Tahuata - Fundamentos Grifado
Tahuata - Fundamentos Grifado
Tahuata - Fundamentos Grifado
FUNDAMENTOS
Luiz Tauhata
Ivan Salati
Renato Di Prinzio
Antonieta R. Di Prinzio
RIO DE JANEIRO
9a - Revisão - Novembro/2013
Todos os direitos reservados aos autores
e-mail:
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[email protected]
ii
APRESENTAÇÃO
Os autores
iii
ÍNDICE
Lista de Figuras.............................................................................................................xix
CAPÍTULO 1
RADIAÇÕES ................................................................................................................... 1
iv
1.5.4. Decaimento da atividade com o tempo .................................................................. 17
1.5.5. Unidades de atividade - o becquerel e o curie ........................................................ 17
1.5.6. Múltiplos e submúltiplos das unidades de atividade .............................................. 18
1.5.7. Meia-vida do radioisótopo T1/2 ............................................................................. 18
1.5.8. Vida-média do radioisótopo, τ ............................................................................... 18
CAPÍTULO 2
v
2.1.4. As famílias radioativas ........................................................................................... 42
2.1.5. O radônio e torônio ................................................................................................ 44
2.1.6. A radiação cósmica ................................................................................................ 47
vi
CAPÍTULO 3
vii
3.6.3 Alcance das partículas beta ................................................................................... 100
3.6.4. Poder de freamento para elétrons de alta energia ................................................. 101
3.6.5. Valor efetivo de (Z/A) de um material ................................................................. 102
CAPÍTULO 4
viii
4.3.4.Efeitos orgânicos - Doenças .................................................................................. 122
ix
CAPÍTULO 5
x
5.5. NOVAS GRANDEZAS OPERACIONAIS ........................................................ 173
5.5.1. Esfera ICRU ......................................................................................................... 173
5.5.2. Campo expandido ................................................................................................ 174
5.5.3. Campo expandido e alinhado ............................................................................... 174
5.5.4. Grandezas operacionais para monitoração de área ............................................... 174
5.5.4.1. Equivalente de dose ambiente (Ambient dose equivalent) H*(d) ..................... 174
5.5.4.2. Equivalente de dose direcional (Directional dose equivalent), H´(d,Ω) ............ 174
5.5.5. Grandeza operacional para monitoração individual ............................................. 175
5.5.5.1. Equivalente de Dose Pessoal (Individual dose equivalent), Hp(d).................... 175
5.5.5.2.Equivalente de Dose para fótons (Photon dose equivalent), HX ........................ 175
5.5.6. Relações entre as grandezas limitantes e operacionais......................................... 176
CAPÍTULO 6
xi
6.2.4. Aplicações da dosimetria com emulsões fotográficas .......................................... 188
6.2.4.1. Monitoração pessoal de radiação X e gama ...................................................... 188
6.2.4.2. Uso em raio X diagnóstico ................................................................................ 189
6.2.4.3. Gamagrafia........................................................................................................ 189
xii
6.6.5. Equipamento de cintilação líquida ....................................................................... 213
xiii
CAPÍTULO 7
xiv
7.7.3. Procedimentos operacionais ................................................................................. 258
7.7 4. Gerência de rejeitos.............................................................................................. 259
7.7.5. Segurança e acidentes .......................................................................................... 259
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
xv
9.3.2. Material radioativo em outras formas .................................................................. 273
9.3.3. Embalados para transporte de material radioativo ............................................... 273
9.3.4. Limite da atividade para transporte de material radioativo .................................. 273
9.3.4.1. Limite para embalados exceptivos .................................................................... 274
9.3.4.2. Limite para embalados do Tipo A ..................................................................... 274
9.3.4.3. Limite para embalados do Tipo B ..................................................................... 274
ANEXO A
xvi
ANEXO B
ANEXO C
xvii
C.3. CÁLCULO DE BLINDAGEM EM INSTALAÇÕES DE
RADIOTERAPIA............................................................................................... 314
C.3.1. Estabelecendo a dose para a área ocupada (dose semanal) para a área
ocupada................................................................................................................. 315
C.3.2. Cálculo das doses de radiação na área ocupada, sem a blindagem ...................... 316
C.3.3. Atenuação do feixe de radiação pela blindagem ................................................. 317
C.3.4. Transmissão da radiação primária ....................................................................... 319
C.3.4.1. Fator de transmissão da barreira primária ........................................................ 319
C.3.4.2. Largura da barreira primária ............................................................................. 321
C.3.5. Transmissão da radiação espalhada- Barreiras secundárias................................. 324
C.3.6. Transmissão da radiação pela porta da sala-labirinto .......................................... 330
C.3.6.1. Aceleradores com energia menor ou igual a 10 MeV ...................................... 330
C.3.6.2. Considerações para produção de nêutrons em aceleradores de partículas de
alta energia....................................................................................................... 334
C.3.6.3. Aceleradores com energia maior ou igual a 10 MeV ....................................... 335
C.3.7. Otimização das barreiras ..................................................................................... 340
xviii
RELAÇÃO DE FIGURAS
xix
Figura 2.4 - Exposição do homem à radiação ionizante. ................................................ 44
Figura 2.5 - Variação da concentração do radônio e torônio com a altura em
relação ao solo. ........................................................................................... 45
Figura 2.6 - Variação da concentração de radônio e torônio durante o dia .................... 45
Figura 2.7 - Variação da concentração de radônio e torônio durante o ano. .................. 46
Figura 2.8 - Concentração de 222Rn no Rio de Janeiro, no verão de 1997.................... 46
Figura 2.9 - Concentração de 222Rn no Rio de Janeiro, no inverno de 1997. ............... 47
Figura 2.10 - Esquema de uma máquina geradora de raios X. ......................................... 48
Figura 2.11a - Esquema de um acelerador linear de elétrons. ......................................... 49
Figura 2.11b - Acelerador de elétrons usado em terapia de câncer em hospitais. ............ 50
Figura 2.12 - Esquema de um acelerador eletrostático do tipo Van der Graaff: (1)
Fonte de tensão contínua; (2) Fita de isolamento; (3) Terminal de alta
voltagem; (4) Tanque pressurizado com gás isolante; (5) Fonte de
íons; (6) Tubo de aceleração e anéis de equalização do campo; (7)
Feixe de íons acelerados; (8) Bomba de vácuo; (9) Magneto para
reflexão e análise do feixe; (10) Sistema de dispersão do feixe
conforme a energia; (11) Amplificador de sinal; (12) Pontos de efeito
Corona ........................................................................................................ 51
Figura 2.13 - Ciclotron do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN
utilizado para a produção de radioisótopos. ................................................ 52
Figura 2.14 - Esquema do Grande Colisor de hadrons (LHC) e vista interna e um
segmento do tubo de aceleração de 3 m de diâmetro. Quatro grandes
experimentos são realizados nos pontos: ALICE, ATLAS, CMS e
LHCb .......................................................................................................... 53
Figura 2.15 - Colisão dos feixes de prótons para a possível produção do Boson de
Higgs .......................................................................................................... 54
Figura 2.16 - Esquema de uma fonte de nêutrons de Pu-Be de um medidor de nível. ..... 54
Figura 2.17 - Corte de um cabeçote de uma bomba de 60Co - modelo Theratron 780
usado em radioterapia. ................................................................................ 55
Figura 2.18 - Foto de um irradiador de 192Ir e esquema de guarda da fonte no
irradiador e respectiva blindagem ............................................................... 56
Figura 2.19 - Esquema de um irradiador industrial .......................................................... 57
