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.1.

Conceito de Educação Ambiental

O conceito de EA tem interpretações distintas, considerando a realidade de cada contexto. Este

conceito varia, de acordo com cada contexto, conforme a inluência e vivência de cada um. Para a

grande maioria das pessoas, a EA restringe-se em trabalhar assuntos relacionados à Natureza como

lixo, preservação, paisagens naturais, animais, etc. Na sociedade actual, a EA assume um caráter

mais realista, baseado na busca de um equilíbrio entre o homem e o ambiente, com perspectiva de

um futuro pensado e vivido numa lógica de desenvolvimento e progresso. Neste contexto, a EA é

ferramenta de educação para o desenvolvimento sustentável, tendo em vista ser o próprio


“desenvolvimento” o causador de tantos danos sócio-ambientais.

Para a UNESCO (1987) a EA é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade

tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades, experiências,

valores e determinação de agir, individual ou coletivamente, na busca de soluções para os problemas

ambientais, presentes e futuros . Esta deinição é corraborada pelo Nova (1994).

Nesta sentido, actualmente não é mais possível entender EA no singular, como um único modelo
alternativo de educação que simplesmente se opõe à educação convencional, que não é ambiental. Há
novas denominações para conceituar EA surgidas a partir do inal da década de 80 e início da

de 90. Entre essas: alfabetização ecológica, educação para o desenvolvimento sustentável, educação

para a sustentabilidade, ecopedagogia e educação no processo de EA (Oliveira, 1992).


Assim, entendemos que a EA decorre de uma percepção renovada do mundo, uma forma integral de ler
a realidade e de actuar sobre ela. Nesse novo paradigma, a proposta educativa envolve a

visão de mundo como um todo e não pode ser reduzida a apenas um departamento, uma disciplina

ou programa especíico. Ela deve estar inserida na vida e no quotidiano de todos os indivíduos.

A Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977) deiniu a EA como um processo de reconhecimento


de valores e clariicações de conceitos, objectivando o desenvolvimento das habilidades e

modiicando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres

humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A EA também está relacionada com a prática de tomada
de decisões e a ética que conduzem para a melhoria da qualidade de vida.

Nesta perspectiva, a EA é uma proposta de ilosoia de vida que resgata valores éticos, estéticos,

democráticos e humanistas. Seu objectivo é assegurar a maneira de viver mais coerente com os ideais

de uma sociedade sustentável e democrática. Conduz a repensar velhas fórmulas e a propor acções

concretas para transformar a casa, a rua, o bairro, as comunidades. Parte de um princípio de respeito

à diversidade natural e cultural, que inclui a especiicidade de classe, de etnia e de género; a educação

deve ser o portal para o desenvolvimento sustentável e essa sustentabilidade é o novo paradigma do

desenvolvimento económico e social (Camargo, 2002).

Segundo Gonçalves (1990) a EA não deve ser entendida como um tipo especial de educação.
Trata-se de um processo longo e contínuo de aprendizagem de uma ilosoia de trabalho participativo em
que todos, família, escola e comunidade devem estar envolvidos. O processo de aprendizagem

de que trata a EA não pode icar restrito exclusivamente à transmissão de conhecimentos, à herança

cultural do povo às gerações mais novas ou a simples preocupação com a formação integral do
educando inserido no seu contexto social. A EA deve ser um processo de aprendizagem centrado no

aluno, gradativo, contínuo e respeitador de sua cultura e de sua comunidade. Deve ser um processo

crítico, criativo e político, com preocupação de desenvolver e consolidar conhecimentos, a partir da

discussão e avaliação crítica dos problemas comunitários e também da avaliação feita pelo aluno, de

sua realidade individual e social, na comunidade em que vive.

Importância de Educação Ambiental nas escolas

A escola tem a função de formar um cidadão crítico e actuante. No entanto, educar para a cidadania não
é um processo fácil que acontece de um tempo para outro, pois envolve muitos factores

ambientais, sociais e educacionais. A EA é importante na sociedade devido aos riscos que se tem

actualmente, a crise ambiental, o aquecimento global, o aumento da população mundial e outros

factores intrínsecos a sociedade contemporânea.

Assim, educar para a sustentabilidade e a cidadania planetária é o novo desaio da educação,

pois a sociedade actual se vê forçada a pensar sobre a sua existência e os impactos que causa ao
ambiente e, sobretudo, suas consequências, o que torna indispensável a discussão sobre a educação

sustentável a partir da educação para o consumo consciente, sendo que esse é o primeiro passo para

a sustentabilidade da sociedade como um todo.

Diante de tantas agressões ambientais, alguns chegam a pensar se sua atitude correcta terá

algum resultado. Por isso, deve-se ter a certeza de que as acções locais podem levar a resultados

globais, além de conquistar mais adeptos, através de exemplos. Por causa da nossa cultura, muitos

veem a preocupação com o meio ambiente como um assunto secundário, sem importância, coisa de

quem não tem o que fazer, como diziam no passado, ao se referirem aos ambientalistas.

Segundo Morgado et al. (2000), a escola é o espaço social e o local onde o aluno dará sequência

ao seu processo de socialização, iniciado em casa, com seus familiares. Para este autor, essa cultura

deve ser mudada na escola, através da EA, mostrando às crianças e jovens que conservar o meio
ambiente não é um luxo, mas uma necessidade urgente se quisermos continuar a viver neste planeta. A

im de tentar fazer dos temas ambientais presenças constantes nas salas de aula, a EA foi inserida no

currículo escolar, como tema transversal.

