Anatomia Do Sistema Digestório
Anatomia Do Sistema Digestório
Anatomia Do Sistema Digestório
PROPÓSITO
Conhecer os aspectos morfofuncionais do sistema digestório e seus constituintes é
fundamental para o profissional de saúde.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
Por essa razão, os alimentos devem ser quebrados em moléculas pequenas o bastante para
entrar nas células do corpo, cujo processo é conhecido como digestão. Os órgãos envolvidos
na degradação e digestão dos alimentos participam do sistema digestório, cada um com uma
função distinta.
O sistema digestório é um sistema tubular que se inicia na cavidade oral e se estende até o
ânus, e possui relações fundamentais com os sistemas respiratório e cardiovascular.
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por
questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um
espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais
materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e
das unidades.
MÓDULO 1
VOCÊ SABIA
Os outros órgãos digestivos acessórios, entretanto, nunca entram em contato direto com os
alimentos: eles produzem ou armazenam secreções que fluem para o trato gastrointestinal por
meio de ductos e auxiliam na decomposição química dos alimentos.
INGESTÃO
SECREÇÃO
As células das paredes do TGI e órgãos digestivos acessórios secretam água, ácidos, tampões
e enzimas para o lúmen do trato.
MISTURA E PROPULSÃO
As contrações e relaxamentos alternados do músculo liso nas paredes do TGI misturam
alimentos e secreções e os movem em direção ao ânus. Essa capacidade do TGI de misturar e
mover material ao longo de seu comprimento é chamada de motilidade.
DIGESTÃO
ABSORÇÃO
Resíduos, substâncias e/ou frações indigestíveis dos alimentos, bactérias, células eliminadas
do revestimento do TGI e materiais digeridos que não foram absorvidos em sua jornada pelo
trato digestório deixam o corpo pelo ânus, em um processo chamado defecação, que os
elimina por meio das fezes.
A parede do trato digestório, desde a parte inferior (1/3) do esôfago até o canal anal, tem o
mesmo arranjo estrutural de tecidos em quatro camadas, a saber:
MUCOSA
SUBMUCOSA
MUSCULAR
SEROSA
A submucosa consiste em tecido conjuntivo que liga a túnica mucosa à túnica muscular. Ela
contém muitos vasos sanguíneos e linfáticos que recebem moléculas de alimento absorvidas.
Também localizada na submucosa está uma extensa rede de neurônios conhecida como plexo
submucoso. A submucosa também pode conter glândulas e tecido linfático.
A túnica muscular da boca, faringe e partes superior e média do esôfago contém músculo
estriado esquelético (voluntários). O músculo esquelético também forma o esfíncter anal
externo, que permite o controle voluntário da defecação. Ao longo do restante do trato, a túnica
consiste em músculo liso que geralmente é encontrado em duas lâminas: uma lâmina interna
de fibras circulares e uma lâmina externa de fibras longitudinais.
SAIBA MAIS
A camada mais externa está presente nas porções do TGI que estão suspensas na cavidade
abdominal. Como o próprio nome indica, a serosa é uma membrana composta de tecido
conjuntivo areolar e epitélio escamoso simples. No abdome, a serosa que está próxima ao trato
e aos órgãos anexos também é chamada de peritônio visceral porque forma uma porção do
peritônio. No tórax, o esôfago não tem serosa; em vez disso, apenas uma única camada de
tecido conjuntivo areolar (adventícia) forma a camada de revestimento mais superficial desse
órgão.
As camadas do trato gastrointestinal.
O nervo vago (X par craniano) é responsável pela inervação parassimpática da maior parte do
trato gastrointestinal, exceto a última parte do intestino grosso, que é suprida pelos nervos
esplâncnicos pélvicos. O sistema parassimpático estimula tanto a secreção de enzimas como a
motilidade, dessa forma, aumentando a atividade do SNE.
A porção simpática do TGI é controlada por nervos esplâncnicos torácicos. A porção simpática
diminui a atividade do SNE, reduzindo a secreção de enzimas e outras substâncias, assim
como diminuindo a motilidade/peristalse.
PERITÔNIO
O peritônio é a maior membrana serosa do corpo; consiste em uma camada de epitélio
escamoso simples (mesotélio) com uma camada de suporte subjacente de tecido conjuntivo
areolar. Durante o desenvolvimento, o peritônio sofre alterações morfológicas dimensionais e
complexas antes de atingir sua forma e posição definitivas. O peritônio é dividido em:
Peritônio visceral, que cobre alguns dos órgãos da cavidade abdominal e é sua membrana
serosa.
Entre essas duas lâminas, há um espaço estreito contendo fluido seroso lubrificante que fica
entre as porções parietal e visceral do peritônio (cavidade peritoneal).
O peritônio, ao manter relação íntima com os órgãos da cavidade abdominal (TGI e anexos),
divide-os em:
ÓRGÃOS PERITONIZADOS
Envelopados totalmente pelo peritônio
O peritônio possui inúmeras pregas que fixam as vísceras umas às outras ou às paredes da
cavidade abdominal. Além de terem papel na fixação, o peritônio contém os vasos e nervos
que seguem em direção às vísceras. Existem cinco grandes pregas de peritônio:
OMENTO MAIOR
O omento maior cobre o cólon transverso e as alças do intestino delgado como um “avental de
gordura”. É uma folha dupla que se dobra sobre si mesma, totalizando quatro camadas
coalescidas. A partir do estômago e do duodeno, o omento maior se estende no sentido inferior,
estando situado anteriormente ao intestino delgado, depois dobra-se, estende-se
superiormente e se fixa ao cólon transverso.
O omento maior normalmente contém uma quantidade considerável de tecido adiposo, que
pode se expandir muito com o ganho de peso. Os muitos nódulos linfáticos do omento maior
contribuem com macrófagos e células plasmáticas produtoras de anticorpos que ajudam a
combater e conter infecções do trato gastrointestinal.
LIGAMENTO FALCIFORME
Possui formato de foice, daí seu nome. O ligamento falciforme é uma extensão do peritônio
visceral que recobre grande parte do fígado e o fixa à parede abdominal anterior e ao
diafragma. O fígado é o único órgão anexo do TGI ligado à parede abdominal anterior.
OMENTO MENOR
O omento menor surge como uma prega anterior na serosa do estômago e do duodeno e
conectando esses órgãos ao fígado, formando os ligamentos hepatogástrico (proximal) e
hepatoduodenal (distal). É a via de entrada do feixe vasculonervoso no fígado ― contém a veia
porta hepática, a artéria hepática comum, nervos e o ducto biliar comum, juntamente com
alguns nódulos linfáticos.
