Jorciley Almeida Fernandes
Jorciley Almeida Fernandes
Jorciley Almeida Fernandes
AGRADECIMENTOS
Ao meu professor e orientador, Professor Doutor Silvino Dias Capitão, pela sua grande
disponibilidade, competências e conhecimentos transmitidos, pelos esclarecimentos de dúvidas,
pela grandiosa ajuda e orientação.
À Assistente Social do ISEC, Dra. Sofia Braga, pelos conselhos, incentivos, e por todos os
apoios que me foram concedidos.
À Assistente Social do ISEC no ano de 2009, Dra. Patrícia Almeida, à Dona Libânia, à Dra.
Adriana Pinto, e aos colaboradores dos serviços académicos pelo tratamento que recebi quando
cheguei ao ISEC.
A todos aqueles que foram / são professores, funcionários, colegas e amigos do Departamento
de Engenharia Civil, pela vossa contribuição para que pudesse chegar a este patamar.
Aos colaboradores do Gabinete de Gestão de Sistema Informático do ISEC pelos apoios dados
de caráter informático.
Aos meus familiares, mesmo estando todos em São Tomé, e aos amigos que têm torcido para o
meu sucesso.
i
ii Jorciley Fernandes
RESUMO
RESUMO
iii
deficientes condições de drenagem constituem uma das principais causas para o colapso das
estruturas dos pavimentos.
Palavras-Chave
Conceção e manutenção de pavimentos, estradas de baixo tráfego, pavimentamos selados,
pavimento não selado, solo tratado.
iv Jorciley Fernandes
ABSTRACT
ABSTRACT
Key-Words
Design and maintenance of pavement, low traffic roads, stabilized materials, sealed pavements,
unsealed pavement.
v
vi Jorciley Fernandes
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ......................................................................................... i
ABSTRACT ......................................................................................................... v
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 1
ix
5 CONCLUSÕES GERAIS E TRABALHOS FUTUROS ..................... 145
x Jorciley Fernandes
ÍNDICE GERAL
xi
xii Jorciley Fernandes
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 4.16 Corte das relvas/silvas, atividade de manutenção de rotina (SATCC, 2003) ..... 132
Figura 4.17 Evolução típica da qualidade dos pavimentos com o passar do tempo (SATCC,
2003) ....................................................................................................................................... 134
Figura 4.18 Correção da exsudação, espalhamento e varrimento da areia (DER/SP, 2012).. 136
Figura 4.19 Fases de selagem das fissuras no pavimento (DER/SP, 2012). .......................... 136
Figura 4.20 Etapas de reparação de covas no pavimento (DER/SP, 2012). ........................... 137
Figura 4.21 Fenómeno de movimento de solo por bombagem (DER/SP, 2012). .................. 139
Figura 4.22 Sequência de execução de tratamentos superficiais (DER/SP, 2012)................. 140
Figura II.1 Zonas climáticas (Gourgel M., 2012)…………………………………………....155
Figura II.2 Agrupamento das zonas climáticas (Slideshare, 2018)………………………….156
Figura II.3 Clima tropical húmido (A) e seco (B) (Slideshare, 2018)……………………….157
Figura III.1 Espessura mínima necessária para inibir a reflexão do fendilhamento…………170
Figura III.2 Combinação do material betuminoso e granular………………………………..171
Figura III.3 Espessura mínima de material tratado para evitar os danos de fadiga durante a
construção…………………………………………………………………………………...172
Figura IV.1 Exemplos de revestimentos betuminosos (ANE, 2014)………………………..173
Figura VII.1 Diagrama da resistência das camadas (MTPW, 2013)………………………...178
Figura VII.2 Perfis de resistência coletivos e perfis de resistência médio e extremos (ANE,
2014)………………………………………………………………………………………...181
Figura VII.3 Perfil de resistência de camada para várias classes de tráfego (ANE,
2014)………………………………………………………………………………………...183
Figura VII.4 Comparação dos perfis de resistência necessário e in-situ (ANE, 2014)……..184
Figura VIII.1 Fator de transferência de fendas causadas por fadiga para camadas superficiais
betuminosas espeças (Theyse et al., 1996)…………………………………………………..187
xv
xvi Jorciley Fernandes
ÍNDICE DE TABELAS
ÌNDICE DE TABELAS
xvii
Tabela 3.16 Estrutura de pavimento de base e sub-base solo/cimento (adaptado SATCC, 1998)
.................................................................................................................................................. 56
Tabela 3.17 Estrutura de pavimento de base e sub-base solo/cimento (adaptado SATCC, 1998)
.................................................................................................................................................. 57
Tabela 3.18 Classificação dos terrenos (ERA, 2011) .............................................................. 58
Tabela 3.19 Classes de tráfego (ERA, 2011) ........................................................................... 59
Tabela 3.20 Classes de fundação (ERA, 2011) ........................................................................ 59
Tabela 3.21 Estruturas de pavimentos de base e sub-base granular (ERA, 2011) ................... 60
Tabela 3.22 Propriedades da camada flexível (Guillermo et al, 2002) .................................... 62
Tabela 3.23 Propriedades dos materiais granulares (Guillermo et al, 2002) ........................... 63
Tabela 3.24 Qualidade da sub-base estabilizada com cimento (Guillermo et al, 2002) .......... 63
Tabela 3.25 Classe de tráfego (Guillermo et al, 2002) ............................................................ 64
Tabela 3.26 Classes de fundação (Guillermo et al, 2002) ....................................................... 65
Tabela 3.27 Estruturas de pavimentos (Guillermo et al, 2002) ............................................... 65
Tabela 3.28 Estrutura de pavimento de base e sub-base granular (adaptado ANE, 2014) ...... 67
Tabela 3.29 Estrutura de pavimento de base e sub-base granular (adaptado ANE, 2014) ...... 67
Tabela 3.30 Estruturas de pavimentos de base estabilizada com cimento (ou cal) (ANE, 2014)
.................................................................................................................................................. 68
Tabela 3.31 Esquema utilizado para fazer a correspondência das classes de tráfego .............. 69
Tabela 3.32 Comparação resumida das caraterísticas climáticas dos países considerados na
análise....................................................................................................................................... 80
Tabela 3.33 Número equivalente de eixo-padrão por localidade............................................. 82
Tabela 3.34 Módulo de deformabilidade para camadas betuminosas (Theyse at al., 1996) ... 91
Tabela 3.35 Valores dos módulos de eslasticidade (MPa) sugeridas para materiais tratados com
cimento (Theyse at al., 1996) ................................................................................................... 92
Tabela 3.36 Gama sugerida dos módulos de elasticidade (MPa) dos materiais granulares
(Theyse at al., 1996) ................................................................................................................. 93
Tabela 3.37 Valores sugeridos para e UCS para camadas de materiais tratados com cimento
(adaptado Theyse et al., 1996) ................................................................................................. 97
Tabela 3.38 Valores propostos para Cterm e term para materiais granulares (Theyse at al.,
1996) ........................................................................................................................................ 99
Tabela 3.39 Soluções estruturais apresentadas pelos manuais da SATCC e TRL/SADC ..... 103
Tabela 3.40 Resultados dos cálculos com base no SAMDM ................................................ 105
Tabela 3.41 Comparação dos climas...................................................................................... 107
Tabela 3.42 Soluções estruturais obtidas pela aplicação do SAMDM, Nível A ................... 108
Tabela 3.43 Soluções estruturais obtidas pela aplicação do SAMDM, Nível D ................... 109
Tabela 3.44 Resultado da alteração das camadas, nível A..................................................... 109
Tabela 3.45 Resultado da alteração das camadas, nível A (continuação) .............................. 110
Tabela 3.46 Resultado da alteração das camadas, nível D..................................................... 111
Tabela 4.1 Atividades de manutenção (SATCC, 2003) ......................................................... 131
Tabela 4.2 Problemas, consequências e soluções de manutenção (SATCC, 2003)............... 132
Tabela 4.3 Problemas, consequências e soluções de manutenção (continuação) (SATCC, 2003)
................................................................................................................................................ 133
Tabela III.1 Materiais de elevada plasticidade – aspetos principais (Cook et al, 2001)………160
Tabela III.2 Materiais mal graduados – aspetos principais (Cook et al, 2001)……………….161
Tabela III.3 Materiais de formatos inadequada – aspetos principais (Cook et al, 2001)……...162
Tabela III.4 Materiais de fraca resistência – aspetos principais (Cook et al, 2001)…………..163
Tabela III.5 Revisão dos materiais de fraca durabilidade (Cook et al, 2001)…………………164
Tabela III.6 Exemplos de utilização de materiais não padronizados em pavimentos selados de
baixo volume de tráfego (Cook et al, 2001)………………………………………………….165
Tabela III.6 (continuação) Exemplos de utilização de materiais não padronizados em
pavimentos selados de baixo volume de tráfego……………………………………………..166
Tabela III.7 Tipos e abreviaturas dos materiais de pavimento utilizados em estradas
pavimentadas e não pavimentadas (ERA, 2011)……………………………………………..167
Tabela III.8 Preparação das fundações (Gourley et al, 1999)………………………………..168
Tabela III.9 Medidas para o melhoramento à base de cimento/cal (Cook et al, 2001)………169
Tabela III.10 (continuação) Materiais para melhoramento à base de cimento/cal……………170
Tabela IV.1 Vida útil dos revestimentos superficiais (ANE, 2014)………………………….175
Tabela V.1 Fatores a considerar no tráfego de projeto (SATCC, 1998)……………………..176
Tabela VI.1 Tipologia de estruturas previstas no catálogo de Moçambique (SATCC, 1998)..177
Tabela VII.1 Frequência de ensaios DCP (ANE, 2014)……………………………………...179
Tabela VII.2 Percentis da taxa de penetração do DCP (ANE, 2014)…………………………181
Tabela VII.3 Gráfico de projeto com base no DCP para diferentes classes de tráfego (ANE,
2014)………………………………………………………………………………………...182
Tabela VIII.1 Caraterísticas dos materiais granulares apresentados no SAMDM (adaptado
Theyse et al, 1996)…………………………………………………………………………...186
xix
xx Jorciley Fernandes
SIMBOLOGIAS E ABREVIATURAS
SIMBOLOGIAS E ABREVIATURAS
xxi
MR Módulo de Resiliência
MTPW Ministry of Transport and Public Works of Malawy
N Norte
Ndim80 Número acumulado de passagens do eixo padrão
OMC Optimum moisture content
ORN Overseas Roads Note
P Peneiro
p Período de Dimensionamento
pH Parâmetro para indicar a acidez ou basicidade de um material
PSP Produtos sulfatados de petróleo
RDIA Relatório de declaração de impacte ambiental
RM Rodovias Municipais
S Sul
SADC Southern African Development Community
SAMDM South African Mechanistic Method
SATCC Southern Africa Transport Communication Commission
STP São Tomé e Príncipe
t Taxa média de crescimento anual do tráfego pesado
TCIC Teste de consumo inicial de cal
TMDAp Tráfego médio diário anual de projeto
TRL Transport Research Laboratory
TSD Tratamento superficial duplo
UCS Unconfined compressive strength
INAESTP Instituto Nacional de Estatísticas de São Tomé e Príncipe
1 INTRODUÇÃO
1.1 Enquadramento
É comum verificar situações de estradas intransitáveis ou em más condições de utilização e de
segurança, principalmente nas zonas rurais. Muitas destas estradas têm um reduzido volume de
tráfego de pesados, sendo geralmente designadas por EBVT – estradas de baixo volume de
tráfego. Por causa disso, não são consideradas vias de investimento prioritário quando se
planeia a conservação da rede rodoviária. Muitas EBVT nem possuem pavimentos com uma
superfície selada ou acabada com materiais ligados. No entanto, as EBVT desempenham um
papel muito importante no desenvolvimento socioeconómico de um país, garantindo o
transporte dos produtos agrícolas das zonas rurais até às zonas urbanas, o que é crucial para os
países que baseiam as suas economias na agricultura. Além disso, aquelas estradas permitem o
acesso das populações das zonas suburbanas aos serviços existentes nas zonas urbanas e
garantem também a circulação dos produtos das indústrias e o seu abastecimento com matérias-
primas, entre outros aspetos.
Nos países tropicais, e em vias de desenvolvimento, o cenário descrito no parágrafo anterior
tende a ser ainda mais expressivo, uma vez que grande parte da rede rodoviária é formada por
vias que se enquadram no conceito de EBVT. A maior parte das estradas encontram-se em mau
estado porque, por um lado, existe a falta de materiais com as devidas caraterísticas que
permitam uma utilização satisfatória nos pavimentos rodoviários e, por outro lado, quando isso
não acontece, o poder económico para se proceder à realização das obras necessárias são
inexistentes. Além disso, o clima afeta fortemente os pavimentos causando uma aceleração na
sua degradação.
Uma vez que as estradas são essenciais para a dinamização do fluxo de mercadorias e de
pessoas, contribuindo para o desenvolvimento do território, quando não é possível dispor de
materiais caros e que exigem grandes meios para o seu fabrico torna-se crucial utilizar
alternativas, de modo a resolver a situação. Uma das estratégias habitualmente seguidas é a
utilização de materiais locais, através da adaptação do seu uso às condições localmente
existentes.
A utilização máxima de materiais locais não processados é um pilar central da filosofia de
projeto das EBVT. As especificações atuais, particularmente nas zonas do mundo mais
desenvolvidas, tendem a excluir o uso de muitos materiais naturais, não transformados (solos
naturais, misturas de solo-cascalho e cascalho) em camadas de pavimentos, em favor de
materiais britados mais caros. Esta é a abordagem padrão das especificações, a qual estabelece
requisitos orientados para as estradas de alto volume de tráfego. No entanto, trabalhos recentes
1
têm demonstrado que os chamados materiais não padronizados podem, muitas vezes, ser usados
com sucesso e de forma rentável em pavimentos de EBVT, desde que sejam tomadas
precauções adequadas (Jorge, 2014).
2 Jorciley Fernandes
INTRODUÇÃO
efetuada, são escolhidas dentre aquelas estruturas, as que são consideradas mais adequadas para
serem aplicadas em São Tomé e Príncipe.
No capítulo 4 aborda-se a problemática da conservação dos pavimentos, sendo apresentadas as
práticas de avaliação do seu estado de conservação, as patologias mais correntes e as técnicas
mais comuns para a sua reparação.
O capítulo 5 sintetiza o trabalho realizado, apresenta as suas principais conclusões e propõe
algumas linhas de desenvolvimento para trabalhos futuros.
No Anexo I estão algumas informações complementares do subcapítulo 2.5 do capítulo 2
relacionadas com a questão da sustentabilidade dos projetos de EBVT.
O Anexo II contém informações sobre os climas, complementando assim os assuntos descritos
no subcapítulo 2.6 do capítulo 2.
O Anexo III dá a continuidade ao assunto tratado no capítulo 2.2, relacionado com os
tratamentos dos vários tipos de materiais.
Alguns tipos de revestimentos superficiais são apresentados no Anexo IV, como complemento
no capítulo 3.4.
O Anexo V e VI apresentam os fatores a considerar no dimensionamento de, respetivamente
tráfegos e das estruturas de pavimento, baseado no SATCC 1998, indo ao encontro do tema
tratado no ponto 3.4.3.
Como auxílio do capítulo 3.4.4, é feita a descrição do método DCP no Anexo VII.
E por fim, no Anexo VIII é feita a sumarização das caraterísticas dos materiais considerados
pelo SAMDM, relacionado com o ponto 3.8.
3
4 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
5
2.2 Classificação das Estradas
A classificação adequada das estradas constitui o primeiro passo para promover as opções de
pavimentação à base dos recursos locais, os quais podem, nesse contexto, ser avaliados e
selecionadas para uso apropriado. As estradas devem ser projetadas tendo em conta as funções
que irão desempenhar, designadamente para servir o tráfego motorizado e não motorizado
(OTB, 2013).
Além disso, tal como as outras estradas, as EBVT podem classificar-se em diferentes categorias
hierárquicas de estradas, tendo em conta as funções e a capacidade de escoar o tráfego. Se a
função de circulação for a principal, a EBVT poderá ter as seguintes caraterísticas (Branco et
al, 2005):
Deslocações de média/grande distância em condições fluidas;
Deslocações rápidas e seguras em vias com capacidades adequadas.
Por sua vez, as estradas que terão o acesso como principal função têm as seguintes
caraterísticas:
Acesso aos espaços urbanos;
Fácil circulação a velocidades baixas;
Existência de estacionamentos;
Complementação com outros meios de transportes/circulação para além dos
motorizados.
Na lógica de raciocínio apresentada, em resumo as estradas podem ser classificadas consoante
é apresentado na Tabela 2.1.
6 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
7
Além disso, embora os estudos indiquem que a influência relativa do tráfego nas EBVT é muito
menor que a de outros parâmetros ambientais, é necessário considerar a influência do tráfego
e, em particular, o risco de sobrecarga por tipo de eixo em estradas com pavimentos delgados.
O tráfego tem uma grande influência no desempenho das superfícies não revestidas.
Fator Descrição
As condições climáticas influenciam as opções de pavimento, podendo estudar-se
parâmetros de projeto em condições "húmidas" ou "secas". O desempenho de uma
Clima
superfície de solo compactada, por exemplo, é particularmente influenciado pela
quantidade e intensidade de precipitação, bem como pelo regime de escoamento.
Por vezes, é a interação da água com a infraestrutura ou, mais especificamente, o seu
movimento no interior da estrutura da estrada e na zona adjacente a esta, que tem um
Hidrogeologia
impacto mais significativo sobre o desempenho de pavimentos, da terraplenagem e dos
órgãos de drenagem.
8 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
Apesar dos pavimentos não selados parecerem, à primeira vista, os mais económicos, porque
dispensam a importação de materiais de custos elevados, que exigem maior processamento,
geralmente não disponíveis, o que acaba por acontecer é exatamente o contrário. Em pouco
tempo, aqueles pavimentos tornam-se desconfortáveis para se circular (a pé ou de automóvel),
com o aparecimento de covas, geração de pó, lama e pequenas poças de água ao longo do
pavimento, podendo tornar-se intransitáveis. Consequentemente, as populações são gravemente
afetadas devido ao aumento dos custos dos transportes associados às condições extremas de
circulação. Além disso, estes pavimentos exigem ser constantemente regravilhados (colocação
de novas camadas de gravilhas ou cascalhos), o que exige a utilização de materiais finitos (não
renováveis) e muitas vezes escassos. Na prática, muitos países não têm os recursos financeiros
necessários para conservar as suas redes de estradas com cascalhos. Como se pode observar na
Figura 2.1 (esquerda), a contínua perda de material granular leva a sucessivas necessidades de
ações de conservação. Por isso, ocorre uma rápida perda do investimento, bem como um
considerável prejuízo para as comunidades servidas por essas estradas (SATCC, 2003). A
Figura 2.1 (direita) mostra também a colocação de cascalhos num pavimento com as
caraterísticas acima descritas.
