Os Maias
Os Maias
Os Maias
Ação
N’Os Maias pode-se distinguir dois níveis de ação: a crónica de costumes- ação aberta;
e a intriga- ação fechada, que se divide em intriga principal e intriga secundária. São,
aliás, estes dois níveis de ação, que justificam a existência de título e subtítulo para a
obra. O título- Os Maias- corresponde à intriga, enquanto o subtítulo- Episódios da vida
romântica- corresponde à crónica de costumes.
Na intriga secundária temos: a história de Afonso da Maia - época de reação do
Liberalismo ao Absolutismo; a história de Pedro da Maia e Maria Monforte - época de
instauração do Liberalismo e consequentes contradições internas; a história da
infância e juventude de Carlos da Maia - época de decadência das experiências Liberais
Na intriga principal são retratados os amores incestuosos de Carlos da Maia e Maria
Eduarda que terminam com a desagregação da família- morte de Afonso e separação
de Carlos e Maria Eduarda. Carlos é o protagonista da intriga principal. Teve uma
educação à inglesa e tirou o curso de medicina em Coimbra. A educação de Maria
Eduarda foi completamente diferente, donde se conclui que a sua paixão não foi
condicionada pela educação, hereditariedade, nem pelo meio. A sua ligação amorosa
foi comandada à distância por uma entidade que se denomina destino.
A ação principal d’Os Maias desenvolve-se segundo os moldes da tragédia clássica-
peripécia, reconhecimento e catástrofe. A peripécia verificou-se com o encontro casual
de Maria Eduarda com Guimarães; com as revelações casuais do Guimarães a Ega
sobre a entidade de Maria Eduarda; e com as revelações a Carlos e Afonso também
sofre Maria Eduarda. O reconhecimento, acarretado pelas revelações do Guimarães,
torna a relação entre Carlos e Maria Eduarda uma relação incestuosa, provocando a
catástrofe consumada pela morte do avô, a separação definitiva dos dois amantes; e as
reflexões de Carlos e Ega
Temas
Os temas de Os Maias estão, em grande parte associados à ideologia e aos
movimentos e idealista e naturalista. No entanto na obra há mais temas, como:
o amor
o incesto
o adultério
a educação
o diletantismo
a decadência de Portugal
a família
o Romantismo
a literatura
Espaço
Espaço psicológico- está relacionado com as personagens, pois traduz uma
atmosfera de ordem psicológica, que se projeta nos comportamentos destas
Espaço social- lugares e ambientes em que se proporciona a análise dos
comportamentos das personagens, pois aí elas denunciam os seus vícios
Espaço físico- local onde se desenrola a narrativa (país, cidade, casa, etc.)
Afonso da Maia
Físico: baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes. A sua cara larga, o nariz aquilino e
a pele corada. O cabelo era branco, curto e a barba branca e comprida.
Psicológico: duro, clássico, ultrapassado, paciente, caridoso (ajuda os mais fracos e
mais pobres), nobre, rígido, austero, risonho, individualista
Símbolo de liberalismo (ma juventude), associado a um passado heroico, incapacidade
de regeneração do país, modelo de autodomínio.
Morre de apoplexia, no jardim do Ramalhete, na sequência do incesto dos netos. É o mais
simpático e o mais valorizado para Eça.
Alencar
“Personagem-tipo”, é o símbolo do romantismo;
Representa a incapacidade de adaptação à “ideia nova” (realismo)
Carlos da Maia
É o protagonista; filho do Pedro da Maia e de Maria Monforte. Após o suicídio do pai,
vai viver com o avô para Santa Olávia, sendo educado à inglesa pelo precetor, o inglês
Brown. Sairá de Santa Olávia para tirar medicina em Coimbra.
É admirado pelas mulheres; depois do curso acabado, viaja pela Europa. Quando volta
a Lisboa, traz planos grandiosos de pesquisa e curas médicas, que abandona ao cair na
inatividade, porque, em Portugal, um aristocrata não é suposto ser médico.