Figura 2.20 - 543 testes nucleares atmosféricos e 1876 testes subterrâneos
realizados nos períodos de 1945 a 1980 e 1955 a 1998
respectivamente, por diversos países (UNSCEAR 2000) ........................... 58
Figura 2.21 - Concentrações de 137Cs e 90Sr na dieta alimentar dos habitantes dos
hemisférios Norte e Sul. ............................................................................. 59
Figura 2.22 - Dose efetiva anual ―per capita‖ para os indivíduos da população
mundial no período de 1945 a 2005............................................................ 59
Figura 2.23 - Esquema de um reator de potência do tipo PWR........................................ 61
Figura 2.24 - Reator Nuclear do tipo de Angra 2. ............................................................ 61
Figura 2.25 - Esquema do Ciclo do Combustível............................................................. 64
Figura 2.26 - Elemento combustível ................................................................................ 67
Figura 2.27 -Tipos de Instalações Radiativas no Brasil ................................................... 72
Figura 3.1 - Modos de interação da radiação com a matéria .......................................... 78
Figura 3.2 - Representação do efeito fotoelétrico........................................................... 79
Figura 3.3 - Valores de secção de choque para efeito fotoelétrico para o chumbo,
em função da energia da radiação. .............................................................. 81
Figura 3.4 - Representação do efeito Compton .............................................................. 82
xx
Figura 3.5 - Valores de seção de choque para espalhamento Compton (e) em
função da energia do fóton; eσa é a seção de choque de absorção e
eσs de espalhamento da radiação no Efeito Compton. ............................... 83
Figura 3.6 - Representação do efeito de produção de pares. ........................................... 84
Figura 3.7 - Importância relativa dos diversos processos de interação dos fótons
com a matéria em função da energia do fóton e do número atômico
do material. ................................................................................................. 85
Figura 3.8 - Probabilidade relativa de diferentes efeitos para fótons de diferentes
energias no carbono e no chumbo............................................................... 85
Figura 3.9 - Atenuação de um feixe de fótons por um material de espessura X............. 86
Figura 3.10 - Contribuição relativa dos diversos efeitos produzidos pela interação
da radiação num material para o coeficiente de atenuação linear total. ...... 87
Figura 3.11 - Representação da fissão em cadeia autossustentável induzida pela
absorção de nêutrons, num reator nuclear................................................... 93
Figura 3.12 - Variação do "stopping power" com a energia de partículas incidentes
no Si e Ge ................................................................................................... 95
Figura 3.13 - Definição do alcance Re e Rm para partículas alfa e elétrons .................... 97
Figura 3.14 - Espalhamento de elétrons em um material. ................................................ 97
Figura 3.15 - Alcance de elétrons monoenergéticos......................................................... 98
Figura 3.16 - Relação alcance x energia para elétrons absorvidos no silício e no
germânio. .................................................................................................... 98
Figura 3.17- Alcance de elétrons no silício (ρ = 2,33 g cm-3) e no iodeto de sódio
(ρ = 3,67 g cm-3), materiais muito usados em detectores. .......................... 99
Figura 3.18 - Atenuação de partículas beta no alumínio, cobre e prata. ......................... 100
Figura 3.19 - Alcance de partículas beta em vários materiais (densidade em g/cm3):
(1) Ferro = 7,8; (2) Pirex = 2,60; (3) PVC = 1,38; (4) Plexiglass =
1,18; (5) Ar = 0,0013. .............................................................................. .101
Figura 3.20 - Perda de energia de elétrons na matéria .................................................... 101
Figura 3.21 - Taxa de perda de energia de partículas alfa na interação com um meio
material. .................................................................................................... 103
Figura 3.22 - Alcance de partículas alfa em vários materiais (densidades em
g/cm3): (1) Ar = 0,0013; (2) Tecido = 1,0; (3) Alumínio = 2,70; (4)
Cobre = 8,96. ............................................................................................ 103
Figura 3.23 - Processos integrados de interação............................................................. 106
Figura 4.1 - Diagramas típicos de células animal e vegetal.......................................... 108
Figura 4.2 - Representação das fases do ciclo celular e detalhamento da fase
Mitótica .................................................................................................... 109
Figura 4.3 - Fases da mitose celular ............................................................................. 111
Figura 4.4 - Modelo de extrapolação linear (curva a) para a correlação entre dose-
efeito biológico, onde não são contabilizados possíveis efeitos de
aumento da probabilidade de ocorrência na região de doses baixas
(curva b) ou da existência de limiares ou de fatores de redução da
incidência dos efeitos até então desconhecidos (curva c). ........................ 112
Figura 4.5 - Transformação de células expostas à radiação do 60Co e nêutrons do
espectro de fissão, com exposições únicas e fracionadas.......................... 113
Figura 4.6 - Quadro representativo dos diversos processos envolvidos na interação
da radiação ionizante com as células do tecido Humano e o tempo
estimado para sua ocorrência. ................................................................... 115
Figura 4.7 - Alguns tipos de alterações no cromossoma que podem ser induzidos
por radiação ionizante. .............................................................................. 115
xxi
Figura 4.8 - Tipos de aberrações cromossomiais que podem ser induzidos pela
radiação ionizante. .................................................................................... 116
Figura 4.9 - Curvas de sobrevivência para células de mamíferos................................. 117
Figura 4.10 - Fases do efeito biológico produzido pela radiação ionizante. ................... 122
Figura 4.11 - Visualização do processo de transferência de energia (dE) por uma
partícula carregada (elétron) em função da distância percorrida (dx)
num meio material. ................................................................................... 125
Figura 4.12 - Formas de curvas dose-resposta, para radiações de baixo e alto LET,
para indução de efeitos estocásticos. ........................................................ 127
Figura 4.13 - Curva de resposta: probabilidade de indução de câncer versus dose
absorvida, do tipo Linear - quadrática, p = aD + bD2 .............................. 128
Figura 4.14 - Tempo de latência para aparecimento de câncer após irradiação. ............ 129
Figura 4.15 - Relações típicas entre dose e gravidade do dano (severidade), para
efeitos determinísticos numa população. .................................................. 130
Figura 4.16 - Variação da incidência do câncer de pulmão em trabalhadores de
minas de urânio, fumantes e não fumantes. .............................................. 133
Figura 4.17 - Incorporação preferencial de radioisótopos nos tecidos e órgãos do
corpo humano, em função do tipo de composto químico utilizado,
para produção de imagens em gama-câmaras para diagnóstico em
Medicina Nuclear. .................................................................................... 137
Figura 4.18 - Frequência de cromossomos dicêntricos para células submetidas à
radiação gama do 60Co e a nêutrons de várias energias. .......................... 138
Figura 4.19 - Evolução média de pessoas irradiadas em relação ao tempo e em
função da dose .......................................................................................... 141
Figura 4.20 - Indução de câncer na tireóide na Bielorrússia devido ao acidente
nuclear de Chernobyl, em 1986. ............................................................... 142
Figura 4.21 - Faixas aproximadas de Dose Aguda Letal para vários grupos
taxonômicos (UNSCEAR 2008)............................................................... 143
Figura 5.1 - Representação esquemática do procedimento de definição das
grandezas e as relações entre elas estabelecidas no ICRP 26 e CNEN-
NE-3.01 e ICRP 60 e Norma CNEN NN-3.01 de 2011............................ 149
Figura 5.2 - Valores do fator de conversão dose no ar para dose na água e no
tecido muscular em função da energia do fóton. ...................................... 157
Figura 5.3 - Geometria de irradiação da esfera ICRU e o ponto P na esfera, no qual
H*(d) é determinado num campo de radiação expandido e alinhado. ...... 174
Figura 5.4 - Geometria de irradiação da esfera ICRU e o ponto P na esfera, no
qual o equivalente de dose direcional é obtido no campo de radiação
expandido, com a direção Ω de interesse. ................................................. 175
Figura 6.1 - Disposição dos filtros metálicos e do filme no monitor individual
utilizado pelo IRD .................................................................................... 188