9
Regravilhação Regravilhação
Espessura da estrada (cm)
Ano
Manutenção Regular
Ausência de Manutenção
Mesmo nas épocas secas, quando as condições são favoráveis para este tipo de estradas (não
revestidas), ainda existe o problema de levantamento de pó associado à circulação dos veículos
tal como se ilustra na Figura 2.2 (esquerda). Devido à perda de finos, estes pavimentos tornam-
se muito ásperos e com condições de condução perigosa. Além disso, originam um severo
desconforto para os utentes da via e acarretam custos operacionais muito elevados para os
veículos, como se mostra na Figura 2.2 (direita) (SATCC, 2003).
Pelo que se referiu, a construção dos pavimentos de camada superficial não ligadas, apesar de
implicar menores custos de primeiro investimento em relação aos de superfícies seladas, a
médio prazo implicam gastos muitas vezes maiores que os que resultariam da construção de
pavimento de superfície ligadas.
No que se refere a pavimentos em que a sua camada superficial é construída apenas em material
não ligado, como é o caso das gravilhas (ou cascalhos), há que ter em conta as questões
10 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
referentes à sustentabilidade deste tipo de projeto, conforme são descritas a seguir (SATCC,
2003):
Questões financeiras e económicas:
o O cascalho é uma camada de sacrifício (é sempre feita a sua reposição) e o custo
de substituição é elevado;
o Podem perder-se entre 30 a 150 mm espessura de cascalho por ano;
o As operações de regravilhação custam cerca de € 5.000 a € 30.000 /km/ano;
o Manutenção periódica custa à volta de 2.000€ a 3.000€/km/ano.
Questões institucionais e de gestão:
o Os pavimentos não ligados normalmente constituem 70% a 90% da rede
rodoviária principal e maiores percentagens nas redes restantes;
o A ausência de um pavimento com materiais adequados gera um ciclo contínuo
de degradação e défice de conservação.
Administrações das redes de estradas:
o Têm dificuldades ao nível da logística e da capacidade técnica, e têm limitações
financeiras;
o Muitas vezes têm limitações de capacidade, quer humanas quer de recursos
materiais;
o Têm fraca capacidade para intervir nas atividades de manutenção de forma
satisfatória.
Normas e tecnologias:
o Desperdício de resíduos (resíduos que a uma dada altura, após muita utilização,
acabam);
o Regravilhar requer mecanismos caros e, por vezes, ocorrem problemas
operacionais, ou de suporte técnico;
Questões sociais:
o Perda de terras e reabilitação de zonas de empréstimos;
o Problemas de acessos das comunidades locais durante os períodos chuvosos;
o Geração de poeira em tempo seco, com impactes adversos para a saúde, e
incómodo para os peões, os veículos e as populações locais;
o Danos nas culturas (campos de cultivos) e nos habitats naturais.
11
Baixos custos de transporte (manutenção e operação dos veículos);
Maiores benefícios sociais relacionados com a existência de acessos mais confiáveis aos
diversos serviços, como escolas e hospitais, entre outros;
Reduzidos impactes ambientais negativos, problemas de saúde e segurança.
De acordo ainda com a mesma fonte (SATCC, 2003), na Africa do Sul os empréstimos de
grandes volumes de terra são de mais de 150 milhões de metros cúbicos por ano e têm potencial
para causar impactes negativos ao ambiente e às populações locais. As áreas onde aqueles danos
podem ser causados são as seguintes:
Recurso material:
o Perda permanente do recurso natural utilizado (material não renovável).
Danos na morfologia da superfície:
o Modificação da superfície natural de drenagem;
o Aumento da erosão do solo e assoreamento dos cursos de águas por perturbação
do solo;
o Desestabilização das encontras.
Ecologia:
o Perdas de ermos e florestas;
o Deslocação de espécies e habitats;
o Perda de potenciais terras de produtividade agrícola.
Poluição:
o Contaminação de águas e dos solos por derramamento de combustíveis;
o Geração de poeiras durante as extrações, carregamentos e transportes dos
materiais;
o Aumento das poeiras geradas por veículos ao longo dos caminhos de acesso.
Impactes sociais e ambientais:
o Criação de condições para aparição de doenças;
o Alteração das paisagens e interferência com a beleza natural;
o Separação das comunidades;
o Perdas de heranças de terra;
o Perda de antiguidades e da herança cultural;
o Riscos para as pessoas e animais, no que se refere a postos de teste abertos ou
sem identificação;
12 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
o Riscos de segurança para as populações locais por serem expostos aos estaleiros
e tráfegos pesados;
o Ruído das perfurações, detonações, tráfego e estaleiros.
A Figura 2.3 ilustra os resultados dos impactes causados à paisagem e morfologia do terreno, e
à criação de condições para o aparecimento de doenças.
Situações de impacte ambiental, como as descritas na Figura 2.3, não ocorrem só na África do
Sul. A realidade descrita acontece em todas as regiões onde há grandes extrações de materiais,
de forma descontrolada e frequente, e sem medidas para mitigar os impactes adversos
resultantes.
A responsabilidade pela aplicação de políticas ambientais sólidas cabe aos órgãos executores,
geralmente as administrações das estradas, guiadas e assistidas por unidades ambientais
existentes nas estruturas das mesmas. A tendência para a criação destas unidades é positiva
porquanto contribui para integrar no processo de decisão as questões ambientais (SATCC,
2003).
No exercício dessas responsabilidades, o pessoal deve ser guiado pelo abrangente objetivo de
garantir que os projetos sejam concebidos e implementados de acordo com princípios sólidos
que minimizam os impactes adversos e permitem aumentar os benefícios. Vários
procedimentos devem ser seguidos em várias fases do ciclo do projeto, a fim de atingir estes
objetivos. Estes procedimentos normalmente envolvem algum tipo de avaliação de impacte
ambiental (AIA), efetuada de acordo com as orientações indicadas no Anexo I.
2.6 Clima
Um dos fatores que mais condicionam a duração da vida útil das estradas, e particularmente da
EBVT, são as ações passivas, ou seja, as ações a que estão sujeitas por influência do clima e do
13
meio ambiente. Aqueles fatores têm um papel ainda mais importante quando se trata de
infraestruturas em zonas tropicais.
As regiões equatoriais, comparativamente com as regiões mais próximas dos polos, recebem
maior incidência de energia. Este diferencial é a principal origem dos fenómenos atmosféricos
(vento, formação das nuvens e movimentos) que proporcionam mecanismos de transferência
de calor do equador para os polos influenciando o clima (Gourgel, 2012).
Os climas distinguem-se uns dos outros sobretudo pelas características e variação da
temperatura e da precipitação. Essas variações decorrem de vários fatores dos quais se destacam
(Gourgel, 2012):
A latitude:
o Que permite identificar climas quentes, temperados e frios, de acordo com a
quantidade de radiação solar recebida;
o Que corresponde a zonas de altas pressões atmosféricas, onde os climas são secos,
ou a zonas onde dominam as baixas pressões, com climas mais húmidos;
O relevo:
o Que influencia a temperatura, dando origem a climas mais frios quando a altitude
aumenta;
o Que para altitudes muito elevadas dá origem a zonas com ar seco e onde ocorre
pouca precipitação;
A proximidade do oceano:
o Nas margens dos continentes, onde os ventos marítimos são dominantes, os climas
tendem a ser mais amenos e chuvosos.
Continentalidade:
o No interior dos continentes, longe dos ventos marítimos, os climas tendem a ser
secos e com elevados contrastes de temperaturas.
No Anexo II são disponibilizadas informações adicionais sobre o clima, as quais têm como
objetivo mostrar que em várias regiões do globo, designadamente nas zonas tropicais, as
condições climáticas são semelhantes e, por isso, é possível adotar soluções construtivas
semelhantes em diferentes localizações dessas zonas, designadamente para as estruturas de
pavimentos de EBVT.
Note-se que os pavimentos são estruturas que estão muito expostas às ações climáticas. Por
isso, as condições ambientais são um factor importante no dimensionamento, que condiciona
os trabalhos de construção e conservação dos pavimentos, e também a segurança da circulação.
14 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
2.7 Materiais
15
Tabela 2.4 Caraterísticas gerais determinadas para materiais granulares (Marques, 2006)
16 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
Tabela 2.5 Guia para a granulometria dos materiais de sub-base (Cook et al, 2001)
Tabela 2.6 Guia para as características recomendadas para os materiais de sub-base face à
presença de água (Cook et al, 2001)
17
2.7.3 Camada da base (Cook et al, 2001)
A camada de base é a principal camada de distribuição de cargas do pavimento. Uma vasta
gama de materiais pode ser utilizada como camada de base de pavimentos, incluindo cascalhos
naturais escavados, pedras extraídas britadas e peneiradas, desde que reúnam as condições
específicas para serem aplicadas na camada de base. O que inclui materiais estabilizados
mecanicamente ou modificados. As propriedades dos materiais naturais podem ser melhoradas
através de estabilização com cimento, cal ou betume.
A adequação do uso dos materiais depende principalmente do nível do tráfego previsto e do
ambiente local. Espera-se que os materiais da camada de base tenham uma granulometria,
forma das partículas e resistência que proporcionem uma elevada estabilidade mecânica. Os
materiais devem conter uma suficiente quantidade de finos de baixa plasticidade de modo a
produzir camadas densas, com menos de 5% de vazios quando compactados.
Tabela 2.7 Guia para a granulometria recomendada para materiais granulares naturais a
utilizar em camadas de base (Cook et al, 2001)
18 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
20 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
São considerados agregados de formatos inadequados não apenas os que apresentam formatos
demasiados laminados ou alongados mas também quando apresentam um formato demasiado
arredondado. Embora não seja estritamente um critério de forma, a textura da superfície
também é incluída no grupo dos materiais de formato inadequado, particularmente texturas lisas
e polidas, se estiverem associadas a partículas demasiado arredondadas.
Os materiais de formatos inadequados podem apresentar os seguintes defeitos:
Materiais de formatos demasiados arredondados (quando associado a texturas lisas e
polidas);
Perda de estabilidade e fraco imbricamento entre partículas;
Dificuldade de compactação;
Baixa densidade e elevado teor de vazios;
Fraca estabilidade.
Materiais de formatos alongados ou laminados:
Quebra das partículas ou o seu esmagamento (devido ao formato);
Problemas de compactação e elevado teor de vazios.
O formato da partícula é normalmente definido pela British Standard (BS, 1990a) em termos
do índice de lamelação (If) e de alongamento (Ia). No qual:
If = Massa das partículas cuja dimensão média é pelo menos menor que 6/massa total;
Ia = Massa das partículas cuja dimensão longa é maior que 1,8/massa total.
Por outro lado, podem utilizar-se alguns processos a fim de melhorar as caraterísticas destes
materiais, nomeadamente:
Materiais demasiados arredondados – esmagamento do material;
Materiais de formatos laminados ou alongados – esmagamento (procedimento
modificado, como britagem de alto impacto);
Modificação mecânica com outros materiais.
22 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
Meio de Estabilização
Cimento e Misturas
Sim Sim Talvez Sim Sim Sim
com Cimento
Betume/Misturas
Sim Talvez Não Sim Sim Talvez
com Cimento
Outros produtos
Não Sim Sim Não Talvez Sim
Químicos
Legenda
23
prático, ou mesmo impossível, produzir um material satisfatório, particularmente para estradas
de tráfegos elevados.
Nestas condições, estes materiais podem ser melhorados através da mistura com outros
materiais de modo a resultar numa mistura de melhores características (estabilização mecânica),
ou por tratamento com aditivos, tais como cimento, cal ou betume, ou ainda, por meio de
produtos químicos apropriados para este objetivo (Cook et al, 2001).
Os aditivos que podem ser utilizados para o tratamento dos materiais incluem:
Materiais granulares (estabilização mecânica);
Cimento Portland;
Mistura de cimento (cimento e cal, cimento e betume, entre outros);
Cal (cal hidratada e cal viva);
Betume (incluindo emulsões);
Produtos químicos sintéticos;
Cloreto e sais de sulfato.
24 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
26 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
É importante que se adicione cal suficiente de modo a dar início a esta reação, o que também
requer um ambiente altamente alcalino (pH maior do que 12,3). Através do teste do consumo
inicial da cal (TCIC) identifica-se o teor de cal necessário para criar esta alcalinidade.
O tratamento à base de cal (ou cimento) é considerado inapropriado para o tratamento de alguns
materiais, tais como:
Materiais com grande teor de sílica, que pode resultar numa extrema reação alcali-
sílica;
Materiais que contenham minerais sulfuretos devem ser estudados devido ao efeito
destrutivo – os materiais podem deteriorar e produzir ácidos que prejudicam os materiais
estabilizados à base de cimento ou cal;
Materiais com proporções elevadas de sais solúveis.
A Tabela III.9 no Anexo III faz o sumário das recomendações respeitantes aos materiais de base
e sub-base modificados à base de cal.
2.8 Drenagem
Outro dos aspetos fundamentais do projeto rodoviário é a drenagem. Esta consiste nas medidas
tomadas para evitar que a água perturbe a utilização das estradas ou ponha em causa o seu
tempo de vida útil. A água pode ser proveniente da precipitação, das interceções da estrada com
linhas de água existentes ou, ainda, como resultado da existência de lençóis freáticos, cuja nível
máximo se localize próximo das camadas do leito do pavimento (OTB, 2013).
O sistema de drenagem rodoviária é constituído geralmente por dois subsistemas: a drenagem
superficial – relacionada com a precipitação e as interceções com as linhas de água; a drenagem
de águas ascendentes – provenientes do subsolo e de roturas e falhas nas canalizações.
27
As deficiências na drenagem subterrânea causam maiores problemas aos pavimentos devido à
sua complexidade de tratamento, enfraquecendo a capacidade de carga das camadas dos
pavimentos rodoviários. Para além disso, muitas vezes só são notados em fases já muito
evoluídas, causando patologias como deformações, ou mesmo, o colapso dos pavimentos.
Apesar de ser relativamente mais fácil intervir nos sistemas de drenagem superficial, quando
estes não são devidamente estudados e cuidados e em casos extremos, como em alturas de muita
chuva, resulta na destruição de troços de estradas.
De modo a minimizar a erosão das valetas laterais, as águas drenadas devem ser descarregadas
com a maior frequência possível, aproveitando as caraterísticas do terreno para se fazerem as
descargas do lado da estrada onde se encontra a valeta, a fim de se minimizar o custo das
28 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
passagens hidráulicas. Uma vala de desvio de água é utilizada para conduzir as águas aos
terrenos adjacentes (onde se possa fazer a sua descarga). A Tabela 2.9 mostra os espaçamentos
máximos das valas de desvio em função da inclinação e a Figura 2.4 mostra alguns layouts das
valas de desvio de água.
Tabela 2.9 Declive vs intervalo máximo entre as valas de desvio e valetas laterais (ANE,
2014)
Dreno Lateral
Bloqueio 3-8 m Continuação Dreno Lateral
30 a 45º
Figura 2.4 Layout esquemático das valas de desvio e valetas laterais de água (ANE,
2014)
O ângulo entre a vala de desvio e a drenagem lateral deve preferencialmente ser de 30 graus,
mas nunca superior a 45 graus. A inclinação preferível da vala de desvio é de 2-5% e à medida
que se desenvolve deve tornar-se gradualmente mais rasa. No final da vala é necessário se
proceder à colocação de pedras para evitar erosões. Em terrenos planos, é necessário um
pequeno declive de 1% ou de 0,5% para a descarga das águas, ou para evitar longos órgãos de
drenagem.
29
Medidas de prevenção
De modo a prevenir o aparecimento de excessiva quantidade de humidade no pavimento
durante a construção, devem ser seguidas as seguintes medidas:
Dar tempo suficiente para a superfície (camadas inferiores à betuminosa) do pavimento
secar – Assegurar de que a camada de pavimento possa secar até atingir o teor de
humidade especificado antes da aplicação da camada betuminosa;
Programar os trabalhos de modo a minimizar a exposição à chuva – durante a estação
chuvosa, deve construir-se secções curtas de pavimentos incluindo a camada de
revestimento superficial, ao invés de construir toda a camada de sub-base, base e por
fim o revestimento superficial;
Reduzir a exposição dos materiais de pavimento armazenados à entrada de água –
construir a zona de armazenamento em locais com a inclinação mínima de 5%,
preferencialmente em queda cruzada;
Minimizar o tempo em que o material não totalmente compactado é deixado na estrada
– utilizar apenas a quantidade suficiente de material para cada dia de operação;
Reduzir o teor da humidade utilizado para a compactação - construir o pavimento com
o menor teor de humidade necessário para atingir a densidade especificada;
Reduzir a quantidade de água necessária para a penetração superficial – a adição de água
a um pavimento após a sua colocação deve ser suficiente para produzir uma superfície
firme e coesa adequada para a aplicação do revestimento superficial;
Colocação da camada superficial ligada o mais rápido possível – ou seja, logo que a
camada anterior à superficial tenha secado e atingido o valor especificado do teor de
humidade.
30 Jorciley Fernandes
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PAVIMENTOS DE EBVT
31
32 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Tabela 3.1 Resumo da extensão de estradas (em km) em São Tomé no ano de 2015 (fonte:
INAE)
São Tomé Tipologia
TIPO Asfalto Terra Calçada Base Total
NACIONAL 131,133 0 0 3,160 134,293
SECUNDÁRIA 99,676 0 0,220 0 99,896
TERCIÁRIA 0 845,851 17,944 0 863,795
URBANA 60,914 8,854 1,792,6 0 69,768
SUB-TOTAL 291,723 854,705 18,164 3,160 1 167,752
33
Legenda
Estrada Nacional
Estrada Secundária
Estrada Terciária
Estrada Urbana
Figura 3.1- Rede Viária de São Tomé – zona norte (fonte: INAE)
34 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Legenda
Estrada Nacional
Estrada Secundária
Estrada Terciária
Estrada Urbana
Figura 3.2 Rede Viária de São Tomé – zona central (fonte: INAE)
35
Legenda
Estrada Nacional
Estrada Secundária
Estrada Terciária
Estrada Urbana
Figura 3.3 Rede Viária de São Tomé – zona sul (fonte: INAE)
36 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
As condições climáticas, a falta de conhecimentos técnicos por parte das entidades gestoras, o
envelhecimento das camadas betuminosas, a falta de conhecimentos atualizados sobre as
normas de construção e reabilitação, são algumas das principais causas que contribuem para o
mau estado em que se encontram as estradas (AEE, 2015).
