Vviveiro Florestal Torna-Se Um Viveiro Educador
Vviveiro Florestal Torna-Se Um Viveiro Educador
Vviveiro Florestal Torna-Se Um Viveiro Educador
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL
APROVADO POR:
_________________________________________________________________
Profª. Dra. Rosana de Carvalho Cristo Martins (Departamento de Engenharia
Florestal – UnB);
(Orientadora)
_________________________________________________________________
Prof. Dr. Ildeu Soares Martins (Departamento de Engenharia Florestal – UnB);
(Examinador interno)
_________________________________________________________________
Profª. Dra. Maria de Fátima Makiuchi (Universidade de Brasília);
(Examinadora esterna)
_________________________________________________________________
Prof. Dr. Manoel Cláudio da Silva Junior (Departamento de Engenharia Florestal –
UnB);
(Examinador suplente)
ii
FICHA CATALOGRÁFICA
LEITE. THIAGO VINICIUS PEREIRA
Quando um viveiro florestal torna-se um viveiro educador: estudo de caso em uma escola
classe do Distrito Federal [Distrito Federal] 2008.
xvii, 78p., 210 x 297 mm (EFL/FT/UnB, Mestre, Dissertação de Mestrado – Universidade de
Brasília. Faculdade de Tecnologia.
Departamento de Engenharia Florestal
1.Viveiro Educador 2. Ecopedagogia
3. Participação Comunitária
I. EFL/FT/UnB II. Título
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LEITE, T. V. P. (2008). Quando um viveiro florestal torna-se um viveiro educador: estudo
de caso em uma escola classe do Distrito Federal. Dissertação de Mestrado em Ciências
Florestais, Publicação PPGEFL.DM-106/08, Departamento de Engenharia Florestal,
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 78p.
CESSÃO DE DIREITOS
AUTOR: Thiago Vinicius Pereira Leite.
TÍTULO: Quando um viveiro florestal torna-se um viveiro educador: estudo de caso em
uma escola classe do Distrito Federal.
GRAU: Mestre ANO: 2008
iii
“Quem teria imaginado, por volta de 1900, que em
cinqüenta anos saberíamos muito mais e
compreenderíamos muito menos”.
Dedicado ao...
Meu pai que não pôde me ajudar durante esses anos, mas que junto a Deus sempre
esteve ao meu lado. Ao meu exemplo de homem e de trabalhador, de força de vontade e
de dedicação, de superação e de pai.
iv
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço Aquele que tudo me deu ate hoje, Aquele que me deu
o Dom da Vida e que me permite viver a cada dia uma nova aventura. Muito obrigado meu
Deus, por ter me dado a graça de poder chegar aonde cheguei e de me dar esperanças para
continuar seguindo, lutando e aprendendo com todas as pessoas que estão na minha vida.
Se eu estou neste momento da minha vida e se esta pesquisa chegou ate aqui é porque o
Senhor esteve ao meu lado e não me deixou desistir nem nos momentos mais complicados.
Muito Obrigado!
Tenho que agradece a algumas pessoas que me ajudaram muito nestes dois anos:
A Juliana que fez tudo que podia por mim, além de ouvir todas as
minhas reclamações, angustia e dúvidas, enfim, foi a pessoa certa pra rir ou chorar
nestes anos. Obrigado amiga, que essa parceria se estenda por muito tempo.
v
A todos os professores que estiveram comigo, em especial ao Ildeu
Soares Martins que sempre esta comigo nos meus trabalhos e a Maria de Fátima
Makiuchi que ensinou a gostar de Educação Ambiental.
Fica aqui meu agradecimento e minhas orações a todos vocês que são os
personagens principais que povoam e dão sentido a toda a minha história.
Muito obrigado.
vi
RESUMO
vii
ABSTRACT
viii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ________________________________________________________ 1
2. OBJETIVOS __________________________________________________________ 2
ix
3.3.5. O substrato ______________________________________________________________________ 17
3.3.6. A semeadura_____________________________________________________________________ 17
5. RESULTADOS _______________________________________________________ 26
x
5.2.2. Considerações importantes _________________________________________________________ 42
7. CONCLUSÕES _______________________________________________________ 68
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 2. Horário das aulas de germinação a ser realizada com os alunos. ....................................... 31
Tabela 3. Espécies arbóreas nativas do Cerrado produzidas no viveiro da Escola Classe 50,
xii
LISTA DE FIGURA
Figura 1. Localização da Escola Classe 50 na EQNL 02/04, Setor L- Norte, em Taguatinga Norte,
Figura 3. Materiais utilizados para a germinação de sementes na área do viveiro da Escola Classe
Figura 4. Local destinado a formação dos canteiros de produção de mudas por sementes, na Escola
Figura 6. Atividade de quebra de dormência de sementes na área do viveiro da Escola Classe 50,
Figura 9. Rega das sementes de Hymenaea stigonocarpa submetidas à germinação, após aplicação
de tratamento de quebra de dormência , na área do viveiro da Escola Classe 50, Taguatinga Norte,
DF. .............................................................................................................................................. 30
Figura 10. Final da aula de germinação de sementes de espécies arbóreas nativas do Cerrado,
realizada com a participação dos professores, na área do viveiro da escola Classe 50, Taguatinga
Figura 11. Aula de germinação de sementes de espécies arbóreas do Cerrado com alunos da 3º
xiii
série, na área do viveiro da Escola Classe 50, Taguatinga Norte, DF. .......................................... 32
Figura 12. Aula de germinação de espécies arbóreas do Cerrado com alunos do 2º período, na área
Figura 14. Preenchimento das bandejas com vermiculita, antes do semeio de espécies arbóreas
nativas do Cerrado, na área do viveiro da Escola Classe 50, Taguatinga Norte, DF...................... 33
Figura 16. A participação dos professores e aluno na aula de germinação de sementes de espécies
arbóreas nativas do Cerrado, na área do viveiro da Escola Classe 50, Taguatinga Norte, DF. ....... 34
Figura 17. Final da aula de germinação de sementes de espécies arbóreas nativas do Cerrado com
Figura 18. Viveiro de produção de mudas por sementes de espécies arbóreas nativas do Cerrado da
Escola Classe 50, com canteiros de garrafas PETs identificados por cores diferentes das mesmas37
Figura 19. Discussão inicial sobre todas as atividades relacionadas a produção de mudas de
Figura 20. Enchimento dos recipientes para a produção de mudas de espécies arbóreas nativas do
Figura 21. A semeadura nos recipientes efetuada pelos alunos com auxílio dos professores no
Figura 22. A rega das sementes após semeio no substrato dentro dos recipientes. ........................ 38
Figura 23. O encanteiramento dos recipientes realizado pelos alunos da Escola Classe 50, na área
xiv
do viveiro de produção de mudas de espécies nativas do Cerrado, em Taguatinga Norte, DF. ...... 39
Figura 24. O viveiro florestal na Escola Classe 50 , Taguatinga Norte, DF. ................................. 39
Figura 25. Recipientes amarrados com barbante no viveiro florestal da Escola Classe 50,
Figura 26. Aula no viveiro florestal da Escola Classe 50 depois da germinação das sementes de
Figura 27. Plântula de Enterolobium gummiferum (Mart.) Macbr. produzida após a germinação da
Figura 28. Mudas de espécies florestais nativas do Cerrado utilizadas na aula prática no viveiro da
Figura 29. As várias etapas da produção de mudas de espécies arbóreas do Cerrado no viveiro da
Figura 30. O viveiro Florestal da Escola Classe 50, Distrito Federal. ........................................... 42
Figura 32. Germinação e produção de mudas de Tabebuia aurea (ipê amarelo) no viveiro da
xv
Figura 37. Germinação e produção de mudas de Schyzolobium parahyba (guapuruvu) ................ 48
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 50
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 50
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 51
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 51
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 52
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 52
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 53
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 53
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 54
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 54
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 55
xvi
Figura 49. Resultado referente à questão 12 do 1° questionário de avaliação do trabalho de
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 55
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 56
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 56
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 57
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 57
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 58
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 58
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 59
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50. ........................... 59
Figura 58. Mudas produzidas no Viveiro da Escola Classe 50 exposta na Feira Cultural .............. 61
Figura 59. Exposição de fotos na Feira Cultural na Escola Classe 50. .......................................... 61
Figura 60. Exposição de sementes, frutos, fotos e mudas na Feira Cultural na Escola Classe 50... 62
xvii
1. Introdução
É neste momento que a educação ambiental pode se tornar uma grande aliada na
criação de consciência ambiental.