MESENTÉRIO
Essa reflexão peritoneal tem formato de “leque” e fixa o jejuno e o íleo à parede abdominal
posterior (raiz do mesentério). Normalmente, é ampla em tecido adiposo; contribui
significativamente para a circunferência abdominal em indivíduos obesos (gordura visceral). O
mesentério se estende da parede abdominal posterior para envolver o intestino delgado e
retorna à sua origem, formando uma estrutura de duas camadas. Entre as duas camadas estão
os vasos sanguíneos (motivo do nome, mesentéricos), nervos, vasos linfáticos e linfonodos
para as respectivas porções do intestino delgado.
MESOCÓLON
Trata-se de uma reflexão peritoneal que envolve o cólon transverso (mesocólon transverso) e o
cólon sigmoide (mesocólon sigmoide) e os fixa à parede posterior do abdome. Assim como o
mesentério, o mesocólon permite a passagem de vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos
para as respectivas porções do intestino.
Essas são as maiores reflexões peritoneais, porém há outras, por exemplo, o mesoapêndice,
que está relacionado ao envelopamento e fixação do apêndice vermiforme. Existem também
algumas variações anatômicas que culminam no surgimento de outras reflexões peritoneais,
como o mesorreto, que possui relação com o reto, uma das porções do intestino grosso.
GENERALIDADES DOS SISTEMAS
DIGESTÓRIO, NERVOSO ENTÉRICO E
PERITÔNIO
O especialista José Carlos Siciliano fará resumo do módulo, abordando todos os subtópicos
descritos neste módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
CAVIDADE ORAL
Conhecida popularmente como boca, a cavidade oral possui a função de ingestão, além de
fornecer respostas sensoriais dos alimentos ou líquidos ingeridos graças às papilas gustativas
da língua. A boca participa no processo mecânico de mastigação (graças aos dentes), digestão
química, deglutição, fonação e respiração.
A boca é delimitada pelas bochechas, lábios, palato e língua. Sua abertura anterior, situada
entre os lábios, é denominada de comissura labial e sua abertura posterior é denominada de
istmo das fauces. É revestida por epitélio escamoso estratificado, sendo queratinizado em
áreas sujeitas à maior abrasão, como as gengivas e palato duro, e não queratinizado no
assoalho da boca, no palato mole e na superfície interna das bochechas e lábios. A parede
lateral da cavidade oral é formada também pelo músculo bucinador.
VOCÊ SABIA
Área cutânea, que possui a mesma coloração do resto da face e possui folículos capilares e
glândulas sebáceas.
Área vermelha, que é a região sem pelos onde os lábios se encontram. Possui papilas
dérmicas excepcionalmente altas, que permitem que os capilares sanguíneos e as terminações
nervosas se aproximem da superfície epidérmica, sendo mais sensível que a área cutânea.
Área mucosa, formada pela superfície interna do lábio, voltada para a gengiva e os dentes e
contém glândulas labiais que contribuem para a formação de saliva.
O palato forma o teto da cavidade oral e a separa da cavidade nasal. Sua porção anterior,
denominada de palato duro, é formada pelos processos palatinos da maxila e pelos ossos
palatinos. Possui cristas transversais chamadas pregas palatinas que ajudam a língua a
segurar e a manipular os alimentos. Posteriormente, encontra-se o palato mole, que tem uma
textura mais esponjosa e é composto de músculo esquelético e tecido glandular.
O palato mole possui uma projeção medial cônica, a úvula, visível na parte posterior da boca,
que retém o alimento na boca até que esteja pronto para ser engolido. Na parte posterior da
boca, dois arcos musculares (revestidos por mucosas) de cada lado começam no teto perto da
úvula e descem até o assoalho da boca. O anterior é o arco palatoglosso e o posterior é o arco
palatofaríngeo. O último arco marca o limite entre a cavidade oral e a faringe. As tonsilas
palatinas estão localizadas na
parede entre os arcos.
Alguns elementos da cavidade oral.
Elementos da cavidade oral e
istmo das fauces.
FARINGE
SAIBA MAIS
Quando a pessoa não está engolindo, o constritor inferior permanece contraído para excluir o
ar do esôfago. Essa conformação é considerada como o esfíncter esofágico superior,
embora não seja uma característica anatômica do esôfago. Ele desaparece na hora da morte,
quando o músculo relaxa. Assim, é considerado um esfíncter fisiológico, e não uma estrutura
anatômica constante.
Músculos faríngeos.
MÚSCULO SALPINGOFARÍNGEO
MÚSCULO PALATOFARÍNGEO
A orofaringe é a região situada posteriormente à raiz da língua. Ele se estende da ponta inferior
do palato mole até a ponta superior da epiglote. Sua borda anterior é formada pela base da
língua e pelo istmo das fauces, a abertura da cavidade oral na faringe. Na parte “faríngea” da
língua, grandes coleções de
tecido linfoide podem ser encontradas.
Ao conter líquidos ou sólidos na cavidade oral, o istmo das fauces é fechado pela depressão do
palato mole, elevação da parte posterior da língua e movimento em direção à linha média das
pregas palatoglossal e palatofaríngea. Isso permite que uma pessoa respire enquanto mastiga
ou manipula o material na cavidade oral.
Na deglutição, o istmo das fauces é aberto, o palato é elevado, a cavidade laríngea é fechada e
o alimento ou líquido é direcionado para o esôfago. Uma pessoa não pode respirar e engolir ao
mesmo tempo porque as vias aéreas estão fechadas em dois locais, o istmo da faringe e a
laringe.
A faringe é suprida por inúmeros vasos. A porção superior é suprida por ramos da carótida
externa. Já a porção inferior é suprida por ramos da artéria subclávia. As veias que drenam a
faringe formam um plexo venoso faríngeo ao redor da parede. Esse plexo drena
superiormente para o plexo pterigoideo, na fossa infratemporal, e inferiormente para a veia
facial e veia jugular interna. Os vasos linfáticos da faringe drenam para os linfonodos cervicais
profundos, assim como linfonodos retrofaríngeos, paratraqueais e infra-hioides.
A inervação motora e sensorial (exceto para a região nasal) da faringe é fornecida por ramos
dos nervos vago e glossofaríngeo, que formam um plexo. Os ramos faríngeos provenientes do
vago surgem do gânglio cervical inferior e inervam toda a musculatura da faringe, com exceção
do músculo estilofaríngeo, que recebe um ramo do glossofaríngeo.
ATENÇÃO
ESÔFAGO
A deglutição é uma ação complexa que envolve mais de 22 músculos na boca, faringe e
esôfago, coordenada pelo centro da deglutição, um par de núcleos nervosos situados no bulbo,
que compõe o tronco encefálico. Este centro se comunica com os músculos da faringe e
esôfago por meio dos nervos trigêmeo, facial, glossofaríngeo e hipoglosso (nervos cranianos V,
VII, IX e XII, respectivamente) e coordena uma série complexa de contrações musculares para
produzir deglutição sem engasgo.
