Iii Semea: Construindo Redes Nas Cirandas Da Vida - Relato de Experiência

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III SEMEA: CONSTRUINDO REDES NAS CIRANDAS DA VIDA -

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Área Temática: Meio Ambiente


Responsável pelo trabalho: S.S.Pimentel
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
T.N.M.Nogueira1; V.S.Almeida1; P.P.Reis1; A.P.Senna1; L.M.Silva1; A.L.C.Oliveira2; S.
S.Pimentel3; A.M.D.Soares4.

Resumo
A III SEMEA, organizada pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação
Ambiental Diversidade e Sustentabilidade – GEPEADS é um evento que vem sendo
desenvolvido desde 2006, em caráter bianual, realizado pelos membros do Grupo em
parceria com a Sala Verde. Inicialmente realizada no campus Seropédica, foi, em 2010,
desenvolvida com atividades nos campus da UFRRJ em Nova Iguaçu – Instituto
Multidisciplinar, e no Instituto Três Rios. Sua principal característica é a de ser um evento
que possibilite uma visão crítica e autônoma a estudantes, professores, e demais
participantes. Partindo do princípio de uma Educação Ambiental crítica e emancipatória o
evento contou com palestras, oficinas e mini-cursos. A base metodológica adotada é a da
pesquisa participativa, que possibilita tanto o posicionamento ativo e crítico, quanto a
intervenção e a busca da transformação através da construção de novos conceitos e valores
a partir da participação coletiva dialógico-dialética. Nesse sentido, pode-se perceber que
essa metodologia permite a articulação pesquisa-extensão e traz resultados ao processo de
aprendizagem, o que ratifica a importância da indissociabilidade ensino-pesquisa e
extensão, pilar fundamental da instituição universitária. Os resultados esperados foram
alcançados com sucesso, principalmente no que se refere à formação de uma rede de
diálogo, procurando expandir os horizontes de informações sobre a questão ambiental.
Pode-se constatar a importância de eventos dessa natureza para a comunidade acadêmica e

1
Bolsista de Apoio Técnico/Acadêmico UFRRJ, Licencianda em Ciências Agrícolas IE/UFRRJ,
membro do GEPEADS/UFRRJ.
2
Bolsista PIBIC/CNPq/UFRRJ, licencianda em Ciências Agrícolas IE/UFRRJ, membro do
GEPEADS/UFRRJ.
3
Mestre em Ciências PPGEA/UFRRJ, Técnico de Assuntos Educacional do IFET-RJ, membro do
GEPEADS-UFRRJ.
4
Professora Associada III, DTPE/IE/UFRRJ, Coordenadora da Sala Verde CISA e do
GEPEADS/UFRRJ, [email protected].
social regional, auxiliando na construção de um conhecimento vasto e crítico das questões
ambientais gerais, possibilitando aos participantes instrumentos capazes de conduzir a uma
intervenção fundamentada e eficaz em suas comunidades.

Palavras chaves: sociedade, formação profissional, ambiente e educação.

Introdução
Este texto pretende relatar a experiência de participação na organização da III Semana
de Educação Ambiental (SEMEA) da UFRRJ com o tema “Educação Ambiental nas
Cirandas da Vida”, que ocorreu entre 16 a 18 de Novembro de 2010, no Centro de Atenção
Integral a Criança e o Adolescente (CAIC) Paulo Dacorso Filho, situado na Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) – Campus Seropédica. A III SEMEA foi
organizada pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Ambiental Diversidade e
Sustentabilidade (GEPEADS-UFRRJ) e é um evento que vem sendo desenvolvido desde
2006, sendo bianual, realizado pelos membros do GEPEADS em parceria com a Sala Verde
CISA (Centro de Integração Sócio Ambiental). Inicialmente realizada no campus
Seropédica foi também, em 2010, desenvolvida com atividades nos campus da UFRRJ em
Nova Iguaçu – Instituto Multidisciplinar, e em Três Rios – Instituto Três Rios.
Este relato prende-se às atividades desenvolvidas no Campus Seropédica, da
UFRRJ, que tiveram como objetivo a dinamização de um evento que possibilitasse a
construção/consolidação de uma visão autônoma e crítica aos estudantes, professores, e
demais participantes, focado em abordar temas atuais, de caráter geral e local, de interesse do
município sede.

Procedimentos Metodológicos
Partindo do princípio de uma Educação Ambiental crítica e emancipatória a SEMEA
foi organizada com atividades sob a forma de mesas-redondas, palestras, oficinas e mini-
cursos, desenvolvendo temas, tais como: Conflitos Ambientais no Brasil; Aterro Sanitário
em Seropédica: uma discussão urgente (esclarecendo os problemas enfrentados pela região);
Gestão Ambiental; Acesso a políticas públicas; Educação Ambiental na formação do
educador; Orçamento e Consumo Sustentável. O evento incluiu também em sua
programação um Fórum de Educação e Meio Ambiente na UFRRJ, e um encontro das Salas
Verdes da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, sendo que esta última atividade não pode
ser concretizada pela falta de quórum. O evento contou com 208 inscrições de participação
de representantes das cidades da Baixada Fluminense, da Região dos Lagos, do Município
do Rio de Janeiro, ainda contando com uma representante do Estado de Minas Gerais.
Ademais pudemos contar com apresentação de 22 trabalhos que trouxeram relatos de
experiências realizadas/em realização no Estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais, dentre
eles, a título de exemplo, podemos citar: Desafios da sustentabilidade ambiental e do
desenvolvimento econômico na reserva extrativista de Arraial do Cabo de autoria de José
Bertoldo e Herick Simas e Plantio da Vida de autoria de Paula de Castro Bogarim, além de
trabalhos de membros da Sala Verde de Arraial do Cabo - RJ, professores do Instituto
Superior de Tecnologia de Paracambi, professores e alunos de diversos cursos da UFRRJ,
entre outros.
Como é a prática que vem sendo sempre utilizada pelo GEPEADS, utilizamos os
pressupostos metodológicos da pesquisa participativa, inspirada em Brandão, que amplia o
alcance das atividades, possibilitando tanto o posicionamento ativo e crítico de todos os
sujeitos envolvidos, quanto à intervenção e a busca da transformação de cada comunidade
através da construção de novos conceitos e valores a partir da participação coletiva
dialógico-dialética. Nesse sentido pode-se perceber que essa metodologia permite a
articulação pesquisa-extensão e traz resultados ao processo de aprendizagem, o que ratifica a
importância da indissociabilidade ensino-pesquisa e extensão, pilar fundamental da
instituição universitária.
Importante ressaltar que a apresentação de trabalhos foi organizada de acordo com
as seguintes áreas temáticas: Educação ambiental em contextos escolares; preservação,
conservação e gestão ambiental; formação e ambiente; histórias de vida e ambiente; e
diversidade e ambiente, sendo avaliados por um comitê interno à Universidade.

Resultados e discussão
Os resultados esperados foram atingidos com sucesso, principalmente no que se
refere à formação de uma rede de diálogo entre os interessados no assunto, pessoas de
diferentes órgãos, grupos, e instituições, o que possibilitou a expansão dos horizontes de
informações sobre a questão ambiental. As expectativas foram superadas, na medida em
que o evento alcançou a participação de indivíduos em formação e que, possivelmente,
terão papel fundamental na sociedade tornando-se formadores de opiniões semeando uma
educação mais completa e consistente.
Essas variadas e ricas contribuições ao pensar e agir em bases ambiental e
socialmente responsáveis remetem ao que Layrargues (2006) enfatiza ao tratar a educação
ambiental com responsabilidade social, onde se tornam visíveis as mútuas relações de
causalidade multidimensional entre os fatores sociais, ecológicos, culturais, econômicos,
políticos, territoriais, éticos. Segundo ele:
(...) a educação ambiental com responsabilidade social é toda aquela que
propicia o desenvolvimento de uma consciência ecológica no educando, mas
que contextualiza seu planejamento político-pedagógico de modo a enfrentar
também a padronização cultural, a exclusão social, a concentração de renda,
a apatia política, a alienação ideológica: muito além da degradação do
ambiente (sem confundi-la com o „desequilíbrio ecológico‟).

Entendemos que o evento viabilizou a reafirmação de vários conceitos que


vinham sendo estudados e refletidos nas discussões do GEPEADS, mobilizando os seus
participantes a pensar sobre as suas próprias práticas cotidianas e a se re-pensarem como
sujeitos ecológicos, ou seja, direcionados continuamente por um pensar eticamente
comprometido com uma visão de mundo ecológica e socialmente sustentável. Na
perspectiva abordada por Isabel Carvalho, pudemos nos entender melhor como educadores
ambientais, sujeitos de um tempo histórico, capazes de construir novas possibilidades de
estar e ser no mundo. Para Carvalho (2004):
(...) a noção de sujeito ecológico pode também ser considerada como uma
espécie de subtexto presente na narrativa ambiental contemporânea,
configurando o horizonte simbólico do profissional ambiental de modo geral
e, particularmente, do educador ambiental. Neste sentido o educador
ambiental é alguém identificado com o sujeito ecológico como ideal de ser e
formador deste mesmo ideal na sua ação educativa.

Conclusão
A realização de mais uma Semana de Educação Ambiental foi de suma importância
tanto para a comunidade interna à Universidade quanto para os diferentes participantes
locais e regionais, por ter proporcionado amplo e democrático debate, pelos diferentes
olhares e perspectivas sobre a questão ambiental em suas múltiplas facetas o que
possibilitou aos participantes instrumentos capazes de conduzir a uma intervenção
fundamentada e eficaz em suas comunidades.
Destacamos que os resultados da III SEMEA foram extremamente positivos,
sobretudo, pela criação de uma rede comunicativa que, certamente, permitirá para os
próximos eventos uma construção ainda mais participativa com vistas a um conhecimento
vasto e crítico das questões ambientais gerais e locais. Essa rede dialógica se embasa no
que tão bem foi referenciado pelo grande mestre Paulo Freire:
O que se pretende com o diálogo, em qualquer hipótese, é a problematização
do próprio conhecimento em sua indiscutível relação com a realidade
concreta na qual se gera e sobre a qual incide, para melhor compreende-la,
explicá-la, transformá-la. (FREIRE, 1988).

No que tange à formação profissional, a organização e sistematização do evento


propiciou uma reflexão sobre os próprios processos formativos da equipe de estudantes
envolvidos diretamente na sua organização, particularmente no que se refere à
compreensão e construção da inserção da transversalidade da temática ambiental nos
processos e práticas formativas dos futuros educadores. A experiência de planejamento,
organização, execução e, posteriormente, de avaliação das atividades realizadas durante a
II SEMEA, contribuiu para fortalecer a idéia de entender a educação e os processos
educativos formais e informais como atos de amor, pois, como nos ensina Paulo Freire
(1988):
A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem. Não pode temer
o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob
pena de ser uma farsa.

Referências Bibliográficas
BRANDÃO, C. R. Pesquisa Participante. São Paulo: Brasiliense, 1990.
CARVALHO, I. C. M. Educação Ambiental: formação do sujeito ecológico. São Paulo:
Cortez, 2004.
FREIRE, P. Educação como prática para a liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
______. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
LAYRARGUES, F. P. Muito além da natureza: educação ambiental e reprodução social.
In:LOUREIRO, C. F. B., LAYRARGUES, F.P. & CASTRO, R. S. (Org.) Pensamento
complexo, dialética e Educação Ambiental. São Paulo: Cortez, 2006.
ABELHAS NATIVAS COMO FERRAMENTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Área temática: Meio Ambiente


Responsável pelo trabalho: L. SOUZA
Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – Centro de Ciências
Agrárias – CCA – Alegre/ES

Nome dos Autores: L. SOUZA1; J.F. SCALFONI 2; N. S. FRAGA2; A.L. KRÜGER3;


S. PEDROSA3; L.V. RIBEIRO3 – 1DMVET – CCA – UFES - Cx. Postal 16 – 29500-
000 – Alegre/ES, email: [email protected]; 2 Ciências Biológicas CCA-
UFES-Alegre/ES; 3 Parque Estadual da Cachoeira da Fumaça – Alegre/ES.

RESUMO
Dentro de Hymenoptera as abelhas nativas são importantes indicadores ecológicos por
sua especialização no uso da flora nativa para a coleta de néctar e pólen, favorecendo a
polinização das espécies nativas e manutenção dos ecossistemas. Porém, estas
informações são desconhecidas do público em geral, e, assim, uma ação de educação
ambiental foi proposta para disseminar conhecimento da importância das abelhas
nativas nos processos de manutenção do sistema ecológico. As atividades foram
realizadas no Parque Estadual da Cachoeira da Fumaça (PECF) que é uma Unidade de
Conservação no sul do Estado do Espírito Santo. Para o desenvolvimento deste projeto
foram realizadas diversas etapas: delimitação do espaço para a manutenção de colônias
de abelhas nativas; estruturação das oficinas de capacitação dos monitores e equipe do
PECF sobre a biologia e importância das abelhas nativas; preparação de material
didático utilizados nas oficinas de EA; estruturação do concurso de desenhos de abelhas
nativas e a realização das Oficinas de EA “Abelhas nativas: quem são e para que
servem?”. Após a participação nas dinâmicas preparadas sobre o tema, observou-se uma
mudança de opinião a respeito das abelhas, pois a maioria conhecia somente a espécie
exótica Apis mellifera. Desta forma, este projeto contribuiu com a transferência do
conhecimento científico à população em geral e com a política do PECF que utiliza
diferentes alternativas para promover maior integração entre a Unidade de Conservação,
a comunidade local e os turistas, buscando uma sensibilização destes para as questões
ambientais.

Palavras-chave: Parque Estadual da Cachoeira da Fumaça; Alegre/ES; polinização

Introdução

A polinização pode ser definida como a transferência de grãos de pólen das


anteras para o estigma, o que pode se dar em uma mesma flor ou entre flores distintas
(Endress, 1994), e as síndromes de polinização podem ser de vários tipos em função do
polinizador efetivo (Faegri e Pijl,1979).
Estima-se que 85% das espécies cultivadas dependem de polinização por insetos
na União Européia e Estados Unidos (Williams, 2002), e nas regiões tropicais estima-se
que 25% dos cultivos dependem de abelhas para polinização (Heard, 1999 apud
Richards, 2001; Castro, 2002). Segundo Kerr et al. (2001), os meliponídeos brasileiros
seriam responsáveis, conforme o ecossistema considerado, por 40 a 90% da polinização
das árvores nativas. Maués (2002) discute a importância das abelhas na polinização da
castanheira na Amazônia (Bertholletia excelsa), que é uma espécie nativa e de interesse
econômico. Outros estudos podem ser encontrados na compilação bibliográfica
realizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2006).
No Brasil 95% das espécies de abelhas nativas tem hábito de vida solitário e
somente 5% tem comportamento eusocial, ou seja, vivem em colônias com centenas de
indivíduos. Todas as espécies, solitárias ou eusociais, são importantes no processo
ecológico de polinização da flora nativa, além de serem responsáveis ou contribuírem
efetivamente para a polinização de diferentes espécies botânicas de interesse econômico
(Alves-dos-Santos, 2002).
A Mata Atlântica apresenta maior diversidade biológica relativa das florestas
tropicais conhecidas, no entanto, sua extensão foi reduzida a 7,6% de sua extensão
original devido a forte pressão antrópica, e este impacto reflete diretamente na perda de
espécies da fauna nativa, incluindo as abelhas. Populações de muitas plantas nativas e
seus polinizadores estão sendo diminuídas e perdidas devido à perda do habitat; o uso
de herbicidas pode agravar esta perda e acelerar a extinção das populações de plantas
locais (Hafernik Jr, 1992; Kevan, 1999).
Com o debate ambientalista generaliza-se um certo consenso no plano da
opinião pública, a respeito da necessidade de conscientizar os diferentes estratos da
população sobre os problemas ambientais que ameaçam a vida no planeta. Desta forma,
a educação ambiental (EA) têm sido incorporada como uma prática em diferentes
âmbitos, e tem como desafio repensar as relações entre sociedade e natureza com a
utilização de diversos recursos pedagógicos para atingir este propósito (Carvalho,
2001).
O Parque Estadual Cachoeira da Fumaça tem há muito tempo utilizado diversas
alternativas para uma maior integração entre a Unidade de Conservação, a comunidade
local, e, em especial, com os turistas, buscando uma sensibilização destes para as
questões ambientais. Desta forma, este projeto teve como objetivo principal utilizar a
biologia das abelhas nativas como ferramenta nas atividades de educação ambiental
para sensibilizar a população na questão da importância da preservação das áreas
nativas do entorno da Cachoeira da Fumaça.

Material e Metodologia
Área de Estudo:
O projeto foi realizado no Parque Estadual da Cachoeira da Fumaça (PECF). O
PECF possui uma área de 162,5 ha constituída por pastagens, vegetação rupestre e
rochas, em um relevo movimentado, com a declividade variando de montanhosa a
moderada. Sua flora original é classificada como Floresta Estacional Semidecidual,
porém, desde o Decreto de Instalação do Parque de 1984 algumas áreas que eram de
pastagens foram reflorestadas com espécies da flora exótica e, desde o Decreto de
ampliação da área do Parque de 2009, está ocorrendo um processo de manejo com a
retirada das espécies exóticas e plantio de espécies nativas.
Apresenta um clima tropical megatérmico com pluviosidade média anual de
aproximadamente 1.200 mm, e temperatura média anual em torno de 23°C, com
mínimas diárias de 15°C.
A Cachoeira da Fumaça é uma das principais opções de recreação e lazer da
região, recebendo em média 830 pessoas/mês durante todo ano, sendo que na temporada
de Verão 2010, de 21/12/2009 a 28/02/2010, o PECF recebeu 7168 visitantes, com uma
média semanal de 716 visitantes (PECF, 2010).

Metodologia:

1 - Delimitar o espaço para a manutenção de ninhos de abelhas nativas no Jardim das


abelhas nativas do PECF.
Este espaço foi determinado após a conclusão de um projeto sobre a
“Implantação do Jardim das Abelhas no PECF”. Deste projeto também originou o
material necessário e as colônias de abelhas que foram estabelecidas no espaço, e,
posteriormente, utilizadas nas dinâmicas de Educação Ambiental, propostas neste
projeto. As colônias foram fornecidas através da parceria entre os Meliponários
Capixaba e Ozenio Jose Zorzal, e do Apiário da Universidade Federal de Viçosa.

2 - Estruturar oficinas de capacitação dos monitores e funcionários do PECF sobre a


biologia e importância das abelhas nativas.
Foram preparadas palestras sobre a biologia das abelhas nativas, métodos de
coleta, identificação e importância ecológica do grupo, que foram ministradas no PECF.

3 - Preparar material didático a serem utilizados nas oficinas de EA.


Informações sobre a biologia das abelhas nativas, as principais fontes de
alimento, os principais inimigos naturais e a importância ecológica do grupo foram
transformadas em folhetos explicativos, cartilhas e banner utilizados nas oficinas de
Educação Ambiental.

4 - Estruturar um concurso de desenhos para o logo do “Jardim das abelhas do PECF”.


Foi proposto um concurso para as crianças e jovens da comunidade do entorno
desenvolverem imagens representativa das abelhas nativas de ocorrência no PECF. Para
tanto foram apresentadas às crianças exemplares da Coleção de Referência de Abelhas
Nativas do CCA-UFES e a sugestão de fazerem desenhos de abelhas utilizando as cores
das abelhas nativas apresentadas a elas.

5 – Oficinas de EA “Abelhas nativas: quem são e para que servem?”


As oficinas foram conduzidas durante a temporada de verão 2010/2011 com a
comunidade do entorno e com os visitantes do PECF.

Resultados e Discussões
Todas as etapas propostas foram desenvolvidas no período de janeiro a junho de
2011. Foi delimitado um espaço físico para a colocação das colônias de abelhas no
Parque Estadual da Cachoeira da Fumaça (PECF) denominado de “Trilha das Abelhas”
(Figura 1).
Foram preparados materiais didáticos no formato de palestras em power-point
para a capacitação dos pessoal técnico do PECF, bem como material impresso para a
distribuição do público alvo do projeto (Anexo I), e de banner colocado na Trilha das
Abelhas (Figura 2).
O concurso de desenhos realizado com o público infantil de 4 a 12 anos foi
realizado durante as Oficinas e no final foi selecionado o desenho mais representativo
das abelhas nativas (Figura 3). As Oficinas de Educação Ambiental foram estruturadas e
serão utilizadas para a divulgação da importância das abelhas nativas para as escolas
visitantes (Figura 4).
O desenvolvimento do Projeto possibilitou a integração da UFES com o PECF
através da participação de estudantes da UFES na preparação de materiais, atuação nos
cursos de preparação dos monitores e pessoal técnico do PECF, e a integração das duas
Instituições em Projetos de Educação Ambiental.
Com a divulgação do projeto na mídia Folha Vitória
(http://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/2011/01/curso-sobre-insetos-na-temporada-de-verao-do-parque-
cachoeira-da-fumaca.html), Gazeta Online
(http://www.gazetaonline.jor.br/lerNoticia.php?idconteudo=3294) e no programa Em Movimento
(http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/03/noticias/tv_gazeta/em_movimento/reportagem/794867
-a-helena-fez-um-passeio-pela-cachoeira-da-fumaca.html) houve uma procura maior pelas
escolas do entorno em conhecer o projeto e, em função desta procura, está sendo
proposta a continuidade do projeto para as próximas temporadas de inverno (julho de
2011) e de verão (janeiro a março de 2012).

Conclusão
- As Oficinas de educação Ambiental foram realizadas na Temporada de Verão de
2011 (janeiro a março).
- O projeto foi procurado por diversos visitantes e escolas após a divulgação na
mídia.
- Houve a integração de docentes e discentes da UFES com a equipe técnica do
PECF para a realização das atividades.
- Ocorreu uma transferência de informações para o público alvo sobre quem são
as abelhas nativas e qual a importância ecológica do grupo na manutenção dos
ecossistemas.

Referências

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CARVALHO, I.C.M. Qual educação ambiental? Elementos para um debate sobre educação ambiental e
extensão rural. Agroecologia e Desenv. Rural Sustentável.,Porto Alegre, v.2, n.2, p. 43-51, 2001
CASTRO, M.S. Bee fauna of some tropical and exotic fruits: potential pollinators and their conservation.
In: KEVAN, P.G.; IMPERATRIZ-FONSECA V.L. (Ed.). Pollination bees: the conservation link
between agriculture and nature. Brasília: Ministry of Environment, Secretariat for Biodiversity and
Forests, 2002, p. 275-288.
Endress, P.K. Diversity and evolutionary biology of tropical flowers. Cambridge, Tropical
Biology series. 1994.
FAEGRI, K.; VAN DER PIJL. The principles of pollination ecology. 3rd. edition. New York:
Pergamon Press. 1979.
HAFERNIK Jr, J.E. Threats to invertebrate biodiversity: implications for conservation strategies. In:
FIEDLER, P. L.; JAIN, S. K. (ed.). Conservation biology: the theory and pratice of nature
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JAUKER, F.; DIEKÖTTER, T.; SCHEARZBACH, F.; WOLTERS, V. Pollinator dispersal in an
agricultural matrix: opposing responses of wild bees and hoverflies to landscape structure and distance
from mains habitat. Landscape Ecology, v.24, p. 547-555, 2009.
KERR, W.E.; CARVALHO, G.A.; SILVA, A.C.; ASSIS, M.G.P. Aspectos pouco mencionados da
biodiversidade amazônica. In: Ministério da Ciência e Tecnologia. Parcerias Estratégicas, n.12, p.20-41,
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KEVAN. P.G. Pollinators as bioindicators of the state of the environment: species, activity and diversity.
Agriculture, Ecosystems and Environment, v.74, p.373-393, 1999.
MAUÉS, M.M. Reproductive phenology and pollination of the Brazil nut tree (Bertholletia excelsa
Humb. & Bonpl. Lecythidaceae) in eastern Amazonia. In: KEVAN, P.G. & IMPERATRIZ-FONSECA V.L.
(Eds.). Pollination bees: the conservation link between agriculture and nature. Brasília: Ministry of
Environment, Secretariat for Biodiversity and Forests. 2002, p. 245-254.
MMA. Bibliografia brasileira de polinização e polinizadores. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria
de Biodiversidade e Florestas, Brasília: MMA. (Série Biodiversidade 16). 2006, 205 p.
PECF (Parque Estadual Cachoeira da Fumaça) Controle de fluxo. Relatório final verão 2009/2010.
Alegre/Ibitirama:PECF. 52p.
RICHARDS, A.J. Does low biodiversity resulting from modern agricultural practice affect crop
pollination and yield? Annals of Botany, v.88, p.165-172, 2001.
SAMWAYS, M.J. Insect conservation biology. London: Chapman & Hall, 1994. 358p.
WILLIAMS, I.H. Insect pollination and crop production: a European perspective. In: Kevan, P.G.;
Imperatriz-Fonseca, V.L. (ed.). Pollination bees: the conservation link between agriculture and
nature. Brasília: Ministry of Environment, Secretariat for Biodiversity and Forests. 2002, p. 59-66.

Figura 1: Portal de entrada da “Trilha das Abelhas”.


Figura 2: Banner com informações sobre abelhas nativas colocadas na Trilha das Abelhas no Parque
Estadual da Cachoeira da Fumaça.

Figura 3: Oficinas de Educação Ambiental e o desenho de abelha nativa selecionado entre as crianças
participantes

Figura 4: Atividades de recepção de estudantes para a realização das Oficinas de Educação Ambiental.
AÇÕES DE MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA NO BAIRRO VILA BRASIL, EM
SÃO JOÃO DEL-REI/MG.
Um breve histórico dos anos de 2006 a 2011.

Área temática
Meio Ambiente

Responsável pelo trabalho


T. BASTOS

Instituição
Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)

Autores
B. COELHO
N. SADHANA
T. BASTOS

Resumo
Apresentamos um histórico do programa de extensão “Cidadania e justiça ambiental: ações
de mobilização comunitária em São João del-Rei/MG”, desenvolvido, desde o ano de
2003, pelo Núcleo de Investigações em Justiça Ambiental (NINJA), do Departamento de
Ciências Sociais da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). O programa realiza
ações de fomento e assessoria à organização por melhorias de infra-estrutura urbana em
bairros periféricos da cidade, entre eles a Vila Brasil, bem como articular as ações
reivindicativas em escala municipal em torno de problemas comuns em tais bairros. Nesse
sentido, partimos do referencial freiriano de que a extensão, bem como a Universidade,
tem papel fundamental na transformação da realidade, não substituindo os atores desse
processo e, tampouco, o Estado (FREIRE, 1983). Atuamos na reflexão micro e macro
social da realidade ali vivida, a partir da leitura e discussão, em seminários semanais, de
textos de Sociologia Urbana e da legislação urbanística municipal, estadual e federal,
educação popular, justiça ambiental e extensão universitária. A reflexão em torno dos
determinantes sociais e econômicos que levam a tal realidade é o ponto de partida do nosso
trabalho. Percebemos avanços em torno de tal reflexão, a partir da apreensão, pelas
lideranças comunitárias, da necessidade de articulação com outros bairros periféricos da
cidade. E, ainda, o início da implantação de saneamento básico, o asfaltamento de ruas do
bairro e a obtenção da propriedade de uma área de aproximadamente 300 m2, onde será
construída a sede própria da Associação de Amigos e Moradores da Vila Brasil
(AMAVIBRA).

Palavras-chave
Justiça ambiental, conflitos urbanos, educação popular.

Introdução
O presente trabalho apresenta um breve histórico do programa de extensão
“Cidadania e justiça ambiental: ações de mobilização comunitária em São João del-
Rei/MG”, desenvolvido, desde o ano de 2003, pelo Núcleo de Investigações em Justiça
Ambiental (NINJA), do Departamento de Ciências Sociais da UFSJ.
O programa teve seu início a partir da articulação com moradores do bairro São
Dimas e, posteriormente, com outros bairros de periferia de São João del-Rei, abrangendo,
a partir de 2006, o bairro Vila Brasil em 2006. Parte-se a partir da perspectiva teórico-
metodológica da Justiça Ambiental, considerando-se que, mesmo em se tratando de bairros
de classes populares que possuem singularidades, trata-se de situações que são
determinados pelas desigualdades gerais na forma de apropriação dos bens naturais e de
condições de vida.
Nesse sentido, o programa de extensão é vinculado a pesquisas de Iniciação
Científica como forma de apreender o processo histórico de formação do bairro, bem como
dar subsídios à organização da comunidade em suas lutas, na recuperação de sua memória
e identidade.

Material e Metodologia

Como elucida Maricato (2001), há uma cidade ilegal excluída do mercado


hegemônico, de forma que as pessoas que não têm acesso à moradia nos centros urbanos
constroem suas casas em áreas irregulares, sem qualquer auxílio do Estado. Nesse sentido,
as condições de infra-estrutura são obtidas a partir da mobilização da comunidade. Em
geral, ocorre omissão do Estado no que tange a políticas públicas, tornando-se ator desse
processo apenas a partir das relações clientelistas.
Para o trabalho em questão, partimos do referencial freiriano de que a extensão,
bem como a Universidade, tem papel fundamental da transformação da realidade, não
substituindo os atores desse processo e, muito menos, o Estado. Nesse sentido, nossa
atuação se dá no âmbito da reflexão micro e macrossocial da realidade ali vivida, a partir
da leitura e discussão, em seminários semanais, de textos de Sociologia Urbana e da
legislação urbanística municipal, estadual e federal, educação popular, justiça ambiental e
extensão universitária; elaboração e realização módulos de educação popular para líderes
comunitários; produção e distribuição de boletins informativos sobre os trabalhos
comunitários.

Resultados e Discussões

O processo de loteamento do bairro Vila Brasil ocorreu na década de 1970 e sua


ocupação se dá, principalmente, na década de 1980, “(...) com uma área loteada de 7.680
ha e um total de 216 lotes destinados a atender às crescentes demandas demográficas
existentes nas regiões circunvizinhas.” (CARNEIRO e TAVARES, 2006). Tal processo de
urbanização ocorreu de forma lenta, prolongando-se até os dias atuais com,
aproximadamente, 100 casas, em decorrência das dificuldades de moradia e condições de
vida ali encontradas, o que caracteriza uma histórica relação de mobilização e de luta por
melhorias. Por ser a vila Brasil considerada como “bairro irregular” pela prefeitura de São
João del-Rei, a mobilização da comunidade por melhorias de infra-estrutura torna-se
deslegitimada, e os órgãos públicos usam do discurso da “irregularidade” para se furtarem
ao atendimento de tais reivindicações.
Enxergamos o processo de urbanização do bairro Vila Brasil, não apenas como
mais um processo de urbanização característico de classes populares, mas como uma
questão de injustiça ambiental, a partir da perspectiva de que há uma discrepância na
relação com os riscos ambientais entre comunidades de bairros periféricos e as de bairros
centrais, assim como nas formas de apropriação dos recursos naturais e sociais. Tal
perspectiva torna-se evidenciada pela luta da comunidade em questão por acesso à cidade,
saneamento básico, água tratada, iluminação pública, pavimentação de ruas etc.
Nesse sentido, no ano de 2011, o NINJA, a partir da reivindicação por auxilio
educacional para jovens e crianças, apresentada pela comunidade da vila Brasil,
desenvolveu e executou junto aos moradores um levantamento de escolaridade, com os
objetivos de elucidar o real interesse e disponibilidade dos estudantes em participar de
aulas de reforço escolar e ainda de conhecer a atual situação da comunidade perante a
educação formal. Mais do que simples aulas de reforço, pretende-se que a atividade seja
uma experiência de educação popular, buscando uma reflexão mais crítica sobre as
próprias condições da comunidade de acesso à educação de qualidade e outros direitos
básicos. Atividade semelhante vem sendo desenvolvida, desde o ano de 2009, no bairro
São Dimas.
Os dados do levantamento ainda estão sendo tabulados e analisados, tendo em vista
o inicio das aulas de reforço para o segundo semestre desse ano. No entanto, já pudemos
observar não só um interesse dos jovens e crianças em relação ao auxilio educacional, mas
também dos pais e familiares desses estudantes em dar continuidade aos estudos. Para a
problematização a respeito da educação, não só nestes bairros, mas em escala macro social,
faremos reuniões reflexivas com os pais e interessados a respeito do papel do Estado na
educação.
No que tange ao acesso à cidade, houve, em 2006, uma mobilização pela criação de
um trevo entre o bairro e a BR-265, que, mais uma vez, foi ignorada pelos órgãos
responsáveis, sob a alegação de “irregularidade” do bairro, havendo apenas a implantação
de sinalizações horizontais, o que melhora, em parte, a segurança dos moradores ao
atravessarem a BR-265. Ainda em prol do acesso à cidade, as ações da comunidade estão
voltadas para a pavimentação das ruas do bairro, para permitir o acesso a ônibus. Mesmo
conseguindo o asfaltamento de algumas ruas, a questão do ônibus também não fora
solucionada.
Outras antigas reivindicações do bairro são a implantação da rede de esgoto e a
construção de uma sede própria para a AMAVIBRA. Nesse sentido, obteve-se, junto ao
empreendedor do loteamento “irregular”, a cessão, à AMAVIBRA, da propriedade de uma
área de aproximadamente 300 m2, remanescente da gleba original, onde será construída a
sede própria da AMAVIBRA (fizemos contato com um professor do Curso de Arquitetura
da UFSJ que se dispôs a elaborar gratuitamente o projeto da obra). Para a construção da
sede, a Associação aguarda uma verba da Secretaria de Desenvolvimento Social de São
João Del-Rei.

Conclusão

Percebemos, ao longo dos anos de trabalho de Extensão Universitária e Iniciação


Científica com a população, e à luz da perspectiva da injustiça ambiental, que essas
pessoas, se não organizadas, vivem como invisíveis numa cidade também invisível. Nesse
sentido, embora conscientes das limitações inerentes às práticas clientelistas, não
encontram alternativas frente às necessidades urgentes de melhoria das condições em que
vivem. Em nosso trabalho, procuramos partir dessas condições concretas para apresentar
aos movimentos populares uma perspectiva mais ampla de luta por direitos de cidadania.
A reflexão em torno dos determinantes sociais e econômicos que levam a tal
realidade é o ponto de partida do nosso trabalho. Percebemos muitos avanços em torno de
tal reflexão, a partir do momento em que os próprios moradores e liderança comunitária
apreendem a necessidade de articulação com outros bairros periféricos de São João del-
Rei, que se expressa, por exemplo, na idéia da AMAVIBRA de fazer o jornal da
comunidade em conjunto com o bairro São Dimas. No âmbito acadêmico, percebemos a
relevância dos trabalhos desenvolvidos nos bairros de baixa renda de São João Del-
Rei/MG, pela continuidade dos mesmos, por alunos que trabalharam no local (vários deles
hoje cursando mestrado e doutorado em instituições de excelência, nacionais e
internacionais) tratando do tema da construção e legitimação das desigualdades urbanas.

Referências

ACSELRAD, Henri; HERCULANO, Selene; PÁDUA, José Augusto (org.). Justiça


ambiental e cidadania. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004. 315 p.

CARNEIRO, Eder Jurandir e TAVARES, Dênis Pereira. Notas sobre uma experiência de
extensão nos bairros vila Brasil e Novo Bonfim – São João del-Rei/MG. Relatório final
do programa de extensão “Cidadania e justiça ambiental: ações de mobilização
comunitária em São João del-Rei/MG”. Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal
de São João del-Rei, 2009.

FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação?. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis:


Vozes, 2001.
Título: “ADAPTAÇÃO” COMO TEMA CENTRAL DO PROJETO CIÊNCIA E
ESCOLA: UMA PONTE PARA O CONHECIMENTO
Área temática: Meio Ambiente
Responsável pelo trabalho: Maria Rita Silvério Pires ([email protected])
Instituição: Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente,
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Nome dos autores: Ana Clara Franco de Magalhães, Ceres Olivia Leão, Viviane
Renata Scalon, Hildeberto Caldas de Souza, Leandro Moreira
Resumo
O projeto Ciência e Escola reúne docentes e graduandos com como objetivo de
estimular alunos do ensino médio e fundamental a produzir conhecimento e aproximá-
los da universidade. O presente trabalho relata uma experiência desenvolvida em torno
do tema Adaptação. Participaram 50 alunos de cinco escolas do município de Ouro
Preto. As atividades ocorreram na universidade de segunda a sexta-feira no turno da
tarde. Os alunos foram distribuídos grupos de trabalho, que atuaram em um laboratório
(Botânica, Ecologia, Fisiologia e Bioquímica, Limnologia, Morfologia e Biologia
Celular, Parasitologia e Zoologia). Em cada laboratório, docente e monitores
estimularam a proposição de perguntas, formulação hipóteses e planejamento do
trabalho ser realizado ao longo da semana. Foram aplicados aos participantes
questionários antes e ao final do evento para avaliar o cumprimento dos objetivos do
projeto. O tema “adaptação” permitiu diferentes abordagens biológicas, que foram
aplicadas e discutidas em situações experimentais. A avaliação dos questionários
indicou que a maioria destes alunos selecionados já vislumbrava a ciência como
importante para sua formação, mas não tinham tido oportunidade de vivenciá-la. A
pequena parcela de alunos que respondeu as perguntas de maneira divergente no início
das atividades, ao término mudou de idéia. Demonstrando que atividades deste tipo são
capazes de despertar o interesse do aluno, desde que planejadas e focadas em
metodologias interativas. Foi possível concluir que práticas pedagógicas que fortaleçam
indagações e ações podem ser empregadas mediante a elaboração de propostas
científicas objetivas. Eventos dessa natureza consistem em oportunidade única para
muitos alunos de repensar o futuro.
Palavras chave: Estímulo ao pensamento científico, Formação de professores.
Construção do conhecimento

1
Introdução
O projeto Ciência e Escola, vinculado ao programa de Educação Ambiental e à
Pró-Reitoria de Extensão Universitária da UFOP, é desenvolvido por professores e
técnicos das áreas de Botânica e Zoologia em parceria com outros docentes da área
biológica. Este projeto tem como objetivo central desenvolver nos alunos do ensino
médio e fundamental o pensamento científico e aproximá-los da universidade e vem
sendo oferecido semestralmente ao longo de quatro anos. Em cada versão é trabalhado
um tema distinto, tal como: “Saúde”, “Mitos e lendas associados à fauna e flora”,
“Biodiversidade no Brasil: prazer em conhecê-la”, “Que cheiro é esse?”, “Defesas
naturais” e“ Adaptação”.
O presente trabalho consiste em uma análise de uma versão desse projeto que foi
desenvolvido em torno do tema Adaptação. O conceito biológico de adaptação foi
considerado como sendo um processo de modificações evolutivas de ajustamento
fenotípico ou genotípico de organismos e/ou populações às condições ambientais
particulares, que lhes permitam sobreviver, reproduzir e se desenvolver.
Como nas demais versões, foi proporcionado um ambiente, no qual alunos do
ensino médio e fundamental pudessem entrar em contato com a ciência vivenciada no
cotidiano, desde a formulação da pergunta, a idealização dos procedimentos de
experimentação, coleta de dados, análise dos resultados e apresentação do produto final.
Dessa forma, o aluno assume o papel de “investigador científico” e passa a construir e
analisar o conhecimento de forma crítica e efetiva.
O objetivo do presente estudo foi realizar uma atividade de extensão
universitária envolvendo graduandos, como monitores, e estudantes do ensino
fundamental e médio em torno do tema adaptação numa abordagem interdisciplinar e,
ao mesmo tempo, estimular a produção de conhecimento por parte desses estudantes
através emprego do método científico.
Material e Métodos
Cinco escolas do município de Ouro Preto se interessaram em participar,
resultando num total de 50 alunos da nona série do ensino fundamental e do ensino
médio, sendo 10 de cada escola. O convite foi feito à coordenação pedagógica das
escolas pelos coordenadores ou pelos monitores. O método de escolha dos alunos ficou
a critério da escola, porém foi sugerido um sorteio entre os interessados.

2
As atividades ocorreram nas dependências da UFOP de segunda a sexta-feira no
horário de 13h00 às 17h. No primeiro dia, os alunos foram recepcionados com uma
apresentação da equipe de docentes e monitores, dos alunos participantes, bem como
sobre os propósitos do evento e sobre o tema a ser trabalhado. Os alunos foram
distribuídos em sete grupos de trabalho referentes aos laboratórios de Botânica,
Ecologia, Fisiologia e Bioquímica, Limnologia, Morfologia e Biologia Celular,
Parasitologia e Zoologia. Em cada laboratório, o docente responsável discorreu sobre as
relações entre o tema “Adaptação” e as áreas de pesquisa desenvolvidas, de modo a
despertar o interesse do seu grupo de alunos.
No segundo dia, foram organizadas as hipóteses e o planejamento do trabalho,
de modo a ser possível a sua execução no prazo previsto. No terceiro e quarto dias,
foram realizados os experimentos. Ao final do quarto dia, o grupo finalizou a
experimentação e analisou os resultados, já prevendo a exposição final. No
encerramento da semana, os resultados foram apresentados pelas equipes com auxílio de
cartazes, na forma de um mini-congresso.
Diariamente, foi oferecido um lanche no restaurante universitário, onde os
alunos participaram de um debate com apresentação parcial das atividades entre os
grupos. Essa atividade teve como objetivo a integração entre os trabalhos desenvolvidos
pelos dos grupos por meio de diferentes enfoques e métodos.
O projeto contou ainda com a participação dos bolsistas do Programa de
Estímulo à Docência em Biologia (PED-Bio) da UFOP. Assim, esse evento visou
também dar suporte a esses discentes na elaboração de práticas pedagógicas
diversificadas em seus projetos científicos com a comunidade local.
Após a recepção, foi aplicado um questionário aos alunos contendo perguntas a
respeito da temática “Ciência”. O intuito deste questionário foi obter informações sobre
o interesse destes alunos em Ciência, bem como caracterizar-se como um instrumento
de verificação e avaliação do projeto. Ao final do evento, foi aplicado um questionário
similar.

Resultados e Discussão

O tema “adaptação” permitiu que diferentes abordagens biológicas fossem aplicadas


e discutidas em situações experimentais elaboradas pelos alunos nos diferentes
laboratórios de pesquisa. Os temas centrais trabalhados por cada grupo são apresentados
na tabela1.

3
Tabela 1: Laboratórios participantes e questões trabalhadas pelos alunos
Laboratórios Temas trabalhados
Limnologia Adaptação de espécies de microcrustáceos zooplanctônicos sob
diferentes condições de predação (tamanho e tipo do predador).

Biodiversidade Adaptações de diferentes insetos com relação aos recursos


alimentares disponíveis no ambiente. Os alunos fizeram coletas
entomológicas no próprio Campus.
Zoologia Morfologia corporal e métodos de predação em répteis
Botânica Respostas adaptativas de cactáceas plantas aquáticas em seus
respectivos ambientes de vida.
Parasitologia Relação patógeno-parasita: triatomídeos e sua relação de
dependência com mamíferos.
Morfologia e Adaptações celulares em distintas condições, e o
Biologia Celular desenvolvimento do embrião no útero.
Fisiologia e Adaptações fisiológicas de ratos hipertensos em comparação
Bioquímica com ratos em condições normais.

A avaliação dos questionários indicou que a maioria dos participantes era constituída
por alunos extremamente interessados em Ciências, muitos dos quais não tinham tido a
oportunidade de vivenciar esse tipo de construção intelectual, como pode ser observado
na tabela 2.

Tabela 2: Análise de alguns dos resultados obtidos mediante questionário respondido pelos participantes.
Perguntas Opções de resposta Análise estatísticaa

Você acredita que a (A) Sim, Muito.


Ciência possa (B) Sim, embora não perceba como.
influenciar na sua (C) Sim, mas nem ligo pra isso.
vida? (D) Não, e por isso não ligo à mínima.
(E) Não, pois nunca percebi esta influência.
Como você observa a (A) Como uma obrigação.
Ciência? (B) Como um divertimento.
(C) Como um simples passatempo.
(D) Como um mundo a ser desvendado.
(E) Como uma disciplina escolar que seria legal
aprender.
O que são Cientistas (A) São pessoas como outras quaisquer com uma
sob seu ponto de profissão igual a qualquer outra.
vista? (B) São pessoas malucas que vivem a vida inteira
estudando sem preocupação de ganhos financeiros.
(C) São pessoas comuns com uma profissão
diferenciada, mas de extrema importância.
(D) São pessoas que por escolheram a profissão para
ficarem mais tempo sem ter o que fazer.
(E) São profissionais essenciais a qualquer Nação que
almeja crescimento econômico.

4
Você, pelo que (A) Sim, pois creio ser uma profissão indispensável
conhece da Ciência, se para o País.
tornaria um futuro (B) Não, pois não tenho o mínimo interesse ou
Cientista habilidade para isso.
independentemente (C) Sim, mas ainda não me deparei com nada que me
da área de interesse? interessasse a este ponto.
(D) Não, pois almejo um futuro rentável e não viver
dentro de uma Universidade ou Centro de Pesquisa só
estudando.
(E) Não, pois acho a ciência algo entediante.
O que você acha que (A) Nada, pois a escola tem um bom ensino de
falta em sua escola Ciências.
para que o ensino de (B) Professores mostrem relação entre a ciência e a
Ciências se torne algo vida da gente.
mais atrativo e (C) Laboratório para aulas e experiências.
interessante? (D) Maior número de matérias de pesquisa.
(E) Nada, apenas que eu molde meus interesses às
propostas docentes.
(F) Outros (seguido de justificativa)
a
A análise estatística foi obtida mediante respostas dos alunos ao questionário aplicado antes (barras em
amarelo) e depois (barras em vermelho) das atividades propostas.
Aparentemente, maioria destes alunos selecionados já vislumbrava a ciência
como importante e fundamental para sua formação, mas não a tinham vivenciado
anteriormente. A pequena parcela de alunos que respondeu as perguntas de maneira
divergente no início das atividades, ao término do projeto, mudou de idéia. Isso
demonstra que atividades deste tipo são capazes de despertar o interesse do aluno.
Duas outras perguntas do questionário se modificaram completamente entre a
aplicação inicial e final. Quando perguntados: Por que você se propôs a participar desta
atividade proposta pela UFOP? Cinco alunos responderam que optaram pela escolha por
não terem outros afazeres. No entanto, nenhum aluno se sentiu frustrado com a proposta
ao término do projeto. Cerca de metade dos alunos concluintes gostariam de se dedicar mais
ao aprendizado. Após as atividades, cerca de 88% dos alunos alegaram que iriam se dedicar
mais no aprendizado científico, pois perceberam a importância disso para a sua formação.
Conclusões
1) Práticas pedagógicas que fortaleçam indagações e ações podem ser
empregadas em projetos de extensão. Em um ambiente descontraído é possível estimular os
alunos a conhecerem o estudo científico, independentemente da área de estudo. 2) A
participação em eventos dessa natureza consiste em oportunidade única para muitos alunos de
repensar o futuro, e almejar a formação acadêmica. 3) Os estudantes universitários tiveram a
experiência de atuar como orientadores nas distintas práticas pedagógicas. 4) Esse projeto
constitui uma oportunidade de trazer a comunidade local para as dependências da
Universidade, permitindo-nos refletir sobre nossa importância e responsabilidade enquanto
educadores.

5
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FORMA DE INCENTIVO A
COMPREENSÃO DA CIDADANIA PLANETÁRIA: UMA EXPERIÊNCIA EM
UMA ESCOLA PÚBLICA DO RS

Área temática : Meio ambiente


Jefferson Marçal da Rocha 1

Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e Escola Estadual de Ensino Médio Dr.


Fernando Abbott ( EEEMFA)

Anna Karolline Rezende2; Camila Torbes Marques3;Juliana Pereira Pfeiff4 ; Kátia


Luciane Souza Rocha5; Luanna Corrêa Rangel6; Mayara Morales da Rosa da Silva 7;
Renan Rodrigues8.

Resumo

Este artigo relata as atividades do projeto de extensão Educação Ambiental para


Cidadania, desenvolvido na Escola Estadual Dr. Fernando Abbott (EEEMFA) na cidade
de São Gabriel-RS no primeiro semestre do ano de 2011. Neste semestre foram
desenvolvidas atividades como: palestras, oficinas, seminários e atividades lúdicas que
procuraram promover não só a Educação Ambiental (EA) como também uma
consciência crítica de cidadania em relação ao papel do Homem frente ao seu Habitat. A
perspectiva é tornar professores e alunos do ensino fundamental e médio da EEEMFA,
multiplicadores de informações para a comunidade em que vivem.Através de trabalhos
de conscientização na comunidade escolar, procurou-se incentivar o levantamento de
problemas ambientais que encontravam-se inseridos na realidade da escola. Por
intermédio da apresentação e do estudo de temas geradores de reflexões (Resíduo,
recursos hídricos, biodiversidade do bioma pampa, entre outros) propuseram-se
metodologias de aplicação da EA nas disciplinas do ensino fundamental e médio,
ressaltando a existência de inúmeros problemas ambientais que podem, através de
conscientização cidadã, ser amenizados ao se modificar atitudes individuais. As ações
propostas procuraram transmitir conhecimentos sensibilizando tanto alunos como
professores da escola onde a percepção socioambiental de cada um vinculou-se a busca
de melhorias na qualidade de vida, através da formação de valores éticos que respeitem
e reconheçam à pluralidade e a diversidade cultural e ambiental da região do pampa
riograndense.

1
Professor Adjunto da Unipampa;
2
Acadêmica do Curso de Gestão Ambiental da Unipampa
3
Acadêmica do Curso de Gestão Ambiental da Unipampa
4
Acadêmica do Curso de Gestão Ambiental da Unipampa
5
Supervisora da Escola Estadual Dr. Fernando Abbott
6
Acadêmica do Curso de Gestão Ambiental da Unipampa
7
Acadêmica do Curso de Gestão Ambiental da Unipampa
8
Acadêmico do Curso de Gestão Ambiental da Unipampa
Palavras-chave: Cidadania, Meio Ambiente, Educação

Introdução

Um dos maiores desafios da atualidade é aliar a preservação do meio ambiente, tão


abalado pelo grande aumento da população humana e o mau uso dos recursos naturais,
com a preservação dos recursos naturais, ainda levando-se em conta uma melhoria na
qualidade de vida dos menos favorecidos pela lógica perversa do sistema capitalista.
O advento da industrialização propiciou um maior domínio do homem sobre a natureza
para gerar mercadorias e, em nome da produtividade permitiu-se o uso predatório dos
recursos naturais.
Assim surge a necessidade de estabelecer limites à ação humana para evitar a depleção
dos recursos naturais do planeta. Faz-se necessário disseminar uma nova relação entre
os homens e a natureza que privilegie a qualidade de vida juntamente com um
desenvolvimento capaz de gerar meios de vida adequados para as gerações futuras.
Em razão disso é inevitável buscar formas de educar, que provoquem mudanças de
atitudes. Como ensina Leonardo Boff (1999, p. 47) “para cuidar do planeta precisamos
todos passar por uma alfabetização ecológica e rever nosso hábitos de consumo.
Importa desenvolver uma ética do cuidado”.
O ensino formal e informal podem contribuir na reformulação dos comportamentos, das
atitudes e na formação de valores. A Educação deve se transformar em um fórum de
discussão das questões que envolvem a responsabilidade individual e coletiva da
problemática ambiental contemporânea. A implantação da EA no ensino formal deve
levar em consideração duas dimensões, a formação dos educadores e a formação do
aluno, devendo passar pelas fases de mudanças de comportamento, de conhecimento, de
atitudes individuais e de desempenho coletivo.
Baseado nos princípios de uma EA diretamente ligada ao modo de vida das pessoas,
como vivem e se relacionam entre si em sociedade, este projeto busca conscientizar o
papel que cada um deve ter com a comunidade e os recursos naturais a sua volta,
privilegiando a solidariedade, a partilha e o respeito.
O objetivo deste trabalho é contribuir para que alunos e discentes, após terem obtido o
conhecimento dos problemas ambientais vivenciados pela sua escola, passem a
compreender o significado e a importância da EA como forma de uma transformação
cidadã. Com isso estimula-se mudança de comportamento não só no ambiente escolar,
como no dia a dia de discentes e docentes.

Metodologia

Este projeto foi destinado a alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Médio
Dr. Fernado Abbott e procura levar uma proposta de EA dirigida a estimular uma
consciência crítica sobre os fatores naturais, científicos e sociais que compõe a
problemática ambiental.
Está sendo desenvolvido de forma interativa e dialógica, caracterizando uma abordagem
interdisciplinar e democrática, onde a contribuição da formação coletiva dos
conhecimentos, habilidades e motivações fizeram parte de uma construção de saberes,
valores, mentalidades e atitudes gestionadas na própria comunidade escolar, criando nos
jovens com uma consciência crítica sobre a problemática ambiental aliada a uma
formação cidadã.
Em um processo coletivo e integral, visa à compreensão dos aspectos ambientais
ligados a comunidade onde a escola esta inserida. Além disso, faz com que os
indivíduos compreendam uma natureza complexa, tanto do meio quanto do homem e o
resultado da interação de seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos e
culturais para que adquiram, assim, o conhecimento, os comportamentos e as
habilidades práticas para uma participação responsável e eficaz de preservação e da
solução dos problemas ambientais.
O objetivo proposto é contribuir para que alunos e discentes, após terem obtido o
conhecimento dos problemas ambientais vivenciados pela sua escola, passem a
compreender o significado e a importância da EA para a transformação cidadã. Com
isso estimula-se mudança de comportamento não só no ambiente escolar, como no dia a
dia de discentes e docentes.
As atividades aplicadas para atingir os objetivos desde trabalho consistiram:
a) Oficinas de Caracterização dos resíduos da Escola..
b) Estudo sobre o uso de coletores de resíduos específicos para a Escola.
c) Trabalhos de propostas de inserir a problemática ambiental nos
conteúdos curriculares transversais de cada disciplina.
d) Oficinas de conscientização sobre a biodiversidade do bioma pampa.
e)Palestras direcionadas a alunos do ensino médio.
f)Debates propostos sobre documentários exibidos para diferentes séries.

Resultados e discussões

Os resultados do projeto Educação Ambiental para Cidadania no primeiro semestre de


2011 se constituíram em: a) oficina de caracterização dos resíduos, onde foram
desenvolvidas atividades em sala de aula, de forma lúdica os alunos do ensino
fundamental, após obterem as informações sobre coleta seletiva, procuraram identificar
os tipos de resíduos e sua destinação correta; b) levando-se em conta que já existe
coletores seletivos na escola, realizou-se durante uma atividade festiva da escola a
caracterização dos resíduos gerados nesta festa. Após foi divulgado os resultados em
cada sala de aula;c) o grupo de extensionistas procura a cada atividade pedagógica da
escola levar ao corpo docente propostas de estratégias de inserir a problemática
socioambiental em cada disciplina; d) através de palestras de professores convidados
foram desenvolvidas atividades que procuraram esclarecer a comunidade escolar a
importância da especificidade do bioma a qual a região da Metade Sul do Rio grande do
Sul está inserida, o denominado bioma pampa; e) Foram desenvolvidas palestras sobre a
problemática ambiental para alunos do ensino médio; f) Durante o primeiro semestre
foram exibidos vários documentários relacionados com questões ambientais,
direcionados para níveis de compreensão específicos (filmes infantis para o ensino
fundamental e filmes e documentários para o ensino médio).
Oficina de caracterização de resíduos – passeio nos arredores da escola.

Oficina sobre coleta seletiva – em sala de aula.

Documentário – exibido para o ensino médio.


Conclusão

A educação ambiental proposta neste projeto tem por princípio que a transformação de
cidadãos parte de uma reflexão crítica, que estimula uma ação social corretiva e
transformadora, gerando mudanças de atitude e tomada de decisões. Neste projeto
contatou-se que o conhecimento dos problemas ambientais vivenciados no dia a dia,
possibilitou ações específicas de transformação tanto do ambiente escolar como de
novas posturas frente à concepção da problemática contemporânea.

Referencias

BOFF, Leonardo. Saber cuidar – Ética do Humano – Compaixão pela terra. 8. ed.
Petrópolis: Vozes, 1999.
Conservation Union (IUCN), 2000.
DUAILIBI, Miriam; ARAUJO, Luciano. Oficina de Educação Ambiental para
Gestão. São Paulo: FEHIDRO/SMA, 2004.
FLORIANO, E. P. Educação ambiental como eixo transversal do processo de
ensino-aprendizagem. Santa Rosa: Ambiente Inteiro, 2006.
FLORIANO, Eduardo P. O desenvolvimento de uma economia sustentável. Santa
Rosa: ANORGS, 2004.
MENDONÇA, Patrícia R.; BARBIERI, José Carlos; WINTHER, João R. C. Educação
Ambiental Legal. Brasília: MEC/SEF/Coordenação-Geral de Educação Ambiental,
2002.
ROCHA, J. S. Educação Ambiental Técnica Para os Ensinos Fundamental, Médio e
Superior. Brasília: ABEAS, 2001.
RÜNN, Mauro. Ética e Educação Ambiental. São Paulo:Editora Papirus, 2007.
RUSCHEINSKY, A. et al. EA abordagem múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2002.
SATO, Michele e CARVALHO, Isabel. Educação Ambiental: Pesquisa e Desafios.
Porto Alegre: Artmed Editora, 2005.
UNESCO. INTERGOVERNMENTAL CONFERENCE ON ENVIRONMENTAL
EDUCATION, organlied by Unesco in co-operation with UNEP, Tbilisi (USSR), 24-26
October 1977. Final Report: ED/MD/49, PARIS, April 1978. 101p.
VEIGA NETO, Alfredo J. Ciência, Ética e Educação Ambiental em um Cenário
Pós-Moderno. Educação e Realidade.Porto Alegre, v. 19, n.2, p. 141-169, 1994.
ÁGUAS QUE GERMINAM IDÉIAS: AÇÕES QUE DESENCAREARAM
ATITUDES

Área Temática: Meio Ambiente


Responsável: Sabrina Amaral Pereira
Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG (FURG)
PEREIRA, S. A.; C.R.T. TRINDADE1,2; C. PALMA-SILVA1,2; E.F. ALBERTONI1,2
1
Programa de Pós-Graduação em Biologia de Ambientes Aquáticos Continentais
2
Laboratório de Limnologia - FURG
Resumo
Um dos temas mais atuais para a sociedade e que exige reflexão desde o ensino básico é a
questão dos recursos hídricos. Neste contexto, as ações extensionistas vêm como uma
estratégia buscando integrar universidade e sociedade por meio da ação transformadora do
ensino e da pesquisa. O objetivo deste trabalho foi promover a articulação de
conhecimentos e reflexões entre a universidade com professores e alunos da rede básica
de ensino, voltadas a despertar e multiplicar ações que promovam uma conscientização
socioambiental. O público-alvo foram os professores da rede de ensino básico, para os
quais foi solicitado a elaboração e aplicação de uma proposta de trabalho sobre a questão
da água para ser realizada na escola no Dia Mundial da Água (22 de Março). De maneira
geral, foi observado o empenho dos professores na realização da atividade, visto a
criatividade das propostas. Tais propostas estavam inseridas no contexto da
interdisciplinaridade, utilizando as mais variadas ferramentas (leitura, arte, sensibilização,
ludicidade, etc.). Pode-se concluir que os professores têm um papel essencial na
problematização das questões ambientais no âmbito escolar e que estes devem estar
preparados para tal abordagem. Assim, observamos a importância do trabalho extensionista
que realizamos, fornecendo subsídios para estes professores.

Palavras-chave: Educação ambiental, Dia Mundial da Água, transversalidade.

Introdução
Um dos temas mais atuais para a sociedade e que exige reflexão desde o ensino
básico é a questão dos recursos hídricos. A problemática se configura no fato de que
somente uma pequena porção da água doce do nosso planeta é potável. Esta ameaça está
presente nos diversos usos da água pelo ser humano, decorrentes, principalmente, do
consumo excessivo e da poluição das águas superficiais e subterrâneas (REBOUÇAS et
al., 1999). Como conseqüência, assistimos a um quadro, cada vez mais grave, de escassez
de água de boa qualidade em diversas regiões do nosso planeta. Reverter esse quadro
configura um grande desafio para a sociedade atual, e que necessitará da articulação de
todos os setores da sociedade, as políticas públicas e educacionais, a comunidade
científica, a rede de educação básica e a sociedade em geral. Pois, como diz Paulo Freire
(1980) o sujeito não pode pensar sozinho sobre um objeto, necessita da co-participação de
outros sujeitos, sendo que tal relação se dá mediada pela comunicação.

Nos últimos anos tem se notado uma preocupação pródiga no mundo científico com
a temática ambiental e, em especial, no que diz respeito aos recursos hídricos. Associado a
isto privilegiamos iniciativas das políticas públicas mundiais e nacionais, como por
exemplo, a instituição do Dia Mundial da Água (22 de Março) pela ONU (1992), no Brasil
a criação do Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA, 2005), da Política
Nacional dos Recursos Hídricos (1997), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN,
2000). Todas estas iniciativas possuem dentre seus princípios formadores as concepções de
interdisciplinaridade e transversalidade para a construção de uma sustentabilidade
socioambiental.

No entanto, nota-se ainda um distanciamento entre a produção científica, as leis e


sua efetiva aplicação e abordagem tanto na educação básica quanto para a sociedade em
geral, sobretudo no que se refere às dificuldades encontradas entre estes e àqueles na
articulação e no entendimento da complexidade ambiental. Neste contexto, as ações
extensionistas vêm como uma estratégia de enfrentamento desta problemática, pois
segundo o Plano Nacional de Extensão (2001) estas são definidas como processo
educativo, cultural e científico que busca integrar universidade e sociedade por meio da
ação transformadora do ensino e da pesquisa. Portanto, é no sentido de promover a
articulação de conhecimentos e reflexões da universidade com a rede básica de ensino e a
sociedade, voltadas a despertar e multiplicar ações que promovam uma conscientização
socioambiental, principalmente relacionada à questão da água, que estão inseridas as
atividades desenvolvidas neste trabalho.

Material e Metodologia
O trabalho foi desenvolvido pelo grupo de pesquisas do Laboratório de Limnologia
da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, como parte das atividades propostas no
projeto de extensão Curso de atualização para professores de Ciências e Biologia no ensino
básico: Caracterização e Conservação dos Ambientes Aquáticos Continentais Regionais
(Pereira, 2010). O público-alvo foram os professores da rede de ensino básico participantes
do curso, o qual se realizou no mês de Janeiro de 2010.