O mau estado das vias de comunicação normalmente manifesta-se através de assentamentos
localizados, zonas ocas, deformações e fendas, bem como deteriorações originadas por
insuficiente capacidade resistente da estrutura do pavimento. Além disso, por não haver
controlo do tráfego em muitas das estradas, pode haver danos causados pela circulação de
cargas acima do limite considerado nos projetos das estradas (AEE, 2015). A título de exemplo,
na Figura 3.4 são apresentadas algumas fotos de uma das vias principais da ilha de São Tomé,
em que devido aos fatores mencionados neste parágrafo e no anterior se encontravam num
péssimo estado de conservação. As fotos apresentadas foram obtidas em 2013.
37
3.2 Condicionantes Climáticas de São Tomé e Príncipe
A conceção e o dimensionamento de pavimentos para a rede rodoviária de S. Tomé e Príncipe
exigem a avaliação prévia das condições do clima prevalecente nas diferentes regiões,
porquanto os fatores climáticos influenciam fortemente as soluções de pavimentação a adotar.
Em São Tomé existem duas estações: a estação mais seca (e fria durante as noites),
correspondente aos meses de junho a setembro, e a estação de chuva (mais quente durante o
dia), nos restantes meses do ano. A estação de chuva é o período no qual os pavimentos se
encontram submetidos às piores condições de serviço, uma vez que a humidade e as
temperaturas são geralmente mais elevadas.
Por se tratar de um território relativamente pequeno, não existem grandes diferenças de
temperaturas e de precipitações entre as diferentes zonas do país. De acordo com os dados
recolhidos no site Climate-Data.ORG, São Tomé pode caracterizar-se por uma temperatura
média mensal de 25,4ºC e uma precipitação total média anual de 1285 mm.
A Figura 3.5 mostra os dados mais detalhados relativos à temperatura e à precipitação típica
em São Tomé ao longo de um ano.
Como se pode observar, o mês de julho é o mais seco do ano com uma precipitação média total
de 4 mm. No entanto é o mês mais fresco do ano, com uma temperatura média de 23,9ºC. O
mês de outubro corresponde à altura do ano de maior precipitação, com cerca de 182 mm. O
mês de março é o mais quente com uma temperatura média de 26,4ºC.
Verifica-se uma diferença de 178 mm entre a precipitação média total do mês mais seco e do
mês mais chuvoso. As temperaturas médias mensais têm uma variação máxima de cerca de 2,5
°C durante o ano (Climate-Data, 2017). A Tabela 3.2 apresenta os valores da precipitação e as
temperaturas médias mensais.
38 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Meses janeiro fevereiro março abril maio junho julho agosto setembro outubro novembro dezembro
Precipitação
(mm) 117 107 164 174 163 22 4 13 49 182 172 118
Temperatura
mínima ºC 22,6 22,8 22,7 22,9 22,7 21,6 20,4 20,6 21,2 21,8 21,9 22,3
Temperatura
máxima ºC 29,7 29,8 30,2 29,9 29,3 28,2 27,5 27,6 28,7 28,7 28,9 28,9
Temperatura
média ºC 26,1 26,3 26,4 26,4 26 24,9 23,9 24,1 24,9 25,2 25,4 25,6
3.3 Tráfego
O tráfego é um dos parâmetros de maior importância para o dimensionamento dos pavimentos.
Uma má estimativa do tráfego implica consequências negativas relativamente à capacidade de
carga e durabilidade do pavimento, e ao conforto dos utentes das estradas.
A recolha de informações credíveis sobre o volume e a composição do tráfego são essenciais
para diferentes aspetos do projeto de estradas, nomeadamente (Jorge, 2014):
Projeto geométrico - o volume e a composição do tráfego, tanto motorizado como não
motorizado, influenciará, entre outros aspetos, as dimensões do perfil transversal (faixa
de rodagem e bermas);
Projeto de pavimento - a deterioração dos pavimentos causada pelo tráfego resulta da
magnitude e da frequência das cargas por eixo, pelo que o dimensionamento do
pavimento requer informações sobre o número total de veículos que previsivelmente
utilizará a estrada e as cargas por eixo;
Segurança rodoviária - o volume, o tipo e as características do tráfego que utilizará a
estrada irão influenciar o tipo de medidas de segurança rodoviária necessárias para
garantir um ambiente rodoviário seguro, nomeadamente no que diz respeito à forma de
acomodar os utentes mais vulneráveis da estrada, incluindo o tráfego não motorizado e
pedonal.
Os danos nos pavimentos causados pelo tráfego resultam da magnitude das cargas individuais
e do número de vezes que essas cargas são aplicadas, isto é, será necessário considerar não só
o número total de veículos que utilizarão o pavimento como também as cargas sobre os eixos
desses veículos. Os volumes de tráfego devem ser convertidos num número equivalente de
cargas de um eixo-padrão ou, simplesmente, eixos-padrão (EP). Por isso, os estudos de tráfego
devem distinguir os diferentes tipos de veículos.
40 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
𝑑𝑖𝑚
𝑁80 = 365 × (𝑇𝑀𝐷𝐴)𝑝 × 𝐶 × 𝛼 × 𝑝 (3.1)
Em que:
𝑑𝑖𝑚
𝑁80 – Número acumulado de passagens do eixo-padrão;
t – Taxa média de crescimento anual do tráfego pesado;
- Fator de agressividade do tráfego;
p – Período de dimensionamento;
C – Fator de crescimento do tráfego que tem em conta o período de dimensionamento (p) e a
taxa de crescimento (t), sendo dado equação 3.2:
(1 + 𝑡)𝑝 − 1 (3.2)
𝐶=
𝑝×𝑡
Figura 3.6 Procedimento para determinar a ação do tráfego de projeto (MTPW, 2013)
41
veículos (irregularidade superficial), ou por um índice global de qualidade que incorpora o
efeito de várias patologias (MTPW, 2013).
A vida útil de um pavimento depende de alguns fatores, incluindo, em particular, a sua função.
Assim, para o caso de um eixo principal rodoviário que cumpre uma função económica
importante e transporta grandes volumes de tráfego, onde qualquer perturbação importante se
torna dispendiosa, normalmente, o pavimento será projetado para uma vida útil mais longa do
que uma estrada de menor importância que cumpre uma função principalmente de
desenvolvimento primário ou social, e que é utilizada por volumes relativamente baixos de
tráfego.
Os vários fatores que influenciam a escolha do período de dimensionamento incluem:
A importância estratégica da estrada (ou seja, a sua classificação);
Estratégias de manutenção (estradas com altos volumes de tráfego exigem longos
períodos de baixa atividade de manutenção);
Considerações de financiamento;
O tempo previsto para a reabilitação estrutural da estrada;
A probabilidade de que outros fatores para além do tráfego (por exemplo, uma
fundação altamente reativa) causem problemas que impliquem uma grande
reabilitação antes da ocorrência de danos relacionados com as cargas do tráfego.
A Tabela 3.4 fornece algumas orientações sobre a seleção de vida útil de um projeto.
Tabela 3.4 Guia para seleção da vida útil de um projeto (MTPW, 2013)
42 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Deve ter-se muito cuidado na escolha do local de contagem a fim de garantir uma boa estimativa
do tráfego a utilizar a estrada (ANE, 2014).
43
que o pavimento suporta durante a sua vida útil. Isso é efetuado com base no número total de
veículos pesados que previsivelmente utilizará a estrada ao longo deste período (Jorge, 2014).
A relação entre o coeficiente de equivalência de um eixo, 𝐸𝐹, e a carga por eixo é dada pela
Equação 3.3 (ERA, 2011):
𝐸𝐹 = (𝑃⁄8160)𝑛 (𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑘𝑔𝑓) (3.3)
𝐸𝐹 = (𝑃⁄80)𝑛 (𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑘𝑁)
Onde:
EF- Coeficiente de equivalência de uma carga P em número de eixos padrão;
P - Carga por eixo (em kgf ou kN);
n – Expoente de dano relativo (no caso das EBVT pode adotar-se um valor de n de 4).
O valor n é influenciado por vários fatores, sendo os mais significativos o tipo de materiais
utilizados na estrutura do pavimento (por exemplo, granular / granular, granular / solo
estabilizado com cimento, betuminoso / solo estabilizado com cimento) e a espessura do
pavimento (ERA, 2011).
44 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Figura 3.8 Desenvolvimento do tráfego de uma estrada cujo pavimento é melhorado (Jorge, 2014)
𝑖 𝑁 (3.6)
[(1 + 100) − 1]
𝑇(𝑚) = 0,5 × 365 × 𝑇𝑀𝐷𝐴(𝑚)0 ×
𝑖
100
Onde:
T(m) – Tráfego acumulado do tráfego da classe m;
TMDA(m)0 – TMDA do tráfego da classe m no primeiro ano;
N – Período de vida útil da estrada em anos;
i – Taxa de crescimento anual do tráfego em percentagem.
45
O tráfego acumulado para cada classe de veículo é multiplicado pelo número médio de eixos -
padrão dos veículos daquela classe para calcular o total de eixos-padrão durante o período de
vida útil da estrada (ANE, 2014).
Dimensionamento da
Secção Largura
carga de tráfego Notas explicativas
transversal pavimentada
corrigido (EP)
O padrão de condução
Total de EP em
< 3,5 m nesta secção é muito
ambos os sentidos
canalizado.
O tráfego, em ambos os
Min. 3,5 m e menor Soma de EP em ambos
sentidos, utiliza a mesma
do que 4,5.m os sentidos
via
Via única
Para permitir a
Min. 4,5 m e menor 80% do EP em ambos
sobreposição na secção
do que 6 m os sentidos
central da estrada
Total EP no sentido de Minimizar a sobreposição
6 m ou maior carregamento mais do tráfego na secção
pesado central da estrada
Mais do que A maioria dos veículos
90% do total de EP no
uma via em utiliza uma via em cada
sentido em estudo
cada sentido sentido
46 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Tabela 3.6 Classes de tráfego na via mais solicitada para o projeto de pavimentação (ANE,
2014)
Classes EP (x106)
LV2 0,01-0,1
Para o caso de S. Tomé e Príncipe são apresentados na Tabela 3.7 alguns dados obtidos através
do Instituto Nacional de Estradas de São Tomé e Príncipe (INAE). Na Figura 3.9 estão
representadas as zonas dos pontos de contagem. Para a situação ilustrada, obteve-se os valores
de TMD presentes na coluna do Total por postos (da Tabela 3.7). Estes dados permitem estimar
o tráfego futuro, seguindo as fases referidas (etapa 3 em diante).
47
Bôbô-Fôrro
Água Creola
Bombo
Monte Café m
Almas
Trindade
Batepá Santana
Ribeira Afonso
Emolve
48 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
3.4.2.1 Fundações
As fundações são classificadas com base em ensaios de laboratório de determinação de CBR
em amostras compactadas a 100% no compactador BS de 2,5 kg. As amostras são embebidas
durante quatro dias ou até que se verifique que a amostra tenha atingido a sua capacidade
máxima de absorção. São consideradas as classes constantes na Tabela 3.8 (Gouley et al, 1999).
Os materiais de fundação requerem tratamentos específicos (consoante o tipo de material) de
modo a resultar em camadas de fundação satisfatórias para os pavimentos. Os tratamentos
necessários para a preparação destes materiais estão listados na Tabela III.8 do Anexo III.
49
Tabela 3.8 Classes das fundações (adaptado Gourley et al, 1999)
3.4.2.2 Tráfego
As classes de tráfego são estabelecidas na forma de intervalos para o número acumulado de EP
de 80 kN, tal como se mostra no Tabela 3.9.
50 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Após o cálculo do tráfego acumulado, calcula-se o fator de carga equivalente do tráfego sobre
o pavimento através da Equação 3.3. Em relação ao fator de agressividade no pavimento (n),
na Tabela 3.11 estão apresentados os valores mais recomendados.
A carga real de tráfego do projeto em EP é então calculada a partir da largura da via de projeto
e do tipo de estrada para finalizar as prováveis necessidades de projeto.
52 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Designação T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8
da classe de
tráfego
Gama dos < 0,3 0,3-0,7 0,7-1,5 1,5-3 3-6 6-10 10-17 17-30
tráfegos
(×106EP)
Classes de S1 S2 S3 S4 S5 S6
fundação
Valor do 2 3-4 5-7 8-14 15-29 ≥ 30
CBR (%)
53
previsão de uma boa manutenção do pavimento. Dependendo destes trabalhos, as condições
nominalmente húmidas podem ser reclassificadas de acordo com as indicações da Tabela 3.14
(SATCC, 1998)
54 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Tabela 3.15 Estrutura de pavimento de base e sub-base granular (adaptado SATCC, 1998)
Nas situações em que os solos locais não reúnem as necessárias características exigidas para o
seu uso em pavimentos, pode recorrer-se ao seu melhoramento com cimento ou cal, passando-
se a utilizar um solo melhorado quimicamente.
Na Tabela 3.16 apresentam-se as estruturas de pavimentos obtidas pelo manual do SATCC que
integram uma camada de base granular e uma sub-base melhorada com cimento.
55
Tabela 3.16 Estrutura de pavimento de base e sub-base solo/cimento (adaptado SATCC,
1998)
Legenda: Base Granular (BG); Sub-Base Granular (SBG); Solo Selecionado (SS); Sub-Base
Solo/Cimento (SBS/C); Resistência à compressão não confinada (UCS) em MPa, aos 7 dias;
Milhões (M); Eixo-Padrão (EP).
56 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Tabela 3.17 Estrutura de pavimento de base e sub-base solo/cimento (adaptado SATCC, 1998)
57
Os principais fatores que determinam o dimensionamento dos pavimentos neste manual são o
clima, o tipo de terreno, a demografia e o tráfego.
Neste manual é também feita uma abordagem sobre o padrão de dimensionamento geométrico
dos pavimentos, também direcionados para as EBVT. Em caso de necessidade de consulta, este
tema pode ser consultado no Design Manual for Low Volume Roads Part B, tema 4 – Geometric
Design Standards, publicada pela Autoridade Rodoviária da Etiópia em 2011.
3.4.4.1 Clima
O parâmetro de clima que é utilizado no dimensionamento dos catálogos dos pavimentos é o
Valor-N. Conforme já descrito no ponto 3.4.2.3, um Valor-N < 4 corresponde a um clima
predominantemente húmido e um Valor-N > 4 significa que o clima é predominantemente seco.
Este valor pode ser calculado através da Equação 3.8 (ERA, 2011).
𝐸𝑗 (3.8)
𝑁 = 12 ∗
𝑃𝑎
Em que:
Ej – corresponde à evaporação durante o mês mais quente;
Pa – é a precipitação total anual.
3.4.4.3 Demografia
Devem ser introduzidas abordagens de projeto adequadas em áreas populosas para mitigar os
efeitos da poeira e melhorar a segurança dos utilizadores da estrada (larguras adicionais de
estradas, estacionamento, zonas dedicadas a paragem dos autocarros) e sistemas de drenagem
apropriados (ERA, 2011).
58 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
3.4.4.4 Tráfego
Para o dimensionamento estrutural do pavimento, o TMDA é a soma do total anual do tráfego
em ambos os sentidos divididos por 365. Quando se pretende uma construção nova, o tráfego
pedonal pode ser utilizado para estimar o provável tráfego de veículos após a construção da
estrada (ERA, 2011).
Para o dimensionamento estrutural do pavimento é necessário calcular o tráfego acumulado de
cada classe de veículo motorizado durante a vida útil do projeto, através da Equação 3.6 e o
número equivalente de eixo-padrão pela Equação 3.3.
As classes de tráfego consideradas pelo manual da Etiópia para pavimentos flexíveis são os
apresentados na Tabela 3.19.
Designação da classe T1 T2 T3 T4 T5
Gama do tráfego x106 EP < 0,01 0,01-0,1 0,1-0,3 0,3-0,5 0,5-1,0
3.4.4.5 Materiais
Os materiais da fundação são submetidos a ensaios laboratoriais de CBR em amostras
compactadas a 97% de compactação relativa (ERA, 2011). As amostras são embebidas em água
durante 4 horas ou até atingir o seu ponto máximo de absorção. Na inexistência de laboratórios
adequados para a realização dos ensaios, pode recorrer-se a ensaios com DCP (Dynamic Cone
Penetrometer) na altura do ano em que o solo se encontrar mais húmido (ERA, 2011). O método
do DCP está descrito no Anexo VII.
Na Tabela 3.20 estão apresentadas as classes de fundação consideradas por este manual.
Designação S2 S3 S4 S5 S6
CBR % 3-4 5-8 9-14 15-29 ≥ 30
É de evitar materiais com CBR inferior a 3%, por razões técnicas e económicas, pois é um
material de muito fraca capacidade de suporte. Estes materiais requerem especial tratamento
antes da sua aplicação nos pavimentos. Estes tratamentos foram mencionados no ponto 2.7.5
deste trabalho. Os códigos e as caraterísticas dos tipos de materiais, tanto para estradas
pavimentadas como para as não pavimentadas estão descritos na Tabela III.7 do Anexo III.
59
3.4.4.6 Soluções de pavimentos baseados no manual da Etiópia
As estruturas de pavimentos de base e sub-base granular concebidas para as regiões húmidas,
para as situações em que a largura da superfície pavimentada seja inferior a 8m, são
apresentadas na Tabela 3.21.
Legenda: Base Granular (BG); Sub-Base Granular (SBG); Solo Selecionado (SS); Milhões
(M); EP – Eixo Padrão
60 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Para a análise de fadiga dos materiais, as solicitações de tráfego são caraterizadas através de
um eixo-padrão de 80 kN, uma pressão de contacto de 600 kPa e um espaçamento entre rodas
de 35 cm. A Figura 3.10 apresenta os processos de análise estrutural e o esquema de eixo-
padrão utilizado.