1
2. Objetivos
4. Criar um viveiro florestal específico para este projeto com espécies nativas do
Cerrado e que possam ser mais bem aproveitadas pra a obtenção de resultados mais
favoráveis; e
3. Revisão de Literatura
3.1. O Cerrado
3.1.1. Características
O Brasil possui cinco áreas de grande abundância de plantas nativas, estando entre elas
o bioma Cerrado. Ribeiro e Walter (1998) acrescentam que o Cerrado é o segundo maior
bioma brasileiro, perdendo em extensão territorial apenas para a Floresta Amazônica. Ele
ocupa aproximadamente 1,8 milhões de quilômetros quadrados, que corresponde à cerca
de 20% do território nacional, abrigando uma enorme diversidade biológica.
Segundo Eiten (1972), o Cerrado compreende uma extensa área contínua nos estados
2
de Goiás, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso e algumas áreas próximas que se estendem
por outros estados. De acordo com Machado et al. (2004), existem “ilhas” de vegetação do
Cerrado em outros domínios de vegetação, como no estado de Roraima, Amapá,
Amazonas (Campos do Humaitá), Rondônia (Serra dos Pacacaás Novos), Pará (Serra do
Cachimbo), Bahia (Chapada de Diamantina) e para o sul do estado de São Paulo e Paraná.
O Cerrado, segundo Proença et al. (2000), é o mais brasileiro dos biomas sul-
americanos, pois, apenas algumas pequenas áreas se encontram na Bolívia e no Paraguai,
sendo o restante inserido no território nacional. Este bioma é caracterizado por extensas
formações savânicas, intercaladas por matas ciliares ao longo dos rios e nos fundos de vale.
Apesar disso, outros tipos de vegetação podem aparecer na região deste bioma, como os
campos úmidos ou as veredas de buritis, onde o lençol freático é superficial. Mesmo as
formas savânicas não são homogêneas, havendo uma grande variação no balanço entre a
quantidade de árvores e de herbáceas, formando uma variação estrutural que vai do cerrado
completamente aberto, ou seja, o campo limpo, vegetação dominada por gramíneas, sem a
presença dos elementos lenhosos (árvores e arbustos); ao cerrado fechado, ou seja, o
cerradão, com grande quantidade de árvores e aspecto florestal. Existem ainda formas mais
intermediárias como o campo sujo, o campo cerrado e o cerrado sensu stricto, de acordo
com uma densidade crescente de árvores (Mendonça et al., 1998). Durigan et al. (2002)
acrescenta que a vegetação de Cerrado compreende um gradiente de fitofisionomias
correspondente a um gradiente de biomassa no seguinte sentido: campo sujo, campo
cerrado, cerrado e cerradão.
Cerca de 70% do Bioma Cerrado é ocupado pelo cerrado sensu stricto, ou seja,
composto por um estrato de árvores e arbustos, dominado principalmente por gramíneas e
um estrato de árvores e arbustos tortuosos, com ramificações irregulares e retorcidas,
variando em cobertura de 10 a 60% (Eiten, 1994).
Segundo Mendonça et al. (1998), estima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de
aves e 161 de mamíferos vivam no Cerrado. Já Castro (1994) estimou o número de
espécies vegetais entre 3956 a 7012, sendo que o número de espécies não lenhosas chega a
ser o dobro ou o triplo do número de espécies lenhosas.
3
Entre as espécies vegetais que caracterizam o Cerrado estão: o barbatimão
(Stryphnodendron adstringens), o pau-santo (Kielmeyera coriacea), a gabiroba (Syagrus
oleracea), o pequizeiro (Caryocar braziliense), o araçá (Psidium araça Raddi), a sucupira
(Pterodon pubescens Benth.), o pau-terra (Qualea grandiflora), a catuaba (Eriotheca
candolleana) e o indaiá (Attalea dubia). Sob essas árvores cresce diferentes tipos de
gramíneas, como o capim-flecha (Tristachya leiostachya), que pode atingir uma altura de
2,5m. Onde corre um rio ou córrego, encontram-se as matas ciliares, ou matas de galeria,
que são densas florestas estreitas, de árvores maiores, que margeiam os cursos d’água. Nos
brejos, próximos às nascentes de água, o buriti (Mauritia flexuosa L.) domina a paisagem e
forma as veredas de buriti. (Almeida et al., 1998).
O Brasil é indicado como o país que tem a maior diversidade vegetal do mundo
(Plotkin, 1991; Brasil, 1998). O Cerrado, por sua vez, é indicado como grande detentor de
diversidade biológica, sendo a formação savânica com o maior índice de diversidade
vegetal do mundo, especialmente quando se consideram as espécies lenhosas (Neto e
Morais, 2003). Segundo Mendonça et al. (1998), esta vegetação savânica, o Cerrado,
conta com 6.420 espécies vasculares, chegando a ter cerca de um terço da biota brasileira
e cerca de 5% da fauna e flora mundiais (WWF, 1995 ).
4
Kaplan et al. (1994), o cerradão possui somente 1,5% de áreas protegidas por lei, sendo
atualmente uma das vegetação em maior risco no país.
Segundo Machado (2000), se houver uma destruição dos ambientes naturais vizinhos a
uma mata de galeria, por exemplo, mesmo que esta permaneça intacta, pode ocorrer uma
perda de até 25% das espécies de aves associadas a esta mata de galeria.
Felfili et al. (2002) chamam a atenção para o fato de que a cobertura original do
Cerrado já foi reduzida em mais de 37%, comprometendo a sua biodiversidade. Para Ratter
et al. (1970) esse valor já pode ser maior do que 40%.
Ainda segundo Felfili et al. (2002), em um período de 44 anos após o início de sua
ocupação, cerca 73,8% da cobertura original de Cerrado já foram perdidos.
Este bioma é alvo de forte impacto ambiental pela demanda, cada vez mais crescente,
por produtos agrícolas e pelo desenvolvimento tecnológico, aliados a políticas agrícolas
gerais e de desenvolvimento regional (WWF, 1995).
5
3.2. A Educação Ambiental
3.2.1. Definição
A Educação Ambiental, segundo Layrargues (2004), é um vocábulo constituído de um
substantivo e de um adjetivo. O primeiro confere a parte pedagógica do vocábulo, sendo
que o segundo, o adjetivo, dá o contexto desta prática.
Para Tristão (2002), a Educação Ambiental é entendida, de modo geral, como uma
prática transformadora, comprometida com a formação de cidadãos críticos e co-
responsáveis por um desenvolvimento que respeite as mais diferentes formas de vida.
"Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade".
Na Lei nº. 9795/99, que institui a educação ambiental no Brasil, em seu art.1º o
conceito de Educação Ambiental é o mesmo que foi citado acima, formulado em 1977 na
Conferência de Tbilisi.
6
Ambiental, em Tbilisi, na Geórgia (ex-URSS), em 1977, mas antes disso, em 1962, com o
lançamento do livro “Primavera Silenciosa”, da jornalista Rachel Carson, a preocupação
com o meio ambiente já era lembrada, quando a autora escrevia sobre a qualidade de vida
mundial e os efeitos dos avanços tecnológicos sobre o meio ambiente (Izuwa et al., 1997).
Ainda de acordo com Izuwa et al. (1997), destacam-se os seguintes eventos que
antecederam a Conferência, em Tbilise:
Nesta época o enfoque dominante na sociedade de forma geral era o Naturalismo, Este
enfoque era desprovido de debate político que interligaria as questões ambientais às
socioeconômicas. A Educação Ambiental nesta época precisava restabelecer a ligação
entre homem e natureza (Saito, 2002).
Ainda segundo o Saito (2002), o Brasil encontrava-se sob um governo militar que
restringia qualquer debate político e ações coletivas. A temática social não fazia parte da
pauta educacional.
7
ganhou mais destaque no cenário político brasileiro, com a Política Nacional do Meio
Ambiente (Lei 6.938), de 1981 e com a própria promulgação da Constituição de 1988 que
menciona explicitamente a importância do meio ambiente para a nação. Foi também nesta
década que o debate sobre a inserção ou não da Educação Ambiental como disciplina
singular do currículo escolar de ensino fundamental ganhou força, sendo que a posição do
Conselho Federal de Educação era contrária a essa inserção (Saito, 2002).
