TCC Amanda Will
TCC Amanda Will
TCC Amanda Will
AMANDA WILL
Florianópolis
2022
AMANDA WILL
Florianópolis
2022
AMANDA WILL
______________________________________________________
Professor e orientador José Humberto Dias Tolêdo, Ms
Universidade do Sul de Santa Catarina
A Deus acima de tudo.
A minha família pelo apoio incondicional.
A minha avó que hoje brilha no céu.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por toda a força que me dá diariamente na luta de uma vida
melhor.
A minha mãe Rose que está sempre me ajudando.
Ao me padrasto Mario pela paciência e apoio.
Ao meu pai Valmir, que mesmo longe está sempre preocupado.
A minha irmã Cris por estar sempre me animando.
Por fim agradeço a todos que sempre me apoiam nos momentos bons e ruins, a
caminhada sempre fica mais leve quando se pessoas especiais ao nosso lado.
“Nunca jamais desanimeis, embora venham ventos contrários.” (Santa Paulina).
RESUMO
The new Regulatory, NR - 01, now called General Provisions and Occupational Risk
Management, has as its main program the PGR – Risk Management Program, which consists
of a risk inventory and an action plan, in order to identify all the hazards present in the work
environment and take effective measures to control the risks. The program is important, as it
applies management that seeks the active and continuous participation of all employees. The
culture of safety in the work environment has been actively studied since the tragic nuclear
accident in Chernobyl, Ukraine, and since then they have contributed significantly to the
prevention of accidents at work in many companies, highlighting the importance of having an
environment in line with the personal and behavioral values. As work accidents are something
totally undesirable in organizations, safety culture is no longer a priority to be a value that is
continuously assimilated, in order to be consciously incorporated in all employees, having the
perception of the priority of human life. This work aims to present how the Risk Management
Program (RMP) can improve the safety culture of a company, so that it can reduce work
accidents and thus improve the work environment through exploratory bibliographic research.
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12
1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO DO TEMA ........................................................................... 13
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ......................................................................................... 13
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 14
1.4 OBJETIVOS .................................................................................................................... 14
1.4.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 14
1.4.2 Objetivos Específicos................................................................................................... 14
1.5 METODOLOGIA DE PESQUISA.................................................................................. 15
1.6 ESTRUTURA .................................................................................................................. 16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA ................................................................................... 17
2.1 CULTURA DE SEGURANÇA: CONCEITO E IMPACTOS NA SEGURANÇA DO
TRABALHO ............................................................................................................................ 17
2.1.1 Conceito ........................................................................................................................ 17
2.1.2 Impactos na segurança do trabalho ........................................................................... 41
2.2 PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS (PGR) ........................................ 42
2.2.1 Conceito ........................................................................................................................ 42
2.2.2 Objetivos e considerações do PGR ............................................................................ 47
2.2.3 Etapas do PGR ............................................................................................................ 49
3 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................... 55
3.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 58
12
1 INTRODUÇÃO
ou seja, são todas as ações integradas para o gerenciamento dos riscos ocupacionais, e tem como
seu principal programa o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos). Sendo assim, todo o
risco ocupacional é identificado, avaliado e precavido e não apenas os riscos biológicos,
químicos e físicos como trata o PPRA. Isso contribui para maior funcionalidade da gestão de
risco, pois possui menos itens e é um processo de gerenciamento contínuo e dinâmico.
Diante desse novo cenário, novos desafios surgem devido as mudanças proporcionadas
pelo GRO. No entanto é importante frisar que quanto mais cientes as empresas estiverem a
respeito das dificuldades dessa nova adaptação, maiores serão as chances de ultrapassar essas
dificuldades com facilidade e rapidez. A percepção que muitos empregadores têm a respeito de
que os riscos de acidentes não são um problema contribuem para a baixa produtividade e
estabilidade da empresa tanto em seu ambiente laboral quanto no próprio mercado nacional,
fazendo com que muitos negócios quebrem em um ano de vida. Outros pontos importantes são
a falta de recursos financeiros e falta de planejamento, uma empresa precisa investir recursos
no que garante sua sobrevivência e para isso é necessário entender que um risco é um problema
a ser sempre superado, e que a segurança do trabalho impacta diretamente em sua prosperidade.