EXEMPLO
Um corpo estranho engolido tem mais probabilidade de parar em uma dessas áreas mais
estreitas; ou, uma substância corrosiva ingerida se moveria mais lentamente por meio de uma
região estreitada, causando mais danos neste local que em qualquer outro lugar ao longo do
esôfago.
O esôfago é inervado pelo nervo vago e por ramos do tronco simpático. É irrigado por ramos
esofágicos da aorta torácica, das artérias bronquiais e da artéria gástrica esquerda. As veias
esofágicas drenam para a veia ázigo, hemiázigo e para a veia gástrica esquerda.
O esfíncter esofágico inferior (EEI) evita o refluxo gastroesofágico. O enfraquecimento desse
esfíncter leva ao refluxo repetitivo ou crônico.
ATENÇÃO
A sensação de pirose, muitas vezes, pode ser tratada com antiácidos. Porém, em alguns
casos, o refluxo gastroesofágico pode levar a complicações mais sérias, como cicatrizes e
estreitamento do esôfago (estenose), erosão e inflamação da parede esofágica (esofagite
erosiva) e até metaplasia do epitélio esofágico, sendo então transformado em um epitélio
colunar (esôfago de Barrett).
Embora a maioria das pessoas com esôfago de Barrett e adenocarcinoma tenha uma história
de longo prazo de refluxo, apenas 5% a 15% das pessoas com refluxo progridem para esôfago
de Barrett e menos de 0,1% para adenocarcinomas.
ESTÔMAGO
VOCÊ SABIA
Um estômago vazio apresenta diâmetro ligeiramente maior que o intestino grosso; no entanto,
é capaz de expansão considerável e pode conter de 2 a 3 litros de alimento.
Logo após a junção esofagogástrica, observamos uma angulação entre o esôfago e estômago
chamada de incisura cárdica (ângulo de His), que auxilia na divisão do estômago em duas das
quatro regiões principais:
CÁRDIA
FUNDO
CORPO
PARTE PILÓRICA
A cárdia circunda a abertura do esôfago no estômago e é guarnecida por uma camada circular
de músculo, o colar de Helvetius. A parte arredondada situada superiormente e à esquerda da
cárdia é o fundo. Inferior ao fundo está a grande parte central do estômago, o corpo. A parte
pilórica é divisível em três regiões.
1
Quando o estômago está vazio, a mucosa forma grandes pregas gástricas que podem ser
vistas a “olho nu”.
O piloro se comunica com o duodeno do intestino delgado por meio de um óstio controlado
pelo esfíncter muscular liso, denominado esfíncter pilórico.
O piloro é normalmente contraído tonicamente de forma que o óstio pilórico é reduzido, exceto
quando emite o quimo.
Em intervalos irregulares, o peristaltismo gástrico envia o quimo por meio do canal pilórico e se
dirige ao intestino delgado para posterior mistura, digestão e absorção.
O estômago possui duas curvaturas, a margem (borda) medial côncava do estômago chamada
de curvatura menor, e a margem convexa, lateral, é denominada de curvatura maior do
estômago.
Anatomia do estômago. Podemos notar a presença da curvatura maior e menor.
VOCÊ SABIA
O suprimento arterial do estômago vem dos ramos da artéria celíaca. A maior parte do sangue
é fornecida por anastomoses formadas ao longo da curvatura menor pelas artérias gástricas
direita e esquerda, e, ao longo da curvatura maior, pelas
artérias gastro-omentais direita e esquerda. O fundo e a parte superior do corpo recebem
sangue das artérias gástricas curtas e posterior.
As veias gástricas curtas e as veias gastro-omentais esquerdas drenam para a veia esplênica.
A veia esplênica se junta à veia mesentérica superior para formar a veia porta hepática.
Uma veia pré-pilórica sobe sobre o piloro até a veia gástrica direita. Como essa veia é de fácil
localização, os cirurgiões a usam para identificar o piloro.
Os vasos linfáticos gástricos acompanham as artérias ao longo das curvaturas maior e menor
do estômago. Eles aferem linfa para quatro áreas de drenagem e 3 estações de drenagem da
linfa, conectadas em série. As quatro zonas linfáticas são:
ZONA II – ESPLÊNICA
Composta pelo quadrante superior esquerdo e curvatura maior: linfonodos esplênicos, no hilo
do baço.
ZONA IV – HEPÁTICA
Nas quatro grandes áreas de drenagem linfática, existem três estações do fluxo de drenagem
linfáticas dispostas em série:
PRIMEIRA ESTAÇÃO
SEGUNDA ESTAÇÃO
Em seguida, a linfa flui através dos troncos intestinais para o ducto torácico (de Pecquet).
O suprimento nervoso parassimpático do estômago vem dos troncos do nervo vago anterior,
posterior e seus ramos, que entram no abdome pelo hiato esofágico. O suprimento nervoso
simpático do estômago vem dos segmentos T6 a T9 dos nervos espinhais, que se unem
formando o nervo esplâncnico maior e alcança o plexo celíaco para ser distribuído para o
estômago através de plexos ao redor das artérias gástrica e gastro-omental.
A inflamação do estômago, chamada de gastrite, pode causar úlceras pépticas, pois a pepsina
e o ácido clorídrico corroem a parede do estômago. Úlceras pépticas ocorrem no duodeno e no
esôfago. Se não forem tratadas, as úlceras podem perfurar o órgão e causar hemorragia fatal
ou peritonite. A maioria dessas fatalidades ocorre em pessoas com mais de 65 anos.
INTESTINO DELGADO
A maior parte da digestão e absorção dos nutrientes ocorre em um longo tubo estreito, o
intestino delgado. Por isso, sua estrutura é especialmente adaptada para essas funções. Seu
comprimento fornece uma grande área de superfície para digestão e absorção e essa área é
ainda aumentada por pregas circulares da mucosa, vilosidades e microvilosidades.
DUODENO
VOCÊ SABIA
Do latim, duodeno significa “12 dedos”; é assim chamado, porque tem quase a largura de 12
dedos.
Possui em torno de 7 a 10 cm e tem trajetória inferior, situada ao lado direito entre a primeira e
a terceira vértebra lombar (L1-L3).
A maior parte dos primeiros 2cm da parte superior do duodeno, imediatamente distal ao piloro,
tem um mesentério e é móvel. Os 3cm distais da parte superior e as outras três partes do
duodeno não têm mesentério e são imóveis por serem retroperitoneais.