Apesar do entusiasmo e das boas intenções, fica sem qualquer ocupação e acaba por
ser absorvido por uma vida social e amorosa que levará ao fracasso das suas
capacidades e à perda das suas motivações.
Transforma-se numa vítima da hereditariedade (visível na sua beleza e no seu gosto
exagerado pelo luxo, herdados da mãe e pela tendência para o sentimentalismo,
herdada do pai) e do meio em que se insere, mesmo apesar da sua educação à inglesa
e da sua cultura, que o tornam superior ao contexto sociocultural português.
A sua verdadeira paixão nascerá em relação a Maria Eduarda, e compara-a a uma
deusa e que jamais a esquecerá. Por ela dispõe-se a renunciar a preconceitos e a
colocar o amor em primeiro plano.
Ao saber da verdadeira identidade de Maria Eduarda consumará o incesto
voluntariamente por não ser capaz de resistir à intensa atração que Maria Eduarda
exerce sobre ele.
Acaba por assumir que falhou na vida, tal como Ega, pois a ociosidade dos portugueses
acabria por contagiá-lo, levando-o a viver para a satisfação do prazer dos sentidose a
renunciar ao trabalhoe ás ideais pragmáticasque o dominavam quando chegou a
Lisboa, vindo do Estrangeiro.
Simboliza a incapacidade de regeneração do país a que se propusera a própria Geração
dos 70. Não teme o esforço físico, é corajoso e frontal.
Craft
Inglês rico e boémico, representa a formação e mentalidade britânicas, sendo o jovem
mais parecido com Carlos. É uma personagem com pouca importância para o
desenrolar da ação. É culto e forte, de hábitos rígidos.
Cruges
Maestro e pianista poético, amigo de Carlos e íntimodo Ramalhete. É dos poucos que é
moralmente correto, representa a exceção na mediocridade da sociedade portuguesa,
é idealista.
Dâmaso Salcede
Físico: Baixo, gordo; sobrinho do Guimarães. A ele e ao tio se devem, respetivamente,o
início e o fim de Carlos e Maria Eduarda
Representa a podridão das sociedades, é o “rafeiro” de Carlod, anda sempre atrás dele
e imita-o em tudo.
É dele acarta a carta anónima enviada a Casteo Gomes, que revela o envolvimento de
Maria Eduarda com Carlos, e a notícia contra Carlos n’A Corneto do Diabo. Mesquinho
e convencido, tem uma preocupaçãona vida, o “chic a valer”.
Guimarães
Conheceu a mãe de Maria Eduarda, que lhe confiou um cofre contendo documentos
que identificavam a filha. Mensageiro da trágica verdade que destruiá a felicidade de
Carlos e de Maria Eduarda; personificação do destino.
João da Ega
Autêntica projeção de Eça de Queirós pela ideologia literária, usando também um
monólogo e era considerado um ateu e demagogo. Excêntrico, cínico, o denunciador
de vícios, o demolidor energético da política e da sociedade. É um romântico e um
sentimental.
Tornou-se um amigo inseparável e confidente de Carlos; instalou-se no Ramalhete e a
sua grande paixão será Raquel Cohen.
Como Carlos, tem grandes planos( a revista, o livro, a peça) que nunca se realizarão. É
também um falhado, influenciado pela sociedade lisboetadecadente e corrupta. Nos
últimos 4 capítulos ganha uma certa densidade psicológica e passa a desempenhar um
papel importante na intriga, sendo ele o primeiro a conhecer a verdadeira identidade
de Maria Eduarda.
É ega que faz a revelação trágica a Vilaça, Carlos (que contará ao avô)e, por fim, a
Maria Eduarda.
Maria Eduarda
Apresentada como uma deusa; dizendo-se viúva de Mac Green, sabia apenas que a sua
mãe abandonara Lisboa, levando-a consigo para Viena; tivera uma filha de Mac Green,
Rosa.