1.3 JUSTIFICATIVA
1.4 OBJETIVOS
Esse estudo tem por finalidade realizar uma pesquisa cientifica exploratória
bibliográfica para um melhor tratamento dos objetivos e por sua vez, proporcionar maior
familiaridade com o problema. Segundo Gil (2002) a pesquisa exploratória tem como objetivo
principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições e seu planejamento é bastante
flexível.
A pesquisa científica tem como base o método científico, que consiste na busca da
resolução da situação problema do objeto de estudo que irá confirmar ou refutar as hipóteses.
Para isso, várias etapas devem ser seguidas, desde o levantamento bibliográfico, definição do
objeto de estudo, informações relevantes sobre o tema e, qual será a metodologia científica
utilizada. Essa metodologia pode ser tipificada por abordagem, natureza, objetivos e
procedimentos. (OLIVEIRA, 2022). No presente trabalho teremos como abordagem pesquisa
qualitativa, natureza de pesquisa básica, objetivo uma pesquisa exploratória e o procedimento
com pesquisa bibliográfica.
A necessidade da pesquisa bibliográfica é devido ao uso de materiais já elaborados:
livros, artigos científicos, revistas, documentos eletrônicos e a nova NR-1 na busca e alocação
de conhecimento sobre a cultura de segurança de uma empresa e o Programa de Gerenciamento
de Riscos como forma de melhorar esta, correlacionando-os com conhecimento e abordagens
já trabalhadas por outros autores e por fim debatendo os tópicos apresentados nos objetivos
específicos.
O tipo de pesquisa utilizado envolve as seguintes etapas:
1) escolha do tema;
2) formulação do problema;
3) levantamento de material bibliográfico;
4) busca de fontes;
5) leitura do material;
6) organização logica do assunto;
16
1.6 ESTRUTURA
2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
2.1.1 Conceito
Na época, 120.000 pessoas tiveram que ser afastadas da área nas primeiras horas e outras
240.000 nos anos seguintes. Houve centenas de registros de câncer de tireoide. Apesar da
catástrofe de proporções inimagináveis, um relatório emitido em 1991 que analisava todas as
ações dos engenheiros envolvidos no episódio concluiu que, embora tenham tornado o reator
instável e dado a explosão como certa, não violaram nenhuma política operacional ou de
segurança. Simplesmente porque não havia políticas ou princípios em vigor. E, mesmo que
houvesse, não teriam impedido o evento. Conclui-se que as causas das explosões em Chernobyl
não foram apenas técnicas como também culturais, pois até aquele momento, havia ainda
poucos estudos e discussões a respeito da cultura de segurança nas empresas. (ARAUJO, 2012)
Deste incidente adiante, as grandes indústrias, como nuclear, reconheceram a
importância da cultura de segurança em seus ambientes e muitos estudos se iniciaram a partir
disto. O termo apareceu com grande frequência nos relatórios oficiais de desastres e grandes
acidentes, na parte de gerenciamento de segurança do trabalho. (CANTALEGO; ALLEDI
FILHO; QUELHAS, 2022).
A primeira referência sobre a importância da cultura de segurança nas empresas surgiu
com o trabalho de Turner e Pidgeon em 1997, no livro intitulado Man Made Disasters, com a
análise sobre fatores organizacionais, na perspectiva de ocorrência de acidentes do trabalho.
No estudo, os autores apresentaram uma análise dos processos organizacionais que antecedem
grandes acidentes, ou desastres, sugerindo que os acidentes são originados por crenças e normas
desajustadas. Embora tenha sido aplicado em casos de grandes acidentes, o estudo contribuiu
para a análise de fatores de acidentes em geral. (BUFFON; AGUIAR; GODARTH, 2018).