Segundo Loureiro (2003) pode-se destacar as seguintes políticas públicas que marcam
a história da Educação Ambiental Brasileira a partir de 1990:
Apesar disso, no final dos anos 90 e no começo do ano 2000, a Educação ambiental
surge novamente no currículo escolar de uma nova forma, agora compondo uma parte
diversificada e flexibilizada dos currículos escolares (Saito, 2002).
8
3.2.3. A Educação Ambiental e suas vertentes
É no contexto atual, em meio a uma crise ambiental, com assuntos cada vez mais no
cotidiano popular como o Efeito Estufa e as mudanças climáticas que a discussão sobre a
educação ambiental ganha força e avança com novas referencias teóricas. Mas quando se
fala em fazer educação ambiental, o que isso significa de verdade? E de qual educação
ambiental se está falando? Segundo Carvalho (2004) falar de educação ambiental é sempre
uma tarefa muito complicada em termos conceituais, pois, na atualidade, existem uma
surpreendente diversidade de conceitos sobre “guarda-chuva” desta denominação,
Educação Ambiental. Desde a considerada educação ambiental conservacionista (Loureiro,
2006), passando pela Ecopedagogia (Avanzi, 2004), pela educação ambiental critica
emancipatória e transformadora (Loureiro, 2006), ate chegar a denominações que ganham
cada dia mais força e expressão como a Educação para Gestão Ambiental (Quintas, 2004).
O que é mais importante pra este tipo de educação Ambiental é a parte do problema ou
da situação e não o todo. O todo nada mais é do que a simples soma matemática das partes,
entendido de forma isolada, sem interação. Ou ainda, o mundo é compreendido com foco
em suas partes separadas e não dentro de sua totalidade complexa. Desta forma, sempre se
favorece uma dessas partes e estabelecendo se uma diferença hierarquizada, que constrói a
lógica da dominação (Guimarães, 2004).
Segundo Layrargues (2000), essa vertente “prepara o terreno da tão decantada fórmula
do exercício da cidadania, instrumentalizando a sociedade civil para a participação política,
distante, portanto, da tendência conformista da mudança de comportamentos individuais”.
É neste contexto que surgem os outros termos e definições para a prática da Educação
ambiental. Não se pode mais afirmar simplesmente que se faz “Educação Ambiental”
(Layrargues, 2004), é preciso achar uma educação ambiental para chamar de “sua”
(Carvalho, 2004).
10
É importante ressaltar que essas diversidades de denominações não se excluem, ou
seja, para que uma exista, as outras não precisam deixar de existir. Pelo contrário, uma
precisa da outra, deve haver diálogo entre essas várias vertentes, para o crescimento de
cada uma. Essa grande variedade de termos deve ser entendida como vários componentes
da educação ambiental, e não como simples equivalentes ou substitutos, já que todas as
vertentes fazem parte de um mesmo conceito global. Esta idéia se resume como escreve
Guimarães (2004), ao se referir à Educação Ambiental Crítica: “não a vejo, como uma
evolução conceitual ou desenvolvimento metodológico de algo que era anteriormente
conservador. A percebo como uma contraposição, que, a partir de um outro referencial
teórico acredito subsidiar uma leitura de um mundo mais complexo”.
É nesse contexto que devemos pensar a educação do futuro (Gadotti, 2001), uma
educação que incentive uma mudança de mentalidade em relação à qualidade de vida,
associada â busca do estabelecimento de uma relação saudável e equilibrada com o
contexto, com o outro e com o ambiente (Avanzi, 2004). É neste sentido que a
ecopedagogia se torna importante na prática da educação ambiental.
3.2.4. A Ecopedagogia
Segundo Gadotti (2001) a problemática da ecopedagogia foi desenvolvida por Edgar
Morin e por Francisco Gutierrez durante a década de 90. A ecopedagogia teve origem na
“educação problematizadora” de Paulo Freire, que se pergunta sobre o sentido da própria
aprendizagem.
O conceito de ecopedagogia é decorrente e, ao mesmo tempo, relaciona-se com o
pensamento ecológico e ambientalista. Tende à promoção do desenvolvimento sustentável
e de longo prazo. A ecopedagogia fundamenta-se num conjunto de princípios valorativos
que partem da educação para o desenvolvimento, direcionada para duas grandes temáticas.
A primeira é a preservação ambiental, associada à proteção de espécies ameaçadas, e a
valorização da diversidade cultural das comunidades. O segundo, na consciência coletiva,
dependendo da sociedade civil e dos grupos que nela emergem como associações locais e
organizações várias, entre as quais ONGs, com vovação para a problemática ambiental. O
conceito permite associar os objetivos e as preocupações emergentes das áreas da ecologia
ambiental e social, concentrando-se na problemática da sustentabilidade (Brito,2004).
Segundo Gadotti (2001), Ecopedagogia é uma teoria da educação que promove a
aprendizagem do sentido das coisas a partir da vida cotidiana. Ainda segundo o autor,
11
através dessa pedagogia encontramos o sentido ao caminhar, vivenciando o contexto e o
processo de abrir novos caminhos; não apenas observando o caminho. É, por isso, uma
pedagogia democrática e solidária.
Para Ruscheinsky (2001) a Ecopedagogia se propõe a ultrapassar o limite de ações
pontuais no cotidiano, a inserir a crítica ‘a sociedade atual em diversos aspectos, a projetar
uma nova relação com a natureza fundamentada numa outra relação entre os seres
humanos e a compreender tudo isto como um processo pedagógico e um movimento
social.
Este sentido ao caminhar, ou apenas “caminhar com sentido” é uma das propostas da
Ecopedagogia, Para Francisco Gutiérrez (1996), “caminhar com sentido significa, antes de
tudo, dar sentido ao que fazemos, compartilhar sentidos, impregnar de sentido as práticas
da vida cotidiana e compreender o sem sentido de muitas outras práticas que aberta ou
solapadamente tratam de impor-se”.
O objetivo imediato da ecopedagogia é a reeducação do olhar individual e grupal para
o ambiente, permitindo desenvolver uma atitude de observação crítica e construtiva,
protegendo os recursos e evitando as situações de deterioração, seja pela exploração
excessiva e do consumo, seja pela degradação e pela poluição (Brito, 2004). Para Gadotti
(2001), ela pretende desenvolver um novo olhar sobre a educação, um olhar global, uma
nova maneira de ser e de estar no mundo, um jeito de pensar a partir da vida cotidiana, que
busca sentido a cada momento, em cada ato, que pensa a prática, em cada instante de
nossas vidas, evitando a burocratização do olhar e do comportamento.
A Carta da Ecopedagogia do Primeiro Encontro Internacional da Carta da Terra na
Perspectiva da Educação, realizado em São Paulo em Agosto de 1999, organização:
Instituto Paulo Freire e com apoio do Conselho da Terra e UNESCO-Brasil, traz bem
definido a finalidade desta prática (Gadotti, 2001):
“A ecopedagogia tem por finalidade reeducar o olhar das pessoas, isto é, desenvolver a
atitude de observar e evitar a presença de agressões ao meio ambiente e aos viventes e o
desperdício, a poluição sonora, visual, a poluição da água e do ar, etc. para intervir no
mundo no sentido de reeducar o habitante do planeta e reverter a cultura do descartável.
Experiências cotidianas aparentemente insignificantes, como uma corrente de ar, um sopro
de respiração, a água da manhã na face, fundamentam as relações consigo mesmo e com o
mundo. A tomada de consciência dessa realidade é profundamente formadora. O meio
ambiente forma tanto quanto ele é formado ou deformado. Precisamos de uma
ecoformação para recuperarmos a consciência dessas experiências cotidianas. Na ânsia de
12
dominar o mundo, elas correm o risco de desaparecer do nosso campo de consciência, se a
relação que nos liga a ele for apenas uma relação de uso”
A pedagogia tradicional centrava-se na espiritualidade, a pedagogia da escola nova na
democracia e a tecnicista na neutralidade científica. A ecopedagogia centra-se na relação
entre os sujeitos que aprendem juntos “em comunhão” (Freire,1997). É sobretudo uma
pedagogia ética, uma ética universal do ser humano não a ética do mercado que
fundamenta a mercoescola (Freire, 1997).