Mediante as problematizações, reflexões e discussões em relação a complexidades


da questão da água, bem como a busca de alternativas pedagógicas da aplicação
interdisciplinar e transversal deste tema discutida com os professores, foi proposto a
continuação das ações dentro da realidade da escola de cada professor. Esta ação consistiu
na elaboração e aplicação de uma proposta de trabalho, por parte dos professores, sobre a
questão da água para ser realizada na escola no Dia Mundial da Água. Foi realizado o
acompanhamento e assessoramento dos professores na realização das propostas,
fornecendo o apoio necessário. Para a avaliação dos resultados foi realizado um encontro
onde cada professores relatou sua atividade na escola, apresentando ao grupo seus
registros por meio de material escrito, fotográfico, etc.. Neste dia também foram discutidos
aspectos relacionados ao tema proposto, como: a sua relevância, as dificuldades e
facilidades encontradas na aplicação do mesmo.

Resultados e discussão
A professora da E.M.E.F. Cidade do Rio Grande - CAIC, com o apoio e aceitação
do grupo da área, a colaboração da coordenação, da direção e funcionários desenvolveu
uma atividade com todos os alunos e professores da escola no Dia Mundial da Água. Esta
atividade contou com palestras, atividades desportivas, brincadeiras e muita reflexão. A
participação de equipes multidisciplinares na educação enfatiza o caráter interdisciplinar
das ações, as quais segundo Bento (2007) propiciam uma melhor construção diante das
situações complexas. De acordo com a professora, a atividade teve muito sucesso, visto a
motivação e participação dos alunos e também de professores de outras áreas do
conhecimento, o que reforçou o caráter multidisciplinar da atividade.

Em turmas de 6ª série da E.E.E.F. Almirante Tamandaré, a professora. trabalhou o


desperdício de água. Na atividade os alunos monitoraram e cronometraram o consumo de
água em suas casas. Os resultados foram divulgados na forma de cartazes no Dia Mundial
da Água na escola, juntamente com dicas e curiosidades. Segundo a professora, a atividade
foi muito satisfatória e surpresa, pois os alunos atuaram como verdadeiros fiscais da
família e dos vizinhos. Dessa atividade resultou, segundo a professora, uma parceria com
professoras de outras áreas para trabalharem com um ambiente aquático da Cidade do Rio
Grande, a Lagoa Verde. Na E.E.E.F. Barão de Cêrro Largo a professora realizou sua
atividade com turmas de 5ª série, a qual consistiu em conversas e discussões sobre o tema
com posterior confecção de cartazes informativos pelos alunos. De posse desse material,
realizaram uma “caminhada manifestação” pelas ruas da cidade. A iniciativa foi
documentada no Jornal Agora de Rio Grande e também em matéria no Jornal do Almoço
edição Rio Grande.

A professora de física da E.E.E.M. Bibiano de Almeida trabalhou o tema da água


juntamente com a arte. A abordagem do tema baseou-se no uso de pinturas de três grandes
mestres: Renoir, Tarsila do Amaral e Leonardo da Vinci. A escolha das pinturas se deu de
modo a que os diferentes ambientes aquáticos fossem reconhecidos e os seus usos fossem
visualizados. Segundo Souza (2007), os recursos didáticos são de fundamental
importância para o desenvolvimento cognitivo da criança, trazem a oportunidade de
aprender o conteúdo de forma mais efetiva e marcante para toda sua vida. De acordo com a
professora, a atividade foi bem interessante para os alunos, pois participaram de forma
ativa, tentando descobrir o tema da aula de Física e o modo como esta poderia estar tão
perto de obras de arte e do tema água. Além disso, cabe ressaltar que a iniciativa da
professora está de acordo com a proposta de transversalidade dos PCNs (2000).

A construção de um processo educativo renovado, segundo os princípios


estabelecidos pelos PCN’s (2000) pressupõe o desenvolvimento de capacidades e
habilidades nos alunos, dando grande importância ao processo de ensino aprendizagem. De
maneira geral, foi observado o empenho dos professores na realização da atividade, visto a
criatividade das propostas. Tais propostas estavam inseridas no contexto da
interdisciplinaridade, utilizando as mais variadas ferramentas (leitura, arte, sensibilização,
ludicidade, etc.). Segundo Castoldi (2009), no processo ensino-aprendizagem a motivação
deve estar presente em todos os momentos, e os recursos didático-pedagógicos são
essenciais à medida que expõe o conteúdo de maneira diferenciada propiciando que o
aluno participe ativamente do processo.

Conclusões
Com base nos resultados, pode-se concluir que os professores têm um papel
essencial na introdução da problematização das questões ambientais no âmbito escolar e
que estes devem estar preparados para tal abordagem. Assim, observamos a importância do
trabalho extensionista que realizamos, fornecendo subsídios para estes professores. O
sucesso das atividades, relatadas e documentada pelos professores, é, do ponto de vista
acadêmico, satisfatório e estimula a elaboração e o desenvolvimento de novos projetos
junto à sociedade em geral. Fica evidente a necessidade de iniciativas que propiciem
momentos de reflexão sobre a responsabilidade ambiental, introduzindo a questão
ambiental no processo permanente de aprendizagem dos alunos, com a finalidade de
formar cidadãos conscientes, críticos e responsáveis para a nossa sociedade.

Referências bibliográficas

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escola de educação especial. Universidade Estadual Paulista “Júlio De Mesquita Filho”.
Monografia, 2007.

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BRASIL. LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9433.htm. Acessado em: 24 de Junho de 2011.

CASTOLDI, R.; POLINARSKI, C. A. A Utilização de Recursos Didático-Pedagógicos na


Motivação da Aprendizagem. I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia.
ISBN: 978-85-7014-048-7, 2009.

FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento


de Paulo Freire. São Paulo. Moraes, 1980.

FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS UNIVERSIDADES


BRASILEIRAS. Plano Nacional de Extensão Universitária Disponível em: http:/
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PEREIRA, S.A.; TRINDADE, C.R.T.; PALMA-SILVA, C.; ALBERTONI, E.F.


Conservação De Ambientes Aquáticos Continentais: Um Projeto De Atualização Para Prof
essores Da Rede De Ensino Básico. Anais do I Seminário Nacional de Meio Ambiente e
Extensão Universitária. UNIOESTE / FORPROEX. ISSN 21777179. 2010.

PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – ProNEA/ Ministério do


Meio Ambiente, Diretoria de Educação Ambiental; Ministério da Educação. Coordenação
Geral da Educação Ambiental. – 3. ed. – Brasília, 2005, 102 p.

REBOUÇAS. A. C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J. G. Águas Doces no Brasil: capital ecológi
co, uso e conservação. Instituto de Estudos Avançados da USP. São Paulo: Escrituras, 199
9. 717 p.

SOUZA, S. E. O Uso de Recursos Didaticos no Ensino Escolar. In: I Encontro de Pesquisa


em Educação, IV Jornada de Prática de Ensino,UEM:Arq Mudi. 2007.
APLICAÇÃO DE MÓDULO EM ECOLOGIA AQUÁTICA COSTEIRA EM
FORMAÇÃO CONTINUADA: METODOLOGIAS ALTERNATIVAS PARA
ESTUDO DE AMBIENTES AQUÁTICOS NO ENSINO BÁSICO.

Área temática: Meio Ambiente


Responsável: Cleber Palma-Silva1,2
Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG (FURG)

Edélti Faria Albertoni1,2; Claudio Rossano Trindade Trindade2; Sabrina Amaral Pereira1;
Clara Lisandra Lima de Lima2; Leonardo Marques Furlanetto2
1
Programa de Pós-Graduação em Biologia de Ambientes Aquáticos Continentais
2
Laboratório de Limnologia - FURG

Resumo
A interação entre a pesquisa acadêmica e a passagem destes saberes ao cotidiano de
professores do ensino básico toma forma com os projetos de Formação Continuada.
Através das Diretrizes dos Planos Curriculares Nacionais (PCNs), e no âmbito do PDE -
Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, foi proposto e está em aplicação o
programa de Formação Continuada pela Universidade Federal do Rio Grande. O curso
“Ambientes Aquáticos do município de Rio Grande: Caracterização e Conservação” busca
atender a transversalidade Meio Ambiente-Homem para aplicação no ensino básico. O
módulo “Ecologia Aquática Costeira” foi aplicado na cidade do Rio Grande, e contou com
a participação de 12 professores da rede básica. Este módulo teve como objetivo principal
aplicação de técnicas alternativas para avaliação da qualidade de ambientes aquáticos.
Foram utilizados um “kit” de avaliação química e biológica, e aplicado um protocolo de
campo para avaliação rápida do estado de impacto e/ou conservação dos ecossistemas.
Utilizou-se como metodologia a inserção no problema, através de uma aula teórica, e após
foram realizadas saídas de campo a vários ecossistemas em diferentes estados de
conservação, para a aplicação das duas ferramentas. Os resultados foram satisfatórios,
proporcionando aos professores cursistas a possibilidade da utilização destas técnicas para
contextualizar os problemas de degradação ambiental dos ecossistemas aquáticos.

Palavras-chave: Formação continuada, Conservação Ambiental, Ecossistemas Aquáticos


Introdução

O Programa Institucional da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) para a


Formação Continuada de Professores da Rede Básica 2010 foi proposto em conformidade
ao Decreto Lei 6.755 de 29 de janeiro de 2009. O Programa de Formação Continuada visa
a atualização de professores da rede de ensino básico, adotando como referência
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), e buscando a interação com a pesquisa
acadêmica.
Professores de Ciências, Biologia, e Química do ensino básico devem inserir o tema
qualidade ambiental com as diferentes esferas de atuação humana, como tema transversal,
e neste contexto o papel do homem como agente transformador dos ecossistemas deve ser
profundamente refletido. Segundo Fusari (1992), o professor deve ter o domínio
competente e crítico do conteúdo a ser ensinado. Assim, a informação científica gerada no
âmbito da pesquisa universitária, deve buscar meios de permear as salas de aula no ensino
básico, atualizando os seus professores com técnicas e metodologias alternativas de ensino-
aprendizagem para, com a responsabilidade do conhecimento, levar os saberes da
Academia para o cotidiano dos alunos do ensino básico.
Procurando desenvolver estas atividades a equipe do laboratório de Limnologia da
FURG já vem aplicando cursos de atualização para professores, p.e. Pereira et al. (2010), e
produzindo material de apoio. Para este Programa de Formação Continuada foi proposto,
organizado e implementado um módulo específico de 15 horas sobre “Ecologia Aquática
Costeira”, abordando a temática da conservação da água e dos ambientes aquáticos
utilizando metodologia alternativa.
A relevância do tema se deve a importância da conservação da água atualmente, e
pelas características da planície costeira do Rio Grande do Sul que apresenta uma
paisagem com grande interação entre os meios terrestre e aquático. Esta região de pouca
altitude é constituída de um grande número de lagoas interconectadas por canais e arroios,
apresentando um dos maiores conjuntos de lagoas costeiras do Brasil. Além disto, a
presença do estuário formado pela Laguna dos Patos, e a praia do Cassino, compõe um
extraordinário conjunto de ecossistemas que são a base de sustentação ecológica da região.
Desta forma, a partir da caracterização e compreensão do funcionamento destes ambientes
é possível abordar aspectos relacionados a sua conservação.
Neste contexto, este módulo teve como objetivo fundamental descrever e
caracterizar os ecossistemas aquáticos costeiros associados a planície costeira sul do Rio
Grande do sul, e paralelamente, fornecer aos professores cursistas uma metodologia de
fácil manuseio e aplicabilidade para caracterizar a qualidade de água e dos ambientes dos
corpos de água da região.
Neste trabalho apresentamos os aspectos principais relacionados a aplicação deste
módulo, bem como os resultados alcançados.

Material e Metodologia
O módulo com carga horária de 15 horas foi aplicado no laboratório de Limnologia
- FURG, e em sua primeira edição teve a participação de 12 professores. Foi organizado
com as seguintes etapas:
1- Informação teórica inicial, contextualizando o local e os principais problemas
ambientais que provocam alterações nos meios aquáticos na região.
2- Treinamento básico sobre o funcionamento do Ecokit® para avaliação da qualidade de
água.
3- Saídas de campo a diferentes ecossistemas aquáticos, sujeitos a distintos impactos. Em
cada local foi coletada amostra de água, e foi utilizado o ”kit” para medição de variáveis.
Foram feitas saídas de campo para diferentes locais no entorno do município, a saber:
Lagos do campus universitário da FURG, Arroio Vieira após a entrada de efluente de
uma Estação de Tratamento de Esgoto - ETE, Canais de escoamento pluvial na praia do
Cassino, Arroio Bolaxa, Lagoa Mirim e entorno da Estação Ecológica do Taim.
4- Aplicação do protocolo de avaliação rápida (abaixo) para caracterizar visualmente as
condições dos ecossistemas aquáticos visitados (Adaptado de Callisto et al. 2002).

Data de coleta: Hora de coleta:


Tempo (situação do dia):
Local de coleta:
PONTUAÇÃO
PARÂMETROS
4 2 0
Situação da Vegetação ripária densa Vegetação ripária Vegetação ripária ausente
vegetação ripária moderadamente degradada com solo desprotegido
Presença de Nenhuma Moderada Acentuada
erosão das
margens
Presença de Ausente ou pequena Moderadas alterações de Fortes alterações de
atividades origem urbana, origem urbana,
humanas agropecuária, ou industrial agropecuária, ou industrial
Presença de Ausente ou pequena Presença moderada Forte impacto visual
resíduos sólidos
ou manchas
flutuantes
Odor Nenhum Moderado cheiro de esgoto Forte emissão de odor de
ou ovo podre esgoto ou ovo podre
Transparência da Transparente, azulada Verde, turva ou barrenta Opaca ou verde intenso
água ou verde claro
Tipo e biomassa Pouca biomassa. Biomassa moderada. Grande biomassa.
de plantas Predomínio de formas Aumenta a importância das Predomínio de formas
aquáticas submersas, e de formas flutuantes e diminui flutuantes, ocupando
enraizadas com folhas a das submersas grande área superficial
flutuantes. Emersas
somente próximas as
margens
Tipo de fundo Areia Areia e material de origem Coberto por material de
orgânica origem orgânica
Formação de Ausente Eventuais Intensa
bolhas na
superfície
Aspecto geral do Ótimo Bom Ruím
ambiente natural
O nível de preservação das condições ecológicas de cada ambiente é calculado pelo somatório dos valores
atribuídos a cada parâmetro, de modo que:
0 a 10 – representam ambientes fortemente impactados.
> 10 a 20 – representam ambientes alterados.
> 20 a 30 - representam ambientes pouco degradados.
> 30 a 40 – representam ambientes bem conservados.

5- Análise conjunta dos resultados do protocolo de avaliação rápida com os resultados das
análises químicas e biológicas obtidas com o uso do ecoKit
6- Discussão sobre as principais causas da qualidade de água de cada local visitado.

Resultados e Discussão
Os resultados obtidos com a utilização do Ecokit® foram considerados
satisfatórios. A utilização de variáveis químicas e biológicas de qualidade de água
estimulou discussões sobre os efeitos da degradação nos ecossistemas aquáticos. As
determinações de oxigênio dissolvido, pH, nitrogênio e fosfato, que normalmente
demandam muito tempo e equipamentos específicos, puderam ser feitas rapidamente e com
resultado colorimétrico claro. Estas facilidades sugerem que este tipo de ferramenta pode
vir a ser utilizado em escolas a custo relativamente pequeno. Outras experiências com a
utilização do ecokit como ferramenta em propostas de formação continuada foram feitas
em Minas Gerais (AGUIAR et al. 2008, TEIXEIRA et al. 2008), demonstrando que a seu
uso é viável e traz bons resultados em sua aplicação pelos professores nas escolas.
Aliada a utilização do “kit”, outra ferramenta de fácil emprego e resultados
imediatos foi a aplicação do protocolo de avaliação rápida dos ambientes, pois sua
metodologia de escores para as diferentes situações encontradas em campo permite, através
de um resultado numérico simples, sintetizar uma série de problemas que são visualizados
no dia a dia dos professores e alunos.
A resposta dos professores cursistas foi de entusiasmo com a aplicação destas
formas alternativas de ensino, e no momento alguns trabalham na criação de propostas de
uso em experimentos nos laboratórios das escolas.

Conclusão
Podemos concluir que os objetivos da aplicação do módulo foram plenamente
atendidos. O “kit” utilizado mostrou-se uma ferramenta de fácil aplicação e capaz de
incitar discussões produtivas em sala de aula. Além disso, permite a utilização em
pequenos experimentos a serem desenvolvidos nas aulas de Ciências, simulando situações
de contaminação.
Para os professores, técnicos e alunos da universidade foi mais uma experiência que
gerou, além da transmissão e aplicabilidade de conhecimentos gerados em pesquisa, uma
rica oportunidade de troca de experiências com a realidade do ensino básico.

AGUIAR, C.C.; LIMA, V.A., EPOGLOU, A. Higienização e Potabilidade da Água: A


Água Como Tema Gerador de Conceitos. Em Extensão, Uberlândia, V. 7, 2008.

CALLISTO, M.; FERREIRA,WR; MORENO, P.;GOULART,M. PETRUCIO, M.


Aplicação de um protocolo de avaliação rápida da diversidade de habitats em atividades de
ensino e pesquisa. Acta Limnologica Brasiliensia n.14, vol.1, p 91-98, 2002

ECOKIT – Alfakit. Disponível em: <http://www.alfakit.com.br> acessado em: 22/06/2011

FUSARI, J.C. A Formação Continuada de Professores no Cotidiano da Escola


Fundamental. Série Idéias n. 12, São Paulo: FDE, 1992

TEIXEIRA, E. L.; BARBOSA, R.A., LIMA, V.A. Água, Até Quando Será Potável e a
Que Custo? Em Extensão, Uberlândia, V. 7, 2008.

PEREIRA, S.A.; TRINDADE, C.R.T.; PALMA-SILVA, C.; ALBERTONI, E.A.


Conservação De Ambientes Aquáticos Continentais: Um Projeto De Atualização Para
Professores Da Rede De Ensino Básico. Anais do I Seminário Nacional de Meio
Ambiente e Extensão Universitária. Marechal C. Rondon: UNIOESTE, 2010. v.I. p.1 - 9
AS DANDARAS DE HOJE
Área temática: Meio ambiente
Responsável: Vitória Régia Fernandes Gehlen
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Autores: Mariana de Oliveira Santos - 11680;
Flaviane Andressa Carvalho -11693;
Valdenice José Raimundo - 13882.

RESUMO
Este trabalho pretende apresentar os resultados do projeto “As Dandaras de Hoje” que teve
por objetivo a construção de uma consciência socioambiental da Comunidade Quilombola
Onze Negras, respeitando a experiência da comunidade na sua relação com a tradição
ancestral africana, principalmente nos aspectos relacionados ao meio ambiente, igualdade
de gênero e superação do racismo, o que foi alcançado através dos instrumentos
metodológicos utilizados, destacando-se as oficinas e pesquisa de campo.

Palavras–chave: conflitos socioambientais; gênero; quilombo; raça

INTRODUÇÃO
O projeto que serviu como base para a elaboração do presente trabalho faz parte de
um dos objetivos de estudo aplicado no Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça,
Meio Ambiente e Planejamento de Políticas Públicas - GRAPP/UFPE, ao desenvolver
concomitantemente atividades de pesquisa e extensão na Comunidade Rural Quilombola
Onze Negras, em parceria com a Rede de Defesa Ambiental do Cabo. As comunidades
quilombolas podem ser consideradas um modelo de organização social. Inúmeras delas se
destacam na história do Brasil. Porém, a comunidade que será estudada, situada no Cabo,
tem sua origem intimamente ligada com a posse da terra que ocupam legalmente, além
disso, mantêm relação com o desenvolvimento do próprio município em que estão
localizados. Desta forma, este projeto de extensão teve como objetivo desenvolver uma
ação processual e contínua de caráter educativo, social e cultural com a finalidade de
fornecer subsídios teóricos e práticos.
Destaca-se a relevância desse projeto diante das questões abordadas e do
cumprimento de seus objetivos propostos: desenvolver atividades educacionais de
educação ambiental visando a construção de uma nova consciência ambiental, envolvendo
aspectos da cultura, geração de trabalho e renda para mulheres e jovens.

MATERIAIS E MÉTODOS
Aproximadamente 486 famílias vivem na comunidade. A sua formação ocorreu da
década de 40, quando famílias negras que viviam no interior do estado de Pernambuco
migraram para a região do Cabo de Santo Agostinho para trabalhar nas usinas de cana-de-
açúcar. Desde 1968 a comunidade possui o título de suas terras, adquirido da Companhia
de Revenda e Colonização, órgão do governo do estado.
Para a construção do conhecimento e visando atender aos objetivos que se propõem
o projeto de extensão, fez-se uso dos seguintes instrumentos metodológicos: levantamento
bibliográfico acerca da temática abordada; pesquisa de textos e artigos na Internet; visitas à
Comunidade, levantamento de dados através de questionários aplicados aos moradores e
lideranças da comunidade; oficinas e reuniões com as lideranças da Comunidade formada
por onze mulheres.
O projeto dividiu-se em quatro etapas: mobilização, capacitação, monitoramento e
avaliação e reflexões críticas. Na primeira etapa ocorreu o desenvolvimento de oficinas de
articulação, mobilização e sensibilização com a comunidade Quilombola com o intuito de
programar as ações de capacitação e os procedimentos de monitoramento e avaliação de
todas as atividades do projeto.
Durante a etapa de capacitação realizou-se um programa de capacitação mediante
oficinas para trabalhar as diversas temáticas propostas pelo projeto contextualizados com a
realidade local. Foram realizadas 6 oficinas: Proteção e conservação dos Recursos Naturais
no uso da Terra, Políticas Públicas de Promoção e Igualdade Racial e Comunidades
Quilombolas no Brasil, Raça, Gênero e Meio Ambiente, Agroecologia e Sustentabilidade
da Agricultura Familiar, a Questão Agrária e a Mediação de Conflitos Socioamboentais no
Uso da Terra. Todas as oficinas tiveram duração de 8 horas.
A 3° etapa incluiu uma avaliação do processo, dos resultados alcançados e da
aprendizagem teórica. Além de ações de monitoramento permanentes e paralelas ao longo
de todo o projeto, foram realizadas 03 oficinas de avaliação retratando as principais lições
aprendidas.
Na 4°e última etapa, partindo do que foi aprendido e retratado pelas atividades, foi
feita uma reflexão do que foi realizado, os acertos e falhas, a percepção e expectativas dos
partipantes sobre as atividadas finalizadas.
RESULTADOS
Durante a realização do projeto foram feitas 6 visitas a comunidade quilombola,
resultando em discussões relevantes acerca do desenvolvimento do projeto e dos assuntos
que seriam abordados nas oficinas. Entre essas visitas foram aplicados questionários entre
moradores e liderança, observando através dos resultados que: na maioria das 486 famílias,
é o homem que desempenha o papel de provedor da casa, desenvolvendo trabalhos fora do
quilombo, sendo a renda das famílias insuficiente para suprir as necessidades da mesma,
reforçando a idéia de que a mulher tende a se especializar em atividades domésticas, e na
educação dos filhos. Neste contexto, é possível observar a divisão sexual do trabalho que
pode ser compreendida como a forma de divisão do trabalho social baseada nas relações
sociais de sexo; Deste modo, a divisão sexual do trabalho contribui para alimentação da
desigualdade de gênero na sociedade (Kergoat, 2000); em relação às dificuldades
encontradas, a estrada que dá acesso ao quilombo foi apresentada como o principal
problema enfrentado.
Foram levantadas as atividades desenvolvidas pela Associação dos Moradores,
Pequenos Produtores Rurais e Quilombola Onze Negras do Engenho Trapiche –
AMPRUQUINON: diálogos com gestores locais; reivindicação pela abertura da escola que
estava em processo de reforma, luta pela construção de uma creche entre outras conquistas
de melhorias para a comunidade.
A realização das oficinas supracitadas possibilitou a participação ativa da
comunidade e discussões acerca: da questão da terra envolvendo a questão agrária, onde
foi destacado o processo de conversão do uso da terra agrícola para industrial trazendo uma
nova configuração do espaço e vários impactos no meio ambiente decorrentes das ações
privadas sobre o mesmo, repercutindo em geral nos setores menos favorecidos da
população, como ocorre com a comunidade quilombola. Acselrad (2004), afirma que esses
impactos ambientais podem provir das instâncias empresariais, ou pela omissão na
regulação do uso do solo pelos órgãos públicos, como acontece no quilombo Onze Negras
onde, com o passar do tempo, várias industriais se instalaram nas terras próximas ao
quilombo, como AmBev1 e Brás Química2, cada uma com um tipo de produção diferente,
mas que de uma forma ou de outra, estão dificultando aspectos da vida dos moradores.
Apesar do art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) preceituar

1
Indústria especializada na produção de bebidas alcoólicas.
2
Indústria produtora de químicos utilizados nas estradas e rodagens.
que "Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas
terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos
respectivos" e da comunidade Onze Negras ter o título da terra, estas ainda sofrem ameaças
em relação à posse, fazendo com que as ameaças em relação a terra possam se transformar
em conflitos socioambientais. Scotto e Vianna (1997) os definem como conflitos que têm
elementos da natureza por objeto e que expressam relações de tensão entre interesses
públicos e interesses privados, sendo esse, o que mais se assemelha com o quilombo Onze
Negras; das questões étnico/raciais e de gênero observou-se que as mulheres da
Comunidade Quilombola Onze Negras exercem um papel de destaque, atuando como
líderes comunitárias, neste contexto torna-se importante analisar as categorias de gênero e
raça a partir do quilombo, contemplando uma análise que considera a mulher na dimensão
racial, destacando o seu desempenho enquanto ser social que luta por uma vida digna. O
conceito de gênero, é fruto do movimento feminista e permite entender as relações sociais,
enquanto construção social através de distintos papéis que a sociedade atribui a diferentes
categorias de sexo (GEHLEN, 1995).
A temática de gênero, por sua vez, não está desvinculada de outras questões, como
afirma Raimundo (2003), com base em Carneiro, que existe sempre uma dimensão racial
na questão de gênero e uma dimensão de gênero na problemática étnico-racial. Segundo a
referida autora, a luta das mulheres não se dá somente na superação dessas desigualdades
geradas pela história hegemônica do sexo masculino, mas também impõe o combate a
outras ideologias como o racismo.
No estudo em tela, ao se discutir racismo no quilombo, percebe-se que o mesmo
está diretamente ligado à discriminação racial que ainda é presente na vida dos
quilombolas, o que foi visto através de alguns depoimentos que expressam a situação dos
negros em um país aonde existem Ações Afirmativas responsáveis pela neutralização das
discriminações e pela inserção aos direitos sociais básicos.
Por fim, o projeto procurou desenvolver em um ano um programa de oficinas
sócio-educativas relacionadas a essas temáticas com base nos princípios da educação
popular e pesquisa-ação.

CONCLUSÕES
O debate sobre as comunidades quilombolas, suas formas de organização e luta por
direitos é desafiadora, já que se vive numa sociedade onde o capital reforça as
desigualdades de gênero, de raça e aprofunda os conflitos socioambientais. A luta das
Onze Negras por direitos e dignidade tem uma grande relevância ao questionar os
elementos da pobreza que caracterizam o modo de vida dos trabalhadores rurais,
questionando ainda a invisibilidade de suas experiências sociais e as representações
dominantes sobre os quilombos.
Este trabalho de extensão aponta a necessidade das Ciências Sociais Aplicadas de
desenvolver intervenções sistemáticas nas comunidades, pois a identidade não é algo que
permanece inalterado, mais se refaz e se confirma no presente da ação, e a pluralidade dos
novos sujeitos sociais, a fragilidade e a força de suas intervenções no espaço público
precisam ser resgatadas. Diante do que foi posto, ressalta-se a relevância do projeto,
mediante a conscientização dos moradores do quilombo Onze Negras, quanto a questões
ambientais, de gênero e raça, contribuindo para a construção de um efetivo diálogo entre a
academia e a sociedade civil.

REFERÊNCIAS
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al. (Org.) Justiça ambiental e cidadania. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004.
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GEHLEN, V. As Dandaras de Hoje. Projeto de Extensão. PROEXT - Edital 2010.

KERGOAT, D. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo: 2000. Disponível


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SCOTTO, G.; VIANNA, Â. Conflitos ambientais no Brasil: natureza para todos ou


somente para alguns? . Rio de Janeiro: IBASE, 1997.
ATIVIDADE LÚDICA EM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA
EXPERIÊNCIA NUMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

Área Temática: Meio Ambiente

Alcione Pereira Martins; [1]


Juliana Martins de Mesquita Matos; [2]
Letícia Maria Antonioli; [3]
Daniela Vasconcelos de Oliveira; [4]
Kennya Mara Oliveira Ramos; [5]
Rosana de Carvalho Cristo Martins; [6]

Resumo: O trabalho de educação ambiental dentro de uma unidade de conservação é de


suma importância, devido ao valor que esses lugares especiais têm, pois foram criados com
o intuito de conservar a natureza, porém o ser humano age sempre com atitudes que
contradizem os objetivos de uma unidade de conservação. Por essa razão a conscientização
ambiental não é só importante como também necessária. O presente trabalho objetivou
investigar a funcionalidade de atividades lúdicas como ferramenta adicional no processo de
ensino-aprendizagem, permeando objetivos de Educação Ambiental, junto à unidade de
conservação Parque Nacional de Brasília. Foram elaboradas e aplicadas atividades lúdicas
e sondagem de opiniões por meio de questionários em relação às práticas realizadas.
Acredita-se que através das atividades lúdicas as pessoas desenvolvem habilidades e
formam sua identidade, de maneira natural. Nesse sentido, as atividades práticas que
enfocam a educação ambiental são de extrema importância, pois estimula o envolvimento
com as questões ambientais de forma agradável, espontânea e intensa.

Palavra chave: Educação Ambiental, Unidade de Conservação, Atividades Lúdicas

_________________
Esp. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Universidade de Brasília, UnB);
[email protected]
Ms. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Universidade de Brasília, UnB);
[email protected]
Chefia do Núcleo de Educação Ambiental do Parque Nacional de Brasília – [email protected]
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Universidade de Brasília, UnB);
[email protected]
Ms. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Universidade de Brasília, UnB);
[email protected]
Dra. Professora titular do Departamento de Engenharia Florestal (Universidade de Brasília, UnB);
[email protected]
INTRODUÇÃO
Educação Ambiental – EA é um processo no qual as pessoas aprendem como
funciona o ambiente, como dependem dele, como o afetam e como promovem a sua
sustentabilidade. É necessário conhecer os objetivos de um projeto de Educação
Ambiental, que consiste em: consciência, conhecimento, comportamento, habilidade e
participação (sendo estes interligados), para que se consigam bons resultados. (DIAS,
2004).
A Educação Ambiental exercida em Unidades de Conservação (UC) propicia a
inter-relação dos processos de aprendizagem, sensibilização, questionamento e
conscientização em todas as idades, e a utilização dos diversos meios e métodos educativos
para transmitir o conhecimento sobre o ambiente e enfatizar de modo adequado atividades
práticas e sociais (GUIMARÃES, 1995).
Algumas importâncias do lúdico no ensino-aprendizagem são: facilitar a
aprendizagem; ajudar no desenvolvimento pessoal, social e cultural; colaborar para uma
boa saúde mental, preparar para um estado interior fértil; facilitar o processo de
socialização; propiciar uma aprendizagem espontânea e natural e estimular a crítica e a
criatividade (TESSARO, 2009). É uma pratica que privilegia a aplicação da educação que
visa o desenvolvimento pessoal e a atuação cooperativa na sociedade, além de ser também
instrumento motivador, atraente e estimulante do processo de construção do conhecimento
(PATRIARCHA-GRACIOLLI, 2008).
A atividade lúdica em termos de educação ambiental vem se mostrando uma ótima
alternativa de trabalho de formação docente, considerando-se o prazer e o divertimento na
atividade, além do aprofundamento conceitual por meio da diversão (EVANGELISTA,
2008).
Dessa forma, o presente trabalho objetivou investigar a funcionalidade de
atividades lúdicas como ferramenta adicional no processo de ensino-aprendizagem,
permeando objetivos de Educação Ambiental, junto à uma unidade de conservação Parque
Nacional de Brasília.
METODOLOGIA
O estudo foi implantado no Parque Nacional de Brasília, com os educadores que
participam do curso de “Educação Ambiental para Educadores”, promovido pelo Instituto
Chico Mendes de Biodiversidade - ICMBio. O Parque Nacional de Brasília, também
conhecido como Água Mineral fica localizado numa região divisória de três bacias
hidrográficas: Amazônica, do Prata e do São Francisco, à 10 quilômetros do centro de
Brasilia/DF, o parque tem uma área de 30 mil hectares de preservação ambiental.
Considerado uma excelente opção de lazer, o parque oferece duas piscinas de água mineral
e corrente, espaço para piqueniques à sombra de árvores, além de passeios e trilhas nas
matas. A flora local é variada por causa da região de cerrado em que se encontra. São 700
espécies de plantas (entre elas canela-de-ema, embaúba e pequi).
As atividades lúdicas tiveram inicio dentro do curso e foram estendidas aos
sábados. A atividade proporcionada em sala de aula foi aplicação de uma prática que teve o
objetivo de verificar o tipo de contato que os participantes têm ou já tiveram com o meio
ambiente. Para a execução desta prática utilizaram-se papéis coloridos, lápis e uma suave
canção ao fundo. Antes foram dadas algumas dicas de como eles deveriam proceder,
iniciando com o primeiro contato com a natureza e as imagens e lembranças mais
importantes que já se passaram com cada um, visando estabelecer a relação homem-
natureza.
Dando continuidade às atividades lúdicas, os participantes do curso foram
convidados a voltarem ao Parque Nacional no sábado e trabalharem com garrafas pet, tinta
guachi, cola colorida, barbantes, visando a diminuição de resíduos no meio ambiente.
Dessas atividades foram elaborados materiais lúdicos visando o desenvolvimento de
atividades práticas envolvendo o meio ambiente.
Os visitantes do Parque Nacional de Brasília presentes também puderam participar,
as crianças brincaram e criaram coisas diferentes. Além dessas atividades, foi realizada
uma visita ao Parque para ampliar os conhecimentos aprendidos e obter uma atividade na
qual as pessoas pudessem interagir com o meio ambiente.
Como ferramenta de avaliação do projeto, foram utilizados questionários. Os
participantes das atividades receberam uma folha de papel com três perguntas fechadas:
1. Qual o nível de importância da aula ministrada, em sua opinião?
2. Quanto numa escala de 1 a 10, você julga ter entendido do assunto apresentado?
3. Você conseguiria explicar a outra pessoa o que aprendeu nesta aula?”

RESULTADOS E DISCUSSÕES
A prática inicial das atividades lúdicas visando relembrar a relação homem-
natureza foi muito interessante e envolveu todos os participantes com lindas histórias e
muitas risadas, a turma foi bastante receptiva a metodologia. O questionário é um
instrumento de recolha de informações, utilizado numa sondagem ou inquérito. Sua
aplicação possibilita uma maior sistematização dos resultados obtidos, permite uma maior
facilidade de análise bem como reduz o tempo que é necessário despender para recolher e
analisar os dados (AMARO, 2005).
Existem dois tipos de questões: as de resposta aberta e as de resposta fechada. A
primeira permite ao inquirido construir a resposta com as suas próprias palavras,
permitindo deste modo a liberdade de expressão. E a segunda são aquelas nas quais o
inquirido apenas seleciona a opção (dentre as apresentadas), que mais se adéqua à sua
opinião (AMARO, 2005).
Embora nem todos os projetos de pesquisa utilizem o questionário como
instrumento de (recolha) e avaliação de dados, este é muito importante na pesquisa
científica, especialmente nas ciências da educação (AMARO, 2005). As opiniões coletadas
estão descritas a seguir. Foram coletadas opiniões de 27 educadores.

Quadro 1 – Questionário aplicado aos participantes das atividades lúdicas promovidas no


Parque Nacional de Brasília
PERGUNTA 08 09 10
Sim Não
Qual o nível de importância da aula 9% 91%
ministrada, na sua opinião?
Quanto numa escala de 1 a 10, você julga 5% 27% 68%
ter entendido o assunto do qual falamos?
Você conseguiria explicar a outra pessoa o 100%
que aprendeu nesta aula?

A oportunidade de poder se expressar através da arte, criando, compartilhando,


ajudando, interagindo, sendo útil é capaz de desenvolver a criatividade e ajudar as pessoas
a expressar determinado contexto. A participação de todos na atividade foi bastante
significativa, pois eles se interessaram pelo tema abordado, expuseram suas idéias. Estas
atividades proporcionaram aos participantes assimilar dados, transformá-los em
conhecimento e transmitir informações.

Com relação à visita ao Parque Nacional de Brasília, nas trilhas, piscinas e outras
dependências, os participantes das atividades lúdicas agora podem dar grande suporte ao
processo educativo, pois criou-se um respeito, carisma e sentimento de reflexão pela
natureza. Partindo do pressuposto de que a didática tradicional está defasada e
desconectada da realidade atual, ou seja, não valoriza os conhecimentos trazidos pelos
alunos nem a forma peculiar que cada um tem de aprender (BORGES e ORLEANS, 2009),
atividades lúdicas surgem como uma excelente proposta pedagógica, já que esta visa o
processo de aprendizagem por descoberta.

No contexto da educação ambiental as atividades lúdicas aparecem como tática a


serem aplicadas em educadores que se interessam em promover a interação
homem/natureza, através de aulas dinâmicas, pois estas constroem uma base sólida para
toda vida, sendo capazes de atuar no desenvolvimento cognitivo e emocional de forma
natural e harmônica.

CONCLUSÃO

As atividades lúdicas como ferramenta adicional no processo de ensino-


aprendizagem se apresenta como alternativa eficiente de educação ambiental em unidade
de conservação, já que o ato de brincar é o caminho natural do desenvolvimento humano
sobre o ambiente e enfatizar de modo adequado atividades práticas e sociais.

REFERÊNCIAS

AMARO, A. et Al. A arte de fazer questionários. Porto: Faculdade de Ciências da


Universidade de Porto, 2005.

BORGES, J.M.S. ORLEANS, R. A evasão escolar e a falta de motivação em sala de


aula: o papel da didática aplicada. Salvador: Universidade federal da Bahia, 2009.

DIAS, G. F. Educação Ambiental: Princípios e Prática. São Paulo: Editora Gaia, 2004.

EVANGELISTA, L. M. SOARES, M.H.F.B. Educação Ambiental e Atividades


Lúdicas: Diálogos Possíveis. Paraná: XIV Encontro Nacional de Ensino de Química,
2008.

GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na Educação. Campinas: Papirus, 1995.


107 p.

PATRIARCHA-GRACIOLLI, S.R. et AL. “ Jogo dos predadores”: uma proposta lúdica


para favorecer a aprendizagem em ensino de ciências e educação ambiental. Revista
eletrônica Mestrado em Educação Ambiental, v. 20, 06/2008, p. 202-216.

TESSARO, J. P. Discutindo a importância dos jogos e atividades em sala de aula.


Disponível em: <http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/A0356.pdf> Acesso em:
mar.2009.
A UTILIZAÇÃO DE GARRAFAS PET PARA A APREENSÃO DE MOSCAS EM UMA
ESCOLA MUNICIPAL: UMA ATIVIDADE DE EXTENSÃO

ÁREA TEMÁTICA: MEIO AMBIENTE

RESPONSÁVEL PELO TRABALHO: Rubens Pessoa de Barros

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS – (UNEAL)

Rubens Pessoa de Barros1 , Adiles Paulo de Lima2, Claudio Galdino da Silva3, Daiana Wilma da
Silva Lós3 Jhonatan David Santos das Neves3, Keyth Daiann Felix Palmeira3, José Cícero Soares
Neto3.

1. Professor Titular do Dep. de Ciências Biológicas da Uneal/Campus I em Arapiraca-AL. e-mail:


[email protected]
2. Biológo. Mestre em Biotecnologia. Doutorando na UFRPE.
3. Graduandos em Ciências Biológicas na Uneal – Campus I.

RESUMO

As áreas urbanas avançam até as áreas rurais e quando estas populações localizam-se
próximo a granjas avícolas podem sofrer com o ataque de vários tipos de insetos, destaca-
se neste estudo as moscas, o objeto de estudo. O objetivo desta pesquisa e extensão foi o de
analisar o número de moscas apreendidas utilizando diferentes iscas em garrafas PET
(Politereftalato de etila), usadas como armadilhas nas dependências de uma Escola
Municipal numa atividade de extensão universitária feita por alunos do curso de ciências
biológicas da Universidade Estadual de Alagoas – Uneal. No local da pesquisa e extensão
estava ocorrendo uma perturbação ambiental, com uma grande concentração no número de
moscas que provavelmente estava vindo do material orgânico produzido na granja avícola
próxima a esta escola, localizada na zona rural de Arapiraca-AL. Para este trabalho foi
utilizado a pesquisa quali-quantitativa, usando armadilhas com garrafas pet, para apreensão
de moscas com tipos diferentes de iscas. O período do trabalho foi no meio da estação
chuvosa, chamada inverno (mês de agosto) e final do inverno e início da primavera (mês
de outubro). Os resultados das médias obtidas revelaram que as armadilhas são eficientes
para apreender moscas com as iscas utilizadas nos diferentes ambientes onde foram
colocadas.

Palavras-chave: armadilhas, moscas, extensão.

1. Introdução

As atividades extensionistas em cursos de licenciaturas são acrescidas de


expectativas promissoras para a formação acadêmica do futuro professor, pois o local da
extensão pode se tornar o seu ambiente de trabalho, completando o feedback da missão do
curso ou universidade que se estrutura no tripé: ensino-pesquisa e extensão. FREIRE
(2006) afirma que o ato de conhecer o papel do educador, indica uma materialização do
conhecimento e só ocorre como tal, na medida em que for apreendido e aplicado à uma
realidade.
A Escola Municipal que a atividade de pesquisa e extensão foi desenvolvida
localiza-se numa região da zona rural do município de Arapiraca-AL, e que em seu
entorno, existe uma granja avícola, causando uma perturbação ambiental, atraindo moscas
que traz um incômodo muito grande para alunos e professores se estendendo para as
residências próximas.
Em todas as regiões onde o desenvolvimento da avicultura avançou, resultou em
práticas intensivas de criação, aumentando o número de aves mantidas em regime de
confinamento e semi-confinamento, o que resulta no acúmulo de grandes quantidades de
esterco, principalmente em granjas de postura (SILVEIRA et al., 1989).
O avanço das áreas urbanas até as áreas rurais tem possibilitado um desconforto
ambiental, isto se complica quando, as atividades agrícolas ou aviárias se confundem com
as atividades domésticas pelas proximidades dos empreendimentos nos arranjos urbanos,
atraindo moscas que podem se tornar vetores de muitas doenças (HELLER, 1998).
As moscas buscam alimento não só nos aviários, mas são atraídas por odores de
preparo de alimentos das residências vizinhas podendo se tornar um grande incômodo,
com demandas judiciais. Desta forma transmite a maior quantidade de agentes
patogênicos, pois visita todo tipo de material para sua alimentação (MEDEIROS, 2006).
Embora tenham capacidade de vôo de até cinco quilômetros, a maioria das moscas
criadas no esterco permanece no mesmo local, por ter alimento e substrato de postura.
Poucos indivíduos abandonam o local em comportamento de preservação das espécies.
Observada uma grande população de moscas em uma propriedade pode-se ter certeza de
que ali há uma falha no manejo de resíduos que está permitindo sua criação (PAIVA,
2000).
Diante do exposto neste trabalho, o objetivo desta atividade de pesquisa e extensão
foi analisar o número de moscas apreendidas utilizando diferentes iscas em garrafas PET
(Politereftalato de etila), como armadilhas, realizado pelos alunos do curso de ciências
biológicas da Uneal/Campus I, vinculando os conhecimentos adquiridos no âmbito
acadêmico no desenvolvimento de sua prática pedagógica. Neste estudo foi escolhido uma
Escola Pública Municipal que fica próximo a uma granja avícola, localizada na zona rural
de Arapiraca-AL.
2. Material e métodos

Para auxiliar na fundamentação teórica, foram selecionados artigos publicados em


periódicos, que abordam a temática e sitios eletrônicos confiáveis. Após este estudo, foi
confeccionado uma armadilha utilizando-se garrafa tipo PET (politereftalato de etila), com
capacidade para 2,5 L, conforme modelo na figura 1. O estudo foi realizado no período de
agosto a outubro de 2010. Neste período os alunos do Curso de Ciências Biológicas foram
para a escola participar de reuniões com alunos e professores e equipe pedagógica. Após a
sensibilização dos atores envolvidos no projeto de pesquisa e extensão, os alunos do 9º
ano, do turno matutino, formaram um grupo que auxiliaram na montagem das armadilhas
nos alpendres da Escola à uma altura de dois metros e meio a partir do chão. As repetições
das armadilhas nos locais da escola, foram colocadas conforme a proposta no delineamento
experimental, sendo selecionadas as iscas (alimentos) para apreensão das moscas: leite
achocolatado, biscoito molhado ao leite e carne, colocadas respectivamente na ordem dada
e as coletas a cada dia durante o período da pesquisa e extensão.

Figura 1. Armadilha com garrafa tipo PET.


Disponível no site: http://panohippie.blogspot.com/2010/01/armadilha-ecologica-para-capturar.html

3. Resultados

A pesquisa se restringiu a capturar moscas sem ter a preocupação de identificar as


espécies encontradas dentro das armadilhas. O procedimento de coleta no local da pesquisa
se deu da seguinte forma: abriram-se as armadilhas e colocou-se água fervente para cessar
a atividade vital dos espécimes, usando para a separação das moscas uma rede
entomológica e colocada em recipientes de plástico para posterior contagem no laboratório.
Na tabela 1, a média de tukey revela que entre os lotes, ou seja, nos locais onde
foram colocadas as armadilhas, houve diferença significativa, sendo o pátio, o local com a
isca leite achocolatado, o que mais atraiu moscas na armadilha. Verifica-se que neste
estudo, o pátio, é o local da escola onde há mais frequências de alunos se alimentando e
conseqüentemente podem deixá-lo sujo, durante a hora da intervalo. Algumas espécies de
drosofilídeos, em especial as do gênero Drosophila, são utilizados como bioindicadores e
se torna numa ferramenta importante e inovadora para estudos ecológicos e monitoramento
de áreas de preservação ou áreas urbanas (PENARIOL, 2007).

Tabela 1. Média de tukey dos locais onde foram colocadas as armadilhas com as iscas.
Local/ Tratamentos Média

L1 – na entrada da escola 3.607981 a


L2 – no corredor 3.443389 a
L3 – ao lado da cantina 3.360044 a
L4 – entrada do banheiro 2.949717 a
L5 – no pátio 4.474532 b
Médias seguidas de mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste
de Tukey. L: local.

Observa-se que na tabela 2, as médias obtidas das iscas utilizadas não diferiram em
significância, infere-se que a eficiência está na armadilha e no local onde foi colocada.
Geralmente nas escolas, o local onde os alunos ficam mais juntos é o pátio, e se alimentam
com os produtos oferecidos na merenda escolar ou compram produtos na cantina que
quando descartados ao chão ou na lixeira aberta, podem contribuir para atrair as moscas,
daí a grande concentração destes insetos neste local. O tratamento/isca carne não é
recomendado, uma vez que produz mau cheiro que pode incomodar aos usuários da escola.

Tabela 2. Média de tukey dos tratamentos nos locais das armadilhas.


Tratamentos/Iscas Média
3.225050 a
Biscoito molhado ao leite
3.598850 a
Carne
3.877498 a
Leite achocolatado
Médias seguidas de mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste
de Tukey.
4. Conclusão

Os dados da pesquisa mostram que é importante monitorar os vetores em locais


públicos para as tomadas de decisões. A utilização de medidas de controle biológico
através de técnicas de monitoramento da população das moscas e conhecimento do seu
comportamento pode contribuir com medidas de controle mecânico, que envolvem desde
detalhes da construção até o manejo de resíduos e práticas sanitárias.
No biomonitoramento é necessário descobrir o melhor momento para a aplicação
das armadilhas, e da quantidade a ser usada para que seja economicamente eficiente para o
proprietário. O uso de garrafas PETs como armadilhas para este controle de moscas na
escola onde foi desenvolvida a pesquisa, mostrou-se eficiente na apreensão de moscas,
diminuindo a sua concentração ao longo dos dias que durou a pesquisa e as atividades de
extensão.
Os trabalhos de extensão desenvolvidos por alunos em locais que poderão ser o seu
ambiente de trabalho, podem se transformar em atividades prazerosas para o crescimento
acadêmicos dos futuros profissionais.

5. Referências

FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação. 13a Edição. São Paulo: Paz e Terra. 2006.

HELLER, L. Relação entre saúde e saneamento na perspectiva do desenvolvimento.


Ciência & Saúde Coletiva, 3(2):73-84, 1998.
MEDEIROS, H. F. Relações entre características bionômicas e fisiológicas de espécies
de Drosophila e a distribuição de suas abundâncias na natureza. Tese de Doutorado.
Universidade Estadual de Campinas. UNICAMP. Campinas. São Paulo. 2006.

PAIVA, D. P. Controle de Moscas e Cascudinhos: Desafios na Produção Agrícola.


Simpósio sobre Resíduos da Produção Avícola. v. 1. p.1-6 12 de abril de 2000 –
Concórdia, SC.

PENARIOL, L.. Assembléia de drosofilídeos na borda e no interior de um fragmento


de floresta estacional no noroeste do Estado de São Paulo. São José do Rio Preto. 91 f.
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Letras e
Ciências Exatas, 2007.

SILVEIRA, G.A.R.; MADEIRA, N.G.; AZEREDO-ESPIN, A.M.L. PAVAN, C.


Levantamento de microhimenópteros parasitóides de dípteros de importância médico-
veterinária no Brasil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 84:505-510. 1989.
BIODIVERSIDADE COMO TEMA CENTRALIZADOR DE ATIVIDADE
EXTENSIONISTA EM EDUCAÇÃO

Área temática: Meio Ambiente

Responsável pelo trabalho: Ana Clara Franco de Magalhães

Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

Nome dos autores: Ceres Olívia Leão; Maria Rita Silvério Pires; Viviane Renata Scalon;
Hildeberto Caldas de Souza.

Palavras chave: Biodiversidade, educação, ciência

Resumo

O projeto Ciência e Escola - uma ponte para o conhecimento vem sendo desenvolvido
semestralmente desde 2008, por um grupo de professores e funcionários do Departamento
de Ecologia Evolução e Meio Ambiente da Universidade Federal de Ouro Preto, estudantes
de graduação em Ciências Biológicas. Em outubro de 2010, esse projeto foi oferecido com
tema central “Biodiversidade no Brasil: prazer em conhecê-la”. Este evento teve como
objetivo despertar o interesse dos alunos pela investigação científica, particularmente sobre
biodiversidade, e foi voltado para os alunos de ensino médio e último ano do ensino
fundamental de escolas públicas e particulares de Ouro Preto e região. Os alunos foram
divididos em turmas e atuaram em diferentes laboratórios da área biológica para realizar
trabalhos de cunho científico durante uma semana. Ao final da semana, foi realizada uma
mini conferência para que seus trabalhos e resultados fossem apresentados aos demais
participantes do evento. Um questionário com perguntas sobre interesse e conhecimento
científicos foi aplicado aos alunos antes e depois da realização do evento com intuito de
avaliar o que foi aprendido por eles e se houve o esperado aumento de interesse pela
pesquisa científica. De maneira geral, foi possível estimular os alunos a conhecerem a
prática científica, além de propiciar um conhecimento sobre a biodiversidade local, com a
qual eles convivem diariamente.

Introdução

O Ministério da Educação conceitua extensão como um processo educativo que


possibilita a relação transformadora entre universidade e sociedade, articulando o ensino e
a pesquisa. As universidades possuem autonomia didático-científica para realizar o
princípio de integração entre ensino, pesquisa e extensão. Neste principio estão inseridas a
justiça social, a solidariedade e a cidadania (HENNINGTON, 2005). Extensão
universitária é um processo indispensável na formação do aluno de todas as áreas e na
qualificação do professor por se tratar de um processo que implica relações multi, inter ou
transdisciplinares. Um novo pensar sobre a extensão universitária propõe que a
comunidade deixe de ser passiva no recebimento de informações e conhecimentos
transmitidos pela universidade e passe a ser participativa e crítica (JEZINE, 2004).

O projeto Ciência e Escola - uma ponte para o conhecimento foi desenvolvido pelo
programa de Educação Ambiental, ligado à Pró-Reitoria de Extensão da Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP). Este projeto contou com a colaboração de professores,
técnicos e alunos dos laboratórios do Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio
Ambiente e foi realizado no período de 25 a 29 de outubro de 2010. Este visa propiciar um
ambiente onde alunos do ensino médio e fundamental das escolas públicas e particulares
de Ouro Preto e região possam ter contato com a metodologia usada em trabalhos
científicos, desde como ela é idealizada e vivenciada no cotidiano até a experimentação e
avaliação de resultados. O aluno assume o papel de pesquisador, deixando de ser apenas
um receptor de informações e conceitos prontos.

O tema Biodiversidade vem sendo amplamente divulgado pela mídia e com isso
surgiu o interesse em mostrar ao público alvo de diversas abordagens e metodologias
associadas a ele, tendo como objetivo final a conservação da biodiversidade. Também
houve uma demanda por partes dos professores de ciências em promover atividades
práticas para seus alunos, já que frequentemente não há disponibilidade de recursos ou
mesmo laboratórios de ciências das escolas.

Dessa forma, os objetivos deste trabalho foram despertar o interesse dos alunos pela
investigação científica através do trabalho em torno do tema biodiversidade, assim como
conhecer a grande biodiversidade regional e as formas de conservação da mesma.

Materiais e metodologia

O presente projeto foi realizado entre os dias 25 e 29 de outubro de 2010, no


período da tarde, de 13h00 as 17h00, nos laboratórios de Limnologia, Zoologia dos
Vertebrados, Zoologia de Invertebrados, Ecologia e Botânica, todos pertencentes ao
Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente da UFOP.

Inicialmente foi realizada uma reunião com os professores, técnicos e alunos


interessados em participar do evento como monitores, para que estes conhecessem os
objetivos do trabalho e suas respectivas funções. Os monitores foram mediadores da
discussão entre os alunos, levando-os a formular perguntas que seriam respondidas ao
longo da semana por meio de experimentações e pesquisas.
Todas as escolas de ensino fundamental e médio de Ouro Preto e seu entorno foram
convidadas, entretanto apenas oito participaram. O convite, contendo uma carta com os
objetivos e o cronograma, foi entregue pessoalmente pelos realizadores do projeto à
direção das escolas, sugerido que o professor de ciências escolhesse cinco alunos.
No primeiro dia os alunos foram recebidos na UFOP, ganharam seus crachás e material, e
participaram de uma palestra, na qual foram expostos os propósitos da atividade. Foi
realizada uma dinâmica para a socialização entre alunos e monitores e introdução do tema
proposto. Os alunos responderam a um questionário contendo perguntas a respeito do
ponto de vista destes sobre a ciência e a universidade.

Logo após os alunos foram divididos em grupos e conduzidos aos cinco


laboratórios participantes. Os alunos conheceram os laboratórios em que trabalhariam
durante a semana, partindo de uma exposição sobre as linhas pesquisas e suas relações com
a biodiversidade por parte do docente responsável e seus monitores. Docentes e monitores
assumiram uma postura de estimuladores dos experimentos propostos pelos alunos de
acordo com o tema em debate, não respondendo de forma direta as perguntas levantadas,
permitindo que os alunos buscassem tais respostas durante suas pesquisas.

Os dias 26, 27 e 28 foram destinados a realização dos projetos de pesquisa


propostos pelos alunos visando responder às perguntas formuladas pelos mesmos. Ao final
de cada dia foi oferecido um lanche para todos no restaurante universitário. Durante o
lanche cada grupo apresentou seus resultados parciais e debates a cerca de cada tema foram
realizados pelos alunos, sempre mediado pelos monitores. Estes debates permitiram que
todos os grupos conhecessem os diferentes projetos e acrescentassem informações e
sugestões para a metodologia dos demais grupos.

No último dia os alunos apresentaram cartazes e outros materiais utilizados na


pesquisa para expor os resultados obtidos, na forma de uma mini conferência. Em seguida
o mesmo questionário aplicado no primeiro dia foi respondido novamente para uma
comparação das respostas. Isto permitiu avaliar se os resultados esperados foram obtidos.

Resultados e discussões

Na recepção dos alunos, gravuras alusivas a diversos temas relacionados à


biodiversidade deram origem a uma dinâmica, na qual uma história sobre biodiversidade
foi sendo contada a partir da relação entre as gravuras imaginada por cada participante.
Esta dinâmica estimulou a interação dos alunos e a exposição de suas idéias e percepções
quanto as inter-relação dos diferentes temas.

A comparação entre as respostas aos questionários aplicados antes e após as


atividades mostraram um amadurecimento dos alunos quanto ciência desenvolvida na
universidade. Inicialmente 73,5% dos participantes acreditavam que a ciência influencia a
sua vida de forma perceptível. Ao final do projeto, 100% dos alunos reconheceram esta
influência. Antes da realização do evento a maioria dos alunos respondeu que se tornariam
cientistas, mas que ainda não haviam se deparado com algo que lhes despertasse interesse.
Ao final, a maioria respondeu que se tornaria cientista, pois, percebeu que a ciência é
indispensável para o País. Essas respostas indicam que os alunos selecionados já eram
interessados em ciência e a participação no projeto materializou essa possibilidade em suas
vidas.

Quando solicitado que caracterizassem ciência escolhendo palavras positivas,


neutras ou negativas, as mesmas palavras foram assinaladas nos questionários aplicados
antes e depois do evento, sendo em maioria positivas. Esse fato reforça a idéia de que os
alunos participantes já tinham suas opiniões positivas sobre ciência.

Em relação ao ingresso na universidade a grande maioria dos alunos considerou a UFOP


como um espaço destinado à formação de pessoas que almejam sucesso profissional, isso
pode indicar que a maioria se sente atraída pela idéia de ingressar na universidade.

Durante a apresentação dos trabalhos, os alunos se mostraram mais dispostos a


pensar, agir e questionar sobre qualquer temática científica do que no início da semana,
dando-nos evidências de termos alcançado os objetivos propostos. Foi demonstrada
satisfação da parte dos estudantes, pois elogiaram e agradeceram aos realizadores a
possibilidade de sua participação no evento.

Conclusão
De maneira geral, os resultados obtidos com esta iniciativa destacaram o
importante papel da Universidade como geradora e difusora do conhecimento científico,
algo já evidenciado anteriormente (CHAUI, 2003). Foi possível estimular os alunos a
conhecerem a prática científica, independente da área de estudo, além de propiciar um
conhecimento sobre a biodiversidade local, com a qual eles convivem diariamente.

Acreditamos que para muitos alunos, a participação neste evento permitiu que estes
repensassem sobre seu futuro, almejando a formação acadêmica, ou mesmo repensassem
suas ações para com a sociedade.

Referências

CHAUI, M. A universidade pública sob nova perspectiva. Revista Brasileira de


Educação. Rio de Janeiro, n. 24, p.5-15. 2003.
HENNINGTON, E. A. Acolhimento como prática interdisciplinar num
programa de extensão universitária. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(1):256-265.
2005.
JEZINE, E. As Práticas Curriculares e a Extensão Universitária: Área
Temática de Gestão da Extensão. Belo Horizonte. 2004.
H H
F-XC A N GE F-XC A N GE
PD PD

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O

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bu

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CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DOS PEQUENOS PRODUTORES DE


CAMARÃO NA BACIA DO RIO PARAÍBA ATRAVÉS DO MONITORAMENTO
DA QUALIDADE DOS EFLUENTES.

Área temática: Meio Ambiente

Responsável pelo trabalho: José Marcelino Oliveira Cavalheiro.

Instituição: Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

José Marcelino Oliveira Cavalheiro(1); Thais Teresa Brandão Cavalheiro (2); Thiago
Brandão Cavalheiro (1)

(1) Universidade Federal da Paraíba, Campus I, s/n, Cidade Universitária, CEP:58051-


270, João Pessoa-PB. E-mail: [email protected], [email protected]
(2) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Av. Ipiranga, 6681 -
Partenon - Porto Alegre/RS - CEP: 90619-900 E-mail: [email protected]

Resumo
A carcinicultura é hoje uma atividade solidamente estabelecida e em expansão, e o seu
crescimento vem sendo acompanhado por crescentes preocupações sobre sua
sustentabilidade ambiental. O presente trabalho foi realizado no Centro de Tecnologia da
Universidade Federal da Paraíba, tendo como local de estudo um grupo de 04 pequenos
criadores de camarão localizados no Rio Paraíba, abrangendo 04 municípios (Itabaiana,
Mogeiro, Salgado de São Feliz e São Miguel de Taipú). O objetivo principal foi de
repassar informações aos produtores a cerca da qualidade das águas dos efluentes gerados
pelos pequenos empreendimentos de criação de camarão a fim de que estes não
prejudiquem o meio ambiente e ao mesmo tempo permitir que os mesmos estejam
enquadrados na legislação ambiental vigente (Resolução CONAMA 312). A metodologia
utilizada baseou-se na coleta de água dos efluentes das Bacias de Decantação, para tanto,
coletou-se amostras por um período de 03 meses, onde as coletas foram realizadas em
intervalos de 30 dias, e obtendo assim um total de 24 amostras de água dos efluentes
gerados pelos viveiros de cultivo. Destaca-se que as médias para todos os parâmetros
foram tratadas estatisticamente através da analise de variância ANOVA e teste de Tukey a
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5% de probabilidade. Durante os 90 dias de cultivo, os parâmetros apresentaram variações


significativas, entretanto, os valores encontrados não ultrapassaram os limites
recomendados pela legislação vigente (Resolução CONAMA 357).

Palavras chave: Camarão Litopenaeus vannamei, sustentabilidade ambiental, qualidade dos


efluentes.