Os autores Turner e Pidgeon, do livro mencionado anteriormente, analisaram 84 grandes
acidentes nas organizações empresariais e identificaram a existência de fases que antecedem o
desenvolvimento destes. A primeira fase está relacionada com as normas e crenças existentes
na organização e é caracterizada pela abnegação da maioria dos funcionários pela legislação
existente na empresa. A segunda é caracterizada pelos seguintes aspectos: a existência de um
pensamento de grupo (crença de que só as pessoas da organização é que conhecem os perigos
e soluções); desvalorização e minimização do perigo (resulta em falhas na avaliação da
magnitude do perigo); foco nos problemas que se encontram bem identificados e que são
conhecidos (impedindo que outros problemas com menor visibilidade sejam considerados);
dificuldades na gestão da comunicação e da informação (alguns acontecimentos não são
analisados ou compreendidos como deveriam); má comunicação (várias ambiguidades não são
resolvidas); aceitação da presença de elementos exteriores à empresa sem informação sobre
situações de perigo. (GONÇALVES FILHO, 2011).
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Diante destas analises os autores concluíram que a ocorrência destas condições durante
um determinado período aumenta a probabilidade de um grande acidente laboral acontecer.
Apesar desse estudo ser aplicado para grandes acidentes de trabalho, as suas conclusões
contribuem muito para a análise dos acidentes em geral, pois não aborda somente o papel direto
do indivíduo que sofre o acidente, como também destaca a importância da cultura da empresa
e como essa lida com os problemas do dia a dia. O estudo demonstra de que modo os aspectos
técnicos, sociais, institucionais e administrativos podem produzir sistematicamente grandes
acidentes. Uma das principais conclusões deste trabalho a ser destacada é que possível aprender
com os acidentes que ocorrem em empresas de setores diferentes, mas com problemas comuns,
dado que os aspectos sociais e de gestão de uma corporação são considerados como sendo os
alicerces dos problemas de acidente de trabalho, podendo então aprender e aplicar os mesmos
conhecimentos. (GONÇALVES FILHO, 2011).
Os anos de 1990 são marcados pela realização de um elevado número de estudos sobre
a cultura de segurança com o objetivo de conceituá-la e desenvolver instrumentos de avaliação,
sendo alvo de um grande desenvolvimento teórico e empírico, que enfatizou o papel dos
valores, normas, atitudes e percepções sobre segurança organizacional e comportamentos de
segurança e risco dos trabalhadores dentro da organização. (LEE, 1998; OSTROM;
WILHELLMSEN; KAPLAN, 1993).
A seguir a Tabela 1 mostra os principais conceitos de cultura de segurança com base
nos estudos dos últimos anos e seus respectivos autores.
No livro The Psychology of Safety Handbook escrito por Geller (2016) definiu - se o
triângulo da cultura de segurança. Para o autor, a cultura de segurança total é adquirida através
de três importantes fatores: ambientais, pessoais e comportamentais. A Figura a seguir
representa esses pontos em forma de triangulo.
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Uma Cultura de Segurança Total requer atenção contínua a esses três tipos fatores. O
triângulo resume os principais pontos a serem aplicados para se ter uma verdadeira na cultura
de segurança madura.
Esses três fatores são dinâmicos e interativos. Caso um fator mude, pode impactar os
outros dois. Quando um trabalhador resolver agir de forma segura, ter um comportamento que
reduz uma probabilidade de lesão, essa atitude gera alguma mudança ambiental e com o tempo
as ações consistentes levam a comportamentos seguros, especialmente se são vistos como
voluntários. Em resumo, se as pessoas escolhem agir com segurança, elas agem de acordo com
o pensamento seguro e isso resulta em alguma mudança ambiental. (GELLER, 2016).