Figura 6.2 - Emissão de luz na termoluminescência .................................................... 190
Figura 6.3 - Esquema e fotografia de uma leitora TLD ................................................ 191
Figura 6.4 - Regiões de operação para detectores à gás ............................................... 193
Figura 6.5 - Esquema da Câmara de ionização tipo ―Free-air‖ .................................... 195
Figura 6.6 - Caneta Dosimétrica................................................................................... 195
Figura 6.7 - Câmara de ionização, portátil, tipo ―babyline‖, com faixa de medição
de 0,1 mR/h a 50 R/h (1 μSv/h a 500 mSv/h), para detecção de
radiações X, gama e beta, em instalações nucleares, clínicas de
medicina nuclear, radiodiagnóstico e radioterapia. ................................... 196
xxii
Figura 6.8 - Câmara de ionização pressurizada, portátil, para medição de níveis
baixos de radiação X e gama, provenientes da radiação de fundo,
fugas de aparelhos usados em radiodiagnóstico e radioterapia e
radiação espalhada .................................................................................... 196
Figura 6.9 - (a)Vista interna da câmara de ionização Centronic IG-11, do LNMRI,
(b) foto da câmara NPL-CRC-Capintec fabricada pela Southern
Scientific plc, do LNMRI ......................................................................... 197
Figura 6.10 - Cãmara de extrapolação modelo PTW 23391 .......................................... 197
Figura 6.11 - Dosímetro Farmer modelo 2570 A da Nuclear Enterprise........................ 198
Figura 6.12 - Esquema de um detector proporcional cilíndrico. .................................... 198
Figura 6.13 - Detector proporcional portátil para medição de contaminação
superficial. ................................................................................................ 200
Figura 6.14 - Detectores G-M utilizados para medição de taxa de contagem ou
convertidos para........................................................................................ 200
Figura 6.15 - Detector Geiger, tipo pancake, para medição de contaminação
superficial com janela de mylar aluminizado, para radiação alfa, beta
e gama....................................................................................................... 200
Figura 6.16 - Sonda GM para detecção beta e gama, com janela metálica muito fina ... 201
Figura 6.17 - Estrutura de bandas de energias em um cintilador cristalino ativado ....... 202
Figura 6.18 - Elementos básicos de uma válvula fotomultiplicadora ............................. 203
Figura 6.19 - Cintilômetro portátil Rad Eye PRD, de alta sensibilidade, utilizado
em atividades de triagem e localização de fontes emissoras de
radiação gama. .......................................................................................... 203
Figura 6.20 - Espectrômetro gama, com NaI(Tl)+GM e analisador multicanal,
portátil, que permite determinar a energia da radiação, obter o
espectro e identificar o radionuclídeo. ...................................................... 203
Figura 6.21 - Gama-Câmara de duas cabeças, com detector de NaI(Tl) planar de
grandes dimensões, utilizado em diagnóstico com radiofármacos em
órgãos e corpo inteiro, em medicina nuclear. ........................................... 204
Figura 6.22 - Sondas de sulfeto de zinco para medição de contaminação superficial
(alfa). ........................................................................................................ 205
Figura 6.23 - Níveis de energia em uma molécula orgânica .......................................... 206
Figura 6.24 - Processo de formação do sinal no cintilador líquido ................................ 212
Figura 6.25 - Estimativa do número de fotoelétrons formados a partir da interação
de um elétron de 5 keV com o cintilador líquido ...................................... 212
Figura 6.26 - Cintilador Líquido .................................................................................... 214
Figura 6.27 - Diagrama de blocos do um cintilador líquido. .......................................... 215
Figura 6.28 - Estrutura de bandas em um material (Ei energia do intervalo). ................ 216
Figura 6.29 - Impurezas doadoras e receptoras em uma estrutura cristalina. ................. 217
Figura 6.30 - Detector de germânio de alta pureza, resfriado a nitrogênio líquido,
utilizado em técnicas de espectrometria X e gama, em medições de
laboratório................................................................................................. 219
Figura 6.31 - Vista interna de um detector de barreira de superfície e espectro das
radiações alfa emitidas pelo Am-241........................................................ 221
Figura 6.32 - Monitor individual com detector de diodo de silício para radiação X e
gama, com leitura direta da dose equivalente, taxa de dose,
equivalente de dose pessoal Hp(10), com memória para estocagem de
dados, alarme sonoro e luminoso e identificação do usuário. ................... 221
Figura 6.33 - Espectro das radiações de baixa energia do 241Am obtido com o CdTe ... 222
Figura 6.34 - Dosímetro gama de terlureto de zinco e cádmio ....................................... 223
xxiii
Figura 6.35 - (a) Pulsos analógicos ou lineares, com seus parâmetros de formato e;
(b) Pulso lógico (quadrado) de comando ou de saída, por exemplo, de
um gate ou discriminador ......................................................................... 225
Figura 6.36 - Esquema do funcionamento da unidade de coincidência para dois
pulsos de entrada ...................................................................................... 227
Figura 6.37 - Esquema de operação de um ADC ........................................................... 229
Figura 6.38 - Diagrama de blocos de uma cadeia de medição utilizando o método
de coincidência 4πβ-γ ............................................................................... 229
Figura 6.39 - Arranjo experimental do sistema TDCR e foto do módulo MAC3 .......... 230
Figura 6.40 - Representação da hierarquia e rastreabilidade metrológica das
medições realizadas pelos instrumentos dos usuários até aos padrões
internacionais para cada tipo de grandeza ................................................ 231
Figura 7.1 - Descrição esquemática do método de análise custo-benefício para a
otimização da proteção radiológica .......................................................... 238
Figura 7.2 - Grandezas básicas e derivadas utilizadas para a limitação da
exposição individual ................................................................................. 242
Figura 7.3 - Bandas de Dose Efetiva Individual, em mSv, que podem ser
utilizadas em situações de operação normal ou de emergência ................ 244
Figura 7.4 - Detectores portáteis apropriados para uso em triagem de público
quando da ocorrência de acidentes com dispersão de material
radioativo no ambiente. Os detectores mostrados sâo: (a)
identFINDER,(b) Electronic Personal Dosemeter, (c) Thermo
RadEye PRD............................................................................................. 246
Figura 7.5 - Valores dos parâmetros ―a‖ e ―b‖ em função da energia da radiação
da fórmula de Berger para o cálculo do fator de ―build up‖ ..................... 255
Figura 7.6 - Trifólio - Símbolo da Radiação Ionizante. ................................................ 260
Figura 9.1 - Etiquetas padronizadas para embalados.................................................... 279
Figura 9.2 - Placa para tanques e contêineres. A palavra ―RADIOATIVO‖ pode
ser substituída pelo número de classificação de materiais da ONU,
conforme tabela 9.5 .................................................................................. 281
Figura B.1 - RJU e Legislação Relativa às Radiações Ionizantes ................................. 296
Figura C.1. - Esquema simplificado de uma sala de tratamento de radioterapia com
um acelerador linear de elétrons. O equipamento pode girar em torno
do isocentro, a 1 m do alvo (linha pontilhada). A figura superior
mostra o corte da sala passando pelo cinturão primário (paredes A, C
e teto). Na figura inferior é possível visualizar as barreiras A´, B,C´,
D e D´ ....................................................................................................... 315
Figura C.2 - Largura da barreira primária quando a protuberância é construída no
lado interno da sala (a) e no lado externo da sala (b) de tratamento
(NCRP, 2005) ........................................................................................... 321
Figura C.3 - Esquema da sala onde está instalado o acelerador do exemplo,
mostrando os pontos utilizados para o cálculo da espessura da
barreira primária (cinturão). Note-se que os pontos calculados situam-
se a 0,3 m da parede.................................................................................. 322
Figura C.4 - Distâncias utilizadas para se determinar as barreiras secundárias
(NCRP,2005) ............................................................................................ 324
Figura C.5 - Esquema da sala onde está instalado o acelerador de exemplo,
mostrando os pontos utilizados para o cálculo das espessuras das
barreiras secundárias. Note-se que os pontos calculados situam-se a
0,3 m da parede......................................................................................... 326
xxiv
Figura C.6 - Esquema do labirinto da sala onde está instalado o acelerador do