Introdução
O camarão branco, Litopenaeus vannamei, foi introduzido no Brasil nos anos 90
tornando-se, rapidamente a espécie mais importante das fazendas de camarão do país,
sendo distribuído ao longo de todo o território nacional (Wang, Chen, 2004).
De acordo com a Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO,
2006), o Brasil ocupa a sétima posição, com a produção de 65 mil toneladas. Entre os
peneídeos, destaca-se Litopenaeus vannamei como a espécie mais cultivada e de extrema
importância na América Latina e Ásia (Rojas, Alfaro, 2007).
O adequado suprimento de uma água de boa qualidade é fundamental para o sucesso
de explorações aquícolas (Kubtiza, 2003). Neste contexto o ambiente onde geralmente as
fazendas de camarão estão inseridas, são ecossistemas complexos, produtivos e de grande
importância econômica, ecológica e social, e que interferem diretamente através da
qualidade da água na produção de camarões.
As fazendas de camarões geralmente estão localizadas em áreas onde há influência
de zonas agrícolas, indústrias ou de rios adjacentes, que podem causar aumento de
nutrientes, excesso de matéria orgânica, sólidos em suspensão, podem trazer pesticidas, e
com isso acarretar numa água de péssima qualidade aos camarões cultivados, (Boyd,
2005).
Diversos são os fatores físico-químicos que afetam a qualidade da água e
conseqüentemente a produção de camarões marinhos, dentre estes estão: os teores de
amônia, nitrato, temperatura, nitrito, fosfato, silicato, pH, oxigênio dissolvido, Demanda
Bioquímica por Oxigênio, salinidade, transparência, materiais em suspensão, Clorofila a e
Coliformes (Número mais provável) (Arana, 1997). Neste sentido, faz-se necessário
conscientizar a comunidade de produtores de camarão quanto aos tratos culturais
sustentáveis a fim de proteger o ambiente o qual seus empreendimentos estão inseridos no
que tange a qualidade dos efluentes lançados no ambiente, buscando realizar uma
convivência harmônica com a comunidade do seu entorno.
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Material e Métodos
Para o monitoramento dos efluentes nas Bacias de Decantação dos
empreendimentos de cultivo de camarões marinhos da espécie Litopenaeus vannamei,
foram realizados em fazendas junto ao Rio Paraíba, em número de quatro propriedades, as
quais destacamos: 1. Fazenda Sitio Boa Vista (Mogeiro), 2. Fazenda Nossa senhora da
Conceição (Itabaiana), 3. Fazenda Jardim Piranhas (Salgado de São Felix), e 4. Fazenda
Camaron (São Miguel de Taipú). Todas as propriedades estão localizadas na Bacia
Hidrográfica do Rio Paraíba, e o inicio das atividades se deu com o povoamento dos
viveiros com camarões, o que ocorreu durante um período de 90 dias, as coletas foram
intercaladas a cada 30 dias, gerando, portanto 04 coletas por produtor (0, 30, 60 e 90 dias),
totalizando assim 24 amostras para o período de estudo. As amostras de água dos efluentes
foram coletadas e acondicionadas em caixas isotérmicas contendo gelo e transportados ao
Laboratório de Processamento de Produtos Pesqueiros do Centro de Tecnologia da UFPB.
O pH foi determinado utilizando-se um potenciômetro portátil e a medir a
transparência utilizou-se o disco de Secchi. A salinidade foi aferida com um refratômetro
manual e a concentração de amônia e nitrito foi determinada através do método
colorimétrico de Mackereth, Heron e Tallaing (1978). A concentração de nitrato foi
determinada pelo método de Rodier (1975), em que o nitrato é reduzido a nitrito através do
contato do nitrato com cádmio amalgamado. Para analise de fósforo total, silicato,
Clorofila a, material em suspensão, Coliformes e DBO foram mensuradas segundo a
metodologia descrita por Simpaúba-Tavares (1995). A medição do oxigênio dissolvido e
temperatura foram utilizadas um oxímetro da marca Quimis (modelo Q-758p).
Resultados e Discussão
Os resultados expressados através da analise de água dos efluentes dos viveiros para
as quatro Bacias de Decantação dos empreendimentos de cultivo estudados, no que diz
respeito às analises de oxigênio dissolvido, salinidade, pH, amônia, nitrato, nitrito e
fosfato, apresentaram valores muito próximos entre os ambientes.
Malpartida e Vinatea (2007), afirmam que em uma faixa de 0 a 20%° o camarão
hiper-regula sua hemolinfa para 22%o, faixa ótima de crescimento para esta espécie, a
exemplo do que se observa para outras espécies de camarão Peneideo, como por exemplo,
o Litopenaeus vannamei. Para os valores de pH, DBO e transparência os resultados
também se mostraram dentro da faixa aceitável ao cultivo de camarões e existente nas
Bacias de Decantação analisadas, os valores ideais de pH para o crescimento ideal do L.
vannamei de acordo com Boyd (2005) estão entre de 6 a 9.
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Segundo Boyd (2005), as concentrações ótimas de oxigênio para viveiros de camarão


que levam a um bom crescimento deve ser maior que 5,00mg/l. Para a Bacia de
Decantação da Fazenda Jardim Piranhas, foram encontrados níveis baixos de saturação de
oxigênio, porem por se tratar de um cultivo com uma menor densidade e com uma maior
área estas baixas taxas não alteraram a produção nos viveiros.
Nas Fazendas Sitio Boa Vista, Nossa senhora da Conceição e Camaron, de acordo
com os dados obtidos por Chellapa, Lima e Câmara ( 2007), a média das concentrações
obtidas para o oxigênio dissolvido estiveram próxima a média encontrada pela pesquisa
que foi de 5,80 mg/l, indicando um melhor aporte de oxigênio dentro do sistema de cultivo.
Os compostos nitrogenados (Amônia, Nitrato e Nitrito) estão correlacionados entre
si e com a salinidade, oxigênio dissolvido e pH, indicando que existem processos
oxidativos de matéria orgânica nas Bacias de Decantação e que as influências dos efluentes
também podem atuar nesse processo (Boyd, 2005).
Conforme descrito por Hernandéz (2000) no que se refere à concentração de amônia
encontrada, os valores estiveram dentro da faixa ideal de crescimento para o camarão
cultivado (0,1 – 1,0mg/L). Nas Bacias de Decantação para todas as fazendas, a coleta 3,
obteve valores superiores aos comparados com as demais coletas dos efluentes.
Para os resultados obtidos quanto aos valores de nitrito, as quatro Bacias de
Decantação estudadas estiveram com teores inferiores aos descrito por Boyd (2002), que
relata que o limite máximo deste teor dentro de um cultivo deve ser menor que 1,0mg/L,
pois acima deste valor o nitrito pode interferir no transporte de oxigênio dentro das células
do camarão, acarretando na sua morte ou prejudicando no processo de ecdise (muda) uma
vez que durante este processo o consumo de oxigênio se torna maior, (ARANA, 1997).
Segundo Clifford (1994) os valores de nitratos devem estar entre 0,4 a 0,8mg/L, e de
acordo com essa faixa todos as Bacias de Decantação estudadas estiveram muito abaixo do
intervalo descrito pelo autor.
Os valores obtidos para o fosfato total, material em suspensão, Clorofila a e
Coliformes nas Bacias de Decantação apresentaram-se dentro dos padrões exigidos pela
Resolução do CONAMA 357. Diante disto, pode-se recomendar o reuso dos efluentes
como medidas mitigatórias para a carcinicultura.
Conclusões
Os parâmetros físico-químicos e microbiológicos das Bacias de Decantação estiveram
dentro dos limites aceitáveis para o cultivo de Litopenaeus vannamei;
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Pode-se recomendar o reuso dos efluentes das Bacias de Decantação como medidas
mitigatórias para qualidade ambiental dos ecossistemas envolvidos, bem como no
beneficio das comunidades do entorno.
Referências
ARANA, L. V. Princípios químicos da qualidade da água em aqüicultura. Editora da
UFSC. V. 7, 66 pág, 1997.

BOYD, C. E. Manejo da qualidade da água na aquicultura e no cultivo do camarão


marinho. Tradução Josemar Rofrigues. Recife ABCC, 157p. 2005.

CHELLAPA, N. T., LIMA, A. K., CÂMARA, F. R. A. Riqueza de Microalgas em viveiros


de cultivo orgânico em Tibau do Sul Rio Grande do Norte. Revista Brasileira de
Biociências, Porto Alegre, V. 5, supl. 2, p120-122, jul.2007.

CLIFFORD, H. C. Semi-intensive sensation: a case study in marine shrimp pond


management. World Aquaculture, V.25, n.6,p. 98-102, 1994.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS.


FishStat plus: universal software for fi sherry statistical time series. Version 2.3. Rome:
FAO, 2006.

HERNANDÉZ, J. Z. Manual da Purina de biosseguridade no cultivo de camarões


marinhos. São Paulo: Paulínia, 2000. 36p.

KUBTIZA, F. Qualidade da água no cultivo de peixes e camarões. Editora Jundiaí, São


Paulo, 1ª edição, 2003.

MACKERETH, F. F. H.; HERON, J.; TALLING, J. F. Water analysis some revised


methods for limnologist. Dorest: Freshwater Biology Ass., 1978. 121p.

MALPARTIDA, J.; VINATEA, L. Monitoramento de crescimento de juvenis de


Farfantepenaeus paulensis (PEREZ-FARFANTE, 1967) com vistas a um futuro
repovoamento da lagoa da lagoa de Ibiraquera, Ibatuba SC. Biotemas, V.20 (3), pag 37-45.
2007.

RODIER, J. Lánalyse de I’lau: eaux naturellos, eaux residuales, eaux de mer. 5 ed.
Paris: Dunod., v. 1, 1975. 692 p.

ROJAS, E.; ALFARO, J. In vitro manipulation of egg activation in the open thelycum
shrimp Litopenaeus. Aquaculture, v.264, p.469-474, 2007.

SIPAÚBA-TAVARES, L. H. Variação diurna da alguns parâmetros limnológicos em três


viveiros de psicicultura submetidos a diferentes tempos de residência. Acta Limnologica
Brasiliense . V. 8, 29-36, 1995.

WANG, S.; CHEN, J. The Protective Effect of Chitin and Chitosan against Vibrio
Alginolyticus in White Shrimp L. vannamei. Fish & Shelfish Immunology, v.19, p. 191-
204, 2004.
CURSO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA IDOSOS DA UNIVERSIDADE DO
ENVELHECIMENTO EM ARAGUAÍNA (UNIENVA) – CAMPUS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

Área Temática: Meio Ambiente

Marcelo Venâncio
Professor do Curso de Geografia da Universidade Federal do Tocantins,
Campus Araguaína (UFT/CAMUAR)

Resumo

Este texto tem por objetivo relatar as experiências do projeto de extensão denominado:
Curso de educação ambiental para idosos da Universidade do Envelhecimento em
Araguaína (UNIENVA) – campus da UFT. Tal curso teve como objetivo promover um
curso de Educação Ambiental (EA) para os alunos idosos, a fim de capacitá-los como
agentes críticos e multiplicadores de propostas de EA, bem como dar subsídios para que os
mesmos reflitam sobre os problemas ambientais dentro do município. O curso conta com a
participação de 82 idosos e foi dividido em duas etapas. A primeira ocorreu entre fevereiro
e junho (18 encontros) e a segunda parte ocorrerá entre agosto e novembro (8 encontros).
O objetivo da primeira parte foi fazer que os idosos refletissem sobre os grandes problemas
ambientais como água, lixo, arborização, queimadas, problemas estes visíveis em
Araguaína. Para a realização da primeira etapa do curso foram utilizados materiais
audiovisuais diversos, textos, músicas, debates, dentre outros. Assim, discutir meio
ambiente com os idosos permitiu os mesmos fizessem uma reflexão sobre os problemas
ambientais e adotassem uma outra postura frentes as questões que afetam seus lugares de
vivência além de tornarem multiplicadores de uma proposta de EA.

Palavras-chave: Educação Ambiental Urbana. Idosos. Araguaína (TO)

Introdução

O presente texto trata de um projeto de extensão de Educação Ambiental (EA)


voltado para os Idosos da Universidade do Envelhecimento em Araguaína (UNIENVA) do
Campus da Universidade Federal do Tocantins (UFT). A UNIENVA é um projeto
coordenado pela Profa. Dra. Mara Cleusa Peixoto Assis Rister que propõe uma educação
continuada, oferecida às pessoas com idade igual ou superior a 50 anos, no sentido de
possibilitar atualização cultural dos participantes na área de Geriatria, Gerontologia,
Direitos, Políticas Sociais e Meio Ambiente, valorizando a magnitude do conhecimento e a
ampliação teórico-metodológica multidisciplinar a respeito do envelhecimento no Estado
do Tocantins e na região Norte. Assim, acredita-se que a EA pode auxiliar no alcance
desses objetivos. Participam do projeto 82 idosos cuja idade varia de 51 anos a 90 anos,
todos moradores do município de Araguaína. Além disso, o presente projeto conta com a
participação de mais 2 professores, 1 técnico administrativo e 5 alunos de graduação e
Geografia da UFT.
Nesse sentido, corroborando as ideias de Miranda (2006, p. 32), a EA é “uma
práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos,
habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade da vida e a atuação
lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente”. Dentro dessa
perspectiva, o curso de EA contribuiu também, no sentido de despertar nos idosos o nível
de reflexão e de conscientização sobre os problemas ambientais do meio o qual estão
inseridos.
Nessa linha de raciocínio, Cabral et al (2006) ressalta que a EA está voltada para
todas as idades, mas por estar inserida principalmente no espaço escolar uma parcela da
população, nesse caso os idosos, que, por ocasião do período escolar não tiveram contato
com essa área do conhecimento. Assim, o presente projeto teve como proposta oferecer um
curso para os alunos idosos da UNIENVA/UFT, a fim de capacitá-los como agentes
críticos e multiplicadores de propostas de EA, bem como dar subsídios para que os
mesmos reflitam sobre os problemas ambientais dentro do município.
Em Araguaína, os problemas ambientais ligados à disposição dos resíduos sólidos,
o uso da água, a prática de queimadas dentre outros têm despertado a preocupação de
pesquisadores e demais membros da sociedade organizada. Daí, além da necessidade de
discutir esses problemas nas escolas, discutir esse tema, com os idosos da UNIENVA
torna-se primordial, pois os mesmos além de refletirem sobre os seus lugares de vivência
podem também, tornarem-se multiplicadores de propostas de EA, daí a justificativa dessa
extensão.
Discutir as questões ambientais urbanas é de significativa importância, pois a maior
parte da população do planeta se encontra em cidades. Isso implica no aumento acelerado
dos problemas ambientais que trazem inúmeras consequências negativas que afetam a
todos. Assim, concordando com Carvalho (2008) as propostas dos programas e/ou projetos
de Educação Ambiental voltados para as cidades, almejam de forma abrangente contribuir
para uma análise crítica do processo civilizatório, tomando o ambiente urbano como sua
face mais concreta e eminente, desvelando os problemas e os riscos que tal processo
produziu em termos de uma generalizada crise socioambiental de graves proporções para a
continuidade da espécie humana e a sobrevivência do planeta.

Material e Metodologia

O projeto está sendo desenvolvido no Campus da Universidade Federal do


Tocantins, Campus Araguaína (UFT/CAMUAR), com 82 alunos idade entre 51 e 90 anos.
Esse projeto de extensão foi dividido em duas partes. A primeira parte do curso ocorreu
entre os períodos de Fevereiro a Junho de 2011 totalizando 18 encontros, onde foram
discutidas as grandes questões ambientais urbanas. A segunda parte que ocorrerá de agosto
à novembro de 2011 terá um total de 8 encontros. Nessa parte serão feitas algumas
pesquisas de campo na cidade de Araguaína, para que os idosos identifiquem os principais
problemas urbanos. Essa parte do curso contará também com atividades de conscientização
em alguns bairros e ainda será construída uma carta proposta que será enviada ao poder
público, apontando os problemas e possíveis soluções para resolvê-los.
Com relação à primeira parte do curso foi desenvolvida num primeiro momento,
uma discussão sobre as propostas e objetivos do projeto e os temas da EA dando ênfase aos
problemas ambientais urbanos e a importância de refletir sobre eles. Em seguida foram
discutidos com os idosos as grandes questões ambientais que afetam a cidade, dando foco à
Araguaína. Os temas tratados foram: O crescimento das cidades e os problemas daí
decorrentes, a problemática do lixo, uso e conflitos por água, desmatamento, queimadas,
dentre outros problemas urbanos. Para o desenvolvimento da atividade foram utilizados
materiais audiovisuais (vídeos, data show, sites especializados na Internet), músicas,
confecção de cartazes, debates, dinâmicas de grupo, dentre outros.
Para estimular a criatividade dos idosos, os mesmos foram incentivados a
produzirem algumas atividades relacionados às discussões feitas em sala de aula, como
produção de desenhos, de poesias, de músicas, de textos, de cartazes, de paródias de
músicas, dentre outras. Ao final da primeira parte do curso foi feita uma avaliação onde
cada idoso pode fazer uma reflexão sobre o curso e o que aprenderam.
Resultados e Discussões

O curso permitiu com que os idosos fizessem uma reflexão crítica sobre os
problemas ambientais de Araguaína, cidade esta localizada no norte tocantinense e que
teve um crescimento acelerado nos últimos 10 anos. Porém esse crescimento aconteceu de
forma desordenada sem nenhum planejamento. Os problemas ambientais como o lixo, a
poluição das águas, as queimadas no perímetro urbano, a falta de arborização são fatores
preocupantes. Foi notório o interesse dos participantes em discutir tais problemas. Um
fator importante durante as avaliações foi perceber a postura crítica sobre o papel do poder
público em resolver os problemas ambientais. Falas como: “Quando chegar a política
temos que conhecer o que cada candidato vai fazer pelo meio ambiente” e ainda “temos
que ficar de olho o que os políticos tão fazendo pelo meio ambiente e denunciar para o
ministério público”.
Outro ponto percebido a partir da fala dos idosos foi a mudança de atitude frente ao
meio ambiente. A maioria deles relataram que passou a dar um destino adequado ao lixo
não jogando-o em terrenos baldios, racionalização de água, plantio árvores, não provocar
queimadas, etc.. Além disso, relataram que ainda conscientizam amigos, vizinhos e
familiares sobre os problemas ambientais.
Ainda, durante o curso foram frequentes as dúvidas envolvendo a temática
ambiental, o que provocaram o debate entre os participantes. Muitos deles realizaram
atividades bastante criativas como construção de poesias músicas e desenhos que
mostraram uma postura crítica frente às questões ambientais.

Conclusão

Conforme as avaliações realizadas no decorrer da primeira parte desse curso,


podemos considerar que essa atividade foi positiva. O curso permitiu que os mesmo
adotassem uma postura crítica frente as questões ambientais que afetam o planeta, as
grandes cidades e o meio em que eles estão inseridos. Além disso, um dos objetivos do
curso é que os mesmo sejam multiplicadores de uma proposta de EA. Isso foi percebido
quando falaram do papel do poder público. Além disso, os alunos mostraram uma postura
crítica frente às questões ambientais, e ainda tentam conscientizar as pessoas próximas.
Dessa forma, consideramos que a primeira etapa do curso atingiu os objetivos propostos.
Referências Bibliográficas

CABRAL, S. S. et al. Educação Ambiental para idosos: relato de uma experiência em um


grupo de terceira idade na região metropolitana de Belo Horizonte (MG). In: REUNIÃO
ANUAL DA SBPC, 58., 2006, Florianópolis/SC. Anais... julho. Florianópolis:
Universidade Federal de Santa Catarina, 2006.

CARVALHO, I. C. de M. Educação Ambiental: a formação do sujeito e ecológico. São


Paulo: Cortez, 2008.

CARVALHO, V. S. de. Educação Ambiental Urbana. Rio de Janeiro: Wak, 2008.

MIRANDA, E. da S. Conceitos e ações de educação ambiental em grupos de terceira


idade: perspectivas para desenvolvimento de programas educativos. 2006. 146 p.
Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Instituto Oswaldo Cruz, Belo Horizonte, 2006.

PROJETO UNIENVA – Universidade do Envelhecimento em Araguaína (TO).


DE MÃOS DADAS COM O RIO PARAUAÚ: DA REFLEXÃO CRÍTICA À
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL.

Área Temática: Meio Ambiente


Responsável pelo Trabalho: Enil do Socorro de Sousa Pureza
Instituição: Universidade Federal do Pará (UFPA)
Nome dos Autores: Enil do Socorro de Sousa Pureza1;
Sônia Maria Pereira do Amaral2.

RESUMO
O Projeto de Mãos Dadas com o Rio Parauaú: da reflexão crítica à preservação ambiental,
desenvolve atividades de extensão na temática meio ambiente, com ênfase na preservação
do Rio Parauaú - rio que banha a cidade de Breves, Marajó, Pará; tomando como perímetro
de abrangência a orla fluvial da cidade. Seu principal objetivo é proporcionar campanhas e
atividades de sensibilização para a preservação do Rio Parauaú, através de atividades
práticas e reflexivas de preservação do meio ambiente. A metodologia de trabalho consisti
em: seminários, mini-cursos, palestras, pesquisas, arrastões ambientais e apresentações
artísticos culturais, envolvendo danças, performances teatrais, paródias, voltadas a sua área
temática. Os resultados foram: 14 palestras realizadas nas escolas de ensino fundamental;
10 Arrastões - coleta de lixo e panfletagem - na orla de Breves; 01 Seminário de Educação
Ambiental; 01 mini-curso; participação em eventos: apresentação de 02 Comunicações
Orais: Levantamento do Nível de Consciência Ambiental dos Usuários da Orla do Rio
Parauaú, Breves, Pará, Norte do Brasil e Educação Ambiental na Orla Marítima de Breves:
Ilha do Marajó - Pa, apresentado na 13ª Jornada de Extensão Universitária da UFPA e 02
pôsteres no I Simpósio Brasileiro de Educação Ambiental, na Cidade de Belém- Pará.

PALAVRAS CHAVES: lixo, rio, preservação.

INTRODUÇÃO
No decorrer de nossa trajetória histórica, a relação homem e meio ambiente vem se
modificando, de acordo com as necessidades humanas. Chegamos aos dias atuais e a
devastação do meio ambiente cresce de forma acelerada. Nesse mesmo caminho, a

1
Docente do quadro efetivo da Universidade Federal do Pará – Campus Universitários do Marajó - Breves.
Coordenador do Projeto.
2
Docente do quadro efetivo da Universidade Federal do Pará – Campus Universitários do Marajó - Breves.
Co-autora do Projeto.
poluição das águas também acompanha a catastrófica história do desenvolvimento sem
sustentabilidade. A exemplo disto são os rios que cortam os grandes centros urbanos,
castigados por ações antrópicas, como é o caso do Rio Tietê em São Paulo e de forma
similar, os Rios da Amazônia que também sofrem com este mesmo problema.
Diante deste cenário e por ser a academia também um campo de discussão de
problemáticas social, principalmente as que se apresentam com mais intensidade neste
início do século XXI, não há como ficar alheia às discussões que afligem boa parte da
população; por isso, sua visão, deve estar inserida numa proposta que valorize um
planejamento baseado não apenas nas preocupações de formação da racionalidade técnica
instrumental, mas, com os conhecimentos das diversas ciências que fundamentam e
estruturam a composição e a formação do homem. Neste sentido, apresenta-se a
preocupação com a preservação do meio ambiente, em um currículo transdisciplinar onde

A diversidade de educadores presentes em uma escola (professores de matemática,


ciências, línguas, literatura, etc.) propicie uma enorme riqueza de documentos e de
percepções da realidade; no entanto, muitas vezes, esses conhecimentos estão
compartimentados. Por ser uma proposta participativa que se baseia na interação
das pessoas, na discussão de todas as pessoas envolvidas no processo educacional,
a EA deve buscar a transdisciplinaridade a fim de obter compreensão mais ampla
da realidade. (KINDEL, 2009, p. 100)

Sendo assim, a problemática ambiental não deve ser preocupação de uma área
restrita do conhecimento, mas do conjunto de saberes que ajudam para a formação dos
seres humanos, não ficando tão somente na reflexão, mas na intervenção dessa realidade.
Diante da preocupação com a problemática ambiental e em fazer a integração entre
ensino, pesquisa e extensão, o Campus Universitário do Marajó – Breves, por meio das
Faculdades de Educação e Ciências Humanas e de Ciências Naturais, desenvolve o Projeto
De Mãos Dadas com o Rio Parauaú: da reflexão crítica à preservação ambiental e que traz
como atividade principal a “sensibilização” (Pentado, 2010) a preservação do Rio Parauaú,
tomando como perímetro de abrangência a orla fluvial, moradores, comerciantes,
ribeirinhos e transeuntes que utilizam esse espaço; com também professores, alunos e
funcionários da Educação Básica e Superior. De forma empírica percebe-se que
diariamente o Rio Parauaú recebe uma grande quantidade de “Resíduo em estado sólido e
semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviço e de varrição” (Resolução Conama 5, de
05/08/93), os quais provocam a poluição e destroem a vida aquática, fazendo mal à saúde
daqueles que permanecem nas embarcações e passam a tomar a água já contaminada.
Os objetivos do presente projeto são: possibilitar através da educação formal e não
formal a reflexão crítica, usando como eixo o processo ensino-aprendizagem; despertar na
comunidade a importância da preservação do Rio Parauaú; envolver ativamente os alunos e
professores dos diversos níveis e modalidades de ensino para o exercício da cidadania
tendo como foco as questões ambientais.
A relevância deste projeto parte da premissa de que sensibilizar a população para a
preservação do rio ainda é a melhor forma de fazer com que o rio passe a receber uma
quantidade menor de resíduos, pois presumimos que, se as pessoas agem de maneira
agressiva com o ambiente é por falta de compreensão em relação à dimensão do problema
que afeta a qualidade de vida não somente do ser humano, mas de toda a biota existente
nele.

MATERIAL E METODOLOGIA
Para a execução do presente projeto trabalhamos com as seguintes atividades:
seminário - com o propósito de promover formação da equipe e de garantir parceiros para
o projeto; mini-cursos para professores em parceria com o IBAMA; palestras nas escolas
de ensino fundamental, envolvendo a equipe do projeto e profissionais de órgãos
municipais, estaduais, federais e organizações não-governamentais - ONG’s; pesquisas
sobre o nível de consciência ambiental; arrastões ambientais - coleta de lixo e panfletagem
e apresentações artísticos culturais, envolvendo danças, performances teatrais, paródias;
todas as atividades em consonância com a temática e com a participação da comunidade,
alunos e professores da educação básica e superior.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Desenvolver o projeto junto à comunidade foi um grande desafio e um aprendizado
incomensurável para professores e alunos no que tange trabalhar com pessoas e ter como
principal instrumento de divulgação a informação, na
perspectiva de provocar uma mudança de atitude em
relação à preservação do meio ambiente. Sensibilizar para
preservar foi o grito de ordem que acompanhou o projeto
nos diversos espaços como escolas, praças, ruas e
1° Seminário de Educação ambiental
comércio. Como resultado temos: realização do I Seminário de Educação Ambiental, em
abril de 2010, com a participação de acadêmicos e alunos do 3º ano do Ensino Médio com
o tema: De Mãos Dadas com o Rio Parauaú: da reflexão critica à preservação ambiental,
com apresentação do projeto a comunidade e de discussão
sobre a poluição hídrica. Mini-curso: “Água: fundamentos
básicos, função biológica, importância social e legislação
federal pertinente. Para a consecução dos objetivos do
projeto, várias atividades foram realizadas com o
Arrastão Ambiental
envolvimento de 14 escolas de ensino fundamental, 01
escola de ensino médio, do Campus Universitário do Marajó – Breves (Faculdades de
Educação, Ciências Naturais e Serviço Social) e com a
sociedade. Com esses agentes conseguimos atingir
aproximadamente 5.000 (cinco) mil pessoas, por meio
do seminário, palestras e dez Arrastões Ambientais -
coleta de lixo e panfletagem - quando foram recolhidos
400(quatrocentos) sacos de lixo 50kg (cinqüenta) cada
Arrastão Ambiental
e distribuídos 5.000 (cinco mil) panfletos em uma área
que corresponde aproximadamente a um quilômetro - orla da cidade.
Duas comunicações orais: Levantamento do Nível de Consciência Ambiental dos
Usuários da Orla do Rio Parauaú, Breves, Pará, Norte Do Brasil e Educação Ambiental na
Orla Marítima de Breves: Ilha do Marajó - Pa: implicações para a preservação do Rio
Parauaú, apresentado na 13ª Jornada de Extensão, Universitária da Universidade Federal
do Pará e dois pôsteres com os mesmos temas no I Simpósio Brasileiro de Educação
Ambiental.
Ao Promover a formação desses sujeitos observamos que
as intervenções se tornaram mais qualificadas. As palestras
e os arrastões ambientais envolveram mais pessoas nas
atividades, seja na panfletando, na coleta de lixo, ou
mesmo nas atividades artístico-culturais.
Atividade Artístico-cultural

CONCLUSÃO
Intervir de maneira consciente e crítica frente às problemáticas que se apresentam
na sociedade não é tarefa fácil e nem esperávamos que fosse, já que requer uma atitude
política social, econômica, filosófica, dentre outras. As ações realizadas com a comunidade
foram de uma construção consciente que transcenderam as atividades acadêmicas,
perpassando por questões éticas, de valores e despertando a formação de pessoas críticas e
responsáveis pelo/com seu ambiente e com o ambiente de outros seres.
Trabalhar Ensino, Pesquisa e Extensão e levar a UFPA/ Campus Universitário do
Marajó - Breves até a comunidade brevense, mostrou que a relação universidade -
comunidade pode se dá de forma sólida, pactuada, desde que a primeira apresente-se além
dos seus muros e de diversas formas, e uma delas pode ser através de projetos de extensão,
como o De Mãos Dadas com o Rio Parauaú, que nasceu na prática pedagógica acadêmica,
da inquietude em não aceitar o que está posto, de se não se acomodar frente aos grandes
problemas que vive a humanidade e que por meio da reflexão e da intervenção humana as
mudanças são possíveis.
A relevância desse projeto pauta-se na formação de novas atitudes das pessoas -
embora de forma muito tímida, percebemos que os objetivos e as metas foram alcançados,
considerando que nesta região marajoara o rio é fonte de trabalho, lazer, alimentação e
principalmente o caminho para se chegar a outros lugares da Amazônia. É um trabalho que
não termina, não tem um fim em si mesmo, mas que ganha sentido quando se percebe o
envolvimento da comunidade nas ações que foram além das expectativas.

REFERÊNCIAS
BERNA, Vilmar Sidnei Demamam. Como Fazer Educação Ambiental. 4ª ed., São Paulo:
Paulus, 2009

CASTRO, Ronaldo Souza de. (Org.). Repensar a Educação Ambiental: um olhar crítico.
São Paulo: Cortez, 2009.

KINDEL, Eunice Aita Isaia. Educação Ambiental: vários olhares e várias práticas. 3ª Ed.,
Porto Alegre: Mediação, 2009.

PENTEADO, Heloísa Dupas. Meio Ambiente e Formação de Professores. 6ª Ed., São


Paulo: Cortez, 2010.

REIGOTA, marcos. Meio Ambiente e Representação Social. 8ª Ed., São Paulo: Cortez,
2010.

www.sos-itacare.org/uploads/media/Conama-RES-369-06.pdf, capturado em 13/05/2011.


DIAGNÓSTICO DO CUIDADO NO USO DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS
EM FRUTÍFERAS NA SERRA GAÚCHA
Meio Ambiente
Marcus A. K. Almança, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves (IFRS)
Marcus A. K. Almança 1; Otávio D. C. Machado2; Antonio F. Fagherazzi3; Carine Rusin4;
Sabrina Lerin5; Felipe Bicalho6

RESUMO:

A produção de frutíferas é uma das principais atividades da região conhecida como Serra
Gaúcha de Rio Grande do Sul. Dentre as espécies mais cultivadas temos destacadamente a
produção de uva e de pêssego. Nas frutíferas as pragas e doenças representam um dos
principais problemas e para isso são utilizadas estratégias de manejo, como os produtos
fitossanitários. Então, o objetivo deste trabalho foi realizar um diagnóstico inicial das
culturas implantadas e dos cuidados no uso de produtos fitossanitários na Serra Gaúcha.
Para obtenção dos resultados foi utilizado o método de entrevista estruturada com
questionário, em 15 produtores de Bento Gonçalves e Farroupilha. Nos resultados
pudemos verificar a uva foi a principal cultura, abrangendo 71,83% da área. Todos os
produtores informaram que utilizam EPI, realizam tríplice lavagem e devolvem as
embalagens utilizadas, porém o destino da calda que sobra da pulverização é diferentes. O
local de armazenagem dos produtos fitossanitários também foi variável, com 84,6%
armazenando em local destinado para estes produtos. A principal forma de assistência
técnica observada é daquela realizada por casas agrícolas. Todos os produtores informaram
ter conhecimento sobre registros de produtos, que respeita os prazos de carência dos
produtos e que nunca ocorreram casos de intoxicação na família. Porém, 75% dos
entrevistados relataram já ter ocorrido fitotoxidez nas espécies cultivadas na propriedade.
Conclui-se, é necessário um aprofundamento no detalhamento das informações sobre as
condições de armazenagem e principalmente uma conferência do conhecimento sobre os
produtos, pois houve um número alto de ocorrência de fitotoxidez.

Palavras-chave: entrevista, produtos fitossanitários, desenvolvimento

1
Eng. Agr., Dr. Professor de Fitopatologia do IFRS/Campus Bento Gonçalves. Av. Osvaldo Aranha, 540,
Bento Gonçalves. Fone: (54) 3455 3200, e-mail: [email protected]
2
Eng. Agr., MSc. Professor de Mecanização do IFRS, e-mail: [email protected]
3
Curso superior de Tecnologia em Horticultura, e-mail: [email protected]
4
Estudante do curso superior de Tecnologia em Horticultura, e-mail: [email protected]
5
Curso superior de tecnologia em Horticultura; e-mail: [email protected]
6
Eng. Agr., Iharabrás S.A. Indústrias Químicas. Av. Liberdade, 1701, Sorocaba, e-mail:
[email protected]
INTRODUÇÃO

A serra gaúcha destaca-se cada vez mais no cenário nacional devido a sua
participação na produção frutífera. O município de Bento Gonçalves é caracterizado pela
sua diversificada produção de frutas. No ano de 2009 a produção de pêssego atingiu 19.200
toneladas e a de caqui de 2.380 toneladas (IBGE, 2009), importantes produtores
brasileiros. Já, quanto a produção de uvas no Brasil a região Sul também destaca-se
(PROTAS et al., 2002). A área plantada brasileira de uva na safra 2010/2011 é de 83.838
ha, enquanto que a do Rio Grande do Sul é de 50.389 ha, perfazendo 60,1% da área
nacional. O RS é responsável por uma produção de 791.845 toneladas, correspondente a
57% da produção nacional que é de 1.387.787 (IBGE, 2011). O município de Bento
Gonçalves possuiu uma produção de 100.300 toneladas, sendo o principal produtor do RS
(IBGE, 2009).
No cultivo das frutíferas o principal método de controle utilizado para as doenças é
a utilização de fungicidas. Para tanto, busca-se alternativas de controle que garantam
segurança dos produtos, minimizando o risco aos consumidores e ambiente, minimizando
ou substituindo o uso de fungicidas (CAMILI et al., 2007). O cuidado com o uso de
fungicidas deve ser observado, pois apesar de em algumas situações não ocasionarem
significativo acúmulo de resíduos nos produtos originados da produção, como vinho, os
valores podem ser mais elevados na uva trazendo conseqüências para o consumo in natura
(EDDER et al., 2009). Podem também haver conseqüências para o ambiente como a
redução na polinização e na mal formação dos frutos, devido a diminuição na germinação
dos grãos de pólen (KOVACH et al., 2000).
Com este acelerado crescimento iniciaram-se problemas, acredita-se que há falhas
na chegada de informações aos produtores, como a questão de boas práticas, manejo
correto de aplicação e de utilização dos produtos fitossanitários. Para tanto, o objetivo
deste projeto foi realizar um diagnóstico inicial das culturas implantadas e dos cuidados no
uso de produtos fitossanitários na Serra Gaúcha.
MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado nos municípios de Bento Gonçalves e Farroupilha, na


Serra Gaúcha, com a visita em 15 propriedades rurais. Os dados foram obtidos através de
entrevista estruturada com utilização de questionário previamente elaborado.
A entrevista realizada consistiu na obtenção de informações através das seguintes
perguntas apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1: Perguntas e possíveis respostas utilizadas no questionário.
Pergunta Respostas possíveis

Culturas produzidas? Cultura e área.

Utilização de EPI? Sim e Não. Quais?

Realiza tríplice lavagem? Sim e Não. Se sobra calda no tanque,


qual destino?

Devolve as embalagens de agrotóxicos? Sim e Não.

Como realiza o armazenamento de


agrotóxicos e embalagens?

Recebe assistência técnica? Sim e Não. De quem?

Tem conhecimento sobre registro de Sim e Não.


agrotóxicos?

Respeita dose, período de carência e Sim e Não.


registro de agrotóxicos?

Ocorreram casos de intoxicação por Sim e Não. Quais sintomas?


agrotóxicos?

Há relatos de fitotoxidez? Sim e Não. Quais produtos?

As visitas pré-agendadas foram realizadas no semestre de 2010, com duração mínima


de 45 minutos em cada produtor. Após isto, os dados foram digitados e compilados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre as culturas produzidas nos municípios analisados, a uva se destaca com


92,55 ha cultivados, representado 71,83% de área produzida, seguido de pêssego com
31,20 ha e o caqui com 4,60 ha cultivados.
Todos os produtores informaram que utilizam EPI, porém tivemos em dois casos a
falta de uso de viseira. Neste questionamento quando era realizada a pergunta “Quais
EPI’s?” não eram informadas as opções de resposta, buscando-se evitar assim uma
resposta induzida. Com relação a tríplice lavagem e a devolução de embalagens utilizadas,
todos os produtores fazem o recomendado. Porém, o destino da calda que sobra da
pulverização é diferente, sendo reutilizado na própria aplicação, armazenado para
utilização na próxima aplicação. Daldin & Santiago (2008) salientam a importância do uso
de EPI’s e das possíveis consequências que a exposição aos produtos fitossanitários podem
ocasionar, como estresses, depressão, câncer.
O local de armazenagem dos produtos fitossanitários também foi variável, com
84,6% armazenando em local destinado para estes produtos. Porém, tivemos 23,4% de
destinado em locais não separados de outros materiais. Moniz et al. (2008) salienta a
importância do local destinado aos produtos fitossanitários, inclusive referente ao tipo de
construção, a localização, entre outros fatores.
A principal forma de assistência técnica observada é daquela realizada por casas
agrícolas. Todos os produtores informaram ter conhecimento sobre registros de produtos,
que respeita os prazos de carência dos produtos e que nunca ocorreram casos de
intoxicação na família. Porém, 75% dos entrevistados relataram já ter ocorrido fitotoxidez
nas espécies cultivadas na propriedade. Isto pode estar evidenciando a falta de qualidade da
assistência técnica, ou a falha na comunicação entre assistência técnica e/ou a falta de
capacidade do produtor de entender as instruções passadas, entre outros motivos.
Conclui-se então que, os produtores avaliados apresentam um bom conhecimento
geral sobre a questão do cuidado e uso de produtos fitossanitários, porém são necessários
ajustes. É necessário um aprofundamento no detalhamento das informações sobre as
condições de armazenagem, no conhecimento sobre os produtos, pois houve um número
alto de ocorrência de fitotoxidez e sobre o que é feito com a sobras de caldas de
pulverização. Outro fator importante é que como os alunos participantes do projeto são
também filhos de produtores, a informação repassada durante a realização chega por meio
de caminhos ao público-alvo.
REFERÊNCIAS

CAMILI, E. et al. Avaliação de quitosana, aplicada em pós-colheita, na proteção de uva


‘Itália’ contra Botrytis cinerea. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.33, n.3, p.215-221,
2007.

DALDIN, C.A.M; SANTIAGO, T. Segurança do trabalhador rural: Equipamentos de


proteção individual na segurança do trabalhador rural. In: ZAMBOLIM, L. et al. (Ed.) O
que os engenheiros agrônomos devem saber para orientar o uso de produtos fitossanitários.
Viçosa: UFV/DFP, 2008. p.87-106

EDDER, P. et al. Control strategies against grey mould (Botrytis cinerea Pers.: Fr) and
corresponding fungicide residues in grapes and wines. Food Additives and Contaminants,
London, v. 26, n. 5, p. 719-725, 2009.

IBGE. Produção Agrícola Municipal 2009. Disponível em:


http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?uf=rs. Acesso em: 30 de junho de 2011.

IBGE. Sistema IBGE de recuperação automática. Disponível em:


http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/agric/default.asp. Acesso em: 5 mai. 2011.

KOVACH et al. Use of honey bees and bumble bees to disseminate Trichoderma
harzianum 1295-22 to strawberries for Botrytis control. Biological Control, Orlando, v.18,
p.235–242, 2000.

MONIZ et al. Uso correto e seguro no manuseio e na aplicação de produtos fitossanitários.


In: ZAMBOLIM, L. et al. (Ed.) O que os engenheiros agrônomos devem saber para
orientar o uso de produtos fitossanitários. Viçosa: UFV/DFP, 2008. p.87-106

PROTAS, J. F. da S.; CAMARGO, U. A.; MELO, L. M. R. de. A vitivinicultura brasileira:


realidade e perspectivas. In: SIMPÓSIO MINEIRO DE VITICULTURA E ENOLOGIA,
1., 2002, Andradas, MG. Viticultura e Enologia: atualizando conceitos. Caldas, MG:
Epamig, 2002. p.17-32.
DIAGNÓSTICO RURAL PARTICIPATIVO (DRP) DAS CONDIÇÕES SÓCIO-
ECONÔMICAS EM COMUNIDADES DE AGRICULTORES FAMILIARES DE
MARECHAL CÂNDIDO RONDON- PR

Matheus Franke Cornelio¹*; Fábio Corbari²; Nardel Luiz Soares da Silva³.

¹- Discente de Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, M. C. Rondon - PR.


²- Discente de Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, M. C. Rondon - PR.
³- Docente coordenador do curso de Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, M. C.
Rondon - PR.
*Email: [email protected]

Área Temática: Meio ambiente


Responsável pelo trabalho: Matheus Franke Cornelio
Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)
Modalidade de apresentação: Comunicação oral

RESUMO
O Diagnóstico Rural Participativo (DRP) é uma ferramenta utilizada por técnicos, por meio de
pesquisas que se baseiam nos conceitos e explicações dos participantes, para que as
comunidades consigam perceber as suas necessidades principais, compartilhem experiências e
analisem seus conhecimentos, melhorando assim, sua capacidade de gerenciamento e atuação
nos planos de ação, trabalhando juntos nas escolhas dos aspectos mais importantes, sendo eles
econômicos, ambientais e/ou sociais que necessitam de melhorias para o desenvolvimento
sustentável da região. O propósito da utilização do DRP é a obtenção direta e rápida de
informações primárias, conseguidas através da participação de grupos representativos dentro
das comunidades em questão. Este artigo tem por objetivo relatar as experiências obtidas
durante o período de 2011, através da utilização de técnicas e ferramentas do Diagnóstico
Rural Participativo em diversas comunidades de produtores que atuam diretamente na
agricultura familiar no Município de Marechal Cândido Rondon – PR.

Palavras chaves: DRP; planejamento; agricultura familiar.


INTRODUÇÃO
Segundo Verdejo (2006), o DRP (Diagnóstico Rural Participativo) é um conjunto de
técnicas e ferramentas a fim que as comunidades e propriedades façam o seu próprio
diagnóstico e a partir daí comecem a autogerenciar o seu próprio planejamento e
desenvolvimento analisando, compartilhando e acima de tudo valorizando suas experiências e
conhecimentos a fim de que estes iniciem um processo de autorreflexão sobre os seus próprios
problemas e as possibilidades para solucioná-los, e assim, aperfeiçoar suas habilidades de
planejamento e ação.
A elaboração do DRP é realizada por meio da observação, identificação e
levantamento de informações de indicadores sócio-econômicas, técnicos e ambientais das
atividades agropecuárias e agroindustriais desenvolvidas nas comunidades, obtendo análise
das realidades dos pesquisados a serem estudados. Este trabalho é possível através do diálogo
entre pesquisador e pesquisado, a qual viabiliza uma abordagem fiel sobre as práticas de
apropriação, produção e comercialização dos produtos agrícolas e das condições socioculturais
do espaço rural estudado.
Neste trabalho abordaremos alguns levantamentos das condições socioculturais das
propriedades de diferentes comunidades rurais no município de Marechal Cândido Rondon,
mais precisamente nas comunidades Ajuricaba e Curvados. Esses levantamentos são
resultados deste trabalho, os quais foram obtidos através da aplicação metodológica do DRP
por uma equipe de docentes e discentes do curso de Agronomia – Universidade Estadual do
Oeste do Paraná.

OBJETIVO
Além do objetivo de impulsionar a autoanálise e a autodeterminação de propriedades
rurais da região e grupos comunitários, o propósito do DRP é a obtenção direta de informação
primária ou de “campo” nas comunidades, colhendo dados de maneira ágil e oportuna. Apesar
de sua rapidez, de uma maneira completa e concreta, conseguida por meio de grupos
representativos e proprietários rurais, até chegar a um autodiagnostico sobre o estado de suas
propriedades, assim como a situação de seus recursos naturais, econômica e social e outros
aspectos importantes para a propriedade rural e comunidade em geral.
MATERIAL E METODOLOGIA
O projeto foi realizado durante o ano de 2011 com proprietários rurais que trabalham
com agricultura familiar, nas comunidades de Ajuricaba e Curvados do município de
Marechal Cândido Rondon - Pr.
Com a evolução da tecnologia e a busca por adquirir produtos de melhor qualidade, o
produtor rural necessita desenvolver cada vez mais técnicas tanto na área de produção, como
também no gerenciamento financeiro de sua propriedade (SEGALA & SILVA, 2007).
Segundo Schonhuth e Kievelitz (1994), o DRP pode recorrer a uma ampla gama de
metodologias e técnicas qualitativas e interativas de análise e planejamento que apóiam o
processo de aprendizagem dos grupos envolvidos mediante um diálogo. Buscando a maior
amplitude possível para entendimento dos resultados foram adotados os seguintes
procedimentos como: entrevistas semi-estruturadas, mapas, leitura de paisagem, calendário
histórico de propriedades, árvores de problemas, diagramas de Venn e fluxogramas das
atividades rurais. Todas as comunidades visitadas foram percorridas para observação dos
meios de produção, criações animais, impactos ambientais e qualidade de vida da população
local. Outras observações e questionamentos foram possíveis de serem feitas, tais como:
identificando divisores de água; tipos de estradas; rede hídrica; florestas (mata ciliar e reserva
legal); acidentes geográficos; associação comunitária; entre outros.
Com as visitas, observações contextualizadas a legislação ambiental sobre
licenciamento e metodologias aplicadas, pesquisamos e analisamos a paisagem com o olhar
técnico científico levando em consideração as potencialidades do agrossistema e das
condições sócio-culturais dos agricultores.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
A realização desse projeto permitiu um maior entrosamento entre a Universidade
Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE); e órgãos municipais de Marechal Cândido
Rondon, com os agricultores familiares da região, proporcionando a aproximação e o diálogo
entre os produtores de diferentes comunidades, com trocas de experiências mútuas entre os
participantes e executores.
Com a elaboração de mapas de fluxo comercial, árvores de problemas, calendários de
atividades das propriedades, entrevistas, entre outras metodologias, elaboramos um
diagnóstico de cada propriedade visitada, a fim de apontar os problemas e maneiras de
resolver os mesmos.
Como características positivas apresentadas pelas propriedades rurais visitadas, as
principais são a presença solo fértil com boa pastagem de inverno, um bom manejo de
culturas, interesse em conseguir o cumprimento das normas e leis ambientais e água em
abundância. Dentre os pontos negativos e que devem ser melhorados, podemos citar algumas
propriedades que ainda relutam para a aplicação adequada das normas ambientais, com a
ausência de mata ciliar e áreas de reserva legal, um mau preparo e manejo de solo e
instalações em locais inadequados, levando a ocorrência de problemas como erosão,
eutrofização e assoreamento de rios e nascentes.
Dentre estes critérios da ética em pesquisa fomos fiéis ao tratamento digno aos
agricultores respeitando-os em suas autonomias e aos seus valores culturais, sociais, morais,
religiosos e éticos, bem como hábitos e costumes da região de Marechal Cândido Rondon.

Figura 1 e 2. Arvore de problemas e visita participativa as propriedades rurais.

Figura 2 e 3. Vista panorâmica da linha Ajuricaba e cercamentos adequados em APP de


propriedades do município de Marechal Cândido Rondon.
CONCLUSÃO
O DRP demonstrou aos participantes, que a organização das propriedades e também
comunidades é muito importante, pois só através de medidas práticas, corretas e dentro nas
normas ambientais, as propriedades rurais, que primam pelos princípios da agricultura familiar
em Marechal Cândido Rondon, podem alcançar um limiar para a sustentabilidade, produzindo
e extraindo da terra e das atividades exercidas, todos os bens necessários sem agredir o meio
ambiente e agroecossistemas da região.
Sobre as técnicas aplicadas, são de fácil execução e compreensão e permitem que todos
os participantes manifestem suas opiniões e reflitam sobre as questões levantadas. Os
participantes desse projeto atuam como mediadores e conselheiros, aprendendo e analisando
sobre as condições e situações rurais de Marechal Cândido Rondon e estimulando o
pensamento crítico de cada um dos envolvidos e demonstrando práticas e métodos para o
melhoramento das propriedades no processo de um diagnóstico rural participativo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
1. VERDEJO, M. E. Diagnóstico Rural Participativo. Brasília: MDA/Secretaria da
Agricultura Familiar, 2006, p. 65.
2. SCHONHUT, M.; KIEVELITZ, U. Participatory Learning Approaches: Rapid Rural
Appraisal. Participatory Appraisal: an introduce guide. GTZ: 1994.
3. BRASIL. Ministério Extraordinário da Política Fundiária. Metodologia do
Diagnóstico Rápido Participativo Emancipador. Brasília, Mar. 1999.
4. MIRANDA, E. E.; CRISCUOLO, C.; QUARTAROLI, C. F. Desenvolvimento rural:
gestão territorial. Revista Agroanalysis (FGV), São Paulo-SP, jul. 2006, p. 40.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA PARA MITIGAÇÃO DE
IMPACTOS PROVENIENTES DO MANEJO INADEQUADO DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS. ESTUDO DE CASO: CURIONÓPOLIS – PA

Área Temática: Meio Ambiente e Educação


Responsável: Nayara Lage Silva
Instituição: Universidade Fumec
Autores: Nayara Lage Silva1; Rafaela Pedrosa2

Resumo

Este trabalho tem como objetivo apresentar a experiência da Educação Ambiental


aplicada no município de Curionópolis – PA, durante a operação do Projeto Rondon,
através de palestras e oficinas práticas com crianças e adultos. Informar e sensibilizar
sobre a forma adequada de lidar com os resíduos sólidos e seus impactos ao meio
ambiente e saúde passa a ser o grande desafio da pesquisa. O artigo retrata em um dos
momentos da pesquisa, um diagnóstico de percepção ambiental aplicado aos moradores
do município, buscando o reconhecimento e análise da dinâmica dos resíduos em
Curionópolis. Os resultados avaliados no diagnóstico preconizaram as bases de
interlocução entre as práticas de compostagem e reciclagem aplicada nas oficinas e
palestras. A importância do gerenciamento de resíduos na área da saúde, envolvendo
profissionais das escolas, postos de saúde e associação de mulheres, incentivando o
comprometimento da comunidade em relação ao conteúdo proposto, também representa
um dos conteúdos descritos neste artigo.

Palavras –chave: educação ambiental, resíduos sólidos, Projeto Rondon.

1
Graduando Engenharia Ambiental pela Universidade FUMEC, participante do Projeto Rondon –
Operação Carajás 2011
2
Graduando Engenharia Ambiental pela Universidade FUMEC, participante do Projeto Rondon –
Operação Carajás 2011
Introdução

O município de Curionópolis localiza-se no estado do Pará, a 697 km da capital,


Belém. Possui aproximadamente 18.295 habitantes (IBGE, 2010) distribuídos em uma
área de 2.289 Km². O município é constituído pelo distrito sede, e também pelos
distritos de Serra Pelada e Cutianópolis. A região de Curionópolis surgiu de um
aglomerado de pessoas que, no final da década de 1970, se estabeleceram no km 30 da
rodovia PA-275, com a expectativa de trabalho na construção da Estrada de Ferro
Carajás interligando a província mineral de Carajás (PA), com o porto de Ponta da
Madeira, em São Luís (MA), ou em busca de ouro. Este foi descoberto em Serra Pelada,
no início dos anos 80, consolidando Curionópolis como núcleo de apoio a essa atividade
e como local de residência das mulheres e filhos de garimpeiros que, à época, eram
impedidos de ingressar na Serra Pelada. Desenvolveram, assim, um comércio
diversificado e um setor de serviços que permaneceu como povoação definitiva. O
contexto histórico do surgimento de Curionópolis e a composição diversificada da
população, proveniente de outros estados, ajuda no entendimento sobre a atual situação
da região no que se diz às relações com o meio ambiente.

A educação ambiental se propõe a ativar a percepção do indivíduo, para os


impactos causados pelas ações que ele exerce no meio ambiente, ou seja, em suas
atitudes cotidianas. Assim, “a questão do lixo, por exemplo, pode ser trabalhada em
programas de educação ambiental, desde a perspectiva do Lixo que não é lixo, em que o
eixo central de abordagem está na contestação do consumismo e do desperdício, com
ênfase na ação individual” (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2003). O manejo
incorreto dos resíduos sólidos acarreta impactos significativos tanto de saúde pública
quanto para o meio ambiente (ANVISA, 2006), configurando uma situação crítica em
Curionópolis (PA) uma vez que os resíduos são dispostos de forma inadequada.

O presente artigo tem como objetivo relatar o contexto encontrado em


Curionópolis (PA), durante o Projeto Rondon, utilizando a educação ambiental como
ferramenta para mitigação dos impactos ocasionados pelo manejo inadequado dos
resíduos sólidos urbanos.

Material e Metodologia

De acordo com o PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de


2003, menos de 50% da população é atendida pela coleta de lixo (21,26), demonstrando

2
a problemática socioambiental enfrentada na região, e considerando o baixo percentual
de coleta de lixo, o que não inclui todo o manejo como disposição e tratamento deste,
foi elaborado um questionário de diagnóstico ambiental para aplicação em uma parcela
representativa da população local, visando constar o nível de percepção ambiental
relacionado aos resíduos sólidos dos mesmos. Segundo Wagner (2000), para
determinarmos as ações iniciais e o planejamento deve-se conhecer a realidade local
objetivando combater o problema.

Como ferramenta para conscientização ambiental utilizou-se oficinas dinâmicas


e palestras abordando temáticas como reutilização de materiais e disposição adequada
de resíduos sólidos urbanos e resíduos de serviços de saúde, para crianças, jovens e
educadores.

Devido a grande presença de hortas nas escolas do município e investimento do


poder público na agricultura familiar, foi aplicado a compostagem em algumas escolas.
Fez parte da palestra, a construção de uma pilha de compostagem nos locais,
objetivando a prática e dinamização do aprendizado.

A conscientização ambiental torna-se ainda mais relevante, quando se menciona


resíduos de serviço de saúde, que de acordo com a Resolução CONAMA Nº 358/2005,
são todos àqueles gerados a partir do serviço de atendimento a saúde humana ou animal.
São resíduos de características de alta periculosidade, uma vez que representa um risco
a saúde pública e ao meio ambiente. Considerando sua importância, abordou-se através
de palestras o tema nos hospitais e prontos-socorros da região, no intuito de aproveitar o
pequeno porte do município na formação de novos multiplicadores.

Para todas as oficinas realizadas utilizaram-se de slides para apresentação e


explicação do conteúdo programado, cartilhas informativas, apostilas e
materiais/ferramentas para prática, fornecidos pela Universidade Fumec.

Resultados e Discussões

Com a aplicação dos questionários relacionados ao aspecto geração de resíduos pôde-se


diagnosticar a percepção dos moradores de Curionópolis quanto a estes. Uma grande
porcentagem dos moradores que foram avaliados dispõe seus resíduos nos coletores da
Prefeitura, mas grande parte (aproximadamente 31%) queima os resíduos gerados em
casa (FIG. 01). Esse resultado configura um cenário crítico, onde ainda ocorre, nos dias

3
atuais, este tipo de conduta e percepção aos resíduos gerados. A queima de resíduos é
uma atividade totalmente proibida e se constitui crime ambiental conforme a Lei 9.605
de 13 de fevereiro de 1998. Ainda há o risco a saúde do próprio indivíduo quando da
queima, onde é liberado gás carbônico, dioxina e furanos. (EMBRAPA, 2010 ).

Figura 01 – Disposição dos Resíduos pela População


Fonte: Os autores, 2011.

A amostra representativa que respondeu ao questionário sabia ou já ouvira falar


sobre reciclagem, configurando um aspecto positivo no sentindo de disseminação de
alternativas para o resíduo que não a simples geração e descarte inadequado.

Nas oficinas de reutilização de resíduos realizadas, houve grande participação


das crianças e jovens da região, aproximadamente 40 no total, nos permitindo visualizar
o interesse e carência das mesmas. As palestras aliadas a prática para os adultos e idosos
teve efetiva participação do gênero feminino. Foram duas palestras com a participação
de 28 e 11 pessoas respectivamente, dentre esses, 30 eram mulheres. Houve
receptividade e interesse do público-alvo, até mesmo contribuição dos mesmos com
conhecimentos e valores culturais da região. Nas escolas onde foram realizadas a
palestra e prática de compostagem, houve participação de todos os presentes, num total
de 42 participantes.

Os agentes de saúde, em um total de 21, participaram com grande interesse da


palestra sobre RSS, contribuindo assim para sua prática profissional. Todos avaliaram
negativamente o suporte dado pela Prefeitura, entretanto, todos compreenderam a
responsabilidade que cada um possui, e que cabia a eles a realização do gerenciamento
de RSS.

4
Conclusão
Identificou-se no município de Curionópolis que a falta de infraestrutura urbana
e a desinformação da população acarretam carências em diversos setores, com destaque
para a gestão de resíduos sólidos da cidade.

A educação ambiental é uma ferramenta essencial e de grande valia para


mudança de valores, de cultura e conscientização da população. Viu-se o quanto esta
ferramenta faz a diferença na vida, e a extensão de sua funcionalidade, tanto no presente
quanto futuro. Considerando o curto período de duração do projeto Rondon, o objetivo
de capacitar multiplicadores foi atendido, podendo se destacar neste contexto, a
importância do papel dos professores como agentes desta disseminação.

O presente trabalho atingiu seus objetivos de sensibilização da comunidade


quanto ao manejo inadequado dos resíduos sólidos urbanos, e teve um grande retorno
dos mesmos com sua presença e participação. Transformar teoria em prática, mesclando
palestras temáticas com oficinas possibilitou uma maior proximidade entre os
estudantes e a comunidade atendida, apontando caminhos no desenvolvimento de novas
metodologias de ensino da educação ambiental.

Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Gerenciamento dos
Resíduos de Serviços de Saúdes. Brasília, 2006.
BRASIL. Lei Nº 9.605, de 13 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e da outras
providencias.

BRASIL. Resolução CONAMA Nº358 de 29 de abril de 2005. Dispõe sobre o


tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras
providências.

GUERRA, C. B.; BARBOSA, F. A. R. Curso Básico de Formação de Professores na


Área Ambiental. Belo Horizonte, 1996.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010 –
Curionópolis. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 29 mar 2011.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios. Rio de Janeiro, 2003.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Identidade da Educação Ambiental


Brasileira. Disponível em:<http://www.forumeja.org.br/ea/>.Acesso em 05 de abril de
2011.

5
EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM PALMEIRA DAS MISSÕES: PROCESSO
SELETIVO DE COLETA, RECICLAGEM, E CONFECÇÃO DE ESTOFADOS A
PARTIR PNEUS

Antonio Fernandes Macedo Filho1; Terimar Rouso Moresco2; Marcelo Machado Sassi3;
Indiara Sartori Dalmolin3.

A problemática questão dos cuidados com o meio ambiente e que são de extrema
importância e preocupações, pois são dos recursos naturais que vem o alimento e demais
recursos para estabilidade da economia em geral. Neste caso, podemos citar a extração de
matéria prima para a produção da borracha, que é o principal insumo na produção de
pneus, que são consumidos por grande parte da população e que periodicamente devem ser
substituídos por outros novos para a segurança dos veículos. O presente projeto tem o
objetivo de estabelecer diante da população em geral o processo de educação ambiental
para estancar os descuidos e ou consolidar novos cuidados no manuseio da troca de pneus.
A metodologia baseia-se em um trabalho de campo onde os estudantes da Universidade
Federal de Santa Maria, Centro de Educação Superior Norte do RS (UFSM/CESNORS)
estão despertando a consciência ecológica da população de Palmeira das Missões/RS
desenvolvendo um processo de educação ambiental, principalmente nas empresas de trocas
de pneus novos por usados (borracharias). O trabalho está sendo realizado através da
abordagem junto aos borracheiros, para elevar a informação desses perigos e sugerir novas
posturas diante manutenção dos mesmos. Tem-se como resultado esperado retirar do
ambiente natural, os pneus velhos, diminuindo assim a possibilidade de armazenamento de
água parada, iniciando o um processo de extinção da procriação de larvas do mosquito
Aedes aegyptis.Conclui-se que a atividade estabelecida é relevante pois visa consolidar a
consciência ecológica da população, sendo a essência da sociedade que visa o
desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave: Educação ambiental; Desenvolvimento Sustentável; Dengue.