Análise Estrutural
Resposta do pavimento
Tensões e deformações críticas
Modelo de Dimensionamento
do Pavimento
Equação de fadiga
Análise Estrutural
Resposta do pavimento
Tensões e deformações críticas Não
Sim
Projeto Final
Para a caracterização dos materiais são utilizadas as espessuras das camadas e as suas
propriedades mecânicas (Módulo de Resiliência e o coeficiente de Poisson).
61
Neste guia de dimensionamento foram adotadas as equações de fadiga desenvolvidas pela CSIR
(SAMDM), o qual inclui os seguintes parâmetros:
Camada superficial betuminosa – delgada, de espessura entre 40 a 70 mm;
Base e sub-base granular;
Base estabilizada com betume;
Sub-base tratada com cimento;
Fundação granular.
62 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Tabela 3.24 Qualidade da sub-base estabilizada com cimento (Guillermo et al, 2002)
3.4.5.2 Tráfego
Na semelhança dos outros manuais, este manual considera, para a determinação do número
acumulado de eixos-padrão (EP), os seguintes parâmetros:
Período de dimensionamento;
Tráfego Médio Diário Anual (TMDA) e taxa de crescimento;
Espetro de cargas dos veículos pesados.
Os períodos de dimensionamento considerados por este guia são de 5 e 10 anos. Se dentro deste
período se exceder significativamente o número dos eixos-padrão, não é recomendada a
utilização deste manual como guia para os dimensionamentos.
O método utilizado para se obter o tráfego médio diário anual é semelhante ao utilizado pela
SADC. Quanto à taxa de crescimento do tráfego, foi adotado por este guia o valor de 4% nos
casos normais e 7% para o caso de existirem tráfegos gerados (Guillermo et al, 2002).
63
A espetro de cargas permite definir a influência de cada veículo nas solicitações totais do
tráfego, representadas por meio dos eixos-padrão equivalentes de 80 kN.
Para efeito de cálculo, estão definidos dois tipos de espetros (Guillermo et al, 2002):
Os que são destinados a caminhos de tráfego leve e uma percentagem inferior a 15% de
autocarros e camiões de 2 eixos, e com uma presença quase nula de veículos com mais
de dois eixos. Esta estratégia está associada a estradas onde circulam veículos pesados
de serviços básicos.
Espetro associado a tráfego pesado – caso em que existe a presença de uma variedade
de veículos pesados, e possuem veículos com 2 ou mais eixos. Este espetro está
associado a operação de tráfegos leves, industriais e agrícolas.
Uma vez estudadas todas as etapas mencionadas acima, a definição do período de
dimensionamento estrutural, o TMDA e a taxa de crescimento, e o espetro de cargas dos
veículos pesados, o guia define as classes de tráfego apresentadas na Tabela 3.25.
64 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Classes S1 S2 S3 S4 S5 S6
CBR (%) <3 3-6 7 - 10 11 - 14 15 – 19 >20
3.4.5.4 Clima
No que se refere ao tipo de clima, este manual propõe diferentes estruturas para os diferentes
tipos de climas, húmido, normal e seco. Neste trabalho foram consideradas as estruturas
dimensionadas para serem aplicadas em regiões húmidas.
3.4.5.5 Estrutura
O guia de projetos do Chile apresenta duas opções de tipos de estruturas para os mesmos
cenários, ou seja, para a mesma classe de tráfego e classe de fundação, conforme se representam
na Tabela 3.27.
65
3.4.6 Manual de Moçambique (ANE, 2014)
O manual desenvolvido pelas autoridades moçambicanas apresenta várias soluções para os
seguintes tipos de pavimentos com revestimentos superficiais:
Com bases estabilizadas;
Com revestimentos semiestruturais;
Com revestimentos de elementos discretos;
Com revestimentos estruturais.
As soluções acima referidas são idênticas às constantes no Ethiopia Low Volume Roads
Manuals (ERA, 2011). Quer o manual Moçambicano, quer o Etíope, apresentam catálogos para
diferentes pavimentos que variam consoante a classe de fundação e outros fatores, e apresentam
como alternativa o Método do DCP anteriormente descrito.
A título exemplificativo, apresenta-se a metodologia a seguir para o caso de projeto de
pavimentos com revestimentos superficiais (Lama asfáltica - Slurry seal, revestimentos
superficiais simples e duplos, entre outros), apresentando-se nos Tabela 3.28 e a Tabela 3.29 os
catálogos de dimensionamento. Nas referidas Tabelas, as espessuras são apresentadas em mm
e não incluem o revestimento superficial betuminoso (apesar de todas as estruturas incluírem
esse revestimento). O manual considera, ainda, a zona climática, da seguinte forma (Jorge,
2014):
Zona climática saturada (N<4)
Quando a largura total da camada superficial de revestimento for menor ou igual a 8 m,
deve utilizar-se a Tabela 3.28. Não é feito qualquer ajuste às exigências dos materiais
da base do pavimento;
Quando a largura da camada superficial de revestimento for maior do que 8 m, deve
utilizar-se a Tabela 3.29. O limite do módulo da plasticidade da camada de base pode
ser aumentado em 20%;
Quando o total da largura da camada superficial selada for menor do que 8 m e o
pavimento for construído sobre um aterro com altura superior a 1,2 m, deve utilizar-se
a Tabela 3.29. O limite do módulo de plasticidade da camada de base pode ser
aumentado em 20%.
Se o projetista considerar que outros fatores de risco são mais elevados, por exemplo a má
manutenção e/ou a qualidade de construção deficiente, deverá utilizar-se a Tabela 3.29, Opção
1.
66 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Tabela 3.28 Estrutura de pavimento de base e sub-base granular (adaptado ANE, 2014)
S2 (3-4) 150 G65 150 G65 150 G65 175 G80 200 G80
S3 (5-7) 125 G65 150 G65 150 G65 175 G65 200 G80
150 G15 100 G30 150 G30 150 G30 150 G30
S4 (8-14) 175 G45 150 G65 150 G65 175 G65 200 G80
Nota: Por exemplo, uma solução de [150 G65, 150 G15] significa ter uma camada de impermeabilização
betuminosa (presente nas soluções para todas as classes de tráfego), uma camada de base de 150 mm de espessura
de material G65 e uma camada de sub-base com 150 mm de material G15.
Tabela 3.29 Estrutura de pavimento de base e sub-base granular (adaptado ANE, 2014)
Quando a estrada está localizada perto da fronteira entre as duas zonas climáticas, deverá ser
usado o menor valor 𝑁 para reduzir os riscos. Quando o projeto está perto da fronteira entre
duas classes de tráfego, e na ausência de dados mais confiáveis, deverá ser utilizada a classe
mais elevada mais próxima. O método não é aplicável nos casos de fundações fracas (CBR
<3%) e de solos problemáticos (Jorge, 2014).
Neste manual também são apresentadas outras alternativas de estruturas de pavimentos, como
pavimentos de base estabilizada com cimento ou cal, conforme são apresentadas na Tabela
3.30.
67
Tabela 3.30 Estruturas de pavimentos de base estabilizada com cimento (ou cal) (ANE, 2014)
T2 T3 T4 T5
SG CBR
0,01-0.1 0,1-0.3 0,3-0,5 0,5-1,0
125 CB2 150 CB2 150 CB2 175 CB2
S1 (2-3%) 150 G30 150 G30 175 CB2 175 G30
250 G15 300 G15 300 G15 300 G15
125 CB2 150 CB2 150 CB2 175 CB2
S2 (3-4%) 125 G30 150 G30 175 G30 175 G30
150 G15 175 G15 175 G15 200 G15
125 CB2 150 CB2 150 CB2 175 CB2
S3(5-7%) 100 G30 125 G30 150 G30 150 G30
100 G15 125 G15 150 G15 150 G15
125 CB2 150 CB2 150 CB2 175 CB2
S4(8-14%)
150 G30 175 G30 200 G30 200 G30
68 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Tabela 3.31 Esquema utilizado para fazer a correspondência das classes de tráfego
Moçambique T2 T3 T4 T5
Chile T0 T1 T2 - -
Etiópia T2 T3 T4 T5
SATCC-1998 T1 T2 T3 T4
TRL/SADC-
T2 T3 T4 T5 T6
1999
O mesmo procedimento foi utilizado para a definição das classes de fundação (Figura 3.11).
69
Classe de Fundação S2 (CBR 3-4%)
Solos Selecionados Sub Base Base Revestimento Superficial
600
500
175
150 150
150 150
300
150 175 175
150 150
125 120 150
200 125 120
0
Moçambique Etiopia TRL/SADC Moçambique Etiopia SATCC TRL/SADC Moçambique Etiopia TRL/SADC
T1 (0.1) EEP T2 (0.3) EEP T3 (0.5) EEP
70 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
700
50
600
50
175 200
500
150 200 200 200 175
Espessuras (mm)
400
200
0
SATCC Moçambique Etiopia TRL/SADC SATCC SATCC TRL/SADC
T4 (0.7) EEP T5 (1.0) EEP T6 (1,5) EEP T7 (3,0) EEP
71
Classe de Fundação S3 (CBR 5-7%)
Solos Selecionados Sub Base Base Revestimento Superficial
900
800
600
Espessuras (mm)
180 160
500 200 220
400
160 160 150 150
300 150
150 150 150 175
150 150
200 400 400
120
100 300 300 100
100 200 175
120 150 150
100 100
0
Moçambique Chile opção 1 Chile opção 2 Etiopia TRL/SADC Moçambique Chile opção 1 Chile opção 2 Etiopia SATCC TRL/SADC
T1 (0.1) EEP T2 (0.3) EEP
72 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
1000
900
800
260 220
700
Espessuras (mm)
600
73
Classe de Fundação S4 (CBR 8-14%)
Sub Base Base Revestimento Superficial
500
450
400
Espessuras (mm)
350 180
220
300
180 160 150
250
200 150 150 150 150 150 175
150
260
100 200 220 200
180
50 120 120 120 120 125 120
0
Moçambique Chile opção 1 Chile opção 2 Etiópia TRL/SADC Moçambique Chile opção 1 Chile opção 2 Etiópia SATCC TRL/SADC
T1 (0.1) EEP T2 (0.3) EEP
74 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
600
500
Espessuras (mm)
75
As soluções dos materiais com cimento não podem ser comparadas com as que não envolvem
este tipo de tratamento. Por exemplo, no caso do manual de Moçambique existem soluções em
que a camada da estrutura de pavimento em que é aplicado o tratamento à base de cimento é a
camada de base, enquanto no SATCC 1998, existem casos em que apenas a sub-base leva este
tipo de tratamento. Existe um outro caso em que tanto as camadas de base como de sub-base
levaram este tipo de tratamentos.
3.7 Seleção das Estruturas Mais Adequadas para as Condições Existentes em São
Tomé
Conforme pode observar-se nos gráficos acima, as estruturas resultantes dos manuais de
Moçambique, Etiópia e do TRL/SADC são as mais económicas, uma vez que as suas estruturas
de pavimento são menos espessas em comparação com os restantes manuais. A Figura 3.18
apresenta a localização destes países no mapa. No entanto, para se estar em condições de fazer
uma comparação mais precisa, é necessário conhecer e comparar as condicionantes que
estiveram envolvidas nos processos de cálculo destas mesmas estruturas, como é o caso do
clima, e as caraterísticas dos materiais utilizados nas estruturas.
Outra condicionante presente nesta seleção é o fator económico, ou seja, tratando-se de países
em vias de desenvolvimento, optar por soluções de estruturas mais económicas também é um
fator importante a ter em conta.
76 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
São Tomé e
Príncipe
Adis Abeba
(Etiópia)
Tanga
Western Kasai (Tanzânia)
(R. D. Congo)
Dar es Salaam
(Tanzânia)
Dondo
Quelimane
(Moçambique)
(Moçambique)
Figura 3.18 Países cujos manuais propõem estruturas mais económicas (adaptado
Educolorir, 2018)
77
78
SÃO TOMÉ 26,1
MOÇAMBIQUE (QUELIMANE) 28,1
ETIÓPIA (ADIS ABEBA) 15,4
JANEIRO
REP. DEM. CONGO 24,7
SÃO TOMÉ 26,3
MOÇAMBIQUE (QUELIMANE) 27,8
ETIÓPIA (ADIS ABEBA) 16,6
FEVEREIRO
REP. DEM. CONGO 24,8
SÃO TOMÉ 26,4
MOÇAMBIQUE (QUELIMANE) 27,5
ETIÓPIA (ADIS ABEBA) 17,9
MARÇO
REP. DEM. CONGO 25,1
SÃO TOMÉ 26,4
MOÇAMBIQUE (QUELIMANE) 26,1
ABRIL
ETIÓPIA (ADIS ABEBA) 17,9
REP. DEM. CONGO 25,1
SÃO TOMÉ 26
similares àquelas que se encontram em São Tomé, por se tratar de uma ilha.
MOÇAMBIQUE (QUELIMANE) 23,4
MAIO
ETIÓPIA (ADIS ABEBA) 18
REP. DEM. CONGO 25,3
SÃO TOMÉ 24,9
MOÇAMBIQUE (QUELIMANE) 21,8
Jorciley Fernandes
MOÇAMBIQUE (QUELIMANE) 22
ETIÓPIA (ADIS ABEBA) 15,8
AGOSTO
Janeiro
Rep. Dem. Congo
São Tomé
Moçambique (Quelimane)
Etiópia (Adis Abeba)
Fevereiro
Rep. Dem. Congo
São Tomé
Moçambique (Quelimane)
Março
Etiópia (Adis Abeba)
Rep. Dem. Congo
São Tomé
Moçambique (Quelimane)
Abril
Etiópia (Adis Abeba)
Rep. Dem. Congo
similares àquelas que se encontram em São Tomé, por se tratar de uma ilha.
São Tomé
Moçambique (Quelimane)
Maio
Etiópia (Adis Abeba)
Rep. Dem. Congo
São Tomé
Moçambique (Quelimane)
Junho
79
Conforme pode constatar-se através das Figuras 3.19 e 3.20, com exceção da Etiópia, os
restantes países selecionados têm temperaturas e precipitações médias mensais muito próximas.
No entanto, no caso da precipitação é preciso fazer uma análise mais detalhada que considere
não só a precipitação anual total, mas também a variação ao longo do tempo. Note-se que
grandes variações das quantidades de precipitação ao longo do tempo, e as suas respetivas
durações, é um parâmetro que afeta grandemente o tempo de vida útil dos pavimentos. Assim,
é necessário comparar os valores daqueles parâmetros climáticos com os de São Tomé. Para
isso, fez-se a Tabela 3.32 na qual se pode verificar que as condições climáticas nos países onde
se aplicam os manuais do TRL/SADC e do SATCC, e Moçambique, têm condições climáticas,
em termos de temperatura e precipitação (clima húmido), semelhantes às de S. Tomé e Príncipe.
Por isso, as estruturas propostas para aqueles países pelos respetivos manuais podem ser
aplicadas em São Tomé.
Tabela 3.32 Comparação resumida das caraterísticas climáticas dos países considerados na
análise
80 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Em relação aos tipos de materiais, os que foram considerados para o dimensionamento das
estruturas dos pavimentos são essencialmente materiais granulares e betuminosos. Quanto a
este aspeto não existem entraves uma vez que em São Tomé existem pedreiras, onde facilmente
se consegue obter estes tipos de materiais. No que se refere aos materiais betuminosos, estes
são obtidos através de importações, como normalmente se tem feito.
Tendo em consideração a análise feita e as solicitações de tráfego disponíveis para a rede de S.
Tomé, vão estabelecer-se as estruturas para as diferentes localizações, as quais representam
suficientemente bem as condições de tráfego que podem ser encontradas em S. Tomé e Príncipe.
A Tabela 3.33 apresenta de forma sucinta os dados considerados para a determinação do valor
de EP de 80 kN obtidos para cada localidade. Os valores utilizados dizem respeito a várias vias
estruturantes da ilha de S. Tomé, incluindo localizações ao longo da E.N. nº2, a qual permite a
circulação ao longo da linha de costa em grande parte da ilha.
Para a construção desta tabela foram utilizados os seguintes procedimentos:
1. Com os dados de tráfego fornecidos pelo INAE, apresentados na Tabela 3.7, fez-se o
cálculo do TMDA para cada zona da seguinte forma:
Primeiro fez-se o somatório do tráfego relativo às diferentes categorias de veículos
pesados considerados, por zonas;
O valor obtido foi dividido por dois, de modo a considerar apenas o tráfego na via
de projeto, partindo-se do princípio de que são estradas de duas vias e dois sentidos.
Deste modo obtém-se o TMDA para cada zona apresentada na Tabela 3.32.
2. Por falta de dados fidedignos, considerou-se uma taxa de crescimento constante de 1%
ao longo do período considerado;
3. Fator de agressividade – de acordo com o Departamento de Transportes da África do
Sul (Department of Transport of South Africa) para classes de pesados de dois eixos (o
que em média representa a maior percentagem dos veículos pesados em São Tomé e
Príncipe), o fator de agressividade correspondente é de cerca de 1,5 (DTSA, 1996).
4. Com estes dados passou-se ao cálculo dos eixos-padrão (EP), de acordo com a equação
3.6, e considerando um período de dimensionamento de 20 anos;
5. Por fim, foram estabelecidas as classes de tráfego conforme se apresentou no quadro
3.31.