PRIMEIRA PORÇÃO
SEGUNDA PORÇÃO
TERCEIRA PORÇÃO
QUARTA PORÇÃO
PRIMEIRA PORÇÃO
A parte superior (primeira) do duodeno surge do piloro, dilatada como uma ampola, e está
sobreposta pelo fígado e vesícula biliar. A parte proximal tem o ligamento hepatoduodenal
(parte do omento menor, como já vimos).
SEGUNDA PORÇÃO
TERCEIRA PORÇÃO
QUARTA PORÇÃO
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O tronco celíaco, por meio da artéria gastroduodenal e seu ramo, a artéria pancreaticoduodenal
superior, suprem o duodeno proximal à entrada do ducto biliar na parte descendente do
duodeno. A artéria mesentérica superior, por meio de seu ramo, a artéria pancreaticoduodenal
inferior, supre o duodeno distal à entrada do ducto biliar.
As veias do duodeno seguem as artérias e drenam para a veia porta hepática, algumas
diretamente e outras indiretamente, por meio das veias mesentéricas superiores e esplênicas.
Os vasos linfáticos do duodeno seguem as artérias. Os vasos linfáticos anteriores drenam para
os linfonodos pancreaticoduodenais, localizados ao longo das artérias pancreaticoduodenais
superior e inferior e para os linfonodos pilóricos, que se encontram ao longo da artéria
gastroduodenal. Os vasos linfáticos posteriores passam posteriormente à cabeça do pâncreas
e drenam para os linfonodos mesentéricos superiores.
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Os nervos do duodeno derivam do vago e dos nervos esplâncnicos maior e menor por meio
dos plexos celíaco e mesentérico superior. As fibras nervosas são então conduzidas ao
duodeno por meio de plexos menores periarteriais que se estendem até as artérias
pancreaticoduodenais.
ATENÇÃO
JEJUNO E ÍLEO
A segunda parte do intestino delgado, o jejuno, começa na flexura duodenojejunal, onde o trato
gastrointestinal retoma o curso intraperitoneal. A terceira parte do intestino delgado, o íleo,
termina na junção ileocecal, a união do íleo terminal com o ceco.
SAIBA MAIS
Uma das formas de diferenciar o jejuno do íleo é observar tais arcadas arteriais.
ATENÇÃO
O jejuno apresenta menos arcos arteriais, enquanto no íleo esses arcos estão em maior
quantidade. Uma diferença histológica entre essas porções é dada pela maior presença de
agregados linfoides no íleo, denominados de placas de Peyer.
A inervação do jejuno e do íleo é dada por fibras simpáticas de nervos que se originam nos
segmentos T8 a T10 da medula espinhal e alcançam o plexo do nervo mesentérico superior
por meio dos troncos simpáticos e nervos esplâncnicos torácicos. As fibras parassimpáticas
que inervam o jejuno e íleo derivam dos troncos vagais posteriores.
Esquema mostrando as porções do intestino delgado e
uma linha representativa de suas divisões.
INTESTINO GROSSO
O intestino grosso mede cerca de 1,5m de comprimento e 6,5cm de diâmetro no cadáver. Seu
nome é devido ao seu diâmetro, relativamente grande. Consiste em oito partes:
Ceco
Apêndice vermiforme
Cólon ascendente
Cólon transverso
Cólon descendente
Cólon sigmoide
Reto
Canal anal
O cólon possui morfologia tecidual típica do trato digestório: mucosa, submucosa, muscular e
serosa/adventícia. A mucosa é forrada por epitélio colunar (cilíndrico) simples (lâmina epitelial),
com microvilosidades longas. Ela é coberta por uma camada de muco que auxilia no transporte
das fezes. A mucosa não contém vilosidades, entretanto, muitas criptas de Lieberkühn, nas
quais numerosas células caliciformes e enteroendócrinas são encontradas.
CECO
O ceco é a primeira parte do intestino grosso, apresenta o formato de uma bolsa situada no
quadrante inferior direito do abdome, inferior à válvula ileocecal (ponto de conexão entre o íleo
e o ceco). Preso à sua extremidade inferior está o apêndice vermiforme, um tubo cego de 2 a
7cm de comprimento. Note na imagem a seguir a presença da válvula ileocecal e do íleo
terminal.
APÊNDICE VERMIFORME
Apêndice medial
CÓLONS
O cólon ascendente começa nivelado com a válvula ileocecal e sobe pelo lado direito da
cavidade abdominal. Encontra-se retroperitonealmente no lado direito da cavidade abdominal e
dirige-se em direção à flexura cólica direita próxima à superfície inferior do fígado. Nesse
ponto, ele se curva em um ângulo de 90° e forma a flexura cólica direita (flexura hepática),
perto do lobo direito do fígado, e se torna o cólon transverso.
O cólon transverso, por sua vez, passa horizontalmente pela cavidade abdominal superior, da
direita para a esquerda, projetando-se para dentro do peritônio. Esse segmento colônico cursa
intraperitonealmente em direção ao baço, formando a flexura cólica esquerda (flexura
esplênica) de 90°. Essa parte encontra-se presa à parede abdominal posterior pelo mesocólon,
sendo bastante flexível. Iniciando na flexura cólica esquerda, o cólon descendente procede
inferiormente retroperitonealmente no lado esquerdo da cavidade abdominal e transforma-se
no cólon sigmoide, que possui forma de “S”.
A serosa do cólon transverso até o cólon sigmoide frequentemente tem bolsas de gordura,
chamadas de apêndices omentais ou apêndices epiploicos. No reto e no canal anal, o músculo
longitudinal forma uma lâmina contínua e os haustros estão ausentes.
ATENÇÃO
Note na imagem as flexuras cólicas direita e esquerda (hepática e esplênica), assim como os
haustros.
A cavidade pélvica é mais estreita que a cavidade abdominal, então, o cólon sigmoide, nivelado
com a crista ilíaca, gira medialmente e desce pela entrada pélvica, onde inicia-se o reto. Isso
resulta em uma porção aproximadamente em forma de “S”, daí o nome sigmoide (pois, no
grego, a letra que representa o som de “S” chama-se sigma).
A irrigação arterial do cólon descendente e sigmoide provém das artérias cólica esquerda e
sigmoide, ramos da artéria mesentérica inferior. As artérias sigmoides descem obliquamente
para a esquerda, onde se dividem em ramos ascendentes e descendentes. O ramo superior
da artéria sigmoide superior se anastomosa com o ramo descendente da artéria cólica
esquerda, formando assim uma parte da artéria marginal.
Desse modo, na flexura cólica esquerda, há uma transição no suprimento sanguíneo da parte
abdominal do trato digestório: a artéria mesentérica superior supre a parte proximal à flexura,
enquanto a artéria mesentérica inferior supre a parte distal à flexura. Isso ocorre durante o
desenvolvimento embrionário, no qual a artéria celíaca é responsável por suprir o intestino
primitivo anterior, a artéria mesentérica superior é responsável por suprir o intestino primitivo
médio e a artéria mesentérica inferior supre o intestino primitivo posterior.