exemplo, mostrando as áreas definidas para a determinação da dose
equivalente na porta devida ao espalhamento do feixe primário na
parede A ................................................................................................... 329
Figura C.7 - Esquema do labirinto da sala onde está instalado o acelerador do
exemplo, mostrando as áreas definidas para a determinação da dose
equivalente na porta devida ao espalhamento único da radiação de
fuga do cabeçote na parede A ................................................................... 332
Figura C.8 - Esquema do labirinto da sala onde está instalado o acelerador do
exemplo, mostrando as áreas definidas para a determinação da dose
equivalente na porta devida ao espalhamento da radiação pelo
paciente na parede A................................................................................. 333
Figura C.9 - Esquema do labirinto da sala onde está instalado o acelerador do
exemplo, mostrando as áreas definidas para a determinação da dose
equivalente na porta devida à radiação de fuga que atravessa a parede
interna do labirinto.................................................................................... 335
Figura C.10 - Esquema geral para definição dos parâmetros usados na blindagem
da porta do labirinto (NCRP,2005) ........................................................ 336
xxv
RELAÇÃO DE TABELAS
xxvi
Tabela 5.2 - Valores de Q(L) em função do LET, na água ........................................... 152
Tabela 5.3 - Valores do Fator de Qualidade Efetivo (Effective quality fator) Q
para os diversos tipos de radiação - ICRP 26 (1977), CNEN-NE-3.01
(1988) ....................................................................................................... 152
Tabela 5.4 - Valores do fator de peso wT para tecido ou órgão definido na ICRP
26 e ICRP 60 ............................................................................................ 153
Tabela 5.5 - Valores de Γ para alguns radionuclídeos emissores gama em
(R.m2)/(h.Ci) ............................................................................................. 158
Tabela 5.6 - Valores da Constante de Taxa de Exposição Γ e do Fator de
Conversão f de Dose absorvida no ar para Dose absorvida no tecido ...... 159
Tabela 5.7 - Valores do Fator de Conversão para a obtenção da Dose Efetiva (em
mSv) devida à exposição a uma fonte puntiforme de Atividade (em
kBq) para um tempo t de exposição (em h) .............................................. 165
Tabela 5.8 - Fator de conversão da atividade por unidade de área para dose efetiva
E, em função do período de permanência no solo contaminado ............... 166
Tabela 5.9 - Fator de Conversão de Atividade por unidade de área (concentração)
de radionuclídeo emissor beta para dose absorvida na pele ...................... 168
Tabela 5.10 - Coeficientes de Dose Efetiva Comprometida e(g) por unidade de
incorporação ........................................................................................... 171
Tabela 5.11 - Uso das novas grandezas de acordo com o tipo de radiação
monitorada ............................................................................................. 176
Tabela 5.12 - Profundidade de determinação de dose efetiva em alguns tecidos. ........ 176
Tabela 5.13 - Valores do fator de pêso da radiação wR ................................................ 177
Tabela 5.14 - Coeficiente de probabilidade de mortalidade numa população de
todas as idades por câncer após exposição a baixas doses...................... 178
Tabela 5.15 - Estimativas das probabilidades de efeitos biológicos induzidos pelas
radiações ionizantes................................................................................ 179
Tabela 5.16 - Probabilidade de incidência e mortalidade de câncer de pele
induzido por radiação ionizante.............................................................. 180
Tabela 6.1 - Energia média para formação de pares de íons em alguns gases .............. 191
Tabela 6.2 - Soluções cintiladoras comerciais típicas. .................................................. 208
Tabela 6.3 - Fases do processo quantitativo de detecção com cintilação líquida. ......... 211
Tabela 6.4 - Componentes da expressão que calcula a amplitude do pulso de
tensão produzido em sistema de detecção com cintilação líquida. ........... 212
Tabela 7.1 - Limites Primários anuais de Dose Efetiva - CNEN-NN-3.01 (2011) e
BSS 115. ................................................................................................... 239
Tabela 7.2 - Coeficientes de Probabilidade de Detrimento Fatal e Fatores de peso
para vários Tecidos ................................................................................... 240
Tabela 7.3 - Níveis de Registro e de Investigação para Indivíduos
Ocupacionalmente Expostos (IOE) estabelecidos pela Posição
Regulatória 3.01/004:2011 da CNEN para Monitoração Individual......... 242
Tabela 7.4 - Comprimento de Relaxação aproximado de alguns materiais, para
nêutrons rápidos........................................................................................ 248
Tabela 7.5 - Camadas semi-redutoras (HVL) e deci-redutoras (TVL). ........................ 250
Tabela 7.6 - Valores da camada semi-redutora (HVL) de vários materiais para
vários radionuclídeos emissores de radiação gama, numa condição de
―boa geometria‖, onde a contribuição da radiação secundária de
espalhamento não é importante. Ref. IAEA - TECDOC - 1162,
Vienna (2000). .......................................................................................... 252
xxvii
Tabela 9.1 - Valores Básicos de Limites de Atividade e Concentração em
Embalados Tipo A para alguns radionuclídeos......................................... 275
Tabela 9.2 - Limites de Atividade para embalados exceptivos ..................................... 276
Tabela 9.3 - Fatores de multiplicação do IT para embalados de grandes dimensões .... 278
Tabela 9.4 - Categoria de Embalados ........................................................................... 279
Tabela 9.5 - Resumo da classificação da ONU para nomes apropriados ao
transporte de materiais radioativos e respectiva numeração ..................... 281
Tabela B.1 - Definição de adicional de irradiação ionizante constante do Decreto
877/93 ....................................................................................................... 306
Tabela C.1 - Valores típicos para o fator de uso............................................................ 318
Tabela C.2 - Valores sugeridos para o fator de ocupação (NCRP, 2005)...................... 318
Tabela C.3 - Propriedades de materiais usados em blindagem (Profio, 1979). ............. 320
Tabela C.4 - Camadas deci-redutoras para concreto, aço e chumbo com as
densidades médias dadas na Tabela C.3 (NCRP, 2005) ........................... 320
Tabela C.5 - Fator de espalhamento (a) a 1 m de um fantoma com dimensões
humanas, distância alvo-superfície de 1 m e tamanho de campo de
400 cm2 (McGinley, 2002; Taylor et al., 1999) ....................................... 325
Tabela C.6 - Camada deci-redutora em concreto para radiação espalhada pelo
paciente em vários ângulos (NCRP, 2005) ............................................... 326
Tabela C.7 - Valores sugeridos para camada deci-redutora em concreto para
radiação de fuga (NCRP,2005) ................................................................. 327
Tabela C.8 - Valores sugeridos para o coeficiente de reflexão na parede A (Figura
C.6) para concreto (NCRP, 2005) Incidência a 0º e 45º para fótons de
bremsstrahlung e monoenergéticos. Cada valor apresentado abaixo
deve ser multiplicado por 10-3 .................................................................. 331
xxviii
CAPÍTULO 1
RADIAÇÕES
Uma substância como a água pode se apresentar sob a forma de líquido, de gelo
ou de vapor, conforme sua temperatura. Da mesma maneira, muitas outras substâncias.
Outra característica notável das substâncias é o estado de organização em que se
apresenta, ora de forma caótica, amorfa, ora sob a forma de cristais regulares.
1
1.1.5. A aceitação do átomo
71 g de Cl2 + 16 g de O2 = 87 g Cl2O
71 g de Cl2 + 48 g de O2 = 119 g Cl2O3
2
O valor do raio depende da força de atração entre o núcleo e os elétrons e é
expresso em angstron (1 A = 10-8 cm) ou em picômetro (1 pm=10-12m). Assim,
aumentando-se Z, o raio diminui; aumentando-se o número de camadas eletrônicas, o
raio aumenta. Para átomos com a última camada de elétrons completa, o raio tende a ser
menor devido à alta energia de ligação das partículas. Assim, os raios do 40Ca, 222Rn e
207 39
Pb medem 2,23 ,1,34 e 1,81 A , respectivamente, enquanto que o raio do K vale
2,77 A e o raio do 127I, 1,32 A .
3
Núcleo
Elétrons
Cada elétron está vinculado ao átomo pela atração entre a sua carga negativa e
a carga positiva do núcleo e pelo acoplamento atrativo do seu momento magnético
(spin) com elétrons da mesma camada. A força atrativa sofre uma pequena atenuação
devido à repulsão elétrica dos demais elétrons. A energia consumida neste acoplamento
se denomina energia de ligação. Para elementos de número atômico elevado, a energia
de ligação dos elétrons próximos ao núcleo é bastante grande, atingindo a faixa de 100
keV (ver Tabela 1.2), enquanto que a dos elétrons mais externos é da ordem de alguns
eV. Os elétrons pertencentes às camadas fechadas possuem energia de ligação com
valores bem mais elevados do que os das camadas incompletas e, portanto, são os mais
estáveis.