81
Tabela 3.33 Número equivalente de eixo-padrão por localidade
Pesados Período
Tráfego Taxa de Classe
Fator de
Localidades Médio Diário Crescimento EP EP (x106) de
Carrinhas/Autocarros Caminhão Trator Agressividade projeto
(TMDA) anual - t (%) Tráfego
(P)
Água Arroz 481 33 3 259 1 1,5 20 3122349,8 3,1 T7
Bombom 138 33 5 88 1 1,5 20 1060875,6 1,1 T6
Almas 178 51 20 125 1 1,5 20 1506925,6 1,5 T6
Santana 194 20 22 118 1 1,5 20 1422537,8 1,4 T6
Ribeira Afonso 33 3 8 22 1 1,5 20 265218,9 0,3 T2
S. João
T5
Angolares 109 35 22 83 1 1,5 20 1000598,6 1
Emolve 13 2 16 16 1 1,5 20 192886,47 0,2 T2
Bôbô-Fôrro 151 31 8 95 1 1,5 20 1145263,4 1,1 T6
Água Creola 89 19 4 56 1 1,5 20 675102,66 0,7 T4
Trindade 356 20 6 191 1 1,5 20 2302582,3 2,3 T7
Batepá 133 16 8 79 1 1,5 20 952376,97 1 T5
Monte Café 34 5 4 22 1 1,5 20 265218,9 0,3 T2
82 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
83
CLASSE DE FUNDAÇÃO S2 (CBR 3-4%)
Solos Selecionados Sub-base Base Revestimento Superficial
150 150
150
125 150 150
150 175
125 150
150 150 200 175
150 175 150
150
125 120 150
120
Base e Sub- Base Base e Sub- Base Base Granular Base e Sub- Base e Sub- Base Base e Sub- Base Granular Base e Sub-
base Granular Solo/Cimento e base Granular Solo/Cimento e e Sub-base base base Granular Solo/Cimento e base Granular e Sub-base base
Sub-base Sub-base Solo/Cimento Solo/Cimento Sub-base Solo/Cimento Solo/Cimento
Granular Granular Granular
T1 (0,1 EEP) T2 (0,3 EEP) T3 (0,5 EEP) T4 (0,7 EEP)
84 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
50 50 50
50
50
175 200 175 175
200 175 150
175 150
Base e Sub-base Base Solo/Cimento Base e Sub-base Base Granular e Base e Sub-base Base e Sub-base Base e Sub-base Base Granular Sub- Base e Sub-base
Granular e Sub-base Granular Sub-base Solo/Cimento Granular Granular base Solo/Cimento Solo/Cimento
Granular Solo/Cimento
T5 (1,0 EEP) T6 (1,5 EEP) T7 (3,0 EEP)
85
CLASSE DE FUNDAÇÃO S3 (CBR 5-7%)
Solos Selecionados Sub-base Base Resestimento Superficial
150
150 125 150
150 125 150
200
150 125 175
150
125 150 150 150
150
100 100
250
175 200
125 125 150 125 125
100 100 100
Base e Sub-base Base Base e Sub-base Base Base Granular e Base e Sub-base Base e Sub-base Base Base e Sub-base Base Granular e Base e Sub-base
Granular Solo/Cimento e Granular Solo/Cimento e Sub-base Solo/Cimento Granular Solo/Cimento e Granular Sub-base Solo/Cimento
Sub-base Sub-base Solo/Cimento Sub-base Solo/Cimento
Granular Granular Granular
T1 (0,1 EEP) T2 (0,3 EEP) T3 (0,5 EEP) T4 (0,7 EEP)
86 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
50
50 50
50
50
175 200 150 175
150 175 175
200 175
150 150 175
150 150
275 275
225 225
150 125 125 150 125
Base e Sub-base Base Solo/Cimento Base e Sub-base Base Granular e Base e Sub-base Base e Sub-base Base e Sub-base Base Granular Sub- Base e Sub-base
Granular e Sub-base Granular Sub-base Solo/Cimento Granular Granular base Solo/Cimento Solo/Cimento
Granular Solo/Cimento
T5 (1,0 EEP) T6 (1,5 EEP) T7 (3,0 EEP)
87
CLASSE DE FUNDAÇÃO S4 (CBR 8-14%)
Solos Selecionados Sub-base Base Revestimento Superficial
175 150
150
125 125 150 150 150 150
150 150
Base e Sub- Base Base e Sub- Base Base Granular e Base e Sub- Base e Sub- Base Base e Sub- Base Granular e Base e Sub-
base Granular Solo/Cimento e base Granular Solo/Cimento e Sub-base base base Granular Solo/Cimento e base Granular Sub-base base
Sub-base Sub-base Solo/Cimento Solo/Cimento Sub-base Solo/Cimento Solo/Cimento
Granular Granular Granular
T1 (0,1 EEP) T2 (0,3 EEP) T3 (0,5 EEP) T4 (0,7 EEP)
88 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
50
50 50
50 50 200 150
175 175
200 150 150 175 150
150
150 200 150 150 150 200 175 175
100
Base e Sub-base Base Base e Sub-base Base Granular e Base e Sub-base Base e Sub-base Base e Sub-base Base Granular Base e Sub-base
Granular Solo/Cimento e Granular Sub-base Solo/Cimento Granular Granular Sub-base Solo/Cimento
Sub-base Solo/Cimento Solo/Cimento
Granular
T5 (1,0 EEP) T6 (1,5 EEP) T7 (3,0 EEP)
89
3.8 Método empírico-mecanicista Sul-africano
O método Sul-Africano – South Africa Mechanistic Design Method (SAMDM) baseia-se em
estudos de campo e ensaios efetuados in-situ. A Figura 3.27 ilustra os procedimentos básicos
necessários para aplicar este método. A síntese do método que se apresenta a seguir segue de
perto o que é referido por Theyse et al. (1996).
O processo começa com a definição do carregamento e a caracterização dos materiais, incluindo
a espessura e as propriedades mecânicas do material para cada camada na estrutura do
pavimento. A análise estrutural normalmente envolve uma análise linear elástica, e estática do
sistema de multicamada, resultando numa resposta do pavimento às condições do
carregamento, expressos em termos de tensões () e extensões () nos pontos mais críticos da
camada da estrutura do pavimento (Theyse et al., 1996).
Carregamento e
caracterização dos materiais
Análise estrutural
Fator de transferência
Não
Adequado
Sim
Dimensionamento final
90 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Tabela 3.34 Módulo de deformabilidade para camadas betuminosas (Theyse at al., 1996)
91
Tabela 3.35 Valores dos módulos de eslasticidade (MPa) sugeridas para materiais tratados
com cimento (Theyse at al., 1996)
Condição pré-
Condição pós-fendilhada
fendilhada
UCS
(MPa) Fase 1 Fase 2 Fase 3
para Código do Etapa 4: Estado
Código
condição material Etapa 2: Etapa 3: equivalente ao do
Etapa 1:
pré- fendas de Fendilhamento material granular
Intacto
fissurada retração associada ao
(GPa) Condições Condições
(MPa) tráfego (MPa)
secas húmidas
Material
2500-
C1 6-12 britado G1, 6-30 800-1000 400-600 50-400
3000
G3
Material
britado G2,
G3, 2000-
C2 3-6 3-14 500-800 300-500 50-300
2500
Cascalhos
G4
Cascalhos
1000-
C3 1,5-3 G4, G5, 2-10 500-800 200-400 20-200
2000
G6, G7, G8
Cascalhos
C4 0,75-1,5 G4, G5, 0,5-7 500-2000 400-600 100-300 20-200
G6, G7, G8
92 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Tabela 3.36 Gama sugerida dos módulos de elasticidade (MPa) dos materiais granulares
(Theyse at al., 1996)
93
3.8.2.2 Material granular
Frequentemente, a análise linear elástica de pavimentos com base e sub-base granulares prevê
a ocorrência de tensão de tração nas camadas granulares, resultando em quase nenhuma
resistência ao corte. A Figura 3.28 representa o modelo linear elástico e o círculo de Mohr típico
do estado de tensão numa camada de sub-base granular.
Figura 3.28 Modelo linear elástico (esquerda) e círculo de Mohr (direita) com
representação de tensões numa camada de sub-base granular (Theyse at al., 1996)
Por isso, o método considera um ajuste às tensões principais maior (1) e menor (3), calculadas
através da análise linear elástica, de modo a excluir as tensões de tração durante o cálculo do
fator de segurança (F) ao corte. A tensão principal menor nos materiais granulares é igualada a
zero e é feito um ajuste à tensão principal maior, mantendo a tensão deviatórica constante. Este
ajuste pode ser verificado na Figura 3.29.
94 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Figura 3.30 Fator de transferência de fendas causadas por fadiga para camadas superficiais
betuminosas delgadas (Theyse et al., 1996)
95
Figura 3.31 Shift factor para a propagação de fendas nas camadas betuminosas (Theyse at al., 1996)
Figura 3.32 Fator de transferência para a fadiga de materiais tratados com cimento
(Theyse at al., 1996)
96 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Tabela 3.37 Valores sugeridos para b e UCS para camadas de materiais tratados com cimento
(adaptado Theyse et al., 1996)
C1 145 7500
C2 120 7500
C3 125 2250
C4 145 1125
Em relação à rotura por esmagamento, o fator de transferência está ilustrado na Figura 3.33.
Este fator está indicado para duas condições: a) iniciação de esmagamento (Nci) com
deformação de 2 mm no topo da camada; b) esmagamento avançado (Nca), com 10 mm de
deformação.
∅ ∅ (3.11)
𝜎3 [𝐾 (tan2 (45 + ( 2 )) − 1)] + 2. 𝐾. 𝐶 . tan (45 + ( 2 ))
𝐹=
𝜎1 − 𝜎3
(3.12)
𝜎3. ∅𝑡𝑒𝑟𝑚 + 𝐶𝑡𝑒𝑟𝑚
𝐹=
𝜎1 − 𝜎3
Em que:
1 e tensões principais maior e menor, respetivamente, conforme representado no
círculo de Mohr (tensão de compressão positiva e tensão de tração negativa);
C – Coesão;
- Ângulo de atrito interno;
K – Constante = 0,65 para condições saturadas; 0,8 para condições moderadamente
húmidas; 0,95 para condições normais de humidade.
As tensões principais maior e menor são calculadas no ponto médio da espessura das camadas
granulares. Os valores sugeridos de Cterm e de term para materiais granulares estão
apresentados na Tabela 3.38.
A função de transferência que relaciona o safety factor com o número de cargas aplicáveis está
ilustrada na Figura 3.34.
98 Jorciley Fernandes
CONCEÇÃO DE PAVIMENTOS DE EBVT E ESCOLHA DE ESTRUTURAS APLICÁVEIS ÀS CONDIÇÕES DE STP
Tabela 3.38 Valores propostos para Cterm e term para materiais granulares (Theyse at al.,
1996)
99
Figura 3.35 Função de transferência de deformações na camada de fundação
(Theyse at al., 1996)
101
Figura 3.37 Cálculo do tempo de vida útil para estruturas de pavimento com
camadas tratadas com cimento (Theyse at al., 1996)
3.8.4 Comparação dos valores obtidos pelo método empírico-mecanicista com os valores
das soluções dos manuais selecionados
Pretende-se determinar pelo método empírico-mecanicista Sul-Africano os valores de vida útil
de algumas estruturas selecionadas com base nos manuais considerados para regiões de clima
húmido, cujas estruturas foram selecionadas para serem aplicadas em São Tomé e Príncipe.
Com base nas caraterísticas dos materiais, apresentados no catálogo do TRL/SADC,
determinou-se o estado de tensão e deformação com o auxílio do programa Bisar da Shell, a
fim de verificar se as estruturas selecionadas dos manuais para São Tomé e Príncipe suportariam
o mesmo número de repetições de carga do eixo-padrão que o previsto pelos manuais. A Tabela
3.39 apresenta algumas das soluções estruturais e as suas caraterísticas propostas pelo manual,
os quais irão ser testados pelo SAMDM.
A tabela 3.39 deve ser lida da forma que se apresenta a seguir. Por exemplo, para a solução
estrutural 6: Base granular com 200 mm de espessura e um CBR de 80%, sub-base granular
com 150 mm de espessura e um CBR de 30% e, por fim, fundação de classe S4 com CBR entre
8 e 14%.
Para cada estrutura de pavimento indicada na Tabela 3.39 são apresentados os valores típicos
dos módulos de elasticidade (E) dos materiais sugeridos pelo SAMDM. Os dados indicados na
Tabela 3.39 foram utilizados no programa Bisar para determinar o estado de tensão e de
deformação nos pontos críticos de cada camada das estruturas de pavimentos, para uma carga
de um eixo-padrão de 80 kN. Esses resultados, analisados com base nos pressupostos indicados
pelo SAMDM (descritos em 3.8), permitiram chegar aos resultados presentes nas Tabela 3.40.
Com isto foram determinados os números admissíveis de repetições de carga apresentados na
103
Figura 3.38 para um nível de confiança de 50% e de 95%, respetivamente D e A. Estes níveis
de confiança estão relacionados com as categorias das estradas, ou seja, os níveis de importância
das estrada, correspondendo o nível A às estradas mais importantes e o D ao menos importante.
Pegando no exemplo da solução estrutural 1, da Tabela 3.40, para a obtenção dos níveis de
cargas admissíveis, foram seguidos os seguintes passos, conforme o SAMDM:
Revestimento superficial betuminoso;
o Com a micro extensão de tração calculada na base da camada de revestimento
superficial betuminosa de 444 , obteve-se o valor do número de repetição de
carga admissível para os níveis A e D, respetivamente de 0,012x106 EP e
0,024x106, através do gráfico (a) da Figura 3.30. Após isso, através do gráfico
da Figura 3.31 e tendo em conta a espessura do revestimento betuminoso de 50
mm, retirou-se o valor do shift factor de 2.5. Por fim, é feita a multiplicação do
valor do EP obtido pelo shift factor, resultando assim num valor de repetição de
carga final de 0,03x106 EP. Faz-se esta multiplicação com o objetivo de se
atingir o número de carregamentos que leva ao nível máximo admissível do
desenvolvimento das fissuras iniciais (obtidas do gráfico 3.30).
Base e sub-base granular;
o Após o cálculo das tensões no ponto intermédio da camada, e a seleção das
coesões e dos ângulos de atrito (Tabela 3.38) de cada camada da estrutura do
pavimento, calcula-se o safety factor para cada camada. Com o menor safety
factor (entre a camada de base e sub-base) e com o auxílio do gráfico da Figura
3.34, retirou-se o valor do EP de 1x105 e de 1x106, respetivamente para os níveis
de confiança A e D.
Fundação (Solo selecionado)
o A micro deformação vertical de compressão (v) foi calculada no topo da
camada, obtendo-se o valor de 1220 . Este valor foi diretamente utilizado para
o cálculo do EP de 2x106 e 3x106 (respetivamente, para os níveis A e D), através
do gráfico (b) da Figura 3.35. Este é o mesmo procedimento a seguir quando
existem camadas de solo selecionado.
Por fim, tendo sido calculados os EP de todas as camadas da estrutura do pavimento,
foi selecionada como nível de carga admissível a do revestimento superficial
betuminoso por ter um nível de repetição de carga mais baixo. O que resultou no valor
para os níveis A e D, respetivamente de 0,03x106 e 0,06x106 EP, apresentados na Figura
3.38.
Os mesmos procedimentos foram aplicados nas restantes soluções estruturais.
105
Nota: As barras a azul são as classes de tráfego apresentadas pelos manuais, Na figura mostra-se as comparações
dos números admissíveis de repetições de cargas a que se pode chegar utilizando os mesmos materiais e espessuras
de camadas de pavimento apresentados pelos manuais, utilizando o SAMDM.
Figura 3.38 Comparação dos níveis admissível repetições de carga obtidos pelos manuais e
pelo SAMDM para diferentes diferentes condições de fundação e classes de tráfego
consideradas
a rede do país, potencialmente com maiores exigências ao nível das caraterísticas dos materiais
a serem utilizados e do nível de risco envolvido no dimensionamento.
As leis de comportamento dos materiais é também um dos fatores que pode estar relacionado
com as diferenças nos resultados. Nos manuais não se explicitam as leis de comportamento
consideradas nem os modelos de cálculo do estado de tensão e deformação nas camadas das
estruturas de pavimento. Leis diferentes conduzem a maiores ou menores vidas das estruturas
dos pavimentos.
Conforme se pode observar na Tabela 3.41 para alguns países que fazem parte da SADC, como
Moçambique e a República do Congo, os níveis de temperatura e de precipitação médios são
maiores que os da África do Sul, embora os dados consultados para este país sejam relativos a
zonas mais próximas da costa marítima. Nas regiões mais interiores do território as condições
climáticas são mais secas comparativamente às regiões costeiras. Optou-se por esta estratégia
devido ao facto de estarem a ser analisadas as condicionantes do dimensionamento de
pavimento que podem ser aplicados em São Tomé e Príncipe, país formado por ilhas.
Da análise efetuada resulta que não parecem ser as condições climáticas da África do Sul que
explicam as diferenças entre as estruturas de pavimentos obtidas pelos manuais Sul-africanos e
SADC. De facto, a África do Sul apresenta um clima menos exigente para os pavimentos em
serviço, pelo que, mantendo as restantes circunstâncias iguais, a capacidade de carga das
estruturas obtidas pelo manual SADC deveria ser superior quando avaliada pelo manual da
África de Sul, o que não se verifica em, pelo menos, quatro dos seis casos estudados.
107
3.8.5 Soluções propostas pelo SAMDM para os níveis de tráfego considerados no estudo
Nesta secção são apresentadas as soluções a que se chega utilizando o SAMDM para níveis de
tráfego iguais aos utilizados para estabelecer, pelos manuais, as estruturas aplicáveis às
condições de S. Tomé e Príncipe. Esta análise consistiu num processo iterativo de
dimensionamento, ajustando sucessivamente as espessuras das camadas das estruturas até se
verificar os critérios de dimensionamento para o número de eixos-padrão igual ao indicado
pelos manuais para uma dada solução estrutural. As Tabela 3.42 e 3.43 (respetivamente, para
os níveis de confiança A e D) apresentam as estruturas obtidas por meio deste processo.
140 MPa (G4-G5) 120 MPa (G5-G6) 100 MPa (G7) 22MPa
150 MPa (G4) 120 MPa (G5-G6) 100 MPa (G7) 22MPa
140 MPa (G4-G5) 120 MPa (G5-G6) 100 MPa (G7) 22MPa
150 MPa (G4) 120 MPa (G5-G6) 100 MPa (G7) 22MPa
Com as alterações nas espessuras das camadas das estruturas, apresentadas nas tabelas
anteriores, chegou-se a níveis admissíveis de tráfego semelhantes aos dos manuais, conforme
pode observar-se na Figura 3.39. As Tabelas 3.44 a 3.46 apresentam os valores dos parâmetros
a que se chegou devido a alteração das espessuras das camadas.