A drenagem do cólon descendente e do cólon sigmoide é conduzida através dos vasos que
passam para os linfonodos epicólicos e paracólicos e, em seguida, através dos linfonodos
cólicos intermediários ao longo da artéria cólica esquerda. A linfa desses nódulos passa para
os linfonodos mesentéricos inferiores que ficam ao redor da artéria mesentérica inferior.
O peritônio cobre as superfícies anterior e lateral do terço superior do reto, apenas a superfície
anterior do terço médio e nenhuma superfície do terço inferior. Nos homens, o peritônio reflete-
se do reto para a parede posterior da bexiga, onde forma o
assoalho da escavação retovesical. Nas mulheres, o peritônio reflete do reto para a parte
posterior do fórnice da vagina,
onde forma o assoalho da escavação retouterina.
Em ambos os sexos, os reflexos laterais do peritônio a partir do terço superior do reto formam
fossas pararretais que permitem que o reto se distenda à medida que se enche de fezes. O
reto encontra-se anteriormente a três vértebras sacrais inferiores e ao cóccix, ao ligamento
anococcígeo, aos vasos sacrais medianos e às extremidades inferiores dos troncos simpáticos
e plexos sacrais.
Nos homens, o reto está relacionado anteriormente ao fundo da bexiga urinária, partes
terminais dos ureteres, ducto deferente, glândulas seminais e próstata. O septo retovesical
(fáscia de Denonvilliers) fica entre o fundo da bexiga e a ampola do reto e está associado às
glândulas seminais e à próstata.
Nas mulheres, o reto está relacionado anteriormente à vagina e é separado da parte posterior
do fórnice e do colo pela escavação retouterina (de Douglas). Inferior a esta escavação, o
septo retovaginal fraco separa a metade superior da parede posterior da vagina do reto.
A mucosa do canal anal forma cristas longitudinais chamadas colunas anais, com depressões
entre elas, chamadas seios anais. Conforme as fezes passam pelo canal, elas pressionam as
suas células e fazem com que exalem muco extra, que lubrifica o canal durante a defecação. O
canal anal é estruturado por dois tubos musculomembranosos sobrepostos:
O PROFUNDO
O SUPERFICIAL
O SUBCUTÂNEO
Aparentemente, possui apenas uma região que se destaca de sua estrutura principal, a porção
subcutânea. O restante do esfíncter externo forma um tubo muscular contínuo com o músculo
puborretal (constituinte do o anel anorretal, sentido ao toque retal), porção mais interna da
musculatura levantadora do ânus (formada também pelos músculos iliococcígeo e
pubococcígeo) que constitui o assoalho muscular da pelve.
O esfíncter interno é composto de musculatura lisa, suprido por inervação autônoma, enquanto
o externo é formado de musculatura estriada, possuindo inervação somática. Assim, o ânus é
normalmente mantido fechado por dois anéis musculares. O esfíncter anal interno está sob
controle involuntário e relaxa automaticamente quando o reto é distendido com fezes. O
esfíncter anal externo está sob controle voluntário e permite adiar a defecação quando
apropriado.
O suprimento parassimpático vem do nível S2-S4 da medula espinhal, passando pelos nervos
esplâncnicos pélvicos e pelos plexos hipogástricos inferiores esquerdo e direito para o plexo
pélvico.
O sangue venoso do reto é drenado pelas veias retais superior, média e inferior. As
anastomoses servem de via de circulação colateral entre a circulação portal e a circulação
sistêmica na parede do canal anal. Como a veia retal superior drena para o sistema venoso
portal e as veias retais média e inferior drenam para o sistema sistêmico, essas anastomoses
são áreas clinicamente importantes de anastomose porta-cava. Ao contrário das veias dos
membros, as veias retais não têm válvulas e estão particularmente sujeitas à distensão e
acúmulo venoso.
O plexo venoso retal submucoso circunda o reto, comunicando-se com o plexo venoso vesical
nos homens e com o plexo venoso uterovaginal nas mulheres. O plexo venoso retal consiste
em duas partes:
Embora esses plexos carreguem o termo “retal”, eles são principalmente "anais" em termos de
localização, função e significado clínico.
ELEMENTOS DO TUBO DIGESTIVO
O especialista José Carlos Siciliano fará resumo do módulo, abordando todos os subtópicos
descritos neste módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
DENTES
Os dentes são chamados coletivamente de dentição e servem para realizar a fase mecânica da
digestão, triturando os alimentos ingeridos em pedaços menores. Isso não apenas torna o
alimento mais fácil de engolir, mas também expõe mais área de superfície à ação das enzimas
digestivas acelerando a digestão. Os adultos normalmente apresentam um total de dezesseis
dentes na mandíbula e dezesseis na maxila. Da linha média até a parte posterior de cada
mandíbula ou maxila, existem dois incisivos, um canino, dois pré-molares e até três molares
(conhecidos como sisos).
Dentição humana permanente.
Os incisivos são dentes cortantes em forma de bisel usados para morder um pedaço de
comida. Os caninos são mais pontiagudos e agem para perfurá-los e rasgá-los. Eles servem
como armas em muitos mamíferos, mas foram reduzidos no curso da evolução humana até
que agora mal se projetam além dos outros dentes. Os pré-molares e os molares têm
superfícies largas para triturar alimentos.
Cada dente está embutido em uma cavidade chamada alvéolo, formando uma articulação do
tipo fibrosa, denominada de gonfose, que ocorre entre o dente e o osso. O alvéolo é revestido
por um ligamento periodontal, um periósteo modificado cujas fibras de colágeno penetram no
osso, de um lado, e no dente, de outro. Isso ancora o dente firmemente no alvéolo, mas
permite um leve movimento sob o estresse da mastigação. A gengiva cobre o osso alveolar.
A maior parte do dente consiste em tecido duro amarelado chamado dentina, coberto por
esmalte na coroa e cemento na raiz. A dentina e o cemento são tecidos conjuntivos vivos com
células ou processos celulares embutidos em uma matriz calcificada.
Internamente, um dente possui uma cavidade pulpar dilatada na coroa e na raiz superior e um
canal radicular estreito na raiz inferior. Esses espaços são ocupados pela polpa, uma massa de
tecido conjuntivo frouxo, vasos sanguíneos e linfáticos e nervos. Esses nervos e vasos entram
no dente através de um poro, o forame apical, na extremidade inferior de cada canal radicular.