A Figura 1.2 mostra a variação da energia de ligação dos elétrons da última
camada, ou energia potencial de ionização, com o número atômico Z do elemento
químico. Quanto maior o raio atômico, mais distante os elétrons estarão do núcleo e,
portanto, mais fraca será a atração sobre eles. Assim, quanto maior o raio atômico,
menor o potencial de ionização. Os valores máximos correspondem a de elementos com
a última camada eletrônica completa.
4
1.2.7. Estrutura nuclear
5
Figura 1.4 - Energia de ligação nuclear por partícula. Os valores mais
proeminentes correspondem aos núcleos com camadas nucleares completas
de prótons ou de nêutrons (números mágicos).
6
Seccionando-se perpendicularmente a região onde se distribuem os nuclídeos na
superfície (Z,N) da Figura 1.5 tem-se uma situação mostrada na Figura 1.6. Ou seja, a
superfície (N,Z) não é plana, mas apresenta um formato de um ―vale‖, onde se
distribuem nuclídeos nas ―encostas‖ da esquerda e da direita, e no ―fundo‖ se situam os
nuclídeos pertencentes à ―linha de estabilidade beta‖.
Pela Figura 1.6, percebe-se que os nuclídeos da ―encosta da esquerda‖ decaem
para a linha de estabilidade, reduzindo o número de prótons por meio de decaimento β+
e, os da ―encosta da direita‖ por decaimento β-, para reduzir o excesso de nêutrons.
Z +
+
A
( - ) ENERGIA DE LIGAÇÃO
XN
-
Z
+ A
Y
Z-1
A
20
Y -
+ Núcleos - Z+1 N-1 A
estáveis
Z
X
+
Linha de estabilidade beta
-
N
7
Figura 1.7 - Segmento da Tabela de Nuclídeos mostrando isótopos,
isóbaros e isótonos.
8
Atualmente existem mais 8 elementos com Z = 113 até 118, com símbolos ainda
não definidos pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC), mas que
em algumas tabelas são designados por: Uut, Fl, Uup, Lv, Uus e Uuo. Estes elementos
são metais sintéticos obtidos por reações nucleares com íons pesados, são radioativos e
os seus últimos elétrons preenchem os subníveis 5f, 6d e 7s. Além destes, existem mais
12 elementos pesados com Z=104 até Z=118, todos radioativos, cujas propriedades
químicas e físicas ainda não estão bem definidas.
Na Tabela 1.1 são apresentados os nomes, os métodos de obtenção e algumas
das características dos elementos Z = 97 a 115, todos radioativos.
9
Tabela 1.1 - Denominação, símbolo e características dos elementos de
Z = 97 a 118. (ver: IUPAC 2010, Pure Appl.Chem. v.83, pp.359-
396,2011). http://www.chem.qmvl.ac.uk/iupac/
10
elétron, varia com o inverso do quadrado da distância (d) entre elas. Como esta força
deve ser equilibrada pela força centrífuga do elétron com determinada velocidade, a
distância (d) fixa o valor de sua energia cinética, no estado estacionário. Os valores de n
são: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, e correspondem aos denominados níveis energéticos K, L, M, N,
O, P e Q.
n=1 l=0
n=2 l=0e1
n=3 l = 0, 1 e 2
Spin
11
Figura 1.9 - Diagrama de Linus Pauling para distribuição dos elétrons
segundo os níveis de energia.
1.3. TRANSIÇÕES
12
Figura 1.10 - Representação de uma transição eletrônica, resultando na
emissão de um fóton de luz ou raio X característico.
13
transição eletromagnética. Em geral, seu valor é muito pequeno, variando entre 10-6 a
10-15 segundos, principalmente para elétrons. Os estados excitados nucleares são de
duração semelhante, mas alguns núcleos possuem estados excitados com meia-vida
bastante longa e podem, em alguns deles, funcionar como estados isoméricos. A meia-
vida do estado excitado não apresenta ligação direta com a meia-vida do núcleo.
20 Ca 3,69 3,69 4,01 50,6 19,8 65 Tb 43,74 44,48 50,38 51,72 55,8 31,9 8,3
21 Sc 4,09 4,09 4,46 50,7 20,1 66 Dy 45,21 46,00 52,12 53,51 56,0 32,0 8,3
22 Tl 4,50 4,51 4,93 50,8 20,4 67 Hg 46,70 47,55 53,88 55,32 56,2 32,2 8,4
23 V 4,94 4,95 5,43 50,8 20,6 68 Er 48,22 49,13 55,68 57,21 56,3 32,4 8,4
24 Cr 5,41 5,41 5,95 50,9 20,2 69 Tm 49,77 50,74 57,72 59,09 56,5 32,6 8,5
25 Mn 5,89 5,90 6,49 51,0 20,9 70 Yb 51,35 52,39 59,37 60,98 56,7 32,7 8,5
26 Fe 6,39 6,40 7,06 51,1 21,0 71 Lu 52,97 54,07 61,28 62,97 56,9 32,9 8,7
27 Co 6,92 6,93 7,65 51,2 21,1 72 Hf 54,61 55,79 63,23 64,98 57,1 33,1 8,8
28 Ni 7,46 7,48 8,26 51,2 21,2 73 Ta 56,28 57,53 65,22 67,01 57,4 33,2 9,0
29 Cu 8,03 8,05 8,90 51,3 20,9 74 W 57,98 59,32 67,24 69,10 57,6 33,4 9,1
30 Zn 8,62 8,64 9,57 9,66 51,4 21,4 75 Re 59,72 61,14 69,31 71,23 57,8 33,5 9,3
31 Ga 9,22 9,25 10,26 10,37 51,5 21,8 76 Os 61,49 63,00 71,41 73,40 58,0 33,7 9,4
32 Ge 9,86 9,89 10,98 11,10 51,5 22,3 0,5 77 Ir 63,29 64,90 73,56 75,62 58,3 33,8 9,6
33 As 10,51 10,54 11,73 11,86 51,5 22,8 0,9 78 Pt 65,12 66,83 75,75 77,88 58,5 34,0 9,7
34 Se 11,18 11,22 12,50 12,65 51,6 23,3 1,3 79 Au 66,99 68,80 77,98 80,19 58,7 34,1 9,9
35 Br 11,88 11,92 13,29 13,47 51,8 23,7 1,8 80 Hg 68,90 70,82 80,25 82,54 59,0 34,3 10,0
36 Kr 12,60 12,65 14,11 14,32 51,9 23,8 2,4 81 Tl 70,83 72,87 82,58 84,95 59,2 34,4 10,2
37 Rb 13,34 13,40 14,96 15,19 52,0 24,2 2,8 82 Pb 72,80 74,97 84,94 87,36 59,5 34,6 10,4
38 Sr 14,10 14,17 15,84 16,08 52,1 24,6 3,2 83 Bi 74,81 77,11 87,34 89,86 59,8 34,7 10,6
39 Y 14,88 14,96 16,74 17,02 52,2 25,0 3,5 84 Po 76,86 79,29 89,81 92,39 60,1 34,9 10,8
40 Zr 15,69 15,78 17,67 17,97 52,3 25,4 3,7 85 At 78,95 81,52 92,32 94,97 60,3 35,0 11,1
41 Nb 16,52 16,62 18,62 18,95 52,4 25,8 3,9 86 Rn 81,07 83,79 94,87 97,61 60,6 35,2 11,3
42 Mo 17,37 17,48 19,61 19,97 52,5 26,2 4,0 87 Fr 83,23 86,11 97,47 100,30 60,9 35,3 11,5
43 Tc 18,25 18,37 20,62 21,01 52,6 26,5 4,2 88 Ra 85,43 88,47 100,13 103,04 61,2 35,5 11,7
44 Ru 19,15 19,28 21,66 22,07 52,7 26,8 4,4 89 Ac 87,68 90,89 102,84 105,83 61,5 35,6 11,9
45 Rh 20,07 20,22 22,72 23,17 52,8 27,1 4,5 90 Th 89,96 93,35 105,60 108,68 61,8 35,8 12,1
46 Pd 21,02 21,18 23,82 24,30 52,9 27,4 4,7 91 Pa 92,28 95,86 108,42 111,59 62,1 35,9 12,2
47 Ag 21,99 22,16 24,94 25,46 53,1 27,8 4,8 92 U 94,65 98,43 111,30 114,56 62,5 36,1 12,3