Tensão de compressão Tensão de compressão
C-term: 109; -term: 3,47 C-term: 64; -term: 1,76
vertical (v): 661 vertical (v): 1400
Safety Factor: 1,6 Safety Factor: 0,7
109
Tabela 3.45 Resultado da alteração das camadas, nível A (continuação)
C-term: 109; -term: Tensão de compressão Tensão de compressão
C-term: 64; -term: 1,76
3,47 vertical (v): 560 vertical (v): 1140
Safety Factor: 1,3 Safety Factor: 0,8
Tensão de compressão vertical
C-term: 109; -term: 3,47 C-term: 64; -term: 1,76
(v): 1290
Safety Factor: 1,1 Safety Factor: 0,7
Tensão de compressão vertical
C-term: 109; -term: 3,47 C-term: 64; -term: 1,76
(v): 1010
Safety Factor: 1,0 Safety Factor: 0,9
Tensão de compressão vertical
C-term: 109; -term: 3,47 C-term: 64; -term: 1,76
(v): 1010
Safety Factor: 1,0 Safety Factor: 0,9
Tensão de compressão vertical
C-term: 109; -term: 3,47 C-term: 64; -term: 1,76
(v): 384
Safety Factor: 0,9 Safety Factor: 1,6
111
Figura 3.39 Comparação do número admissível de repetições de carga do eixo-padrão
apresentadas pelos manuais e pelo SAMDM após alteração das espessuras
Uma vez que as condições climáticas são mais desfavoráveis nos países da comunidade SADC,
deduz-se que a razão para esta diferença esteja relacionada com os níveis de risco envolvidos,
e com as leis de comportamento dos materiais.
113
114 Jorciley Fernandes
CONSERVAÇÃO DOS PAVIMENTOS E ORGÃOS DE DRENAGEM
115
Despesa de manutenção e
Despesa anual
Despesa com novas
Figura 4.1 Padrão das despesas com a infraestrutura rodoviária (SATCC, 2003)
117
irregularidade pode ser avaliada por medidores de perfil, tais como réguas, réguas deslizantes,
medidores do tipo resposta – SMITR (sistema de medição de irregularidade rodoviária tipo
resposta), mecânicos ou baseado em acelerómetros ou através de perfilómetro a laser. Apenas
os equipamentos mais sofisticados permitem a determinação do IRI.
que as propriedades obtidas representam o comportamento médio dos materiais numa área
considerável, além de que possibilita o retorno ao mesmo ponto em cada avaliação (em caso de
haver necessidade de intervenções futuras). Nesta metodologia os engenheiros baseiam-se nas
respostas da estrutura a uma determinada carga, para avaliar in-situ o comportamento mecânico
do pavimento. A resposta estrutural mais facilmente mensurável é a deflexão, ou seja, o
deslocamento vertical da superfície e das camadas do pavimento gerados pela aplicação de um
carregamento intermitente ou transitório. Esta avaliação pode ser feita através da utilização de
vários equipamento, sendo os mais utilizados os defletómetros.
O defletómetro de impacto, conhecido por FWD, é um equipamento que utiliza um impulso de
carga para a medição da deflexão nos pavimentos. O princípio de funcionamento é
caracterizado pela queda livre de um conjunto de pesos, de uma altura especificada, sobre um
sistema que amortece e transfere a carga a uma placa circular apoiada no pavimento, causando
deflexões que são automaticamente registadas por sensores (geofones) posicionados
radialmente em relação ao centro da placa, na superfície do pavimento.
Este equipamento permite variações na magnitude do carregamento e da área de contacto para
melhor simular os efeitos das solicitações do tráfego. O FWD é indicado para utilização em
quaisquer tipos de pavimentos (Jorge, 2014).
Mota (2009) indica as vantagens, citadas por diversos autores, da utilização do equipamento
FWD na medição de deflexões:
A possibilidade de avaliar a não-linearidade no comportamento tensão-deformação das
camadas do pavimento;
Medir e registar automaticamente a distância entre os pontos de ensaio, assim como as
temperaturas do ar e da superfície do pavimento.
A viga Benkelman é um dispositivo mecânico que mede os deslocamentos verticais de um ponto
de contacto no pavimento, entre as rodas duplas de um camião, sob um eixo de carga, com uma
determinada pressão de pneus e uma carga pré-estabelecida para esse eixo. Devido à
simplicidade do procedimento de ensaio e ao baixo custo operacional, a utilização da viga
Benkelman teve o seu uso bastante difundido (Jorge, 2014).
É um equipamento versátil e fácil de utilizar, no entanto é lento e trabalhoso, sendo que em
alguns casos, particularmente em pavimentos com maior rigidez, os pés de suporte podem estar
dentro da área de influência do carregamento, o que resulta em medidas imprecisas (Mota,
2009). A Figura 4.2 ilustra uma Viga Benkelman.
119
Figura 4.2 Esquema da Viga Benkelman (Mota, 2009)
4.3.2 – Desagregação
A desagregação é a perda de material pétreo (agregado e finos) da camada superficial ou de
revestimento. Isto pode ocorrer em toda a superfície, mas em geral a perda de material é mais
pronunciada nas rodeiras, devido à ação do tráfego. A Figura 4.3 (direita) representa a situação
descrita.
4.3.3 – Exsudação
A exsudação, conforme mostra a Figura 4.4, é a subida do ligante asfáltico à superfície,
tornando-a escorregadia, principalmente quando molhada. Tem como causas principais o
121
excesso de ligante, a utilização de um ligante inadequado para as temperaturas elevadas do
pavimento e a cravação dos agregados do revestimento na superfície da base.
4.3.4 Fendilhamento
As fendas são aberturas no revestimento superficial do pavimento que podem ser isoladas ou
interligadas (Figura 4.5). Quando as fendas são interligadas o defeito é chamado “pele de
crocodilo”. As fendas não trazem, de início, problemas ao trânsito, mas são altamente danosas
para o pavimento por permitirem a penetração de água para o interior do pavimento e,
consequentemente, provocam o seu enfraquecimento, dando origem a desagregações e covas.
As causas principais para a ocorrência de fendilhamento é a espessura insuficiente do
pavimento para o tráfego circulante, as fendas por retração da camada da base e o
envelhecimento do ligante betuminoso.
Figura 4.5 Fendas interligadas (esquerda) e fendas isoladas (direita) (DER/SP, 2012)
123
4.3.7 – Covas
Covas são cavidades no pavimento, conforme se pode observar na Figura 4.8. Dependendo do
seu tamanho, pode constituir causa de acidentes.
As principais causas do aparecimento de covas são a infiltração de água, a subida de água pela
ação do tráfego (bombagem) e o resultado da evolução das fendas interligadas ou da
desagregação superficial.
125
O processo de desenvolvimento das ondulações consiste no arranque de material superficial
pelos pneus, o que origina ressaltos na superfície, seguido pela compressão e redistribuição do
material da camada de desgaste na medida que as rodas voltam a ganhar contacto com o
pavimento. Este processo está exemplificado na Figura 4.11. Este defeito constitui um grande
problema, principalmente nas épocas de seca, causando vibrações aos veículos e desconforto
aos utilizadores. A figura 4.12 mostra o exemplo de um pavimento em que ocorreu o
desenvolvimento de ondulações.
4.4.5 Covas
As covas desempenham um papel muito importante no desenvolvimento da irregularidade nas
estradas não seladas e pode causar danos substanciais aos veículos se não forem tratadas. As
covas podem resultar dos seguintes processos (SADT, 1990):
Deficiente ou inapropriada drenagem e secção transversal;
127
Alargamento dos sulcos das ondulações;
Camada de fundação ou revestimento superficial fracos;
Subsidência de tocas de animais e insetos;
Desintegração de partes de estradas altamente fendilhadas;
Fraca compactação;
Variabilidade do material e da humidade;
Ausência de partículas aglutinantes (ligantes) na composição dos materiais da camada
de revestimento;
Deficiente composição da mistura da camada de revestimento superficial (Fattori,
2007).
Uma vez abertas as covas (independentemente da causa), a drenagem superficial é afetada. São
criadas poças de água nas covas que, com a influência do tráfego, são alargadas. O alargamento
acorre através da compactação e remoldagem dos materiais enfraquecidos (no estado húmido)
e remoção do material da cova por rodas e salpicos. Os materiais com fraca resistência no estado
embebido são mais propensos a desenvolver covas maiores, quer em largura quer em
profundidade, num curto período de tempo (SADT, 1990). A Figura 4.14 ilustra a situação de
uma estrada em que as covas foram preenchidas por água.
4.4.6 Rodeiras
As rodeiras são depressões transversais que se formam nas faixas de circulação dos veículos, e
se desenvolvem longitudinalmente ao eixo da estrada. São originadas pela deformação
permanente das camadas de fundação ou da camada de revestimento, e resultam das repetidas
passagem dos veículos, particularmente quando os materiais que os constituem o pavimento
possuem baixa capacidade de suporte, ou quando a drenagem superficial é insuficiente. Quando
não são tratadas atempadamente, imediatamente após o seu aparecimento, as rodeiras podem
tornar a estrada intransitável, principalmente nas épocas de chuva (Fattori, 2007).
As rodeiras apresentam um potencial problema na medida em que vão retendo água da chuva,
o que torna o revestimento superficial mais mole e possibilita, assim, a sua deformação sob a
ação do tráfego. Um exemplo deste problema é apresentado na Figura 4.15.
129
estruturas irão continuar a degradar-se, tornando o trânsito muito difícil, desconfortável,
inseguro e dispendioso para os seus utilizadores. Continuando nessas condições, poderá haver
zonas intransitáveis em certas alturas do ano ou mesmo durante todo o ano (OTB, 2013).
Portanto, uma vez tendo gasto tempo, esforço e dinheiro no planeamento, projeto e construção
de uma estrada, é vital garantir que todo este investimento seja preservado durante um maior
número possível de anos. E isto consegue-se com uma manutenção atempada e efetiva. Tal
manutenção tem três objetivos principais:
Prolongar o tempo de vida da estrutura e adiar a altura da intervenção de reabilitação;
Reduzir o custo de operação dos veículos na estrada;
Ajudar a manter as estradas abertas e garantir uma maior regularidade, pontualidade e
segurança dos serviços de transporte rodoviário.
O primeiro objetivo corresponde mais diretamente aos agentes responsáveis pela infraestrutura
rodoviária, enquanto que o segundo está mais ligado aos utilizadores, nomeadamente os
utilizadores de transportes. E o último propósito está mais virado para os habitantes locais.
comparação com as anteriores, pelo que as inspeções anuais normalmente são suficientes para
permitir uma manutenção adequada, permitindo identificar os trabalhos corretivos a serem
planeados para o ano seguinte (OTB, 2013).
Pavimento:
Tamponamento de covas X
Remendo da superfície (selagem localizada) X
Selagem das fendas X
Reparação dos cantos X
Manutenção Selagem de rejuvenescimento X
periódica Resselagem X
Espalhamento de gravilha e remodelação das bermas X
131
No entanto, muitas vezes esta prática é esquecida ou ignorada. E uma simples falta de atenção
no que pode ser uma simples tarefa de manutenção pode implicar problemas complexos tanto
para os utilizadores, para a sociedade e mesmo influenciando até a economia nacional, tendo
em conta que as estradas são os elos de ligação aos diversos tipos de setores existentes num
determinado país. A Tabela 4.2 e 4.3 ilustra esta situação, os efeitos e as possíveis soluções.
Segurança Rodoviária
Problema Consequência Solução
Crescimento da vegetação Prejudica a visibilidade dos Garantir que os padrões de
utilizadores segurança sejam mantidos.
Covas Perigoso para os motoristas
Inundações (órgãos de Redução da resistência do Realizar inspeções de rotina de
drenagem obstruídos) pavimento modo a identificar anomalias
que conduzam à redução da
Sujidades, inexistência ou Aumenta a probabilidade da segurança rodoviária.
danificação dos sinais ocorrência do acidente
rodoviários) rodoviário
Fracas marcações nas estradas Recolha e análise dos dados de
acidentes de modo a fornecer
Pontes e guardas danificadas pistas sobre as causas e
Bermas dos pavimentos Prejudica a integridade dos providenciar uma possível
escavados pavimentos manutenção à medida
Custo aos utilizadores
Problema Consequência Solução
Custos operacionais dos Aumento na rugosidade das Identificar, programar e
veículos superfícies fazem com que os controlar as operações de
custos operacionais dos manutenção
veículos aumentem, quando os
requisitos de manutenção são
ignorados
133
Figura 4.17 Evolução típica da qualidade dos pavimentos com o passar do
tempo (SATCC, 2003)
Além disto, alguns dos aspetos próprios das EBVT também influenciam muito nas operações
de manutenção. Abaixo indicam-se algumas destas caraterísticas (SATCC, 2003):
O perfil da secção transversal deforma, o que o torna mais suscetível à entrada da
humidade e consequente deterioração, influenciando assim o desempenho geral da
estrutura do pavimento;
As medidas de proteção do sistema de drenagem são geralmente mínimas ou fracas, o
que frequentemente leva ao aumento da erosão;
As camadas betuminosas são muito finas e, consequentemente, sofrem fragilização
progressiva, com danos à superfície que podem facilmente levar à entrada da humidade
e consequente aceleração da deterioração do pavimento;
Os materiais superficiais dos pavimentos são normalmente de natureza plástica, o que
pode levar a uma considerável perda de resistência com a molhagem, e a uma
degradação acelerada quando sujeitas às cargas de tráfego.
Historicamente, a manutenção tem sido considerada pouco atrativa pelos órgãos responsáveis
pela conservação das redes rodoviárias. Como resultado, a manutenção não tem recebido a
prioridade que merece e, muitas vezes, as estradas recebem uma manutenção inadequada.
Os pavimentos novos, quando é aplicada uma manutenção adequada, degradam-se lentamente
e de modo quase impercetível durante a primeira metade a dois terços da sua vida útil, ocorrendo
de forma muito mais rápida após esta fase o processo da degradação. Sem uma manutenção
atempada, as estruturas acabam por perder as suas qualidades e capacidades mecânicas
necessárias para um bom desempenho. Como resultado, os custos de operação dos veículos e
bens rapidamente aumentam. E, assim, começam os operadores dos veículos a pagarem os
custos de circulação, sendo estes custos, por sua vez, são passados para o público em geral
(SATCC, 2003).
Por exemplo, devido à má ou inadequada manutenção, nas zonas rurais muitas estradas tornam-
se intransitáveis nas estações de chuva, tendo assim um impacto bastante negativo no
escoamento dos bens locais produzidos. Para além disso, também afetam setores como a saúde,
educação e outros tipos de serviço social, uma vez que o acesso a esses locais se torna crítico
ou até em alguns casos impossíveis.
135
Figura 4.18 Correção da exsudação, espalhamento e varrimento da
areia (DER/SP, 2012).
137
4.6.4 – Correção das Deformações Permanentes
A reparação de deformações permanentes do pavimento faz-se através da sobreposição de
camadas betuminosas.
A correção da depressão compreende quatro etapas:
Varredura: varre-se com vassoura manual, deixando a superfície limpa;
Distribuição da rega de impregnação de ligante: a emulsão betuminosa é distribuída com
auxílio de um aspersor ou de um regador na dosagem aproximada de 1,0 kg/m2;
Enchimento da depressão: a mistura betuminosa é distribuída no local e regularizada
com o auxílio de um rodo em camadas de espessura máxima de 7 cm. A superfície da
última camada de material solto deve ficar entre um e dois centímetros acima da
superfície do pavimento existente;
Compactação do material: a compactação é realizada camada a camada com um rolo
vibratório pequeno ou com placas vibratórias e, em último caso, com maços manuais.
139
a) Aspeto do pavimento antigo b) Aplicação de micro revestimento (MBBF)
4.7.2 – Ondulações
Um material de revestimento que apresenta composição adequadamente equilibrada, contando
com a presença de fração plástica que lhe confere poder de aglutinação das partículas, resiste à
formação das ondulações. Portanto, a utilização de misturas com teor equilibrado da fração
plástica é uma boa solução para prevenir ondulações.
Em geral, qualquer tipo de revestimento desenvolve algum nível de ondulações sob a ação do
tráfego. A estratégia deverá ser a de manter uma manutenção atempada e regular.
Em condições de clima seco, basta simplesmente através de uma motoniveladora ou outros
meios equivalentes, proceder à regularização do pavimento. Na presença da humidade o modo
correto de intervenção deve consistir no revolvimento da superfície por meio de um leve corte
em espessura da ordem de 2,5 cm de profundidade abaixo da cota inferior das depressões.
Seguidamente, o operador deve realizar a mistura e espalhamento dos materiais que foram
objeto de corte. Por último, na ausência de rolos compactadores apropriados, o que seria ideal,
a motoniveladora executa o trabalho de compactação.
141
Aplicação do redutor de poeira pelo método de espalhamento sob alta pressão em
quantidades suficientes ao efetivo controlo da formação de pó (taxas da ordem de 2,3
l/m2);
Dar a forma pretendida ao pavimento (correção do perfil transversal e longitudinal),
proceder à compactação com o teor ótimo de humidade e restaurar o sistema de
drenagem superficial (Fattori, 2007).
4.7.4 – Covas
As covas podem ser corrigidas por reparações localizadas, através da adição de materiais bem
graduados e posterior compactação. Também podem ser necessários órgãos de drenagem junto
destas áreas para drenar o pavimento. A reparação de covas deve ser realizada numa fase inicial
de desenvolvimento, uma vez que quando estas ocorrem na superfície o processo de ruína do
pavimento aumenta consideravelmente (Jorge, 2014).
4.7.5 – Rodeiras
As rodeiras podem ser corrigidas pela adição de material de revestimento com granulometria
adequada. A superfície deve ser escarificada, o material deve ser misturado, reperfilando-se a
superfície nos casos mais graves. Podem identificar-se três situações distintas:
Quando o nível de severidade das rodeiras é baixo pode recorrer-se a uma simples
regularização da superfície através de motoniveladora;
A segunda situação pode envolver a regularização e conformação da pista de rolamento,
envolvendo a adição de materiais para equilibrar a mistura, o seu espalhamento e
posterior compactação com equipamento adequado;
A última situação, caso de rodeiras mais profundas e quando se constate a presença de
elevados níveis de humidade na camada de revestimento superficial ou na superfície da
camada de base, recomenda-se uma intervenção mais radical. Isso envolve serviços de
drenagem, recomposição da área afetada através da substituição de solos ou adição de
materiais com posterior mistura e arejamento para compactação final no teor ótimo, e
execução da camada de revestimento superficial (Fattori, 2007).