À medida que um dente permanente cresce e se torna um dente decíduo, sua raiz se dissolve
e deixa pouco mais do que a coroa quando se desprende e cai. Os terceiros molares surgem
por volta dos 17 a 25 anos. Ao longo da evolução humana, o rosto tornou-se mais achatado e
as mandíbulas, mais curtas, deixando pouco espaço para os terceiros molares. Assim, muitas
vezes, permanecem abaixo da gengiva e ficam oclusos.
LÍNGUA
A língua é composta por músculo esquelético e coberta por uma membrana mucosa e papilas
gustativas. Junto com seus músculos associados, ela forma o assoalho da cavidade oral.
Auxilia na formação da fala articulada. É dividida em metades laterais simétricas por um septo
mediano que se estende por todo o seu comprimento, sendo fixada ao osso hioide, ao
processo estiloide do osso temporal e à mandíbula. Cada metade da língua consiste em um
complemento idêntico de músculos extrínsecos e intrínsecos.
Músculo genioglosso
Músculo hioglosso
Músculo estiloglosso
Os músculos extrínsecos movem a língua de um lado para o outro e para dentro e para fora
para manobrar o alimento para mastigar, moldar o alimento em uma massa arredondada e
forçá-lo a ir para o fundo da boca para ser deglutido. Eles também formam o assoalho da boca
e mantêm a língua na posição.
Os músculos intrínsecos da língua se originam e se inserem no tecido conjuntivo da própria
língua. Eles alteram a forma e o tamanho da língua para falar e deglutir.
O frênulo (freio) lingual é uma prega de membrana mucosa na linha média da superfície inferior
da língua, é anexado ao assoalho da boca e auxilia na limitação do movimento da língua
posteriormente. Cada lado do frênulo, uma veia lingual profunda, é visível através da fina
membrana mucosa. A carúncula sublingual está presente em cada lado da base do frênulo
lingual que inclui a abertura do ducto submandibular da glândula salivar submandibular.
O dorso (superfície superior) e as superfícies laterais da língua são cobertos por papilas
gustativas, projeções da lâmina própria cobertas por epitélio escamoso estratificado. Existem
quatro tipos de papilas (onde somente as últimas não possuem botões gustativos):
As papilas valadas são grandes e se agrupam em número médio de 12, numa região
conhecida como V lingual, situada posteriormente na língua, margeadas pelo sulco terminal.
Elas contêm em torno de 100 a 300 botões gustativos.
PAPILAS FUNGIFORMES
PAPILAS FOLIÁCEAS
As papilas foliáceas estão situadas nas margens laterais da língua e a maioria de seus botões
gustativos degenera na infância.
PAPILAS FILIFORMES
As papilas filiformes estão situadas em toda a superfície da língua, entretanto não possuem
botões gustativos. Essas papilas são pontiagudas e possuem receptores táteis e aumentam o
atrito entre a língua e o alimento, tornando mais fácil para a língua mover o bolo alimentar na
cavidade oral.
A mucosa da parte posterior da língua é espessa e livremente móvel. Não tem papilas linguais,
mas os nódulos linfoides subjacentes dão a essa parte da língua uma aparência irregular. Os
nódulos linfoides são conhecidos coletivamente como tonsilas linguais. A parte faríngea da
língua constitui a parede anterior da orofaringe e está presa à cartilagem epiglote por pregas
glossoepiglóticas.
Anatomia da língua.
As glândulas linguais na lâmina própria da língua secretam muco e um líquido seroso aquoso
que contém a enzima lipase lingual, que atua em até 30% dos triglicerídeos dietéticos e os
converte em ácidos graxos e diglicerídeos mais simples.
As artérias da língua derivam da artéria lingual, que se origina da artéria carótida externa. As
veias da língua são as veias linguais dorsais, que acompanham a artéria lingual; as veias
linguais profundas, que começam no ápice da língua, correm posteriormente ao lado do frênulo
lingual para se juntar à veia sublingual.
A maior parte da drenagem linfática converge para a drenagem venosa e a segue; no entanto,
a linfa da ponta da língua, frênulo e lábio inferior central segue um curso independente. Toda a
linfa da língua finalmente drena para os linfonodos cervicais profundos e passa através dos
troncos venosos jugulares para o sistema venoso nos ângulos venosos direito e esquerdo.
Para sensação especial (paladar), essa parte da língua, exceto as papilas valadas, recebem
um ramo do nervo facial, o VI par de nervo craniano. A mucosa do terço posterior da língua e
as papilas valadas são supridas pelo nervo glossofaríngeo, o IX par de nervo craniano. Existem
quatro percepções sensoriais básicas de sabor: (1) doce, (2) salgado, (3) azedo e (4) amargo.
A percepção de doçura é detectada no ápice, salgada é detectada nas margens laterais, e as
de acidez e de amargor, na parte posterior da língua.
Esquema demonstrando a área correspondente à percepção dos sabores.
GLÂNDULAS SALIVARES
Existem dois tipos de glândulas salivares, as intrínsecas e as extrínsecas.
SAIBA MAIS
Todas essas glândulas salivares maiores são tubuloacinares compostas com um arranjo
semelhante a uma árvore de ductos ramificados terminando em ácinos; alguns possuem
apenas células mucosas, alguns apenas células serosas e alguns apresentam uma mistura de
ambas (ácinos mistos).
A saliva umedece a boca, digere uma pequena quantidade de amido e gordura; limpa os
dentes; inibe o crescimento bacteriano; dissolve moléculas para que possam estimular as
papilas gustativas; umedece e lubrifica os alimentos e une as partículas para ajudar na
deglutição. É uma solução formada por 97% a 99,5% de água e os seguintes solutos:
Lipase lingual, uma enzima que é ativada pelo ácido gástrico e digere a gordura após a
ingestão do alimento.
PÂNCREAS
O pâncreas é uma glândula flácida, com pouco tecido conjuntivo, e alongada em forma de
“martelo”, topograficamente no plano transverso do abdome. Está relacionado com o duodeno
pela cabeça e processo uncinado. É uma glândula volumosa, achatada e finamente lobulada;
produz secreções exócrinas e endócrinas, sendo, portanto, chamada de anfícrina.
PROCESSO UNCINADO
Região anatômica do pâncreas que faz relação com o duodeno. Etimologicamente, uncinado
significa “em forma de gancho”.
RETROMESOCÓLICO
VOCÊ SABIA
O colo é comprimido pelos vasos mesentéricos superiores (artéria e veia) que se situam na
incisura pancreática, um sulco profundo na face posterior do colo. O processo uncinado situa-
se inferiormente ao colo do pâncreas, posteriormente estão os vasos mesentéricos superiores.
Esses vasos estão comprimidos, por assim dizer, entre o colo, para cima e anteriormente, o
processo uncinado para baixo e posteriormente.
Anatomia do pâncreas.
O corpo situa-se acima da flexura duodenojejunal e sobre o rim esquerdo, onde se afila na
cauda, que se estende pelo ligamento esplenorrenal.