48 Cd 22,98 23,17 26,10 26,64 53,2 28,0 5,1 93 Np 97,07 101,06 114,23 117,58 62,8 36,2 12,5
49 In 24,00 24,21 27,28 27,86 53,3 28,3 5,4 94 Pu 99,53 103,73 117,73 120,67 63,2 36,4 12,6
50 Sn 25,04 25,27 28,49 29,11 53,4 28,6 5,6 95 Am 102,03 106,47 120,28 123,82 63,5 36,5 12,8
51 Sb 26,11 26,36 29,73 30,39 53,6 28,8 6,0 96 Cm 104,59 109,27 123,40 127,03 63,9 36,7 12,9
52 Te 27,20 27,47 31,00 31,70 53,7 29,1 6,3 97 Bk 107,19 112,12 126,12 130,31 64,2 36,8 13,0
53 J 28,32 28,61 32,29 33,04 53,8 29,3 6,6 98 Cf 109,83 115,03 129,82 133,65 64,6 38,0 13,2
54 Xe 29,46 29,78 33,62 34,42 54,0 29,5 7,0 99 Es 112,53 118,01 133,14 133,06 65,1 37,2 13,3
55 Cs 30,63 30,97 34,99 53,82 54,1 29,7 7,3 100 Fm 115,29 121,06 136,52 140,55 65,4 37,3 13,4
56 Ba 31,82 32,19 36,38 37,26 54,3 30,0 7,6 101 Md 118,09 124,17 139,97 144,10 65,8 37,3 13,5
57 La 33,03 33,44 37,80 38,73 54,4 30,2 7,7 102 No 120,95 127,36 143,51 147,74 66,2 37,6 13,7
58 Ce 34,28 34,72 39,26 40,23 56,4 30,4 7,7 103 Lr 123,87 130,61 147,11 151,45 66,7 37,7 13,8
59 Pr 35,55 36,03 40,75 41,77 54,8 30,6 7,8 104 126,85 133,95 150,80 155,25 67,1 37,8 13,9
60 Nd 36,85 37,36 42,27 43,33 54,9 30,9 7,9 105 129,88 137,35 154,56 159,12 67,5 38,0 14,1
14
Ex [keV] Ir* Ex [keV] Ir*
61 Pm 38,17 38,72 43,83 44,94 55,1 31,1 8,0 106 132,94 140,80 158,37 163,04 68,0 38,1 14,2
62 Sm 39,52 40,12 45,41 46,58 55,3 31,3 8,1 107 136,09 144,37 162,30 167,08 68,4 38,2 14,3
63 Eu 40,90 41,54 47,04 48,26 55,4 31,5 8,1 108 139,30 148,01 166,31 171,21 68,9 37,3 14,5
64 Gd 42,31 43,00 48,70 49,96 55,6 31,7 8,1 109 142,58 151,75 170,42 175,43 69,4 38,5 14,6
1.4.1. Fótons
15
carregadas pelas diferenças de energia (E) e frequência () da transição, ou seja, por
uma onda eletromagnética ou fóton (E=h).
1.4.2. Raios X
1.5. RADIOATIVIDADE
dn(t )
A(t ) n(t )
dt
n(t ) n0 e t
A(t ) n(t ) n0 e t
16
A0 n0
e, portanto:
A(t ) A0 e t
= constante de decaimento
T1/2 = meia-vida
= vida-média
17
A unidade antiga, ainda em uso em equipamentos antigos ou produzidos em
alguns países (como os EUA.) é o curie (Ci). Por sua definição inicial, equivale ao
número de transformações por segundo em um grama de 226Ra, que é de 3,7.1010
transformações por segundo. Portanto, 1 Ci é equivalente a 3,7.1010.Bq.
A título de informação, nos rótulos das garrafas de água mineral, a
radioatividade é expressa numa unidade denominada de ―mache‖. O mache equivale a
uma concentração de 12,802 Bq L-1 associada, em geral, ao 226Ra.
A meia-vida pode ter valores muito pequenos como os do 20F e 28Al, com 11 s e
2,24 min respectivamente, grandes como 90Sr (28,5 a), 60Co (5,6 a) e 137Cs (30 a), e
muito grandes como os do 232Th (1,405.1010 a) e 238U (4,46.109 a).
18
1.6. RADIAÇÕES NUCLEARES
1.6.2. Radiação β
19
1.6.2.1. Emissão β-
0
1n 1p 0e
1.6.2.4. Emissão β +
1p 10n 0e
A energia da transição é bem definida, mas como ela é repartida entre elétron e o
neutrino, a energia da radiação beta detectada terá um valor variando de 0 até um valor
máximo, denominado de Emax. Assim, o espectro da radiação beta detectada será
contínuo, iniciando com valor 0 e terminando em Emax como é mostrado na Figura 1.14.
36
Ar
A paridade da transição beta é obtida pelo produto das paridades dos estados
inicial do núcleo-pai e final do núcleo filho, podendo ser positiva ou negativa, ou seja,
trocar ou não de paridade.
A paridade de um estado de uma partícula está associada ao formato de sua
descrição pela função matemática que o descreve, denominada de ―função de onda‖. Se,
na sua representação gráfica, ela seccionar o eixo dos X um número par de vezes, ela
possui a paridade par ou positiva. Se seccionar um número ímpar, paridade ímpar ou
negativa.
21
c) Classificação das transições beta
22
1.6.2.7. Emissores β puros
1p 0e 10n
23
Figura 1.16 - Representação do processo de captura eletrônica e da emissão
de raio X característico.
1.6.3. Radiação α
A 4
A
ZX Z 2Y 24He energia
239
94 Pu 235
92 U 24He 5,2 MeV
24
A explicação da emissão de partículas alfa pelo núcleo se baseia no valor do
coeficiente de transmissão de uma partícula alfa, através de uma barreira de potencial
coulombiano com energia maior que a da partícula, num fenômeno conhecido como
Efeito Túnel. Este coeficiente é determinado, utilizando-se o método WKB (G.
Wentzel, H.A. Kramers e L. Brillouin) com um formalismo tipicamente quântico. (ver:
A. Messiah, Quantum Mechanics, Vol.2 - North Holland, 1974; E. de Almeida e L.
Tauhata, Física Nuclear, Ed. Guanabara Dois, 1981 - Rio).
A partícula alfa pode ser emitida tanto do estado fundamental como excitado do
núcleo-pai, gerando o núcleo-filho em diversos estados excitados, que decaem por
emissão gama para o seu estado fundamental. Isto gera também radiações alfa de várias
energias.
Figura 1.18 - Espectro das radiações alfa, com energias entre 5,389 MeV e
5,545 MeV, emitidas pelo 241Am, e obtido com detector de barreira se
superfície.
25
Como a maior parte das partículas α são emitidas com energia entre 3 e 7 MeV, a
sua velocidade é da ordem de um décimo da velocidade da luz. Obs.: a energia da
partícula α chega a 11,65 MeV no 212Po.
Na Tabela 1.4 estão relacionadas as energias das radiações alfa emitidas por
alguns radionuclídeos, muito deles escolhidos como padrões para calibração de sistemas
de detecção.
26
1.6.4.1. Características da emissão gama
E Ei E f h
b) Paridade da transição
A paridade de uma transição gama é definida pelo produto das paridades dos
estados nucleares, inicial e final, podendo ser positiva (+) ou negativa (-). A paridade de
um estado depende do seu momento angular orbital (l), ou seja,
27
Quanto mais semelhantes as características dos estados envolvidos, mais
provável será a transição. Como a soma das probabilidades de transição é 1, o
percentual de emissão de cada radiação gama é diretamente proporcional à
probabilidade de transição envolvida.