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Em outubro de 1999 houve um acidente entre dois trens na estação ferroviária Ladbroke
Grove, em Londres, capital da Inglaterra, na qual deixou 258 feridos e causou 31 mortes, alem
de todo o prejuízo material. Foi então realizada uma investigação para definir as causas e o que
deveria ser feito para que não acontecesse novamente. O relatório final listou os cinco principais
indicadores de uma cultura de segurança forte e eficiente (ARAUJO, 2022):
Nos últimos anos, muitas pesquisas foram realizadas para desenvolver técnicas capazes
de medir o clima e promover uma cultura de segurança madura dentro das empresas. Há
diferenças entre clima e cultura de segurança e é importante evidenciá-las. Enquanto o clima é
uma manifestação transitória, passageira, a cultura é caracterizada por aspectos mais
enraizados. (ARAUJO, 2022). A Figura 2 apresenta de forma resumida as diferenças entre
ambos
O clima é mais flexível e mutável, ou seja, mais fácil de medir, já a cultura precisa do
tempo para que ocorra as transformações necessárias na organização. (ARAUJO, 2022).
Em 1979 T.D. Jick publicou um modelo de estrutura (framework) de múltiplas
perspectivas e construído em três fundamentos diferentes para medir o clima e a cultura de
segurança, levando em conta que ambos são uma soma de fatores organizacionais. Este modelo
ainda é utilizado por diversos autores e em muitas organizações. (ARAUJO, 2022). A Figura 3
apresenta os três fundamentos de medição.
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I. Reativo: ligado aos instintos naturais de cada trabalhador, que não assume
responsabilidades e vê a segurança mais como uma questão de sorte do que de
gestão e controle de riscos. Possuem a mentalidade de que “acidentes
simplesmente acontecem”.
O modelo Hearts and Minds (H&M) foi desenvolvido pela empresa Shell E&P, com
base em 20 anos de pesquisa universitária, e é aplicado mundialmente. O programa usa uma
variedade de ferramentas e técnicas para ajudar uma empresa a incluir todos os funcionários na
gestão da segurança como parte integrante de seus negócios. As diferenças entre os modelos
H&M e DuPont estão nas representações gráficas e na terminologia utilizada. Enquanto a
DuPont lista quatro níveis de maturidade, a H&M propõe cinco, como mostrado na Figura 7 –
a DuPont não reconhece o nível patológico, o de negação de segurança. (ARAUJO, 2022).
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II. Reativo: As ações não são sistemáticas, buscam responder apenas aos acidentes
de trabalho, focando em remediar e não em preveni-los. Os líderes de segurança
sentem-se frustrados quando percebem que a equipe não age de acordo com o
que foi ensinado e/ou solicitado em relação à segurança.
III. Calculativo: É dada muita importância aos sistemas e aos dados. Os números
são coletados e analisados exaustivamente, há auditorias e as pessoas começam
a sentir que já entendem como as coisas funcionam. No entanto, a eficiência de
tais sistemas e dados coletados muitas vezes deixa a desejar. As pessoas ainda
não se sentem responsáveis pela segurança, como se fosse penas um tópico ou
departamento.
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O primeiro efeito positivo da metodologia dos cinco níveis de maturidade, Hearts and
Minds, é descobrir o nível de maturidade da empresa, como se fosse um retrato de sua situação
atual. O segundo efeito positivo é que a partir da análise de maturidade é possível extrair um
relatório, e esse indica as principais ações que a empresa pode fazer para aumentar o nível de
maturidade cultural. O terceiro efeito é entender que sem envolver a liderança da empresa no
processo de segurança do trabalho não há aumento de maturidade da cultura de segurança.
(WALDHELM NETO, 2022).
9. Regras que salvam vidas: As regras que salvam vidas representam os limites
do cuidado com os trabalhadores. Devem ser estabelecidos a partir do histórico
de ocorrências/acidentes mais graves e que apresentem riscos eminentes e
vinculados a um programa de motivação progressiva Seu descumprimento pode
gerar perdas e danos de grau mais grave e, nesse sentido deve ter consequências.
Todas as regras devem poder ser cumpridas e sua divulgação deve ser ampla,
massiva e constante. Eles são considerados símbolos de cuidado em seu nível
mais alto.