Neste sentido a Ecopedagogia tem algumas características marcantes como
planetaridade, cidadania planetária, cotidianidade e pedagogia da demanda (AVANZI,
2001).
A planetaridade evoca ao fato de que o viver da cotidianidade encontra-se em íntima
conexão com a dimensão global, com o universo, com os outros seres do planeta e com a
natureza (Ruscheinsky, 2001). A educação voltada para a planetaridade está atenta aos
significados e para a consciência e discussão do que representam diante do conjunto de
seus integrantes e do conjunto do meio no qual está inserido (Gadotti 2000)
Para isso, é preciso desenvolver uma outra forma de sobrevivência em consonância
com o ambiente complexo. Para isso, devemos construir uma forma de convivência
humana em escala planetária, tanto no aspecto comunitário, como institucional. Também é
preciso construir uma cultura de respeito às diversidades (cultural, religiosa, profissional,
de gênero, de histórias de vida, etc) para poder encarar o outro como verdadeiro outro, pois
o que existe de mais comum entre todos os seres (inclusive os humanos), é justamente a
diferença. Essa postura passa pela compreensão do campo ético, mas não sem considerar
outros aspectos dentro da consciência planetária, como o espiritual, o existencial, o
ecológico e o epistemológico. Ser um cidadão planetário é valorizar as relações, os laços
de comunhão entre grupos, instituições e outras organizações, além de apreciar o
permanente processo de aprendizagem e transformação (Barros, 2004).
Na sociedade planetária deve-se viver a vida como processo, como fluxo permanente
de energia, de situações, de um transcorrer relativamente imprevisível. (Gutiérrez e Prado,
1999).
Para alcançar essa dimensão planetária outra categoria deve ser pensada como
primordial, a cotidianidade. Segundo Avanzi (2001) A transformação que se busca deve
estar em consonância com as potencialidades do ser humano e as exigências da Terra. Para
Gutiérrez & Prado (1999) é na vivência cotidiana que será gerada a transformação, é a
13
partir de novos tipos de comportamentos que serão construídos pedagogicamente. A vida
cotidiana é o local onde as práticas de educação e de aprendizagem ganham sentido.
Mas essa construção de novos comportamentos no cotidiano da vida deve ser
construída numa pedagogia diferente da pedagogia com um discurso anunciado com um
sentido único, universal, definido e científico. A pedagogia que deve ser vivenciada é a
pedagogia da demanda, que tem início nas necessidades dos protagonistas, buscando, em
primeiro lugar, a satisfação das necessidades que ainda não foram sanadas, fazendo do
processo pedagógico um processo imprevisível, gestor de iniciativas, propostas e soluções
(Gutiérrez & Prado, 1999). Segundo Tristão (ANO), a Pedagogia da Demanda, é o
processo de aprender a aprender dialógico, pode produzir outros sentidos por ser mais
flexível, vivencial, menos estruturado, as metodologias são vivenciadas e contextualizadas.
Segundo Tristão (2002), uma prática de educação ambiental deve enfrentar as muitas
visões, respeitando a diversidade cultural, social e biológica, além de superar a visão do
especialista, a lógica da exclusão e a pedagogia das certezas. Esta pedagogia das certezas
diz respeito ainda a uma forma de pedagogia baseada na tecnificação, da certeza das
teorias que afasta os envolvidos de uma atitude reflexiva sobre o problema enfrentado.
14
ambiental.
Segundo o PDA (1999), um viveiro é um local cujas instalações são construídas com
características idênticas às condições que a natureza oferece para que sementes germinem,
até que estejam prontas para suportar viagens, o plantio ou a recria, nos locais onde viverão
definitivamente.
15
sociais e educadoras.
Seja qual for sua função, todo viveiro torna possível a recuperação de áreas degradadas
com culturas permanentes, incentiva a agricultura familiar, além de fortalecer cooperativas
e promover a criação de empregos (PDA, 1999).
Outro fato a se levar em conta é a insolação e ventilação. Isto é necessário para que
haja evaporação rápida da água e para que as mudas não fiquem estioladas por falta de luz
(Júnior et al., 2001). Imazoe (2003) aconselha que a orientação do viveiro deva ser para o
norte, que recebe maior insolação, favorecendo o crescimento das mudas reduzindo a
incidência de doenças.
O tipo solo também deve ser levado em conta; o recomendado seria um solo areno-
argiloso, pois este facilita a retirada de barro para a mistura do substrato (PDA, 1999).
3.3.4. Os recipientes.
Segundo Paiva (1995), o tipo de recipiente influência o desenvolvimento das mudas de
essências florestais.
A escolha do tipo de recipiente a ser utilizado deve levar em consideração o seu custo
de aquisição, as suas vantagens (durabilidade, possibilidade de reaproveitamento e área
ocupada no viveiro) e suas características para a formação de mudas de boa qualidade
(Macedo, 1993). Os recipientes mais comuns são os sacos plásticos e os tubetes de
polipropileno.
16
investimentos em infra-estrutura. Os tubetes requerem investimentos mais elevados, mas
apresentam custo operacional muito menor (Macedo, 1993). Como desvantagem, os sacos
plásticos exigem maior volume de terra e esterco para o seu preenchimento e necessitam de
mais espaço e mão-de-obra; os tubetes precisam de menor volume de substrato e,
consequentemente, menor área ocupada no viveiro (Imazoe, 2003).
3.3.5. O substrato
Segundo Macedo (1993), em relação à escolha dos substratos, o mais usado é terra de
subsolo (70%), mais composto orgânico ou esterco curtido (30%), no caso de se usar sacos
plásticos. No caso de se usar tubetes, os tipos de substratos mais recomendáveis são os
seguintes:
2 terra de subsolo (40%), mais areia (40%), mais esterco curtido (20%);
Em relação à fonte de matéria orgânica para ser usada em sacos plásticos, Imazoe
(2003) apresenta várias fontes de matéria prima como os meios de fermentação: restos
vegetais, compostagem, lodo de esgoto e lixo doméstico.
3.3.6. A semeadura
Pode ser de duas formas: a direta e a indireta. Segundo PDA (1999b), na semeadura
direta as sementes são colocadas diretamente nos recipiente, já com o substrato para
germinarem. Já na semeadura indireta, as sementes são depositadas em um local
previamente escolhido (germinadouro ou sementeira), e só depois são transplantadas
definitivamente para os recipientes no viveiro.
3.3.7. Os canteiros
Os canteiros devem ter 1m de largura com comprimento variável, que pode ser mais de
10m e menos de 30m. A distância entre os canteiros deve ser da ordem de 0,70m, com
17
caminhos internos de para permitir a circulação entre eles (MACEDO, 1993).
1. A céu aberto: quando não há mais preocupação com perdas de mudas, elas
são expostas à luz direta do sol,
Segundo Júnior (2001), deve ser feita uma inspeção sistemática das mudas no viveiro
para que se possa detectar precocemente qualquer sintoma e tomar as devidas medidas de
controle. Por permanecerem muito tempo no viveiro, as mudas tornam-se mais suscetíveis
às doenças secundárias e fungos oportunistas.
Para o PNF (2003), os sacos plásticos com as sementes germinadas podem ser
protegidos do sol até uma semana após a germinação, usando folhas de coqueiros ou outra
18
espécie que sirva de sombrite. Aconselha-se deixar somente uma muda por saquinho, de
preferência a mais vigorosa; fazer a “dança” das mudas a cada quinze dias; e, por fim,
aconselha-se fazer a poda das raízes, para evitar que elas entrem na terra.
4. Materiais e Métodos
Foi montado um viveiro modelo dentro de uma escola de ensino fundamental, com a
participação dos alunos, professores funcionários, pais e comunidade vizinha, de caráter
permanente, contemplando estrutura simples e econômica.
19
Figura 1. Localização da Escola Classe 50 na EQNL 02/04, Setor L- Norte, em Taguatinga
Norte, DF. Fonte: Google Earth (2008).
20
Marina 2º período B Vespertino 30
Maísa 2º período C Vespertino 16
Marlice 2º ano A Vespertino 14
Leia 2º ano B Vespertino 15
Marly 2º ano C Vespertino 16
Fatima 2º ano D Vespertino 21
Nazare 2º ano E Vespertino 21
Lucimar 3º ano C Vespertino 29
Helane 3º ano D Vespertino 24
Neide Educação especial Vespertino 2
Total 553
A área destinada ao viveiro dentro da escola foi de 30 m2 (Figura 2), ao lado da cozinha
e das caixas de água da escola. Esta área tem em seus limites os muros da escola e a
própria cozinha, tendo uma boa incidência de luz, sem áreas de empoçamento e sem
declividade acentuada.