1
Autor/Relator. Acadêmico de Administração da Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Educação
Superior Norte do RS (UFSM/CESNORS).
2
Professora Coordenadora do Projeto de Extensão.
3
Participantes do Projeto de Extensão. Acadêmicos de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria,
Centro de Educação Superior Norte do RS (UFSM/CESNORS).
Introdução

Os arbovírus formam um grande grupo de vírus que compartilham de duas


características: a sua transmissão por vetores artrópodes e o seu genoma de RNA. Mais de
100 membros diferentes infectam os seres humanos. Muitos desses vírus provocam
encefalite, enquanto outros produzem febre amarela, febre hemorrágica ou dengue –
doenças caracterizadas por hemorragias internas, dor articular e muscular intensa e
erupções cutâneas (SCHAECHTER, et al, 2002). O agente etiológico da dengue pertence à
família Flaviviridae, gênero Flavivirus, constituindo a espécie Dengue vírus (DENV),
com quatro tipos sorológicos, dengue 1,2,3 e 4. Os quatro sorotipos do vírus do vírus da
dengue podem causar doença febril aguda de evolução benigna na forma clássica, e grave,
quando se apresentar na forma hemorrágica.
A infecção por dengue causa uma doença cujo espectro inclui desde formas
clinicamente inaparentes, até quadros graves de hemorragia e choque, podendo evoluir
para óbito. O período de incubação varia de dois a 15 dias, sendo em média de cinco a seis
dias. A viremia está presente no momento do aparecimento da febre e pode persistir por
três dias.
Uma síndrome mais severa, a febre hemorrágica por dengue (FHD), pode ocorrer, em
geral, na segunda infecção com sorotipo heterólogo de vírus. No Brasil, a dengue
hemorrágica ocorreu quando o dengue 2 foi introduzido no país, após a epidemia de
dengue 1. As manifestações clinicas inicias da dengue hemorrágica são as mesma da
dengue clássica, o período crítico ocorre durante a transição para o período sem febre,
geralmente após o terceiro dia da doença. O diagnóstico específico da dengue depende de
isolamento viral ou de testes sorológicos. O vírus pode ser isolado a partir do sangue
durante a fase febril precoce da doença. Por causa da associação de infecções seqüenciais
com a dengue hemorrágica, é importante distinguir infecções primárias e secundária.
Atualmente a dengue vem acometendo diversas regiões do país, constituindo um
grave problema de saúde pública. Segundo dados do DATASUS no ano de 2010 houveram
87.986 internações no Brasil causadas por dengue, a região Nordeste foi a que realizou o
maior número de internações, 32.641, na região Sul foram 2.154 pessoas hospitalizadas
devido a dengue. Ainda segundo o DATASUS deste total de internações, 241 pessoas
vieram a óbito, na região Sudeste ocorreu o maior número de óbitos, 98 pessoas, na região
Sul 2 morreram por dengue. Em relação às despesas financeiras relativas à dengue, ainda
no ano de 2010, 31 milhões reais foram gastos com a hospitalização de pacientes com
dengue, a região Nordeste foi a que mais gastou, com pouco mais de 11 milhões de reais,
já na região Sul, 785 mil reais foram gastos para cobrir as despesas causadas por
internações por dengue.
Em documento lançado pelo Ministério da Saúde, O Brasil Unido Contra a Dengue,
traz em uma de suas diretrizes, a importância de ações de limpeza urbana para a eliminação
de criadouros do mosquito. Devido à inexistência de terapias específicas para essas
doenças a necessidade de prevenção torna-se fundamental para evitar tal patologia. Nas
regiões endêmicas, é preciso estabelecer programas de vigilâncias comunitárias para
acompanhar a densidade dos vetores (mosquitos). As formas de prevenção da dengue
atualmente estão sendo muito bem divulgadas e discutidas através de toda a imprensa, seja
ela escrita, ouvida ou televisionada. Percebe-se que a população tem amplo conhecimento
sobre as formas como evitar a propagação da doença. Entretanto, os casos de dengue
crescem constantemente, isso se dá não somente pela facilidade de reprodução do
mosquito, mas também de uma falta de ações preventivas contundentes e da falta de
consciência ecológica da população. O pneu desprezado ao ar livre é um habitat propicio e
muito usado pelo mosquito para o depósito de suas larvas, as quais eclodem rapidamente.
A consciência ecológica ainda é desconhecida por muitas pessoas e poucas são as ações
visíveis em nosso município de captação de pneus em desuso, soma-se a isso o fato de que
o mesmo não contém mais valor econômico, assim é comumente desprezado, ficando
‘’invisível’’ aos olhos de muitos.
Considerando isso, o projeto objetiva implementar um programa de coleta seletiva
de pneus em desuso entre os borracheiros e a comunidade em geral, também confeccionar
estofados a partir dos pneus coletados e então distribuí-los para creches e escolas do
município. Com isso, retirar um possível habitat para a proliferação do mosquito da dengue

Material e Metodologia

Trata-se de um trabalho de campo em que inicialmente, ocorreu divulgação do


projeto em borracharias da cidade. Após esse momento procederá à coleta dos pneus em
desuso e então o encaminhamento deste material a uma estofaria, que realizará a confecção
dos pufes, o recurso necessário para a confecção dos pufes proverá da Câmara Municipal
de Vereadores de Palmeira das Missões. O público alvo são motoristas e empresários
proprietários de borracharias do município.

Resultado e Discussões

Espera-se com a realização desta atividade despertar na população de Palmeira das


Missões/RS a consciência ecológica por meio de educação ambiental. Além de prevenir a
incidência de casos de dengue no município. Também pretende-se confeccionar pufes a
partir dos pneus em desuso e distribuí-los em creches, escolas e em locais de espera de
estabelecimentos públicos.

Conclusão

Conclui-se que durante o processo de desenvolvimento das atividades de campo


será fundamental a transição no procedimento de incumbência junto aos órgãos abordados,
para que se faça real e constante o exercício de todos e, para que os cidadãos em geral
sejam informados e conscientizados que a inserção individual deve se tornar solida e
precisa durante o período de difusão e assimilação. Ademais, de termos plena certeza de
que todas as abordagens de origens preventivas serão fundamentadas na consciência da
comunidade em geral, compreende-se que os conflitos que poderão surgir em meio aos
processos, ainda serão pontos positivos para a consolidação dos mesmos, pois estarão na
posição de gerar mais impacto no fluxo do desenvolvimento da transmição da informação
e da conscientização de todos, pois a essência deste trabalho está na segurança coletiva e
na resolutividade.

Referências

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Datatus: disponível em:


<http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sih/cnv/nruf.def> Acesso em 10/04/2011.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Brasil Unido Contra a Dengue. Disponível em:


<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/dengue_apresentacao.pdf> Acesso em:
10/04/2011.
SCHAECHTER M; ENGLEBERG, N. C; EISENSTEIN B. I; MEDOFF G.
MICROBIOLOGIA: Mecanismos de Doenças Infecciosas. P. 280. Guanabara Koogan –
Rio de Janeiro, 3ª Ed. 2002.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: EXPERIÊNCIAS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE
PORTO ALEGRE

Meio Ambiente

Taís Cristine Ernst Frizzo

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

1. Mariele dos Santos Lopes; 2. Flávia Zacouteguy Boos; 3. Taís Cristine Ernst Frizzo

Resumo

A Educação Ambiental busca despertar o interesse do aluno na construção do


conhecimento e na sua formação como cidadão. Os objetivos dessa ação foram construir,
junto à comunidade, os seguintes aspectos: entender a importância dos ambientes naturais
adjacentes às cidades, promovendo sua preservação e seu uso sustentável; refletir sobre as
atividades humanas nos ecossistemas, reformulando atitudes; qualificar a aprendizagem de
conceitos e conhecimentos teóricos de diversas áreas e atender a legislação brasileira no
que tange o ensino da Educação Ambiental na escola. Para tanto, foram realizadas
diferentes atividades com alunos e professores de escolas públicas localizadas no entorno
do morro Santana, am Porto Alegre – RS, em função de sua importância ambiental e
histórica e da necessidade de preservação dos ecossistemas do local. Tais atividades
contemplaram levantamentos de dados sobre conhecimentos e percepção ambiental,
caminhadas orientadas em trilhas interpretativas, oficinas e palestras. Foi possível concluir
que os alunos demonstraram grande entusiasmo pelas questões ambientais, principalmente
pelo caráter prático e participativo das atividades realizadas, sendo a saída de campo para o
local um importante instrumento sensibilizador nesse processo.

Palavras-chave: Educação Ambiental, morro Santana, Educação Básica

Introdução

A Educação Ambiental pode ser utilizada como uma estratégia de prática escolar que
busca envolver o aluno em atividades que despertem a curiosidade e o interesse na busca
da construção do conhecimento e o subsidiem na sua formação como cidadão. De acordo
com DIAS (2000), o desafio fundamental para a construção de uma sociedade sustentável é
a Educação, sendo a Educação Ambiental o elemento crítico para a promoção desse novo
modelo de desenvolvimento, dada a sua natureza interdisciplinar, polifacetada e holística,
que reúne os elementos necessários para a promoção das mudanças necessárias.
Cerca de 10% do município de Porto Alegre - RS é coberto por áreas naturais,
concentradas principalmente nos morros e margens do lago Guaíba (MENEGAT et al.,
1998). O morro Santana, ponto culminante da cidade possui uma grande área preservada,
de alto valor ambiental e histórico. Há um processo de implementação de uma unidade de
conservação no local, já que trata-se de um dos últimos relictos de ecossistemas naturais
inseridos na malha urbana de Porto Alegre e devido a sua grande relevância para a fauna
local e migratória (UFRGS, 2003). Frequentemente se observa a utilização inadequada do
morro, como a disposição de lixo nas trilhas dentro das florestas, o desmatamento, a
circulação de motos de competição, a caça de animais silvestres, a coleta de plantas e a
ocupação imobiliária irregular.
Frente a tais apontamentos são importantes e urgentes ações que atendam a
comunidade do entorno do morro Santana, no sentido de prepara-la para o uso adequado e
para a preservação dessas áreas, além de contribuir na formação de cidadãos conscientes de
seu papel dentro dos ambientes, sejam naturais ou urbanos. Há três anos tem-se reeditado
uma ação de extensão que busca atender esse público. Em 2011, foram lançados projetos
de pesquisa em duas escolas, envolvendo alunos e professores, com a intenção de tratar
dessas questões que permeiam o ensino e que chegam à comunidade pela extensão pelo
viés da pesquisa, aprofundando, construindo e reconstruindo saberes.
Assim, os objetivos desse trabalho foram construir, junto à comunidade, os seguintes
aspectos: entender a importância dos ambientes naturais adjacentes às cidades,
promovendo sua preservação e seu uso sustentável; refletir sobre as atividades humanas
nos ecossistemas, reformulando atitudes; qualificar a aprendizagem de conceitos e
conhecimentos teóricos de diversas áreas e atender a legislação brasileira no que tange o
ensino da Educação Ambiental na escola.

Material e Metodologia

A ação de extensão atendeu alunos e professores de três escolas públicas


localizadas no entorno do morro Santana: E.M.E.F. Heitor Villa Lobos, E.E.E.M.
Agrônomo Pedro Pereira e Colégio de Aplicação/UFRGS. O método de trabalho baseou-se
em práticas pedagógicas de Educação Ambiental. Foram realizadas atividades como
oficinas semanais ou quinzenais, palestras e caminhadas orientadas em trilhas
interpretativas. Nas oficinas utilizaram-se materiais lúdicos, tais como jogos e maquetes,
produzidos pelos ministrantes e/ou pelos alunos, preferencialmente com materiais
reaproveitados.

Resultados e Discussões

Na E.E.E.M. Agrônomo Pedro Pereira, 50 alunos de 6ª e 7ª série participaram de


oficinas quinzenais. No início do trabalho, foi aplicado um questionário de sondagem sobre
a relação e a percepção dos alunos acerca do bairro da escola e solicitado que desenhassem
um mapa da região. Todos os 46 alunos que responderam o questionário residem em locais
próximos ao morro Santana e grande parte deles possui um contato diário com áreas do seu
entorno. Dos 23 alunos que escreveram sobre o que mais gostavam no bairro da escola,
apenas três citaram a vegetação. O morro Santana foi citado em apenas um questionário.
Talvez tenha havido uma má interpretação por parte deles, onde o termo “bairro” pode ter
sido associado às construções urbanas. No mapa, o morro não foi representado por nenhum
dos alunos, estando presentes apenas as áreas urbanizadas.
Com relação aos animais da região, houve 54 citações de animais domésticos, 25 de
animais silvestres, sete de animais associados à urbanização e apenas cinco de vegetação e
três de humanos. Já no questionário de avaliação final da oficina, os alunos citaram um
número maior de espécies de animais silvestres e também foi possível observar mais
citações relacionadas à vegetação. Nesse mesmo levantamento, 20 citações falavam da
importância do morro Santana para os animais e nove para as plantas. Além disso, foram
registradas seis citações considerando que a importância seria devido aos recursos dele
provenientes, como o ar puro e a vegetação. Cinco estudantes citaram que o morro é
importante como moradia de pessoas e apenas dois falaram da importância da preservação
pela sua beleza. Para os alunos, assim como para a maioria das pessoas, a natureza está
restrita aos animais e às plantas, tendo como referência a sua utilidade imediata para o ser
humano, considerando este como não pertencente à natureza, utilizando esta apenas para
extrair seus recursos (REIGADA, 2004).
Na E.M.E.F. Heitor Villa Lobos, inicialmente foi abordada a temática “lixo”, com
enfoque na separação e na destinação correta do lixo seco e do orgânico. Os alunos
participaram de um jogo de tabuleiro produzido pelos ministrantes (fig. 1C) e puderam
refletir sobre situações reais acerca do conteúdo trabalhado. Relataram que mudaram suas
atitudes com relação ao lixo: não jogam mais lixo no chão e incentivaram a separação do
lixo seco e do lixo orgânico em casa.

A B C

Figura 1: Materiais didáticos produzidos pelos alunos (A e B) e pelos ministrantes (C).

Também foram tratados os aspectos naturais do bairro da escola, utilizando como


exemplo o arroio Mato Grosso, que passa atrás da escola e deságua no arroio Dilúvio, com
algumas de suas nascentes no morro Santana. Essas atividades prepararam os alunos para a
saída de campo ao morro Santana, onde eles puderam vivenciar alguns aspectos
trabalhados anteriormente (fig. 2). Essa vivência junto à natureza mostrou-se um forte
instrumento sensibilizador, o que pode impulsionar significativamente o processo de
educação ambiental, contribuindo ainda mais para a preservação de áreas naturais, que só
será efetiva quando as comunidades humanas passarem a refletir sobre seus
comportamentos e valores e começarem a assumir um compromisso e responsabilidade
com a natureza e com as gerações futuras (REIGADA, 2004).

Figura 2: Alunos e professores nas trilhas interpretativas do morro Santana, Porto Alegre,
RS.

Para o Colégio de Aplicação/UFRGS foi oferecida uma oficina com duração de um


trimestre e uma saída de campo ao morro Santana (fig. 2) para alunos do Projeto Amora.
Durante a caminhada nas trilhas interpretativas eles conheceram uma realidade de mau uso
da área próxima à sua escola, que vem alterando os ecossistemas ao longo dos anos e
provocando a perda do hábitat de muitas espécies. Também foi oferecida uma oficina para
alunos da EJA, além de uma palestra para os alunos do Ensino Médio regular. Tais
atividades possibilitaram que assuntos relacionados ao morro Santana fossem
contemplados no seu cotidiano. As figuras 1A e 1B mostram alguns dos materiais
produzidos pelos alunos da EJA e do CAp, respectivamente.

Conclusão
Foi possível perceber que os alunos das diferentes faixas etárias que participaram
das atividades foram receptivos ao trabalho e à temática ambiental, provavelmente em
função do caráter prático e participativo das propostas. As vivências de saída em campo
demonstraram ser um importante instrumento sensibilizador e completo para a prática de
Educação Ambiental, o que pode ser percebido principalmente em relação à participação
dos alunos que participaram das oficinas. A participação dos professores de duas escolas
ainda foi um desafio. Acreditamos que se faça necessário um tempo maior de preparação e
sensibilização dos mesmos, a exemplo do que já foi posto em prática em outra escola
participante.

Referências

DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. 6 ed. São Paulo: Gaia, 2000.

MENEGAT, R. (coord.). Atlas Ambiental de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da


UFRGS, 1998.

REIGADA, C. Educação ambiental para crianças no ambiente urbano: uma proposta de


pesquisa-ação. In: Ciência & Educação, v. 10, n. 2, 2004, p. 149-159.

UFRGS. Dossiê Morro Santana: Comissão de Instalação da Futura Unidade de


Conservação da UFRGS. Porto Alegre, 2003. Disponível em:
<http://www.ecologia.ufrgs.br/morrosantana/frames/dossie2003.pdf> Acesso em: 07 jun.
2011.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: A TOXICOLOGIA AMBIENTAL COMO
TEMA PARA A EDUCAÇÃO VERDE
Área Temática: Meio Ambiente
C. GONÇALVES1(Responsável pelo projeto)
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
G. SANTOS ; R. KLEIN ; C. SILVA ; L. DAL BOSCO2; F. SILVA JÚNIOR2; M.
3 2 2

LAUER2; R. VELASQUES3; P. PINHEIRO3; A. VIANNA3 ; M. SIMAS3; M.


MONTEIRO3; J. CARDOZO3; P. MACHADO3; P. SANTOS3; J. GALVÃO3; J.
SANDRINI4; S. GONÇALVES MARTINS4; C. GONÇALVES1

Resumo
A incorporação do tema Toxicologia Ambiental nos diferentes níveis de ensino é tão
necessária quanto seu desenvolvimento científico e tecnológico. Objetivando formar
multiplicadores desta ciência foi oferecido curso de extensão a professores da educação
básica e licenciandos da FURG. O programa do curso abordou poluição hídrica,
atmosférica e dos solos, e visitações ao Lixão e ao Aterro Sanitário. Os participantes
apresentaram projetos para serem desenvolvidos sobre o tema na escola capazes de
disseminar estes saberes em prol da saúde ambiental.
Palavras-chave: Toxicologia, Ensino Básico, Educação Ambiental

Introdução
É sabido que cada vez mais a poluição antrópica, transportada direta ou indiretamente para
as zonas costeiras, aporta uma grande variedade de produtos de efluentes industriais,
domésticos, pluviais, urbanos e rurais nos solos, corpos de água e na atmosfera (NIPPER,
2000), trazendo tanto prejuízos econômicos quanto ecológicos (CORSI ET AL., 2003;).
Atualmente, na ausência de um profissional capacitado para identificar, estimar e manejar
os riscos destas interações em curto prazo, as ações de remediação ficam na dependência
de sinais ambientais que em geral surgem em longo prazo, quando nenhuma ação é mais
viável (GOKSOYR ET AL., 1996).
Dessa forma, o Curso Superior de Tecnologia em Toxicologia voltado aos aspectos
ambientais em consonância com a vocação da FURG, permite a formação de um novo

1
Profa. Dra. Instituto de Ciências Biológicas- ICB, FURG, [email protected]
2
Doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas- Fisiologia Animal
Comparada - ICB, FURG
3
Graduandos do Curso Superior de Tecnologia em Toxicologia Ambiental – ICB, FURG
4
Docentes do Instituto de Ciências Biológicas – ICB, FURG
profissional tecnólogo, único no país, capacitado ao monitoramento e melhoramento da
qualidade ambiental costeira, capazes de desenvolver e executar métodos de identificação,
estimação e manejo de riscos ambientais especialmente em zonas costeiras.
Diante da realidade de encontrarmos a Universidade como formadora de recursos humanos
voltados para a pesquisa científica e tecnológica, existe a necessidade que estes
conhecimentos não permaneçam isolados, ou fiquem restritos ao diálogo na comunidade
científica. Dessa forma, vários pesquisadores têm discutido e apontado alternativas
metodológicas para a melhoria da qualidade deste ensino (BARBOSA, 2000; FERREIRA
& BEMVENUTI, 2007). Analisando esse contexto tem-se a necessidade da
disponibilização de outras fontes de informação, além do livro didático e do material que o
professor tem acesso na escola. Dessa maneira, projetos que integrem o conhecimento
gerado na universidade, em especial pelos alunos de pós-graduação, e a rede de ensino
básico, são eficazes em transpor rapidamente a distancia entre a Academia e a Educação
Básica. Além disto, projetos extensionistas em geral formam multiplicadores da
informação: nas escolas, os professores da educação básica, e multiplicadores na
comunidade, os próprios estudantes que portando novos conhecimentos se voltam para as
suas famílias e ali aumentam a rede de pessoas atingidas com os novos saberes. Como a
Universidade dispõe de corpo discente especializado, infra-estrutura e material necessário
para a realização de práticas educativas é viável e possível à realização da integração da
Universidade com a Comunidade neste sentido (FERREIRA & BEMVENUTI, 2007;
MANZONI e D´INCAO, 2007).
Com esta motivação foi aprovado dentro do projeto REUNI 2010 o projeto de extensão O
Ensino Básico da Toxicologia Ambiental – Disseminando a Cultura da Responsabilidade
para com o Meio Ambiente, com os objetivos de integrar os alunos da graduação do Curso
Superior de Tecnologia em Toxicologia junto aos acadêmicos da pós-graduação do
PPGCF-FAC e outros programas da Instituição; divulgar os conhecimentos de Toxicologia
Ambiental, local e regional, nos diferentes níveis de ensino, auxiliando no crescimento
desta área no país; e elevar a ciência da Toxicologia Ambiental à condição de ferramenta
que agrega aos cidadãos novos valores de preservação e responsabilidade com a saúde
ambiental.
Metodologia
Para contemplar esses objetivos foi oferecido um curso de extensão sobre o tema
Toxicologia Ambiental a professores da educação básica do município de Rio Grande e
região, bem como para formandos dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas ou
de outros cursos da FURG que apresentassem interesse na temática.
O curso foi elaborado por 10 alunos do curso Superior de Tecnologia em Toxicologia
juntamente com 5 pós-graduandos participantes do projeto de extensão, supervisionados
por docentes do curso. Todo o processo de elaboração do curso (escolha dos temas,
produção de material, elaboração de projeto de extensão, divulgação, convites e
inscrições), bem como de aplicação do curso foi realizado pelos acadêmicos de pós-
graduação e graduação e supervisionado pelos docentes do curso.
O público alvo foi convidado através de cartazes colocados nas escolas, SMEC Rio Grande
e 18ª Coordenadora de Ensino, notas na internet e nos jornais Agora e Diário Popular e
entrevistas na Rádio e TV FURG. No total, 23 professores e acadêmicos se inscreveram
através da internet, pela página www.octopus.furg.br/toxicologia/extensao/. O curso
ocorreu nos dias 21, 22 e 28 de agosto de 2010, sendo constituído de aulas teórico-práticas
versando sobre temas da toxicologia ambiental: Conceitos Básicos em Toxicologia
Ambiental, Poluição dos Solos, Poluição Hídrica, Poluição Atmosférica, Estação de
Tratamento de Esgoto, Aterros e Lixões, além da realização de visitas orientadas ao Lixão
Municipal de Rio Grande e ao Aterro Sanitário da Empresa Rio Grande Ambiental.
Resultados e Discussão
Para que as questões ambientais e a solução de seus problemas sejam considerados um
tema cada vez mais urgente, é necessária a formação dos educadores como sujeitos críticos
da realidade em questão e como participantes do processo de construção da cidadania que
contribuem para que as crianças e adolescentes percebam e entendam as conseqüências
ambientais de diferentes ações nos locais onde vivem. Com este intuito, ao final do curso
os participantes elaboraram e apresentaram individualmente ou em grupos uma proposta de
inserção de temas que envolvessem a toxicologia ambiental em sua prática de sala de aula
cotidiana. Dentre as atividades foram propostos: projetos de lei para coleta seletiva do lixo,
planos de aula ou projetos de ensino englobando temas como reciclagem, compostagem,
coleta seletiva, entre outros; a utilização de jogos educativos de cunho ambiental já
disponível na Biblioteca do CEAMECIM ou confeccionado pelo próprio cursista, como o
“Perfil Ambiental” de autoria do licenciando em Ciências Biológicas Eduardo Bresqui.
Do total de 23 inscritos, 17 participantes concluíram o curso com 75% de frequência
totalizando 74% do total. No encerramento do curso os participantes avaliaram o mesmo
através de um instrumento tipo questionário abordando a organização do curso, as
apresentações, a qualidade do material audiovisual e a escolha dos temas. Os cursistas
consideraram estes quesitos entre ótimo e bom (as opções eram ótima, boa, regular, ruim,
péssimo, não sei/não posso opinar). Em outra parte do questionário os cursistas opinaram
se existia algum tema que deveria estar presente no curso de extensão, e 67% deles
respondeu que não. Também ressaltaram a importância da saída de campo como
complementação das aulas expositivas, e qual dos temas apresentados despertou neles a
vontade de desenvolver algum tipo de atividade no espaço de trabalho ou na comunidade
onde vivem. Quando questionados se teriam interesse em realizar outro Curso na temática
de Toxicologia Ambiental, 92% dos participantes responderam que sim, enquanto 8%
permaneceram indecisos. Podemos ainda acrescentar que além de todos os resultados
apresentados, o curso foi encerrado com algumas sugestões da parte dos cursistas, como a
criação de um grupo para futuras discussões sobre o tema, ou ainda para implantação de
futuros projetos na área da educação ambiental. Foi dado como sugestão desenvolver um
projeto, que fosse aplicado na comunidade, na escola ou no bairro, levando a aplicação de
fato do que foi aprendido no curso teórico, além de serem realizadas visitas a alguma
cooperativa de coleta seletiva. Vemos que os cursistas apresentam interesse e buscam
poder contribuir para a problematização e o entendimento das conseqüências de alterações
no ambiente e a construção de alternativas que possam minimizar os impactos negativos, e
temos em mente, que o espaço que os possibilita essa participação é o debate na própria
sala de aula, procurando direcionar ações para a mudança de atitudes na interação com o
meio ambiente.
Conclusões
Os participantes demonstraram muita integração com os organizadores, puderam expor
suas experiências e angústias sobre a temática e desenvolveram diálogos e construções
próprias que certamente os transformaram naquele momento, fazendo-os refletir quanto a
sua parcela de responsabilidade em educar para a formação de escolares conscientes da
importância em promover saúde ambiental, o que denominamos aqui de Educação Verde.
Não pretendemos tratar de forma utópica este comprometimento com o tema da
Toxicologia Ambiental nas escolas, mas sim utilizá-lo como tema transversal incluso na
Educação Ambiental, o que está de acordo com as propostas do MEC dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998). Sabemos que não é a escola a única responsável
pelo processo de construção de cidadãos engajados numa cultura de Sustentabilidade
Ambiental. Contudo entendemos que o Educador de qualquer nível pode contribuir para
essa incorporação no sujeito de uma responsabilidade ambiental que lhe pertence, que é
sua como indivíduo, e é seu papel como cidadão. Suas solicitações de criação de uma rede
de comunicação entre os professores das escolas e a equipe executora, que pudesse orientá-
los nos fazeres diários, nos obrigaram a re-pensar nossa responsabilidade não apenas como
formadores e sim como participantes ativos do ensino básico. Esta solicitação nos levou ao
ofertar novamente o curso em 2011, a estabelecer um objetivo a médio prazo que pudesse
auxiliar nesta necessidade de orientação dos professores. Estas ações vêm fortalecer assim
a relação extensionista da FURG como Universidade mediadora de processos que podem
auxiliar a comunidade local a desenvolver uma cultura que valorize o Ecossistema Costeiro
da região e concretize esta Educação Verde para além dos laboratórios universitários e das
classes escolares.
Referências Bibliográficas
BARBOSA, M.C.S. Trabalhando com Projetos na Educação Infantil. Cadernos de
Educação Básica: planejamento em destaque – análises menos convencionais. Porto
Alegre, V.5, 2000.
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terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais / Secretaria de
Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 436 p., 1998.
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alguns animais marinhos mais conhecidos. Cadernos de Ecologia Aquática, 2(2): 43-53,
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GOKSOYR, A, BEYER, J, EGAAS, E, GROSVIK, B, HYLLAND, K, SANDVIK, M,
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NIPPER, M. Current approaches and future directions for contaminant-related
impact assessments in coastal environments: Brazilian perspective. Aquatic Ecosystem
Health and Management Society, 3: 433-447, 2000.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: PRIMEIROS PASSOS PARA A
CONSERVAÇÃO

Área Temática: MEIO AMBIENTE (Educação Ambiental)

Alex Junior da SILVA1

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - Centro de Ensino Superior Norte do


Estado do Rio Grande do Sul (CESNORS)

Alex Junior da Silva 2; Angélica Martineli Sabadini 3; Elisiane Alba 4; Jésica Tres 5;
Raquel Isoton Gobbi 6; Oscar Agustín Torres Figueredo 7.

RESUMO
A partir do final do século XX, para atender as crescentes necessidades humanas, criou-se
uma desproporcionalidade no consumo que tem acarretado um desequilibro entre a
disponibilidade e consumo dos recursos naturais. Dentro deste contexto procurou-se
efetivar a Educação Ambiental em escolas pensando que as crianças são os futuros
gestores do ambiente que hoje apresentam diferentes problemáticas. Dessa forma, esta
atividade de extensão universitária tem buscado inserir a teoria e a prática de questões
ambientais no cotidiano da realidade escolar. As informações foram passadas através de
uma linguagem simples, sendo que os trabalhos envolveram brincadeiras, dinâmicas e
jogos visando agregar a estes alunos práticas ecológicas simples de conservação.
Posteriormente, os aspectos qualitativos das atividades foram avaliados conjuntamente
com os docentes. O trabalho desenvolvido despertou o interesse dos alunos sobre os temas
propostos. Por parte dos docentes também tem se observado um interesse em continuar as
atividades de forma a consolidar a educação ambiental. No caso dos universitários, as
atividades ajudaram a entender e praticar a educação ambiental, procurando interligar a
teoria e a prática para melhorar o aprendizado das crianças.

Palavras-chave: Alunos, escolas e meio ambiente.

1
Acadêmico do curso de Engenharia Florestal, CESNORS/UFSM, Campi Frederico Westphalen RS.
2
Acadêmico do curso de Engenharia Florestal, CESNORS/UFSM, Campi Frederico Westphalen RS.
3
Acadêmica do curso de Engenharia Florestal, CESNORS/UFSM, Campi Frederico Westphalen RS.
4
Acadêmica do curso de Engenharia Florestal, CESNORS/UFSM, Campi Frederico Westphalen RS.
5
Acadêmica do curso de Engenharia Florestal, CESNORS/UFSM, Campi Frederico Westphalen RS.
6
Acadêmica do curso de Engenharia Florestal, CESNORS/UFSM, Campi Frederico Westphalen RS.
7
Professor Adjunto I, Departamento de Engenharia Florestal, CESNORS/UFSM, Campi Frederico Westphalen RS.
INTRODUÇÃO

Com a urbanização e evolução da civilização, a percepção do ambiente mudou e a


natureza, principalmente após da eclosão da revolução industrial, onde o ser humano
passou a tratar a natureza desde uma visão antropocentrista e constante ideia de dominio. A
interação entre o homem e o ambiente ultrapassou a questão da simples sobrevivência, com
o passar do tempo para atender as necessidades humanas foi-se criando uma
desproporcionalidade: retirar, consumir e descartar, diferente dos outros seres vivos que
conseguem um equilíbrio com os demais organismos e com o próprio ecossistema
estabelecendo um limite natural de crescimento. (EFFTING, 2007).
O destino dos resíduos produzido pela sociedade, na sua grande maioria, são locais
inadequados para a saúde humana, dos animais e do meio ambiente, contaminando águas,
nascentes e o solo. Por sua vez a escola é o espaço social e o local onde o aluno dará
sequência ao seu processo de socialização (APROMAC 2007). Dessa forma, entende-se
que nos primeiros anos a educação infantil possui uma importância vital para enfatizar a
sensibilização com a percepção, interação, cuidados e o respeito com o seu entorno natural.
Igualmente, para obter resultados satisfatórios e de plena efetividade na educação
ambiental resulta fundamental que nos primórdios da formação social dessas crianças na
escola, as mesmas adquirem raciocínio crítico sobre o assunto.
Dentro deste contexto, esta atividade de extensão universitária procurou efetivar a
Educação Ambiental em escolas com o intuito de que as crianças são os futuros gestores
do ambiente que hoje apresentam diferentes problemáticas. Dessa forma, tem buscado
inserir a teoria e a prática de questões ambientais no cotidiano da realidade escolar.

MATERIAL E METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido no Colégio Auxiliadora, localizado na cidade


de Frederico Westphalen Noroeste do Rio Grande do Sul durante o período de agosto a
dezembro de 2010. Os acadêmicos do curso de Engenharia florestal, mediante orientação
de um docente desse curso têm desenvolvido atividades onde foram passadas informações
através de uma linguagem simples envolvendo brincadeiras, dinâmicas e jogos visando
agregar a estes alunos práticas ecológicas simples de conservação. O grupo tem trabalhado
com as turmas de pré-escola até o 3° ano do ensino fundamental em horário paralelo as
aulas. As atividades foram executas com base nos conhecimentos acadêmicos adquiridos
no curso de Engenharia Florestal envolvendo brincadeiras, obras de arte, dinâmicas e
jogos. As informações foram passadas através de uma linguagem simples, sendo que os
trabalhos envolveram brincadeiras, dinâmicas e jogos visando agregar a estes alunos
práticas ecológicas simples de conservação.
As principais atividades desenvolvidas pelo grupo de extensão universitária foram:
a) Minhocário: esta atividade foi desenvolvida com alunos da turma
denominada “Pré A” (20 alunos) cujas idades eram de 4 a 5 anos de idade. Para a sua
construção utilizaram um recipiente de material transparente. Dentro do mesmo foram
dispostas inicialmente uma camada de cascalho e após foram intercaladas estreitas
camadas de terra, areia e esterco, nesta ordem, respectivamente, até completar o
recipiente. Por ultimo adicionou-se o material vivo, que foram as minhocas. Esta
atividade teve por objetivo demonstrar às crianças a importância de pequenos animais,
como as minhocas, para a conservação do solo e na transformação da matéria orgânica
para o húmus, material muito importante no fornecimento dos alimentos para as plantas;
ainda, paralelamente se enfatizou aos alunos sobre o cuidado das plantas e sua
importância na natureza.
b) Reciclagem: esta atividade foi desenvolvida com alunos da turma do 1° ano
da educação básica (17 alunos) cujas idades eram de 6 anos de idade. Os alunos
participaram de atividades voltadas à reciclagem, através de dinâmicas, exemplificação
de um rio feito com material TNT e materiais não-biodegradáveis. Para a apresentação
dos locais corretos de armazenagem de cada lixo, foram utilizados cartazes explicativos
e caixas de colorações distintas representando diferentes tipos de lixo e utilização de
materiais orgânicos, inorgânicos referentes a esses tipos de lixo para explicações. Com
as crianças foram confeccionados com massa de papel reciclado já pronta várias letras
coloridas com corante artificial produzindo o alfabeto através de formas. Igualmente
tem-se confeccionado um bilboquê, utilizando garrafa pet, jornal, barbante e fita larga.
A reciclagem é umas das alternativas para o tratamento do lixo urbano e contribui
diretamente para a conservação do meio ambiente. Deve mencionar-se que nesta
atividade procurou conjuntamente entre as crianças e docentes enfocar o
reaproveitamento de materiais antes descartados, considerados lixo e sem valor.
c) Compostagem: Esta atividade foi desenvolvida com crianças do 3° ano
cujas idades eram de 8 anos de idade e um total de 20 alunos. Para esta tarefa fez-se
necessária a utilização de restos de alimentos provenientes da cozinha do colégio,
palhas. Igualmente buscou-se colocar substancias derivadas de plantas como pêlos, lãs,
coros, algas além de vários tipos de plantas como ervas, cascas, folhas verdes e secas e
substrato vegetal como cobertura. O grupo interagiu com os alunos e serviu para
explicar a importância da utilização de cada um desses materiais no processo da
reciclagem. Ainda, procurou-se dar ênfase aos estágios da decomposição dos materiais
antes mencionados até sua estabilização total. Uma vez de posse do material
descomposto, a ênfase da atividade de extensão foi sobre a importância desse produto
decorrente da compostagem para a nutrição das plantas.
d) Terrario: esta atividade foi realizada com crianças do 2° ano,
compreendendo alunos de 7 anos e um total de 16 alunos. Os materiais utilizados
foram: caixa de vidro, argila expandida, cascalho grosso, areia, terra fértil,
musgos, pequenos animais, pedras, galhos secos e pequenos animais (besouros,
borboletas, gafanhotos, entre outros). Os materias citados foram dispostos em
camadas respectivamente na caixa de vidro e por ultimo foi colocado os animais.
Esta atividade teve como objetivo demonstrar às crianças a importância de
visualizar como acontecem os vários ciclos de vida na natureza. Cabe destacar que
o uso do terrario ajuda para que as crianças entendam e portanto possam respeitar
toda a vida presente no ecossistema terrestre.
RESULTADOS E DISCUSSÕES

Além de ser algo diferente e prazeroso, a elaboração do minhocário e da


compostagem fez com que as crianças aprendessem mais através da prática. Neste caso, o
minhocário tem despertado a curiosidade dos alunos, já que nesta idade eles têm grande
interesse pelos animais. Em muitos casos, a pouca explicação dos processos da natureza
não permitem que essas crianças possam posteriormente ter consideração com alguns seres
da natureza.
Segundo a Professora dessa turma, a elaboração do terrário, o processo de ensino-
aprendizagem tornou-se mais significativo aos alunos já que a visualização e a intervenção
dos educandos na confecção do terrário foram produtivas e estimularam a participar da
tarefa. Cabe destacar que a atividade despertou dúvidas nas crianças as quais foram
sanadas pelos universitários.
Deve destacar que o projeto pedagógico da escola privilegia continuação de
atividades voltadas ao tema meio ambiente. Algumas atividades desse projeto foram
exercidas pelos próprios professores, sendo os universitários deram um apoio e
fortalecimento para o melhor aprendizado. Na reciclagem se reaproveitaram jornais usados
para a confecção de cartões de lembrança para a 8ª EXPOAUXI, uma feira de ciências da
escola, realizada por alunos e professores. Nesta feira foram expostos também o exercício
da compostagem e aplicações.
Por outro lado, não se deve esquecer que o processo de aprendizagem é continuo e
que para isso as docentes tem uma função importantíssima. Dessa forma, as educadoras
também notaram que os alunos vivenciaram os processos de reciclagem com receptividade,
estimulando o interesse em conhecer mais sobre a decomposição de resíduos orgânicos na
prática do minhocário. Entretanto, mesmo com simplificação da metodologia desta parte
da extensão, os alunos tiveram dificuldade na compreensão desse processo. O mesmo
interesse foi percebido (inclusive com alunos de outras séries), na prática do terrário, que
aguçou a curiosidade das crianças em compreender a dinâmica dos processos terrestres.
Os alunos gostaram da atividade da compostagem; contudo, acredita-se que não a
levaram adiante nos seus respetivos domicílios porque a maioria residem em edifícios e
condomínios. Essa convivência extremamente urbana, com carência de um espaço físico
para colocar em pratica a compostagem, poderia ser um entrave para a continuidade desta
atividade de educação ambiental. Porém, no local escolar os alunos continuaram realizando
essa tarefa.
Para o exercício da compostagem a professora da turma ressaltou que há
necessidade da elaboração de maior conteúdo teórico, com metodologia ainda mais
simplificada do que a exposta. Ainda, segundo a citada docente, precisaria de um
planejamento do local e de maior disponibilidade de tempo. Também sugere que os alunos
procurassem as minhocas pelo espaço da escola; finalmente enfatiza que é de extremo
valor o contato dos alunos com a terra. Na avaliação desta docente o que poderia ajudar
mais nesta parte do trabalho seria estudar mais sobre as minhocas e o ambiente em que
estão inseridas de modo a ressaltar o seu papel ecológico. Esta docente sugere que uma
história infantil ou uma cantiga seria muito esclarecedora para a pré-escola, antes do início
da atividade.
As educadoras afirmam que para melhorar a educação ambiental é preciso levar as
crianças a observar ao redor e refletir. Construir e desenvolver uma verdadeira e duradora
educação ambiental seria colocar “mão na massa”: deveria ser desenvolvida do longo do
processo escolar de ensino-aprendizagem, durante todo o ano letivo e em todas as séries
escolares. As educadoras acreditam que é um processo contínuo e sistemático, sendo que a
participação do grupo de extensão universitária do curso de Engenharia Florestal, da
UFSM/CESNORS fortalece em grande medida essa tarefa educadora.

CONCLUSÃO

Conforme os docentes das turmas trabalhadas e em decorrência das atividades pelo


grupo observou-se que houve um grande interesse dos alunos sobre a importância de cada
atividade. Dessa forma, as crianças ficaram preocupadas com a natureza e da forma como
se deve cuidar o entorno. Certamente esse reflexo de preocupação e ânimo para aspectos
de conservação do meio ambiente foi relatado apenas pelos pais de alunos do Segundo
Ano, em conselho de classe e conversas informais. Com isto denota-se a necessidade de
persistir nesta classe de atividade para que a educação ambiental tenha sua repercussão em
médio e longo prazo.
A visualização e a intervenção dos educandos na confecção das atividades antes
citadas (minhocário, reciclagem, compostagem e terrário) foram produtivas, estimulando
aos alunos a participar nas tarefas. Algumas dúvidas sobre as atividades, tanto para as
crianças como para os docentes foram esclarecidas pelo grupo universitário. Porém, o
grupo ressalta que haveria uma necessidade de acompanhamento dos acadêmicos às
atividades propostas como forma de dar continuidade à atividade de educação ambiental.
Enfim, através deste trabalho a universidade pode interagir com um importante
setor da sociedade. Ainda, pôde-se concluir que a teoria e a prática na educação ambiental
precisam estar correlacionadas, facilitando dessa forma a aprendizagem do aluno. O
trabalho que foi desenvolvido alcançou os objetivos, aperfeiçoando a educação ambiental,
ajudando a auxiliar e complementar o projeto pedagógico da escola e contribuindo para um
enriquecimento mútuo professor-universitário-aluno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

Ministério da Educação, Coordenação Geral de Educação Ambiental: Ministério do Meio


Ambiente, Departamento de Educação Ambiental : UNESCO. Vamos cuidar do Brasil:
conceitos e Praticas em Educação Ambiental na escola. Brasília 2007, 248pg.

EFFTING, T. R., Educação Ambiental nas Escolas Públicas: Realidade e Desafios.


Marechal Cândido Rondon, 2007. Monografia (Pós Graduação em “Latu Sensu”
Planejamento Para o Desenvolvimento sustentável) – Centro de Ciências Agrárias,
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Marechal Cândido Rondon, 2007.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS: MOBILIZAÇÃO, MAPEAMENTO,
FORMAÇÃO E RE CONSTRUÇÃO DE PROJETOS EM PROL DA
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL.
Área Temática: Meio Ambiente
Luciana Alaíde Alves Santana
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Rodolpho Santana, Airana Ribeiro; Milena Marques, Luciana Alaíde A. Santana e Everson
Meireles.
Resumo
O projeto dedicou-se a investigar e atuar no âmbito da EA tendo como unidade de análise
escolas públicas do município de Santo Antônio de Jesus-SAJ-BA. A metodologia adotada
assenta-se nos princípios freirianos, materializados em metodologias participativas.
Estrutura-se em quatro eixos: 1. Mobilização EA; 2. Mapeamento da EA: Mapeamento do
território pedagógico da EA; 3. Formação em EA: Utilização do Ambiente Virtual de
Aprendizagem; 4. (Re) construção da EA – Desenvolvimento de projetos/ações de EA. Os
resultados apresentados referem-se aos eixos 2 e 3. Entrevistou-se 09 gestores e 46
professores vinculados a nove escolas que compõe a rede municipal de educação básica do
município. Os instrumentos foram: Roteiro de Entrevista Semi-estruturada – conduzido
junto aos gestores, cujo tema gerador foi “Educação ambiental: aqui na escola”;
Questionário Estruturado auto-administrado junto aos professores. Os dados foram
transcritos e/ou tabulados e analisados por meio da técnica de análise de conteúdo e de
recursos da estatística descritiva. O processo de mobilização foi estabelecido por meio de
um diálogo com gestores da rede de ensino. Duas escolas responderam que não realizaram
ações de EA. Em quatro, as ações foram desenvolvidas na modalidade de projetos. Outras
três informaram que as ações foram desenvolvidas nas disciplinas. Predominaram temas
voltados para “defesa da natureza”. Os professores revelaram uma concepção sobre o
ambiente restrito à fauna/flora. Nas etapas 3 e 4 do projeto os extencionistas irão
desenvolver as ações previstas em um terreno fértil, no qual já existem ações sendo
desenvolvidas, contudo, será crucial problematizar a visão de ambiente dos professores.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Rede de Educação Ambiental; EA na Escola.
Introdução
As primeiras reflexões, em escala mundial, sobre a capacidade do planeta de sustentar a
ação dos seres humanos baseada na exploração capitalista dos bens naturais ocorreram na I
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em junho de 1972 na
cidade de Estocolmo, Suécia. A Declaração de Estocolmo, documento oficial elaborado
durante a referida conferência, assinala, em seu princípio de número 19, a
indispensabilidade de “um trabalho de educação em questões ambientais, visando tanto às
gerações jovens como os adultos, dispensando a devida atenção ao setor das populações
menos privilegiadas, para assentar as bases de uma opinião pública, bem informada e de
uma conduta responsável dos indivíduos, das empresas e das comunidades, inspirada no
sentido de sua responsabilidade, relativamente à proteção e melhoramento do meio
ambiente, em toda a sua dimensão humana” (Declaração de Estocolmo sobre o Ambiente
Humano, 1972). Após este start inicial, foram realizados outros eventos importantes cuja
temática ambiental foi o foco das discussões, acordos e proposições. No ano de 1977, na
cidade Tbilisi – Geórgia, foi realizada a Conferência Intergovernamental de EA, evento no
qual foram definidos os objetivos, as características e as estratégias pertinentes em planos
nacionais e internacionais para a EA (Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental, 1977). Foi a partir deste evento que o Brasil iniciou a discussão de medidas
visando instituir estudos sobre a questão ambiental nos espaços de educação formal. A
Constituição Federal de 1988 apresenta um capítulo inteiro (Capítulo VI) dedicado às
questões do meio ambiente, de sorte que determina ao “(...) Poder Público, promover a
Educação Ambiental em todos os níveis de ensino” (Brasil, 1988, Art. 225, Inciso VI).
Anos mais tarde, já em 1992, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do Rio de Janeiro – evento que ficou
conhecido como ECO 92. Na Declaração do referido evento, em seu princípio de número
10, a questão da EA foi tratada como uma ferramenta para empoderamento do cidadão
como forma de garantir participação social e o Estado ficou responsável por “facilitar e
estimular a conscientização”. (Ramid & Ribeiro, 1992). No ano de 1999, o Governo
Federal promulgou a Lei n 9.795 em abril de 1999, dispondo sobre EA e instituindo a
Política Nacional de Educação Ambiental, na qual se apresentou a definição de EA (Art.
1º) e estabeleceu-se - nos artigos 2o e 3o - que a educação ambiental está inserida no
contexto educacional mais amplo, sendo direito de todos e um componente da educação
nacional em todos os níveis em caráter formal e informal (Presidência da República, 1999).
Com base nesse breve relato sobre a trajetória da EA no mundo, observa-se que seu
surgimento e estruturação se deram em resposta às preocupações da sociedade com o
futuro do planeta, propondo-se a atingir todos os cidadãos por intermédio de um processo
pedagógico abrangente, a fim de superar a dicotomia entre natureza e humanidade.
Percebe-se então que a educação ocupa uma função central no que diz respeito à melhoria
das relações entre o homem e o meio ambiente, sugerindo a necessidade de revisão de
pensamento no que se refere à relação natureza x humanidade com a finalidade de superar
a visão técnica atual em diversos campos (Jimenez & Terceiro, 2009). A educação aqui é
entendida, como espaço privilegiado para desenvolvimento de projetos sócio-ambientais
comprometidos com a criação de um novo modelo sócio-ambiental. Para tanto, é
necessário uma “revisão de toda uma estrutura institucional política e pública, empresarial,
estilos de socialização obsoletos, com base de uma ética, a florescer dentro de um processo
de reestruturação socioeconômico mais equilibrado e justo, permeado sempre pelo caráter
da educação (ambiental) para a cidadania” configurando uma nova ética para o futuro, ou
seja, trabalhar pensando no sujeito e na comunidade. Tal postura ética pressupõe uma
virada ética e ecológica que deve estar na base de toda discussão ambiental e da produção
de conhecimento e pesquisa sérios, representando “uma guinada teórica que advoga um
caráter integrador e mais biocêntrico, que põe os valores da manutenção da vida e a
integridade humana planetária na base da questão” (Pelizzoli, 1999:98 Apud Ferreira,
2000). Considerando o bojo das discussões sobre EA, o presente projeto de
pesquisa/extensão dedicou-se a investigar e atuar no âmbito da EA tendo como unidade de
análise escolas públicas do município de Santo Antônio de Jesus - SAJ-BA.
A justificativa para a opção da temática da EA a ser discutida e trabalhada junto a
educadores da rede básica municipal se deu em função da crença de que para enfrentar o
atual quadro da problemática ambiental exigem-se novas posturas éticas, de sorte que o
espaço viabilizado pela educação básica configura-se como um terreno fecundo para a
construção de tais posturas éticas imbricadas com questões sócio-ambientais. Por seu
turno, a opção de se trabalhar com metodologia participativa deu-se em função da crença
de que a pesquisa e a extensão podem funcionar como elementos de sensibilização e
mobilização de professores do ensino médio do município, em especial, aqueles que ainda
estão presos a ética antropocêntrica no sentido de transitar para uma “ética do futuro” e,
sob este referencial, tenham a possibilidade se assumir a responsabilidade inadiável e
irrevogável do papel do educador, a conscientização da quase barbárie social e ambiental
do mundo contemporâneo, sem pensar nas gerações futuras.
Metodologia
A metodologia adotada neste trabalho assenta-se nos princípios freirianos, materializados
em metodologias participativas. Entende-se que o uso de metodologias participativas
permite a produção de conhecimento sobre a interelação entre os atores e saberes
envolvidos em uma prática social, de sorte que os interesses e as falas dos atores sociais,
independente de posições ou papéis que ocupam na dinâmica social, sejam priorizadas e
valorizadas (Freire, 1996). Nesse sentido, a pedagogia problematizadora de Paulo Freire
foi eleita como norte de orientação do processo de investigação, da articulação e mediação
da construção dos saberes, da apropriação e da socialização dos conhecimentos construídos
durante as interações sociais no desenrolar do projeto (Bordenave, 1995; Freire, 1976;
Mello, 1998). O projeto estrutura-se a partir de quatro eixos: 1. Mobilização EA:
Mobilização em prol da educação ambiental; 2. Mapeamento da EA: Mapeamento do
território pedagógico da EA na escola; 3. Formação em EA: Utilização do Ambiente
Virtual de Aprendizagem (moodle); 4. (Re) construção da EA – Desenvolvimento de
projetos/ações de EA na escola. Os resultados apresentados neste paper dão conta da
realização dos dois primeiros eixos descritos acima, sendo a realização dos eixos 3 e 4
fonte de futuras ações e comunicações de resultados. Foram entrevistados 09 gestores e 46
professores vinculados a nove escolas que compõe a rede municipal de educação básica do
município de Santo Antônio de Jesus – BA. Foram utilizados dois instrumentos: (1)
Roteiro de Entrevista Semi-estruturada – conduzido junto aos gestores das escolas, cujo
tema gerador dos diálogos foi “Educação ambiental: aqui na escola”; (2) Questionário
Estruturado auto-administrado junto aos professores com questões sobre a concepção de
ambiente e atitudes pró-ambientais. A partir de diálogos com a Secretaria Municipal de
Educação (SME) e com diretores de escolas municipais foram agendadas visitas às escolas
a partir das quais se privilegiou o diálogo com os gestores escolares e com os professores.
Durante as entrevistas com os gestores utilizou-se como recurso de registro a gravação das
entrevistas. Nas conversas com os professores, foram feitos registros cursivos em diário de
campo e coletadas informações em questionário estruturado. Todos os dados foram
coletados mediante assinatura voluntária do Termo de Consentimento Informado dos
atores envolvidos nesta etapa do projeto. Os dados foram transcritos e/ou tabulados em
planilhas dos softwares Office – Word Viewer 2003 e SPSS v. 18, a partir das quais foram
analisados por meio da técnica de análise de conteúdo e de recursos da estatística
descritiva.
Resultados
O processo de mobilização, ação transversal do projeto, foi estabelecido por meio de um
diálogo com Secretaria Municipal de Educação e, posteriormente, com diretores de 9
escolas públicas municipais de um total de 22 escolas localizadas na zona urbana do
município. Todas as escolas visitadas são de ensino básico fundamental e possuem, em
média, 14 turmas com aproximadamente 25 estudantes em cada uma.
Feitos os primeiros contatos de mobilização, iniciaram-se as ações previstas no Eixo 2, a
partir do mapeamento do território pedagógico de EA nas escolas. O tema gerador dos
diálogos foi o seguinte: “Educação ambiental: aqui na escola”. Nos momentos de
interação entre a equipe do projeto e os atores das escolas, são realizadas entrevistas semi
estruturadas com gestores da escola com finalidade de identificar ações de EA realizadas
no ano de 2010. Na interação com os professores, foram aplicados questionários auto-
administrados com o objetivo de captar as concepções de meio ambiente e as atitudes pró-
ambientais dos professores. Na análise das respostas dos gestores escolares, observou-se
que das nove escolas visitadas, duas responderam que não realizaram ações de EA em
2010, contudo, foi possível identificar nas paredes da escola cartazes que abordam a
temática ambiental e a elaboração de um projeto que ainda não está em execução, o que
pode ser considerado como um tipo de mobilização em torno da questão. A entrevistada
afirmou que não realiza ações de EA, apesar de informar que existe trabalho na sala de
aula nas disciplinas, evidenciando o entendimento de que as ações de EA devem ser
desenvolvidas por meio de projetos. Em quatro das escolas visitadas, os entrevistados
descreveram que as ações foram desenvolvidas na modalidade de projetos, de uma forma
geral estes projetos eram iniciados a partir de palestras, oficinas de reciclagem, em seguida,
os estudantes produziam material educativo e, por fim, ocorria a divulgação na
comunidade com campanhas educativas, passeatas, distribuição de sementes.
Em outras três escolas informaram que as ações são desenvolvidas nas disciplinas, em uma
dos casos verificou-se que o trabalho com a temática ambiental restringe-se as disciplinas
de ciências e/ou geografia. Quanto aos temas trabalhados pode-se afirmar que o
ambientalismo presente nas ações concentrou-se na “defesa da natureza” com temas do
tipo: importância de preservar o meio ambiente, reflorestamento, consumo de água e de
energia. É importante destacar que foi possível observar ações com foco na perspectiva da
qualidade de vida humana, por meio da abordagem de temas como: “agricultura
sustentável”, “preservação de espaços públicos” e projetos: “mundo que quero para mim” e
“conquiste a paz”. A avaliação das respostas coletadas junto aos professores revelou a
presença de concepções sobre o meio ambiente restritas à fauna e à flora. Cerca de 35%
dos participantes deixaram de incluir os seres humanos (homens e mulheres), condomínios
de luxo, as favelas, bem como as cidades como elementos que fazem parte e/ou possuem
relação com o meio ambiente. Para imagens relacionadas com fauna e flora as respostas
indicando que estes elementos fazem parte do ambiente variaram entre 98-100%. Quando
questionados sobre o nível de informação que possuem sobre o meio ambiente, os
professores, em sua maioria (54%), se declararam que se sentem mais ou menos
informados. Em outra questão abordada, na qual são elencadas nove ações pró-ambientais,
a maioria dos professores responderam que evitam jogar no lixo comum produtos tóxicos.
Considerações Finais
Como foi possível observar no relato das ações desenvolvidas o projeto encontra-se em
fase inicial, porém, a equipe considerou importante a divulgação dos resultados
encontrados, até então, no que tange as ações de EA desenvolvidas nas escolas, pois foi
possível perceber que iremos desenvolver a ação de extensão em um terreno fértil, no qual
já existem ações sendo desenvolvidas que revelam uma preocupação com a temática
ambiental, ora voltadas somente para preservacionismo, como também, ações com foco na
qualidade de vida. Outro ponto importante para ser divulgado com a finalidade de
estabelecer um diálogo com outros projetos refere-se à metodologia participativa adotada e
os eixos que estruturam o projeto. Destaque especial para associação entre o eixo de
Formação em EA, o qual utilizará a tecnologia a distância, e o de mapeamento da ação
pedagógica e (re) construção e avaliação dos projetos/ações de EA na escola. Nesse item,
foi possível identificar que o conceito de ambiente dos professores precisa ser
problematizado, pois um percentual significativo não consideraram o homem, as cidades, e
as favelas como parte do ambiente, isso pode implicar em projetos de EA voltados somente
preservar natureza (fauna e flora), conforme foi descrito anteriormente. Destaca-se também
que um percentual significativo de professores revelaram lacunas de conhecimento em
relação ao ambiente daí necessidade de um processo de mobilização, formação e
(re)construção de práticas de EA. Com etapas futuras do projeto serão realizados os eixos 3
e 4. Está previsto para o mês de julho de 2011 um diálogo com as escolas no sentido de
debater os resultados do mapeamento (eixo 2). Os dados serão submetidos ao corpo de
professores das escolas (oficinas de planejamento, com duração de aproximadamente 08h
cada), com a finalidade de promover um processo de problematização do contexto, com
isso, produzir um efeito de feedback para validação dos dados. Outro eixo transversal e
contínuo do projeto, com previsão de implementação para o mês de julho de 2011, é o de
formação em EA, o qual contempla a criação e manutenção de uma Rede Virtual de
Educação Ambiental denominada de “Rede de Educação Ambiental de Santo Antônio de
Jesus” (RESAJ). A rede estará aberta para adesão voluntária de educadores das escolas da
rede básica do município, de sorte que as escolas irão compartilhar a gestão do ambiente
virtual, que funcionará, também, como ferramenta de difusão da tecnologia com
professores. Entende-se que a equipe de gestão da rede tem um papel de criar condições
propícias ao fluxo de informações, devem ser reconhecidos pelos participantes da rede
como tal e não detêm poderes diferenciados dos demais membros da rede. Para tanto,
reuniões periódicas serão importantes para estabelecer parceria e gestão compartilhada da
rede. No eixo (re) construção da EA, conforme metodologia sugerida por Teixeira (1995),
os professores das escolas serão convidados a elaborar uma matriz atividades para 2012 e
um cronograma de execução para cada uma das escolas voltadas para programar ações que
atendam ao contexto escolar e seu entorno, por meio, de projetos ou inserção de temas
relacionados com ambienta nas disciplinas. A matriz de atividades de cada escola terá um
acompanhamento sistemático por parte dos extensionistas e nível central da SME. Serão
realizadas oficinas para análise de viabilidade das ações de educação ambiental
implantadas. Assim serão avaliados: a qualidade do “fenômeno participativo, a exemplo
do comparecimento e da participação ativa e colaborativa nas reuniões, Ambiente Virtual
de Aprendizagem (AVA) e outros eventos; o compromisso na execução de tarefas e
práticas de solidariedade; a participação na construção, socialização e apropriação dos
conhecimentos (Mello, 1995).
Referências Bibliográficas
BASTOS, T. (2011). Em busca do conceito de Redes. Disponível em:
<http://www.portaldocaminho.com/portal/index.php?option=com_content&view=article&i
d=76:tulio-bastos-em-busca-do-conceito-de-redes&catid=51:pesquisa&Itemid=85) >
BRASIL (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível na
URL: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>
FERREIRA, Y. N. (2000). Metrópole sustentável?: não é uma questão urbana. São Paulo:
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FREIRE, P. (1996). Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São
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MATOS, Z. M. R. & Ulhôa, C. M. A. (2007). Caminhando e tecendo rede. Experiência da
Rede de Educação Ambiental da Bahia – Reaba. Em: Congreso Internacional de Educación
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RAMID, J. R. (1992). Declaração do Rio de Janeiro. Estudos Avançados, 6 (12), 153-159.
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http://www.mp.ma.gov.br/site/centrosapoio/DirHumanos/decEstocolmo.htm
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Tbilisi, Geórgia, 14 a 26 de outubro de 1977, Disponível na URL:
< http://www.ufpa.br/npadc/gpeea/DocsEA/ConfTibilist.pdf
ESTRATÉGIAS EXTENSIONISTAS DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA UFSM

Área Temática: Meio Ambiente

Responsável pelo trabalho: M. Barcellos da Rosa – Universidade Federal de Santa Maria


(UFSM)

Autores: J. Orlando Cuéllar Noguera (UFSM), G. Bohrer Palma (Centro Universitário


Franciscano - UNIFRA), M. Barcellos da Rosa (UFSM)

RESUMO

O curso de especialização em Educação Ambiental da Universidade Federal de Santa


Maria completou 15 anos em 2010. São disponibilizados dois formatos distintos,
presencial e à distância (EaD), onde são atendidos cinco pólos (cinco cidades do interior do
RS) da Universidade Aberta do Brasil (UAB): Agudo, Cacequi, Panambi, São Sepé e
Sapiranga. Este trabalho tem como objetivo apresentar algumas ações extensionistas
envolvendo gestão informacional e de divulgação científica do curso, de modo a garantir
uma maior visibilidade, tanto acadêmica, quanto social do mesmo. São propostas ações a
organização bianual de um Congresso Internacional de Educação Ambiental
(www.ufsm.br/panambi2011), com o objetivo de gerar discussões multi e interdisciplinares
para que a sociedade tome providências na solução dos problemas ambientais, bem como,
duas revistas eletrônicas de acesso gratuito e aberto, a Revista Eletrônica em Gestão,
Educação e Tecnologia Ambiental – www.ufsm.br/reget) e a Revista Monografias
Ambientais (www.ufsm.br/remoa), com o intuito de divulgar as pesquisas realizadas no
âmbito do curso, bem como de disponibilizar a outras Instituições de Ensino Superior mais
uma possibilidade de mostrar seus trabalhos nos mais diversos níveis acadêmicos, da
graduação até resumos de teses de doutorado. Assim, as ações do curso em termos de
divulgação científica e gestão informacional têm procurado atender as três temáticas
básicas do curso, ou seja, a Educação, Sociedade e Cultura; as Práticas Educativas
Ambientais e a Discussão dos Problemas Ambientais.

Palavras-chave: educação ambiental, divulgação científica, gestão informacional

INTRODUÇÃO

O curso de especialização em Educação Ambiental da Universidade Federal de


Santa Maria, Santa Maria-RS está completando 16 anos de funcionamento em 2011. Este
se caracteriza por absorver profissionais das mais diversas áreas do conhecimento e
egressos de inúmeras instituições de ensino superior, públicas e privadas, de todo o Brasil.

O curso foi idealizado para atender três linhas temáticas, que refletem as linhas de
pesquisa do curso, ou seja: Educação, Sociedade e Cultura, Problemas Ambientais e
Práticas Educativas Ambientais.
Com o passar dos anos, concluiu-se que apenas a realização de palestras,
seminários, colóquios e/ou workshops no âmbito acadêmico acabava por não ecoar
socialmente todo o esforço coletivo por parte do corpo docente do curso na realização de
projetos à luz da educação ambiental com um viés extensionista. Portanto, três ações
estratégicas foram discutidas e colocadas em prática de modo a se tentar um maior alcance,
tanto acadêmico, quanto social, de toda a pesquisa realizada pelo curso. Assim, em 2009,
foi realizada a primeira edição do Congresso Internacional de Educação Ambiental da
UFSM-UAB – Pólo Panambi/RS, contando com a participação de cerca de 550
participantes e vários trabalhos publicados.
Em novembro de 2010 foram lançadas duas revistas eletrônicas, a Revista
Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental (REGET) e a Revista
Monografias Ambientais (REMOA) que procuram servir como suporte digital para todas
as pesquisas realizadas pelo especializandos, tanto no formato presencial, quanto à
distância (EaD).