143
144 Jorciley Fernandes
CONCLUSÕES GERAIS E TRABALHOS FUTUROS
Nos países com fracos recursos materiais e financeiros as soluções mais utilizadas em termos
de construção de pavimentos rodoviários são as chamadas estradas de superfícies não ligadas
ou as de superfícies não seladas. Este tipo de soluções, apesar de aparentemente ser mais
económico, a médio prazo resulta em maiores custos e insatisfação quer dos utentes quer das
autoridades responsáveis pela sua manutenção. Além disso, as ações associadas ao clima
existente no local têm um grande peso na avaliação das soluções construtivas das estradas. Por
exemplo, a presença da humidade nos materiais não ligados afeta muito o seu desempenho, o
que é crítico para o estado de conservação dos pavimentos das EBVT quando se utilizam
materiais de fraca qualidade.
Outro aspeto de grande importância prende-se com o fato de haver falta de materiais de boa
qualidade para a construção de pavimentos, recorrendo-se muitas vezes a matérias-primas
locais que apresentam problemas em termos de propriedades mecânicas e/ou químicas. No
entanto, este tipo de obstáculos pode ser ultrapassado de forma relativamente económica,
recorrendo a processos relativamente simples como, por exemplo, a mistura de materiais
naturais de caraterísticas complementares, de modo a obter melhores materiais no que se refere
aos seus desempenhos nos pavimentos. É, também, essencial prover uma boa drenagem da
água, quer superficial quer da proveniente dos níveis freáticos, de modo a evitar que a água se
introduza no interior das estruturas dos pavimentos, o que afetaria negativamente o desempenho
dos materiais. Estas medidas são mais onerosas na fase da construção, mas a médio-longo prazo
resultam em maiores poupanças e satisfação dos utilizadores e das entidades gestoras da rede
rodoviária.
Tendo por base os princípios referidos, no presente trabalho analisaram-se estruturas de
pavimentos suscetíveis de serem utilizados na rede rodoviária de São Tomé e Príncipe. Para
isso, recorreu-se à análise de estruturas propostas para EBVT de países situados em zonas
geográficas de caraterísticas climáticas similares às existentes em São Tomé e Príncipe.
Observou-se que os manuais de pavimentos utilizados consideram o CBR o parâmetro chave
na determinação da capacidade de carga das fundações, o que dá origem a diferentes classes
consoante o catálogo de estruturas considerado. Com os manuais considerados utilizaram-se
diferentes classes de fundações e de tráfego, previamente estudadas e estabelecidas, para
selecionar os tipos de estruturas de pavimento mais indicadas para São Tomé e Príncipe.
Além disso, com base nas caraterísticas dos materiais selecionados para serem aplicados em
São Tomé e Príncipe, utilizou-se também o método empírico-mecanicista Sul-africano de
dimensionamento de pavimentos. Neste caso, ao invés de utilizar simplesmente estruturas
145
estabelecidas num catálogo, determinaram-se, recorrendo ao programa BISAR, valores de
tensões e deformações em pontos críticos das estruturas de pavimento em avaliação.
Posteriormente, utilizaram-se as funções de transferência do método para verificar a segurança
em relação aos mecanismos de ruína de fadiga e de deformação permanente, para a obtenção
da estrutura final dos pavimentos. A aplicação do método empírico-mecanicista conduziu a
resultados consideravelmente diferentes dos obtidos através dos manuais de pavimentos
considerados, revelando geralmente menor capacidade de carga para as estruturas obtidas pelos
manuais. É provável que o método Sul-Africano considere situações de solicitação dos
pavimentos mais exigentes, tendo em conta as características da sua rede rodoviária.
Considerou-se, portanto, que os resultados obtidos por aquele método não põem em causa, de
forma definitiva, a aplicação das estruturas selecionadas nos manuais utilizados para serem
aplicadas em São Tomé e Príncipe.
Por fim, abordou-se a problemática da avaliação da qualidade dos pavimentos da rede e das
ações de conservação a implementar para manter a qualidade de serviço. Estas atividades
implicam a identificação dos defeitos ou anomalias dos pavimentos, a análise das causas
potenciais e a aplicação de técnicas de conservação para solucionar os problemas encontrados.
As ações de conservação podem ser feitas de forma rotineira, periódicas e de emergência. As
manutenções rotineiras são realizadas anualmente e a maior parte das atividades incluídas é
realizada manualmente. Embora possa ser necessário o uso de alguns equipamentos mecânicos
neste tipo de manutenção, a contratação das populações locais para a participação neste tipo de
ação é uma mais-valia pois, entre outras vantagens, possibilita algumas poupanças nos custos.
As periódicas envolvem ações tais como regravilhamento, tapagem de covas, selagem de
fendas, entre outros. São atividades que não param por completo a utilização das estradas
durante a intervenção. O período de tempo entre as intervenções varia de acordo com o grau de
exigências que cada administração estabeleceu para a mesma e também com a categoria das
estradas. A manutenção de emergência só é necessária em casos imprevistos que carecem de
intervenção imediata.
As atividades de manutenção não são substitutas umas das outras, são antes complementares.
De facto, na ausência das atividades de rotina, seria necessário aplicar ações periódicas com
muito maior antecedência. Concluiu-se, portanto, que nas EBVT as ações de manutenção tem
um papel crucial no desempenho das estruturas de pavimentos ao longo da sua vida útil e que
a ausência daquelas ações resulta na ruína precoce das estruturas. Assim, desde a fase da
conceção dos pavimentos é necessário ter bem presente a componente da conservação dos
pavimentos.
Embora não tenha sido possível obter dados detalhados das caraterísticas dos materiais
existentes em São Tomé e Príncipe, foi possível concretizar os objetivos inicialmente
estabelecidos para este trabalho, designadamente o estabelecimento de estruturas de pavimentos
para as circunstâncias das EBVT de São Tomé e Príncipe, e a descrição das técnicas de
construção e conservação mais adaptadas às circunstâncias locais.
147
148 Jorciley Fernandes
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
151
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and Public Works, Republic of Malawi.
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roads in Ethiopia. 9th Reg Conf. For Africa SMFE, Nigeria.
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Practice. OTB, Civil and Geotechnical Engineering, Africa Community Access Programme
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basaltic materials for low-volume roadbase construction. Proc. 4th Low-Volume Roads Conf,
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http://portaldealtojatibocas.blogspot.com/2015_07_19_archive.html.
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https://pt.slideshare.net/profesjoaopaulogeo/formao-vegetacional-e-climtica
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Theyse, H., De Beer, M. & Rust, F. (1996). Overview of South African Mechanistic
Pavement Design Method. Transportation Research Record 1539. Transportation Research
Board, Washington D.C.
Woodbridge M E, Greening P A K, & Newill D, (1987). Evaluation of weak aggregates
for surface dressing on low-volume roads. TRL UK Transport Research Record 1291.
A breve descrição que se apresenta segue de perto a que é feita em (SATCC, 2003), pelo que,
por simplicidade, se omite a sistemática referência àquela fonte.
A AIA é um processo que serve para melhorar a qualidade do resultado de um projeto e pode
ser aplicado a qualquer fase de projeto. O processo é flexível e adaptável a qualquer
circunstância. De uma forma resumida, uma AIA avalia impactes previsíveis, tanto os positivos
como os negativos, e ajuda a encontrar medidas para a mitigação dos aspetos negativos, ou o
estabelecimento de soluções técnicas alternativas, bem como formas de otimizar os impactes
positivos, ao mesmo tempo que reduz ou limita os impactes negativos (SATCC, 2003).
As principais componentes da AIA incluem:
Estabelecer as necessidades para o projeto;
Identificar e quantificar o alcance total de potenciais impactes no ambiente natural e
social;
Elaborar processos de correção para evitar, mitigar e compensar os impactes
(negativos);
Refletir as medidas de correção nos documentos do projeto;
Assegurar que as medidas corretivas são cumpridas durante a implementação do
projeto.
O output da AIA é frequentemente formalizado através de um relatório de declaração de
impacte ambiental (RDIA) que, segundo o SATCC 2003, é obrigatório para alguns países da
SADC. Aquele relatório normalmente aborda os seguintes aspetos:
Breve descrição do projeto;
Breve descrição do ambiente existente;
Possíveis impactes do projeto;
Medidas de mitigação e proteção;
Sumário e conclusão.
153
Anexo I.1 Relatório de Declaração de Impacte Ambiental
O RDIA deve proporcionar uma melhor compreensão das ligações entre a sociedade, o
ambiente e o uso sustentável dos recursos. Para que isso seja possível existem algumas questões
que fazem parte da lista de aspetos a avaliar no RDIA que são descritos abaixo.
Desenvolvimentos consequentes:
o O projeto irá estimular a limpeza de terras agrícolas, o desenvolvimento da indústria
ou extração mineral?
o Que medidas podem ser tomadas para mitigar os efeitos a longo prazo?
Fatores sociais:
o Foi feita alguma avaliação para a segurança dos veículos e dos peões?
o As características geométricas adotadas exigem contramedidas de segurança
adicional (por exemplo, programas educacionais)?
Danos geotécnicos:
o O projeto foi dimensionado para minimizar a possibilidade de deslizamentos de
terras e outros problemas geotécnicos?
o Foram tidas em conta as consequências da manutenção a longo prazo?
Recursos materiais:
o O projeto resultará no esgotamento inaceitável de recursos materiais que possam ser
necessários para a manutenção subsequente ou outros projetos de construção?
o Os locais de empréstimo de terras serão reabilitados e os seus efeitos na paisagem
serão minimizados?
Drenagem:
o O projeto irá resultar no aumento do risco de inundação ou deslizamento de terra,
tendo em conta as perturbações das condições naturais de escoamento das águas?
o O aparecimento posterior de terras agrícolas e similares irá afetar as condições
hidrológicas de tal forma que seja necessário modificar o sistema de drenagem?
o Alguma fonte de água irá representar risco para a saúde?
Ecologia:
o Foram considerados os efeitos nos animais e nas plantas?
o Foram realizadas avaliações de reconhecimento ecológico?
Outros fatores:
o Haverá problemas de poluição do ar, ruído e vibração, e de intrusão visual? Em caso
afirmativo, o que poderá ser feito para mitigar esses efeitos?
Os tipos de clima em função das zonas do globo terreste (Gourgel M., 2012)
A distribuição e diferenciação dos vários tipos de climas, apresentado na Figura II.1, dependem
do modo como se distribuem os elementos climáticos e os fatores que mais os influenciam,
nomeadamente a latitude, o relevo, a proximidade do oceano e a continentalidade.
Mediterrânico
Apesar das várias diferenças regionais, pode definir-se genericamente os seguintes conjuntos
climáticos e respetivos climas:
Zona Quente: Clima equatorial; clima Tropical (de monção, húmido e seco) e clima
desértico;
Zona Temperada: Clima subtropical húmido, clima mediterrânico; clima marítimo
ou oceânico e clima continental;
Zona Fria: Clima continental ou subpolar, e clima polar. Os climas de altitude não
acompanham a distribuição latitudinal dos climas.
Na Figura 2.5 pode-se observar as zonas climáticas referidas.
155
Figura II.2 Agrupamento das zonas climáticas (Slideshare, 2018)
Como o presente texto se destina a estudar EBVT em zona tropical, apresenta-se a seguir uma
breve explanação das características climáticas destas regiões.
O Clima equatorial, como o próprio nome indica, localiza-se na faixa que envolve o Equador,
limitada sensivelmente pelos paralelos 5º S e 5 º N, podendo chegar, em algumas regiões, aos
10º S e 10º N. Abrange, por isso, áreas como, por exemplo, o Zaire, a bacia do Amazonas, a
bacia do Congo, Madagáscar e a maior parte das ilhas situadas entre os oceanos Índico e
Pacífico, na zona equatorial.
As principais características do clima equatorial são as seguintes:
Temperaturas médias mensais elevadas e praticamente constantes ao longo do ano,
geralmente superiores a 20º C. As temperaturas devem-se, por um lado, à reduzida
inclinação dos raios solares e, por outro lado, ao facto da duração do dia natural e da
noite ser praticamente sempre a mesma;
As amplitudes térmicas anuais são muito reduzidas, ou seja, a diferença entre a
temperatura média máxima anual e a temperatura média mínima anual, é muito
reduzida, normalmente inferiores a 3º C;
A precipitação é abundante e regular ao longo do ano, com registos superiores a 1500
mm de precipitação total. Os elevados valores de precipitação justificam-se pela
presença constante de baixas pressões, as quais provocam chuvas de convecção (chuvas
provocadas pela ascendência brusca à superfície de ar fortemente aquecido e húmido);
Não existem estações (nem Verão, nem Inverno), pois todos os meses são pluviosos e
quentes, isto é, não existem estações diferenciadas (apenas estação húmida), já que
todos os meses do ano são muito quentes, húmidos e pluviosos.
De acordo com o site Slideshare, os climas tropicais localizam-se entre os Trópicos de Câncer
e de Capricórnio, a seguir à faixa de Clima Equatorial, sensivelmente entre 5º e 12º de latitude
Norte e Sul (clima tropical húmido), e entre 10º e 12º, ou 15º e 18º de latitude Norte e Sul (clima
tropical seco).
As principais características do clima tropical são as seguintes:
Temperaturas médias mensais muito elevadas ao longo do ano (superiores a 20º C);
Amplitudes térmicas reduzidas, embora ligeiramente superiores às do clima equatorial;
Chuvas abundantes concentradas em uma só época do ano (estação das chuvas);
Existência de duas estações distintas: uma estação húmida e uma estação seca.
Na zona intertropical a precipitação diminui com o aumento da latitude e a estação seca torna-
se mais longa à medida que o território fica mais afastado do Equador.
Se a estação pluviosa é mais longa do que a estação seca, o clima é tropical húmido. Se, for o
contrário, a estação seca mais longa do que a estação húmida, o clima é tropical seco.
Os climas tropical húmido e tropical seco (Slideshare)
Como se referiu, o clima tropical pode ser subdividido em dois sub-climas: o tropical húmido
e tropical seco (Figura II.3).
Figura II.3 Clima tropical húmido (A) e seco (B) (Slideshare, 2018)
157
As principais características do clima tropical húmido são as seguintes (Slideshare, 2018):
As temperaturas médias mensais são elevadas ao longo do ano, superiores a 24ºC.
Embora possa ocorrer um ou dois períodos relativamente frescos, a maior parte dos
meses apresenta temperaturas médias superiores aos do clima equatorial.
As amplitudes térmicas anuais, embora maiores do que as do clima equatorial, são
pouco acentuadas, tendo um valor aproximado entre 10 º C e 12 º C.
A precipitação distribui-se muito irregularmente ao longo do ano, concentrando-se, na
sua quase totalidade, numa só estação.
159
Anexo III.1 Material de elevada plasticidade
Tabela III.1 Materiais de elevada plasticidade – aspetos principais (Cook et al, 2001)
Tipos de materiais Problemas associados Ensaios & Características particulares Forma de conceção de Formas de melhorar a qualidade/desempenho dos
à elevada plasticidade Análises para que influenciam o pavimento de modo a materiais
nos materiais quantificar e comportamento do material acomodar finos de
limitar o elevada plasticidade
problema
Ensaios Granulometria (partículas Restringir o uso de Estabilização mecânica adequado para a base:
Cascalhos coralinos Fraco resultado de correntes: retidas no 2,00 mm + 0,425 acordo com fatores passados no # 0,425 mm, mínimo de 15%; passados no
Calcretes CBR (ex.: fraca Limite de liquidez mm + 0,075 mm/100) climáticos ou do # 0,075 mm, entre 5 e 35%
Cascalhos capacidade de (LL); IP - Índice de plasticidade meio ambiente
lateríticos suporte de carga) Limite de (LL – LP) rodoviário (ter em IP entre 10-25%, CBR mínimo de 20%
Cascalhos de Problemas de plasticidade (LP); Produto de IP x % passados consideração Tratamento à base de cal – adequado para sub-base:
quartzo compactação Limite de retração no # 0,075 mm possíveis riscos de Passados no #0,425 mm, mínimo 15%
Cascalhos Suscetibilidade de (LR); Módulo da plasticidade (IP inundações ou de Passados no #0,075 mm, máximo 40%
provenientes de perda de resistência Atividade; x % passados no # 0,425 seca). IP entre 10-30%
depósitos do rio com a molhagem Teor em mm) Restringir o uso de Tratamento à base de cimento – adequado para a
Depósito de Covas humidade; Módulo de retração (LR x % acordo com o tipo base:
coluvião Rodeiras Compactação e passados no # 0,425 mm) de tráfego e de IP máxima for de 25%
Areias argilosas Fendilhamentos CBR; Atividade da argila (IP/% carregamento. Passados no #0,075 mm, entre 5 e 35%
Calcários (expostos Ensaios partículas não inferiores a Garantir a proteção CBR mínimo de 20%
a intempéries). especiais: 0,02 mm) contra a saturação Tratamento à base de cimento – adequado para a
Outras rochas Mineralogia; Mineralogia da argila (% do pavimento: sub-base:
expostas a Análises químicas; minerais ativos e inativos) Boa superfície Passados no # 0,075 mm, máximo 40%
intempéries Alteração do Permeabilidade (tempo betuminosa; IP máximo de 30%
volume. levado para absorção de Bermas seladas; Tratamento à base de betume – adequado para base
água) Prevenir contra a de areias argilosas:
Relação entre migração da humidade; Passados no # 0,075 mm, entre 10 e 30%
compactação, Teor de Manutenção da LL máximo 40%, IP máximo de 15%
humidade e CBR impermeabilidade das Tratamento químico: pode ser considerado uma
(sensibilidade a perda de camadas alternativa ao tratamento à base de cal ou cimento,
resistência com a variação no entanto a construção é mais difícil e dispendiosa
do teor de humidade)
Tabela III.2 Materiais mal graduados – aspetos principais (Cook et al, 2001)
Tipos de materiais Problemas associados à má Ensaios & Características particulares que Forma de conceção de Formas de melhorar a
graduação Análises influenciam fortemente o pavimento de modo a qualidade/desempenho dos materiais
(quantificar e comportamento do material acomodar o problema da má
limitar o distribuição dos agregados
problema)
Qualquer depósito Demasiada percentagem de Ensaios Todos os materiais Restringir o uso de acordo Estabilização mecânica
de material materiais grossos standards: Módulo de graduação e o com fatores climáticos ou do Mistura com materiais que melhorem as
granular natural Problema de compactação Distribuição do Coeficiente de uniformidade meio ambiente rodoviário caraterísticas da graduação.