21
4.2. A primeira etapa: A problemática ambiental
A primeira etapa do trabalho teve início com o contato com a diretoria da Escola
Classe, antes do período letivo de 2008. Neste primeiro contato todas as informações sobre
os objetivos do trabalho foram expostos e o convite para a participação de todo o corpo
docente foi efetuado.
Logo no primeiro bimestre do ano letivo de 2008, foram realizadas palestras para os
professores e funcionários sobre diversos temas, com o intuito de conhecer e se
familiarizar com a rotina da escola, com o seu funcionamento, seus professores,
funcionário, estrutura, instalações e também uma tentativa de identificar o nível de
conhecimento das pessoas envolvidas em todo o processo.
As palestras foram realizadas sempre nas quartas-feiras, por serem os dias em que os
professores estão na escola nos turnos contrários aos seus turnos de aula. As palestras
foram ministradas sempre nos dois períodos, matutino e vespertino.
No segundo bimestre do ano letivo de 2008, realizou-se uma palestra sobre Viveiros
Florestais, onde todas as informações foram repassadas aos professores, primeiramente em
sala de aula e depois em aulas práticas, para que eles fossem capazes de ministrar as aulas
no viveiro tanto na sua instalação quanto na sua manutenção. Desta forma, todas as turmas
tiveram a oportunidade de participar e a continuidade do viveiro nos próximos anos letivos
se tornou possível.
Para encerrar esta etapa, foi realizada uma prática sobre germinação de sementes
florestais, com todas as turmas da escola na área em que o viveiro foi implantado. Esta aula
foi realizada, com os professores; e, depois, estes realizaram a mesma atividade com os
alunos.
22
4.3. A segunda etapa: O viveiro
Cada canteiro foi identificado com uma cor, referente as fitas adesivas que foram
colocadas nas PET’s, cada turma tinha uma cor. O sistema de produção de mudas foi a
partir de sementes.
Uma vez obtidas às sementes, efetuou-se o semeio com mais de uma semente por
recipiente; e se tratando de espécies com sementes dormentes, discutiu-se a causa e os
possíveis meios de superação da dormência, optando-se pelo método mais prático, fácil e
econômico.
23
Outras atividades importantes a serem destacadas foram: dança dos recipientes para
evitar que a raiz transpasse o recipiente e penetrasse no solo do canteiro (realizada a cada
20 dias, durante todo o período de produção), seleção das mudas por tamanho (por serem
produzidas por sementes, há variabilidade genética, que promove um desenvolvimento
desuniforme, a ser tratado, implementando-se a irrigação e fertilização das menores, para
que sejam estimuladas a alcançar as maiores e melhores, até a data do plantio),
monitoramento de pragas e doenças (se e quando surgirem, as mudas doentes e atacadas
devem ser isoladas e tratadas de acordo com o problema identificado; se não for possível o
tratamento, serão eliminadas, para evitar fonte de inóculo), endurecimento (as mudas
devem, próximo à época de expedição, ser submetidas a rustificação, através da redução e
até paralisação da oferta de água e nutrientes, para que elas passem a investir no
crescimento secundário, identificado através da lignificação da região do coleto).
Beneficiamento de sementes
Semeadura
Irrigação
24
Para cada atividade foi elaborado um conjunto de procedimentos a serem seguidos
pelos professores para a realização da aula no viveiro. Informações como: os materiais
utilizados, etapas da aula, cuidados e outras observações foram detalhadas para que cada
professor realizasse a atividade com sua turma no viveiro, da forma mais correta
A avaliação dos alunos foi feita pelos professores e pelos pais, através de um
questionário, com questões que identificaram os resultados obtidos nas atividades
realizadas no viveiro e na escola. Desta forma, os professores puderam avaliar o nível de
compreensão de cada aluno e buscar alternativas que possibilitasse um melhor
entendimento por parte destes para os temas propostos.
Todas as tarefas realizadas em sala de aula com os alunos, bem como, todo o material
utilizado nas palestras (para pais, professores e funcionários) foram arquivados, para que
houvesse a melhoria da metodologia de trabalho, culminando na apresentação da
dissertação de educação ambiental, empregando o viveiro florestal como veículo de
realização.
25
4.6. A Feira Cultural
No final do quarto bimestre do ano letivo de 2008, será realizada na escola uma feira de
ciências para a comunidade vizinha a escola. Nesta ocasião, as mudas produzidas no
viveiro da escola serão doadas e/ou comercializadas junto à comunidade.
Na feira haverá a exposição de fotos das atividades realizadas pelos alunos no viveiro e
das palestras realizadas com os pais, professores e funcionários. As tarefas realizadas em
sala de aula também serão expostas. O vídeo produzido será exibido no final da feira.
5. Resultados
Com o apoio dado pela diretora o próximo contato foi como corpo docente da escola
através de uma palestra realizada ainda neste mesmo mês sobre a problemática ambiental.
A palestra, que tinha como título “Em que mundo nossas crianças irão viver?”,
abordava o desmatamento, a substituição de florestas por monoculturas, a urbanização
desenfreada e mal planejada, a perda da biodiversidade e a poluição em geral, que
acarretam mudanças cada vez mais preocupantes no planeta Terra. Neste sentido, os
professores presentes puderam discutir não só como estas mudanças podem afetar o futuro
de todos, mas buscar soluções para os problemas da poluição e do desmatamento que
pudessem começar dentro de sala de aula, com seu alunos. Vários professores
apresentaram um conhecimento aceitável sobre a maioria dos assuntos abordados, apesar
26
de se mostrarem surpresos com as possíveis conseqüências da perda da biodiversidade do
planeta.
No primeiro bimestre no ano letivo de 2008, um novo encontro foi realizado com os
professores e alguns funcionários, sendo proferida a palestra: “Cerrado: o passado, o
presente e o futuro”. Neste encontro, destacou-se a importância do bioma Cerrado, sua
situação atual, seu grave quadro de substituição por pastagens e culturas agrícolas, suas
características marcantes, suas belezas, seus potenciais e perspectivas para o futuro. Com
uma grande participação dos presentes, a discussão teve como foco principal o
desconhecimento geral das potencialidades do Cerrado pela maioria das pessoas que nele
vivem e só cuidam daquilo que elas conhecem e gostam. Várias idéias surgiram no final
deste encontro e a principal foi tornar o Cerrado conhecido para as crianças para que elas
aprendam a gostar e possam cuidar dele hoje e no futuro.
No mês de Junho (de 2008), uma aula sobre viveiros florestais foi elaborada a pedido
dos professores. Esta aula teve como objetivo principal apresentar uma estrutura
simplificada de um viveiro, seus objetivos e todas as etapas para se implantar essa estrutura
na escola.
A principal preocupação encontrada foi com a questão da água, já que tendo dois
turnos para regar as mudas, isso poderia aumentar o consumo de água da escola. As
próprias crianças (com a ajuda dos professores) identificaram as formas mais evidentes de
desperdício de água, como: torneiras abertas sem necessidade, utilização de mangueiras
para a limpeza de pátios, entre outros. Foi realizado um trabalho de conscientização,
principalmente com os funcionários da escola, que se comprometeram a mudar hábitos
para tornar o viveiro na escola uma realidade. A mangueira, antes utilizada para a limpeza
dos pátios, passou a ser utilizada somente nas dependências da cozinha e do viveiro.
27
.
Figura 3. Materiais utilizados para a germinação de sementes na área do viveiro da Escola
Classe 50, em Taguatinga Norte, DF.
Figura 4. Local destinado a formação dos canteiros de produção de mudas por sementes, na
Escola Classe 50, em Taguatinga Norte, DF.
Em primeiro lugar, esta aula foi realizada com os professores da escola numa
quarta-feira, dia 4 de Junho, para que em seguida eles pudessem dar esta mesma aula aos
seus alunos. A aula foi realizada em dois turnos, pela manhã para os professores do turno
vespertino e à tarde, para os professores do turno matutino.