METODOLOGIA

As ações estratégicas (extensionistas) do Curso de Especialização em Educação


Ambiental consistem em três: promover o Congresso Internacional em Educação
Ambiental e criação de duas revistas eletrônicas, REMOA e REGET.
Na sequência são apresentadas as principais características metodológicas de cada
ação.

Congresso Internacional de Educação Ambiental – UFSM-UAB – Pólo Panambi

De 26 – 28 de novembro de 2009 foi realizado em Panambi, RS, a 1ª edição do


Congresso Internacional de Educação Ambiental UAB (Universidade Aberta do
Brasil)/UFSM – Pólo Panambi, onde a organização do evento foi feita pelos docentes do
Curso de Especialização em Educação Ambiental da UFSM, bem como pelos integrantes
do Pólo UAB – Panambi.
A temática principal do I congresso foi “trabalhar saberes para a
sustentabilidade” e contou com 550 participantes, 380 inscritos, representantes de 35
municípios, 8 estados da federação, divididos em três dias de evento. Na primeira edição
ocorreram 3 palestras, 1 mesa redonda, 4 minicursos, 3 defesas de monografias de
especialização (Especialização em Educação Ambiental da UFSM), 52 apresentações orais
e realização de uma trilha ecológica.

A 2ª edição do Congresso Internacional de Educação Ambiental, no âmbito da


parceria com a Universidade Aberta de Brasil (UAB- Pólo Panambi), divulgou projetos do
Curso de especialização em Educação Ambiental da UFSM, para que sirvam de modelo a
outras instituições de ensino, prefeituras, indústrias visando a mitigação dos problemas
ambientais.
Neste sentido, o congresso, além de divulgar as pesquisas de seus especializandos,
apresentou uma série de palestras esclarecedoras envolvendo tanto a UAB, quanto o
trabalho em Educação Ambiental a comunidade em geral e tendo como principal objetivo
o desenvolvimento sustentável e melhoria de qualidade de vida das comunidades.

Revista Eletrônica “Monografias Ambientais” - (REMOA – e-ISSN: 2236-1308)

A Revista Eletrônica "Monografias Ambientais" (www.ufsm.br/remoa) tem como


objetivo atender a demanda de produção científica vinculada a todos os cursos/programas
da UFSM e de outras instituições de ensino superior que trabalhem com a temática
educação ambiental.

A missão da revista consiste em divulgar a produção científica gerada de pesquisas


em nível graduação e pós-graduação que abordem a temática "educação ambiental" no
contexto local, regional, nacional e internacional. Ela apresenta como público alvo a
comunidade acadêmica nos seus diversos níveis (graduação, especialização, mestrado e
doutorado). Quanto a sua política de submissão, são aceitos trabalhos gerados a partir de
trabalhos de conclusão de curso, projetos de iniciação científica, monografias de pós-
graduação, dissertações de mestrado e teses de doutorado que tenham como escopo, ou
linha temática a educação ambiental. A REMOA oferece acesso livre imediato ao seu
conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento
científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.

Rev. Eletrôn. em Gestão, Educ. e Tecnol. Ambiental (REGET – e-ISSN:2236-1170)

A Revista em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental (www.ufsm.br/reget) tem


como objetivo divulgar trabalhos científicos em nível de graduação e pós-graduação (Latu
e Stricto Sensu) inseridos nas linhas temáticas de Gestão, Educação e Tecnologia
Ambiental. Além disso, disponibilizar eletronicamente artigos científicos vinculados ao
ensino, pesquisa e extensão que se enquadrem nas três linhas temáticas propostas. É uma
publicação com periodicidade quadrimestral, compreendendo um volume por ano com três
números. A Revista publica artigos originais, revisões, atualizações, estudos de casos e/ou
relatos de experiências, resenhas, e resumos de teses e dissertações em Gestão, Educação e
Tecnologia Ambiental com especial ênfase em originalidade e relevância científica.
Em relação ao processo de avaliação por pares, são aceitos artigos originais,
destinados exclusivamente à REGET que contribuam para o crescimento e
desenvolvimento da produção científica voltada a Tecnologia, Gestão e Educação
Ambiental e áreas correlatas. São aceitos trabalhos em português, espanhol e inglês. As
opiniões e conceitos emitidos pelos autores são de exclusiva responsabilidade dos
autores, não refletindo, necessariamente, a opinião do Conselho Editorial da Revista.
A REGET tem periodicidade quadrimestral e o formato disponível é o meio
eletrônico somente. Além disso, oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o
princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público
proporciona maior democratização mundial do conhecimento e utiliza também o sistema
LOCKSS para criar um sistema de arquivo distribuído entre as bibliotecas participantes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação ao Congresso Internacional de Educação Ambiental:


• atendeu a uma demanda de escolas estaduais e municipais da região, ou seja, os alunos
participaram gratuitamente da programação do congresso;
• os professores da rede estadual e municipal puderam participar do congresso até como
forma de vislumbrar novas práticas voltadas a inserção da educação ambiental no
cotidiano educacional;
• atividades com empreendedores regionais, principalmente voltadas a Responsabilidade
Social Corporativa (RSC), sustentabilidade, minimização de impacto ambiental, saúde e
meio ambiente, entre outros temas, foram abordados;
• na segunda edição do congresso, em 2011, atendeu-se também o público da terceira
idade através de atividades educativas envolvendo práticas ambientais no cotidiano;
• todos os trabalhos submetidos na forma de resumos serão publicados na modalidade de
trabalhos completos na REMOA (edição de dezembro de 2011). Ou seja, dar-se-á
visibilidade ao congresso na forma de publicação de artigos completos a todos os
interessados que submeteram seus trabalhos.
Portanto, o alcance social e uma programação mais pluralizada são alguns dos
aprimoramentos da 2ª edição do congresso, o que remete a um comprometimento ainda
maior, tanto por parte da comissão organizadora local (Pólo UAB- Panambi), quanto da
comissão da UFSM.

Em relação às revistas eletrônicas:


O envolvimento em termos de divulgação científica e gestão informacional da
REGET e REMOA consistiu em:
• aprender/dominar o software SEER (Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas);
• manter o site da revista atualizado com notícias, resumos de teses e novas edições;
• manter o fluxo de informações entre os autores e a gerência editorial de forma
eficiente;
• colaborar na análise, revisão, ampliação e editoração de textos a serem publicados;
• participar ativamente do II Congresso Internacional de Educação Ambiental
(setembbro 2011) na divulgação eletrônica de trabalhos completos no âmbito da
parceria entre a REGET, REMOA e o Congresso;
As ações expostas acima permeiam a tríade extensionista Comunicação, Educação
e Meio Ambiente, onde a divulgação científica e tecnológica, a gestão informacional e as
questões ambientais integram essas ações.

CONCLUSÃO
A divulgação de programas e ações críticas na área de Educação Ambiental é ponto
de partida para qualquer projeto de sustentabilidade com responsabilidade social
corporativa, conseqüentemente, extensionista. É desta forma que as ações propostas podem
mostrar que uma educação a distância de qualidade atinge seus objetivos quando se tem
resultados práticos que ajudam a comunidade a melhorar a qualidade de vida.
As ações extensionistas propostas neste trabalho visam divulgar os projetos do
Curso de especialização em Educação Ambiental, para que sirvam de modelo a outras
instituições de ensino, prefeituras, indústrias visando a diminuição dos problemas
ambientais.

REFERÊNCIAS
www.ufsm.br/remoa
www.ufsm.br/reget
www.ufsm.br/panambi2011
www.ufsm.br/educacaoambiental
EXTENSÃO RURAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM BASES
AGROECOLÓGICAS NO ASSENTAMENTO FAZENDA ESPERANÇA -
RONDONÓPOLIS – MT

Área Temática: Meio Ambiente

Responsável: José Adolfo Iriam STURZA

Instituição: Universidade Federal De Mato Grosso (UFMT)

Autores: J. A. I. STURZA1; M. M. STURZA2; J. A. M. P. de JESUS3; M. A. LEMOS4;


L. D. A. SOUZA5

Resumo

O Projeto está cadastrado no SIGProj sob n°. 73012.350.8316.04032011 (EDITAL


PBEXT 2011) e envolve a participação dos agricultores do Assentamento Fazenda
Esperança e alunos da turma do Ensino de Jovens e Adultos, do próprio Assentamento.
Faz parte do Projeto Parceria de Fibra: ações para inclusão social, geração de renda
e implantação de sistema de produção da bananicultura com práticas
agroecológicas, financiado pelo CNPq (Edital 033/2009, Processo N°. 558607/2009-8).
Está sendo desenvolvido pelo Campus Universitário de Rondonópolis/Universidade
Federal de Mato Grosso, em parceria com a EMPAER/MT e cinco Associações do
Assentamento, no período de Março a Dezembro/2011. Para isso tem o objetivo central
de contribuir para o desenvolvimento sustentável, conhecimento e conservação dos
recursos naturais e agricultura ecológica. A metodologia é do tipo participativa, sob a
forma de uma Pesquisa Participativa de Aprendizagem e Ação (PPA) que reúne
métodos e técnicas de Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), homeopatia de solos,
oficinas e dia de campo. Até o momento foi aplicado um questionário e a técnica do
Mapa Falado, onde a comunidade formou grupos e desenvolveu três mapas com a
percepção sobre o local vivido. A pesquisa adota as bases e princípios agroecológicos
especialmente no uso e plantio da bananeira e conservação de solos e espécies arbóreas

1
Coordenador do Projeto. Bolsista Produtividade CNPq – DT 2. Depto. GEO/ICHS/UFMT. [email protected]
2
Aluna de Serviço Social na Faculdade Anhanguera/Rondonópolis/MT. [email protected]
3
Bolsista de Extensão e aluna de Engenharia Agrícola e Ambiental/ICAT/UFMT. [email protected].
4
Bolsista de Extensão e aluno de Matemática/ICEN/UFMT. [email protected]
5
Bolsista Voluntária de Extensão e aluna de Ciências Biológicas/ICEN/UFMT. [email protected]
de uso múltiplo do Cerrado. O público-alvo direto até o momento foi de 100 pessoas,
aproximadamente.

Palavras-chave: Extensão Rural; Educação Ambiental; Diagnóstico Rápido


Participativo.

Introdução

A agricultura familiar dos assentamentos rurais passa por grandes dilemas,


tensões e expectativas quanto à sustentabilidade econômica, social e ecológica. Os
produtores rurais assentados enfrentam problemas como solos desgastados, áreas de
topografia acentuada, falta de financiamento para projetos, falta de acompanhamento
técnico, burocracia para recebimento de crédito rural, serviços de saúde e educação
precárias, e inexistência ou precariedade das vias de acesso.

O problema fundamental levantado para a elaboração desse Projeto foi a


situação de empobrecimento de agricultores e agricultoras familiares, com sistemas
produtivos ainda em implantação, em ambientes degradados de Cerrado, aliado à falta
de conhecimento dos agroecossistemas e recursos naturais do Bioma.

O Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), como instrumento metodológico de


extensão rural, tem sido a principal ferramenta utilizada no trabalho de planejamento
das atividades. Consiste em um processo intensivo, sistemático e semi-estruturado
(Gomes et al, 2001), realizado por uma equipe de animadores na comunidade rural.

O Projeto representa um “[...] processo de intervenção de caráter educativo e


transformador, baseado em metodologias de investigação-ação participante, que
permitam o desenvolvimento de uma prática social de construção e sistematização de
conhecimentos e leve a um modelo de desenvolvimento socialmente eqüitativo e
ambientalmente sustentável”. (BRASIL/PNATER, 2009). Desse modo, as atividades
propostas vinculam-se à chamada “extensão rural agroecológica” que coaduna o
processo educativo e a sistematização das experiências, socializando o conhecimento e
os saberes e fortalecendo as capacidades decisórias, individual e coletiva (CAPORAL,
2004; CAPORAL e COSTABEBER, 2002 ).

O Projeto surgiu de demanda levantada em diálogos e reuniões participativas de


representantes das Associações e Professores do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), do
Assentamento; Extensionistas da EMPAER/MT, Coordenadora e Monitores do Curso
de Artesanato em Fibra da Bananeira (Campus Universitário de Rondonópolis/UFMT) e
Professores dos Cursos de Geografia, Biologia e Engenharia Agrícola e Ambiental do
Campus Universitário de Rondonópolis/UFMT.

O objetivo geral do projeto é contribuir para o desenvolvimento rural


sustentável, conhecimento e conservação dos recursos naturais, a partir de atividades
multidisciplinares de extensão tecnológica oferecidas aos agricultores e agricultoras
familiares do Assentamento Fazenda Esperança, no Município de Rondonópolis.

Material e Métodos

O Assentamento Fazenda Esperança possui uma área de 1.585,5 ha, localizado


às margens da Rodovia MT-270, sentido Rondonópolis-Guiratinga, a 3 km da entrada
para o Distrito de Nova Galiléia e distante 30 km de Rondonópolis, na região sul do
Estado de Mato Grosso. Geograficamente, é uma área de topografia ondulada, com
relevo acidentado e impróprio para a agricultura anual e inexistência de córregos
permanentes para abastecimento tanto de criações como o consumo familiar. Os solos
predominantes são do tipo podzólicos e cambissolos associados. A população é
heterogênea, tanto na aptidão agrícola como na cultura, com 151 famílias assentadas e
filiadas a 05 (cinco) associações.

O Projeto foi estruturado nas seguintes etapas:

1- Revisão Bibliográfica: leitura de livros, periódicos e outros no acervo da Biblioteca


Central do Campus e consulta eletrônica pela Equipe e bolsistas. Março a Maio/2011.

2- Plantio orientado de leguminosas (feijão-guandu, crotalária e feijão de porco) junto


40 propriedades, no mês de Abril/2011.

3- Elaboração e aplicação do Questionário para o DRP: a elaboração foi coletiva e a


aplicação foi feita por 25 alunos da disciplina de Extensão Rural, Curso de Engenharia
Agrícola e Ambiental. Foram entrevistadas 42 pessoas durante o mês de Maio/2011.

4- Elaboração do Mapa Falado: os três (03) mapas-falado foram feitos pelos 32 alunos
da Turma de EJA da Escola Municipal Vila Paulista, localizada no Assentamento, no
mês de Abril/2011.
5- Acompanhamento e orientação para o cultivo agroecológico da bananeira em 20
propriedades, a partir de palestras, aulas práticas e orientação técnica aos
agricultores/agricultoras. Período de Março à Dezembro/2011.

6- Identificação de espécies arbóreas úteis na Reserva legal do Assentamento:


realizada através de coletas mensais e análise do material fértil no Laboratório de
Botânica do Campus. Março a Dezembro/2011.

7- Implantação de viveiro com espécies arbóreas de uso múltiplo: será implantado a


partir das espécies identificadas e presentes na Reserva Legal, a partir do mês de
outubro/2011.

Para a elaboração do Diagnóstico Rápido Participativo, o primeiro passo foi a


aplicação do Mapa Falado, que é uma técnica baseada na coleta de informações da
percepção e conhecimento que os indivíduos e grupos têm do espaço em que vivem. O
segundo passo foi a aplicação de um questionário com entrevista, executado por 25
alunos da disciplina de Extensão Rural e do Curso de Engenharia Agrícola e Ambiental.
Já colaboraram no Projeto 05 bolsistas (VIC, PIBIC e Extensão) dos Cursos de
Geografia, Engenharia Agrícola e Ambiental, Ciências Biológicas e Matemática dos 3
Institutos do Campus Universitário de Rondonópolis (ICHS, ICEN e ICAT).
Resultados e Discussão

Os questionários de DRP aplicados junto a 42 famílias mostraram um total de 98


pessoas com 2,3 pessoas por família, média etária de 41,7 anos (17,9% até 15 anos;
55,5% entre 15 e 59 anos e 26,6% acima de 60 anos). A média etária pode ser
considerada elevada para as atividades agropastoris, e uma alta percentagem de idosos
que moram no assentamento. Quanto a posse do lote, 63,2% são primeiro proprietário,
5,2% segundo proprietário e 15,8%, terceiro proprietário. A venda dos lotes é alta e está
relacionada às dificuldades naturais (condições dos solos e escassez de água,
principalmente), ausência de cultura e experiência agrícola e problemas de saúde.
Quanto aos mapas falados notou-se que, no primeiro deles, foi utilizada uma
régua para a demarcação de todo o assentamento, houve uma maior preocupação a
respeito dos limites das propriedades vizinhas e entre os lotes do mesmo, além de
enumerar cada propriedade e evidenciar as vias de acesso. Já no segundo mapa, o grupo
demonstrou partes do relevo, pontos de referência, como por exemplo, uma árvore que
está situada no meio de uma das vias de acesso. Ilustraram também pontes, comércio,
um campo de futebol e a antiga sede da fazenda, onde atualmente funciona a Escola de
Aprendizagem de Jovens e Adultos (EJA). No terceiro mapa falado observou-se a
junção de várias perspectivas, onde foram representadas as vias de acesso, área de lazer,
divisão entre as propriedades, um dos agricultores evidenciou o seu próprio lote, casas,
animais, represas, poço artesiano presente na região e até a reserva legal do
assentamento.
Conclusão

A aplicação de uma das técnicas do Diagnóstico Rápido Participativo no


Assentamento mostrou-se eficiente, demonstrando que a comunidade conhece bem a
região onde vive, além de valorizar, principalmente, os recursos naturais e o cotidiano
da comunidade.
As informações do questionário, ainda processo de tabulação e análise, já
apontam para aspectos já conhecidos em assentamentos rurais, como por exemplo, a
venda de lotes, a limitação natural de solos, água e vegetação e o perfil socioeconômico
dos assentados com idade e condições de saúde inadequadas para a atividade agrícola.

Referências

BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO/MDA. Política


Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. Disponível em
http://www.pronaf.gov.br/dater/index.php?sccid=438. Acesso: 28 outubro de 2009.
CAPORAL, F. R., COSTABEBER, J.A. Agroecologia. Enfoque científico e estratégico.
Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável. Porto Alegre, v.3, n.2, abr./jun.
2002.
CAPORAL, F.R. Agroecologia e Extensão Rural: Contribuições para a promoção
do Desenvolvimento Rural Sustentável. Brasília: MDA/SAF/DATER-IICA. 2004,
EMBRAPA, 2004. (Documento 80).
GOMES, M. A. O. et al. Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) como mitigador de
impactos socioeconômicos negativos em empreendimentos agropecuários. In: BROSE,
M. Metodologia participativa: uma introdução a 29 instrumentos. Porto Alegre:
Tomo Editorial, p. 63-78, 2001.
HORTA MÃE-DA-TERRA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA.

Área temática: Meio ambiente


Responsável pelo trabalho: Gelson Luiz Fiorentin1

Nome dos autores: Paulo Ricardo Dias2; Camila Hofmann3; Denise Maria Schnorr4;
Gabriela Silveira5; Maria Francisca Dutra6; Marcelo Biassusi7; Delmar Santin8;

Resumo

O projeto está vinculado ao Centro de Cidadania e Ação Social da Universidade do Vale


do Rio dos Sinos (UNISINOS) através do Programa de Ação Socioeducativa na
Comunidade (PASEC). Tem como objetivo potencializar o espaço da Horta Mãe-da-Terra
para a redução da desigualdade social em sua área de atuação, por meio da articulação de
saberes, contribuindo para a melhoria das condições socioambientais e qualidade de vida
da comunidade. As atividades são desenvolvidas no contraturno escolar com alunos da
Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Marta, São Leopoldo/RS. A inserção no
projeto é espontânea. São atendidas de forma direta, aproximadamente 100 crianças e
adolescentes. Esses participam didaticamente e de forma lúdica na escolha das sementes,
preparo do solo, plantio e colheita. Tem-se a produção de diversas hortaliças e plantas
medicinais orgânicas. Os produtos são utilizados na alimentação escolar ou levados para
suas residências; melhorando a qualidade da dieta alimentar. Conclui-se que o espaço da
horta representa uma importante ferramenta de inclusão social e de fácil reaplicação.

Palavras-chave:

Produção de hortaliças, orgânicas, inclusão social

Introdução

Compondo a Região Metropolitana de Porto Alegre, São Leopoldo, segundo dados


da Fundação de Economia e Estatística (FEE, 2010), possui uma população de 214.904
habitantes, taxa de urbanização de 99,7% e 0,30% de rural. Mesmo apresentando índice de
crescimento de 1,72%, taxa de analfabetismo de 4,78% e índice de desenvolvimento
humano municipal de 0, 805 é uma das cidades mais violentas do Rio Grande do Sul.
Neste cenário as atividades do Projeto Horta Mãe-da-Terra são desenvolvidas na
Vila Santa Marta e Lotemanto Tancredo Neves, localizada no Bairro Arroio da Manteiga,
Zona Norte de São Leopoldo/RS. Trata-se de área, em parte, não regularizada, que abriga o
aterro sanitário da cidade e não possui unidade de saúde, saneamento básico e posto
policial. Seus moradores se encontram em situação de vulnerabilidade social. São,
aproximadamente, 700 famílias, com uma média de sete pessoas por unidade doméstica.
1
Professor do Curso de Ciências Biológicas da Unisinos e Coordenador do PASEC.
2
Assistente Social do Centro de Cidadania e Ação Social da Unisinos - PASEC.
3
Nutricionista do Centro de Cidadania e Ação Social da Unisinos – PASEC.
4
Bióloga do Centro de Cidadania e Ação Social da Unisinos – PASEC.
5
Psicóloga do Centro de Cidadania e Ação Social da Unisinos – PASEC.
6
Bióloga do Serviço Municipal de Água e Esgotos de São Leopoldo – SEMAE.
7
Engenheiro Agrônomo da EMATER/São Leopoldo.
8
Técnico Agrícola do Centro de Cidadania e Ação Social da Unisinos – PASEC.
Soma-se a esses fatores a fragilização dos vínculos afetivo-relacionais e de pertencimento
social que caracterizam a realidade dos moradores, oss quais, na busca de melhores
condições de vida, não fixam moradia no local, não estabelecem laços identitários e de
organização social.
Nesse sentido, o enfrentamento à desigualdade social envolve não apenas
dimensões econômicas mas, a incorporação dos direitos humanos e a sustentabilidade
ambiental.
Assim, o projeto tem como objetivo potencializar o espaço da Horta Mãe-da-Terra
para a redução da desigualdade social em sua área de atuação, através da articulação de
saberes, ações e poderes, contribuindo para a melhoria das condições socioambientais e
qualidade de vida da comunidade.

Material e Métodos

Na modalidade da Proteção Social Básica, como atividade socioeducativa no


contraturno escolar e, a partir de uma perspectiva didática integradora e interdisciplinar, o
PASEC utiliza o espaço da Horta Mãe-da-Terra como uma nova mediação dentro do
contexto escolar e comunitário. As ações desenvolvidas neste projeto são resultados de
reuniões semanais com a equipe técnica, a qual é constituída por profissionais e monitores
da biologia, nutrição, psicologia e serviço social.
O planejamento é realizado tendo como subsídios temáticos o uso racional da água,
resíduos e materiais recicláveis, segurança nutricional e alimentar, preparação do solo,
semeadura, plantio e colheita, ou seja, é pensar a interação de saberes com a comunidade e
propor caminho para se chegar aos objetivos propostos. A aproximação com as famílias
dos participantes e o levantamento de suas configurações são realizadas através de visitas
domiciliares e entrevistas com os adultos responsáveis, verificando as situações de
vulnerabilidade e risco pessoal e social, condições habitacionais, nutricionais e ambientais.
Nessa direção, a Horta Mãe-da-Terra torna-se um elo desencadeador, estratégia
pedagógica facilmente reaplicável e de baixo custo que viabiliza as demais ações do
Programa na articulação da comunidade escolar em suas relações e dimensões sociais,
culturais e ambientais. Esta mediação educativa, ao mesmo tempo em que se integra ao
conteúdo curricular, através da inclusão de temáticas pontuais, também, se complementa
ao articular os conhecimentos adquiridos com as experiências vivenciadas com os demais
participantes, por meio de feiras e mutirões ecológicos, oficinas temáticas, palestras e
grupos de estudo.
A modalidade de acesso ao projeto ocorre por adesão espontânea dos alunos,
mediante inscrição, autorização dos responsáveis, visita domiciliar e avaliação nutricional.
A cada semestre há uma ampla divulgação junto à comunidade escolar. Na manutenção
desta parceria, a escola disponibiliza, além do espaço físico, a alimentação escolar aos
participantes. A área da horta é utilizada de maneira integrada com as demais áreas de
conhecimentos, em que a interação de saberes é associada e aplicada com o manejo de
hortaliças, plantas medicinais, frutíferas e árvores nativas, com capacidade inicial de
atendimento para 100 crianças e adolescentes, de todas as séries escolares, organizadas por
projetos temáticos. Integra, também, à metodologia as parcerias feitas com os demais
projetos sociais da Universidade, poder público municipal através das secretarias de Meio
Ambiente, Planejamento e patrocínio do Serviço Municipal de Águas e Esgotos (SEMAE),
Escola Técnica Estadual Visconde São Leopoldo, EMATER São Leopoldo, GERDAU,
STIHL, bem como à Rede Socioassistencial da região.
A escola, como locus da ação, foi escolhida por representar um espaço protetivo
legítimo da comunidade e por simbolizar uma área de potencialização das qualidades
individuais e coletivas de alunos e comunidade escolar. Nesse sentido, abre as portas para a
Universidade a ela se associar nas ações socioeducativas complementares e que tenham por
finalidade estimular o fortalecimento dos laços sociais com a família das crianças e
adolescentes e população em geral. Por não possuir área de lazer e de saúde, a escola
representa não apenas um espaço de educação, mas de informação, cuidados, recreação e
de direitos. A metodologia desenvolvida está fundamentada em AFONSO et.al. ( 2003),
LEGAN (2007), MURAYAMA (1987) e no Plano Nacional de Convivência Familiar e
Comunitária (2006).

Resultados e Discussões
foto horta geral, água, plantas medicinais.

Considerando o ano de 2010, foram realizados 264 encontros no contraturno


escolar, com a participação, aproximada, de 100 crianças e adolescentes. Foram plantadas
7740 mudas de diversas hortaliças (Figura 1) e têm-se um viveiro de plantas medicinais
com 65 espécies, com a implantação de uma mandala e um relógio do corpo humano
(Figura 2). Além disso, foi instalada uma cisterna de 5000 litros para captação contínua da
água da chuva, a qual é utilizada na irrigação (Figura 3).

Figura 1 – Canteiro de couve no espaço do Projeto Horta Mãe-da-Terra


Figura 2 – Plantas Medicinais no espaço do Relógio do Corpo Humano

Figura 3 – Cisterna para captação da água da chuva


Soma-se a isso, o processo de compostagem utilizando os resíduos oriundos do
refeitório escolar. A comunidade participa autorizando seus filhos a participarem do
projeto, a qual se concretiza com uma visita domiciliar. A área da horta, inicialmente,
representava um depósito de resíduos da construção civil. Atualmente, um importante
espaço de produção de plantas medicinais e alimentos orgânicos.

Conclusão

Conclui-se que o projeto representa importante metodologia de inclusão social,


acolhendo crianças e adolescentes que vivem em área desprovida de espaços de lazer. Pois,
além da produção de hortaliças e plantas medicinas, possibilita um locus de convivência
saudável em grupo.
Pode-se destacar o interesse dos participantes pelas atividades oferecidas e a
vontade de replicar a técnica em suas residências. Academicamente, há uma importante
transformação na formação dos acadêmicos envolvidos com a realidade socioeconômica de
uma comunidade em situação de vulnerabilidade. Em relação às crianças e adolescentes,
nota-se uma mudança positiva na convivência em grupo e crescente valorização do meio
em que vivem.

Referências

AFONSO, Lúcia; ABADE, Flávia Lemos; AKERMAN, Deborah; COELHO, Carolina


Marra Simões; MEDRADO, Kelma Soares; PAULINO, Juliane Rosa e PIMENTA, Sara
D.C.. Oficinas em dinâmica de grupo na área da saúde. Ed. Campo Social, Belo
Horizonte. 2003

MURAYA, Shizuto. Horticultura. 2.ed. Campinas, Instituto Campineiro de Ensino


Agrícola. 1987

LEGAN, Lucia. A escola sustentável: eco-alfabetizando pelo ambiente. 2ª. Ed.,


Ecocentro IPEC, Goiás. 2007.

BRASIL. Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária. Brasília. 2006.


INTEGRAÇÃO SOCIAL A PARTIR DE UMA ATIVIDADE DE EXTENSÃO EM
EDUCAÇÃO AMBIENTAL - ANÁLISE DO EVENTO “SEMANA DO MEIO
AMBIENTE: UMA VISÃO SUSTENTÁVEL”*
Área temática: Meio Ambiente
Responsável pelo trabalho: Nizângela Gomes dos Reis
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS)
Autores: Nizângela Gomes dos Reis1; Janine Fuga1; Pedro Hasstenteufel1; Karen Adriana
Machado1; Renan Floriano da Silva2; Fernanda Saretta1; Gabriela Tirello Acquolini1; Bruno
Crusius Luzzi1; Helena Botelho Senna1; Henrique Badke Silveira1; Cibele Schwanke3.
Resumo
O intenso impacto no ambiente, resultado das atividades humanas ao longo do tempo, tem
se refletido na disponibilidade dos recursos naturais, que se tornam cada vez mais escassos
e degradados, afetando diretamente a qualidade de vida das pessoas e demais seres. Diante
disso, é essencial a adoção de práticas que conduzam ao desenvolvimento sustentável.
Sendo a Educação Ambiental um importante instrumento para a reconstrução de realidades
socioambientais, o Grupo PET-Conexões Gestão Ambiental do IFRS – Campus Porto
Alegre estabeleceu como meta a organização de ações de extensão que, associadas ao
ensino e à pesquisa, promovessem a divulgação e o intercâmbio de saberes acerca da
temática ambiental, criando espaços para reflexão sobre nossa responsabilidade ambiental,
envolvendo a comunidade interna e externa ao IFRS e, assim, contribuir para uma
educação ambiental crítica. Relata-se aqui a ação “Semana do Meio Ambiente: Uma Visão
Sustentável”, utilizando-se a data alusiva ao Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho).
No evento foram oferecidas atividades diversificadas em múltiplas áreas do conhecimento,
ministradas por profissionais de vários segmentos e com diferentes níveis de educação
formal, estimulando-se a participação ativa e a troca de experiências através de debates. A
avaliação da ação foi oportunizada através de um formulário eletrônico disponibilizado aos
participantes. A análise qualitativa e quantitativa dessas avaliações demonstrou um alto
índice de satisfação, concluindo-se que é possível abrir as portas das instituições de ensino
superior (IES) para a comunidade, promovendo interação e troca de saberes entre toda a
sociedade.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Conexões de Saberes; Inclusão Social.
________________________________
[1] Discente de Tecnologia em Gestão Ambiental e bolsista PET-Conexões Gestão Ambiental.
[2] Discente de Licenciatura em Ciências da Natureza e bolsista PET-Conexões Gestão Ambiental.
[3] Docente e Tutora do grupo PET-Conexões Gestão Ambiental. E-mail:[email protected]
* Apoio: MEC/SESU-SECAD, Programa de Educação Tutorial/Conexões de Saberes.
Introdução
A insustentabilidade das atividades humanas tem se refletido na piora da qualidade
dos recursos naturais (ANTUNES, 2006), que se tornam cada vez mais escassos (JACOBI,
2003). Diante deste quadro, é essencial a adoção de práticas que conduzam ao
desenvolvimento sustentável, equilibrando as necessidades das sociedades contemporâneas
e a capacidade de suporte da natureza.
Para alcançar essa meta, a Política Nacional de Educação Ambiental destaca que é
essencial uma educação ambiental eficaz, que conscientize e promova a mudança de
atitudes através da construção de “[...] valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes
e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade." (BRASIL, 1999, p. 1).
No entanto, apesar de estabelecer-se como uma ferramenta fundamental para
transformação, a educação ambiental ainda é insuficiente (JACOBI, 2003) e a carência de
ações voltadas para a conscientização ambiental constitui um problema a ser superado.
Neste contexto, as atividades de extensão podem contribuir de forma significativa
com a disseminação de informações e abordagens acerca da temática ambiental, uma vez
que devem “ […] buscar o estreitamento e o compartilhamento de conhecimentos e saberes
[…]” (ARROYO, 2010, p.138).
Cientes da necessidade de oportunizar espaços que contribuam para a formação de
cidadãos conscientes, os bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PET) Conexões de
Saberes do curso de Gestão Ambiental do IFRS – Campus Porto Alegre, planejaram
diversas ações de cunho educacional, dentre as quais está o delineamento e concretização
de atividades de extensão abertas à toda comunidade. O grupo, que iniciou seu trabalho em
dezembro de 2010, tem como princípio norteador a indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão (BRASIL, 2010) e acredita que mesmo ações pontuais podem
contribuir para mudanças de condutas em relação ao meio ambiente. Nesse sentido, cabe
salientar também o papel desempenhado pela extensão na formação diferenciada dos
alunos através da articulação de saberes, disponibilizando ao mercado de trabalho um novo
tipo de profissional, comprometido com o desenvolvimento social (ARROYO, 2010).
Assim sendo, o objetivo geral deste projeto foi o intercâmbio de saberes acerca da
temática ambiental entre pessoas de dentro e de fora do âmbito acadêmico, promovendo
educação ambiental, divulgação científica e inclusão social.
Metodologia
Partindo do princípio de que as datas comemorativas surgem como um pretexto
para chamar a atenção sobre um fato e/ou simbolismo, elegeu-se entre as datas alusivas ao
meio ambiente – declaradas pela Assembleia Geral da ONU – o Dia Mundial do Meio
Ambiente (05 de junho) para nortear as ações educativas a serem ofertadas.
O evento “Semana do Meio Ambiente” foi idealizado para ocorrer, em termos de
espaço físico, dentro do IFRS. Porém, foi dimensionado para atender um público-alvo
heterogêneo, formado pela comunidade acadêmica – interna e externa – e por grupos que
não pertencem aos corpos docentes e discentes das IES. Para alcançar esse fim, entendeu-
se que seria necessário propor temas e tipos de atividade também variados, que
contemplassem questões de interesse geral, exigindo mais de um dia de evento. Assim, foi
selecionado o período de 06 a 10 de junho, semana seguinte ao Dia do Meio Ambiente,
para sua realização.
O tema escolhido foi “Uma Visão Sustentável” e por isso buscou-se convidar
profissionais diversos, mesclando saberes técnicos e sociais sob a óptica da
sustentabilidade, incentivando a reflexão sobre o impacto das ações humanas no meio
ambiente e sobre as atitudes sustentáveis que podem ser adotadas. Partindo do princípio de
que há “[...] necessidade de integração e participação de todas as áreas de conhecimento –
até mesmo do senso comum – e de todos os setores sociais nas intervenções ambientais”
(SILVA, 2005, p.41), foram elencadas as seguintes áreas do conhecimento: direito,
arquitetura, turismo, educação ambiental, química, biologia, gestão, geografia, engenharia
e alimentos.
As formas de abordagem também foram diversificadas: palestras, oficinas e
exibição de documentários. O procedimento metodológico adotou como instrumento de
integração entre apresentadores e ouvintes momentos de debate após cada atividade, de
modo a possibilitar interatividade e trocas de experiências. Optou-se fazer a escolha dos
ministrantes das atividades considerando como critério primordial as experiências de
sucesso de cada um, independentemente de sua formação acadêmica.
Finalmente, para avaliar a Semana do Meio Ambiente foi elaborado um
questionário que fornecesse dados sobre a procedência dos participantes e sua satisfação
em relação a diversos aspectos do evento, além de um espaço aberto para o ouvinte
expressar suas ideias. Tendo como preocupação a redução do uso de papel, optou-se por
um formulário avaliativo em meio eletrônico.
Resultados e Discussão
A utilização de uma data comemorativa como foco para a realização deste evento
surtiu efeitos positivos, conseguindo chamar atenção do público em geral e dos meios de
comunicação que o divulgaram: sites de várias naturezas e um jornal de ampla circulação.
Dentro do proposto, o tempo de duração foi adequado, pois conseguiu acomodar a
variedade de temas elencados na metodologia, atendendo a interesses diversos e,
consequentemente, a um público diverso.
A programação contou com doze palestras, três oficinas e duas exibições de
documentários, apresentados por profissionais com formação acadêmica (doutores,
mestres, graduados, técnicos) e sem formação acadêmica (agricultores, artesões,
empresários), trazendo perspectivas diferentes acerca do assunto central: meio ambiente e
sustentabilidade. Os debates foram um ponto forte do evento, tendo massiva participação
do público.
Compareceram ao evento 127 pessoas, das quais apenas 31% responderam o
questionário avaliativo, sendo 65% estudantes (de diferentes níveis de ensino e cursos);
20% docentes e 15% comunidade em geral. Não estavam vinculados ao IFRS 55% dos
participantes.
O gráfico 1 demonstra o grau de satisfação em relação aos critérios: divulgação,
organização e temas das palestras:

80,0%

60,0%
Ótimo
40,0%
Bom
20,0% Regular
Ruim
0,0%
Organização
Divulgação Temas

Gráfico 1: Satisfação dos participantes.

Pelo gráfico pode-se afirmar que a organização e a escolha dos temas foram muito
apreciadas. A divulgação dividiu opiniões, mas mostrou altos índices de satisfação.
No campo aberto para comentários foram recebidas mensagens que serviram para
conseguir avaliar a percepção dos participantes, como a reproduzida a seguir:
Parabenizo o grupo PET Gestão Ambiental e todos os demais colaboradores pela
iniciativa (e coragem) de fazer um evento envolvendo diversas áreas do
conhecimento, tanto as ciências quanto o conhecimento popular. Esse evento
reafirma a convicção que tenho: uma nova percepção de mundo está surgindo [...].

Conclusão
A Semana do Meio Ambiente conseguiu reunir simultaneamente dentro de uma IES
pessoas de diferentes proveniências, como demonstrado nas estatísticas analisadas. Para
aumentar a participação popular poderiam ser estudadas formas de ampliar a divulgação e
de tornar o evento mais atrativo para a comunidade. Igualmente importante foi a
participação de ministrantes sem formação acadêmica, que puderam dividir seus
conhecimentos adquiridos através de práticas e vivências, os quais trouxeram uma visão
diferenciada sobre a relação homem - meio ambiente - desenvolvimento sustentável. Isso,
associado à interação nos debates pós-atividades, rompeu com o tradicional molde que traz
o ouvinte como um mero expectador para o papel ativo de um participante que sugere,
questiona e opina sobre o que está sendo exposto. Como a percentagem de respostas à
avaliação foi pequena é essencial repensar este quesito para alcançar maior sucesso. Pela
análise quantitativa e qualitativa dos questionários pode-se afirmar que o evento foi bem
aceito pelo público-alvo e que o objetivo de praticar a educação ambiental foi alcançado.
Para os bolsistas, esta experiência permitiu aprendizados diversos a partir da
responsabilidade de planejar e executar um evento de extensão registrado, com apoio
institucional. Enfim, conclui-se que os objetivos propostos foram atingidos, sendo
observados alguns pontos para melhorias na continuidade deste projeto de educação
ambiental e inclusão social nos IES.
Referências
ANTUNES, M. L. P.; MANCINI, S. D.; REIS, A. J. Projeto rede de educação ambiental: o
início da atuação da UNESP de Sorocaba em educação ambiental. Rev. Ciênc. Ext., São
Paulo, v. 2, suplemento, p. 35-36, 2006.

ARROYO, D. M. P.; ROCHA, M. S. P. M. L. Meta-avaliação de uma extensão


universitária: estudo de caso. Avaliação (Campinas), Sorocaba, v. 15, n. 2, p. 135-161, jul.
2010.

BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Diário Oficial da República Federativa


do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 28 abr. 1999. p. 1.

BRASIL. Portaria nº 976, de 27 de julho de 2010. Diário Oficial da República


Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 28 jul. 2010. Seção 1, p. 103-104.

JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cad. Pesqui., São Paulo, n.


118, p. 189-205, mar. 2003.

SILVA, L. M. A.; GOMES, E. T. A.; SANTOS, M. F. S. Diferentes olhares sobre a


natureza: representação social como instrumento para educação ambiental. Estud. psicol.
(Natal), Natal, v.10, n.1, Jan./Abr. 2005.
RESUMO

Este artigo propõe-se a discutir os desdobramentos da pesquisa intitulada “Mapa dos


Conflitos Ambientais no estado de Minas Gerais” envolvidos em situações-problema de
conflitos ambientais culminando na construção da “Assembléia Popular do Campo das
Vertentes”. Pretendemos demonstrar como espaços de articulação entre sujeitos e
movimentos sociais que são submetidos a injustiças sócio-ambientais podem se consolidar
como redes de sociabilidade e resistência.

MAPA DOS CONFLITOS AMBIENTAIS E ASSEMBLÉIA POPULAR DO CAMPO


DAS VERTENTES – MG

Petterson Ávila Corrêa (graduando)


Marcos Vinicius Bertachi (graduando)
Eder Jurandir Carneiro (orientador)

INTRODUÇÃO

O trabalho apresentado neste artigo propõe-se a discutir os desdobramentos da


pesquisa intitulada “Mapa dos Conflitos Ambientais no estado de Minas Gerais” 1 que
resultou na proposta e concretização de uma articulação entre diversos Movimentos
Sociais envolvidos em situações-problema de conflitos ambientais 2, culminando na
construção da “Assembléia Popular do Campo das Vertentes”.

A pesquisa de mapeamento teve como objetivo realizar um amplo levantamento de


casos/conflitos seletivos envolvendo o uso e apropriação assimétrica dos recursos naturais e
territórios, com base nas informações coletadas junto a comunidades atingidas e órgãos

1
A Pesquisa “Mapa dos Conflitos Ambientais no estado de Minas Gerais” foi desenvolvida pelo Núcleo de
Investigações em Justiça Ambiental da Universidade Federal de São João Del-Rei (NINJA-UFSJ), no âmbito
BIC-FAPEMIG, em conjunto com outras duas Universidades, a saber, Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) e a Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES).
2
Desta maneira “podemos dizer que os conflitos ambientais surgem das distintas práticas de apropriação
técnica, social e cultural do mundo material” ZHOURI e LASCHEFSKI (2010, p. 17).

1
Ambientais do estado, assim como nos arquivos do Ministério Público Estadual3. Desta
forma, o trabalho de campo nas 12 mesorregiões de Minas Gerais foi dividido entre as
universidades envolvidas na pesquisa. Neste artigo analisaremos especificamente a
mesorregião do Campo das Vertentes.

O desenvolvimento do projeto foi realizado em duas etapas: a) trabalho de campo


realizado nas localidades assoladas por conflitos ambientais, com entrevistas a movimentos
sociais e consulta as fontes dos órgãos ambientais do Estado de Minas Gerais; b) realização
de oficinas com movimentos sociais envolvidos em conflitos em cada mesorregião, visando
a construção de um mapeamento de cartografia participativa, que permitisse a visualização
espacial dos conflitos ambientais pelos próprios sujeitos envolvidos.

Na mesorregião do Campo das Vertentes, foi realizada uma oficina na Universidade


Federal de São João del-Rei (UFSJ), durante o mês de outubro de 2008, que contou com a
presença de 14 entidades sociais de luta4 envolvidas em conflitos ambientais relacionados à
poluição hídrica, atmosférica, ao uso intenso de agrotóxicos, conflitos agrários etc. Desta
oficina, que a principio tinha caráter meramente acadêmico, surgiu a idéia de se construir
uma Assembléia Popular5 como estratégia de luta para dar visibilidade às situações de risco
ambiental em se encontram várias comunidades da região.

MATERIAL E METODOLOGIA

3
O produto final dessa pesquisa resultou na elaboração de um mapa interativo dos conflitos ambientais que
encontra-se num sítio de Internet, com o link: http://conflitosambientaismg.Icc.ufmg.br.
4
As entidades que participaram da oficina foram: ODESC – Organização para o Desenvolvimento
Sustentável Comunitário de Barroso; COMSASCAVE – Comissão de Segurança Ambiental e Saúde do
Campo das Vertentes; MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra; SINTER – Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Barbacena; CPT – Comissão Pastoral da Terra; Ong Instituto Rio Limpo de
Barbacena; Associações de Moradores de Barbacena e São João Del-Rei e Distrito do rio das Mortes; DCE –
UFSJ - Diretório Central dos Estudantes; NINJA – Núcleo de Investigação em Justiça Ambiental; Membros
do GESTA – Grupo de Estudos Temáticos Ambientais da UFMG, envolvidos na construção do mapa;
Professor e estudantes da Universidade Estadual de Montes Claros; Professor e estudantes da Universidade
Federal de Lavras envolvidos com a questão dos atingidos por barragens na região; e representantes de
comunidades quilombolas remanescentes de Nazareno e Ressaquinha.
5
As Assembléias Populares surgiram como continuidade das Semanas sociais, Plebiscitos e Grito dos
Excluídos realizados durante a década de 1990 por setores organizados da Sociedade Civil. Assim tornaram-
se locais de articulação e luta dos movimentos sociais, promovendo espaços de democracia participativa a
nível municipal, estadual e nacional.

2
O processo de construção da Assembléia Popular do Campo das Vertentes ocorreu
entre novembro de 2008 a abril de 2009, consolidando um longo período de encontros e
reuniões entre as entidades que se comprometeram com a realização deste evento.

Assim, durante os dias 18 a 21 de abril de 2009, foi realizada na UFSJ a Assembléia


Popular do Campo das Vertentes com o título de “Desvelando os Conflitos Ambientais”. O
evento contou com a participação de mais de 60 movimentos sociais de São João del-Rei,
Lavras e Barbacena, principais cidades da mesorregião do Campo das Vertentes. O
encontro contou com a participação de entidades de outras mesorregiões, oriundas de
Diamantina, Visconde do Rio Branco, Conceição do Mato Dentro, Alfenas e Viçosa, dentre
outras.

Nesse evento, foram discutidos por meio da metodologia de divisão em grupos de


trabalho, problemas ambientais que os atingidos vivem nas regiões, tais como: a questão do
uso intensivo de agrotóxicos, incineração de produtos tóxicos, poluição hídrica, poluição
atmosférica, privatização das águas, conflitos agrários e a questão da precariedade do
trabalho na região. Um outro espaço de discussão coletiva durante o encontro era a
realização de plenárias que tinham o intuito de debater sobre os temas sócio-ambientais e
formular a deliberação de ações coletivas comuns aos movimentos sociais participantes.
Desta Forma, foi deliberada, no dia 21 de abril, a realização de um ato público no Distrito
de Rio das Mortes, no município de São João del-Rei, localidade onde vive uma
comunidade exposta a riscos de poluição atmosférica de um parque industrial, alta
incidência de contaminação por agrotóxicos e risco de inundação devido à construção de
barragens de represas. O objetivo desse ato foi denunciar e alertar a sociedade, bem como
as autoridades públicas, sobre o estado de calamidade em que vive essa comunidade, como
tantas outras pelo país. Além disso, a proposta da assembléia foi a de formar uma
articulação solidária entre os movimentos sociais da região que estão em situações de risco
ambiental semelhantes, para denunciar e tomar providências concretas contra a omissão dos
órgãos ambientais do Estado e das empresas poluidoras.

3
RESULTADOS E DISCUSSÕES

As situações-problema relacionadas aos conflitos ambientais levantados pela oficina


dos movimentos sociais e pela Assembléia Popular demonstram que dificilmente ganham
visibilidade injustiças sociais e ambientais, muitas vezes omitidas pelos membros da
política local. Nesse sentido, a construção da Assembléia Popular foi muito importante para
denunciar situações graves que há muito vêm sendo ocultadas pelos meios de comunicação
regionais, conjugado com a omissão dos órgãos ambientais locais e estaduais.

Além disso, outro fator importante foi o fato de os movimentos sociais que lutam
contra a degradação ambiental, que nunca se encontraram antes, se re-conhecerem. Nesse
sentido, “os movimento sociais representam espaços privilegiados de vivências para
construir novas sociabilidades e novos seres humanos que se constituem como sujeitos” 6.
Portanto, compreende-se que o encontro dessas entidades foi favorável à construção de uma
articulação solidária entre os sujeitos, no sentido de trocar informações e experiências de
lutas. Ficou evidente nos fóruns de debates, tanto da oficina quanto da assembléia, de
acordo com o depoimento dos representantes, que as situações de conflito ambiental têm
origens comuns. . As constatações dos dramas de representantes de comunidades que vivem
em situações de risco apontaram problemas semelhantes, como falta de estudos adequados
dos órgãos ambientais do Estado, licenças ambientais concedidas facilmente a empresas
poluidoras sem consultar as comunidades, falta de informações por parte dos órgãos
estatais e privados às comunidades que vivem nos arredores dos empreendimentos
poluidores e a falta de condições de trabalho digno. Um outro problema comum apontado
entre as entidades foi à questão do isolamento das lutas. A falta de adesão de outros atores
sociais para dar peso às lutas das comunidades que reivindicam respeito aos seus territórios
vitais foram discursos muito presentes nas discussões.

CONCLUSÃO

6
BATISTA, Maria do Socorro Xavier. Movimentos Sociais e Educação Popular: Construindo novas
sociabilidades e cidadania (p. 4)

4
Os movimentos sociais envolvidos na construção do encontro decidiram estabelecer
a manutenção dos contatos forjando uma rede de trocas de informações e ajuda mutua,
como forma de manter e aprofundar as articulações entre os grupos, no que tange as lutas
contra situações-problema impostas pelos empreendimentos poluidores. Desta maneira
podemos compreender espaços de articulação entre sujeitos e movimentos sociais como
uma esfera educativa “A educação popular vivenciada nos movimentos sociais proporciona
processos educativos e de produção de saberes entre iguais, entre pessoas que comungam
de objetivos e identidades comuns, mediados por práticas organizativas e discursivas em
que todos são sujeitos do processo”7.

Atualmente a Assembléia Popular do Campo das Vertentes conta principalmente


com a articulação de grupos locais da cidade de São João del-Rei, como sindicatos,
entidades estudantis, associações de bairro, partidos e Ongs, entre outros.

REFERÊNCIAS

O Brasil que queremos: assembléia popular mutirão por um novo Brasil / Rede Jubileu Sul
Brasil – 1.ed. – São Paulo: Expressão Popular, 2006

BATISTA, Maria do Socorro Xavier. Movimentos Sociais e Educação Popular: Construindo novas
sociabilidades e cidadanias. Lisboa, Setembro 2004. VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de
Ciências Sociais. Disponível em: http://www.ces.uc.pt/lab2004

ZHOURI, Andréa; LASCHEFSKI, Klemens (orgs.). Desenvolvimento e Conflitos


Ambientais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

7
BATISTA, Maria do Socorro Xavier. Movimentos Sociais e Educação Popular: Construindo novas
sociabilidades e cidadania (p. 4)

5
MAPA DOS CONFLITOS AMBIENTAIS NO ESTADO DE MINAS GERAIS:
PRODUTO SE PESQUISA/EXTENSÃO

Área temática: Meio Ambiente

Responsável pelo trabalho: Eder Jurandir Carneiro

Instituição: Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)

Nome dos Autores: Eder Jurandir Carneiro

Resumo:

O Mapa de Conflitos Ambientais no Estado de Minas Gerais foi realizado, de 2007 a 2010,
por meio de parceria entre o Núcleo de Investigação em Justiça Ambiental da Universidade
Federal de São João del-Rei (NINJA/UFSJ), o Grupo de Estudos em Temáticas
Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (GESTA/UFMG) e pesquisadores do
Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Social (PPGDS) da Universidade
Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Teve como objetivo a elaboração de um
mapeamento qualitativo dos conflitos ambientais em Minas Gerais ocorridos entre 2000 e
2010. A metodologia contemplou a pesquisa documental em 228 sedes das comarcas do
Ministério Público Estadual de Minas Gerais e nas regionais do Ministério Público
Federal, assim como a realização de oficinas com representantes de grupos sociais
envolvidos em casos de conflito ambiental, além de entrevistas com esses representantes.
O mapeamento obtido está inscrito num sítio eletrônico
(http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br) que permite a visualização e consulta ao banco
de dados georreferenciado que contém a descrição dos 541 casos de conflitos inicialmente
selecionados, além de material audiovisual, textos analíticos e outras informações. A
estratégia metodológica permitiu a elaboração de uma cartografia social em que as
populações afetadas e/ou seus representantes se converteram em “sujeitos cartografantes’
(ACSELRAD, 2009; ACSELRAD, 2010), além de propiciar o encontro, a congregação e a
articulação entre estes atores, criando oportunidades para o diálogo e a troca de
experiências entre entidades e movimentos diversos afetados por lógicas excludentes de
exploração da natureza.

Palavras-chave: mapa; conflitos ambientais; Minas Gerais.

1
Introdução

O Mapa de Conflitos Ambientais no Estado de Minas Gerais foi realizado, de 2007


a 2010, por meio de ações de extensa pesquisa em interface com extensão, envolvendo
parceria entre o Núcleo de Investigações em Justiça Ambiental da Universidade Federal de
São João del-Rei (NINJA/UFSJ), o Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais da
Universidade Federal de Minas Gerais (GESTA/UFMG) e pesquisadores do Programa de
Pós-graduação em Desenvolvimento Social (PPGDS) da Universidade Estadual de Montes
Claros (UNIMONTES). Ao todo, o trabalho contou com a participação de 72 pessoas,
entre docentes-pesquisadores, estudantes do ensino médio, estudantes de graduação,
mestrandos, mestres e doutorandos, ligados a diversas áreas de conhecimento, como
sociologia, antropologia, geografia, ecologia, ciências socioambientais, ciência da
computação, ciências biológicas, direito, planejamento urbano, história, artes visuais,
filosofia, pedagogia, ciências econômicas e psicologia. Ao longo de mais de quatro anos de
pesquisa/extensão, foi produzido um volume considerável de relatórios técnicos
(CARNEIRO, 2010), monografias de conclusão de curso, dissertações, artigos, capítulos
de livros, apresentação de comunicações e pôsteres, publicação de resumos e textos
completos em anais de eventos etc. O trabalho possibilitou, assim, riquíssima oportunidade
para o desenvolvimento intelectual de pessoas situadas em todas as diferentes etapas da
carreira acadêmica e facultou aos estudantes e pesquisadores experiência de contato,
interação, troca e luta conjunta com um sem-número de movimentos sociais e pessoas
afetadas pelos agravos ambientais estudados. O caráter coletivo e democrático da
organização e execução de todo o trabalho incluiu a todos, pesquisadores e estudantes,
num intenso processo de ensino-aprendizagem dos conceitos e práticas envolvidos nas
atividades de docência, de pesquisa, de extensão e de produção de conhecimento. Reuniões
de discussão de fundamentos conceituais e de debate e deliberação sobre questões
metodológicas demandaram enormes esforços de mobilização de conhecimentos prático-
teóricos, além de coragem intelectual e criatividade por parte de todos. Além disso, foram
essenciais os apoios recebidos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico
(CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
A pesquisa teve como objetivo a elaboração de um mapeamento qualitativo dos
conflitos ambientais em Minas Gerais ocorridos entre os anos de 2000 a 2010, a partir da
identificação, caracterização e classificação dos casos de violação do direito humano ao

2
meio ambiente, considerando a existência de denúncias institucionalizadas e/ou
manifestação de sujeitos sociais. A intenção é que tal mapeamento funcione como um
instrumento de defesa dos direitos e também de elaboração e execução de políticas
públicas voltadas à sustentabilidade e à democratização da apropriação dos territórios e
condições naturais para grupos política e economicamente fragilizados.

Material e Metodologia

De forma a viabilizar a realização da pesquisa, o projeto foi dividido em etapas


correspondentes às doze mesorregiões do estado, a saber: Metropolitana de Belo
Horizonte, Vale do Jequitinhonha, Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, Central Mineira,
Oeste de Minas, Vale do Rio Doce, Vale do Mucuri, Norte de Minas, Noroeste de Minas,
Campo das Vertentes, Sul/Sudoeste de Minas e Zona da Mata. Tal divisão levou em
consideração ainda os cronogramas estabelecidos segundo os financiamentos obtidos junto
à Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A metodologia foi desenvolvida em duas frentes complementares de trabalho. A
primeira consistiu-se em trabalhos de campo, por meio da pesquisa documental e consulta
a Promotores, Oficiais de Justiça e Procuradores da República nas sedes das comarcas do
Ministério Público Estadual de Minas Gerais e nas regionais do Ministério Público
Federal, além de entrevistas com representantes de associações, sindicatos, movimentos
sociais e entidades envolvidos em casos de conflito ambiental. Foram então visitadas as
sedes de 228 comarcas para os registros de casos institucionalizados de conflitos.
A segunda frente de trabalho consistiu na realização de oficinas com representantes de
grupos sociais envolvidos em casos de conflito ambiental, visando à apreensão da
perspectiva dos próprios atores expostos aos impactos, danos e/ou riscos ambientais. Dessa
forma, por meio de consulta aos movimentos sociais e entidades da sociedade civil, foi
realizada a coleta dos casos de conflitos não formalizados.
Essas oficinas permitiram o encontro, a congregação e a articulação entre estes atores,
criando oportunidades para o diálogo e a troca de experiências entre entidades e
movimentos diversos. Assim sendo, a metodologia utilizada na pesquisa buscou identificar
os conflitos formalizados ou institucionalizados, bem como aqueles não formalizados, mas
de considerável reconhecimento público ou com relevância social face à agressão
ambiental identificada.

3
Resultados e Discussões

O mapeamento obtido está inscrito num sítio eletrônico


(http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br) que permite a visualização e consulta ao banco
de dados georreferenciado que contém a descrição dos 541 casos de conflitos inicialmente
selecionados, além de material audiovisual, textos analíticos e outras informações.
Além do acesso ampliado às informações da pesquisa, o formato de um portal
eletrônico possibilita a atualização constante dos casos de conflito ambiental através do
envio de novas informações pelos usuários, o que permite uma visualização dinâmica da
apropriação espacial no estado. Nessa medida, mais do que uma representação estática da
ação social, o Mapa constitui-se em um observatório da realidade socioambiental em
Minas Gerais, posto que sublinha o desenvolvimento, no espaço e no tempo, dos processos
hegemônicos de apropriação do território geradores de injustiças ambientais, assim como
das ações dos sujeitos que, afetados por esses processos, lutam pelo reconhecimento de sua
condição e por seus direitos.
A estratégia metodológica permitiu a elaboração de uma cartografia social em que
as populações afetadas e/ou seus representantes se converteram em sujeitos cartografantes,
além de propiciar o encontro, a congregação e a articulação entre estes atores, criando
oportunidades para o diálogo e a troca de experiências entre entidades e movimentos
diversos afetados por lógicas excludentes de exploração da natureza. Um exemplo claro da
relevância da estratégia metodológica em relação ao empoderamento dos atores que lutam
contra situações de injustiça ambiental foi a realização de uma Assembléia Popular do
Campo das Vertentes, sob o tema “Desvelando conflitos ambientais”. O evento realizou-se,
nas dependências da UFSJ, entre os dias 18 e 21 de abril de 2009, reunindo cerca de 150
pessoas, ligadas a dezenas de movimentos sociais e entidades da mesorregião Campo das
Vertentes, assim como de Belo Horizonte e das mesorregiões Zona da Mata e Sul-Sudoeste
de Minas. A decisão de realizar essa Assembléia Popular foi tomada pelos presentes à
oficina com movimentos sociais envolvidos em conflitos ambientais na mesorregião
Campo das Vertentes, muitos dos quais também participaram da organização e realização
da Assembléia. Essa oficina, assim como a Assembléia Popular que dela derivou,
assinalam saltos qualitativos muito importantes no grau de articulação e organização dos
movimentos sociais e entidades envolvidos em conflitos ambientais nas regiões mais ao sul
do estado de Minas Gerais.

4
Conclusão

Apesar de bastante significativo, o total de casos mapeados não representa, contudo, uma
expressão real ou quantitativa dos conflitos ambientais no estado, mas um registro dos
casos mais emblemáticos, ou seja, que expressam, do ponto de vista dos dominados, as
tensões produzidas pelos processos hegemônicos de apropriação de condições naturais e
territórios típicos de cada região do estado. Por exemplo, os casos de resistência à
expropriação ambiental/territorial deflagrados pelo avanço das monoculturas (de eucalipto,
cana-de-açúcar, fruticultura irrigada etc.) se concentram nas regiões mais ao norte e do
Triângulo Mineiro. Os conflitos produzidos pela ação degradadora das atividades
minerarias, conquanto presentes em praticamente todo o estado, ocorrem de forma mais
acentuada na porção central do território mineiro, onde se localizam as maiores jazidas de
minerais metálicos. De outra parte, constata-se o caráter ubíquo da emergência de conflitos
referentes a algumas atividades, como, por exemplo, o uso/contaminação de trabalhadores
rurais com agrotóxicos.

Referências

MAPA DE CONFLITOS AMBIENTAIS NO ESTADO DE MINAS GERAIS. Disponível


em: <http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br>. Acesso em: 29/06/2011.

ACSELRAD, Henri, Mapeamentos, identidades e territórios. Anais do 33º Encontro Anual


da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS),
Caxambu, 2009.

ACSELRAD, Henri (org.), Cartografia social e dinâmicas territoriais: marcos para o


debate, Rio de Janeiro: IPPUR/UFRJ, 2010.

CARNEIRO, Eder Jurandir, mapa dos conflitos ambientais no estado de Minas Gerais –
Etapa 3: mesorregiões Zona da Mata e Campo das Vertentes. Relatório Final de Pesquisa
enviado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq). São João del-Rei, 2010.

5
METAIS PESADOS EM SOLO DE ANTIGA FÁBRICA DE BATERIAS
AUTOMOTIVAS NO SUDOESTE DO PARANÁ – TRABALHO DE EXTENSÃO

ÁREA TEMÁTICA: Meio Ambiente


RESPONSÁVEL PELO TRABALHO: Ana Luísa Hermann
INSTITUIÇÂO: Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Ana Luísa Hermann1; Adriana Zemiani1; Larissa Kummer3

1
Acadêmica do Curso de Engenharia Ambiental - Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus
Francisco Beltrão.
3
Docente do Curso de Engenharia Ambiental - Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus
Francisco Beltrão.
RESUMO
A contaminação de solos por metais pesados é resultante, principalmente, de
atividades de mineração e industrialização. Com o intuito de minimizar os danos ao ser
humano e ao meio ambiente, sentiu-se a necessidade de realizar um levantamento da
qualidade do solo em área de uma antiga fábrica de baterias automotivas, na qual existem
residências em suas proximidades. Para isto, analisou-se os teores de metais pesados em 5
locais de coleta, sendo 3 amostras coletadas apenas superficialmente e mais 2 locais nas
profundidades de 0-10 cm e 10-20 cm. Em seguida, as amostras foram secas ao ar, moídas
e passadas em peneira de malha 2mm (TFSA). A determinação de teores pseudo-totais de
metais (Cu, Ni, Cd, Pb, Zn e Cr) ocorreu com a digestão das amostras em bloco digestor à
temperatura de 125 ºC durante duas horas segundo método da água régia (0,5 g de solo + 9
ml de HCl e 3ml de HNO3 ). O teor de metais do extrato foi determinado por AAS na
UTFPR - Campus Curitiba. Com os resultados obtidos conclui-se que a área apresenta
teores de alguns metais pesados acima dos estabelecidos como valores de prevenção pela
Resolução CONAMA 420/2009. Como os metais que estão acima dos padrões são o
chumbo e o cobre, pode-se afirmar que esta contaminação está diretamente relacionada
com as atividades industriais ali desenvolvidas por um longo período, pois mesmo com a
desativação da empresa, no local ainda encontram-se resíduos da produção.