A sua dignidade, sensatez, o equilíbrio e a santidade são características fundamentais
da sua personagem, às quais se juntam uma forte consciência moral e social. Salienta-
se ainda a sua faceta humanitária e a compaixão pelos socialmente desfavorecidos.
A súbita revelação da sua verdadeira identidade vai provocar em Carlos a estupefação
e compaixão, depois o incesto consciente, e depois a repugnância; a separação é a
única solução para esta situação caótica a que se junta a morte de Afonso.
Ela é o último elemento feminino da família Maia e simboliza, tal como as outras
mulheres da família, a desgraça e a fatalidade; é de uma enorme dignidade,
principalmente quando não quer gastar o dinheiro de Castro Gomes por estar ligada a
Carlos.
No final da obra, parte para Paris, onde mais tarde casa com Mr. De Trelain,
casamento considerado por Carlos, o de dois seres desiludidos; “personagem-tipo”
Maria Monforte
Psicológica: personalidade fútil mas fria, caprichosa, cruel e interesseira.
Protótipo: da cortesã: leviana e amora, sem preocupações culturais ou sociais.
Contra a vontade de Afonso, Pedro da Maia apaixona-se e casa com ela; nasceram
Carlos e Maria Eduarda. Maria Monforte virá a fugir com um italiano, Tancredo,
levando Maria e deixando Carlos, provocando o suicídio de Pedro. Entretanto o
italiano morre num duelo, e Maria levará uma vida muito má. Entregará a Guimarães
um cofre com documentos para a identificação da filha.
Palma Cavalão
Diretor do jornal A Corneta do Diabo; representa o jornalismo corrupto,
sensacionalista e escandaloso que vive da calúnia e do suborno.
Pedro da Maia
Protótipo do herói romântico e é personagem-tipo.
Psicológica: nervoso, crises de melancolia, sentimentos exagerados, instável
emocionalmente (como a mãe).
Educação tradicional- portuguesa- romântica- criado pelas criadas e pela mãe. Sente
um amor quase doentio pela mãe, pelo que quando esta morre entre em loucura.
Deixa-se encadear por um amor à primeira vista que o conduziu a um casamento, de
estilo romântico, com Maria Monforte. Este enlace precipitado levá-lo-ia mais tardeao
suicídio- após a fuga da mulher- por carecer de sólidos princípios morais e de força de
vontade que o deveriam levar à aceitação da realidade e superação daquele
contratempo.
Vilaça
Procurador dos Maias; acredita no progresso.
Eusebiozinho
Representa a educação retrógada portuguesa. Era o primogénito de uma das silveiras-
senhoras ricas e beatas. Amigo de infância de Carlos com quem brinca em Santa
Olávia, com quem contrastava a educação. Casou-se, mas envivou cedo. Cresceu tísico
e molengão,tristonho e corrupto. Procurava, para se distrair, bordeis ou aventureiras
de ocasião pagas à hora.
Condessa de Gouvarinho
É imoral e sem escrúpulos. Trai o marido com Carlos, sem qualquer tipo de remorços.
Questões de dinheiro e a mediocridade do conde fazem com que o casal se
desentenda. Carlos deixa-a , acaba por perceber que ele é uma mulher sem qualquer
interesse e demasiado fútil.
Conde de Gouvarinho
Era ministro e par do reino.Tinha um bigode encerado e uma pêra curta.
Era voltado para o passado. Tem lapsos de memória e revela uma enorme falta de
cultura. Não compreende a ironia sarcástica de Ega. Representa a incompetência do
poder político (principalmente de altos cargos). Fala de um modo depreciativo das
mulheres. Revelar-se-á ,mais tarde, um bruto com a mulher.