Assim, por exemplo, para a transição de 1,17321 MeV do 60Ni, a intensidade
relativa será:
1173 keV
1332 keV
60
Figura 1.20 - Espectro das radiações gama do Co obtido com o detector
de germânio puro.
28
Tabela 1.5 - Valores padrões recomendados para radiações gama de alguns
radionuclídeos (Marie-Martine Bé, Valery P. Chechev - Nuclear Intr. Meth., A,
728 (2013) p. 157-1712).
Eγ Iabs Eγ Iabs
Nuclídeo T1/2 Nuclídeo T1/2
(keV) (%) (keV) (%)
7 99m
Be (53,22 ± 0,06) d 477,6035(20) 10,44(4) Tc (6,0067 ± 0,0010) h 140,511(1) 88,5(2)
22 108
Na (2,6029 ± 0,0008) a 511,00 180,7((13) Ag (2,382 ± 0,011) min 632,98(5) 88,5(2)
1.274,547(7)
108m
Ag (439 ± 9) a 79,131(3) 6,9(5)
24
Na (14,9574 ± 0,0020) h 1.368,626(5) 99,9935(5) 433,938(5) 90,1(6)
2.754,00(11) 99,872(8) 614,276(4) 90,5(16)
722,907(10) 90.8(16)
40
K (1,2504 ± 0,003).109 a 1.460,822(6) 10,55(11)
110m
Ag (249,78 ± 0,2) d 446,812(3) 3,65(5)
620,3553(17) 2,72(8)
46
Sc (83,788 ± 0,0122) d 889,271(2) 99,9833(5) 657,7600(11) 94.38(8)
1.120,537(3) 99,986(36) 677,6217(12) 10,56(6)
687,0091(18) 6,45(3)
51
Cr (27,703 ± 0,003) d 320,0824(4) 9,87(3) 706,6760(15) 16,48(8)
744,2755(18) 4,71(3)
763,9424(17) 22,31(9)
54
Mn (312,13 ± 0,03) d 834,838 99,9746(11) 818,0244(18) 7,33(4)
884,6781(13) 74,0(12)
937,485(3) 34,51(27)
59
Fe 44,495(8) d 192,349(5) 2,918(29) 1.384,2931(20) 24,7(5)
1.099,245(3) 56,59(21) 1.475,7792(23) 4,03(5)
1.291,590(6) 43,21(25) 1.505,028(2) 13,16(16)
1.562,2940(18) 1,21(3)
56
Co (77,236 ± 0,026) d 511,00 39,21(22)
123
846,7638(19) 99,9399(23) I (13,2234 ± 0,0037) h 158,97(5) 83,31(20
977,363(4) 1,422(7) 528,96(5) 1,25(3)
1.037,8333(24) 14,03(5)
125
1.175,0878(22) 2,249(9) I (59,388 ± 0,028) d 35,44925 6,63(6)
1.238,2736(22) 66,41(16)
131
1.360,196(4) 4,80(13) I (8,0233 ± 0,001) d 80,1850(19) 2,607(27)
1.771,327(3) 15,45(4) 284,305(5) 6,06(6)
2.015,176(5) 3,017(14) 364,489(5) 81,2(8)
2.034,752(5) 7,741(13) 636,989(4) 7,26(8)
2.598,438(4) 16,96(4) 722,911(5) 1,96(20)
3.009,559(4) 1,038(19)
124
3.201,930(11 3,203(13) Sb (60,208 ± 0,011) d 602,7260(23) 97,775(20)
3.253,402(5) 7,87(3) 645,8520(19) 7,442(15)
3.272,978(6) 1,855(9) 709,33(2) 1,363(5)
713,776(4) 2,273(7)
57
Co (271,80 ± 0,05) d 14,41295(31) 9,15(17) 722,782(3) 10,708(22)
122,06065(12) 85,51(6) 968,195(4) 1,887(10)
136,47356(29) 10,71(15) 1.045,125(4) 1,852(14)
1.325,504(4) 1,587(7)
60
Co (5,2711 ± 0,0008) a 1.173,228(3) 99,85(3) 1.355,20(2) 1,0412(38)
1.332,492(4) 99,9826(6) 1.368,157(5) 2,620(8)
1.436,554(7) 1,234(8)
65
Zn (244,01 ± 0,09) d 511,00 2,842(13) 1.690,971(4) 47,46(19)
1.115,539(2) 50,22(11) 2.090,930(7) 5,493(24)
88 134
Y (106,626 ± 0,021) d 898,036(4) 93,90(23) Cs (2,0644 ± 0,0014) a 475,365(7) 1,479(7)
1.836,052(13 99,32(3) 563,246(3) 8,342(15)
569,330(2) 15,368(21)
95
Zr (64,032 ± 0,006) d 724,193(3) 44,27(22) 604,720(3) 97,63(8)
756,729(12) 54,38(22) 795,86(1) 85,47(9)
801,950(6) 8,694(16)
99
Mo (2,7479 ± 0,0006) d 40,58323(17) 1,022(27) 1.167,967(4) 1,791(5)
140,511(1) 89,61(17 1.365,194(4) 3,019(8)
181,068(8) 6,01(11)
137
366,421(15) 1,194(23) Cs (30,05 ± 0,08) a 661,657(3) 84,99(20)
739,500(17) 12,12(15)
144
777,921(20) 4,28(8) Ce (284,91 ± 0,05) d 80,120(5) 1,36(6)
133,515(2) 11,1(1)
29
Eγ Iabs Eγ Iabs
Nuclídeo T1/2 Nuclídeo T1/2
(keV) (%) (keV) (%)
152 182
Eu (13,522 ± 0,016) a 121,7817(3) 28,37 Ta (114,61 ± 0,13) d 65,72215(15) 46,31
244,6974(8) 7,51 67,7497(1) 14,23
344,2785(12) 26,58 84,68024(26) 6,95
411,1165(12) 2,234 100,10595(7) 3,09
443,965(3) 2,80 152,42991(26 3,64
778,9045(24) 1,70 156,3864(3) 35,30
867,380(3) 12,96 179,39381(25 16,44
964,079(18) 4,21 198,35187(29 27,17
1.085,837(10 14,62 229,3207(6) 11,58
1.089,737(5) 10,16 264,0740(3)
1.112,076(3) 1,710 1001,6856(12
1.212,948(11 13,56 1.121,290(3)
1.299,142(8) 1,397 1.189,040(3)
1.408,13(3) 1,626 1.221,395(3)
20,85 1.231,004(3)
1257,407(3)
170
Tm (127,8 ± 0,6) d 84,2547(8) 2,48(9) 1289,145(3)
198
Au (2,6944 ± 0,0008) d 411,80205(8) 95,54(7)
192
Ir (73,827 ± 0,013) d 205,79430(9) 3,34(4)
203
295,95650(15 28,72(14) Hg (46,594 ± 0,012) d 279,1952(10) 81,61(5)
308,45507(17) 29,68(15)
207
316,50618(17) 82,75(21) Bi (32,9 ± 1,4) a 569,698(2) 97,7(3)
468,0688(3) 47,81(24) 1.063,656(3) 74,58(22
484,5751(4) 3,189(24) 1.770,228(9) 6,871(26
588,5810(7) 4,517(22)
226
604,41105(25) 8,20(4) Ra (1600 ± 7) a 186,211(13) 3,555(19
612,4621(3) 5,34(8)
241
Am (432,6 ± 0,6) a 26,3446(2) 2,31(8)
59,5409(1) 35,92(17
30
Figura 1.21 - Esquema de decaimento do radionuclídeo X, indicando os
valores das probabilidades de emissão das radiações beta e gama.