13. Engajamento dos funcionários: Não se deve ignorar o que se passa na mente
do funcionário. A cultura de segurança é pessoal e quando os colaboradores se
abrem para novas formas de ver e entender a segurança, não é mais possível
retornar a um estado anterior onde não havia essa perspectiva. Os esforços
devem identificar as mentalidades e/ou crenças limitantes para reformatá-las
e/ou ressignificar adequadamente para que a segurança não seja reconhecida
apenas por procedimentos, normas, EPI’s e sim cuidado, principalmente.
15. Auditoria: As auditorias são vistas aprendizagem e devem ser feitas sem aviso
prévio, para que cumpram todo o seu ciclo de avaliação. Os líderes devem ser
os protagonistas durante as auditorias mostrando a prática da liderança em
segurança e buscando aprender com casos externos para que suas realidades de
aprendizado e segurança possam se expandir.
17. Relatório de ocorrência: Fazem parte da rotina em que todos são protagonistas
e podem salvar uma vida. É preciso significar a notificação das ocorrências como
um ato de cuidado.
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24. Licença para operar: Assim como uma fábrica precisa de todas as licenças
governamentais para operar, quando se pensa em líderes, colaboradores, e em
todo o processo que envolve o amadurecimento da cultura de segurança, é
fundamental o desenvolvimento da matriz de competências, que deve ser
entendida como a licença para operar para todos os funcionários. Construir uma
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10. Líderes fazem mais distinções: os líderes fazem mais distinções entre pessoas
e como resultado, perpetuam menos estereótipos globais. Isso permite ligação
objetiva entre os talentos das pessoas e as descrições de cargos, e facilita o tipo
de confiança interpessoal necessária para uma cultura de segurança total.
Araujo (2022) listou seis princípios, apresentados na Figura 11, que ajudam a criar uma
cultura forte e sustentável, um modelo de trabalho que precisa inspirar, gerar confiança, apontar
os motivos corretos e verdadeiramente transformadores – aqueles capazes de unir as pessoas da
equipe.
Figura 11 - Princípios de uma forte Cultura de Segurança
2.2.1 Conceito
No dia 9 de março de 2020 foi sancionada a nova versão da NR - 01. O nome da norma
ficou como Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. O GRO visa
identificar todos os perigos existentes na empresa e realizar o seu gerenciamento de forma a
controlá-los, mantê-los a níveis toleráveis e atender os requisitos legais aplicáveis. É um
processo de gerenciamento contínuo e dinâmico. (BORGES, 2020). O GRO são todas as ações
integradas para o gerenciamento dos riscos ocupacionais, conforme mostrado na Figura 12 a
seguir.
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O GRO está inserido dentro da gestão de SST. Se uma empresa tem um sistema de
gestão implantado, baseado em alguma norma, consequentemente ela terá o GRO atendido
pelos requisitos desta norma. É onde estão guardadas todas as políticas de SST da empresa.
Sendo assim, as medidas de implementação das NR’s, a partir de agora, fazem parte do GRO.
(BORGES, 2020).
O Gerenciamento de Riscos Ocupacionais faz parte do item 1.5 da nova NR - 01. No
item 1.5.1 tem-se que:
“1.5.1 O disposto neste item deve ser utilizado para fins de prevenção e
gerenciamento dos riscos ocupacionais.”
Este item afirma que o GRO não pode ser usado questões que não envolva a prevenção
e gerenciamento de riscos, como por exemplo, caracterizar embargo e interdição, que fazem
parte da NR - 03. O GRO é para, gerir os riscos que existem ou que porventura venham a existir
no ambiente de trabalho e, consequentemente, prevenir a exposição dos trabalhadores a esses
riscos. (SABINO, 2022).
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Neste segundo item do GRO, na NR - 01, a norma deixa claro que há norma especificas
em caso de caracterização de insalubridade ou periculosidade, porém, as medidas de
implementação das NR’s, a partir de agora, fazem parte do GRO. As regras e o passo a passo
para se caracterizar a insalubridade está na NR-15, mas as medidas que a empresa irá adotar
para evitar que o seu ambiente de trabalho seja insalubre ficam guardadas no GRO, já que a
empresa identificou os riscos existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho e
implantou as melhorias necessárias. (SABINO, 2022).