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Carlos pretende fazer uma visita surpresa a Ega, na Vila Balzac, casa que este
comprara, mas tem muitas dificuldades em encontrar a sua casa. E quando
finalmente chega ao local, não estava ninguém em casa para o receber. Depois
ao encontrar Ega, dias mais tarde, este mostra-se indignado com o sucedido e
combinam uma visita na sua casa. Carlos foi muito bem recebido, com o pajem à
porta, muito champanhe e Ega mostra-lhe a sua casa. Muito exuberante e
decorado tal e qual o temperamento do proprietário. Ega convida-se para jantar
com Carlos e quando se prepara para sair, falam sobre a Gouvarinho e sobre o
súbito desinteresse de Carlos pela senhora, após uma grande atração. Esta
atitude de Carlos para com as mulheres, era frequente e os dois conversam
sobre o assunto. Na ida para o jantar, cruzam-se com Craft, amigo de Ega. Ega
apresenta Carlos ao amigo. Combinam jantar no dia seguinte no Hotel Central.
Ega faz questão que os dois amigos se conheçam melhor. Após alguns
contratempos, Ega consegue marcar o jantar no Hotel Central com Carlos, Craft,
Alencar, Dâmaso e Cohen (banqueiro e marido da sua amante), a quem Ega fez
questão de homenagear, com um dos pratos: “Petits pois à la Cohen”.
Discutiram vários temas ao longo do jantar como a literatura e as suas críticas,
as finanças, e a história da política em Portugal naquele momento. O jantar
acaba e Alencar acompanha Carlos a casa, lamentando-se da vida, do abandono
por parte dos amigos e falando-lhe de seu pai, de sua mãe e do passado. Carlos
recorda como soubera a história dos seus pais: a mãe fugira com um estrangeiro
levando a irmã, que morrera depois, o pai suicidara-se. Carlos, já em casa, antes
de adormecer e enquanto aguarda um chá, sonha com a mulher deslumbrante,
uma deusa, com quem se cruzou à porta do Hotel Central, enquanto aguardava
com Craft os restantes amigos para o jantar.
Capítulo VII
Depois do almoço, Afonso e Craft jogam uma partida de xadrez. Carlos tem
poucos doentes e vai trabalhando no seu livro. Dâmaso à semelhança de Craft,
torna-se íntimo da casa dos Maias, seguindo Carlos para todo o lado e
procurando imitá-lo. Ega anda ocupado com a organização de um baile de
mascaras na casa dos Cohen. Carlos, na companhia de Steinbroken em direção
ao Aterro, vê, pela segunda vez, Maria Eduarda acompanhada do marido. Carlos
desloca-se várias vezes, durante a semana, ao Aterro na esperança de ver
novamente Maria Eduarda. A condessa Gouvarinho, com a desculpa que a filha
se encontrava doente, procura Carlos no consultório. Ao serão no Ramalhete,
joga-se dominó, ouve-se música e conversa-se. Carlos convida Cruges a ir a
Sintra no dia seguinte, pois tomara conhecimento, por intermédio de Taveira,
que Maria Eduarda aí se encontrava na companhia de seu marido e de Dâmaso.
Capítulo VIII
Neste capítulo, Carlos da Maia e o seu amigo, o maestro Cruges, vão visitar
Sintra. A ideia é de Carlos que obriga Cruges a ir com ele. Cruges, que já não
visitava Sintra desde os 9 anos, acaba por ficar rendido à ideia e prepara-se para
desfrutar do passeio. Esta viagem tem o propósito escondido por Carlos, de
procurar um encontro fortuito coma Sra. Castro Gomes, que ele julgava em
Sintra. Após algumas horas de viagem de break, chegam a Sintra e logo se vão
instalar no Hotel Nunes, por sugestão de Carlos, que temeu que ao instalarem-
se no Lawrence’s Hotel, se cruzassem de imediato com os Castro Gomes,
perdendo o seu encontro aquele efeito de casualidade que ele lhe procurava
empregar. Aí encontram o amigo Eusebiozinho, acompanhado por um amigo,
Palma, e duas senhoras espanholas, acompanhantes de ambos. Após um
pequeno episódio cómico, em que uma das espanholas se enfureceu, Carlos e
Cruges, partem num pequeno passeio pedestre para visitar Seteais. Pelo
caminho encontram outro amigo, Alencar, o poeta, vindo justamente de Seteais,
mas que fez questão de os acompanhar lá, fazendo aquele caminho pela segunda
vez nesse dia. Chegados a Seteais, Cruges, que não conhecia o local, ficou
desapontado quando verificou o estado de abandono em que se encontrava a
construção. Depressa Alencar o fez pensar doutro modo, ao apontar-lhe os
pormenores do local e a beleza da vista. De volta ao casario, passaram pelo
Lawrence e foram ver, por breves instantes, o Paço e o seu Palácio, após o que
voltaram ao e se sentaram a tomar um cognac. Carlos já informado sobre o
destino dos Castro Gomes, que haviam deixado Sintra na véspera, decide voltar
para Lisboa. Resolveram jantar no Lawrence, para evitarem o amigo
Eusebiozinho e sua trupe. No entanto, como tiveram de ir ao Nunes para pagar
a conta, lá acabaram por encontrar o amigo de quem depressa se despediram.