28
Figura 5. Frutos de Dimorphandra mollis (esquerda) e Hymenaea stignocarpa (direita).
Por apresentarem tegumento duro, as sementes das duas espécies foram submetidas à
escarificação mecânica com ajuda de lixas (Figuras 6), para possibilitar a entrada da água
no interior da semente pelo tegumento, tanto em Dimorphandra mollis (Figura 7) quanto
em Hymenaea stignocarpa (Figura 8), facilitando a ocorrência e uniformização da
germinação.
29
Figura 8 - Aplicação de metodologia de escarificação mecânica através de lixamento do
tegumento em sementes de Hymenaea stignocarpa.
30
Figura 10. Final da aula de germinação de sementes de espécies arbóreas nativas do
Cerrado, realizada com a participação dos professores, na área do viveiro da escola Classe
50, Taguatinga Norte, DF.
O interesse dos alunos pela aula prática foi evidente, em todas as turmas, de todas
as idades. Para os alunos das séries mais avençadas (Figura 11), houve uma explicação
mais detalhada sobre os processos de escarificação mecânica e sua relação com a
germinação de sementes de espécies arbóreas nativas do Cerrado. Para os alunos mais
31
novos (Figura 12), uma aula com a exposição de fotos de frutos, sementes e árvores do
Cerrado foi dada anteriormente para facilitar o acompanhamento das crianças.
Figura 11. Aula de germinação de sementes de espécies arbóreas do Cerrado com alunos
da 3º série, na área do viveiro da Escola Classe 50, Taguatinga Norte, DF.
Figura 12. Aula de germinação de espécies arbóreas do Cerrado com alunos do 2º período,
na área do viveiro da Escola Classe 50, Taguatinga Norte, DF.
32
Figura 13. Quebra de dormência em sementes de espécies arbóreas do Cerrado através da
escarificação mecânica, realizada pelos alunos.
Já para os alunos mais velhos, a concentração foi mais difícil. Para os alunos das
terceiras e quartas séries o interesse maior foi pela preparação das bandejas com
vermiculita (Figura 14) e o plantio.
Figura 14. Preenchimento das bandejas com vermiculita, antes do semeio de espécies
arbóreas nativas do Cerrado, na área do viveiro da Escola Classe 50, Taguatinga Norte,
DF.
Cada turma foi dividida em 5 grupos e cada grupo (Figura 15) ficou responsável
por uma bandeja de isopor, com uma semente por aluno do grupo. Cada turma plantava
uma espécie; as sementes de Jatobá (Hymenaea stigonocarpa), por serem maiores, ficavam
com os alunos mais novos, e as sementes de Faveira (Dimorphandra mollis) com os alunos
mais velhos, já que suas sementes são menores e apresentam maiores riscos de acidentes
durante a escarificação mecânica. A participação do professores, principalmente nas
turmas mais novas foi muito importante (FIGURA 16).
33
Figura 15 - Grupo de alunos da Escola Classe 50 na aula de germinação de sementes de
espécies arbóreas nativas do Cerrado, na área do viveiro.
Depois de terminada a aula, cada grupo ficou responsável por sua bandeja (Figura
17), principalmente quanto ao monitoramento da irrigação até a germinação de sementes e
estabelecimento da plântula.
Os quatro alunos da Educação Especial participaram desta primeira aula com muita
facilidade e interesse, tanto na parte de escarificação quanto no próprio semeio.
34
Figura 17. Final da aula de germinação de sementes de espécies arbóreas nativas do
Cerrado com alunos da 4º série da Escola Classe 50, Taguatinga Norte, DF.
Apesar das aulas terem sido realizadas sem nenhum problema, o acompanhamento
da germinação das sementes apresentou várias falhas.
Por outro lado, as turmas que deixavam suas bandejas na área destinada ao viveiro
durante o final de semana e que conseguiram obter bons resultados na germinação
sofreram outro tipo de dificuldade; as crianças querendo mostrar para as outras turmas que
suas sementes haviam germinado, tiravam da bandeja e colocavam na mochila, por
exemplo.
35
5.2. Segunda etapa
36
Figura 18. Viveiro de produção de mudas por sementes de espécies arbóreas nativas do
Cerrado da Escola Classe 50, com canteiros de garrafas PETs identificados por cores
diferentes das mesmas
As garrafas PETs foram cortadas ao meio e furadas em baixo para evitar o acúmulo
de água.
Figura 19. Discussão inicial sobre todas as atividades relacionadas a produção de mudas de
espécies arbóreas nativas do Cerrado
37
Figura 20. Enchimento dos recipientes para a produção de mudas de espécies arbóreas
nativas do Cerrado pelos alunos da Escola Classe 50, na área do viveiro.
Figura 21. A semeadura nos recipientes efetuada pelos alunos com auxílio dos professores
no viveiro da Escola Classe 50, Taguatinga Norte, DF.
Figura 22. A rega das sementes após semeio no substrato dentro dos recipientes.
38
Figura 23. O encanteiramento dos recipientes realizado pelos alunos da Escola Classe 50,
na área do viveiro de produção de mudas de espécies nativas do Cerrado, em Taguatinga
Norte, DF.
O plantio foi todo refeito e agora, para tentar evitar perdas com as chuvas típicas
desta época do ano, os recipientes foram devidamente amarrados com barbantes, para
evitar que ventos fortes arrastem as mudas, como mostra a figura 25, abaixo.
39
Figura 25. Recipientes amarrados com barbante no viveiro florestal da Escola Classe 50,
Taguatinga Norte, DF.
As sementes demoraram cerca de 20 dias para começarem a germinar. Quando já
era possível identificar as primeiras estruturas das plântulas, outra atividade foi realizada
com as turmas; uma aula sobre as primeiras estruturas da nova planta. Aproveitou-se para
realizar a “dança das mudas” com as mudas já existentes e plantar outras mudas; desta vez
com outro substrato, composto de húmus de minhoca e areia lavada, doado por pessoas da
comunidade.
Figura 26. Aula no viveiro florestal da Escola Classe 50 depois da germinação das
sementes de espécies arbóreas nativas do Cerrado.
40
Figura 27. Plântula de Enterolobium gummiferum (Mart.) Macbr. produzida após a
germinação da semente no viveiro da Escola Classe 50, pelos alunos e professores.
Figura 28. Mudas de espécies florestais nativas do Cerrado utilizadas na aula prática no
viveiro da Escola Classe 50, Taguatinga Norte, DF.
41
Figura 30. O viveiro Florestal da Escola Classe 50, Distrito Federal.
A divisão por cores dos canteiros do viveiro foi essencial para que as crianças
identificassem suas mudas e evitou que houvesse troca de mudas pelos próprios alunos.
43
de três dias para todas as turmas que usaram esta espécie no teste. Salomão et al (1997) e
Wetzel (1997) encontraram taxas de germinação para esta espécie em torno de 60%,
mesmo sendo em condições de germinação diferente a baixa taxa de germinação
encontrada nesta pesquisa em condição de viveiro pode ser explicada devido ao excesso de
água no substrato e ao local quente, fechado e sem ventilação em que as bandejas foram
armazenadas.
44
Em compensação o Ipê-amarelo (Tabebuia aurea) (Figura 31) germinou em quase
todos os recipientes, a taxa de germinação foi de 96%, sendo uma das mudas favoritas dos
alunos no viveiro. Wetzel (1197) e Salomão (2002) encontraram taxas de 100% de
germinação para esta espécie em rolo de papel, o que demonstra a grande capacidade de
germinação do Ipê-amarelo (Tabebuia aurea) já que sua germinação foi alta tanto em
substrato composto de terra-vermelha/esterco curtido (1º plantio) e húmus/areia lavada (2º
plantio).
Figura 32. Germinação e produção de mudas de Tabebuia aurea (ipê amarelo) no viveiro
da Escola Classe 50.
O Pau-santo (Kielmeyera coriacea) (Figura 32) apresentou uma taxa de germinação
de 30%, valores entre 30% e 70% foram encontrados por Botelho e Carneiro (1992),
Salomão (2002) e Wetzel (1993) em substrato composto por areia. Talvez se utilizado no 2
plantio onde o substrato era areia e húmus o Pau-santo (Kielmeyera coriacea) poderia ter
tido um melhor desempenho, mas por falta de sementes disponíveis para o semeio, esta
espécie não foi mais utilizada.