Os programas PGR, LTCAT, Laudo de insalubridade e Periculosidade são documentos
distintos e com objetivos diferentes. A Tabela 2 a seguir mostra as principais diferenças.
Para que o gerenciamento dos riscos não seja feito com base em improvisos e em
decisões tomadas de última hora, é preciso que as pessoas que conheçam a atividade da sua
empresa estruturem um roteiro a ser seguido. Esse roteiro é e Programa de Gerenciamento de
Riscos (PGR). (SABINO, 2022).
A empresa pode fazer um PGR para o cada setor que preferir, ao invés de um único
Programa de Gerenciamento de Risco para todo o estabelecimento, como, por exemplo, fazer
para o setor de produção, para o de logística, para a zeladoria, para a portaria, para a vigilância
e assim sucessivamente, caso preferir. Quando a NR - 01 dá essa alternativa, possibilita que
cada empresas possa adequar as exigências da Norma à sua própria realidade. (SABINO, 2022).
O GRO é harmonizado com a ISO 45001, o texto da norma foca na questão da melhoria
contínua. A estrutura básica do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais é baseada no conceito
PDCA, Figura 14, (Plan – Do – Check – Act, em português: Planejar, Executar,
Acompanhar/Verificar e Avaliar/Corrigir), que inclusive, é abordado na própria ISO 45001. O
PGR, portanto, deve ser contínuo, sem data de validade, deve ter a participação e ser divulgado
aos trabalhadores envolvidos e o mais importante: implantado efetivamente, seguindo as ações
estabelecidas. (BORGES, 2020).
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De acordo com o item acima, 1.5.3.1.3 da NR – 01, o PGR deve conversar com todos
os demais ‘roteiros’ da empresa. Programa de Qualidade Total, Programa de Incentivo à
Carreira, Programa de Compliance, Projeto de Melhoria da Qualidade de Vida entre outros,
portanto, o Programa de Gerenciamento de Risco não pode ser estranho a todos os outros
programas existentes na empresa. Todos eles precisam estar alinhados e integrados uns aos
outros, caso contrário, haverá perda de tempo, de produtividade e de qualidade pois, cada um
vai ter seu rumo diferente e a empresa acaba sendo a maior prejudicada. (SABINO, 2022).
O PGR é formado por apenas dois itens, conforme a Figura 16, inventário de riscos e
plano de ação.
Figura 16 - Itens do PGR
Quando se trata de risco, a prioridade é evitar, conforme a letra a), isso significa que se
deve optar pela prevenção, e não apenas fornecer EPI, que no caso só ameniza o impacto do
agente de risco no trabalhador. Na letra b) fica evidente que não se consegue combater o que
não conhece, por isso é fundamental que a empresa identifique todos os perigos presentes no
local de trabalho, mesmo aqueles originados do lado de fora. Já a letra c) entende – se que a
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empresa vai ter que indicar um nível para cada um dos riscos encontrados. (SABINO, 2022). A
Figura 17 ilustra uma relação sobre risco e situação de perigo.
O perigo é a fonte potencial, que pode causar lesões graves ou agravos a saúde. É o
elemento que que isoladamente ou em combinação com os outros tem potencial de dar origem
a lesões ou agravos a saúde. (TRIVELATO, 2020).
O risco é a combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde causados
por uma situação de perigo, como exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de
trabalho e da vulnerabilidade dessa lesão ou agravo à saúde. O risco é, portanto, o efeito da
incerteza sobre os objetivos (TRIVELATO, 2020).
A identificação preliminar dos perigos nas atividades é o primeiro passo. Uma referência
para identificar os perigos são as normas regulamentadoras, que definem vários deles:
eletricidade (NR-10), movimentação de cargas (NR-11), máquinas e equipamentos (NR-12),
vasos de pressão (NR-13), fornos (NR-14), ergonomia (NR-17), explosivos (NR-19),
inflamáveis (NR-20), espaços confinados (NR-33) e trabalhos em altura (NR-35). Além delas,
todas as demais exigências legais que definem outros perigos aplicáveis à empresa, servem de
referência para identificar os perigos existentes. Ressalta-se que, em caso de atividades novas,
que ainda não iniciaram, deve-se realizar o exercício de projetar os cenários futuros e imaginar
os perigos. (BORGES, 2020).