De volta ao Lawrence, onde Alencar os esperava para o jantar especial de
bacalhau, preparado pelo próprio, mercê de especial favor da cozinheira,
iniciaram-se no belo repasto, que só acabou já passava das oito. Depois do
jantar lá se sentaram no break de volta a Lisboa, dando boleia a Alencar que
também estava de partida.
Capítulo IX
Capítulo X
Carlos vai visitar a Sra. Castro Gomes, e descobre o seu nome, Maria Eduarda
(descrição de Maria Eduarda - uma deusa). É a governanta, Miss Sara, que
estava doente - tinha uma bronquite. Carlos conversa com Maria Eduarda,
passa-lhe a receita e diz-lhe quais os cuidados que deve ter com Sara, dizendo
que terá de observá-la diariamente.
Nessa noite Carlos iria ter com a Sra. Gouvarinho para a fantástica noite em
Santarém, mas Carlos começava a repudiá-la, a odiá-la. Por sorte, o Gouvarinho
decidiu à última da hora ir com a mulher para o Porto, o que convém muito a
Carlos, assim como a morte de um tio de Dâmaso em Penafiel, deixando-lhes os
"entraves" fora de Lisboa.
Nas semanas seguintes, Carlos vai-se familiarizando com Maria Eduarda,
graças à doença de Miss Sara. Falam ambos das suas vidas e dos seus
conhecidos. Dâmaso volta de Penafiel e vai visitar Maria Eduarda. Ao chegar lá
vê Carlos com "Niniche" (a cadela de Maria) ao colo, que lhe rosna e ladra -
Dâmaso fica zangado e cheio de ciúmes. Os Cohen regressam de Inglaterra e
Ega está para chegar de Celorico.
Capítulo XII
Capítulo XIII
Ega informa a Carlos de que Dâmaso anda a difamá-lo a ele e a Maria Eduarda.
Carlos fica furioso, querendo matá-lo e ao encontrá-lo na rua, ameaça-o. Depois,
faz os preparativos para a mudança de Maria Eduarda para os Olivais.
No sábado, Maria Eduarda visita a sua nova casa nos Olivais (descrição da casa
e das suas belas coleções). Depois da visita e do almoço, Carlos e Maria Eduarda
envolvem-se.
No domingo é o aniversário de Afonso da Maia, e todos os amigos da casa estão
presentes. Descobre-se que Dâmaso estava a namorar a Cohen. Depois a
Gouvarinho aparece querendo falar com Carlos - acabam por discutir sobre a
ausência de Carlos e depois terminam tudo.
