente pelo tipo
de acorde com o qual trabalharemos (tríade, tétrade, tétrade com tensões dispo-
níveis) para mantermos a homeostase, ou seja, a estabilidade harmônica das pe-
ças, especialmente em contextos em que a harmonia é subjacente. Algo semelhante
ocorre no uso da linguagem; certos contextos demandam o uso da norma culta,
enquanto outros permitem o uso de gírias. Soaria mal um interlocutor usar gírias
enquanto outro a norma culta, certo? Não se trata de julgar se uma forma de falar é
melhor que a outra, já que ambas comunicam, mas, sim, perceber o que é adequado
em cada situação. Da mesma forma, devemos reconhecer a linguagem harmônica
predominante num estilo ou gênero musical e trabalhar em concordância.
178
TÓPICO 3 — TENSÕES DISPONÍVEIS
DICAS
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UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
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TÓPICO 3 — TENSÕES DISPONÍVEIS
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(b (
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UNIDADE 3 — TÉTRADES, TENSÕES DISPONÍVEIS, ESCALAS CROMÁTICAS E OUTROS ACORDES
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FIGURA 74 – TENSÕES DISPONÍVEIS PARA O Im7
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NOTA
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3.4 TENSÕES DISPONÍVEIS POR GRAUS DO CAMPO
HARMÔNICO DA ESCALA MENOR MELÓDICA
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DICAS
Apesar de estarmos usando o 7 para indicar a sétima menor, essa escala lídia
com 7ª menor é chamada de Lídio b7, para indicar a diminuição de um semitom (por isso
o bemol) na 7ª da escala lídia.
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Dentre as escalas não diatônicas, que não derivam do modo maior ou me-
nor, temos a escala Lídio b7 (ou mixolídio #11), também conhecida como escala
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acústica, a escala alterada, a escala de tons inteiros ou hexafônica e a escala domi-
nante diminuta ou octatônica. Vejamos cada uma delas agora.
A escala Lídio b7 é uma escala que mistura as notas do modo mixolídio – típi-
co da função dominante – às do modo lídio. Ambos modos possuem bastantes notas
comuns e tríades maiores. É a escala lídia (do quarto grau) com sétima menor (por isso
o b7 do nome, indicando o abaixamento da sétima do modo lídio em um semitom). É
formada por fundamental, 9, 3, #11, 5, 13, 7. É chamada escala acústica pelo fato de suas
notas corresponderem às primeiras notas da série harmônica da nota fundamental.
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Veja a seguir uma resolução típica de acorde dominante derivado da
escala lídio b7:
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É muito comum que #11 venha acompanhada pela 9ª. Nesse caso, a 9ª do
acorde dominante se dirigiria para a 5ª ou 6ª do acorde a seguir.
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4.2 ESCALA ALTERADA
A escala alterada possui alterações das 9ªs e 5ªs diatônicas, tendo como tétrade
básica um acorde alterado (com a quinta alterada). É uma das escalas mais utilizadas
para a função dominante no repertório jazzístico. É formada por Fundamental, b9, #9,
3, b5, #5, 7. A escrita das notas na escala alterada permite o uso de diferentes escritas
enarmônicas (bemóis ou sustenidos) já que se trata de uma escala não diatônica.
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NOTA
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FIGURA 94 – ESCALA DE TONS INTEIROS
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Apesar de todas estas particularidades – a predominância do acorde dimi-
nuto, as oito notas – essa escala possui a tétrade dominante sem alteração de quinta.
As tensões disponíveis características dessa escala são a 13ª, junto às 9ªs menor e
aumentada. A 13ª do acorde dominante resolve na fundamental ou 9ª do acorde
seguinte, enquanto às 9ªs do acorde dominante resolvem na 5ª ou 6ª do próximo
acorde. Vejamos alguns acordes pertencentes a esta escala e suas resoluções:
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NOTA
A tétrade menor com 7ª menor será substituída aqui, para fins de exemplo,
pela tríade menor, já que uma das tensões disponíveis para esse acorde é a 7ª maior, e um
acorde não pode ter duas sétimas (nem duas terças).