A função exócrina é exercida pelos ácinos pancreáticos que lançam no duodeno (2ª parte,
descendente) uma secreção constituída de algumas das mais importantes enzimas digestivas
capazes de hidrolisar proteínas, gorduras e carboidratos.
Já a função endócrina, exercida pelas
ilhotas pancreáticas, lança no sistema venoso hormônios que são essenciais ao metabolismo
dos carboidratos.
O suco pancreático corre por ductos menores, que, em última instância, unem-se e formam o
ducto pancreático principal.
Este se une ao
ducto colédoco e entra no duodeno como um ducto comum dilatado chamado de ampola
hepatopancreática, ou ampola de Vater.
A ampola se abre em uma elevação da mucosa duodenal conhecida como papila maior do
duodeno.
O pâncreas é irrigado pelos ramos da artéria tronco celíaco e da artéria mesentérica superior.
Os arcos pancreáticos são formados superiormente, por ramos da artéria gastroduodenal e
inferiormente, por ramos da artéria mesentérica superior.
O colo, o corpo e cauda do pâncreas são irrigados pela artéria esplênica.
O sistema venoso é correspondente ao arterial, e as veias drenam para a veia porta hepática.
Os vasos linfáticos eferentes do tecido pancreático drenam para os linfonodos da região
celíaca e para os linfonodos do grupo mesentérico superior.
O pâncreas é inervado por fibras nervosas autônomas e sensoriais que surgem dos plexos
celíaco e mesentérico superior. As fibras sensoriais incluem algumas relacionadas com os
reflexos e outras relacionadas com dor. As fibras relacionadas com percepção dolorosa do
pâncreas entram na medula espinhal através dos nervos esplâncnicos.
FÍGADO
O fígado é o maior órgão glandular do abdome, de consistência mole e coloração vermelho
escuro. Topograficamente, está localizado imediatamente inferior ao diafragma e preenche a
maior parte do hipocôndrio direito e região epigástrica. É a maior glândula do corpo, pesando
entre 1.4-1.8 kg no homem adulto e 1.1-1.4 kg na mulher. No adulto mede 20-25 cm no eixo
transversal e 10-12 cm no anteroposterior.
Funções do fígado:
Devido a essa gama de funções, é fácil entender por que doenças como cirrose, hepatite e
câncer de fígado são sérias e, frequentemente, evoluem fatalmente. Apenas uma dessas
funções contribui para a digestão ― a secreção da bile.
A bile é um fluido verde que contém minerais, colesterol, gorduras neutras, fosfolipídios,
pigmentos biliares e ácidos biliares. O principal pigmento é a bilirrubina, derivada da
decomposição da hemoglobina. As bactérias do intestino grosso metabolizam a bilirrubina em
urobilinogênio, que é responsável pela cor marrom das fezes. Na ausência de secreção de bile
(acolia), as fezes são branco-acinzentadas e marcadas com estrias de gordura não digerida.
Os ácidos biliares (sais biliares) são esteroides sintetizados a partir do colesterol. Esses sais e
a lecitina, um fosfolipídio, emulsificam a gordura, quebrando os seus glóbulos em gotículas
menores com mais área de superfície exposta à ação enzimática. A emulsificação aumenta
muito a eficiência da digestão da gordura.
Ele possui uma superfície diafragmática convexa (anterior, superior e posterior) e uma
superfície visceral relativamente plana ou mesmo côncava (posteroinferior), que são separadas
anteriormente por sua margem inferior aguda que segue o rebordo costal direito, inferior ao
músculo diafragma. A superfície diafragmática do fígado é lisa e em forma de cúpula, onde está
relacionada à concavidade do músculo diafragma, que o separa da pleura, pulmões, pericárdio
e coração.
O fígado é envolvido por uma cápsula fibrosa (cápsula de Glisson) e, externamente, a maior
parte dela é coberta por serosa (peritônio visceral). A serosa está ausente em uma área
denominada de “área nua”, situada na superfície superior que está fixada ao diafragma.
Sob vista inferior, também vemos o lobo quadrado próximo à vesícula biliar e o lobo caudado.
Uma abertura irregular entre esses lobos, o hilo hepático (porta hepatis ) é o ponto de entrada
para a veia porta hepática, as artérias hepáticas e um ponto de saída para as vias biliares.
Todos esses vasos sanguíneos e passagens de ductos biliares correm pelo omento menor.
A vesícula biliar adere a uma depressão na superfície inferior do fígado entre os lobos direito e
quadrado. A face posterior do fígado possui um sulco profundo (sulco) ocupado pela veia cava
inferior. O sulco de Rouviere é uma fenda anterior (Segmento I), de 2-5cm que se estende à
direita do hilo hepático em direção ao colo da vesícula biliar. Contém estruturas no Triângulo de
Calot. O sulco de Rouviere é um marco anatômico frequente (82%) presente na tríade portal
direita ou em seus ramos.
Embora não esteja de forma clara demarcado internamente onde o parênquima parece
contínuo, o fígado tem lados (fígados) direito e esquerdo funcionalmente independentes que
são muito mais parecidos em tamanho do que os lobos anatômicos; entretanto, o fígado direito
ainda é um pouco maior.
Cada parte recebe seu próprio ramo primário da artéria hepática e da veia porta hepática e é
drenada por seu próprio ducto hepático, direito e esquerdo. O fígado pode ser subdividido em
quatro e depois em oito segmentos hepáticos (de Coinaud) ressecáveis cirurgicamente, cada
um servido independentemente por um ramo secundário ou terciário da tríade portal,
respectivamente. Observe o esquema que demonstra a segmentação hepática de Coinaud.
O fígado apresenta suprimento sanguíneo duplo: uma fonte venosa (veia porta) dominante e
outra arterial menor (artéria hepática própria). A veia porta hepática leva entre 75% e 80% do
sangue para o fígado. O sangue portal, contendo cerca de 40% a mais de oxigênio do que o
sangue que retorna ao coração do circuito sistêmico, nutre o parênquima hepático (células
hepáticas ou hepatócitos).
A veia porta hepática carrega todos os nutrientes absorvidos pelo trato alimentar para os
sinusoides do fígado. A exceção são os lipídios, que são absorvidos e contornam o fígado por
meio do sistema linfático. O sangue arterial da artéria hepática própria, responsável por apenas
20-25% do sangue recebido pelo fígado, é distribuído inicialmente para estruturas não
parenquimatosas, particularmente os dutos biliares intra-hepáticos.