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O monitoramento de exposição aos riscos deverá ser feito pelo menos uma vez ao ano,
juntamente com o balanço anual do Programa de gerenciamento de Riscos ou sempre que
necessário, quando houver mudança de processo, de equipamento, maquinário, atividades.
(WALDHELM NETO, 2022). A seguir a Tabela 3 contêm todos os agentes de riscos
contemplados no PGR:
(responsáveis, prazos, verificação da eficácia) são fundamentais para que o ciclo PDCA tenha
sempre melhorias contínuas. O PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional,
exigido pela NR- 07, é uma importante ferramenta de acompanhamento. Ele deve estar
integrado, harmonizado, alinhado ao PGR, pois, o monitoramento da saúde ocupacional dos
trabalhadores é mais uma ferramenta que indica a eficácia ou não das medidas de controle
implantadas. (BORGES, 2020).
A última etapa, a letra A do ciclo PDCA, etapa é avaliação, correção, no qual tem-se a
verificação da eficácia para confirmar se as ações implantadas obtiveram os resultados
esperados. Caso não tenha atingido o objetivo, novas ações de correção deverão ser feitas para
atingir tais resultados. A verificação da eficácia deve ser realizada com todas as ações
(preventivas ou corretivas). Assim, o PGR aproxima-se da estrutura das normas de sistema de
gestão em saúde e segurança do trabalho, tendo um resultado de melhor desempenho na
prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, com o passar do tempo. Encerra-se então o
Plano de Ação. (BORGES, 2020).
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As análises de acidentes de trabalho, de acordo com o item acima, devem levar em conta
as atividades efetivamente desenvolvidas pelo trabalhador, reforçando que este é peça
fundamental sobre todo o campo operacional e todos os detalhes que ocorrem em uma empresa.
É importante entender como o trabalhador desenvolve suas atividades, o olhar prevencionista
do gerenciamento de riscos não pode ser algo apenas burocrático e sim estar de fato conectado
ao que acontece no espaço laboral, sobre a ótica do trabalhador, promovendo sempre o diálogo.
Com isso tem-se uma melhoria na Cultura de Segurança da empresa, visto que segundo o
Triangulo da Cultura de Segurança Total, mostrado na Figura 1, relaciona-se o ambiente com
as pessoas que estão inseridas nele e seu comportamento.
No capítulo 2 do presente trabalho, item 2.1.1.5 Elementos de Fortalecimento de
Fortalecimento da Cultura de Segurança, é visto que uma boa equipe ou comitê de segurança,
presença forte de liderança, engajamento de funcionários melhoram a segurança através de uma
cultura na qual todos se sentem responsáveis pelo ambiente e fazem dele o melhor lugar de
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trabalho, através da segurança, visto que a vida é o bem maior do ser humano. Aliado a isso
com uma boa gestão de riscos e cooperativismo as empresas tendem a melhorar cada vez mais
seu posicionamento no mercado.
Outro ponto a ser destacado no diálogo entre as partes é a presença de um bom líder,
como mencionado no item 2.1.1.6 Liderança e Processo de Mudança Cultural na Organização,
na qual a presença de uma pessoa como um guia, condutor, pode unir os trabalhadores a
executar suas tarefas de forma sempre segura, com a mentalidade de segurança, ajudando a
evidenciar a importância desta.
O PGR pode contribuir com a Cultura de Segurança através dos aprendizados com os
acidentes de trabalho, pois através do PDCA, tem-se uma interação dinâmica e continua, de
forma a ficar menos burocracia e mais interatividade, já que a própria NR-01 descreve que a
análise de acidente deve fornecer evidências para subsidiar e revisar as medidas de prevenção
existentes, ou seja, o resultado da análise deve servir de norte para o caminho da melhoria.
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