NOTA
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FIGURA 100 – TÉTRADES X7 COM TENSÕES DISPONÍVEIS
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6 OUTROS ACORDES
Para além das tétrades, outras tríades inserem tensões disponíveis de ou-
tras formas. Entre eles temos as tríades com notas adicionadas: à formação das
tríades (fundamental, terça e quinta) se adicionam tensões, em geral, 9ª e 6ª, am-
bas maiores. A cifra mais utilizada para esses acordes é inserir o número da nota
193
adicionada depois do acorde – C9 e C6 são lidos Dó com Nona e Dó com Sexta,
respectivamente. Na cifra americana – onde a última tensão disponível é cifra-
da, subentendendo a presença das anteriores – C9 indicaria a tétrade de C7(9),
portanto, nesse sistema, as tríades com notas adicionadas são indicadas por add
– (abreviação de added, “adicionada” em inglês) – Dó com 9ª adicionada e Dó com
6ª adicionada seriam, respectivamente, Cadd9 e Cadd6 no sistema americano.
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FIGURA 106 – ACORDES SUS4 E SUS9
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LEITURA COMPLEMENTAR
Cifragem
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À tríade básica acrescenta-se primeiramente a sétima, que pode ser: a)
maior: 7M, maj7, ou 7+; b) menor: 7; e c) diminuta: dim7, o. Finalmente, toda té-
trade pode conter uma nona (9), quarta (4) ou décima primeira (11), e sexta (6), ou
décima terceira (13). A disposição das vozes dos acordes cifrados desta forma, é
de escolha do intérprete. Normalmente, obedecem a várias técnicas de disposição
de vozes específicas, denominadas voicings. O Ex. 2abc demonstra os acordes
cifrados com essa técnica, com as vozes dispostas em superposição de terças.
197
No denominador pode-se encontrar apenas uma letra, indicando apenas uma
nota, ou uma letra seguida de números, indicando duas ou mais notas. As mesmas re-
gras do numerador são válidas aqui. A cifra “G257+/Eb”, no Ex. 4ª, indica uma estrutura
com as notas Sol, Lá, Ré e Fá#, no numerador, sobre a nota Mib (apenas) no denominador.
No Ex. 4b, a cifra “Bb458/G5+7”, indica uma estrutura com as notas Sib,
Mib, Fá e Sib no numerador, sobre uma estrutura com as notas Sol, Ré# e Fá
no denominador. Deve-se atentar que uma letra no denominador sempre indica
uma nota, e nunca uma tríade. Todavia, uma letra isolada no numerador indica
uma tríade. O Ex. 4c pode ilustrar essa regra: “Am/F6” indica a tríade Lá menor,
no numerador, sobre a estrutura com as notas Fá e Ré, no denominador.
FONTE: <https://bit.ly/3jquTdM>. Acesso em: 13 out. 2020.
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A utilização das tensões disponíveis não modifica a função dos acordes, sen-
do essa sempre definida pela posição do acorde no campo harmônico da to-
nalidade em questão.
• As tríades com 6ª e 9ª adicionadas são exemplos de tríades com uso das ten-
sões disponíveis.
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AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) F – V – V – V.
c) ( ) V – F – F – V.
d) ( ) F – V – V – F.
FONTE: O autor
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REFERÊNCIAS
COSTA, F. A. Análise e realização de 4 leadsheets do Calendário do Som de Her-
meto Pascoal segundo os conceitos harmônicos de Arnold Schoenberg: uma abor-
dagem do calendário do som segundo os conceitos harmônicos de Schoenberg.
2006. Dissertação (Mestrado em música) – Programa de Pós-Graduação da Escola
de Música, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Disponível
em: https://bit.ly/35sdxYP. Acesso em: 4 fev. 2020.
FREITAS, S. P. R. de. Que acorde ponho aqui? 2010. 817 p. Tese (Doutorado) –
Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes, Campinas. Disponível
em: https://bit.ly/3o3KIKO. Acesso em: 4 fev. 2020.
FREITAS, S. P. R. de. Teoria da harmonia na música popular: uma definição das rela-
ções de combinação entre os acordes na harmonia tonal. 1995. Dissertação (Mestrado
em Artes). Instituto de Artes da UNESP, Universidade Estadual Paulista, São Paulo.
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