(inclui depósitos Elevada % de vazios, resultará tamanho das Coeficiente de curvatura Restringir o uso de acordo Triagem
aluvionares, sólidos em pontos fracos e elevada partículas; Índice dos materiais rejeitados (% com o tipo de tráfego e do Remoção de materiais demasiados
residuais) permeabilidade Ensaio do retidos no peneiro de 37,5 mm) carregamento. grosseiros, embora seja difícil a remoção
Materiais fracos ou Fraca capacidade de suporte equivalente de Índice da fração grossa Escolha de especificações de de materiais finos quando estão húmidos
mal estabilizados (CBR) associado ao fraco areia Índice da fração fina (% passados graduação de agregados que Britagem e triagem
(ex.: laterites, imbricamento entre no peneiro de 0,075 mm) permita obter um ótimo uso A fim de criar uma distribuição (graduação)
conglomerados partículas Materiais finos dos materiais disponíveis. desejável, utilizando uma ou mais fonte de
fracos) Excesso de teor de finos Proporção dos vazios Garantir a proteção do material.
Componentes de Problemas de compactação Permeabilidade pavimento contra a Tratamento a base de cal ou cimento:
rochas altamente Fraco imbricamento entre as Nível de compactação e volume de saturação, se houver excesso Normalmente adequado para melhorar o
fraturadas partículas maiores, vazios de finos desempenho dos materiais com excesso de
resultando num CBR fraco Relação entre a compactação, o finos
Se os finos forem plásticos o teor de humidade e o CBR
material estará propenso ao
enfraquecimento com a
saturação
Graduação não uniforme
Fraca compactação, baixa
densidade & elevada
permeabilidade
161
Anexo III.3 Materiais de formatos inadequados
Tabela III.3 Materiais de formatos inadequada – aspetos principais (Cook et al, 2001)
Tipos de materiais Problemas associados Ensaios & Análises Características Forma de conceção de Formas de melhorar a
ao formato (quantificar e limitar o particulares que pavimento de modo a qualidade/desempenho dos materiais
inadequado problema) influenciam fortemente acomodar o problema
o comportamento do do formato
material inadequado
Rochas Problema de Ensaios padrão: Flocosidade Restringir o uso de Estabilização mecânica
metamórficas compactação Índice de flocosidade acordo com fatores Mistura com materiais que
folhadas Elevada % de Índice de Alongamento climáticos ou do melhorem as caraterísticas da
(laminadas ou vazios, resultará em alongamento meio ambiente graduação (formatos cúbicos).
alongadas) pontos fracos e Distribuição de Valor de MDM rodoviário Britagem
Cascalhos e areias elevada tamanho da partícula Módulo da Restringir o uso de Melhoramento dos materiais de
aluvionares permeabilidade % Partículas distribuição dos acordo com o tipo formatos arredondados.
(formatos muito O CBR pode ter esmagadas materiais (P2,00mm + de tráfego e do Britagem modificada (materiais
arredondados) resultados fracos Coeficiente de P0,425mm + carregamento. floculados)
Areias (formatos (ex.: fraca esmagamento P0,075mm/100). O tipo de equipamento de britagem
arredondados) capacidade de Taxa de esmagamento Nível de compactação (quer seja triturador de maxilar ou
Conglomerados suporte de carga) Média das dimensões triturador de cone) pode influenciar
(formatos associado ao fraco menores (MDM) significativamente a proporção das
arredondados) imbricamento Inspeção visual partículas floculadas produzidas durante
entre partículas os processos.
Escolha de método de compactação
que irá limitar a quebra dos
agregados durante a construção do
pavimento.
Tabela III.4 Materiais de fraca resistência – aspetos principais (Cook et al, 2001)
Tipos de materiais Problemas Ensaios & Análises Características Forma de conceção Formas de melhorar a
associados à fraca (quantificar e limitar o particulares que de pavimento de qualidade/desempenh
resistência problema) influenciam fortemente o modo a acomodar o o dos materiais
comportamento do problema da fraca
material resistência
Rochas inerentemente Mudança das Ensaios standards: Propriedades de Restringir o uso Estabilização
fracas caraterísticas Aggregate Crushing Value resistência do de acordo com mecânica
Margas, calcários, Mudstone, distribuição das (ACV) agregado tal como fatores climáticos Mistura com materiais
siltes, arenitos e tufos fracos partículas Los Angeles Abrasion determinado pelos – não deve ser que melhorem as
Rochas parcialmente durante a (LAA) Value ensaios selecionados utilizado em caraterísticas.
expostas às intempéries compactação. Aggregate Impact Value ambientes que Britagem e triagem
(todas os tipos de rochas) Inclui a geração (AIV) A durabilidade do poderão induzir a Remoção de partículas
Cascalhos naturais fracos de excesso de 10 FACT agregado diminui em deterioração dos fracas da mistura
Alguns calcretes finos Aggregate Pliers Test resistência dentro do agregados. Tratamento à base
Alguns laterites Dificuldade em (APT) tempo de engenharia Restringir o uso de cal ou cimento
Alguns silcretes encontrar o MDD Aggregate Fingers Test Densidade do de acordo com o Combinar os
Maior parte das escórias e OMC (AFT) pavimento alcançável. tipo de tráfego e procedimentos de
vulcânicas Problemas de Ensaio de absorção da do carregamento. construção com as
Cinzas vulcânicas e pedra- compactação. água caraterísticas dos
pomes Dificuldade em Ensaio recomendado para materiais
Alguns materiais atingir as agregados de fraca
manufaturados densidades resistência
Tijolos fracos requeridas 10% FACT estado húmido
Alguns materiais provenientes Baixa densidade e seco
de restos demolições irá resultar num Procedimentos
CBR fraco modificados de AIV
163
Anexo III.5 Revisão dos materiais de fraca durabilidade
Tabela III.5 Revisão dos materiais de fraca durabilidade (Cook et al, 2001)
Tipos de materiais Problemas associados à Ensaios & Análises Caraterísticas Forma de conceção de Formas de melhorar a
fraca durabilidade (quantificar e particulares que pavimento de modo a qualidade/desempenho
limitar o problema) influenciam fortemente acomodar o problema dos materiais
o comportamento do da durabilidade
material
Tipos de rochas argilosas Decomposição dos Ensaios standards: Degradação das Restringir o uso de Estabilização mecânica
Margas, calcários, Mudstone, agregados na fase de Ensaio de propriedades de acordo com fatores Mistura com materiais
xisto, arenitos argilosos serviço ou durante os sulfato de Sódio engenharia durante climáticos – não deve que irão diminuir a
Rochas mal cementadas: procedimentos de Ensaio de o tempo de vida ser utilizado em degradação geral do
tufos fracos, arenitos construção/armazen sulfato de projeto do ambientes que pavimento.
fracos agem (afetado por magnésio pavimento. poderão induzir a Britagem e triagem
Rochas parcialmente fatores climáticos Ensaio de Resultados deterioração dos Remoção de partículas
expostas às intempéries importantes) solidez insatisfatórios de agregados. fracas da mistura
(todos os tipos) A decomposição LAA ensaios listados na Garantir a proteção Tratamento à base de
Alguns calcretes pode gerar finos Ensaio de coluna 3 do pavimento da cal ou cimento – pode
Alguns laterites plásticos que são durabilidade saturação inibir problemas de
Alguns silcretes suscetíveis ao (humidade) durabilidade, mas
Maior parte das escórias amolecimento e Revestimento superficial exigirá investigações
vulcânicas mudanças com betume suficiente. detalhadas
Cinzas vulcânicas e pedra- volumétricas nos Bermas impermeáveis.
pomes estados húmido e Impedir a migração da
Algumas rochas ígneas seco humidade.
Basalto Boa manutenção
Dolerite
Gabbro
Andesite, entre outras
Anexo III.6 Exemplos de utilização de materiais não padronizados em pavimentos selados de baixo volume de tráfego
Tabela III.6 Exemplos de utilização de materiais não padronizados em pavimentos selados de baixo volume de tráfego (Cook et al, 2001)
165
Tabela III.6 (continuação) Exemplos de utilização de materiais não padronizados em pavimentos selados de baixo volume de tráfego
167
Anexo III.8 Preparação das fundações
Classe de
Tratamento indicado
Fundação
1-Remoção do solo superficial, escarificação e compactação do leito do
pavimento até uma densidade mínima de 100% de ensaio britânico de
S2 compactação (BS) de 2,5kg ou compactação equivalente;
2-Construção da fundação e compactação a uma densidade mínima de
100% do BS de 2,5kg ou compactação equivalente.
1-Remoção do solo superficial, escarificação e compactação do leito do
pavimento até uma densidade mínima de 100% de ensaio britânico de
compactação (BS) de 2,5kg ou compactação equivalente;
S3 e S4 2- Construção da fundação e compactação a uma densidade mínima de
100% do BS de 2,5kg ou compactação equivalente;
3-Assegurar que o material na camada superior preenche os requisitos de
dimensionamento do pavimento.
1-Remoção do solo superficial, escarificação e compactação do leito do
pavimento até uma densidade mínima de 100% de ensaio britânico de
compactação (BS) de 2,5kg ou compactação equivalente;
2- Construção da fundação e compactação a uma densidade mínima de
S5 100% do BS de 2,5kg ou compactação equivalente;
3-Certificar que o material na camada superior esteja em conformidade
com os requisitos de projeto do pavimento e seja compacto para uma
densidade mínima de 95% do ensaio BS 4,5kg ou compactação
equivalente com um teor ótimo de humidade.
Tabela III.9 Medidas para o melhoramento à base de cimento/cal (Cook et al, 2001)
Materiais melhorados à Materiais melhorados à
base de cimento e cal para a base de cimento e cal para a
camada de base camada de sub-base
Tráfego máximo de 10M EP Tráfego máximo de 60M EP
1 – Caraterísticas dos materiais
Graduação Material antes do Material antes do
tratamento tratamento
Gravilhas naturais
Dimensão máxima 50 mm 50 mm
Passados, peneiro de 0,425 Mín. 15% para tratamento Mín. 15% para tratamento
mm com cal com cal
Passados, peneiro de 0,075 5-35% 40%
mm
Areia siltosa e areia argilosa
Dimensão máxima 10 mm 10 mm
Passados, peneiro de 0,425 Mín. 15% para tratamento -
mm com cal
Passados, peneiro de 0,075 Máx. 40% Máx. 50%
mm
Coeficiente de uniformidade Mín. 5% -
Índice de plasticidade Máx. 25% Máx. 30%
Mín. 10% para tratamento Mín. 10% para tratamento
com cal com cal
Módulo de plasticidade Máx. 2000 Máx. 2500
CBR (embebido) Mín. 20% -
Matéria orgânica Máx. 1% 2%
Material antes do Material antes do
tratamento tratamento
CBR >95% modificado Mín. 160% Mín. 60%
AASHTO após 7 dias de cura
e 7 dias de imersão
Índice de plasticidade Máx. 6% Máx. 15%
Módulo de plasticidade Máx. 250 Máx. 250%
(IP x % passados do peneiro
de 0,425 mm)
2 – Procedimentos construtivos
Espessura da camada 125 a 200 mm 100 a 200 mm
compactada
Quantidade de cimento Gravilhas com teores de Gravilhas com teores de
normalmente necessária plasticidade: 3 – 6% plasticidade: 2 – 4%
Areias argilosas: 3 – 5% Areias argilosas: 2 – 3%
Quantidade de cal hidratada 4 – 6% 2 – 4%
normalmente necessária
Colocação (espalhamento) Motoniveladora Motoniveladora
Mistura In situ (máquina In situ (máquina
pulverizadora) pulverizadora)
169
Tabela III.10 (continuação) Materiais para melhoramento à base de cimento/cal
Materiais melhorados à base Materiais melhorados à base
de cimento e cal para a de cimento e cal para a
camada de base camada de sub-base
Tráfego máximo de 10M EP Tráfego máximo de 60M EP
3 – Compactação
Baridade seca mínima 95% Mod AASHTO 95% Mod AASHTO
Teor em humidade da OMC – 2 a OMC (Mod OMC – 2 a OMC (Mod
compactação AASHTO) AASHTO)
Tempo necessário de Cimento – 2 horas Cimento – 2 horas
compactação Cal – 4 horas Cal – 4 horas
4 – Proteção e cura
Tempo disponível para a Cimento – 4 horas Cimento – 4 horas
colocação da proteção Cal – 8 horas Cal – 8 horas
Permissão de tráfego Após 7 dias Após 7 dias
Os materiais granulares podem ser utilizados na camada de desgaste como material único ou
em conjunto com o material betuminoso. Para isso devem seguir os seguintes critérios:
A espessura equivalente do material betuminoso = (0,75 x a espessura do material granular
utilizado na camada superficial) + (espessura da camada superficial betuminosa).
A Figura III.2 ilustra a combinação das espessuras de material betuminoso e de material
granular que correspondem a 175 mm de mistura betuminosa densa.
171
gráfico da Figura III.3, os danos de fadiga durante a construção precisam de ser considerados
na avaliação dos danos causados pela fadiga do material durante a fase de utilização.
Figura III.3 Espessura mínima de material tratado para evitar os danos de fadiga durante a
construção
175
ANEXO V. Tráfego, Fatores a considerar
Para vias duplas não é recomendada a variação da espessura para cada uma das vias, porque,
além das questões práticas, existe a probabilidade de haver ocasiões em que haja necessidade
de desviar o tráfego para a via rápida ou outra, por razões de reparação. O que poderá levar a
aceleração da deterioração da via rápida, caso não sejam tidas em consideração as precauções
aqui referidas (SATCC, 1998).
Base granular Base: como indicado para D1 & W1. Sub-base pode incluir
D2 & W2 e sub-base tratamento com cal (para classes T3, < 0,75×106 eixos
tratada padrão de 80 kN) ou com emulsão betuminosa (para classe
T4, até 3×106 eixos padrão de 80 kN)
Base tratada e Normalmente base tratada com cimento; a base tratada com
D3 & W3 sub-base emulsão betuminosa é permitida na classe T3 (até 1,5×106
tratada eixos padrão de 80 kN). A sub-base pode incluir tratamento
com cal (para classes T3, < 0,75×106 de eixos-padrão de 80
kN) ou com emulsão betuminosa (para classe T4, até 3×106
de eixos padrão de 80 kN)
Base
D4 & W4 betuminosa e Base em misturas betuminosas a quente fabricadas em central
sub-base
granular
Base Base: como indicado para D4 & W4. A sub-base pode
D5 & W5 betuminosa e incluir tratamento com cal (para classes T3, < 0,75×106 de
sub-base eixos padrão de 80 kN) ou com emulsão betuminosa (para
tratada classe T4, até 3 x 106 de eixos padrão de 80 kN)
1
Camada de desgaste inclui tratamentos superficiais e misturas betuminosas a quente.
Materiais naturais tratados com emulsão betuminosa, com valores de betume residual até
1,5%, incluindo 1,0% de cimento Portland, têm provado na África do Sul ter um desempenho
satisfatório para níveis de tráfego significativamente superiores.
177
ANEXO VII. Método do Penetrómetro Dinâmico
(Jorge, 2014)
*Assegurar que são realizados, pelo menos, 20 ensaios com o DCP por seção uniforme, de
modo a fornecerem dados suficientes para análise estatística.
179
Anexo VII.1.3.4 Etapa 4 - Determinar o teor de humidade ao longo da extensão do
pavimento
A resistência in-situ do material é fortemente dependente das condições de humidade e de
baridade. É essencial uma estimativa da humidade in-situ no momento do ensaio com o DCP
para comparação com o regime de humidade esperado em serviço. Para isso, devem ser
analisadas, pelo menos, duas amostras por km (e no mínimo 3 em cada secção uniforme) para
determinação do teor em humidade, devendo ser realizados ensaios de classificação do solo na
zona exterior de passagem dos rodados, para as profundidades de 0-150, 150-300 e 300-450
mm.
Anexo VII.1.3.5 Etapa 5 - Obter valores de DN para camadas do pavimento para a toda
a extensão da estrada (usando o programa do DCP)
Os resultados obtidos com o DCP em cada ponto de medição devem ser tratados (por exemplo
através da folha de cálculo fornecida com o equipamento) para obter, por um lado, a média
ponderada dos valores de DN (taxa de penetração em mm/golpe), para cada ponto de ensaio e
a cada 150 milímetros de camada da estrutura do pavimento e, por outro lado, o valor DSN800
(número total de pancadas necessárias para atingir uma profundidade de 800 mm).
181
Anexo VII.1.3.9 Etapa 9 - Determinar o perfil de resistência necessária da camada (LSP)
para cada seção uniforme
Para uma determinada classe de tráfego de projeto, o perfil de resistência necessária para cada
camada de espessura uniforme é determinado a partir do catálogo de projeto com base no DCP
(Tabela VII.3), e ilustrado na Figura VII.3 para diferentes categorias de tráfego. O catálogo de
projeto considera as condições de humidade em serviço esperada a longo prazo.
Tabela VII.3 Gráfico de projeto com base no DCP para diferentes classes de tráfego (ANE,
2014)
(ANE, 2014)
Anexo VII.1.3.10 Etapa 10 - Comparar o LSP in-situ com o LSP necessário para cada
seção uniforme
A comparação do LSP existente com o necessário faz-se traçando o perfil de resistência
necessária sobre o de resistência in-situ para cada secção uniforme (Figura VII.4). Isso permite
a adequação das várias camadas do pavimento em profundidade em função do carregamento de
tráfego esperado. Os pontos situados à direita do perfil de resistência necessária para uma
categoria de tráfego específica indicam que o material tem uma resistência insuficiente nessa
profundidade.
183
Figura VII.4 Comparação dos perfis de resistência necessário e in-situ (ANE, 2014)
Adicionar material no caso da qualidade do material (valor de DN) ser adequada mas a
espessura ser insuficiente; será necessário colocar material de qualidade adequada para
perfazer a espessura necessária antes da compactação.
185
ANEXO VIII. SAMDM, algumas considerações
Figura VIII.1 Fator de transferência de fendas causadas por fadiga para camadas superficiais
betuminosas espeças (Theyse et al., 1996)
187