PALAVRAS-CHAVE: chumbo, saúde ambiental, fábrica de bateria.


INTRODUÇÃO
Metais pesados constituem uma classe de metais que apresenta características
bioacumulativas, ou seja, que o organismo não é capaz de eliminar. Segundo CHAUDRI
(1992) alguns metais-traço, como Zn, Cu, Ni e Co, são essenciais para as plantas, animais e
micro-organismos, mas requeridos em pequenas quantidades. Entretanto, deve-se
considerar que todos são potencialmente tóxicos em concentrações elevadas, provocando
desnaturação de proteínas e bloqueios de sítios de ligação de enzimas (SIQUEIRA et al.,
1994). Cd, Pb e Sn são tóxicos na forma de cátions e tendem a ser ainda mais tóxicos
quando estão ligados às substâncias orgânicas (SUMMERS & SILVER,1978).
Neste trabalho, são apresentados alguns resultados preliminares e parciais que
fazem parte de um projeto de extensão que visa avaliar a qualidade ambiental dos solos de
áreas próximas a fábricas de baterias automotivas na região Sudoeste do Paraná. Com isso,
serão levantados quais os problemas ambientais relevantes associados a este setor
industrial, além de identificadas as possíveis fontes de poluição, podendo ser tomadas
medidas pertinentes à prevenção e possível descontaminação dessas áreas, caso estas sejam
detectadas. Como outro grande objetivo deste trabalho, poderão ser planejadas e então
desenvolvidas atividades informativas que envolvam a população, visando a melhoria da
qualidade do solo e consequentemente da saúde pública da população que está em contato
diário (direto ou indireto, via poeira) com estes locais.

METODOLOGIA
O estudo foi desenvolvido em uma área onde uma fábrica de baterias automotivas
do tipo chumbo-ácido atuou por vários anos, no município de Marmeleiro, PR. O clima da
região é o Subtropical Cfa, segundo classificação de Köppen (INSTITUTO MERISTEMA,
2011). Foram coletadas 3 amostras superficiais (Pontos 8, 9 e 10) e quatro amostras nas
profundidades de 0-10 cm e 10-20 cm de solo na área (Pontos 3 e 6), sendo a localização e
descrição dos pontos apresentados na Tabela 1. Após esta etapa, as amostras foram secas
ao ar, moídas e passadas em peneira de malha 2 mm (TFSA).
Com uma parte das amostras, realizou-se a determinação dos teores pseudo-totais
de metais pesados (Cu, Ni, Cd, Pb, Zn e Cr). Para isso, utilizou-se o método da água régia,
onde para porções de 0,5 g de solo foram adicionados 9 ml de HCl e 3ml de HNO3
(McGRATH & CUNLIFFE, 1985). Todas as amostras foram analisadas em triplicata. A
digestão das amostras ocorreu em bloco digestor à temperatura de 125 ºC durante duas
horas. Deixou-se esfriar e então as amostras foram filtradas, sendo recolhido o extrato em
balão volumétrico de 25 mL. Completou-se o volume com água deionizada. Em seguida,
os extratos foram armazenados em frascos de polietileno para evitar a adsorção de metais
nas paredes do recipiente. O teor de metais no extrato foi determinado por
espectrofotometria de absorção atômica (AAS) na UTFPR, Campus Curitiba.
Tabela 1: Descrição dos locais de coleta das amostras de solo.
Ponto de Coordenadas UTM
Altitude (m) Descrição do Local
amostragem Latitude Longitude

Solo com bastante material


Ponto 3 22J0296051 7104948 681
orgânico.

Horta de residência plantação de


Ponto 6 22J0296130 7104970 685 feijão, beterraba, salsa e
pepinos.
Ponto 8
Próximo a plantação de soja, e
(camada 22J0295989 7104957 676
depósito de resíduos.
superficial)
Solo com bastante resíduo de
Ponto 9
construção e vegetação rasteira.
(camada 22J0295998 7104978 678
Coletado entre os barracões da
superficial)
antiga fábrica.

Material coletado dentro do


Ponto 10
barracão, sendo composto por
(camada 22J0296012 7104990 678
resíduos de construção, lixo,
superficial)
vegetação rala.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de metais pesados (Cr, Pb, Zn, Cu, Cd e Ni) encontrados nas
amostras de solo estão apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 : Teores de metais pesados encontrados nas amostras de solo analisadas.
Cr Pb Zn Cu Cd Ni
AMOSTRA
mg kg-1
A3 (0-10 cm) 49,36 918,39* 25,79 142,52* nd 18,03

A3 (10-20 cm) 74,66 494,87* 25,48 127,75* nd 14,49

A6 (0-10 cm) 26,83 11,29 28,13 78,32 nd 12,93

A6 (10-20 cm) 38,76 59,82 25,92 27,41 nd 7,01

A8 30,33 8.760,06* 20,95 77,23* nd 0,11


A9 11,98 22.881,20* 22,85 56,48 nd 5,14
A10 1,68 5.540,32* 29,44 119,05* nd 5,09

* valores acima dos valores de prevenção (VP) de acordo com a Resolução CONAMA
420/2009.
Tabela 3: Lista de valores orientadores para solos de acordo com a Resolução CONAMA
420/2009.
Solo (mg.kg-1 de peso seco)
Investigação
Substâncias
Prevenção Agrícola
Residencial Industrial
AP máx
Cromo 75 150 300 400
Chumbo 72 180 300 900
Zinco 300 450 1000 2000
Cobre 60 200 400 600
Cádmio 1,3 3 8 20
Níquel 30 70 100 130
Fonte: adaptado de CONAMA 420/2009 (BRASIL, 2009).
Nos locais amostrados superficialmente (pontos 8, 9 e 10) e também no ponto 3
verificou-se a presença de teores de chumbo acima dos valores de prevenção estabelecidos
na Resolução CONAMA 420/2009 (BRASIL, 2009) (Tabela 3). Já nas amostras coletadas
no ponto mais afastado da área da fábrica (Ponto 6), os teores deste metal fiaram dentro
dos limites permitidos pela Resolução citada anteriormente. Estes resultados levam a
concluir que a contaminação pelo metal Pb concentra-se principalmente na área onde
ocorreu o processo de fundição de chumbo (antiga fábrica) como resultado do acúmulo de
material sólido disposto sobre o solo e não pela contaminação atmosférica (chaminé).
Porém, cabe ressaltar que serão amostrados novos pontos para uma melhor avaliação da
área em estudo, visto que os teores encontrados dentro da área são muito altos e podem
chegar a contaminar outros locais tanto pelo escoamento superficial quanto pela erosão
hídrica e eólica.
Estes resíduos dispostos sobre a superfície do solo podem gerar grandes riscos a
saúde dos moradores da região e ao meio ambiente, visto que, de modo geral, os metais
pesados possuem influência negativa sobre os processos mediados biologicamente no solo
(LEE et al., 2002) e encontram-se nas proximidades de áreas com manejo agrícola e
também próximo a um curso d’água.
Quanto aos teores dos demais metais analisados, Cr, Zn, Cd e Ni, estes não
representam riscos à população e ao meio ambiente, visto que apresentam valores
inferiores aos padrões de prevenção estabelecidos pela Resolução CONAMA 420/2009
(BRASIL, 2009).
CONCLUSÃO
Com os resultados obtidos conclui-se que dentro da extensão da área pertencente a
antiga fábrica de baterias, os teores de Pb e Cu estão acima dos estabelecidos como valor
de prevenção pela Resolução CONAMA 420/2009, chegando em alguns locais de coleta os
valores de Pb considerados passíveis de investigação. Já que o principal metal que está
acima dos padrões é o Pb, pode-se afirmar que esta contaminação está relacionada com as
atividades industriais ali desenvolvidas por um longo período, pois mesmo com a
desativação da antiga fábrica de baterias, ainda encontram-se sobre o solo resíduos da
produção, tais como caixas plásticas e rejeitos da fundição. Vale ressaltar que embora não
tenha sido observado contaminação por Pb e Cu no ponto externo à fábrica, não pode-se
afirmar que a contaminação está restrita unicamente aos limites da mesma, visto que o
terreno está exposto às intempéries climáticas (chuva e vento). Assim, ao decorrer no
trabalho nota-se que esta avaliação foi apenas o início de um trabalho que será mantido
com a finalidade de levar informação para a comunidade quanto aos riscos ambientais e de
saúde, visto que existem muitas famílias que residem próximas a este tipo de atividade
industrial. Além disso, este trabalho permite a troca de informações entre o meio
acadêmico, empresa e sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução n.
420 de 28 de dezembro de 2009. - Dispõe sobre critérios e valores orientadores de
qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o
gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de
atividades antrópicas.
CHAUDRI, A.M.; McGRATH, S.P.; GILLER, K.E. Metal tolerance of isolates Rhizobium
leguminosarum biovar trifolli from soil contaminated by past applications of sewage
sludge. Soil Biol. Biochem., 24:83-88, 1992.
INSTITUTO MERISTEMA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Disponível
em: <http://www.meristema.org.br/localizacao.php >. Acesso em 25 de maio de
2011.
LEE, I.S.; KIM, O.K.; CHANG, Y.Y.; BAE, B.; KIM, H.H.; BAEK, K.H. Heavy metal
concentrations and enzyme activities in soil from a contaminated Korean shooting range. J.
Biosci. Bioeng., 94:406-411. 2002.
McGRATH, S.P.; CUNLIFFE, C.H. A simplified method for the extraction of metals Fe,
Zn, Cu, Ni, Cd, Pb, Cr, Co and Mn from soils and sewage sludge. Journal Science Food
Agriculture, v. 36, p. 794-798, 1985.
SIQUEIRA, J.O.; MOREIRA, F.M.S.; GRISS, B.M.; HUNGRIA, M.; ARAÚJO. R.S.
Microrganismos e processos biológicos do solo; Perspectiva ambiental. Brasília, Embrapa-
SPI, 1994. 142p.
SUMMERS, A.O.; SILVER, S. Microbial transformations of metals. Ann. Rev.
Microbiol., 32:617-672, 1978.
MÉTODO LEITURA E OPINIÃO APLICADO À PERCEPÇÃO AMBIENTAL
DE EDUCADORES

Área Temática: Meio Ambiente

Daniela Vasconcelos de Oliveira; [1]


Juliana Martins de Mesquita Matos; [2]
Letícia Maria Antonioli; [3]
Alcione Pereira Martins; [4]
Kennya Mara Oliveira Ramos; [5]
Rosana de Carvalho Cristo Martins; [6]

Resumo: Desenvolver práticas de vivência ambiental não é tarefa fácil em função da


resistência das pessoas em admitir ações incorretas e que contribuem para a devastação
do meio ambiente. O presente trabalho teve como objetivo conscientizar a respeito de
práticas ambientalmente corretas e sensibilizar através da leitura, para que as pessoas
repensem suas ações e se tornem mais preocupadas, conscientes e capazes de cuidar do
meio ambiente, desenvolvendo a consciência ambiental. Em todas as ações os
educadores mostraram curiosidade, interesse e participação. Percebeu-se que em grande
parte dos educadores gostaram da metodologia e ficaram sensibilizados com a questão
ambiental. O “método expositivo e de leitura e opinião” foi adequado por promover
sensibilização dos educadores sobre os prejuízos causados ao meio ambiente pela ação
do homem.

Palavras Chaves: Conscientização Ambiental, Leitura, Sensibilização

_________________
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da Universidade de Brasília;
[email protected]
Ms. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Universidade de Brasília, UnB);
[email protected]
Chefia do Núcleo de Educação Ambiental do Parque Nacional de Brasília – [email protected]
Esp. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Universidade de Brasília, UnB);
[email protected]
Ms. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais (Universidade de Brasília, UnB);
[email protected]
Dra. Professora titular do Departamento de Engenharia Florestal (Universidade de Brasília, UnB);
[email protected]
INTRODUÇÃO

Através do universo da leitura as pessoas se tornam ativas e estão sempre


prontas a desenvolver novas habilidades, ao contrário daquelas que não possuem
contato com esse universo, pois esta se prende dentro de si mesma com “medo” de tudo
que a cerca. “A leitura, como o andar, só pode ser denominada depois de um longo
processo de crescimento e aprendizado.” (Bacha, 1975, p.39).
Segundo Freire (1982), uma vez que a leitura é apresentada ela deve ser
minuciosamente decifrada, trabalhada, pois na maioria das vezes as crianças têm um
contato imediato com a palavra, mas a compreensão da mesma não existiu. Para tanto se
faz necessário apresentar o que foi descrito por tal palavra, de forma que esse objeto
proporcione sentido à ela, pois dessa maneira a busca e o gosto pelo mundo das
palavras, isto é, da leitura e da escrita, se intensifica. Logo, a leitura ganha vida e a
todos adquirem o hábito de sua prática.
Nos dias atuais, os Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa
(1997) propõem o uso de métodos inovadores na alfabetização dos alunos, prevendo
resultados positivos e significativos ao processo educacional.
Paulo Freire que buscou invocar nos educadores o trabalho que envolva questões
práticas e ambientalmente capazes de situar as pessoas. Deixou um legado brilhante,
dentre eles a chamada de Círculos de Cultura, que se constituem em “um lugar onde
todos têm a palavra, onde todos lêem e escrevem o mundo. É um espaço de trabalho,
pesquisa, exposição de práticas, dinâmicas, vivências que possibilitam a construção
coletiva do conhecimento”. E esses espaços estruturantes da educação ambiental se
tornaram os espaços formadores e animadores de grupos locais de atuação e reflexão
(aprendizagem) sobre e pelo meio ambiente e qualidade de vida em cada pedaço.
O presente trabalho teve como objetivo conscientizar educadores de escolas
públicas e privadas do Distrito Federal, que participaram do curso de Educação
Ambiental para Educadores do Núcleo de Educação Ambiental do Parque Nacional de
Brasília – ICMBio a respeito de práticas ambientalmente corretas, para que repensem
suas ações e se tornem mais preocupadas, conscientes e capazes de cuidar do meio
ambiente, desenvolvendo a consciência ambiental através da leitura e opinião.

METODOLOGIA

O estudo orientou-se com um caráter exploratório, mas, ao longo de sua


aplicação, descortinou-se de forma descritiva caracterizando-se como uma pesquisa
qualitativa (Minayo, 2000). Essa pesquisa foi desenvolvida no Parque Nacional de
Brasília com educadores de escolas públicas e privadas que participaram do curso de
Educação Ambiental para Educadores, promovido pelo Núcleo de Educação Ambiental
do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio.
Nesta pesquisa qualitativa buscou-se traduzir e refletir sobre o sentido e as
percepções que os educadores têm do meio ambiente. Para um melhor entendimento da
construção metodológica para execução do estudo, segue o desenvolvimento das
etapas do processo.
Em um primeiro momento, os educadores tiveram uma aula expositiva sobre
cerrado, na aula foram abordados pontos importantes vinculados ao referido bioma
como: biodiversidade, matas ciliares, matas de galeria, cerradão e outros, além de se
destacar a importância dos recursos naturais, e da conservação da natureza.
Em um segundo momento aplicou-se uma metodologia denominada “Leitura e
opinião”. Para essa metodologia, realiza-se a leitura do texto “O educador ambiental e
as leituras da natureza”, retirado do livro “Docência em formação, problemáticas
transversais em educação ambiental: a formação do sujeito ecológico” de autoria de
Isabel Cristina de Moura Carvalho. A proposta educativa do texto é contribuir para a
formação de sujeitos capazes de compreender o mundo e agir nele de forma crítica.
O texto foi dividido entre grupos e após a leitura foram expressas as opiniões
que cada um teve da leitura. Buscando uma melhor visualização do tema abordado,
utilizou-se, ainda, cenários que envolviam o contexto da leitura apresentada e recursos
audio-visuais. Após aplicação das metodologias, fez-se um debate coletivo para
discussão do conteúdo, quando um roteiro de questões foi aplicado a fim de obter-se,
para posterior estudo, as percepções a cerca dos assuntos abordados.
Como método para a coleta e análise dos dados referentes à percepção
ambiental foram utilizados questionários com questões semi-estruturadas ou abertas,
que são aquelas em que o pesquisador padroniza as questões, que são elaboradas frente
ao seu objetivo de pesquisa. Através de um processo de pesquisa qualitativa foram
testadas abordagens de sensibilização ambiental. Elaborou-se um questionário de
satisfação, aplicado após as abordagens, no intuito de se identificar se as abordagens são
significativas ou não para a formação dos multiplicadores.
Para a avaliação dos questionamentos adotou-se o seguinte critério: as respostas
que obtiverem as notas 10 e 9 seriam consideradas satisfatórias; as notas 8 e 7, boas; 6 a
4, regulares; e 3 a 1, ruins.
Para analisar os dados utilizou-se a estatística descritiva e o método da análise de
conteúdo que se destacam em pesquisas de percepção ambiental (FREITAS, 2009;
FREITAS et al., 2009. A estatística descritiva se apresenta como um conjunto de
métodos que auxilia na organização, sumarização e apresentação dos dados para a
análise teórica, a análise de conteúdo é útil na categorização de textos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A depreensão do plano do conteúdo de um texto se dá através do estudo de seu


percurso gerativo de sentidos. Segundo Fiorin (2002), o percurso gerativo é um modelo
que simula a produção e a interpretação do significado, do conteúdo.
Durante as apresentações, os educadores demonstraram interesse pelo assunto
tratado, o que pode ser confirmado com base no comportamento dos mesmos, no que se
refere ao silêncio, participação e interação; ainda participaram de discussão coletiva,
respondendo aos questionamentos apresentados de forma oral ao final das sessões.
Concordando com o que define Galvão (1996), durante as discussões que
aconteceram posteriormente às apresentações, os educadores ficaram livres para
colocarem seus comentários e observações sobre o assunto. O índice de participação
desses educadores nas discussões coletivas foi razoável, demonstrando interesse pelo
assunto. Ao final das sessões, foi entregue aos educadores um roteiro de questões que
visaram analisar a proposta metodológica e o grau de entendimento em relação ao tema
apresentado, suas percepções sobre a aula assistida e, ainda, se os mesmos entenderam
o objetivo principal da metodologia apresentada.
A primeira questão foi: “Qual o nível de importância da aula ministrada, na sua
opinião?” 65% dos participantes afirmaram que a metodologia é satisfatória e 35% que
é boa, ou seja, importante para o entendimento das questões ambientais.

A questão de número dois questionou: “Quanto numa escala de 1 a 10, você


julga ter entendido o assunto abordado?” A maioria dos participantes conseguiu
absorver a dinâmica, como 67% afirmando ter entendido 11% julgaram a metodologia
boa e 11% regular.

A questão três perguntou: “Você conseguiria explicar a outra pessoa o que


aprendeu nesta aula?” Nessa questão objetivou-se avaliar se realmente seria possível
formar multiplicadores, ou seja, se as pessoas de fato conseguiriam transmitir o que
aprenderam. 100% dos participantes se julgaram capazes de repassar o conhecimento
adquirido com a metodologia.

A quarta questão foi: A metodologia utilizada para ministrar a aula foi


interessante? 59% consideraram satisfatória, 35% boa e 6% regular.

A quinta e última questão perguntou: “Qual nota você daria a esta aula?” A
avaliação final teve o objetivo de verificar, em termos gerais, metodologia, tema,
didática. 59% consideraram satisfatória, 29% boa e 12% regular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em todas as ações os educadores mostraram-se curiosos, interessados e


participativos, efetuando constantes perguntas sobre o tema abordado. Com o Roteiro de
Questões aplicado percebeu-se que grande parte dos educadores gostou da metodologia
e ficaram sensibilizados com a questão ambiental. O “método expositivo e de leitura e
opinião” foi de grande aproveitamento, atingido o objetivo principal do estudo, que era
de sensibilizar os educadores sobre os prejuízos causados ao meio ambiente pela ação
do homem. A educação ambiental é, de fato, um passo essencial para incentivar
atividades que visem à defesa, conservação e proteção do meio ambiente.

Vale ressaltar que a exposição visual é uma metodologia excelente para qualquer
público, enquanto que trabalhar com “leitura e opinião” é uma estratégia funcional, ou
seja, vai realmente depender do público a que se destina. Certamente não se aplica às
crianças, que preferem métodos mais práticos de vivências ambientais. Como o método
foi aplicado em educadores, à idéia de multiplicação foi uma “pequena semente
plantada na cabeça de cada um”; depende agora de cada um deles tornar-se um “sujeito
ecológico”.

REFERÊNCIAL BIBLIOGRAFICO

BACHA, M.L. Leitura na Primeira Série. Rio de Janeiro: Livro Técnico, 1975. 263 p.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:


Língua Portuguesa. Brasília, V 2, 1997, 144 p.

FREIRE, P. Educação: o sonho possível. In: BRANDÃO, C. O Educador: vida e


morte. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1986. p. 100.

FREIRE, P. A importância do Ato de ler: em três artigos que se completam. São


Paulo: Cortez, 1982. 96 p.

FREITAS, M. R. Conservação e percepção ambiental por meio da triangulação de


métodos de pesquisa. Lavras: Universidade Federal de Lavras. (Dissertação), 2009,
82p.

GALVÃO, M. N. C. Possibilidades Educativas do Teatro de Bonecos nas escolas


públicas de João Pessoa. Dissertação de Mestrado em Educação. Centro de Educação,
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 1996, 13p.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa


em saúde. 7ª. ed., Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco, 2000, 3p.
ORQUIDÁRIO DA URCAMP: ISTRUMETO DE EXTESÃO

Área temática: Meio Ambiente

Ana Maria Girardi Deiro

Universidade da Região da Campanha (URCAMP)

Cássia Beatriz Parodes1, Clodoaldo Leites Pinheiro2, Ana Maria Girardi Deiro3

Resumo:
Um orquidário se constitui numa coleção de plantas vivas da família Orchidaceae. Estas
plantas normalmente apresentam flores de singular beleza o que desperta o interesse do
público acadêmico e comunitário. Orchidaceae é uma das famílias botânicas mais
numerosas e diversificadas, compreendendo entre 8% e 10% de todas as plantas com
flores, sendo constituída por 800 gêneros e 30.000 espécies. Como apoio ao Curso de
Biologia e para a comunidade enquanto troca de conhecimentos, uma coleção de orquídeas
na Universidade pode despertar o interesse dos alunos, tanto pelo estudo dessas plantas
como para a necessidade de preservação das espécies, em especial aquelas ameaçadas de
extinção e de ocorrência restrita. A coleção Orquidário URCAMP é constituída de plantas
adquiridas de orquidários idôneos e de doações. Para o plantio das mudas de orquídeas foi
utilizado substrato de fibras vegetais, argila expandida e vasos plásticos pretos. O
Orquidário possuiu tela de sombreamento de 50%, cobertura plástica para manutenção dos
exemplares durante os meses de inverno, nutrição mineral quinzenal e orgânica semestral,
com regas periódicas e de acordo com as necessidades de cada exemplar. O Orquidário da
URCAMP está exercendo sua função proposta de subsidiar material acadêmico e fomentar
a troca continua de conhecimentos construídos com a comunidade. A partir de cursos,
palestras e publicações em eventos científicos, o orquidário pode ser uma ferramenta de
baixo custo que estreita os laços entre Universidade e comunidade e, desta forma, gerar
aplicabilidade às ciências que são recrutadas para solucionar tais problemáticas sócio-
ambientais.

Palavras-chave: Orquídeas, Universidade da Região da Campanha, Comunidade.

Introdução:
Um orquidário se constitui numa coleção de plantas vivas da família Orchidaceae.
Estas plantas normalmente apresentam flores de singular beleza o que desperta o interesse
do público em geral e dos biólogos em particular.
Orchidaceae é uma das famílias botânicas mais numerosas e diversificadas,
compreendendo entre 8% e 10% de todas as plantas com flores, sendo constituída por 800

1
Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, bolsista PBEx/URCAMP .
2
Mestrando em Biodiversidade Tropical. Universidade Federal do Espírito Santo
3
Profª.Drª Coordenadora do projeto de extensão/ URCAMP
gêneros e 30.000 espécies. A Família Orchidaceae abrange 70% do número total de
epífitos vasculares típicos de florestas tropicais e subtropicais úmidas (APG, 2006;
DRESSLER 1993; 2005). No entanto, a abundância e a diversidade são fortemente
influenciadas pela mudança de condições ecológicas ao longo de gradientes altitudinais,
latitudinais e continentais (GENTRY & DODSON, 1987).
No Rio Grande do Sul são encontradas diversas espécies nativas além de inúmeras
cultivadas, mantidas por colecionadores e por floriculturas. No entanto, ainda não há uma
lista precisa do número total de orquídeas nativas do Estado do Rio Grande do Sul,
contudo, estima-se que ocorram cerca de 90 gêneros e 358 espécies (PABST & DUNGS,
1975; 1977).
Por sua beleza e perfume, são plantas muito desejadas o que motiva seu cultivo e
também a coleta ilegal de espécies nativas protegidas. Como apoio ao Curso de Ciências
Biológicas e para a comunidade enquanto troca de conhecimentos, uma coleção de
orquídeas na Universidade pode despertar o interesse dos alunos tanto pelo estudo dessas
plantas (ainda pouco estudadas no meio acadêmico) como para a necessidade de
preservação das espécies, em especial aquelas ameaçadas de extinção e de ocorrência
restrita.
A família Orchidaceae no Rio Grande do Sul é relevante do ponto de vista florístico
e fitogeográfico, pois abrange tanto elementos de afinidade andina quanto elementos
florísticos claramente tropicais (RAMBO, 1965). Diversos estudos florísticos locais põem
em evidência a riqueza de desta família no Estado, com ênfase nos táxons epifíticos e
terrestres (GONÇALVES & WAECHTER, 2004; ROCHA & WAECHTER, 2006).
Os objetivos desta ação de extensão é manter uma coleção de orquídeas de espécies
cultivadas e nativas no Orquidário da URCAMP, oferecendo e compartilhando treinamento
e orientação no cultivo de orquídeas entre acadêmicos e comunidade.

Metodologia:
A coleção é constituída de plantas aptas ao crescimento e desenvolvimento nos
climas temperado e subtropical. Estas plantas são adquiridas de orquidários idôneos e de
doações. A primeira etapa de construção do orquidário mobilizou alunos de áreas afins à
Biologia em cursos de cultivo, e durante a parte prática os envolvidos nesta atividade
foram construindo a coleção. No plantio das espécies é utilizado substrato de diversas
fontes disponíveis, sempre de custo zero, em vasos de plástico preto, por reterem mais
umidade e serem menos onerosos que os demais tipos de vasos. As plantas são mantidas
preferencialmente suspensas, pois é o método mais seguro contra pragas. O Orquidário
possuiu tela de sombreamento de 50%, cobertura plástica para manutenção dos exemplares
durante os meses de inverno, nutrição mineral quinzenal e orgânica semestral, com regas
periódicas e de acordo com as necessidades de cada exemplar
Um aluno bolsista monitora o crescimento e desenvolvimento das plantas,
verificando as necessidades de irrigação e nutrição das mesmas, a qual é feita com o uso de
um adubo especifico que atende as necessidades destas plantas e, também, organiza e
executa cursos e palestras integrando acadêmicos e sociedade.

Resultados e Discussão:
A coleção, atualmente, se constitui de 19 exemplares de Cattleya intermedia
Graham ex Hook., 24 de Dendrobium nobile L., dois de Cymbidium sp., um de
Dendrobium kingianum Bidwill ex Lindl. e Alatiglossum longipes (Lindl.) Baptista.Vários
exemplares foram recentemente recebidos como doação e ainda estão sendo catalogados.
As atividades realizadas no orquidário resultaram, além daquelas de extensão, como
palestras e minicursos sobre o cultivo, preparação de mudas de orquídeas e cuidados com
uma coleção, realizadas no 4º BIOURCAMP 2011 e em outras datas, em produções
científicas apresentadas no Congrega URCAMP 2010, na forma de pôsteres e publicadas
em seus anais.

Conclusão:
O Orquidário da URCAMP está exercendo sua função proposta de subsidiar
material acadêmico e fomentar a troca continua de conhecimentos construídos com a
comunidade. A partir de cursos, palestras e publicações em eventos científicos, o
Orquidário pode ser uma ferramenta de baixo custo que estreita os laços entre
Universidade e comunidade. O instrumento de extensão Orquidário da URCAMP, também
oportuniza a geração de conhecimentos e novas tecnologias como de plantio, cultivo e
manejo (nutrição e controle de pragas e doenças) de espécies de orquídeas nativas e
cultivadas, compartilhando estes conhecimentos com a comunidade em diversas formas de
divulgação.

Referencias Bibliográficas:
APG. 2006. Angiosperm Phylogeny Group. Disponível em: http://www.mobot.org/
MOBOT/Research/APweb (acesso em 30.06.2011).

DRESSLER, R.L. How many orchid species? Selbyana 26: 155-158. 2005.
DRESSLER, R.L. Phylogeny and classification of the orchid family. Dioscorides Press,
Portland. 1993.

GENTRY, A.H. & DODSON, C.H. Diversity and biogeography of neotropical vascular
epiphytes. Annals of Missouri Garden. 74:205-233. 1987.

GONÇALVES, C. N.; WAECHTER, J. L. otas taxonômicas e nomenclaturais em


espécies brasileiras de Acianthera (Orchidaceae). Hoehnea 31(2):113-117. 2004.

PABST, G.; DUNGS, F. Orchidaceae Brasilienses. Band. I-II. Brucke, Hildesheim.


(1975-1977).

RAMBO, B. Orchidaceae Riograndenses. Iheringia, Bot. 13:1-96. 1965.

ROCHA, F. S.; WAECHTER, J. L. Sinopse das Orchidaceae terrestres ocorrentes no


litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20(1):71-86. 2006
POLÍTICA SOCIOAMBIENTAL, PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA E
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE NA CIDADE DE TOCANTINÓPOLIS

Área temática: Meio Ambiente


Responsável pelo trabalho: Campos, R.
Instituição: Universidade Federal do Tocantins (UFT)
Autor: Campos, Ronaldo1
1
Professor do Curso de Ciências Sociais; Universidade Federal do Tocantins (UFT)

Resumo: Os estudos sobre a Política Socioambiental na Cidade de Tocantinópolis (TO)


investigam a evolução da política socioambiental no norte do Tocantins e suas implicações
no contexto das relações entre grupos e atores envolvidos. O objetivo principal é
compreender a relação entre o desenvolvimento local, o processo de participação
democrática e o meio ambiente na Cidade de Tocantinópolis, Região do Bico do Papagaio.
A pesquisa avalia a consolidação de políticas públicas no processo de melhoria da
qualidade de vida da população. Considera-se a importância da garantia da participação
social no processo democrático visando consolidar as políticas socioambientais que
fortalecem o desenvolvimento local de forma sustentável e estimulam uma maior
participação de grupos organizados da sociedade. O referencial teórico integra a
problemática do desenvolvimento ambiental sustentável como reflexão frente as
transformações nos espaços ambientais e os impactos socioambientais no contexto local e
regional. A metodologia apresenta dados empíricos com análise dos resultados da pesquisa
de campo (Etapa I) realizada entre agosto de 2009 e julho de 2010. A participação
democrática no contexto da proteção ambiental observada a partir dos grupos organizados
permite investigar a eficiência das políticas públicas e a problemática socioambiental
regional.
Palavras-chave: política; participação; meio ambiente

INTRODUÇÃO
A política ambiental no Brasil obteve significativos avanços e grande
desenvolvimento institucional entre os anos de 1960 e 1990. Nas últimas décadas as
políticas públicas para o meio ambiente foram impulsionadas por uma política global da
ONU (ONU, 2002), durante a conferência sobre desenvolvimento e meio ambiente no Rio
de Janeiro em 1992, surgiram novas formas de pensar o desenvolvimento local e novos
instrumentos políticos para garantir uma melhor qualidade de vida nas cidades. A Agenda
21 (AGENDA 21, 2002), proposta durante a conferência Rio 92 da ONU, surge como um
instrumento para consolidar o desenvolvimento socioambiental e as políticas públicas de
participação social e de contribuição á proteção ambiental local e regional. Alguns autores
salientam a participação volúntaria como um indicador no processo desenvolvimento
social e de consolidação democrática, segundo Rocha: “A busca da sustentabilidade é,
portanto um processo eminente coletivo.“ (2007, p.89).
Considera-se a necessidade de maior atenção aos espaços rurais, quanto à forma de
desenvolvimento e de qualidade de vida (LEIS, 1996), a cidade de Tocantinópolis,
localizada na Região do Bico do Papagaio, apresenta-se como um exemplo de espaço rural
e com grande déficit de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento socioambiental e à
participação social e democrática. O estudo investiga na Região do Bico do Papagaio, em
especial na cidade de Tocantinópolis, a existência de tipos de políticas públicas orientadas
à proteção ambiental e os níveis de participação social a partir de grupos organizados. Na
Região do Bico do Papagaio a riqueza dos babaçuais promove a extração do coco babaçu
como atividade econômica primeira do extrativismo regional. Nesta região, a existência de
grupos de mulheres que sobrevivem da quebra do coco babaçu é notável, observa-se a
necessidade de políticas públicas que fomentem mais informação e uma maior participação
dos grupos em atividades associadas entre a colheita do coco babaçu e a proteção
ambiental. (CMMAD, 1991; CPDS/ MMA, 2002).
O objeto de estudo contempla uma análise das políticas de participação e da
proteção do meio ambiente, foi escolhido o grupo organizado de mulheres quebradeiras de
coco babaçu e de representantes do poder municipal da cidade de Tocantinópolis, estes
representantes devem ser considerados como responsáveis pelo incentivo à participação da
sociedade na formulação de políticas públicas de proteção ambiental. Alguns resultados
das entrevistas realizadas serão apresentados a partir da realidade da política
socioambiental municipal em Tocantinópolis. A participação e a contribuição de grupos
específicos da sociedade à proteção ambiental são avanços na qualidade de vida local.

MATERIAL E METODOLOGIA
A pesquisa Política Socioambiental na Cidade de Tocantinópolis analisa a
participação democrática e a contribuição de grupos à proteção ambiental. O processo
metodológico utilizado para análise dos objetivos seguiram as etapas programadas no
âmbito da pesquisa: delimitação do corte temporal, levantamento bibliográfico e
documental, levantamento das legislações específicas (financeira, turística e ambiental),
pesquisa de campo, compilação e inserção dos dados em tabelas, análise dos resultados da
pesquisa de campo e avaliação dos resultados. Na bibliografia levantada foram utilizados
como base da investigação livros, teses e periódicos, pesquisas, anais de congressos e de
reuniões científicas. As fontes utilizadas somam bibliotecas de universidades, organizações
e instituições de ensino e pesquisa relacionados com a área de pesquisa. Para o
levantamento documental foram analisados grupos organizados das quebradeiras de coco
babaçu da Região do Bico do Papagaio e as Secretarias Municipais da Cidade de
Tocantinópolis.
O método de investigação científica a partir da definição da amostra de entrevistas
dos grupos escolhidos e investigados, levou em consideração o total de mulheres
quebradeiras de coco na cidade de Tocantinópolis, São Miguel do Tocantins e
Augustinópolis, assim como as secretarias existentes na Prefeitura de Tocantinópolis.
Sendo um total de 38 mulheres entrevistadas na extração do coco babaçu e das 10
secretarias municipais em atividades foram entrevistados 10 representantes, 1 representante
de cada secretaria. O material coletado consiste em questionários, fotografias e arquivos
digitais de documentos sobre os grupos investigados.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados alcançados através dos questionários e de entrevistas com o grupo
escolhido das quebradeiras de coco babaçu e do poder público municipal apresentam
algumas variações. Nas entrevistas realizadas com o grupo das quebradeiras de coco,
percebe-se que as quebradeiras de coco da cidade de Tocantinópolis, não fazem parte de
nenhuma associação que possa orientá-las sobre seu trabalho, como vender seus produtos
por um melhor preço, como aproveitar melhor o coco babaçu através de artesanato e como
preservar a mata nativa de babaçuais. Enquanto que as quebradeiras de coco babaçu da
cidade de São Miguel do Tocantins no Bico do Papagaio, que são sócias da Associação
Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (ASMUBIP) e que
trabalham em parceria com o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu,
desenvolvem um trabalho de acompanhamento e de orientação das melhores condições
profissionais e como proteger o meio ambiente (DOURADO, 2007).
CONCLUSÃO

As visitas e as entrevistas realizadas na cidade de Tocantinópolis resultaram na


informação da existência de 10 secretarias em funcionamento: Secretaria de
Administração, Secretaria da Educação, Secretaria da Cultura, Secretaria de Transporte,
Secretaria de Infra-instrutora, Secretaria da Saúde, Secretaria da Assistência Social,
Secretaria de Esporte, Secretaria de Obras, Secretaria de Urbanismo e Rural. Existem
projetos para a criação das Secretarias de Urbanismo e a Secretaria Rural deverá ser
integrada a de Meio Ambiente até o final de 2011. Segundo a Prefeitura da cidade de
Tocantinópolis, a preocupação maior no momento é referente ao lixo e a construção de um
aterro sanitário, afirma-se ser uma prioridade da atual gestão.
As quebradeiras de coco babaçu demonstram a preocupação da “extinção” do coco
babaçu e das dificuldades para sobreviver do coco no dia-a-dia (DOURADO, 2007). Os
proprietários das fazendas cobram taxas de entrada e quando não cobram em dinheiro,
querem parte do coco colhido ou da amêndoa ou do carvão que elas produzem. Existe uma
disputa de território com os catadores de coco babaçu e a violência nesta disputa faz parte
do cotidiano. Os catadores homens trabalham para empresas privadas, como o exemplo dos
catadores de coco da empresa Tobasa (DOURADO, 2007), estes disputam o território com
as quebradeiras. Segundo as quebradeiras, entre as dificuldades enfrentadas estão as
queimadas nos babaçuais para criação de gado, tornando-se ainda mais difícil a
sobrevivência da quebra do coco. As quebradeiras de coco babaçu afirmam a importância
de preservar o meio onde elas trabalham, ou seja, o espaço natural. Na maioria dos
depoimentos encontram-se afirmações positivas sobre o meio ambiente, observa-se uma
relação de percepção ambiental atrelada a necessidade de sobrevivência vinculada ao
processo democrático não existente na região.
Em entrevista realizada com o Secretário de Obras, o mesmo demonstrou uma
preocupação no que diz respeito às obras que são realizadas na cidade, existe uma
preocupação em não derrubar as árvores para construir. Observa-se que o desenvolvimento
descontrolado provoca destruição do meio ambiente. É importante, neste contexto, citar as
reflexões de Saches (2002, p.32): [...] uma abordagem holística e interdisciplinar, na qual
cientistas e a sociedade trabalhem juntos ... para o uso ... dos recursos da natureza,
respeitando a sua diversidade, conservação ... podem e devem andar juntos [...].
A importância de estudos interdisciplinares e que envolvam diversas perspectivas,
inclusive a inclusão de atividades extensionistas, a partir da política, da economia e de
questões ambientais, bem como, das atividades sociais e culturais, traduz os conceitos de
um desenvolvimento local e sustentável e com minimização de impactos ambientais. Esta
pesquisa busca nesta direção caminhos alternativos à participação democrática e à proteção
ambiental através do envolvimento de atores locais e regionais.

REFERÊNCIAS

AGENDA 21. Capítulo 7 - Promoção do Desenvolvimento Sustentável dos Assentamentos


Humanos. Rio de Janeiro, 2002.
CMMAD. Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso Futuro
Comum - Relatório Brundtland. Rio de Janeiro, 1991.
CPDS/ MMA. Agenda 21 Brasileira. Dois Volumes, Brasília, 2002.
DOURADO, J.J. Das quebradeiras de coco à Tobasa: o processo do babaçu e da Região
Amazônica. TCC/UFT, 2007.
LEIS, H.R. O Labirinto: ensaios sobre ambientalismo e globalização. FUB, Blumenau,
1996.
ONU. A implementação da agenda 21- Relatório Geral das Nações Unidas, Reuniões
Preparatórias da Conferência de Joanesburgo, Rio de Janeiro, 2002.
ROCHA, Gilberto de Miranda. A Gestão do Pará: o Século XXI. In: Para Pensar o
Desenvolvimento Sustentável. Editora Basiliense, São Paulo, 2007.
SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro, 2002.
POR UMA CULTURA CONSCIENTE: UMA ATUAÇÂO ECOMUNITÁRIA
Área Temática: Meio Ambiente
Responsável: André Oliveira Sampaio
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Autores: André Oliveira Sampaio, Fábio Porto de Oliveira
Resumo: Nosso trabalho de extensão\cooperação se estabeleceu a partir de um convite da
comunidade da Vila do Estevão ao Laboratório de Estudos Sobre a Consciência – LESC-PSI,
para desenvolver uma atuação que trabalhasse a questão da consciência em relação ao meio-
ambiente. Com a experiência da psicologia comunitária desenvolvida aqui no Ceará
abraçamos esse trabalho, e começamos a atuação na Vila do Estevão em Canoa Quebrada- CE.
Utilizamos o método dialógico-vivêncial, observação direta e observação participante. A partir
da inserção comunitária e da convivência com os moradores, numa prática dialogada,
cooperativa, amorosa e transformadora, realizamos diversas atividades em conjunto com a
comunidade, tematizando questões ambientais, questões da identidade e cultura locais. Um
dos principais resultados de nossa atuação é a construção coletiva, a partir de oficinas de
avaliação e planejamento, de um projeto de desenvolvimento comunitário ecológico,
consciente e sustentável para a Vila do Estevão e Canoa Quebrada.
Palavras Chave: Psicologia Ecomunitária, Consciência, Cultura Biocêntrica

O nosso projeto foi motivado por um incidente que ocorreu no distrito de Canoa
Quebrada, pertencente ao município de Aracati, no estado do Ceará. Na época de chuva, por
conta de uma obra de drenagem inacabada da prefeitura de Aracati, as águas que caíram em
grande volume em pouco tempo, que caracterizaram as chuvas desse ano no estado do Ceará,
escoaram com grande velocidade para as falésias, uma formação geológica de grande beleza e
cartão postal mundialmente conhecido, erodindo-as e abrindo uma grande fenda no solo.
O nome inicial do projeto era Duas Fendas. A fenda física geográfica que ameaçava
casas e a Igreja matriz de Canoa Quebrada; e a fenda psicológica, aquela que faz o homem
esquecer a harmonia entre ele e o ambiente, agindo de forma predatória e destrutiva, que diz
respeito ao nosso trabalho, o de psicólogo comunitário. A fenda separava fisicamente duas
realidades diferentes, a realidade da parte comercial de Canoa Quebrada, marcada pela
exploração turística e a realidade da Vila do Estevão que resiste às invasões da especulação
imobiliária e dos empreendimentos comerciais.
Como integrantes do Laboratório de Estudos Sobre a Consciência – LESC-PSI
escrevemos o projeto de extensão Duas Fendas, para oficializar a atuação como ação de
extensão da Universidade Federal do Ceará. Os objetivos iniciais do projeto seriam de:
facilitar processos socio-psicológicos de conscientização visando o desenvolvimento da
comunidade do Estevão; oferecer suporte técnico-social à elaboração de estratégias populares
para o desenvolvimento comunitário; problematizar junto à comunidade as questões
socioambientais. ex: lixo, turismo, área de proteção ambiental – APA; fortalecer e integrar a
identidade da comunidade e de seus moradores favorecendo processos de vinculação afetiva e
social; potencializar a mobilização e a participação comunitária.
Material e Metodologia
Constituímos uma equipe, composta por três estudantes do curso de Psicologia e uma
estudante do curso de Ciências Sociais, com a orientação do Prof. Fábio Porto e supervisão do
Prof. Cezar Wagner. Começamos a visitar a comunidade sistematicamente nos finais de
semana e também agendamos um horário semanal para uma reunião de equipe, para
planejarmos e avaliarmos nossa atuação.
Utilizando-se do método dialógico-vivencial(Góis, 2005) da psicologia comunitária,
que é um método de análise e vivência da realidade comunitária e de construção coletiva e
dialogada da ação. Atuaríamos a partir da inserção na comunidade com visitas semanais,
caminhadas comunitárias, planejamento coletivo das atividades, mapeamento da comunidade,
facilitação de círculos de encontro, pesquisa ação participante e observação participante. “A
leitura do modo de vida comunitário requer assimilação e compreensão dos enlaces e nexos
do cotidiano, os quais não se revelam nos fatos em si nem em suas aparências”. Sobre
observação-participante (Góis, 2008).
Nosso trabalho incluiria: visitas, encontros, convivência com os moradores,
mapeamento da comunidade, planejamentos estratégico-comunitários e suporte a elaboração
de um projeto de desenvolvimento comunitário. A atuação de extensão/cooperação que
desenvolvemos é referenciada numa prática libertadora (Freire, 1980, 1992, 2000), dialógica e
biocêntrica (Góis, 2008), marcada pela construção coletiva e dialogada com a comunidade e
por um profundo respeito à vida em toda sua expressão.
Ao nos depararmos com a Vila do Estevão emergiram questões da identidade local dos
moradores, que tem uma história única de luta e resistência, se posicionando de forma ativa
diante de questões que violam o seu modo de vida e sua terra. A Associação de Moradores do
Estevão – AME, com vinte e cinco anos de luta, possui o título de posse da terra que abrange
todo o espaço da vila, como também uma grande área de belezas naturais que hoje só se
mantém preservada pela luta dos moradores do Estevão, que resistem a incontáveis tentativas
tanto de poderes estatais, como, das iniciativas privadas de se apropriar e intervir de forma
irresponsável no ecossistema da Área de Preservação Permanente de Canoa Quebrada.
Resultados e Discussões
Durante primeiras visitas observamos questões ecológicas bem evidentes, como:
degradação avançada das falésias pela ação humana; movimento freqüente de veículos
automotores nas áreas de preservação de dunas e falésias; questões relativas ao
armazenamento e tratamento de resíduos, o lixo. E nos deparamos também, com as primeiras
questões teórico-práticas sobre a inserção comunitária e sobre a ecologia para uma psicologia
comunitária, tendo o princípio biocêntrico de Rolando Toro (1991 apud Góis, 2008) como
marco teórico fundamental. Sabíamos que nos encontrávamos diante de um grande desafio de
junto com a comunidade, pensar, planejar e construir, um projeto de desenvolvimento
comunitário, de base cooperativa, ecológica e sustentável.
No mês de março uma de nossas primeiras iniciativas de encontro com a comunidade
foi a exibição do filme “Avatar” na sede da AME. Intencionávamos trabalhar através da arte
do cinema, as questões da relação do homem com a natureza e também o conflito entre os
estrangeiros e a comunidade nativa, com cultura, valores e interesses distintos. Questão muito
pertinente a realidade de Canoa Quebrada que é uma praia turística de grande fama
internacional, recebendo milhares de visitantes estrangeiros anualmente. A exibição contou
com a participação de cerca de vinte moradores da comunidade, principalmente mulheres e
crianças, que logo se mostraram grandes aliadas na construção desse movimento.
Nas visitas subseqüentes intensificamos nossas ações com a realização de atividades
com as crianças da comunidade, onde buscamos trabalhar valores de cooperação e elementos
da identidade da comunidade. A arte e a criatividade foram nossas principais ferramentas de
trabalho nesses dias, nos vestimos a caráter para o cortejo musical que se dirigia ao centro
comunitário que é a sede da AME, local dos eventos. Os encontros se caracterizavam
principalmente por: atividades físicas leves, como aquecimento, capoeira e até mesmo um
“rachinha”; música e instrumentos: ciranda, percussão, berimbau; rodas de conversa;
desenhos; e lanches para todos os participantes.
Seguindo o caminho dos encontros com as crianças, vieram os encontros de mulheres,
com a oficina de crochê, facilitadas por dona Fátima. Hoje a oficina continua ocorrendo com
lições mais complexas, constituindo-se aos poucos como um grupo batizado por elas de
“Trançando Vidas” e caminhando para ação, pois, estão pensando na organização produtiva e
na realização de feiras comunitárias.
Durante as visitas e as atividades começamos a reunir informações, e em parceria com
lideranças comunitárias, na realização de oficinas de avaliação e planejamento comunitário
começamos a escrever um projeto de desenvolvimento comunitário para a Vila do Estevão e
para Canoa Quebrada. O projeto se estruturou com várias atividades, que incluem: grupos
comunitários específicos(ex. grupo de crianças, mulheres); padaria comunitária; produtora
musical; grupos produtivos; feiras comunitárias; atividades artístico-culturais(Luar da Paz
Comunitária); atividades de conscientização em relação a preservação do meio-ambiente; e
oficinas de formação e capacitação, para a equipe e para os agentes locais. Esse projeto foi
batizado de Cultura Consciente.
Em maio, ocorreu o primeiro “Luar da Paz Comunitária” na Vila do Estevão, um
acontecimento que foi acolhido pela comunidade, tanto em sua construção como na
participação. O Luar foi um evento marcante para nossa atuação, por ter sido uma atividade
que contou com a participação de mais de cem pessoas. Uma festa linda que teve bingo, jogos
para as crianças e jovens, música e fogueira. Mobilizando a comunidade para a participação;
movimentando a economia local; construindo e fortalecendo vínculos, entre os próprios
moradores e também com a equipe do projeto; gerando um espaço de expressão da cultura
local, de realização concreta da alegria e da comunhão entre os participantes.
[...] no compartilhar junto das pessoas da comunidade sentimentos, significados,
sentidos que estão presentes no espaço comunitário no dia-a-dia. É contemplar a
realidade a partir do que somos, seja profissional ou morador da
comunidade,contribuindo para a vinculação afetiva das pessoas envolvidas nesse
espaço, permitindo que as implicações para o acontecimento do trabalho vão além das
dimensões cognitivas. (Rebouças, 2007)
Ainda em maio houve uma reunião de avaliação e planejamento comunitários, na sede
do Conselho Comunitário de Canoa Quebrada, com lideranças locais, representantes das
associações, representante da gestão da APA e do IBAMA. Nessa reunião, apresentamos o
Projeto Cultura Consciente, que foi recebido com muito entusiasmo e elogios.
No início de junho organizamos junto com o Recicriança uma ONG que trabalha a
questão da preservação do meio ambiente e com o Fórum Aracati Novos Caminhos o
seminário “As boas práticas ambientais”. O seminário ocorreu na Vila do Estevão na sede do
Recicriança, contando com a participação de várias lideranças do município de Aracati, com
estudantes do curso de História da Universidade estadual do Ceará e com os moradores da
comunidade.
Conclusão
O Projeto Cultura Consciente foi rebatizado e está se tornando o Movimento da
Cultura Consciente Biocêntrica – MC²BIO. A comunidade do Estevão, já se apropriando do
movimento, organizou o segundo Luar da Paz comunitária em junho, que foi tão bom como o
primeiro. Com participação marcante da comunidade e muita alegria. No fim do mês de
junho, realizamos um encontro de formação com a equipe do projeto, onde nos debruçamos
sobre nossos marcos teórico-metodológicos, orientados por uma prática dialógica,
cooperativa, amorosa e transformadora.
Para o mês de julho, estão previstos: o início do mapeamento da comunidade; um
segundo encontro de planejamento e formação para toda a equipe. Para o segundo semestre de
2011 estamos prevendo: um encontro de articulação de uma rede institucional com todos os
parceiros para a construção de uma agenda de trabalho e compromisso; e o lançamento oficial
do MC²BIO com a realização de um mutirão na Vila do Estevão.
Referências
FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao
pensamento de Paulo Freire. 3. ed. São Paulo, Moraes, l980.

_____________. Extensão ou Comunicação? 10 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

_____________. Educação como prática de liberdade: a sociedade brasileira em transição.


Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2000.

GÓIS, Cezar Wagner de L. Psicologia comunitária: atividade e consciência. Fortaleza:


Publicações Instituto Paulo Freire de Estudos Psicossociais, 2005.

_______________________. Saúde comunitária: pensar e fazer. São Paulo: Hucitec, 2008.

Rebouças Júnior, F. G. Um diálogo entre a psicologia histórico-cultural e a psicologia


comunitária. Trabalho de Conclusão de Graduação em Psicologia), Universidade Federal do
Ceará, 2007.
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM FOCO EM SOLOS PARA O
PÚBLICO ESTUDANTIL
Fábio Corbari¹*; Edleusa Pereira Seidel²; Danimar Dalla Rosa³; Jean Michell Lange4

¹- Discente bolsista de Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, M. C. Rondon - PR.


²- Prof. Dra. de Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, M. C. Rondon – PR.
³- Discente de Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, M.C.Rondon – PR.
4
- Discente de Biologia da Universidade Paranaense, Toledo – PR.
*Email: [email protected]

Área Temática: Meio ambiente


Responsável pelo trabalho: Fábio Corbari
Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)
Modalidade de apresentação: Comunicação oral

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo promover a educação ambiental e fomentar


ações educativas que articulem as áreas de solo com o meio ambiente, desenvolvimento
urbano, dentre outros campos da ação pública; buscando desta forma a conscientização de
que o solo é um componente do ambiente natural que deve ser adequadamente conhecido e
preservado, tendo em vista sua importância para a manutenção do ecossistema terrestre e
sobrevivência dos organismos que dele dependem. Inicialmente as atividades foram
realizadas na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, bem como em dias de campo. Os
acadêmicos fizeram contato com as escolas de ensino fundamental explicando o objetivo
do trabalho e a metodologia utilizada e agendando as visitas com as escolas. Nestas visitas
foram abordados temas de solos e conservação do meio ambiente. O público atingido até o
momento foi de 23 turmas de todo o ciclo de ensino, totalizando cerca de 600 alunos.
Outras atividades desenvolvidas foram as participações em eventos como o Show Rural da
Copavel, em Cascavel, junto com a empresa Matsuda, e o dia de campo da cooperativa –
COPAGRIL, apresentando trabalhos sobre integração lavoura-pecuária. Os dois eventos
tiveram como público em torno de 180.000 pessoas.

Palavras chaves: Conscientização ambiental; manejo de solo; meio ambiente.


INTRODUÇÃO

Conforme o Ministério do Meio Ambiente, “educação ambiental é um processo


permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio
ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que
os tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais
presentes e futuros”.
Nesse contexto estamos propondo um projeto de educação ambiental, com ênfase
para os solos e as questões ambientais através de práticas que promovam a educação
ambiental, visando desta forma contribuir com a formação de crianças, jovens e adultos,
alunos e professores.
A escolha do projeto de extensão de educação ambiental com foco em solos se dá
pelo fato do solo ser um componente do ambiente natural e humano que está presente em
todos os lugares, é familiar às pessoas, e assim é passível de ser observado e estudado por
todos.
O conteúdo "solo" existente nos materiais didáticos, normalmente, está em
desacordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e, frequentemente encontra-
se desatualizado, incorreto ou fora da realidade brasileira. Nos livros de ciências, o estudo
do solo é tratado através de exercícios que desenvolvem apenas habilidades de
memorização dos conteúdos, impedindo o ato de raciocinar, imaginar e criar (CURVELLO
et al., 1995).

O processo de aprendizagem de solos no ensino fundamental deveria conter


experiências concretas que levassem o estudante à construção gradativa do conhecimento,
a partir de um fazer científico, levando em conta a vinculação da ciência ao seu significado
político, social e cultural (CURVELLO e SANTOS, 1993, p. 192).
Atualmente, o que mais chama atenção nos diagnósticos realizados em municípios
com forte participação da atividade agrícola e pecuária em sua economia, é o crescimento
da pobreza e o aumento da exclusão socioeconômica.
A degradação do solo está associada ao desconhecimento da importância desse
componente no meio ambiente. Apesar de sua importância, o espaço dedicado ao solo, no
ensino fundamental e médio, é frequentemente nulo ou relegado a um plano menor, tanto
na área urbana como rural. Os conteúdos são, muitas vezes, ministrados de forma estanque,
sem relacionar-se com a utilidade prática ou cotidiana desta informação, causando
desinteresse tanto ao aluno quanto ao professor. Tais razões contribuem para que a
população desconheça a importância e características do solo, o que amplia o seu processo
de alteração e degradação.
Este projeto buscará a disseminação de informações sobre o papel que o solo
exerce sobre a comunidade e sua importância na vida do homem para sua proteção,
conservação e a garantia da manutenção de um ambiente sadio e sustentável.

OBJETIVOS
Objetivo Geral
Promover a educação patrimonial e fomentar ações educativas que articulem as
áreas de patrimônio cultural, meio ambiente, desenvolvimento urbano, turismo e cidadania,
dentre outros campos da ação pública; buscando desta forma a conscientização de que o
solo é um componente do ambiente natural que deve ser adequadamente conhecido e
preservado, tendo em vista sua importância para a manutenção do ecossistema terrestre e
sobrevivência dos organismos que dele dependem.

Objetivos específicos
Contribuir para o cumprimento de uma das obrigações sociais das Instituições de
Ensino superior, que é levar o conhecimento adquirido no meio acadêmico a comunidade
através de ações de extensão.
Promover ações educativas que articule meio ambiente e o desenvolvimento urbano
e propiciar a comunidade, local e regional, um acervo onde possa ampliar seus
conhecimentos sobre o solo e meio ambiente.
Desenvolver materiais didáticos sobre solos para o ensino universitário, médio e
fundamental e aprimorar mecanismos que permitam a visita de escolares e comunidade à
Universidade para conhecer os temas solos e meio ambiente;
Proporcionar aos visitantes, a oportunidade de conhecer um pouco da Universidade,
propiciando a troca de experiências e de interagir com o solo.

MATERIAL E METODOLOGIA

Os trabalhos de educação ambiental ocorrerão no campus de Marechal Cândido


Rondon, no Centro de Ciências Agrárias, situado a Rua Pernambuco, 1777, bem como nas
escolas e locais diversos como dia de campo, feiras de escolas etc.
Inicialmente os acadêmicos fizeram uma pesquisa para elaborar materiais didáticos
para que possa auxiliar no processo ensino-aprendizagem. As atividades foram realizadas
na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, bem como em dias de campo e nas escolas.
Foram confeccionados vários experimentos abordando temas como infiltração de
água, erosão, formação, consistência, composição e porosidade do solo, assim como uma
trincheira para a visualização física do solo, seu perfil e horizontes.
Os acadêmicos fizeram contato com as escolas de ensino fundamental e médio
explicando o objetivo do trabalho e a metodologia utilizada. A escola agendou as visitas,
onde eram abordados temas de solos e conservação do meio ambiente.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
O público atingido até o momento foi de 24 turmas, totalizando cerca de 600 alunos
do ensino fundamental e médio, assim como alunos de graduação da Unioeste. Outra
atividade desenvolvida foi à participação no Show Rural da Coopavel, em Cascavel-PR,
junto com a empresa Matsuda, e o dia de campo da cooperativa COPAGRIL em Marechal
Cândido Rondon - Pr. Nestes eventos foram apresentados trabalhos sobre integração
lavoura-pecuária e seus benefícios para o solo. Os dois eventos tiveram público em torno
de 180.000 pessoas.

FIGURA 1 e 2 – Aulas para alunos de escolas de Marechal Cândido Rondon.

FIGURA 3 e 4 – Dia de Campo da Copagril, 2011.


CONCLUSÃO

O trabalho está dentro do cronograma de atividades com conclusão para o mês de


outubro de 2011. Espera-se atingir as metas estipuladas, com pelo menos a visita de 30
turmas escolares.
Os ganhos acadêmicos dos universitários participantes do projeto foram muito
satisfatórios, levando informação à comunidade, em um tema de suma importância para o
bem do meio ambiente e de um sistema sustentável através da extensão universitária, e por
meio de pesquisas, aprimorar o conhecimento sobre solos e tudo ao que ele está ligado.
Em um meio ambiente constantemente agredido pelo ser humano, esse projeto
contribui para a educação ambiental do grupo estudantil, pois é nesta fase que se
desenvolvem conceitos que serão levados para toda a vida, e assim podendo expandir a
ideia de conscientização da importância do solo para os seres humanos e organismos que
dele dependem.

BIBLIOGRAFIA

1. CURVELLO, M.A., SANTOS, G.A. Adequação de conceitos básicos em ciência do


solo para aplicação na escola de 1o grau. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
CIÊNCIA DO SOLO, 24., Goiânia, 1993. Resumos. Goiânia: SBCS, 1993. v. 3. p.
191-192.
2. CURVELLO, M.A, SANTOS, G.A., OLIVEIRA, L.M.T., FRAGA, E., DUARTE,
M.N., SILVA, R.C., PARAJARA, T.G., PEREIRA, A.L.S., BREGAGNONI, M.
Elaboração de um livro de conceitos básicos em ciência dos solo para o ensino de
primeiro grau. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 25.,
Viçosa, 1995. Resumos Expandidos. Viçosa: SBCS, UFV, 1995. p. 2174-2175.
3. DALMOLIN, R.S.D., AZEVEDO, A.C., ZAGO, A., PORTELLA, G. Utilização do
museu de solos como instrumento didático. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE
ENSINO DE SOLOS, 2., 1995, Santa Maria. Documento Final. Santa Maria:
SBCS, UFSM, 1996. p. 277-278.
4. LIMA, M.R. O solo no ensino fundamental. Curitiba: UFPR/Setor de Ciências
Agrárias/Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, 2002. 37 p.
5. SIMPÓSIO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM SOLOS, ed. Marcelo Ricardo de
Lima; Universidade Federal do Paraná: sociedade Brasileira de Ciência do solo,
2010.
6. MUGGLER, C.C.; O programa de educação em solos e meio ambiente do museu
de ciências da terra da universidade federal de viçosa in I SIMPÓSIO DE
PESQUISA EM ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA;III
SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA NO BRASIL
7. LIMA, V.C.; LIMA, M.R.; SIRTOLI, A.E.; SOUZA, L.C.P.; MELO, V.F. Projeto
Solo na Escola: o solo como elemento integrador do ambiente no ensino
fundamental e médio. Expressa Extensão, Pelotas, v. 7, n. especial, agosto 2002,
CD-Rom.
PROJETO RAPOSA - DESENVOLVENDO A CONSCIENTIZAÇÃO
AMBIENTAL EM UMA COMUNIDADE DE PESCADORES DA ILHA DO
MARANHÃO

SOUSA, Fabíola Garreto de ²; JUNIOR, Carlos Celso Frazão Saraiva ²; DUTRA, Itaynara
Lobato ²; PEREIRA, Agostinho Cardoso do Nascimento ²; LUZ, Geisyane Franco da ²;
CARDOSO, Milena Jansen Cutrim ²; FIGUEIREDO, Andréia de Queiroz dos Santos
Abreu ²; MARTINS, Ana Paula Barbosa ²; RIBEIRO, Haylla Cristina Saraiva ²;
FERREIRA, Beldo Rywllon Abreu ²; BRANDÃO, Rafael Antônio ²; AZEVEDO, Gisele
Garcia ¹.