A veia porta hepática (curta e larga) é formada pela união da veia mesentérica superior e pela
veia esplênica, situadas atrás do colo do pâncreas. Ela sobe anteriormente à veia cava inferior
e forma parte da tríade portal no ligamento hepatoduodenal ― uma porção do omento menor. A
artéria hepática comum surge da artéria tronco celíaco, e após emitir a artéria gastroduodenal,
torna-se artéria hepática própria. No hilo hepático ou próximo a ele, a artéria hepática própria e
a veia porta hepática terminam dividindo-se em ramos direito e esquerdo; esses ramos
primários suprem os “fígados” direito e esquerdo, respectivamente.
Entre as divisões estão as veias hepáticas direita, intermediária (média) e esquerda, que são
intersegmentares em sua distribuição e função, drenando partes de segmentos adjacentes. As
veias hepáticas, formadas pela união de veias coletoras que por sua vez drenam as veias
centrais do parênquima hepático, abrem-se na veia cava inferior imediatamente antes de esta
passar pelo forame da veia cava, no músculo diafragma.
O fígado é o principal órgão produtor de linfa. Entre 1/4 e metade da linfa que entra no ducto
torácico vem do fígado. Os vasos linfáticos do fígado correm como linfáticos superficiais na
cápsula fibrosa subperitoneal, que reveste sua superfície externa e correm como linfáticos
profundos no tecido conjuntivo, que acompanham as ramificações da tríade portal e das veias
hepáticas.
A maior parte da linfa é formada nos espaços perissinusoidais e drena para os vasos linfáticos
profundos nas tríades portais intralobulares circundantes. Os linfáticos superficiais das faces
anteriores das superfícies diafragmática e visceral do fígado e os vasos linfáticos profundos
que acompanham as tríades portais convergem em direção ao hilo hepático. Alguns outros
linfáticos superficiais drenam para os linfonodos hepáticos espalhados ao longo dos vasos e
ductos hepáticos no omento menor.
Os vasos linfáticos eferentes dos linfonodos hepáticos drenam para os linfonodos celíacos, que
por sua vez drenam para a cisterna do quilo, um saco dilatado na extremidade inferior do
ducto torácico.
2
VESÍCULA BILIAR
Como a única função participativa do processo digestivo do fígado se dá pela secreção de bile,
seguiremos rastreando o fluxo pela vesícula biliar, que é um saco em forma de pera, situado na
face inferior do fígado, entre os lobos quadrado e caudado, que serve para armazenar e
concentrar a bile. Tem cerca de 10cm de comprimento e é revestida internamente por uma
mucosa altamente pregueada com um epitélio colunar simples.
Possui um fundo, que, geralmente, projeta-se um pouco além da margem inferior do fígado.
Seu colo leva ao ducto cístico, por meio do qual a bile entra e sai da vesícula biliar. O ducto
cístico possui uma série de
pregas espiraladas que regulam a entrada e saída da bile.
Quando os dois ductos hepáticos deixam a porta hepatis, eles convergem quase
imediatamente para formar o ducto hepático comum. Este ducto percorre apenas uma curta
distância antes de se unir ao ducto cístico formando o ducto colédoco, que desce pelo omento
menor até o duodeno. O ducto colédoco e o ducto pancreático principal se aproximam da
papila maior do duodeno.
Normalmente, logo antes de desaguar no duodeno, os dois ductos se unem e formam uma
expansão chamada ampola hepatopancreática (de Vater). Um esfíncter hepatopancreático (de
Oddi) regula a liberação de bile e suco pancreático da ampola para a segunda porção do
duodeno.
O suprimento arterial da vesícula biliar e do ducto cístico provém da artéria cística, que surge
da artéria hepática direita no triângulo entre o ducto hepático comum, o ducto cístico e a
superfície visceral do fígado, o trígono cisto-hepático.
A drenagem venosa do colo da vesícula biliar e do ducto cístico é dada por veias císticas.
Essas veias pequenas e geralmente múltiplas entram no fígado diretamente ou drenam para a
veia porta hepática do fígado, após se juntarem às veias que drenam os dutos hepáticos e o
ducto biliar proximal.
A drenagem linfática da vesícula biliar drena para os linfonodos hepáticos, geralmente por meio
de linfonodos císticos localizados próximos ao colo da vesícula biliar. Os vasos linfáticos
eferentes desses linfonodos passam para os linfonodos celíacos.
Os nervos para a vesícula biliar e ducto cístico passam ao longo da artéria cística e provêm do
plexo celíaco, carregando fibras simpáticas e viscerais aferentes; do nervo vago e do
nervo frênico direito.
Colelitíase.
ÓRGÃOS E GLÂNDULAS ANEXAS DO
SISTEMA DIGESTÓRIO
O especialista José Carlos Siciliano fará resumo do módulo, abordando todos os subtópicos
descritos neste módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo você viu que o sistema digestório é basicamente um grande tubo que se inicia
na cavidade oral e termina no ânus. Esse tubo possui diferenças estruturais e funcionais em
cada porção, sendo versátil e útil para efetuar a deglutição, passagem de alimento, degradação
do alimento, digestão e formação de fezes que visam remover os produtos da digestão que não
são interessantes para o nosso organismo.
Além disso, você viu que esse tubo, para efetuar seu papel, conta com a presença de várias
glândulas acessórias, como as glândulas salivares, o pâncreas, o fígado e a vesícula biliar.
Por fim, você estudou as peculiaridades estruturais e funcionais de cada porção desse tubo,
assim como de suas glândulas acessórias, correlacionando esses aspectos com algumas
patologias que podem causar mudanças significativas na fisiologia do sistema digestório.
PODCAST
Agora, o especialista José Carlos Siciliano fará um resumo do tema.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
DÂNGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3. ed. Rio de
Janeiro: Atheneu, 2011.
DIDIO, L. J. A. Tratado de anatomia humana sistêmica aplicada. 2. ed. São Paulo: Editora
Atheneu, 2002.
GARDNER, E.; GRAY, D. J.; O'RAHILLY, R. R. Anatomia: Estudo regional do corpo humano. 4.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1978.
GOSS, C. M. Gray Anatomia. 29. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2013.
LATARJET, M.; LIARD, A. R. Anatomía Humana. 4 ed. Madrid: Editorial Medica Pan-
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MOORE, K. L.; DALLEY II, A. F.; AGUR, A. M. R. Clinically Oriented Anatomy. 8. ed.
Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2019.
SNELL, R. S. Clinical Anatomy by Regions. 9 ed. Lipincott Williams & Wilkins, 2012.
TESTUT, L.; LATARJET, A. Tratado de Anatomía Humana. 9 ed. Barcelona: Salvat, 1958.
Leia o artigo Hérnia diafragmática traumática: relato de dois casos com 20 e 52 anos de
evolução , de Mitre Kalil et al ., no site Relatos de casos cirúrgicos ,
CONTEUDISTA
Márcio Antônio Babinski
CURRÍCULO LATTES