45
Figura 33. Germinação e produção de mudas de Kielmeyera coriacea (pau santo)
no viveiro da Escola Classe 50.
46
O substrato é um dos fatores que interfere na germinação tendo como principal
função dar sustentação, tanto do ponto de vista físico e químico quanto do biológico.
Segundo Viu at al (2007), ao estudar o efeito do substrato na germinação de Brosimum
gaudichaudii Trec.(mama-cadela), no substrato vermiculita a taxa de germinação foi de
70% enquanto essa taxa baixou para 23% quando o substrato terra vermelha e esterco e
13% quando o substrato foi terra vermelha peneirada e terra vermelha com esterco e areia.
Para Tillmann o sucesso do substrato vermiculita pode ser explicado pelas propriedades
físico-químicas deste substrato, que em comparação com os demais apresenta maior espaço
poroso, alta capacidade de retenção de água, menor densidade e condições mais adequadas
de aeração. Segundo Salomão (2003) existe uma a relação direta entre a germinação e o
teor de matéria orgânica no substrato
47
Apesar de não ser uma espécie nativa do Cerrado, o Guapuruvu (Schyzolobium
parahyba) (Figura 3) foi utilizado na etapa de implantação do viveiro por apresentar alta
taxa de germinação e rápido crescimento inicial. Esses fatores foram importantes para que
os alunos pudessem obter prontamente resultados iniciais, o que incentivou o interesse dos
mesmos na continuidade do viveiro.
48
5
Borrifador - 6 2,49 14,94
Barbante Rolo 330metros 2 4,50 9,00
Baldes 10 litros 5 2,90 14,50
Total - - - 491,58
Apesar do custo total de R$ 491,58 ser considerado baixo muito, deve-se destacar
que os materiais acima não foram adquiridos, uns por já fazerem parte do patrimônio da
escola, outros por terem sido doados.
Vale ressaltar que por se tratar de uma área pequena e pelo número de alunos ter
diminuído na etapa de implantação do viveiro, esse custo foi reduzido; o custo total pode
variar dependendo de vários fatores, como o número de mudas, a área total do viveiro entre
outros (PDA, 1999).
5.3. Os questionários
No final do mês de Junho de 2008, foi aplicado o primeiro questionário de
avaliação das atividades realizadas no primeiro e segundo bimestre letivo do mesmo ano.
Dos vinte e seis professores envolvidos na primeira etapa, apenas vinte professores
responderam ao questionário, sendo que os outros não responderam por motivos
desconhecidos.
49
A primeira parte do questionário apresentou resultados esperados na maioria das
sete questões, demonstrando que as palestras realizadas na primeira etapa do projeto,
agradaram os envolvidos, tornando-se decisivas na participação no projeto.
A primeira questão (Figura 38), talvez, tenha sido a que trouxe o resultado mais
inesperado, já que 65% dos entrevistados afirmaram que antes do início do projeto não
conheciam a realidade e o quanto o Cerrado se encontra ameaçado.
35%
sim não
65%
50
Mais da metade dos professores, ou seja, 65% relataram que as primeiras palestras
ajudaram na percepção da realidade do bioma Cerrado (Figura 40) e de como é importante
pensar na sua conservação.
35%
sim não
65%
45%
sim não
55%
51
Questão 5. Voce acha que um Viveiro
Florestal pode ajudar na educação
ambiental para crianças?
40%
sim não
60%
Os resultados mais expressivos desta primeira etapa foram obtidos através das
respostadas dadas às questões seis (Figura 43) e sete (Figura 44), demonstrando que depois
do início do projeto na escola 85% dos professores desenvolveram algum tipo de trabalho
específico com a temática ambiental e que 95% dos envolvidos afirmaram que o tema do
projeto foi apresentado de forma clara e objetiva.
sim não
85%
52
Questão 7. O tema viveiro florestal foi
apresentado de forma clara, objetiva e
de fácil entendimento?
5%
sim não
95%
10%
otimo
bom
30%
ruim
60%
53
Questão 9. Em relação a aula dada aos
alunos, essa aula foi:
0%
35% otimo
bom
ruim
65%
0%
otimo
40% bom
ruim
60%
54
Questão 11. Em relação ao local das aulas:
10%
40% otimo
bom
ruim
50%
15%
35% otimo
bom
ruim
50%
55
Questão 13. Depois da aula de germinação
seus alunos demonstraram mais interesse
com assuntos ambientais?
15%
sim não
85%
50% 50%
sim não
56
Questão 15. Durante o tempo que cuidaram
das bandeijas surgiram perguntas
relacionadas a germinação e outros temas?
15%
sim não
85%
Para 90% dos entrevistados, as crianças contam para os seus pais sobre o projeto do
viveiro na escola (Figura 53); 85% acham que o conhecimento das crianças sobre o bioma
Cerrado aumentou (Figura 54).
10%
sim não
90%
57
Questão 17.Como professor, você acha que
este projeto tem ajudado no aumento do
conhecimento das ciranças sobre o cerrado?
15%
sim não
85%
Figura 54. Resultado referente à questão 17 do 1° questionário de avaliação do trabalho de
educação ambiental através de viveiro florestal, realizado na Escola Classe 50.
Apenas 10% dos professores acham que o interesse dos alunos em relação à aula de
germinação de sementes de espécies arbóreas nativas do Cerrado foi ruim (Figura 55);
50% acharam bom e 40% ótimo.
otimo
40%
bom
ruim
50%
58
Questão 19. A sua participação e interesse
na execução do projeto esta sendo:
20%
otimo
40%
bom
ruim
40%
otimo
bom
ruim
90%
É necessário enfatizar que o questionário foi aplicado em um único dia, para todos
os professores, e por uma pessoa envolvida no projeto, para que os entrevistados pudessem
responder da melhor maneira, sem nenhum tipo de constrangimento. Além disso, o
preenchimento do questionário, com o nome do entrevistado, era opcional; nenhum
professor quis se identificar.
59
O mesmo aconteceu com o segundo questionário, aplicado no mês de Dezembro de
2008, constituído por cinco questões discursivas sobre a segunda etapa do presente
trabalho, ou seja, a instalação do viveiro na escola.
60
5.4. A feira Cultural
No dia 13 de Dezembro de 2008 foi realizada na escola uma feira cultural para o
encerramento do ano letivo e, entre aos vários estandes de projetos da escola, estava um
estande destinado só a exposição das mudas produzidas no viveiro (FIGURA 58). As fotos
tiradas durante todo o ano também foram expostas (FIGURA 59), para que o público,
composto por pais, professores, funcionários e a comunidade próxima, pudesse conhecer o
trabalho desenvolvido (FIGURA 60). Os alunos ensinaram como semear em garrafas PETs
e mostraram as sementes utilizadas no semeio durante todo o projeto.
Figura 58. Mudas produzidas no Viveiro da Escola Classe 50 exposta na Feira Cultural
61
Figura 60. Exposição de sementes, frutos, fotos e mudas na Feira Cultural na Escola Classe
50.
O vídeo produzido com as imagens feitas durantes as aulas não pode ser exibido
durante a feira cultural, mas foi disponibilizado para a escola que se responsabilizou em
repassar esse material todos os alunos que quisessem o vídeo do viveiro.
Já na primeira palestra com o título “Em que mundo nossas crianças irão viver?”, a
abordagem da problemática ambiental mundial foi feita de forma questionadora,
provocativa e crítica. As causas dos problemas ambientais foram apresentadas em toda sua
complexidade, dentro do seu contexto social, econômico, ambiental, político e cultural,
pois, segundo Ruscheinsky (2001), se não houver mudança de cultura, as questões
substantivas permanecerão intactas.
A resposta dos professores foi imediata, as outras palestras durante todo o primeiro
semestre foram voltadas a questão ambiental no mundo globalizado, os problemas
causados por esta globalização e a necessidade de se construir uma cidadania planetária.
Segundo Avanzi (2001), a proposta é construir a participação cidadã, considerando nosso
62
pertencimento ao planeta Terra como uma única comunidade, de modo que as diferenças
culturais, geográficas, raciais, e outras sejam superadas.