Capítulo XIV
Afonso parte para Sta. Olávia e Carlos fica sozinho no Ramalhete, pois Ega parte
para Sintra (e curiosamente os Cohen também). Maria Eduarda instala-se nos
Olivais, e Carlos passa a frequentar a casa todos os dias, e eles pretendem fugir
até outubro para Itália e casar lá, mas Carlos pensa no desgosto que dará ao avô
(porém a sua felicidade supera). Descreve-se as idas de Carlos aos Olivais: os
encontros com Maria Eduarda e as relações que tinham no quiosque japonês e
também as noites que Carlos passa com ela, às escondidas. Acaba por alugar
uma casa perto dos Olivais para ele ficar, enquanto não está com Maria na Toca
(nome dado aos Olivais). Numa dessas noites, descobre Miss Sara enrolada no
jardim da casa com o jornaleiro. Sente vontade de contar tudo a Maria Eduarda
mas, à medida que pensa no caso, decide não dizer nada.
Chega setembro. Craft, regressado de Sta. Olávia para o Hotel Central, diz a
Carlos que pareceu-lhe estar o avô desgostoso por Carlos não ter aparecido por
lá. Então, Carlos decide ir vistar Afonso, mas antes leva Maria a visitar o
Ramalhete (e Maria Eduarda refere que às vezes Carlos faz-lhe lembrar a sua
mãe e conta-lhe a sua história - a mãe era da ilha da Madeira que casara com
um austríaco e que tinha tido uma irmãzinha, que morrera em pequena).
Uma semana depois Carlos regressa de Sta Olávia e fala com Ega que voltara de
Sintra. Nessa noite, Castro Gomes aparece no Ramalhete, com uma carta
anónima que lhe tinham mandado para o Brasil, dizendo que a sua mulher tinha
um amante, Carlos da Maia. Carlos fica estupefacto, e acaba pró perceber que
era a letra de Dâmaso. Depois, Castro Gomes conta-lhe que não é marido de
Maria Eduarda, nem pai de Rosa, e que apenas vivia amigado com ela. Diz-lhe
também que se vai embora, e que Maria Eduarda se chama Madame Mac Gren.
Furioso pela mentira de Maria, Carlos decide ir confrontá-la. Ao entrar, sabe por
Melanie, a criada, que o Castro Gomes já lá tinha estado. Maria Eduarda, a
chorar, pede perdão a Carlos de não lho ter contado, pois tinha medo que ele a
abandonasse, e conta então a verdadeira história da sua vida. Depois de uma
grande cena de choro, Carlos pede-a em casamento.
Capítulo XV
Na manhã seguinte, perguntam a Rosa se quer o Carlos como "papá", que fica
toda feliz e aceita. Maria Eduarda conta toda a sua vida detalhadamente. Dias
depois, Carlos conta tudo o que se passara a Ega que lhe diz que seria melhor
esperar que o avô morresse para então se casar, pois Afonso estava velho e débil
e não aguentaria o desgosto.
Carlos e Maria Eduarda começam a dar jantares de amizade dados nos Olivais, e
todos os amigos de Carlos se começam a familiarizar com ela. Mais tarde, Carlos
descobre através do Ega, que um n.º da Corneta do Diabo o difama,
denunciando o passado de Maria Eduarda e a sua relação com ela. Carlos passa-
se e decide matar quem escreveu o artigo; descobre depois, com a ajuda de Ega,
o editor do artigo, Palma, que o tinha feito a pedido de Dâmaso e Eusebiozinho,
e Palma entrega-lhe as provas ( tendo isto um custo para Carlos claro). Carlos
manda os seus padrinhos, Ega e Cruges, pedir a honra ou a vida a Dâmaso, que
acaba por escrever uma carta de desculpas a Carlos, ditada por Ega, em que
afirmava ser um bêbado. Satisfeito, Carlos entrega a carta a Ega agradece-lhe.
Depois, Ega ao ver Dâmaso com Raquel e ainda o provocar por isso, decide
publicar a carta no jornal e assim humilhar Dâmaso, que envergonhado parte
para a Itália. Afonso regressa de Sta. Olávia, Carlos abandona a casa que alugara
perto dos Olivais e Maria Eduarda volta para o apartamento da mãe de Cruges
na Rua de S. Francisco, deixando a Toca.