1
Doutora em entomologia, professora do departamento de ciências biológicas da
Universidade Federal do Maranhão e Tutora do PET Biologia UFMA; 2Bolsista do PET
Ciências Biológicas UFMA. Grupo PET-Biologia, UFMA, Campus Bacanga.
E-mail :[email protected]

PALAVRAS-CHAVE: manguezal, lixo, percepção ambiental e comunidade.

INTRODUÇÃO
Os manguezais são ecossistemas costeiros de transição entre o ambiente terrestre e
marinho, sujeitos ao regime das marés (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995), sendo
considerado um ecossistema de alta produtividade biológica, abrangendo grande variedade
de espécies animais e vegetais (Figuras 1 e 2). Dentre os benefícios oferecidos às
comunidades ribeirinhas, estão: manutenção e conservação de estoques pesqueiros do
estuário, recreação e lazer, turismo ecológico (RASP, 1999; PEREIRA FILHO & ALVES,
1999), além da proteção da linha de costa dos impactos mecânicos das ondas.

Figura 1. Ecossistema de manguezais. Figura 2. Ecossistema de manguezais.

1
Esse projeto objetiva conscientizar a comunidade do município da Raposa sobre os
malefícios do descarte indevido de resíduos sólidos, além de incentivar o reaproveitamento
de lixo orgânico (técnicas de compostagem, reaproveitamento de restos alimentares) e o
emprego de medidas preventivas contra a poluição e degradação do manguezal.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada no município da Raposa, o qual abrange uma área de 75
km2, limitando-se ao norte pelo Oceano Atlântico, ao sul pela sede do município de Paço
do Lumiar e pelo município de São José de Ribamar, a leste pela ilha de Curupu e Baia de
São José e a oeste com o município de São Luís (AZEVEDO, 2008).
O projeto teve inicio em janeiro de 2009 e se prolongou até dezembro de 2010. As
atividades feitas em 2009 envolveram uma excursão ao município, cuja finalidade foi
caracterizar a atual situação do mangue, e a aplicação de questionários socioeconômicos, a
fim de traçar um perfil da população local. Em 2010, foi aplicado um questionário
ambiental com o objetivo de conhecer a percepção ambiental da comunidade da Raposa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A maioria das famílias da região apresenta 05 pessoas por moradia em idade
produtiva (19-59 anos), tendo os homens (Figura 3) menor grau de escolaridade em relação
às mulheres (Figura 4).

Figura 3. Nível de escolaridade dos homens. Figura 4. Nível de escolaridade das mulheres.

Em geral, apenas 1 ou 2 pessoas contribuem para renda familiar, sendo essa


constituída por até 2 salários mínimos provenientes da atividade pesqueira (Figura 5). O
lixo produzido pela comunidade é composto principalmente de materiais plásticos, papel e
orgânico, os quais têm como destino principal a coleta municipal (Figura 6) ou o descarte
em manguezal, como observado na Figura 7. A comunidade, em sua maioria, acredita que
o manguezal está muito impactado (72%), conforme mostra a Figura 8.

2
Figura 5. Barcos de pesca dos moradores da Raposa.

Figura 6. Principal destino do lixo: Coleta Municipal. Figura 7. Descarte indevido de resíduos sólidos no mangue.

Figura 8. Situação do manguezal para os moradores Figura 9. Importância do manguezal para a população
da Raposa. raposense.

A poluição é tida pela população local (47%) como principal problema ambiental
da região, principalmente a causada pelo lixo. A conscientização e limpeza do manguezal
(47% e 18% respectivamente) são as ações sugeridas para solucionar os problemas
enfrentados. A importância do manguezal é reconhecida, uma vez que este é tido com
fonte de alimentação e renda para a maioria da população (59% e 17% respectivamente),

3
de acordo com a Figura 9. Apenas 23% dos entrevistados sabem o que é coleta seletiva e
44% reaproveitam restos de alimentos. A maioria dos moradores da região (51%) aponta a
reciclagem como destino mais adequado para os resíduos sólidos.
Tais resultados evidenciam a percepção da comunidade no que se refere à
relevância do manguezal, aos problemas enfrentados por este e as possíveis soluções para
os mesmos, sendo, portanto, necessárias ações de educação ambiental, uma vez que estas
constituem a melhor forma de sensibilizar a população acerca dos prejuízos da degradação
ambiental e, conseqüentemente, possibilitam minimizar os impactos sobre os ecossistemas
(PINHEIRO, 2010 et al.).
O desafio da educação ambiental é criar condições para a participação dos
diferentes segmentos sociais tanto na formulação de políticas, quanto na aplicação das
decisões que afetam a qualidade do meio natural e social. Neste sentido, a educação na
gestão do meio ambiente pode ser considerada como um "processo instituinte de novas
relações dos homens entre si e com a natureza" (IBAMA, 1997).
CONCLUSÃO
Com os dados obtidos, torna-se viável a aplicação de futuras estratégias sociais,
políticas e ambientais que beneficiem a população local e todas as comunidades que
dependem, de forma direta ou indireta, desse ecossistema costeiro de grande importância
biológica, que é o manguezal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, M. C. S. 2008. Fatores Ambientais e anatômico – fisiológicos ligados à
reprodução de Photothaca antiqua (King & Broderip, 1835) no estuário do Rio Paciência
no município da Raposa – MA. Monografia de conclusão de curso – UFMA.

IBAMA. 1997. Diretrizes para operacionalização do Programa Nacional de Educação


Ambiental. Série meio ambiente em debate, nº 9. Brasília: IBAMA.

PINHEIRO, M. A. A. et al. Educação ambiental sobre manguezais na Baixada Santista:


uma experiência da UNESP/CLP. Rev. Ciênc. Ext. v.6, n.1, p.19, 2010.

PEREIRA FILHO, O. & ALVES, J. R. P. 1999. Conhecendo o manguezal. Apostila


técnica, Grupo Mundo da Lama, RJ. 4ª Ed. 10p.

4
RASP, U. 1999. Ambiente e saúde em área de manguezal: o caso de Vila Velha de
Itamaracá-Pernambuco. Dissertação (Mestrado em Saúde pública)- Departamento de
Saúde Coletiva, Instituto Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz,
NESC/CPqAM/FIOCRUZ.

SCHAEFFER-NOVELLI, Y. 1995. Manguezal: Ecossistema entre a Terra e o Mar. São


Paulo: Caribbean Ecological Research.

5
PROMOVENDO AÇÕES DE PREVENÇÃO E MITIGAÇÃO DE RISCO DE
DESASTRES NATURAIS NO MUNICÍPIO DE LAGUNA, SC.
Área Temática: Meio Ambiente. Responsável: Cristina Benedet. Universidade do estado de
Santa Catarina (UDESC). Cristina Benedet1; Giovana Capelari Pauli2; Jennifer Vargas3.
RESUMO: O projeto Promovendo Ações de Prevenção e Mitigação dos Desastres
Naturais no município de Laguna, SC foi desenvolvido no período de março a dezembro
do ano de 2010. Teve por objetivo reunir ensino, pesquisa e extensão por meio das
atividades de promoção da prevenção e mitigação de desastres naturais. Mais
especificamente, convergiu à qualificação de gestores, técnicos e professores municipais,
aos Agentes Comunitários de Saúde e à comunidade escolar, acerca das ações e
conhecimentos sobre as situações de risco e, simultaneamente, colaborar na efetivação dos
trabalhos da Defesa Civil no município. O método se pautou nas estratégias metodológicas
da pesquisa-ação, as quais se realizaram por meio das oficinas, minicursos, da observação
de campo e do diagnóstico participativo. As informações e orientações referentes à
fundamentação teórica e técnica, relacionadas à prevenção e à mitigação, possibilitaram a
identificação das situações de ameaça e de vulnerabilidade no município. Considera-se que
a realização do projeto contribuiu à formação da cultura de prevenção e mitigação de riscos
de desastres naturais no município de Laguna.
Palavras-chave: Desastres Naturais. Mitigação. Município de Laguna (SC).
Introdução
O Estado de Santa Catarina, com frequência, é atingido por desastres naturais; os
municípios apresentam situações de risco e, por parte da população, verifica-se a falta de
conhecimento em relação a eles e aos desastres naturais. O enfoque na prevenção e
mitigação de danos e prejuízos se faz, então, relevante. Para tanto, exige a qualificação dos
administradores municipais, das lideranças locais e da comunidade, a fim de que possam
atuar como gestores e multiplicadores dos conceitos, das técnicas e das ações pertinentes à
precaução e minimização dos riscos de desastres naturais.
No município de Laguna, as inundações e os deslizamentos são apontados como os
eventos naturais extremos mais frequentes. No ano de 2008, por meio do Decreto
Municipal 2.506 de 22 de novembro, foi declarado Estado de Emergência devido às chuvas
intensas que atingiram o município e região. Em 2009, é declara do Estado de Emergência,
ainda por causa das chuvas, através do Decreto Municipal 2.537 de 05 de janeiro do
mesmo ano.

1
Professora colaboradora. Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Centro de Educação Superior da
Região Sul – CERES/UDESC. E-mail: <[email protected]>.
2
Bolsista de extensão. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Centro de Educação Superior da Região Sul –
CERES/UDESC. E-mail: <[email protected]>.
3
Bolsista de extensão. Curso de Arquitetura e Urbanismo. Centro de Educação Superior da Região Sul –
CERES/UDESC. E-mail: <[email protected]>.
O objetivo geral do projeto foi reunir ensino, pesquisa e extensão por meio de
atividades de promoção da prevenção e mitigação de desastres naturais no município de
Laguna. Mais acuradamente, visou à acessão de ações preventivas e mitigação de riscos de
desastres naturais, capacitando gestores, técnicos e professores municipais, Agentes
Comunitários de Saúde (ACS) e a comunidade escolar, a respeito dos conhecimentos, dos
conceitos, das ações e processos pertinentes ao entendimento dos riscos referentes aos
desastres naturais, colaborando, assim, na efetivação dos trabalhos da Defesa Civil no
município.
Portanto, ressalta-se a importância da prevenção para mitigar os prejuízos materiais,
sociais e humanos. Sendo a mitigação “[...] as ações destinadas a diminuir os efeitos
potenciais de um evento, normalmente por meio da redução da vulnerabilidade do meio
(sistema de alerta, treinamento, divulgação de informações, intervenções nos
assentamentos humanos)” (PHILIPPI JR, SALLES, SILVEIRA, 2005, p. 567).
Materiais e Método
O método para a realização das ações envolveu a pesquisa bibliográfica, a
documental e o levantamento de informações na elaboração do diagnóstico participativo.
Os procedimentos à efetivação da participação da população se fundamentaram nos
princípios da pesquisa-ação, enquanto estratégia metodológica, na qual está explicita a
interação entre extensionistas e as pessoas da comunidade; o objeto da investigação e
intervenção é a situação social (neste projeto inclui a situação ambiental) e foi proposto
que se aumentasse o conhecimento dos extensionistas e o nível de conhecimento ou de
“consciência” dos grupos participantes envolvidos (THIOLLENT, 2008). Estes aspectos
orientaram os procedimentos descritos a seguir:
A capacitação da equipe de execução, relativa às atividades práticas se realizou
com a elaboração e realização das oficinas na construção de um referencial teórico sobre a
prevenção e mitigação de riscos de desastres naturais, como também, a construção do
processo participativo junto à comunidade. A elaboração do inventário, junto ao Corpo de
Bombeiros Militar, das ocorrências atendidas no município para o conhecimento dos
principais eventos e os locais mais atingidos e, então, direcionar o enfoque e as atividades.
A implantação de um processo de aproximação com as instituições envolvidas, e a
realização do convite nas instituições contempladas com os minicursos e oficinas.
A elaboração dos planos de atividades das oficinas e minicursos, compreendeu
dinâmicas de interação, documentários relacionados ao tema, os principais conceitos
referentes à prevenção e à mitigação de desastres naturais; os principais eventos, a
comunicação e a percepção de risco, os desastres naturais em Santa Catarina, a
identificação das ameaças, riscos e vulnerabilidades no município de Laguna, o Sistema
Nacional, Estadual e Municipal de Defesa Civil. Para os adolescentes, o planejamento
incluiu histórias em quadrinhos, jogos, maquetes, vídeos sobre a temática. Aos
profissionais, de acordo com a área de atuação, propôs-se: para os Agentes Comunitários
de Saúde – ACS, o tema Ambiente, saneamento e saúde pública; aos professores da rede
municipal de ensino, a elaboração de propostas para a educação na prevenção e mitigação
de risco desastres naturais; com os gestores e técnicos municipais, tratou-se da temática
seguridade: humana e territorial, a administração de desastres, o sistema de informação
territorial – banco de dados, os planos municipais: de Defesa Civil e de Redução de Risco.
Procedeu-se, ainda, à elaboração do material a ser disponibilizado aos participantes
nas oficinas; à realização das oficinas nas Escolas estaduais, com os Agentes Comunitários
de Saúde – ACS, professores da rede municipal de ensino, com os gestores e técnicos
municipais.
Resultados e discussão
Na Escola Estadual, foi realizada uma oficina com o tema desastres naturais,
envolvendo 34 alunos da Oitava Série do Período Noturno. Na Escola Casa Familiar do
Mar, foram organizados dois grupos de alunos e cada grupo foi contemplado com três
oficinas: a primeira estava relacionada ao entendimento dos desastres naturais; desta
forma, ocorreu a introdução ao tema, iniciando-se a reflexão; na segunda atividade, foi
trabalhado o tópico Defesa Civil, do qual resultou a produção, pelos alunos, de um material
expositivo sobre o assunto e, a última oficina teve como finalidade trabalhar as
vulnerabilidades existentes no ambiente. Ao convite de uma professora que atuava na
Escola de Educação de Jovens e Adultos – CEJA, a equipe realizou uma oficina com o
tema da prevenção e mitigação dos Desastres Naturais para 14 alunos do período noturno.
O minicurso com os Agentes Comunitários de Saúde – ACS, com carga horária de
oito horas, contou com a presença de oitenta e dois ACS, divididos em dois grupos devido
ao número de participantes. Com este público, fez-se a abordagem sobre prevenção e
mitigação de desastres naturais, ampliando os dados e informações direcionados à atuação
destes Agentes e o trabalho social que desenvolvem. Destacam-se a interação, as
informações e trocas de experiências que se incorporaram ao tema durante os encontros.
O minicurso com os professores da Rede Municipal de Ensino teve uma carga
horária de oito horas e envolveu vinte e sete profissionais. Focalizou-se como a profissão
de educador pode atuar em relação aos desastres, sugerindo e construindo, com o grupo,
possíveis formas de ações a serem desenvolvidas nas escolas.
Os servidores da prefeitura municipal de Laguna e, ainda, um bombeiro
comunitário e um policial militar, totalizando dezessete participantes, foram contemplados
com um minicurso de 12 horas, incluindo uma palestra com um representante da Defesa
Civil Estadual de Santa Catarina. Este, entre outras informações, tratou do novo Sistema
Nacional, Estadual e Municipal de Defesa Civil e dos Planos Municipais de Defesa Civil.
Apresentou-se, aos participantes, o levantamento com a identificação das ameaças e
vulnerabilidades para o município de Laguna, realizado, anteriormente, com os Agentes
comunitários de Saúde e os professores municipais. Estabeleceu-se um diálogo importante
com este grupo, uma vez que atua diretamente no controle da segurança da comunidade.
Ao final de cada minicurso, um formulário de avaliação era disponibilizado aos
participantes, no qual lhes era dada a oportunidade de escrever sobre a contribuição da
atividade em relação ao desenvolvimento do seu trabalho, da sua vida em particular e da
sua comunidade e, ainda, fazer sugestões referentes aos temas que precisam ser trabalhados
ou novas atividades a serem desenvolvidas junto à comunidade.
Em síntese, expressaram: a qualificação, a atualização, as habilidades e os
conhecimentos que possibilitam: a ação e a compreensão, a prevenção na comunidade, a
identificação das situações de ameaças, riscos, vulnerabilidades e perigo, a ativação do
senso de responsabilidade, a percepção para a prevenção; citaram, também, as informações
do município até então desconhecidas, a disponibilização de materiais (folders); como
sugestão, referiram: visitas ao campo, a continuidade do curso, trabalhar outros temas,
entre eles, ambiente e saúde, realizar pré-treinamento de ações de preparação e resposta
aos desastres e a parceria com a Universidade.
Os participantes envolvidos no projeto identificaram as organizações comunitárias
sociais existentes, fortalecendo a atuação que podem exercer e, reconheceram as ameaças,
as relações sociais envolvidas nas situações de vulnerabilidade, mas, também, a
mobilização comunitária e a utilização e os cuidados com o ambiente, os quais são
indispensáveis para os alicerces da capacidade de resiliência comunitária.
Quanto às dificuldades encontradas, destaca-se: a comunicação interna (direção,
professores e alunos) na Escola Estadual, o que inviabilizou o prosseguimento das
atividades diante da não realização das oficinas por falta de articulação interna na Escola;
as alterações no quadro de funcionários da prefeitura, com o desligamento de técnicos, às
vésperas da realização do curso, prejudicando a formação do grupo. Em relação aos
eventos naturais, vendavais e marés de tempestades, verificados no município, são
praticamente inexistentes os estudos relativos a estes fenômenos, voltados à gestão de
desastres como sistema de alerta, banco de dados e estudos específicos para a região Sul de
Santa Catarina.
Conclusão
Acreditamos que o objetivo de reunir ensino, pesquisa e extensão, por meio de
atividades de promoção da prevenção e mitigação de riscos de desastres naturais foi
alcançado. A associação com o ensino esteve presente quando da realização da orientação
docente e da aplicação dos conhecimentos acadêmicos por parte da equipe. As atividades
possibilitaram, aos alunos extensionistas, interagir com o Ensino Básico, de forma ativa,
instruindo, orientando e produzindo materiais a partir da abordagem realizada.
Acrescentam-se as horas complementares que são incorporadas ao currículo do acadêmico.
A pesquisa se mostrou necessária para o entendimento dos conceitos, dos diferentes
processos que envolvem a temática, da investigação dos eventos naturais extremos e suas
consequências para o município de Laguna. Foi de significativa importância a participação
da comunidade no estudo, quando os participantes, conhecedores da realidade, por meio do
desempenho do seu trabalho, elencaram as vulnerabilidades e as ameaças que conferem
situações de risco, esboçando um diagnóstico do município. A contribuição da
universidade é fundamental na busca de melhorias sociais e na aplicação do conhecimento
relativo às áreas imprescindíveis à proteção, à qualidade de vida, à equidade social, à
administração de desastres e à manutenção da resiliência dos ecossistemas locais.
Quanto à colaboração na efetivação dos trabalhos da Defesa Civil, partindo da
afirmação de que a Defesa Civil Municipal é toda a comunidade, acreditamos que
habilidades se fomentaram, percepções foram aguçadas e o público ciente e disposto a
contribuir com a efetivação daquela.
O diagnóstico apontou as vulnerabilidades econômicas, sociais e culturais,
distribuídas nas localidades e bairros, comuns em alguns elementos e diferenciados em
outros, apontando a diversidade do município, de acordo com as atividades exercidas pela
população, as características geográficas, a organização comunitária e a presença do poder
público.
Referências bibliográficas
PHILIPPI JUNIOR, Arlindo; SALLES, Cintia Philippi; SILVEIRA, Vicente Fernando.
Saneamento do meio em emergências ambientais. In. PHILIPPI JUNIOR, Arlindo (editor).
Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável.
Barueri, São Paulo: Manole, 2005. (coleção Ambiental).
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 16. Ed. São Paulo: Cortez, 2008.
PROPOSTA DE AÇÃO DO PROJETO MÃOS À OBRA PARA ASSOCIAÇÃO
DOS MORADORES DO BAIRRO BOA SAÚDE, EM NOVO HAMBURGO/RS.

Área Temática:
Meio Ambiente

Responsável pelo trabalho:


R. MULLER

Instituição:
Universidade Feevale

Nome dos Autores:


R. MULLER (1); A. BRITO (2)

Resumo:
O município de Novo Hamburgo está localizado no Vale dos Sinos, a 40 km de Porto
Alegre/RS. A cidade, fundada por imigrantes alemães, possui o título de Capital Nacional
do Calçado, tem área de 223,6km², 27 bairros e mais de 255 mil habitantes. O Mãos à Obra
é um projeto de extensão continuado do Curso de Arquitetura e Urbanismo, mas que tem
uma proposta interdisciplinar pois envolve os cursos de Engenharia Eletrônica e Design da
Universidade Feevale. Tem como objetivo atuar em pelo menos uma área de interesse
social por ano, a fim de capacitar pessoas e/ou qualificar ambientes, construídos ou não
construídos (praças, vias,...), visando à melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente.
Em 2011 está atuando em duas áreas: a Vila Iguaçú e o Bairro Boa Saúde. Este artigo
abordará o trabalho desenvolvido junto a esta última comunidade. O método de trabalho
foi dividido em sete etapas que ocorrem ao longo do ano: 1) Diagnóstico; 2) Proposta de
ação; 3) Estudo de viabilidade da ação; 4) Busca de parceiros; 5) Apresentação da proposta
de ação para a comunidade; 6) Ação e, 7) Avaliação da ação. Atualmente o projeto
encontra-se na etapa de busca de parceiros e captação de pessoas para o trabalho
comunitário. A extensão possibilita aos acadêmicos a integração com a comunidade
perante o entendimento de suas necessidades e proposta de soluções para as demandas. Os
resultados obtidos são, entre outros, a aprendizagem neste convívio e também a proposição
de melhoria dos espaços diagnosticados.

Palavras-chave:
Arquitetura, áreas de interesse social, interdisciplinaridade.

Introdução:
Desde 1980 o número de assentamentos precários em Novo Hamburgo vem crescendo em
larga escala. Em 2000 o IBGE contabilizava 9.624 domicílios em assentamentos precários
(13,78% dos Domicílios Particulares Permanentes), com uma população de 36.761 pessoas
(15,91% da população urbana). Em 2010 estima-se que sejam 10.750 (LATUS 2010).
Entendendo que a Arquitetura e o Urbanismo têm um papel fundamental na busca da
resolução ou minimização destes problemas, o Projeto de Extensão Mãos à Obra tem como
objetivo capacitar pessoas e/ou qualificar ambientes, construídos ou não construídos
(praças, vias,...), visando à melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente. A equipe é
formada por três professores e uma bolsista remunerada, mas também tem abertura para a
participação de acadêmicos de diversas disciplinas e voluntariado. O público alvo do
projeto abrange principalmente pequenas comunidades carentes inseridas em áreas de
interesse social do município de Novo Hamburgo. O projeto também busca abordar
questões como: a) pesquisa e construção de protótipos e dispositivos que visam melhorar
as condições de comunidades carentes em termos de eficiência energética e
sustentabilidade; b) desenvolvimento de produtos ou objetos sustentáveis, alternativos e de
baixo custo e, c) transversalidade do conhecimento, envolvendo outros cursos de
graduação (Design e Engenharia Eletrônica).
Ainda no ano de 2010, a líder do projeto contatou a Secretaria da Habitação (SEHAB) do
município de Novo Hamburgo e realizou, juntamente com representantes da mesma, uma
visita a diversas áreas de interesse social para que fossem escolhidas as comunidades a
serem atendidas em 2011. Duas foram escolhidas: o Bairro Boa Saúde (com foco na Sede
da Associação dos Moradores) e a Vila Iguaçú, uma pequena comunidade inserida no
Bairro Canudos. A escolha se deu pela precariedade e também por haver uma forte
liderança nas mesmas.

Figura 1 – Mapa indicando as áreas de atuação do projeto Mãos à Obra.


Fonte: Adaptada de SCHÜTZ, 2001.

Material e Metodologia:
O Bairro Boa Saúde possui uma área de 6,90km², o que corresponde a 10,12% da área do
município de Novo Hamburgo (SCHÜTZ, 2001). O bairro é também um dos mais
populosos do município, com 11.104 habitantes (PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVO
HAMBURGO, 2011), entretanto, as áreas verdes e áreas de lazer são praticamente
inexistentes no bairro (SCHÜTZ, 2001).
O método de trabalho utilizado pelo Projeto Mãos à Obra para o Bairro Boa Saúde foi
dividido em sete etapas que serão brevemente descritas a seguir:
1) Diagnóstico (entre março e abril): Primeiramente, fez-se contato com a Associação de
Moradores do bairro. Após, apresentou-se a proposta do projeto ao líder comunitário,
buscando saber a aceitação do trabalho pela comunidade. Como a resposta foi positiva, o
passo seguinte foi a realização de uma reunião com os moradores buscando levantar
demandas. Também foi realizada uma oficina sobre eficiência energética intitulada “Boas
práticas para redução do consumo de energia em sua casa”, atividade organizada pelo
professor do Curso de Eng. Eletrônica, mas desenvolvida e apresentada aos moradores
pelos acadêmicos do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental.
2) Proposta de ação (entre maio e junho): Constituiu-se do plano de trabalho passível de
ser desenvolvido, de acordo com os dados verificados na reunião com os moradores. O
plano de ação proposto para a Associação dos Moradores será detalhado nos resultados.
3) Estudo de viabilidade da ação (junho): Se caracterizou pela estimativa de custos e busca
de parceiros para o auxílio do financiamento e realização da ação (doação de materiais,
mão de obra, recursos humanos, transporte,...).
4) Busca de parceiros (entre junho e agosto): para a realização das ações através de
recursos financeiros, humanos ou de materiais e ferramentas.
5) Apresentação da proposta para a comunidade (junho): Depois de verificada a viabilidade
da proposta, fez-se a apresentação desta ao vice presidente da Associação, que a discutiu
com a diretoria. Após, fez-se o cronograma para implementação da ação.
6) Ação (agosto): propôs-se a realização de cursos para a qualificação dos ambientes
diagnosticados. A ação, quando se tratar de intervenção física, deve contar
obrigatoriamente com a participação dos beneficiados.
7) Avaliação da ação: a ser desenvolvida pela equipe do Mãos à Obra em conjunto com os
beneficiados.
No Bairro Boa Saúde, o trabalho encontra-se, no momento, na fase da busca de parceiros
para que as propostas possam ser realizadas.

Resultados e Discussões:
A reunião com os moradores aconteceu em março tendo como finalidade a captação de
demandas. Embora tenha havido uma boa divulgação desta atividade através de jornais
locais, rádio e cartazes, além do convite dos próprios membros da diretoria, apenas nove
pessoas compareceram. Entretanto, os participantes eram pessoas atuantes na comunidade
(funcionários da Prefeitura Municipal, integrante de uma ONG, diretoria da Associação).

Figura 2 – Reunião com moradores. Figura 3 – Sede da Associação dos Moradores.

A reunião iniciou com a apresentação do Projeto Mãos à Obra e após o espaço foi aberto
para os moradores para que estes relatassem os pontos positivos e negativos do bairro, a
fim de se ter o diagnóstico e as demandas. A seguir, estas serão brevemente discutidas:
1) Quadra de futebol destinada para crianças e adultos. O bairro tem uma tradição de
jogos de futebol nos finais de semana, que geralmente ocorrem na rua, pois a
quadra mais próxima está no Bairro Primavera ou na escola.
2) Iluminação da Sede da Associação dos Moradores do Bairro Boa Saúde. As
luminárias estão precárias e algumas delas não funcionam. O nível de iluminação é
baixo para as atividades voltadas aos cursos oferecidos no local.
3) Entrada de energia na Sede da Associação dos Moradores do Bairro Boa Saúde.
Está em desacordo com o regulamento da concessionária de energia.
4) Reboco interno e externo da Sede da Associação dos Moradores do Bairro. As
paredes externas estão sem reboco e as internas possuem um chapisco grosso.
5) Instituição Ilda Maciel. Trabalha com a coleta de resíduos para geração de renda
para uma festa de final de ano destinada às crianças carentes do bairro.
Diante das demandas levantadas, a líder do Projeto Mãos à Obra se reuniu com o líder da
Associação dos Moradores no mês de maio e apresentou o seguinte plano de ação que foi
discutido com a diretoria buscando priorizar as ações.
1) Quadra de futebol. Por ser uma obra de grande porte e existe a possibilidade de ser
construída pela Prefeitura Municipal, o Projeto Mãos à Obra não terá capacidade de
realizá-la, mas compromete-se a verificar junto à Prefeitura a situação da execução
desta obra e dar um retorno à Associação.
2) Projeto de Iluminação para a Sede da Associação dos Moradores do Bairro Boa
Saúde. O Projeto Mãos à Obra, em parceria com o Laboratório de Conforto
Ambiental da Universidade Feevale, elaborou o projeto de iluminação. Foram
apresentadas à diretoria da Associação diversas propostas envolvendo variados
tipos de lâmpadas, luminárias e estimativa de custo de energia mensal para que se
tivesse uma melhor apreciação das propostas.
3) Curso de Instalação Elétrica: Esta atividade visa capacitar os moradores e membros
da diretoria a realizar a instalação das luminárias, que anteriormente foram
projetadas e especificadas, além de qualificar a rede elétrica que as alimentará.
4) Qualificação da entrada de energia da Sede da Associação dos Moradores. Propôs-
se o projeto de entrada de energia para a sede que, atualmente, encontra-se em
desacordo com a concessionária de energia local. Esta demanda inclui a
capacitação para realizar a nova entrada de energia, que acontecerá no mês de
julho. As duas capacitações na área de energia estão sendo organizadas pelo
professor do Curso de Engenharia Eletrônica.
5) Reboco interno e externo da Sede da Associação dos Moradores. Por se tratar de
extensas áreas de parede, que envolvem muitos recursos financeiros, de tempo e de
pessoas para a realização, o Projeto Mãos à Obra não poderá atender a esta
demanda, mas poderá realizar a capacitação de pessoas interessadas em fazer a
execução ou realizar quantitativo de materiais e especificação de produtos.
6) Qualificação do espaço exterior à Sede da Associação dos Moradores. Apesar de
ser uma demanda não levantada pelos moradores na primeira reunião, o Projeto
Mãos à Obra disponibilizou-se a fazer o projeto e execução ou somente o projeto
paisagístico da área.
7) Trabalho com a Instituição Ilda Maciel. Neste caso, foi feita uma proposta a parte
da apresentada à Associação dos Moradores. Como esta instituição coleta resíduos
diversos e como o projeto tem como objetivo o desenvolvimento de objetos com
materiais alternativos e de baixo custo, planejou-se uma atividade que pudesse aliar
estas demandas. Para tal, foi feita uma oficina cujo objetivo foi resgatar as
brincadeiras infantis de antigamente, através do relato de pessoas adultas. Contou
com a participação de dez crianças e nove adultos. Esta oficina foi desenvolvida
pela professora dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Design da Feevale, junto
com a turma de Mobiliário, do Curso de Design. Crianças e alunos fizeram os
desenhos dos brinquedos relatados. Após, os acadêmicos desenvolveram o projeto e
a fabricação destes, montando um kit para ser levado à Instituição para que as
próprias crianças possam aprender a confeccioná-los.

Figura 4 – Oficina do Brinquedo na Instituição Figura 5 – Brinquedos produzidos pelos alunos do


Ilda Maciel. Curso de Design.

Diante do plano de ação apresentado, os membros da diretoria da Associação dos


Moradores do Bairro Boa Saúde definiram como prioridades a execução do projeto das
luminárias e a qualificação da entrada de energia da Sede da Associação. No presente
momento, aguarda-se da liderança comunitária a captação de pessoas interessadas em
realizar os cursos para efetivar a ação (compra e troca das luminárias e entrada de energia
da sede). O trabalho com a Instituição Ilda Maciel com o uso de resíduos continuará
através de outras ações que ainda estão sendo estudadas.

Conclusão:
O Projeto Mãos à Obra é um projeto continuado em que, grande parte dos resultados será
visto em longo prazo, no período de um ano. Entretanto, algumas conclusões já podem ser
esboçadas. Percebemos que a comunidade está dividida em núcleos (escola, igrejas e a
Associação de Moradores) e que estes não se integram. A falta de ações coletivas destes
núcleos diminui a força da comunidade e a participação nas atividades. A Associação de
Moradores do Bairro luta com o trabalho voluntário da diretoria. Houve pouca participação
dos moradores do bairro no projeto, apesar da ampla divulgação em jornais e rádios da
cidade. Por isso, as ações foram voltadas para as melhorias na Sede da Associação, que
atualmente abriga vários trabalhos sociais desenvolvidos pela Prefeitura Municipal e
Governo Federal (Pró-Jovem, Terceira Idade, cursos de costura,...). Como resultado
também pode-se apontar que a interdisciplinaridade trouxe ganhos ao projeto de extensão e
aos acadêmicos envolvidos pois tiveram a oportunidade de expandir seus horizontes
mediante o convívio com a comunidade, além de empregarem seus conhecimentos
desenvolvendo propostas que visam o benefício coletivo.

Referências:
LATUS – Consultoria, Pesquisa e Assessoria de projetos. Diagnóstico para o Plano local
de habitação de interesse social – PLHIS - Novo Hamburgo/RS, 2010. Jun. 2010.
MUNICÍPIO DE NOVO HAMBURGO. Dados Gerais. Disponível em:
<http://www.novohamburgo.rs.gov.br/modules/catasg/novohamburgo.php?conteudo=140>
. Acesso em: 22 jun. 2011.
SCHÜTZ, Liene M. Martins. Os Bairros de Novo Hamburgo. Gráfica Sinodal, 2001.
REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL DE PROPRIEDADES RURAIS DE BASE
FAMILIAR: PROCESSOS DE AVERBAÇÃO DAS RESERVAS LEGAIS E
SISLEG

Área temática: Meio Ambiente


Responsável pelo trabalho: Kássio Kiyoteru Okuyama
Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Autores: Kássio Kiyoteru Okuyama1; Diógenes Raphael Soares Ribeiro2; Dayana


Almeida1; Carlo Hugo Rocha3; Pedro Henrique Weirich Neto3

Resumo: O presente trabalho teve por objetivo viabilizar o cadastro dos processos
de adequação ambiental e averbação das reservas legais de acordo com Código Florestal e
SISLEG em 30 propriedades rurais de base familiar. Para tal, formou-se uma equipe
técnica composta por um engenheiro agrônomo, dois graduandos em agronomia,
coordenados por um professor, visando dar assessoria direta aos produtores em todas as
etapas que compõem o processo. De modo geral, as inadequações dizem respeito às Áreas
de Preservação Permanente (APP), enquanto que as áreas passíveis de averbação para
Reserva Legal (RL) mostram-se excedentes. Os valores métricos demonstram condição
favorável para a adequação ambiental das propriedades, sendo necessária apenas a
formalização frente às medidas legais da averbação da reserva legal e SISLEG. No
decorrer dos processos, identificaram-se entraves e diferentes situações que se mostraram
complexos para a equipe técnica. Deve-se observar que dentre as propriedades, apenas uma
não pode ser encaminhada por motivos ambientais. Frente aos entraves observados,
tornou-se possível concluir três processos ao término do prazo estabelecido. Pode-se
concluir que os entraves dos processos de averbação e SISLEG não se encontram na
propriedade, mas em aspectos burocráticos que envolvem os processos legais.
Palavras-chave: Código Florestal Brasileiro, Extensão Rural

Introdução

Calorosas discussões vêm sendo realizadas, apontando-se propostas para modificar


a legislação ambiental vigente, em especial o Código Florestal Brasileiro. Mesmo que a
comunidade acadêmica aponte a importância deste para a proteção da biodiversidade,
setores específicos da agricultura e pecuária tem sistematicamente tentado modificar ou
protelar a aplicação dessa lei, visando diminuir ou desfigurar, e em alguns casos eliminar,
as APP ou RL (GALETTI et al., 2010).
As modificações proposta são embasadas em suposições empíricas, ditas como
necessárias pela ameaça à impossibilidade de produção de alimentos (MARTINELLI et al.,
2010). Já, informações que contestam as propostas, e evidenciam o papel das APP e das
RL são abundantes no meio científico (SILVA et al., 2011). Apesar da evidente
necessidade da manutenção destas áreas, há pouca informação que retrate o real estado de
conservação destas áreas.
Nesse sentido, no ano de 2007, o Laboratório de Mecanização Agrícola/UEPG
iniciou atividades com o objetivo de mapear o uso da terra e quantificar os fragmentos
florestais remanescentes na região, como subprojeto do Projeto Iguatú II, viabilizado pelo
programa Petrobrás Ambiental.
Assim, obteve-se o mapeamento de uso da terra e a demanda para a regularização
ambiental de 152 propriedades de acordo com a legislação ambiental federal (Código
Florestal - Lei Federal 4771/1965) e estadual (SISLEG - Sistema de Manutenção,
Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação Permanente –
Decretos 387/1999 e 3320/2004).
O presente trabalho buscou viabilizar o cadastro dos processos de adequação
ambiental e averbação das reservas legais de acordo com Código Florestal e SISLEG em
30 unidades das 152 estudadas, selecionadas entre as participantes do Projeto Iguatú II.

Material e Metodologia

O presente projeto foi desenvolvido no âmbito do Programa Nacional de


Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, especificamente na linha de ação que
envolve a adequação ambiental de imóveis rurais. Tal programa está a cargo do Ministério
do Meio Ambiente (MMA) do Brasil, por intermédio do Núcleo da Mata Atlântica e
Pampa (NAPMA), vinculado ao Departamento de Conservação da Biodiversidade
(DCBIO), da Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF), através da parceria com o
Sindicato dos Trabalhadores Rurais e FETRAF-SUL, e apoio da Agência Alemã de
Cooperação Técnica (GTZ). Assim, formou-se uma equipe técnica composta por um
engenheiro agrônomo, dois graduandos em agronomia, coordenados por um professor,
visando dar assessoria direta aos produtores em todas as etapas que compõem o processo.
Selecionaram-se 30 propriedades rurais dentre aquelas atendidas no Projeto Iguatú
no município de Palmeira. Os mapas gerados pelo Projeto Iguatú foram atualizados,
valendo-se da tecnologia SIG (Sistema de Informações Geográficas) e do receptor artificial
de sinais de satélite do sistema GPS (Global Position System). Em suma, o trabalho buscou
atender as demandas burocráticas exigidas pelo órgão ambiental competente e pelo cartório
de registro de imóveis

Resultados e Discussão

As propriedades selecionadas abrangeram área total de 256,7 ha, todas sob sistema
de base familiar. Pode-se verificar que, de modo geral, as inadequações dizem respeito às
APP, enquanto que as áreas passíveis de averbação para RL mostram-se excedentes.
Mesmo que as APP mostrem-se insuficientes, pode-se verificar que a adequação
destas unidades é de fácil alcance, visto que a área a ser restituída equivale 3% da área total
estudada (Tabela 1). Essas inadequações devem ser sanadas, visto a função ambiental que
as mesmas exercem para toda a sociedade (KRUPEK & FELSKI, 2006; LACERDA &
FIGUEIREDO, 2009), e os produtores rurais em questão possuem a consciência da
importância da manutenção destas áreas específicas.
Tabela 1 – Valores métricos em área (ha) e porcentuais no que diz respeito às Áreas de Preservação Permanente
(APP) em função da área total trabalhada
Área (ha) Porcentagem (%)
Área total 256,75 100
APP exigida 38,51 15
APP existente 30,81 12
APP a recuperar 7,7 03

Já, no que diz respeito às áreas passíveis de averbação como RL, visualiza-se
situação oposta às APP (Tabela 2). Esses excedentes podem ser justificados à íntima
relação entre as áreas de vegetação nativa e o produtor rural, pois estas são fontes de
alimentos (frutas nativas, madeira, erva mate e outros).
Tabela 2 – Valores Métricos em área (ha) e porcentuais no que diz respeitos às áreas passíveis de averbação
como Reserva Legal (RL) em função da área total observada

Área (ha) Porcentagem (%)


Total 256,75 100
RL Requerido 51,35 20
RL Existente 79,98 31,1
Saldo Excedente 28,63 11,1
Os valores métricos demonstram condição favorável para a adequação ambiental
das propriedades, sendo necessária apenas a formalização frente às medidas legais da
averbação da reserva legal e SISLEG.
Após a compilação e organização dos dados e documentos exigidos, tais como
Registro Geral (RG) e Cadastro de Pessoa Física (CPF), formulário devidamente
preenchido, mapa de uso e ocupação do solo, memorial descritivo da RL, matrícula
atualizada, comprovante de regularidade junto ao INCRA, procedeu-se a sistematização
dos mapas e posterior encaminhamento ao órgão ambiental competente e cartório de
registro de imóveis.
Posterior aprovação e indexação dos documentos exigidos pelo órgão ambiental
competente deram-se continuidade aos processos junto ao cartório de registro de imóveis
do município, visando à averbação da RL. Não havendo inconformidades documentais
nesta etapa, concluíram-se os processos conforme as exigências legais.
No decorrer dos processos, identificaram-se entraves e diferentes situações que se
mostraram complexos para a equipe técnica (Tabela 3). Dentro os entraves observados,
mostrou-se freqüente a inexistência ou a inconformidade dos documentos das propriedades
no cadastro junto ao INCRA, tornando-se impedimento a continuidade do processo.
Tabela 3 – Entraves observados no momento do encaminhamento dos processos e respectivos números de
observação
Situação/Problemática Número de Observações*
Documentos da Propriedade/Matrícula 17
Fundiária 13
Formulário 10
Cartório/Reconhecimento de Firma 07
Ordem Ambiental 01
Processos finalizados 03
* uma propriedade pode apresentar mais de um entrave

Tem destaque também a problemática do valor em área descrito na matrícula ser


distinto daquele obtido pelo mapeamento realizado pela equipe técnica. As matrículas
antigas, os quais valores descritos foram calculados através de correntes ou cordas e
mostram valores discrepantes quando comparadas aos valores obtidos. Essa discrepância
não é aprovada pelos órgãos competentes, sendo necessária a atualização da matrícula.
Outra situação comum diz respeito aos aspectos fundiários. Observaram-se
inúmeras situações em que o documento da propriedade encontra-se em nome de algum
parente já falecido. O preenchimento do formulário acaba por dificultar o processo pelas
exigências da assinatura dos confrontantes que por vezes podem não encontrar-se na
propriedade.
Deve-se observar que dentre as propriedades, apenas uma não pode ser
encaminhada por motivos ambientais. Essa situação específica se deve pela presença de
benfeitorias nas APP. O produtor rural decidiu então paralisar seu processo buscando antes
adequar sua unidade rural.
Frente aos entraves observados, tornou-se possível concluir três processos ao
término do prazo estabelecido. Mesmo esses mostram inicialmente dificuldades e entraves,
os quais despenderam horas para alcançar o objetivo final.

Conclusões

Pode-se identificar que os entraves dos processos de averbação e SISLEG não se


encontram na propriedade, mas em aspectos burocráticos que envolvem os processos
legais, em especial aos aspectos ligados à documentação da propriedade, além da
dificuldade em preencher todos os campos do formulário para a abertura do processo.
Mesma a atuação de uma equipe técnica não foi capaz de sanar todos os entraves
encontrados, sendo então, para o produtor rural um processo extremamente complexo e
moroso.

Referências Bibliográficas

GALETTI, M., PARDINI, R., DUARTE, J.M.B., SILVA, V.M.F., ROSSI, A. & PERES, C.A. Forest
legislative changes and their impacts on mammal ecology and diversity in Brazil. Biota Neotrop. Volume
10, n. 4. http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/en/abstract?article+bn00710042010.

KRUPEK, R.A.; FELSKI, G. Avaliação da Cobertura Ripária de Rios e Riachos da Bacia Hidrográfica do
Rio das Pedras, Região Centro-Sul do Estado do Paraná. Revista Ciências Exatas e Naturais, vol. 8 n º 2,
Jul/Dez 2006

LACERDA, D.M.A.; FIGUEIREDO, P.S. Restauração de matas ciliares do rio Mearim no município de
Barra do Corda-MA: seleção de espécies e comparação de metodologias de reflorestamento. ACTA
Amazônia, vol. 39, n. 2, p. 2009.

MARTINELLI, L.A., JOLY, C.A., NOBRE, C.A. & SPAROVEK, G. The false dichotomy between
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http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/en/abstract?point-of-view+bn00110042010.

SILVA, J.A.A.; NOBRE, A.D.; MANZATTO, C.V.; JOLY, C.A.; RODRIGUES, R.R.; SKORUPA, L.A.;
NOBRE, C.A.; AHRENS, S.; MAY, P.H.; SÁ, T.D.A. ; CUNHA, M.C.;RECH FILHO, E.L. O Código
Florestal e a Ciência: contribuições para o diálogo. São Paulo: Sociedade brasileira para o Progresso da
Ciência, SBPC, Academia Brasileira de Ciências, ABC. 2011, 124 p.
RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Área temática: Meio ambiente
Responsável pelo trabalho: Marina Cardoso de OLIVEIRA1
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Paranaíba (UFMS/CPAR)
Autores: Jefferson Lack da SILVA2; Lays Marques ARRUDA3

Resumo:
Frente ao notório descaso com o planeta e seus recursos naturais é de suma importância a
conscientização daqueles que serão os verdadeiros herdeiros do nosso planeta. O referente
trabalho é parte das ações de um projeto maior e tem como objetivo principal relatar a
experiência de educação ambiental realizada em uma escola particular da cidade de
Paranaíba (MS). Por meio das oficinas de educação ambiental buscou-se conscientizar as
crianças sobre o meio ambiente, o consumo consciente e a reciclagem. Semanalmente eram
realizados encontros com turmas do quarto e quinto ano. Como recursos educativos foram
utilizados : colagem, origami, reciclagem, gincanas de arrecadação de materiais recicláveis
e plantio de árvores. Tudo isso visando o educar as crianças em relação à preservação do
meio ambiente, por meio de discussões sobre mudanças de hábitos que podem ser
aplicados no cotidiano. Durante os trabalhos, obteve-se excelentes resultados, como plantio
de árvores na escola, oficina de artesanato com materiais recicláveis e doação de materiais
recicláveis para a COOREPA. Conclui-se que por se tratar de um projeto piloto, os
resultados foram positivos, servindo como base para o planejamento de novas ações.

Palavras chaves: Meio Ambiente, Ensino Fundamental, Educação Ambiental.

INTRODUÇÃO
Muitas vezes, a educação ambiental é tomada como um recurso operatório para
enfrentar problemas ambientais, implicando na redução de sua perspectiva educacional. As
propostas ficam centradas na promoção de ações ou na resolução de problemas e pouco na
formação dos educandos.

1
Professora Assistente UFMS/CPAR. Coordenadora do Projeto. Email: [email protected]
2
Graduando em Psicologia UFMS/CPAR.
3
Graduanda em Psicologia UFMS/CPAR.

1
O projeto no campo da educação ambiental será sempre algo que se insere em uma
realidade complexa, dinâmica, com quase todos os limites difusos ou inexistentes,
envolvendo uma grande diversidade de atores e instâncias sociais.
A educação ambiental na vivência humana é importante porque faz com que o
indivíduo passe a perceber a sua responsabilidade sobre o que acontece no mundo e sua
participação, criando novos conceitos que possam ser inseridos no dia-a-dia de cada ser.
Do ponto de vista educativo, a realização de ações constitui oportunidades para ampliar a
percepção quanto à complexidade da questão ambiental e para exercitar: o trabalho em
equipe, a responsabilidade perante o grupo.
Neste sentido, cientes da importância da Educação Ambiental para a formação dos
cidadãos do futuro, o projeto “Cooperativa Recicla Paranaíba(COOREPA): educar para
reciclar”, tem entre suas ações uma proposta voltada à educação ambiental de crianças do
ensino fundamental. O presente trabalho tem por objetivo relatar uma experiência de
educação ambiental realizada, com crianças do 4º e 5º ano do ensino fundamental de uma
escola particular da cidade de Paranaíba (MS).

METODOLOGIA
O trabalho de educação ambiental foi realizado com quatro turmas do 4º e 5º ano
do ensino fundamental de uma escola da rede particular de ensino de Paranaíba (MS).
Como recursos educativos foram utilizados: colagem, origami, reciclagem, gincanas de
arrecadação de materiais recicláveis e plantio de árvores. As atividades eram realizadas
semanalmente sob coordenação de dois acadêmicos do curso de Psicologia, totalizando 9
encontros.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir são descritos as temáticas e recursos utilizados em cada um dos encontros.

1 - Construindo um sentido para o meio ambiente. Neste encontro foi feito colagem a
partir de fotos do meio ambiente e foi discutido o sentido demeio ambiente percebido pelas
crianças e a importância da preservação do planeta.

2 – Consumo consciente. Foi discutido o que é consumo consciente, o uso dos 3”R”
(reduzir, reciclar e reutilizar) e o tempo de degradação dos materiais.

2
3 – Plantando a primeira semente. Cada turma plantou um árvore no canteiro da escola
significando o inicio de um novo relacionamento com o meio ambiente. Ainda foi
discutido o consumo da água e do papel.

4 – Transformando o que seria Lixo. Usando folhas de jornal foram confecccionadas, a


partir do origami, sacolas de lixo para lixo seco.

5 – Conhecendo uma História de Vida. Um cooperado da COOREPA foi até a escola para
mostrar e contar sua vida, como funciona a cooperativa e incentivar o a coleta seletiva.

6 – Construindo um brinquedo. A partir de pedaços de papelão, sacolas velhas, garrafa


PET e muitos outros materiais que seriam lixo, as crianças fizeram brinquedos.

7 – Concurso de desenho. Foi realizado um concurso de desenho, no qual o desenho que


obteve a melhor apresentação mostrando um sentido para o meio ambiente foi divulgado
mural da escola.

8 – Gincana. Foi realizada uma gincana de arrecadação de matérias reciclados entre as


escolas participantes do projeto. A escola que mais arrecadou venceu.

9 – Encerramento

Durante e após todos os encontros, foi possível perceber surpreendentes resultados.


Além do trabalho feito nas salas de aulas, os alunos passaram a ser como eles mesmos
disseram “vigilantes da natureza”, eles passaram aos outros alunos durante os intervalos a
importância de preservar e jogar o lixo no lixo. Além disso, todos alunos disseram que em
casa tudo mudou, após uma conversa com a mãe, eles disseram que pequenas atitudes, mas
importantes, foram tomadas. Atitudes como: reutilizar a água da máquina de lavar,
reutilizar o óleo de cozinha, usar menos sacolas e as substituir pelas sacolas feitas de jornal

CONCLUSÕES
Os resultados mostraram que o Projeto Educação Ambiental fez diferença na
escolas trabalhada, no comportamento das crianças e na família dos alunos. Foi visível
para o grupo, a escola e os professores a vontade de mudança nas crianças. O lixo de várias
famílias que antes não eram recolhidos de maneira correta, agora com a parceria da
COOREPA é possível coletar mais materiais recicláveis que provavelmente estariam

3
poluindo o meio ambiente. Além das novas atitudes dos alunos e da escola, que foi a todo
o momento acolhedora, percebe-se que novas consciências foram formadas e a importância
da educação ambiental direcionada às crianças. De modo geral, conclui-se que, por se
tratar de um projeto piloto, os resultados foram positivos, servindo como base para o
planejamento de novas ações.

4
REVITALIZAÇÃO DA TRILHA ECOLÓGICA DO RIO MOCAMBO EM
URBANO SANTOS, MARANHÃO

Área temática: Meio Ambiente


Responsável pelo trabalho: M. CARDOSO
Instituição: Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Autores: M. CARDOSO¹; A.P. MARTINS¹; D. MARINHO¹; H. RIBEIRO¹; A.


FIGUEIREDO¹; A. MARTINS¹; A. MORAIS¹; A. PEREIRA¹; B. FERREIRA¹; C.C.
SARAIVA JÚNIOR¹; D MUNIZ¹; F. SOUSA¹; G. LUZ¹; I. DUTRA¹; J. F. MENDES
JÚNIOR¹; L. NASCIMENTO¹; L. MARTINS¹; M. BONFIM¹; R.A. BRANDÃO¹; R.
BORGES¹; G. AZEVEDO¹²; M.S. DRUMMOND².

¹Programa de Educação Tutorial – PET Biologia, UFMA, [email protected]


²Departamento de Biologia, UFMA

Resumo: A interpretação de áreas naturais tem sido frequentemente desempenhada


através do uso de trilhas que promovam a interação do homem com a natureza, fazendo
com que este possa vivenciá-la numa perspectiva prática. Através da interpretação da
natureza, os processos de sensibilização, conscientização, comprometimento e mudança
de comportamento são potencializados. Este projeto é baseado nesses conceitos e teve
por objetivo a revitalização da Trilha Ecológica do Rio Mocambo para o
desenvolvimento de práticas de educação ambiental em trilha interpretativa. A trilha,
que encontrava-se desativada, foi implantada num fragmento de floresta estacional
semidecídua e de uma mata ciliar que margeia o rio Mocambo, localizado no município
de Urbano Santo, Maranhão. A revitalização ocorreu em três etapas: a elaboração de
conceitos ecológicos e dinâmicas pedagógicas voltadas para a educação ambiental,
mudanças da estrutura física, com a elaboração de placas informativas, colocação de
bancos e limpeza do percurso, e a capacitação de monitores para a trilha. Desta forma,
mesmo concluídas as ações dos idealizadores do projeto, a trilha pode continuar a
receber visitantes, orientados por monitores da própria região.

Palavras-chave: mata-ciliar; trilhas interpretativas; educação-ambiental.


1. INTRODUÇÃO
As matas ciliares desempenham uma função importante na manutenção da
integridade do ecossistema local, representando áreas de preservação de espécies
animais, vegetais e conservação dos recursos naturais (Battilani et al., 2005). Sua
presença está relacionada à manutenção dos processos de troca entre os ecossistemas
terrestres e aquáticos, regulação do microclima e da qualidade da água. Suas
características diferenciadas permitem, ainda, o estabelecimento de um ecossistema
particular que está envolvido com a preservação da biodiversidade local.
Localizada na região nordeste do estado do Maranhão, a mata ciliar do Rio
Mocambo é classificada como floresta estacional semidecídua e de clima sub-úmido. A
preservação do que resta das matas ciliares da região é importante para a preservação de
pelo menos 70 espécies de aves (Azambuja, 2004), sendo considerada por Oliveira et al.
(2003) como área potencialmente relevante para a conservação de mamíferos e, segundo
Rodrigues (2003), área de prioridade muito alta na conservação de anfíbios e répteis.
A interpretação de áreas naturais tem sido frequentemente desempenhada através
do uso de trilhas, que promovem a interação do homem com a natureza (Bendim, 2004).
Como meio de interpretação ambiental, as trilhas visam não somente a transmissão de
conhecimentos, mas também propiciam atividades que revelam os significados e as
características do ambiente por meio do uso dos elementos originais, por experiência
direta e por meios ilustrativos. Através da interpretação da natureza, processos de
sensibilização, conscientização, comprometimento e mudança de comportamento são
potencializados (Bendim, 2004; Lopes, 2004).

2. MATERIAIS E METODOLOGIA
A Trilha Ecológica do Rio Mocambo situa-se na fazenda Santo Amaro, área de
propriedade da Suzano Papel e Celulose, localizada no município de Urbano Santos
(3º12'28''S; 43º24'12''), nordeste do Maranhão. Segundo Figueiredo (2003), a área da
fazenda é composta por um fragmento de mata mesófila semidecídua secundária e pela
mata ciliar do rio Mocambo. A propriedade apresenta ainda áreas abertas, áreas de
plantação de eucalipto e clareiras naturais.
A trilha ecológica foi implantada em 1999 com o objetivo de realizar atividades
de educação ambiental destinadas principalmente aos moradores da cidade, mas
encontrava-se desativada. A fazenda também funciona como área de pesquisa da
Universidade Federal do Maranhão e abriga um centro de triagem de ninhos,
provenientes de processo de resgate da fauna de abelhas nativas, um meliponário-escola
e uma base de pesquisa (figura 1).

Figura 1. Mapa da Fazenda Santo Amaro e da Trilha Ecológica do Rio Mocambo

Foram feitas três visitas de reconhecimento ao local de estudo. Nessas visitas


foram observadas as principais deficiências estruturais da trilha, além de um
levantamento prévio da biodiversidade local. O PET-Biologia/UFMA, buscando
informações essenciais para o desenvolvimento do projeto, participou de um mini-curso
de introdução às trilhas ecológicas, oferecido por um especialista em Educação
Ambiental. Para o embasamento teórico dos temas a serem abordados e das atividades a
serem desenvolvidas, uma ampla revisão bibliográfica dos trabalhos realizados na área
foi feita, além de grupos de discussões sobre o tema. Com o intuito de dar continuidade
ao projeto, um curso técnico de capacitação de monitores foi planejado, tendo
professores e moradores da região como público alvo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a revitalização da Trilha Ecológica do Rio Mocambo, foram realizadas
mudanças na estrutura física, elaboração de conceitos ecológicos e dinâmicas
pedagógicas relacionados à educação ambiental e capacitação de monitores. A trilha foi
pensada para ser visitada por crianças e adolescentes, principalmente. Trabalhos como o
de Seniciato & Cavassan (2004) apontam para a eficácia do uso de trilhas interpretativas
nas questões referentes à educação ambiental para os ensinos fundamental e médio, por
favorecer o desenvolvimento de emoções e sensações que podem auxiliar na
aprendizagem de conteúdos à medida que os alunos recorrem a outros aspectos de sua
própria condição humana, além da razão, para compreenderem os fenômenos.
Antes da revitalização, a trilha iniciava-se no rio Mocambo e percorria um
caminho dentro da mata ciliar e da mata semidecídua, passando por sete largos que
levam o nome popular de algumas espécies vegetais do local (Eucaliptal, Jatobá,
Camaçari, Mirindiba, Sapucaia, Figueira e Pitomba-de-leite). As mudanças no percurso
da trilha incluíram a substituição dos bancos e das placas que já existiam nos largos e a
construção de um gazebo e de novo um largo nas margens do rio, chamado de largo do
rio Mocambo. Foi proposta a inversão do percurso original da trilha, que passou a ser
iniciado no meliponário-escola e terminado no largo às margens do rio, já que ele é a
principal atração cênica-paisagística da trilha (figura 1).
Os temas e as dinâmicas pedagógicas abordados durante o percurso da trilha se
fundamentaram na captação e tradução das informações do meio ambiente, com a
finalidade de obter o resgate do significado e do valor da interação pessoa/paisagem,
para que os valores relacionados à proteção e sensibilização ambiental possam ser
compreendidos, conforme proposto por Guimarães (2004). Durante o percurso, são
levantas questões quanto à degradação e conservação da natureza, meliponicultura,
sustentabilidade, reflorestamento, dentre outros. Abordar temas ecológicos em um
ambiente natural tem sido apontado como uma eficaz metodologia, já que envolve e
motiva crianças e jovens nas atividades educativas. Essa contribuição para a
aprendizagem pode ser decorrência da abordagem menos fragmentada do
conhecimento, possível pela observação dos fenômenos naturais na complexidade e
integralidade com que se apresentam na natureza (Seniciato & Cavassan, 2004)
Como último passo da revitalização, foram selecionados professores e
moradores da região como monitores da trilha. Para isso, foi realizado um curso de
capacitação de monitores pelo grupo PET-Biologia/UFMA, que envolvia atividades
teóricas e práticas. O curso também foi um importante espaço de discussão sobre a
conservação ambiental no município de Urbano Santos, servindo para o
amadurecimento em relação às questões ambientais não só dos os alunos do curso, mas
também dos realizadores. A interação com a comunidade também foi fundamental para
projeto, pelas valiosas informações históricas e culturais da região que foram
incorporadas à trilha.

4. CONCLUSÃO
A revitalização da Trilha Ecológica do Rio Mocambo envolveu não somente
questões relacionadas à educação ambiental, mas também informações históricas e
culturais da região, que foram obtidas a partir do envolvimento da comunidade com a
trilha. A interação com a comunidade foi, então, fundamental para o desenvolvimento e
conclusão do projeto.

5. BIBLIOGRAFIA
AZAMBUJA, A. K.; FERNANDES, F. R. & RODRIGUES, A. A. F. Comparação de
duas comunidades de aves no nordeste do Maranhão. In: Congresso Brasileiro de
Zoologia, 25, 2004. Resumos.... Brasília, 2004.
BATTILANI, J. L.; SCREMIN-DIAS, E. & SOUZA, A. L. T. Fitossociologia de um
trecho da mata ciliar do rio da Prata, Jardim, MS, Brasil. Acta bot. Bras. 19(3): 597-
608, 2005.
BENDIM, B. P. Trilhas Interpretativas como instrumento pedagógico para a educação
biológica e ambiental: reflexões. Universidade Federal de Ouro Preto, 2004.
GUIMARÃES, S. Dimensões da Percepção e Interpretação do Meio Ambiente:
vislumbres e sensibilidades das vivências na natureza, OLAM. Ciência & Tecnologia,
Rio Claro, v. 5, n. 1, p. 202-219, 2004.
LOPES, G.P. Educação ambiental e as trilhas interpretativas da natureza.
Monografia - Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos, São João da
Boa Vista. 2004.
OLIVEIRA, J. A.; GONÇALVES, P. R. & BONVICINO, C. R. Mamíferos da caatinga.
In: I.R. Leal, M. Tabarelli & J.M.C. Silva (eds.). Biodiversidade, ecologia e
conservação da Caatinga. Recife. 275-333.
RODRIGUES, M. T. Herpetofauna da caatinga. In: M. Tabarelli & J.M.C. Silva (eds.).
Biodiversidade, ecologia e conservação da Caatinga. Recife. 181-236.
SENICIATO, T. & CAVASSAN, O. Aulas de campo em ambientes naturais e
aprendizagem em ciências – um estudo com alunos do ensino fundamental. Ciência &
Educação, v. 10, n. 1, p. 133-147, 2004.
RIOS URBANOS: UM NOVO OLHAR

Área Temática: Meio ambiente


Responsável pelo trabalho: FERRAZ, F. S. F.
Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG)
Nome dos Autores: CARDOSO, F. J.1·; IMPERADOR, A.2; SOUZA, A. D. G. 3;
GONÇALVES, V. A. 4; FERRAZ, F. S. F. 5

Resumo
Os ambientes fluviais são espaços com características físico-ambientais importantes,
interagindo com diversos processos naturais que ocorrem em nosso planeta. Entretanto,
com a urbanização, é comum a sua degradação, resultando no afastamento físico, social e
cultural da população em relação aos rios e córregos urbanos. Neste sentido, este projeto
visa disseminar o conhecimento científico e técnico em relação à dinâmica da água no
meio urbano e os impactos decorrentes do processo de urbanização, sensibilizando e
capacitando indivíduos e grupos sociais da importância da conservação, preservação e
recuperação dos ambientes fluviais. Realizado em parceria com a Secretaria Municipal de
Educação da Prefeitura de Poços de Caldas e a Emater-MG, o projeto tem como principal
linha de ação o desenvolvimento de atividades de educação ambiental com alunos da rede
pública de forma interativa e dinâmica. O projeto se desenvolve em duas etapas. Na
primeira, são apresentados os conceitos relativos à temática do projeto a partir dos quais os
alunos levantam questões negativas, positivas e contribuições pessoais com relação ao uso
sustentável d‟água e selecioná-las a fim de compor as casas de um Jogo de Tabuleiro
denominado “Uso Sustentável d‟Água”. Além disso, elaboram as regras e ilustrações para
cada uma das casas do jogo. Já, na segunda etapa, os alunos utilizam o jogo e realizam uma
visita monitorada a um ponto de um curso d´água próximo a escola. Ao final das

1
Coordenador do projeto de extensão;
2
Co-Coordenadora do projeto de extensão;
3
Co-Coordenador do projeto de extensão;
4
Parceira do projeto de extensão;
5
Bolsista do projeto de extensão.
atividades, é possível observar que a metodologia contribui para assimilação dos conceitos
ambientais.