Essa questão da água serviu para uma importante descoberta que a escola que
educa, educa de maneira inteira, desde a entrada, na portaria, até o banheiro, passando pela
cozinha, pelos depósitos de lixo, pela secretaria. Ou ainda segundo Silva (2007) A escola
que educa através de todos os seus espaços é uma escola que mobiliza toda a sua estrutura
para a condução de fazeres pedagógicos que se ampliam dos espaços de sala de aula e
adentram a alma da escola, desde a forma como os alunos são recebidos no portão de
entrada até a forma como cuida dos resíduos produzidos em seu interior.
Outro grande avanço foi o fato da temática ambiental ter sido tema durante todo o
ano escolar e não em um bimestre só como acontecia nos anos anteriores na escola.
Esse contato com a terra e com as sementes foi essencial para perceber uma das
conseqüências da forma de vida moderna, da globalização neoliberal e do capitalismo, a
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crise que é causada pela falta de cuidado (Boff, 1999). Durante toda a prática de
germinação as crianças demonstraram falta de cuidado em relação aos materiais utilizados
na aula (bandejas, vermiculita, água) e em relação ao respeito a natureza e ao processo de
germinação de sementes. Essa falta de cuidado fez com que quase todas as sementes não
germinassem seja por falta de água, por excesso da mesma, entre outros fatores já
discutidos anteriormente. Mas as sementes que germinaram de algumas turmas que
valorizaram mais a prática geraram um incomodo em todas as outras turmas e quando foi
explicado as crianças que o cuidado com as sementes era necessário da mesma forma que
um bebê precisa do cuidado de sua mãe, o interesse delas mudou e passaram a respeitar
mais as aulas com as sementes.
A segunda etapa da pesquisa foi impregnada pelo sentido de cuidado relatado por
Leonardo Boff, o processo de instalação do viveiro, apesar de ter sido realizado por poucos
professores, foi um grande aprendizado para professores, alunos e funcionários. Através
destas questões, relacionadas ao contato com a terra, ao plantio, a rega, ao contato com a
natureza, os alunos puderam ultrapassar a idéia de cuidar apenas de si, se seu corpo e
mente. O cuidar do próximo e do planeta em que vivemos pode ser a solução para o viver
bem, em paz e harmonia, a ênfase deve ser no emocional. Ainda segundo Boff (1999) é a
partir desta ênfase no emocional que o cuidado deve ser priorizado. É com o sentimento
que surge simpatia e empatia, a cooperação, a integração e os resultados da solidariedade,
enfim, é o sentimento que faz o homem amar tudo em sua vida.
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são muito importantes e serviram para o surgimento de muitas atividades dentro de sala de
aula realizada pelos professores, mas o mais importante foi a vivência com a natureza, um
sentir a natureza mais do que um saber sobre ela. Esso é uma das propostas da
Ecopedagogia (Magalhães, 2006).
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viveiro leva a uma reflexão intencional sobre a forma como o ser humano tem se
relacionado com o ambiente e as causas e efeitos dos problemas socioambientais vividos
atualmente, esse viveiro se torna um viveiro educador.
Desta forma todos os tipos de viveiro são capazes de assumir um caráter educador,
desde que estes viveiros sejam devidamente conduzidos para este sentido (Brasil, 2008)
Desta forma foi possível buscar um caminhar com sentido, ou seja, impregnar de
sentido as práticas da vida cotidiana, neste caso no viveiro, impregnando de cuidado as
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práticas realizadas no viveiro para que não as crianças vivessem estas práticas e de forma
que estas levassem a um caminhar em atitude de aprendizagem, ou seja, que os processos
pedagógicos fossem abertos, dinâmicos e criativos, para que o aprendizado fosse
permanente durante todo o ano.
Outro ponto muito importante foi o caminhar em diálogo com o entorno, Segundo
Gutiérrez e Prado (1984) a interlocução é essencial na educação, interlocução é a
capacidade de chegar ao outro. As práticas no viveiro foram pensadas e planejadas com os
professores para facilitar a aprendizagem dos alunos da forma mais clara e aberta possível.
Para isto, durante o caminhar, a intuição foi a prioridade, como a intuição de que ante de
começar o plantio no viveiro, um primeiro contato com a terra e com o plantio deveria se
feito, o que gerou a aula de germinação que foi muito importante no aprendizado como já
foi exposto. Este caminhar com intuição gerou sentimentos, emotividade, imaginação
como itens fundamentais da relação entre crianças e natureza
Diante de todos os resultados obtidos durante todo o ano, tudo foi documentado
através de fotos, vídeos, tarefas dentro de sala, enfim, a memória do processo de
aprendizagem foi feita. Esses resultados retroalimentaram o processo educativo, pois as
experiências da primeira etapa serviram para corrigir erro durante a segunda etapa, que por
sua vez será fundamental pra que no próximo ano na se cometam os mesmo erros e que o
processo possa seguir sempre melhorando. Este é o caminhar como processo produtivo.
Para finalizar, dois pontos ainda são importantes, o caminhar re-criando o mundo,
ou seja, a expressão criadora e a comunicação entre os envolvidos do projeto, a
participação de professores, funcionários e alunos nas atividades, de forma que estes se
sintam responsáveis diretos pelo viveiro e sua continuidade. E o caminhar avaliando o
processo, feito através das conversas informais com os envolvidos, através dos
questionários, da memória do processo, da feira de mudas, das conversas com as crianças
que enriqueceram a metodologia da pesquisa como um todo.
6. Considerações finais
Durante todo o ano de 2008, vários foram os fatores que influenciaram diretamente
todo o processo de instalação do viveiro na escola. Desde o desinteresse de alguns
envolvidos no projeto, passando pelo excesso de atividades propostas pela Secretaria de
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Educação do Distrito Federal (como a Escola integral), ate fatores climáticos adversos
(como as chuvas intensas nos meses de outubro e novembro de 2008).
O desinteresse dos envolvidos foi um fator difícil de ser superado, já que quando
um professor ou funcionário deixa o projeto, outros acabam indo pelo mesmo caminho; o
que se não for contornado a tempo, pode ser determinante para o fim do mesmo na escola,
nos próximos anos. O fato de não ter uma avaliação da Secretaria de Educação causa certa
negligência por parte dos professores, que acabam optando por dar continuidade a projetos
que tenham esse tipo de avaliação.
A Escola Integral também foi outra dificuldade encontrada, já que a escola teve
pouco tempo para se estruturar da melhor forma para receber os alunos em período
integral. Todos os esforços da diretoria da escola foram para a instalação deste trabalho nos
dois primeiros bimestres, o que dificultou a instalação do viveiro neste período, estendendo
a primeira etapa do projeto e retardando a etapa de instalação, para os dois últimos
bimestres.
7. Conclusões
A utilização da estrutura de um viveiro educador como estratégia de educação
ambiental, no caso de Ecopedagogia, para crianças, realizada na Escola Classe 50 se
mostrou eficiente e cumpriu os objetivos propostos para este trabalho.
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O estabelecimento de um viveiro educador para produção de mudas de espécies nativas
do Cerrado de caráter permanente na escola colaborou para o fortalecimento da
consciência ambiental nos envolvidos, como professores, funcionários e alunos,
aumentando o conhecimento sobre a temática ambiental e sobre o bioma Cerrado, através
de palestras, reflexões e atividades na escola e no viveiro.
O sentido do cuidado com a natureza e com o meio ambiente levou as crianças a cuidar
do viveiro e das suas mudas, com maior interesse com maior atenção, resgatando uma
relação direta entre as crianças e a natureza. A área destinada ao viveiro, antes esquecida,
passou a ser um local de aprendizado, reflexão, brincadeiras e de execução de projetos
ambientais, como compostagem, horta, entre outros.
Por ter uma estrutura simples e pela possibilidade da maioria dos materiais serem
adquiridos através de doações, o viveiro educador pode ser instalado em escolas com um
custo muito baixo se tornando uma alternativa viável em projetos de educação ambiental.
Por fim, as crianças tiveram um contato mais efetivo com o bioma onde vivem e irão
crescer, aprendendo sobre suas espécies, suas riquezas, sua importância e o perigo que o
Cerrado enfrenta com sua rápida substituição por monoculturas e pastos.
Isso evidencia que um viveiro educador nas escolas é sem dúvidas, uma boa estratégia
para se fazer educação ambiental, para se fazer Ecopedagogia, estimulando,
conscientizando, confrontando e ajudando a esclarecer que problemas do meio ambiente
são de todos, e não se resumem somente nas questões biológicas e sim nas questões
políticas, econômicas, sociais, culturais, entre outras.
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