Capítulo XVI
Carlos e Ega vão ao sarau da Trindade ouvir o Cruges e o Alencar, que nessa
noite vão lá estar. Aí, ouvem o discurso de Rufino sobre a família real e Ega
conhece Mr. Guimarães, o tio de Dâmaso que vivia em Paris e trabalhava no
jornal, que lhe viera pedir explicações sobre a carta que Dâmaso escrevera, que
lhe disse ter sido Ega a obrigá-lo a fazer. Ega e Guimarães acabam por resolver
tudo e ficam amigos. Cruges toca, mas é um fiasco, pois ninguém lhe liga
nenhuma. Depois, Carlos vê o Eusebiozinho e vai atrás dele e dá-lhe uns
"abanões" e um pontapé devido á história da carta. Quando regressa ao sarau já
Alencar começara a declamar o sue poema "Democracia" e a encantar a sala.
Todos adoraram o que Tomás dissera acerca do estado da política em Portugal,
um puro exemplo de realismo, o estilo que agora predominava. Mais tarde,
quando Ega se ia embora, Guimarães aparece dizendo-lhe que tem um cofre da
mãe de Carlos para entregar à família, que esta lhe tinha pedido antes de
morrer. No meio da conversa, Ega descobre que Carlos tem uma irmã, e
Guimarães diz tê-los visto aos três numa carruagem: Carlos, Ega e a irmã, Maria
Eduarda. Depois, Guimarães conta a Ega o passado de M.ª Monforte inclusive a
mentira que ela dissera a Maria Eduarda sobre o seu pai, e diz que Maria é filha
de Pedro da Maia, pois ele era amigo da família e nessa atura já os visitava. Fala
também da fuga da Monforte com Tancredo, da filha que eles tiveram e morreu
em Londres, e depois, da vida de Maria Eduarda no convento, que ele próprio a
visitara. Guimarães entrega o cofre a Ega, que chocado com a verdade, decide
pedir ajuda a Vilaça para contar tudo a Carlos.
Capítulo XVII
Ega sem coragem para contar tudo a Carlos, procura Vilaça e conta-lhe tudo.
Juntos, abrem o cofre da Monforte e acham lá uma carta dela para Maria
Eduarda onde diz toda a verdade: ela é filha de Pedro da Maia. No dia seguinte,
Vilaça e Ega contam a verdade a Carlos, que não acredita no que lhe contam, e
aflito, procura o avô e conta-lhe tudo, com esperança que este lhe desminta a
história. Mas Afonso acaba por confirmar, e em segredo diz a Ega que sabe que
Carlos tem um caso com Maria Eduarda. Apesar de já saber a verdade, nessa
noite Carlos vai ter com Maria Eduarda; primeiro pensara em dizer-lhe tudo e
depois fugir para Sta. Olávia, mas depois, incapaz, acaba por deixar-se levar por
ela e ali ficar. Continuava a ama-la, e o facto de serem irmãos não mudava o que
ele sentia.
Afonso da Maia sabe que Carlos continua a encontrar-se com Maria Eduarda, e
fica desolado. Ega furioso com o comportamento de Carlos, confronta-o e ele
decide partir no dia seguinte para os Olivais. No dia seguinte, Baptista (o seu
criado) chama-o, dizendo a Carlos que o avô estava desmaiado no jardim. Carlos
corre para lá e vê o avô morto (suponho ser trombose, visto que tinha um fio de
sangue aos cantos da boca). Carlos fica triste, desolado, e culpa-se a si mesmo
da morte do avô, pois achava que era pelo avô saber tudo que tinha morrido.
Ega escreve um bilhete a informar Maria Eduarda do facto. Vilaça toma as
providências para o funeral. Os amigos da família reúnem-se no velório e
recordam Afonso e a juventude. Dá-se o enterro e Carlos parte para Sta. Olávia,
pedindo a Ega para ir falar com Maria Eduarda e lhe contar tudo e dizer-lhe que
parta para Paris, levando 500 libras. Ega fala com Maria Eduarda, que parte no
dia seguinte para Paris, para sempre.
Capítulo XVIII
FIM