No entanto, apesar de ser uma exigência legal, a EA deve ser trabalhada de forma prazerosa, ainda que
difícil de ser desenvolvida, pois requer atitudes concretas, como mudanças de comportamento
individual e colectivo, tendo em vista que para se atingir o bem comum devem-se somar atitudes

individuais. Segundo Dias (1992), a maioria dos nossos problemas ambientais tem suas raízes em
factores socioeconómicos, políticos e culturais, que não podem ser previstos ou resolvidos por meios

puramente tecnológicos. Daí a necessidade da inserção da EA nas escolas, a im de consciencializar

os alunos e ajudá-los a se tornarem cidadãos ecologicamente correctos.

Para uma educação ambiental efectiva multi e interdisciplinar há necessidade de investir na

formação permanente de professores, que proporcione aos mesmos, conhecimentos relevantes que

possam subsidiá-los nas suas práticas diariamente, possibilitando que estejam preparados para

aprofundar discussões de EA do ponto de vista da sua disciplina. Nesta perspectiva, as metodologias

utilizadas na abordagem dos conteúdos de EA são decisivas na construção do conhecimento dos

alunos. Sendo assim, essas metodologias devem ser criteriosamente selecionadas, proporcionando

ao aluno conhecimento teórico e permitindo que o mesmo tenha contacto directo com a Natureza.

Estratégias de abordagem da Educação Ambiental nas escolas

Há diferentes formas de incluir a temática ambiental nos currículos escolares tais como, actividades
artísticas, experiências práticas de sala de aula, produção de materiais locais, projectos

ou qualquer outra actividade que conduza os alunos a serem reconhecidos com agentes activos no

processo que norteia a política ambientalista.

Segundo Santos (2005), cabe aos professores, por intermédio da prática interdisciplinar, promoverem
novas metodologias que favoreçam a implementação de EA, sempre considerando o ambiente imediato,
relacionado a exemplos de problemas actualizados.
Neste sentido, Monjane et al (2010), airmam que a EA, como tema transversal, pode ser implementada
através de acções concretas tais como:

• Realização de excursões com vista a aliar a teoria e a prática;

• Realização de palestras sobre aspectos ambientais (questões em discussão nos Mídias);

• Elaboração de matérias de divulgação e propaganda de aspectos ambientais;

• Campanha de plantio de árvores para ins energéticos nas zonas rurais;

• Criação de jardins de plantas para ins medicinais;

• Promoção de concursos entre escolas sobre a poupança de energia e uso sustentável da água;

• Promoção de palestras sobre o uso de fruteiras nativas para nutrição do homem e a importância das
mesmas para a conservação da biodiversidade;

• Divulgação, através de posters e exposição da regra de 3R´s;

• Promoção de acções de compostagem nas comunidades.

Deste modo, a escola ao propor o desenvolvimento do currículo escolar voltado para a questão

ambiental, deve proporcionar a participação de todos no processo de sua construção e execução,

tendo os alunos como sujeitos do processo. Os conteúdos precisam ser revistos para que os mesmos

convirjam entre as disciplinas de forma interdisciplinar.

Na perspectiva de Monjane et al. (op. cit.) a EA precisa ser entendida como uma importante
aliada do currículo escolar na busca de um conhecimento integrado que supere a fragmentação, tendo
em vista o conhecimento e a emancipação.

Implementar a EA nas escolas tem-se mostrado uma tarefa exaustiva. Existem grandes diiculdades nas
actividades de sensibilização e formação, na implementação de actividades e projectos e,

principalmente, na manutenção e continuidade dos já existentes.

Para Andrade (2000), factores como o tamanho da escola, número de alunos e de professores

predispostos em passar por um processo de treinamento, podem servir como obstáculos à


implementação de EA, dado que esta não se dá por actividades pontuais, mas por toda uma mudança de

paradigmas que exige uma contínua relexão e apropriação dos valores que remetem a ela.

Segundo Dias (1992) a Conferência de Tbilisi realizada em 1977 já demonstrava as preocupações


existentes a esse respeito, mencionando, em um dos pontos da recomendação nº 21, que

deveriam ser efectuadas pesquisas sobre os obstáculos inerentes ao comportamento ambiental, que

se opõem às modiicações dos conceitos, valores e atitudes das pessoas.

Diante de tantas pistas para uma implementação efectiva da EA nas escolas, evidentemente,

“posicionamo-nos por um processo de implementação que não seja hierárquico, agressivo, competitivo
e exclusivista, mas que seja levado adiante, fundamentado pela cooperação, participação

e pela geração de autonomia dos actores envolvidos” (Andrade, 2000:20).

Assim, projectos impostos por pequenos grupos ou actividades isoladas, geridas por apenas
alguns indivíduos da comunidade escolar – como um projecto de colecta selectiva no qual a única

participação dos discentes seja deitar o lixo em latões separados, envolvendo apenas um professor

coordenador – não são capazes de produzir a mudança de mentalidade necessária para que a atitude

de reduzir o consumo, reutilizar e reciclar resíduos sólidos se estabeleça e transcenda para além do

ambiente escolar.

Portanto, deve-se buscar alternativas que promovam uma contínua relexão que culmine na

mudança de mentalidade sobre EA, pois apenas dessa forma conseguiremos implementar, nas nossas
escolas, a verdadeira EA, como actividades e projectos não meramente ilustrativos, mas fruto da

ânsia de toda a comunidade escolar em construir um futuro no qual possamos viver num ambiente

equilibrado, em harmonia com o meio, com os outros seres vivos e com nossos semelhantes

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