Palavras-chave: água; educação ambiental; ensino fundamental.

Introdução
O ambiente fluvial estabelece diversas interações ecológico-funcionais, dando
suporte para o desenvolvimento de diferentes espécies da fauna e flora. A sua preservação
e conservação contribui também para a melhora do microclima e da paisagem. Porém,
apesar da importância destas áreas, é recorrente no processo de urbanização a sua
degradação, acarretando na sua desvalorização e no consequente afastamento da
população.
A cidade de Poços de Caldas possui a sua história de formação associada à água, em
especial as fontes hidrotermais. Porém, apesar da existência deste importante recurso, é
comum a ocupação inadequada de margens e encostas, principalmente no período de
expansão após a década de 80. Segundo MORETTI (2000), o crescimento da população
das cidades e o maior volume e toxicidade dos resíduos gerados ampliaram o desrespeito e
trouxeram a morte para muitos rios em todo o planeta.
Neste contexto, a inserção de temas e conceitos ambientais pode colaborar para a
reavaliação de valores e atitudes, de caráter individual e coletivo. O conhecimento
contribui para aumentar a percepção e provocar a uma nova consciência nas relações entre
o ser humano, a sociedade e a natureza, além de incentivar a busca por soluções para
problemas ambientais locais e nacionais.
Como local para o desenvolvimento das ações do projeto foi adotada, inicialmente, a
Escola Municipal Washington Luís. Esta instituição apresenta-se localizada na Bacia do
Córrego Vai e Volta e atende cerca de 500 alunos do ensino fundamental (5° ao 9° ano)
provenientes de bairros, predominantemente, de classe média do município de Poços de
Caldas-MG. Está bacia possui desde trechos preservados até setores extremamente
impactados pela ocupação urbana, o que de acordo com GRANZIERA (2001) pode ser
caracterizado como uma forma de ocupação em desrespeito à lei.
O Processo Educativo que tomamos como base para este projeto tem como premissa
o diálogo e a troca de experiências, respeitando às especificidades individuais e coletivas,
assim como cultura e as condições ambientais do entorno. A participação e a integração
dos participantes são fomentadas, construindo competências nos indivíduos para uma
atuação responsável em relação ao Meio Ambiente.
A apresentação conceitual reforçada pelo elemento lúdico representado pelo jogo
“Uso sustentável da água” torna-se uma importante ferramenta para que os conceitos e
ações sejam explorados em sua totalidade e multidisciplinaridade, trazendo assuntos atuais,
dicas e tudo o que há de mais moderno em proposta de Educação Ambiental. Os alunos
participaram ativamente da criação e produção do jogo, possibilitando o domínio desta
ferramenta. Desta forma, oferecemos um produto acessível, agradável e de qualidade e
ainda, permanente, que poderá ser reutilizado em outras séries por anos consecutivos, pois
todo o material utilizado na atividade passa a pertencer à escola parceira.
Neste sentido, o presente projeto de extensão tem por objetivo disseminar o
conhecimento científico e técnico em relação à dinâmica da água no meio urbano e os
impactos decorrentes do processo de urbanização, sensibilizando e capacitando indivíduos
e grupos sociais da importância da conservação, preservação e recuperação dos ambientes
fluviais.

Material e Metodologia
A metodologia deste trabalho contempla ações de educação ambiental voltadas
para alunos da rede pública municipal. As atividades do projeto foram divididas em duas
etapas e desenvolvidas com os alunos do 8°ano da Escola Municipal Washington Luís. Foi
feita uma seleção prévia, por parte dos professores da instituição, de 9 alunos de cada
turma do oitavo ano, totalizando 27 alunos. Posteriormente, estes farão o papel de
multiplicadores, realizando a dinâmica com os demais alunos da escola, além de
disseminar o conhecimento e sensibilizar pais, parentes e demais componentes de suas
relações pessoais. Para a realização das mesmas, contou-se com a colaboração do grupo de
extensão Universidade Sustentável, da Universidade Federal de Alfenas.
Na primeira etapa foi realizada uma dinâmica que promoveu a integração do grupo.
Feito isso, com o auxílio de banners, foram apresentados os conceitos relativos à temática
do projeto e as características da bacia hidrográfica na qual a escola está inserida.
Compreendidos tais conceitos, foram levantadas pelos alunos diversas questões negativas,
positivas e contribuições pessoais com relação ao meio ambiente. Dentre elas, foram
escolhidas pelos próprios alunos 10 questões de cada, que se tornaram a base para a criação
de um Jogo de Tabuleiro denominado “Uso Sustentável d‟Água”. Estas questões foram
avaliadas pela turma e conforme o entendimento do grau de relevância teve-se a
determinação de uma respectiva regra. Por fim, os alunos fizeram desenhos referentes aos
temas discutidos por eles.
Na segunda etapa, os desenhos e as regras definidas anteriormente, foram
organizados para que os alunos pudessem fazer uso do jogo. Além de proporcionar muita
diversão, este traz consigo informações importantes com relação à água e ao meio
ambiente de modo geral.
O jogo em questão é, basicamente, constituído por 31 casas com dimensões de uma
folha A4 (21 x 29,7 cm) e um dado de pano cuja aresta possui cerca de 15 cm. O “peão”,
neste caso, é o próprio jogador. Vence o jogo o participante que chegar ao fim primeiro,
desde que este obedeça todas as exigências realizadas pelas casas anteriores.
Outra atividade desenvolvida nessa segunda etapa foi a realização de uma visita
monitorada de um curso d‟água, próximo a escola, da bacia em estudo. A partir dessa visita
os alunos registraram suas observações em uma planilha, com itens relativos às
características do rio e do ambiente ao seu redor. Os monitores coletaram uma amostra de
água desse rio e realizaram a análise da quantidade de oxigênio dissolvido na mesma, além
do seu pH. Por fim, os alunos responderam a um questionário de avaliação do projeto.

Resultados e Discussões
Os banners foram importantes para subsidiar a participação dos alunos na criação do
jogo de tabuleiro „”Uso Sustentável d‟água”. Os alunos definiram os temas, regras e
ilustrações do jogo, contemplando informações importantes em relação à água e ao meio
ambiente de modo geral. O jogo foi organizado e doado a escola para seja utilizado
posteriormente pelos alunos participantes, que farão papel de multiplicadores do
conhecimento adquirido.
Nas observações registradas na planilha de campo, pode-se constatar o quão
proveitosa foi esta atividade, principalmente com relação ao aprendizado que tiveram sobre
a análise da qualidade d‟água. “O rio presente em vista da cidade não está tão poluído”,
citação de um aluno da escola em relação ao córrego Vai e Volta.
Nas respostas dadas no questionário de avaliação do projeto, tornaram-se evidentes
os pontos positivos e negativos do trabalho. Quanto aos positivos, destacam-se: o conteúdo
(interessante e de fácil compreensão), a conscientização em vista do assunto abordado, a
diversão proporcionada (em especial, pelo jogo), o aprendizado e o contato com situações
inovadoras. Já, com relação ao negativo, tem-se o curto período de duração das ações do
projeto na escola.
Conclusões
O desenvolvimento desta proposta possibilita a aproximação da Universidade com
os problemas vivenciados pela comunidade local, contribuindo para desencadear ações que
promovam mudança de posturas e melhorias ambientais e paisagísticas nas bacias
hidrográficas.
Em vista disso, a compreensão da situação sócio-econômica e físico-ambiental é
importante para produzir, de forma sustentável, conhecimento e decisões que contribuam
com a conservação, preservação e recuperação das bacias hidrográficas urbanas do
município de Poços de Caldas. Além dos benefícios para a população, este projeto
contribui para a formação de profissionais mais conscientes e preparados para enfrentar os
desafios ambientais, sociais, culturais e econômicos, desenvolvendo habilidades e
competências para ações em prol da sustentabilidade ambiental urbana.
O projeto pôde contribuir para uma mudança de percepção dos alunos quanto à
dinâmica dos cursos d‟água e do meio ambiente, contextualizando os problemas em
relação à realidade vivenciada. Tal fato se dá em decorrência do que compreenderam, tanto
com as atividades práticas, quanto com as teóricas.
Além disso, o caráter lúdico das atividades contribuiu para a interação e
envolvimento dos alunos. Espera-se que continuem com o mesmo empenho quando se
tornarem dispersores desse conhecimento.
Na continuidade do projeto há previsão de realização das ações em outras escolas
da rede pública de Poços de Caldas-MG, aperfeiçoando e ampliando o alcance do mesmo.

Referências Bibliográficas
GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito de Águas: disciplina jurídica das águas
doces. São Paulo: Atlas, 2001.

MORETTI, Ricardo de Souza. Terrenos de fundo de vale- conflitos e propostas. téchne.


São Paulo: PINI, 9 (48): 64-67, 2000.

_______________________. Urbanização de terrenos situados a rios, córregos e fundo de


vale – conflitos e propostas. Campinas: PUC-Campinas, 2000b.
SOLUÇÕES INDIVIDUAIS PARA TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE
ESGOTOS DOMÉSTICOS: APLICAÇÃO DE SISTEMA DE TANQUES
SÉPTICOS CIRCULARES DE CÂMARAS EM SÉRIE DE BAIXO CUSTO NO
MUNICÍPIO DE CURIONÓPOLIS/PA

Área Temática: Meio Ambiente

Responsável: Thiago Bressani Ribeiro


Instituição: Universidade Fumec
Autores: Thiago Bressani Ribeiro1; Daniel Pires Oliveira2

RESUMO

O Projeto Rondon é uma iniciativa do Ministério da Defesa que envolve a participação


voluntária de universitários na busca de soluções para o desenvolvimento sustentável de
comunidades carentes. O município selecionado para atuação da Universidade FUMEC foi
Curionópolis/PA, marcado pelos impactos ambientais da exploração minerária, bem como
pelos baixos índices de desenvolvimento humano. Entre as linhas de atuação da equipe de
universitários estavam ações de saneamento voltadas à implantação de sistemas de tanques
sépticos, cujo objetivo é a preservação da saúde pública e ambiental, a higiene, o conforto
e a segurança dos habitantes das áreas onde tal sistema foi instalado. A proposta buscava
estimular as lideranças comunitárias locais quanto à adoção de fossas sépticas em
detrimento da construção de fossas rudimentares ou negras, potencializando o caráter
multiplicador das informações repassadas. As ações praticadas no município reforçam a
constatação da necessidade do planejamento urbano e investimento em infra-estrutura de
saneamento básico, sobretudo em localidades em processo de expansão, como forma de
minimizar os impactos sócio-ambientais do crescimento urbano.

Palavras-Chave: saneamento, Projeto Rondon, esgotamento sanitário

1
Graduando Engenharia Ambiental pela Universidade FUMEC, participante do Projeto Rondon – Operação
Carajás 2011

2
Graduando Engenharia Ambiental pela Universidade FUMEC, participante do Projeto Rondon – Operação
Carajás 2011
Introdução

A Universidade Fumec foi escolhida para integrar uma ação a partir do Projeto
Rondon, programa do Ministério da Defesa que tem como objetivo envolver estudantes
universitários nas áreas com maior carência do país. Selecionada para agir em
Curionópolis, no Pará, a Universidade Fumec se baseou principalmente em medidas
educativas e projetos de infraestrutura urbana.

Nessa perspectiva, desenvolveram-se ações de saneamento na cidade pautadas pela


implantação de sistemas de tanques sépticos, cujo objetivo é a preservação da saúde
pública e ambiental, a higiene, o conforto e a segurança dos habitantes das áreas onde tal
sistema foi instalado.

Como um grande objetivo da participação universitária no Projeto Rondon, a


execução da montagem do sistema de tanques sépticos com o auxílio da comunidade local
traduz-se em eficácia na transmissão do conhecimento, auxiliando na consolidação e
perpetuação das ações realizadas no município.

Material e Metodologia

A equipe selecionada para compor a ação teve como integrantes seis alunos de
Engenharia Ambiental, um de Administração e um de Jornalismo. Pensando em uma maior
eficiência nos trabalhos, ocorreu a divisão da equipe em grupos, nos quais duplas se
aprimoraram em assuntos específicos para uma aplicação mais objetiva.

Quando da chegada ao município, em um primeiro momento, reuniram-se com a


equipe os secretários de obras, de planejamento urbano e de meio ambiente. Os tópicos
descritos a seguir sumarizam as definições tomadas pelo grupo de Rondonistas
responsáveis pelas ações de saneamento em acordo com os secretários municipais:

 Busca de materiais alternativos, como por exemplo, bombonas reutilizáveis a


serem aplicadas como tanque séptico, visando garantir a aplicabilidade do
projeto à realidade do local;
 Seleção dos locais de instalação do sistema de esgotamento sanitário em função
de condicionantes técnicas, a saber, análise da profundidade do lençol freático a
partir de diagnóstico baseadas na topografia local e inferência do coeficiente
médio de permeabilidade do terreno a partir da identificação tátil-visual do solo
local;

2
 Atuação na captação de líderes comunitários para atuação como
multiplicadores.

A seguir apresenta-se a descrição dos materiais utilizados para a construção dos


tanques sépticos adaptados às condições locais, em vista dos recursos disponíveis, assim
como da situação emergencial do município:

03 tambores plásticos de 300 litros; 12 a 15 metros de tubo de PVC de 100 mm; 03


joelhos de PVC de 100 mm; 01 tê de PVC de 100 mm; 01 tubo de silicone de PVC de 280
ml; 01 flange de PVC de 40 mm; 02 metros de tubo de PVC de 40 mm; 01 joelho de PVC
de 40 mm; 0,5 m³ de brita nº 03

Em orçamentos realizados no município verificou-se o valor médio de R$ 358,00


para aquisição de todos os materiais acima listados, evidenciando o baixo custo quando em
comparação aos sistemas tradicionais de fossas rudimentares, que além de não se
configurarem como solução para o tratamento dos efluentes domésticos, apresentam custo
superior de material.

Resultados e Discussões

Os sistemas de tanques sépticos são classificados como nível de tratamento


primário e biológico (VON SPERLING, 1996) e uma vez que tais sistemas foram
utilizados sem unidade complementar de tratamento, pode-se esperar uma eficiência na
remoção de DBO – demanda bioquímica de oxigênio na ordem de 35% a 65% (FUNASA,
2006).

Considerando o diagnóstico socioeconômico realizado no município de


Curionópolis por meio dos levantamentos estatísticos do IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística pode-se determinar que a classificação geral das residências do
município enquadra-se em “padrão baixo”, conforme a norma ABNT-NBR 7229/1993.

Dessa forma, considerando-se: i) uma média de 6 habitantes por residência; ii)


tempo de detenção ideal, conforme preconizado pela ABNT – NBR 7.229/1993, de 1,00
dias; iii) um intervalo de limpeza de 1 ano e a temperatura do mês mais frio superior a
20ºC ; iv) coeficiente K , definido por norma, igual a 57, temos que o volume do sistema
deve ser:

V = 1000 + 6 (100.1+57.1); Logo, V = 1942 litros

3
Em função da situação precária em relação ao esgotamento sanitário na qual o
município de Curionópolis se encontra, e tendo em vista a baixa disponibilidade de tempo
e recursos financeiros da equipe de Rondonistas, decidiu-se por utilizar um sistema de
tanques sépticos de menor capacidade, o que seria justificado também devido: i) o fato do
sistema receber apenas contribuições advindas de bacias sanitárias (águas negras); ii) As
águas cinzas (provenientes de lavabos e chuveiro) são desviadas para um sistema que
regulariza vazões e retém sólidos em suspensão, com posterior infiltração e percolação em
valas, no intuito de reduzir a contribuição ao sistema de tanques sépticos, o que auxilia no
adequado tempo de detenção hidráulica e permite manutenções mais espaçadas, que
ocorreriam anualmente. Esta segregação de efluentes é possível uma vez que as águas
residuárias provenientes do lavabo do banheiro possuem menor carga orgânica
(RAPOPORT, 2004) e vazão, podendo ser encaminhadas à infiltração em valas sob leito
de brita.

Figura 1 - Implantação do tratamento de efluentes


Fonte: Os Autores, 2011

A montagem dos sistemas de tratamento foi organizada em formato de “Dia de


Campo”, seguindo orientações de uma cartilha explicativa desenvolvida para a população,
de modo a envolver a comunidade no processo de instalação dos equipamentos,
abrangendo todas as etapas, desde a abertura de cavas e valas até a interligação final da
bacia sanitária aos tanques sépticos.

Dessa forma, nas três instalações realizadas no município, primeiramente realizou-


se uma breve palestra a respeito do mecanismo de tratamento de esgotos domésticos por
meio de fossas sépticas, bem como os procedimentos básicos para se garantir o seu correto
funcionamento e manutenção, a saber: Evitar o uso de desinfetantes na assepsia da bacia

4
sanitária, visando não prejudicar a flora microbiana dos tanques, passando-se então ao uso
de álcool 70%; e evitar lançar papel higiênico na tubulação, o que compromete o volume
útil de tratamento e adianta os prazos de manutenção.

Conclusão

Tomando por base os sistemas implantados, acredita-se que possíveis intervenções


incrementariam o nível de tratamento e a conseqüente segurança sanitária da comunidade,
como por exemplo, a instalação de filtros anaeróbios após os tanques sépticos.

A conscientização das lideranças comunitárias e do poder público local a respeito


dos benefícios dos tanques sépticos de baixo custo são fundamentais para que as fossas
rudimentares deixem de ser construídas.

Por fim, tem-se que a universalização do acesso, como princípio fundamental das
diretrizes nacionais para o saneamento básico deve ser uma preocupação dos municípios
brasileiros e neste contexto, a atuação dos Rondonistas funcionou como fomento à tomada
de ação.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7229 - Projetos de


tanques sépticos. Rio de Janeiro, 1993.

BRASIL. Lei Nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o


saneamento básico e dá outras providências.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional de


Saneamento Básico. Rio de Janeiro, 2010.

FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Manual de Saneamento. Brasília, 2006.

RAPOPORT, B. Águas Cinza: Caracterização, Avaliação Financeira e Tratamento


para Reuso Domiciliar e Condominial. Rio de Janeiro, 2004.

VON SPERLING, M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. Vol. 2.


Princípios básicos do tratamento de esgotos. Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental – UFMG, 1996. 211 p.

5
TRATAMENTO DE ESGOTO POR ZONA DE RAIZES: RELATOS DE UMA
EXPERIENCIA VIVENCIADA NUMA ESCOLA RURAL NO MUNICIPIO DE
CAMPOS NOVOS/SC
Eduardo Bello Rodrigues¹; Flávio Rubens Lapolli²; Mônica Aparecida Aguiar dos Santos³; Dirceu
Scaratti⁴

¹Engenheiro Sanitarista. Mestrando em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
²Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (UFSC). Doutor em Hidráulica e Saneamento
pela Universidade de São Paulo e Universidade de Montpellier II (França).
³Professora Adjunta do Departamento de Engenharia Rural (UFSC). Doutorado em Engenharia Agrícola pela
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
⁴Professor da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC). Doutorado em Engenharia de Produção (UFSC).

Endereço¹: Ruas Caetano Carlos, 466 CEP: 89620-000 Fone: 49-35410844 Campos Novos/SC e-
mail: [email protected].

Área temática: Meio Ambiente


Responsável pelo trabalho: Eduardo Bello Rodrigues
Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

RESUMO
Um dos maiores problemas ambientais observado na zona rural brasileira é a falta de
sistemas de tratamento de efluentes sanitários adequados a realidade dessas comunidades.
O sistema de tratamento através da zona de raízes possibilita adequar-se as condições
locais devido ao seu baixo custo de implantação e manutenção, possibilidades de
aproveitar os recursos locais como plantas nativas e materiais alternativos para a
construção do filtro, além de evitar equipamentos elétricos para a aeração e condução do
tratamento dos efluentes. Nesse sentido o presente trabalho teve como objetivo principal
implantar e avaliar um sistema de tratamento de efluentes sanitários do tipo zona de raízes
e utilizá-lo como instrumento de educação ambiental numa escola rural do municipal de
Campos Novos/SC. O sistema foi implantado segundo os princípios da pesquisa-ação,
envolvendo as crianças da escola e a comunidade local, desde a sua construção até a sua
operação e manutenção. A eficiência do sistema implantado em termos de remoção de
DBO, DQO, NH₄, PO₄ e coliformes termotolerantes foram respectivamente: 73,4%,
80,6%, 73,4% e 62%. A partir dos resultados obtidos pode-se verificar que o sistema de
zona de raízes é bastante eficiente para o tratamento de efluentes sanitários em
comunidades rurais e uma excelente oportunidade de participação dos envolvidos na
solução de seus problemas ambientais.

Palavras-chave: zona de raízes, educação ambiental, tratamento de efluentes sanitários.

INTRODUÇÃO
Atualmente, frente aos grandes problemas relacionados à falta de esgotamento
sanitário, várias tecnologias vêm sendo desenvolvidas e implementadas com vistas a
instaurar modelos viáveis para os diversos casos que carecem desses sistemas.
Quanto à natureza do atendimento, a Pesquisa Nacional em Saneamento Básico-
PNSB (IBGE, 2008) informa que a média brasileira é de 55% de municípios com coleta de
esgotos e desses apenas 51% tratam seus esgotos sendo o restante despejado em rios e
córregos.
Na zona rural, o déficit é de 97% para coleta de esgoto, sendo esta situação
agravada porque 38% das pessoas não possuem sanitários em suas residências e cerca de
50% fazem uso de fossas negras, que poluem o solo, atraem insetos e exalam mau cheiro.
(PNAD, 2006).
Este cenário é a realidade de grande parte da população da zona rural dos países em
desenvolvimento. Para alterar este quadro tem-se desenvolvido tecnologias apropriadas
para o tratamento de esgoto, com baixo consumo energético e custo de implantação e de
fácil operação e manutenção. O enfoque não tem sido apenas para as questões técnicas,
mas segundo Philippi (2007), tem sido frequente nas conferências da Internacional Water
Association – IWA, a discussão sobre as questões relacionadas à sustentabilidade da gestão
da água e conceitos de descentralização.
As ações técnicas para o saneamento básico esbarram sempre na não
sustentabilidade das tecnologias implantadas pela falta de políticas públicas focadas na
socialização dos conhecimentos de forma interativa, através de uma pedagogia
educacional, voltada para a importância da preservação ambiental. (THIOLLENT, 2005;
SANTOS, 2004).
O sistema de tratamento através da zona de raízes possibilita adequar-se as
condições locais devido ao seu baixo custo de implantação e manutenção, possibilidades
de aproveitar os recursos locais como plantas nativas e materiais alternativos para a
construção do filtro, além de evitar equipamentos elétricos para a aeração e condução do
tratamento dos efluentes.
A troca de informação contínua entre os pesquisadores e a população local, a
serem beneficiados com uma nova tecnologia, especificamente para o tratamento de
esgotos, possibilita um intercâmbio que é considerado tão importante quanto o
desenvolvimento da própria tecnologia, pois é nesta ação preliminar que se vai determinar
o sucesso ou fracasso da aplicação dessa nova tecnologia (VAN KAICK ET AL, 2008).
Neste sentido realizou-se o presente trabalho cujo objetivo principal foi o de buscar
a solução para o tratamento de efluentes sanitários através do sistema de zona de raízes
numa escola rural no município de Campos Novos/SC procurando envolver alunos e
comunidade local na solução do problema ambiental vivenciado.

MATERIAL E METODOLOGIA
O sistema de zona de raízes foi construído na Escola Municipal André Rebouças,
localizada no distrito da Barra do Leão, município de Campos Novos/SC, que atende cerca
de 190 alunos distribuídos em dois turnos. A produção de esgoto foi estimada em 4.750
litros diários, considerando uma produção de cerca de 25 litros/aluno xdia. Foram
construídos dois módulos, com área superficial de 77m² cada um. Uma unidade recebeu,
além do material filtrante composto por areia lavada, plantas nativas da espécie typha
domingensis conhecidas popularmente como “taboa” e a outra recebeu apenas o material
filtrante, uma vez que somente será utilizada após a colmatação da unidade em
funcionamento. A Figura 1 mostra o sistema de zonas de raízes concluído.
Figura 1 Sistema de zonas de raízes concluído.

Visando o acompanhamento da eficiência do sistema implantado foram realizadas


sete análises mensais no laboratório da Universidade do Oeste Catarinense – Campus de
Videira/SC. Os parâmetros analisados foram: DBO, DQO, PO₄, NH₄ e coliformes
termotolerantes.
Previamente à instalação do sistema foram realizadas várias reuniões com a
comunidade local, professores e funcionários da escola, secretario da educação e prefeito
municipal. O objetivo dessa fase exploratória foi divulgar o princípio técnico básico do
sistema para os envolvidos e discutir cada etapa de implantação para que houvesse total
anuência, tanto no tipo de tratamento quanto no melhor local para a sua implantação.
A partir da aprovação da proposta de tratamento pelos envolvidos partiu-se para
apresentação do sistema para os alunos.
Esta apresentação aconteceu através de um encontro com os escolares quando foi
possível ouvir suas demandas quanto à necessidade de tratar o esgoto produzido na escola
que os impedia de desfrutar do espaço escolar para brincadeiras, devido ao forte odor
exalado pelos resíduos que se espalhavam por todo o pátio.
Durante a execução do sistema e após o inicio de usa operação foram realizadas
diversas oficinas de educação ambiental, destacando os fenômenos ambientais alusivos ao
sistema zona de raízes.
A Figura 2 mostra os alunos participando da implantação do sistema a partir do
plantio das mudas de “taboa”.

Figura 2 Plantio das mudas de “taboa” pelos alunos


Para a aplicação das didáticas de educação ambiental foi aconselhado pelos
professores que se trabalhasse com a turma do sexto ano, composta por 21 alunos entre 10
e 11 anos visando uma melhor avaliação da evolução cognitiva do grupo.
O acompanhamento e registro das evidências foram realizados através de registros
fotográficos, aplicação de questionários, anotações de campo e entrevistas.
O Quadro 1 apresenta o resumo cronológico das atividades executadas durante a
execução do projeto.

Quadro 1. Resumo cronológico das atividades executadas no período do projeto.

Processo Período Meios

Apresentação da proposta de trabalho; definição do Março a Abril/2010 Primeira visita à Escola André Rebouças; exposição do
local de implantação projeto à comunidade, funcionários da escola, secretário
da educação e prefeito municipal.

Reconhecimento da área Maio a Junho/2010 Levantamento de mapas; avaliação do perfil geológico


e hidrológico da região, levantamento de dados de
saneamento do distrito, diagnóstico do sistema sanitário
da escola, avaliação do perfil dos alunos.

Definição do local e tipo de tratamento a ser Agosto/2010 Discussão com funcionários da escola e comunidade
utilizado local; exposição das plantas do projeto; esclarecimento
de dúvidas.

Início das obras Agosto/2010 Compra de materiais, escavação dos tanques,


acompanhamento dos alunos e da comunidade na
implantação do sistema.

Início de funcionamento do sistema Setembro/2010 Finalização da obra e ligação do esgoto da escola ao


sistema Zona de raízes.

Dinâmicas de educação ambiental Fevereiro a Junho/2011 Oficinas de educação ambiental

Inauguração oficial do sistema Junho/2011 Divulgação do sistema para a comunidade em geral;


presença de autoridades públicas e representantes da
sociedade civil.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
A eficiência do sistema implantado em termos de remoção de DBO, DQO, NH₄,
PO₄ e coliformes termotolerantes foram respectivamente: 73,4%, 80,6%, 73,4% e 62%. A
partir dos resultados obtidos pode-se verificar que o sistema de zona de raízes é bastante
eficiente para o tratamento de efluentes sanitários em comunidades rurais e uma excelente
oportunidade de participação dos envolvidos na solução de seus problemas ambientais.
A partir de uma avaliação das didáticas de educação ambiental verificou-se um
incremento na percepção dos alunos quanto aos problemas vivenciados em sua
comunidade.
Os conteúdos ministrados foram aproveitados nas aulas de Ciências propiciando
um melhor entendimento dos conceitos envolvidos nos processos de tratamento do esgoto.

CONCLUSÃO
A implantação de tecnologias compatíveis com as condições ecológicas, sociais,
econômicas e culturais, traz importantes resultados para a sustentabilidade de um sistema,
pois o envolvimento da comunidade nas principais decisões incrementa a cidadania dos
envolvidos e consequentemente a responsabilidade de manterem um empreendimento de
posse da comunidade, pois o reconhece como parte integrante do ambiente natural e social,
qualidade de vida e desenvolvimento sustentável.

REFERÊNCIAS
PHILIPPI, L.S. Saneamento Descentralizado: Instrumento para o Desenvolvimento
Sustentável. Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental,2007.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação.14.ed. aumentada. São Paulo: Cortez,


2005a.

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2006) – PNAD. Disponível em:


<www.ibge.com.br>. Acesso em 27 de novembro de 2010.

SANTOS, Rita Silvana Santana. Saneamento e educação ambiental: a experiência do


programa Bahia azul nas escolas. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Ambiental, UFSC. Florianópolis, 2004.

KAICK, T. S. V, MACEDO, C. X. e PRESZNHUK, R. A. Jardim Ecológico – Tratamento


de esgoto por Zona de Raízes: Análise e Comparação da Eficiência de uma Tecnologia de
Saneamento Apropriada e Sustentável. In: VI Semana dos Estudos da Engenharia
Ambiental. 12p. Junho, 2008.

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico: 2008/IBGE, Coordenação de População e


Indicadores Sociais. – Rio de Janeiro: IBGE, 2010. 222p
UM EVENTO TRADICIONALISTA DO RS COMO ESPAÇO PARA A PRÁTICA
DA EDUCAÇÃO E DA RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Área Temática: Meio Ambiente

Simone Barbieri
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Sérgio Rossi Madruga1; Lúcia Rejane da Rosa Gama Madruga2; Simone Barbieri3; Lauren
Dal Bem Venturini4

Resumo
O Projeto relatado neste caso é resultado de uma parceria entre a Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM), a Associação Tradicionalista Estância do Minuano e empresas
locais, para desenvolver ações de responsabilidade socioambiental. As ações ocorrem
durante o Rodeio Internacional do Conesul em Santa Maria/RS, que reúne cerca de 1.200
laçadores, 2.500 acampados e 25.000 visitantes. Envolvem-se nas ações os integrantes da
entidade, professores, alunos da UFSM, voluntários, empresas e uma entidade educativa
sem fins lucrativos. Por meio da metodologia de pesquisa-ação, são realizadas ações como:
educação e conscientização socioambiental; preservação ambiental; tratamento adequado
dos resíduos; e a inclusão social de famílias em situação de risco. Nas suas quatro edições
(2008, 2009, 2010 e 2011), o Projeto atingiu resultados como a sensibilização do público
quanto aos problemas sociais e ambientais da atualidade; a destinação adequada de mais de
duas toneladas e meia de resíduos coletados durante o evento; a inclusão social e o retorno
financeiro para as famílias que participam do projeto; e a aproximação de acadêmicos de
administração e ciências contábeis com a vivência de uma ação de responsabilidade
socioambiental.
Palavras-chave: Meio Ambiente, Conscientização, Responsabilidade Socioambiental.

1
Docente Prof. Ms. Sérgio Rossi Madruga Departamento de Ciências Contábeis - UFSM – e-mail:
[email protected]
2
Docente Profª. Drª. Lúcia Rejane da Rosa Gama Madruga - Departamento de Ciências Administrativas -
UFSM
3
Acadêmica Simone Barbieri - Curso de Ciências Contábeis - UFSM
4
Acadêmica Lauren Dal Bem Venturini - Curso de Ciências Contábeis - UFSM.
Introdução
A sociedade atual vive um momento de intensa reflexão sobre a forma como vem
tratando a natureza e sobre conseqüências como a influencia no clima e nos demais
elementos do ecossistema terrestre. Diante disso, ao desenvolver qualquer atividade seja
ela de natureza prioritariamente produtiva, social, cultural ou de lazer, é preciso rever o
enfoque meramente econômico com que estas ações são planejadas. Outras dimensões
precisam ser incorporadas, como as dimensões ambiental e social.
Inserido neste contexto e procurando atender os eixos social e ambiental do
Programa de Ações Estratégicas Sustentáveis (PROAÇÕES), este projeto tem suas ações
alicerçadas no seguinte objetivo geral: desenvolver uma ação socioambiental durante o
Rodeio Internacional do Conesul e nos demais eventos da Associação Tradicionalista
Estância do Minuano tendo em vista a educação, a preservação ambiental e a
responsabilidade social da entidade. Para alcançar o objetivo maior traçaram-se os
seguintes objetivos específicos: desenvolver ações de educação socioambiental para os
diversos públicos envolvidos no rodeio; buscar a preservação ambiental; melhoria da
qualidade do ambiente da Associação, tendo como foco o tratamento adequado dos
resíduos gerados pelo evento; promover a inclusão social de famílias em situação de risco;
desenvolver ações de cunho socioambiental voltadas para o grupo de famílias que fazem
parte do projeto, tendo em vista a possibilidade de geração de renda.

Material e Metodologia
O trabalho relatado amparou-se metodologicamente no estudo de caso (YIN, 2005)
e na pesquisa-ação, indicada para estudos de natureza intervencionista (THIOLLENT,
1985). Um dos principais objetivos dessa metodologia é “dar aos pesquisadores e grupos
participantes os meios de se tornarem capazes de responder com maior eficiência aos
problemas da situação em que vivem, em particular sob a forma de diretrizes de ação
transformadora” (THIOLLENT, 1985, p. 8). Todos esses argumentos indicam que esse
método se identifica com o estudo ora proposto. Os passos foram adaptados de Thiollent
(1985), Moscovici (1999) e Cohen e Fink (2003) e incluem: definição do problema, coleta
de dados, diagnóstico, ação e avaliação. A seguir, têm-se as ações em etapas e os diversos
procedimentos utilizados para compor o escopo do projeto:
- Educação Ambiental: elaboração de material instrucional (panfletos, cartazes, faixas);
sensibilização do público e acampados; pesquisas com o público e acampados;
envolvimento dos alunos da UFSM como parte de seu processo de formação;
- Preservação do Meio Ambiente: separação e coleta seletiva dos resíduos produzidos
durante o evento; condução dos materiais coletados para venda em locais apropriados;
- Inclusão Social: seleção, capacitação e orientação das pessoas envolvidas com as ações
diretas de coleta, separação e venda do material; captação de recursos junto aos parceiros e
instituições de fomento;
- Infra-estrutura físico-financeira: transporte e acampamento; material, equipamentos de
proteção individual e instrumentos de trabalho.

Resultados e Discussões
O Rodeio Internacional do Conesul é um evento de grande porte e importância
para o tradicionalismo no Rio Grande do Sul. O evento em sua 17ª edição (2011), tem
como principal foco a atividade do tiro de laço associada à promoção cultural das tradições
gaúchas. Movimenta um grande número de pessoas entre o público de visitantes (em torno
de 25.000); os laçadores (em torno de 1.200); e os acampados (em torno de 2.500).
A seguir estão apresentados os resultados das quatro edições do evento (2008,
2009, 2010 e 2011), além das atividades desenvolvidas durante esse período e que
envolveram os integrantes do projeto, especialmente as famílias em situação de risco.

Eixo Educacional
A educação ambiental representa a interface entre todas as outras dimensões, uma
vez que o projeto objetiva alcançar mudanças comportamentais e atitudes mais proativas
das pessoas em relação às questões socioambientais, procurando repassar informações e
promover a sua conscientização. A cada evento a educação ambiental ocorre por meio de
material educacional, como: panfletos, faixas, sensibilização para a separação do lixo seco
e orgânico, pesquisa sobre a consciência ambiental dos participantes e abordagem direta do
público.
Na edição de 2010, aplicou-se uma pesquisa com intuito de realizar um
levantamento sobre a percepção do público com relação à preservação ambiental.
Nas questões específicas, 70% dos acampados declararam conhecer o projeto.
Quanto à importância do projeto, 77,5% declararam ser muito importante para a
preservação ambiental. Com relação ao impacto nas suas atitudes, 62,16% dos
entrevistados declararam ter compreendido e modificado suas atitudes relacionadas ao
meio ambiente. Ainda 89,74% reconhecem que a separação do lixo no rodeio ajuda as
famílias em situação de risco. Em uma escala de 1 a 5, 40% atribuíram grau 4 e 42,5%
atribuíram grau 5, a sua própria conscientização quanto às questões ambientais. Nos
acampamentos, 65% dos entrevistados afirmaram que separam o lixo seco do orgânico.

Eixo Social
No ano de 2008 foi criado o grupo Sentinelas do Meio AmbienTchê e as pessoas
envolvidas receberam treinamentos e capacitação para participarem do projeto e
desenvolverem adequadamente as suas atividades. Em 2009 os integrantes do projeto
participaram de oficinas de jardinagem, promovidas em parceria com o Colégio
Politécnico da UFSM. As oficinas geraram a possibilidade de renda em atividade de
jardinagem no Condomínio Arco Verde.
Percebe-se que além de trabalho, as atividades do rodeio representam para essas
pessoas um significativo momento de lazer e de inclusão social, pois várias delas não
teriam condições econômicas para participar.
Outra questão importante no eixo social é o envolvimento de professores, alunos e
voluntários na prática da responsabilidade socioambiental, além da participação das
empresas, cuja colaboração representou uma aproximação da sociedade com iniciativas de
preservação ambiental, demonstrando que pode-se construir um futuro melhor por meio de
ações coletivas.
Eixo Ambiental
Não foram medidos esforços no sentido de conscientizar os participantes para
colaborarem na separação do lixo seco e orgânico, por meio de toda a ação educacional, da
exposição de cartazes e da distribuição de diversos panfletos, que continham informações
sobre o tratamento do lixo e frases relacionadas a questões ambientais. A Tabela 1
apresenta o volume de material reciclável coletado nas quatro edições.
Material Coletado (Kg)
2008 2009 2010 2011 Total

415,80 590,90 579,00 896,00 2.481,70


Tabela 1 – Material coletado

A coleta e venda de material para reciclagem vem contribuindo para a diminuição


do acúmulo de material inorgânico no aterro sanitário do Município de Santa Maria,
minimizando os impactos ambientais.
O projeto tem contribuído de maneira direta e indireta, para a preservação do meio
ambiente. Diretamente por meio da separação e entrega dos materiais inorgânicos a uma
recicladora e indiretamente por meio da conscientização do público sobre a importância da
educação ambiental. Acredita-se que o acréscimo do volume de material coletado desde o
ano de 2008 até 2011, deve-se ao fato de ter havido uma maior conscientização e
colaboração dos participantes.
Eixo Econômico
O eixo econômico evidencia-se pelos resultados obtidos com a venda do material
reciclável, ajuda de custo da Associação e doação das empresas. Os recursos e doações são
totalmente revertidos em favor das ações do projeto e as pessoas envolvidas na coleta.
Pode-se citar ainda que, a conscientização da população para a educação ambiental
auxilia a indústria da reciclagem, colaborando com a arrecadação de matérias primas. A
Tabela 2 abaixo demonstra os valores totais anuais arrecadados, sendo bem significativos.
Ganhos Financeiros (R$)
2008 2009 2010 2011 Total

1.082,64 1.844,80 1.900,00 3.000,00 7.827,44


Tabela 2 - Ganhos Financeiros

Conclusão
Com a realização deste projeto envolvendo professores, alunos, o grupo ligado ao
Lar Vilas das Flores, as empresas, a Associação e o público do Rodeio percebe-se que é
possível reunir pessoas de diferentes esferas, camadas e interesses sociais para promover
ações coletivas que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e para a manutenção
da vida em nosso Planeta.
Referências

ANDRADE, J. C. S. Formação de Estratégias Socioambientais Corporativas: os Jogos


Aracruz Celulose-Partes Interessadas. RAC, v. 6, n. 2, p 75-97, mai/ago. 2002.

COHEN, A. R.; FINK, S. L. Comportamento organizacional – conceitos e estudos de


casos. 7. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

HART, S.L.; MILSTEIN, M. B. Criando Valor Sustentável. RAE Executivo. São Paulo,
v.3, n.2, mai/jul. 2004.

MAY, P.; LUSTOSA, M.C.; VINHA, V. Economia do Meio Ambiente. Rio de Janeiro:
Campus, 2003.

MOSCOVICI, F. Equipes dão certo: a multiplicação do talento humano. 5. Ed. Rio de


Janeiro: José Olympio, 1999.

THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez Ed., 1985.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. Ed. Porto Alegre:Bookman, 2005.


USO DO DIAGNÓSTICO RÁPIDO URBANO PARTICIPATIVO COMO
FERRAMENTA PARA CAPACITAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

ÁREA TEMÁTICA: Meio Ambiente

Hernani Ciro Santana1; Cristiane Vilas Boas Neves2; Michele Corrêa Bertoldi3; Sônia
Maria de Figueiredo4; Jacqueline Coelho Augusto da Silva5; Clédia Santiago6; Vera Lúcia
de Miranda Guarda7; José Francisco do Prado Filho8

RESUMO

A consciência ambiental aliada à participação e a gestão da comunidade em se tratando dos


recursos do meio ambiente promove uma melhoria da qualidade de vida. A capacitação em
educação ambiental tem por objetivo conscientizar a população acerca da importância do
uso consciente e da preservação dos recursos naturais, além de trabalhar as questões sócio-
ambientais locais. Utilizou-se o diagnóstico rápido urbano participativo (DRUP) como
metodologia para avaliar a consciência ambiental e verificar a percepção, atitudes e
intenções dos participantes frente às questões ambientais. Percebeu-se na grande maioria
dos participantes uma visão equivocada em relação à disponibilidade e quantidade da água
na região de Ouro Preto e no mundo. Em relação aos resíduos sólidos urbanos (RSU),
ficou claro a falta de informações adequadas a respeito do destino final e tipos de resíduos,
principalmente de origem orgânica. Após a capacitação, os resultados evidenciaram
mudanças na percepção e uma preocupação maior em relação à disponibilidade, qualidade
e consumo em excesso de água potável em Ouro Preto. Em relação à gestão de RSU,
percebeu-se uma descrença na administração municipal e um interesse em participar e
colaborar com novos projetos. Conclui-se que a capacitação em educação ambiental
proporcionou estímulo e aprendizado, que foi comprovado por pensamentos e atitudes
desejáveis, bem como a preocupação dos atores na conscientização da sua comunidade,
eles puderam perceber a importância de suas atitudes individuais em preservar o meio
ambiente.

Palavras-chave: Capacitação, Diagnóstico rápido urbano participativo; Educação


ambiental.

1
Mestrando em Engenharia Ambiental do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP) – Colaborador (Módulo Educação ambiental)
2
Professora Substituta do Departamento de Alimentos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) - Colaboradora
3
Professora Adjunta do Departamento de Alimentos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) - Coordenadora dos
Cursos na área de Alimentos desenvolvidos na Escola de Nutrição e Coordenadora do Curso de capacitação na produção
artesanal de doces em compota, geléias, conservas vegetais e licores.
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Professora Assistente do Departamento de Alimentos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) - Coordenadora do
Cursos de Manipuladores de Alimentos
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Nutricionista coordenadora do Serviço de Alimentação e Nutrição do Instituto Federal de Minas Gerais-Campus Ouro
Preto – Colaboradora
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Psicóloga - Colaboradora (Módulo Psicologia organizacional)

1
7
Professora Associada do Departamento de Farmácia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) - Coordenadora do
Programa Cátedra Unesco: Água, mulheres e Desenvolvimento.
8
Professor Associado do Departamento de Engenharia Ambiental da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP)

INTRODUÇÃO

Inúmeros problemas ambientais são marcados pela ação do homem sobre a


natureza, degradação de fauna e flora e grandes níveis de poluição, os quais influenciam na
qualidade de vida da humanidade, pois a degradação ambiental constitui-se uma ameaça
aos sistemas de suporte à vida (BUARQUE, 2006).
Em Ouro Preto e região, este contexto não é diferente. A redução na quantidade e
qualidade dos recursos hídricos tem se tornado uma preocupação. Ao mesmo tempo, a
gestão inadequada dos resíduos sólidos urbanos ( RSU) dificulta e reduz a eficiência da sua
transformação. Portanto, o conhecimento e a participação da comunidade na gestão dos
RSU, a fim de estruturar melhor o processo, mostram-se imprescindíveis (VIDAL , 2001).
O diagnostico rápido urbano participativo (DRUP) vem sendo utilizado como
instrumento usado para promoção do desenvolvimento socioeconômico das comunidades,
através da obtenção de dados importantes resultantes da participação ativa dos atores
envolvidos no processo.
A Cátedra UNESCO água, mulheres e desenvolvimento é um programa
desenvolvido na UFOP em parceria com a UNESCO, que tem como principal objetivo
conscientizar sobre a preservação dos recursos hídricos, água e meio ambiente, além de
capacitar os participantes em modalidades diversas para a sua inserção no mercado de
trabalho. Os cursos oferecidos pelo programa da Cátedra são divididos em três módulos:
educação ambiental, psicologia organizacional e módulo técnico, que varia conforme a
modalidade de capacitação. O módulo de meio ambiente tem por objetivo de capacitar
atores em educação ambiental promovendo a sua interação através de uma troca de
conhecimentos acadêmicos (estudantes e professores do Departamento de Engenharia
Ambiental) e empíricos (comunidade).
Neste contexto, a capacitação da população de Ouro Preto e região são de grande
importância para estimular a ação individual dentro da comunidade no contexto ambiental
local, além de mostrar aos participantes que a gestão dos recursos naturais assim como a de
RSU é necessária para trazer benefícios sócio-ambientais e melhoria na qualidade de vida.

MATERIAL E METODOLOGIA
2
O módulo de Educação Ambiental, totalizando 20h/aula (5 dias), integra todos os
cursos inseridos no Programa de Capacitação Continuada da Cátedra UNESCO,
patrocinado pela UFOP, em parceria com a UNESCO e com a FUNACOOP (Fundação
dos Cooperados da Novelis, das Secretarias Municipais de Turismo e de Assistência Social
de Ouro Preto, e da Fundação Gorceix), onde foi realizado a capacitação em Educação
ambiental.
Utilizou-se a metodologia Diagnóstico Rápido Urbano Participativo (DRUP) para
gerar informações e relatar e interpretar a realidade de cada um, além das necessidades,
carências e dificuldades dos participantes nos temas água (10h) e resíduos sólidos (10h), os
quais constituíram as etapas do curso. Na primeira etapa, enfocou-se temas relacionados
com a disponibilidade e qualidade da água e tratamento de água e esgoto, enquanto na
outra foi abordada a classificação dos RSU, compostagem, reciclagem e a nova Política
Nacional dos Resíduos Sólidos (BRASIL, 2002). Adicionalmente, foram utilizadas
dinâmicas em grupo, construção de painéis através de desenhos, textos e discussão de
documentários, bem como apresentação de aulas expositivas, documentários e fotografias
como ferramentas de trabalho.
De forma a estimular o entrosamento entre os atores, inicialmente realizou-se a
dinâmica “Teia de aranha”, onde cada um amarrava a mão a uma ponta de um barbante, se
apresentava aos demais atores e lançava o rolo de barbante para outro participante, que
finalmente se amarrava e se apresentava, e assim sucessivamente. Foi feita uma analogia
entre a situação em que se encontravam com o barbante e o meio ambiente, de forma a
evidenciar que nossas ações estão conectadas e que uma ação pode vir a causar impactos
tanto negativos como positivos no meio ambiente. Foi mostrado que se puxarmos ou
afrouxarmos o barbante numa atitude individualista, o próximo é colocado em uma
situação mais apertada ou mais confortável, e que uma vez arrebentado o barbante, nunca
mais terá o mesmo tamanho.
Adicionalmente, aplicou-se a dinâmica Realidade/Desejo, que possibilitou a coleta
de informações sobre o seu cotidiano e seus anseios, de forma a direcionar o moderador em
tópicos específicos a serem abordados nas aulas subsequentes. Foram levantados os sonhos
e as expectativas de cada participante com relação ao tema água e resíduos sólidos
urbanos. Realizou-se também uma reflexão sobre a realidade local que foi fundamental
para o sucesso do planejamento.

3
O diagnóstico rápido urbano participativo (DRUP) foi utilizado como metodologia
e pôde-se avaliar a consciência ambiental e verificar atitudes e comportamento dos
participantes frente às questões ambientais antes e após o curso. A comparação entre os
resultados possibilitou o direcionamento do curso para as reais necessidades dos atores
dentro do âmbito ambiental nos quesitos água e resíduos sólidos.

RESULTADOS

A dinâmica da Teia de Aranha permitiu o entrosamento e a facilitou a verbalização


dos atores ao longo do curso.
A técnica realidade/desejo foi importante para levantamento da percepção dos
atores envolvidos (comunidades) com relação a temas previamente estabelecidos (água,
RSU). O momento de realização da técnica promoveu, ainda, um espaço para o debate
sobre as prioridades de cada bairro, assim como, as prioridades individuais. A realidade e
os desejos prioritários da comunidade estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Realidades e desejos da comunidade, obtidos utilizando a dinâmica Realidade-


Desejo.
REALIDADE DESEJO
Água que possui gosto, cheiro e cor. Sem Água e esgoto tratados
tratamento de esgoto
Desperdiço de água por grande parte da Consumo de água consciente por todos da
comunidade comunidade
Coleta sem dia e horário fixo Coleta de lixo regular e com coleta
seletiva
Descrença pelo poder público municipal Maior voz à associação de bairros frente
ao poder público municipal

Dentro da técnica de DRUP, os atores apontaram situações, problemas, melhorias,


intenções e atitudes. A discussão e a interação dos atores lhes despertaram um olhar crítico
frente às questões sócio-ambientais, além de encorajar suas opiniões. O uso de diferentes
fontes (atores) e meio de coleta de informações facilitou a investigação de cada aspecto da
realidade com uma variedade de sentidos, que permitiu uma visão integrada das diferentes
características da realidade local dentro dos temas abordados.
Obteve-se como resultado da técnica de DRUP uma preocupação maior em relação
às águas potáveis devido à atual falta e diminuição da qualidade e consumo em excesso.
Em relação à questão dos resíduos sólidos percebeu-se uma descrença na administração
4
municipal e um interesse em participar e colaborar com novos projetos. Grande interesse
foi manifestado por temáticas especificas envolvendo a quantidade e qualidade da água na
região, bem como tratamento da água e esgoto.

CONCLUSÃO

A aplicação do DRUP promoveu a capacitação dos envolvidos e estimulou os


participantes a serem sujeitos e não objeto do processo de discussão dos problemas,
importância e soluções. O DRUP permitiu chegar a um nível de realidade comum a todos
os participantes em um período curto de tempo. A discussão dos resultados despertou a
capacidade de análise da situação existente e identificação de soluções alternativas,
aproveitando as potencialidades locais. Deve-se atentar que estas atividades não são
aplicadas como soluções prontas para as deficiências ambientais e sociais dos atores
envolvidos, mas surgem como um caminho possível a ser trilhado e construído juntamente
com os saberes daqueles que participaram dos encontros.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 12305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos


Sólidos. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, 2010.Disponível em:
< www.planalto.gov.br> Acesso em 15 de dezembro de 2010.
BUARQUE, Sérgio C. Construindo o Desenvolvimento Local Sustentável: metodologia de
Planejamento. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

VIDAL, R.; GALLARDO, A.; FERRER, J., Integrated analysis for pre-sorting and waste
collection schemes implemented in Spanish cities. Waste Manag Res 2001, 19, (5), 380-90.

5
VALORIZAÇÃO DA ÁGUA EM SILVEIRA MARTINS-RS
Área temática: Meio Ambiente
MARZARI, A.
Unidade Descentralizada de Educação Superior da Universidade Federal de Santa Maria
em Silveira Martins (UDESSM)
FORGIARINI, F. R.1; BORIN, M. E. B.2
Resumo
Em Silveira Martins existe pouca disponibilidade de água, principalmente na área urbana,
sendo necessárias a proteção dos mananciais e a conscientização da população para evitar
o desperdício. Por meio de ações conjuntas entre UDESSM e EMATER, o objetivo deste
projeto é contribuir para a melhoria do abastecimento de água no município. A
metodologia do projeto envolve várias etapas: (i) identificação das atividades poluidoras
aos mananciais de abastecimento e conscientização ambiental por meio da distribuição de
informativos em residências municipais; (ii) projetos alternativos para o abastecimento (de
acordo com a Norma Técnica NBR 15.527) e projetos alternativos de destino adequado de
dejetos humanos e animais; (iii) educação ambiental nas residências e nas escolas do
município. O período de execução será de abril a dezembro de 2011. Os resultados já
obtidos, e os esperados, envolvem a melhoria da qualidade da água e o destino adequado
de dejetos. A EMATER já desenvolveu diversas ações de recuperação de nascentes no
município. O projeto pretende nos próximos meses ampliar as ações: elaborar um manual
para a construção de cisternas e instituir uma “Liga da Água” nas escolas do município.
Palavras-chave
Valorização da água, educação ambiental, Abastecimento de água
Introdução
Nos dias atuais, muitos pesquisadores e ambientalistas defendem a máxima: “pensar
globalmente e agir localmente”. Ou seja, a partir de uma percepção por inteiro, global,
desenvolver projetos e ações de âmbito local, pontualmente, caso a caso, e interligar essas
diversas experiências pontuais por meio de redes de parcerias e comunicações, visando seu
aperfeiçoamento e multiplicação (Braga, 2011).

1
Professor da UFSM, Campus UDESSM – Silveira Martins
2
Extensionista Rural da EMATER – Silveira Martins.
No município de Silveira Martins a sanidade dos recursos hídricos é muito preocupante.
Segundo os responsáveis administrativos da Prefeitura Municipal o serviço de
abastecimento de água e tratamento de efluentes tem muito a melhorar. Os recursos
disponíveis estão em boa parte degradados, por ações antrópicas e sujeitos a contaminação,
e as pessoas que residem nesses locais utilizam estas fontes de água para seu abastecimento
e higiene pessoal.
Outro agravante à situação do abastecimento de água é a impossibilidade de utilização de
mananciais subterrâneos profundos. Segundo informações do Sistema de Informação de
Águas Subterrâneas (SIAGAS) da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM),
informações dos técnicos da prefeitura e do trabalho de Vogel (2008), as formações
geológicas existentes no município são compostas por rochas vulcânicas da formação Serra
Geral. No município estas rochas possuem grande percentual de xisto, fazendo com que
existam nos aqüíferos elevadas concentrações de ferro e outros metais pesados, tornando a
água imprópria para consumo humano.
Assim, no contexto atual, a valorização da água merece destaque no município. Para isso,
será desenvolvido um projeto de extensão baseado em ações práticas voltadas
principalmente à questão do abastecimento, tratamento adequado dos dejetos humanos e
animais, e ações de educação ambiental relacionadas à conscientização. A ação de
extensão será desenvolvida entre a UDESSM e EMATER. Como atividade de extensão, o
objetivo deste projeto é contribuir para a melhoria do abastecimento de água no município.
Com os objetivos específicos, esperam-se obter a proteção contra a poluição dos
mananciais de água doce do município; elaboração de projetos alternativos para o
abastecimento humano e destino adequado de dejetos; e a valorização da água disponível
em busca da sua preservação.
Material e Metodologia
A metodologia proposta envolve três partes, referenciadas aos objetivos do projeto:
1) Proteção contra a poluição dos mananciais de abastecimento de água no
município:
Será feita a identificação das atividades poluidoras aos mananciais de abastecimento de
água, por meio de trabalhos de campo e visitas a loco com identificação dos problemas e
registro fotográfico. Após será desenvolvida conscientização nas pessoas com o auxílio de
informativos distribuídos a cada dois meses nas 814 residências particulares ocupadas no
município, segundo IBGE (2010).
2) Elaboração de projetos alternativos e demonstrações práticas para a melhoria da
qualidade da água e tratamento de dejetos humanos e animais:
Esta etapa tem o objetivo de garantir o emprego de técnicas construtivas e de manutenção
das cisternas e dispositivos de tratamento de efluentes domésticos. Com relação às
cisternas, será desenvolvido um manual para construção desses reservatórios que coletam
águas pluviais para fins não potáveis, como lavagem de calçadas, irrigação de jardins, etc.
O manual técnico será cedido à prefeitura, que o utilizará para a construção e manutenção
das mesmas, de acordo com a norma técnica NBR 15.527 da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT). Outra atividade será a orientação prática com demonstrações
dos projetos alternativos para tratamento de efluentes domésticos em parceria com a
EMATER, nas localidades do interior municipal.
3) Valorização da água em busca da sua preservação: Educação Ambiental
A Educação Ambiental buscará a valorização da água disponível no município por meio de
dois focos. O primeiro foco será a redução do consumo de água nas residências, por meio
da sensibilização da população para a diminuição do desperdício. Para isso, nos mesmos
informativos da parte 1 da metodologia do projeto de extensão, serão inseridas
informações relacionadas ao ciclo da água e maneiras de reduzir o consumo nas atividades
diárias (banho, lavagem de louças, etc).
Além disso, o segundo foco serão ações nas escolas do município. As ações serão
realizadas em etapas contínuas, com os alunos das escolas, e descontínuas, em eventos
específicos nas escolas. Serão propostas atividades com os educandos, que serão
desenvolvidas por meio da criação de uma “Liga da Água”. A “Liga da Água” será
responsável pela elaboração de atividades de cunho ambiental com o tema “Preservação da
Água”, envolvendo as comunidades onde estão inseridas.
Resultados e discussões
A Figura 1 apresenta a frente e o verso da 1ª edição dos informativos que serão distribuídos
à população. As informações foram divididas quanto à circulação da água na bacia
hidrográfica, medidas de redução do consumo e para evitar a poluição da água.
As fontes de poluição na área urbana do município são os esgotos domésticos e os resíduos
sólidos despejados nos rios e sarjetas. No município não existe sistema de tratamento de
esgotos municipais. Além disso, os córregos do município são poluídos pela atividade da
lavagem de batatas. A produção de batatas é uma das principais atividades econômicas do
município, porém, uma das que mais degrada o meio ambiente local. As Figuras 2 e 3
apresentam locais de contaminação dos cursos d’água urbanos do município. Nestas
figuras é mostrado o despejo de resíduos líquidos do processo de lavagem das batatas em
um córrego de Silveira Martins.
Figura 1 – Informativo destinado à conscientização da população (lado esquerdo mostra a
frente e lado direito o verso).

Figura 2 - Despejo de resíduos líquidos desprovido Figura 3 - Ampliação da figura 2.


de tratamento por lavadeira de batata.

Na área rural do município, foram desenvolvidos projetos de recuperação de nascentes,


proteção de mananciais e tratamento de dejetos humanos e animais. As Figuras 4 e 5
mostram como é o tratamento de dejetos. Estas ações foram desenvolvidas pela EMATER.

Figura 4 – Estação de tratamento de esgoto Figura 5 – Estação de tratamento de esgoto


por raízes, em construção. por raízes, construída pela EMATER.

Como exemplo de outras ações já implantadas, segundo dados da EMATER local, a


comunidade e salão comunitário de Val Veronez, no interior de Silveira Martins, todas as
famílias já estão dispondo de água tratada através de proteção de nascentes. Cabe destacar
que a EMATER já desenvolveu diversos projetos de recuperação de nascentes no
município, mas muito há de ser feito para garantir uma melhor qualidade de água a ser
consumida pela população silveirense. Isso tudo terá de vir acompanhado pela educação
ambiental, para garantir uma conscientização da população sobre o tema. Neste sentido, o
projeto pretende nos próximos meses ampliar as ações demonstradas, elaborar o manual
para a construção de cisternas e instituir a “Liga da Água” nas escolas do município.
Conclusão
O presente projeto busca a valorização da água em um município com evidente carência de
disponibilidade deste recurso e elevada poluição por ações antrópicas. De uma maneira
geral, os resultados já obtidos e os esperados envolvem a melhoria do abastecimento de
água no município, por meio da redução da poluição dos mananciais existentes e do
desperdício de água. O projeto de extensão já conta com participação e engajamento da
comunidade silveirense para a busca dos objetivos traçados. Os acadêmicos do curso de
gestão ambiental da UDESSM participam ativamente do projeto, vivenciando as
dificuldades e os sucessos das ações para a busca da sustentabilidade ambiental.
Referências
BRAGA, B.S. (2011). Pensar globalmente, agir localmente. Disponível em
http://www.italiamiga.com.br/noticias/artigos/pensar_globalmente.htm, acesso em
09/02/2011.
IBGE (2010). Primeiros Resultados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1, acesso
em 25/02/2011.
NBR 15.527 (2007).Água de chuva - Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para
fins não potáveis – Requisitos. ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas.
VOGEL, M.M. (2008). Avaliação da vulnerabilidade natural à contaminação dos recursos
hídricos subterrâneos na região cultural da quarta colônia de Imigração Italiana, RS.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Geografia e Geociências, da
Universidade Federal de Santa Maria.

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