A cps /( I 3 3 t )
Uma mistura de radionuclídeos com atividades A1, A2, A3, ... , An com
respectivas constantes de decaimento λ1, λ2, λ3, ... , λn terá como atividade total AT, num
certo instante t0:
n
AT Ai
i 1
n
AT Ai e i t
i 1
31
1.6.7. Esquema de decaimento de um radionuclídeo
Quando ocorre a captura eletrônica (EC) ou outro processo que retire elétrons da
eletrosfera do átomo, a vacância originada pelo elétron é imediatamente preenchida por
algum elétron de orbitais superiores. Ao passar de um estado menos ligado para outro
mais ligado (por estar mais interno na estrutura eletrônica), o excesso de energia do
elétron é liberado por meio de uma radiação eletromagnética, cuja energia é igual à
diferença de energia entre o estado inicial e o final. A denominação ―característico‖ se
deve ao fato dos fótons emitidos, por transição, serem monoenergéticos e revelarem
detalhes da estrutura eletrônica do elemento químico e, assim, sua energia e intensidade
relativa permitem a identificação do elemento de origem.
Os raios X característicos são, portanto dependentes dos níveis de energia da
eletrosfera e, dessa forma, seu espectro de distribuição em energia é discreto.
Como a emissão de raios X característicos é um fenômeno que ocorre com
energia da ordem da energia de ligação dos diversos níveis da eletrosfera, as energias de
emissão dos raios X característicos variam de alguns eV a dezenas de keV.
32
1.7.2. Elétrons Auger
Nota: A emissão de elétrons Auger permite observar, por outra via, a ocorrência
do processo de captura eletrônica.
33
Na conversão interna, a energia e o momento angular da radiação gama prevista,
são transferidos para um elétron orbital. A energia cinética do elétron expelido é igual à
diferença de energia entre os estados inicial e final (Ei - Ef) menos a energia de ligação
do elétron ao orbital, por exemplo, a camada K, ou seja,
( )
Esta competição entre tipos de transição, pode ser expressa pela relação entre as
probabilidades de transição por segundo de conversão interna (e) e emissão gama (),
denominada de Coeficiente de Conversão Interna (), ou seja,
Da mesma forma,
34
Os valores dos coeficientes de conversão interna podem ser obtidos teoricamente
ou em tabelas ou gráficos que fornecem valores em função de Z, E.e tipo de transição
gama (E1, M1, E2, M2, etc) (ver Table of Isotopes - Lederer e Hollander, ou Lederer e
V. Shirley, apêndice 26). Também podem ser encontrados em tabelas que fornecem o
esquema de decaimento, as probabilidades de transição gama e os valores dos diversos
coeficientes para as várias camadas eletrônicas.
35
Raio X
Característico
Intensidade da radiação
Energia Máxima
e e energia cinética
Quando um pósitron, após perder sua energia cinética, interage com um elétron,
a matéria é toda transformada em energia, sendo emitidos dois fótons, em sentidos
opostos, com energia de 0,511 MeV (2 0,511 MeV= 2mec2). Seu espectro de
distribuição de energia é, portanto discreto.
e e 2 (0,511 MeV )
Essa radiação é denominada também de radiação gama, embora não seja de
origem nuclear.
36
Tabela 1.6 - Características das radiações em função de sua origem.
ENERGIA
TIPO DESIGNAÇÃO EVENTO GERADOR
Valores Distribuição
Fóton Raios X Desexcitação da eletrosfera, alterada por eV a dezenas Discreta
característicos captura eletrônica de keV
Desexcitação da eletrosfera, alterada por
interação com partículas carregadas externas
Desexcitação da eletrosfera, alterada por
conversão interna
Desexcitação da eletrosfera, alterada por
interação com fótons externos
Raios X de Interação de elétron externo com campo eV a Contínua
freamento elétromagnético nuclear ou eletrônico centenas de
MeV
Raios gama Desexcitação nuclear keV a MeV Discreta
Aniquilação de pósitron em interação com 0,511 MeV Discreta
elétron
Elétron Foto-elétron Elétron arrancado da camada eletrônica por eV a MeV Discreta
interação com fóton, com transmissão total de (hv-B)
energia
Elétron-Compton Elétron arrancado da camada eletrônica por keV a MeV Contínua
interação com fóton, com transmissão parcial
de energia
Radiação β - Decaimento em núcleo instável por excesso de keV a MeV Contínua
nêutrons.
Elétron de Transmissão de energia de excitação nuclear Dezenas de Discreta
conversão diretamente para a camada eletrônica; concorre keV a MeV (Eγ- B)
com emissão gama.
Elétron Auger Desexcitação da eletrosfera por transmissão de eV a dezenas Discreta
energia a elétrons mais externos (menos de keV
ligados); concorre com raios X característicos.
Raios δ Elétrons arrancados da eletrosfera de átomos eV a MeV Contínua
por interação com partículas carregadas com os
átomos.
Elétron de Transformação de energia em matéria por eV a MeV Contínua
formação de par interação de um fóton de alta energia (> 1,022
MeV) com o campo eletromagnético do núcleo.
Pósitron Radiação β+ Decaimento em núcleo instável por excesso de eV a MeV Contínua
prótons
Pósitron de Transformação de energia em matéria por eV a MeV Contínua
formação de par interação de um fóton de alta energia (> 1,022
MeV) com o campo eletromagnético do núcleo
Partícula α Radiação α Decaimento em núcleos pesados instáveis MeV Discreta
Nêutrons Nêutrons Fissão espontânea MeV (pode Contínua
Reações nucleares ser moderado
a eV)
37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
C. Michael Lederer, J.M. Hollander, I. Perlman, Table of Isotopes, Sixth Ed. John
Wiley & Sons, Inc., 1978.
K.C. Chung, Introdução à Física Nuclear, Ed. UERJ, Rio de Janeiro, RJ, 2001.
J.M. Eisenberg e W. Greiner, Nuclear Models, Vol. 1 de Nuclear Theory, North Holland
Publishing Company, Amsterdam-London, 1970.
M.M. Bé, V.P. Chechev, Nuclear Intr. Meth., A, 728, p. 157-1712, 2013.
38
CAPÍTULO 2
39
10E+06 O
Si
10E+05 Al Fe
Na Ca
K
10E+04 Mg Ti
H
Mn
10E+03 P Sr Ba
C F
Concentração (mg/kg)
S Zr
10E+02
Ni Zn Rb Ce
Cl V Cr
Cu Nd
Li N Y Np La Pb
10E+01 Sc Co Ga Gd Th
B Pr Er
As Br Sn Sm Dy Hf
Mo Cs Yb Te
10E+00 Be Eu Ho W U
Ge
Cd Sb I Tb
Tm Lu
Tl
10E-01 Hg Bi
Ag In
Se
Pt
10E-01 Ruu Pd
Te Os
Rh Au
10E-03
Re Ir
10E-04
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Número Atômico
40
Tabela 2.1 - Composição química do Homem Referência, que possui
massa total de 70 kg e densidade de 1,025 g/cm3.
41
Tabela 2.2 - Composição química de materiais tecido-equivalentes e do
músculo utilizada em proteção radiológica, para cálculos por simulação,
utilizando Métodos de Monte Carlo e para teste de equipamentos de
medição.
TECIDO TECIDO
MÚSCULO
ELEMENTO EQUIVALENTE EQUIVALENTE
(ICRP 1962)
QUÍMICO (DOSE EXTERNA) (DOSE INTERNA)
(%)
(%) (%)
Hidrogênio 10,2 10 10
Carbono 12,3 14,9 18
Nitrogênio 3,5 3,49 3
Oxigênio 72,9 71,4 65
Sódio 0,08 0,15 0,15
Magnésio 0,02 - 0,05
Fósforo 0,2 - 1
Enxofre 0,5 - 0,25
Cloro - 0,1 0,15
Potássio 0,3 - 0,20
Cálcio 0,007 - 1
42
Radionuclídeos de meia-vida curta
estável
43
2.1.5. O radônio e torônio
44
Figura 2.5 - Variação da concentração do radônio e torônio com a altura em
relação ao solo.
12
10
45
Figura 2.7 - Variação da concentração de radônio e torônio durante o ano.
3,5
2,5
1,5
0,5
47
Na área médica são 595 instalações sendo 225 de radioterapia e 370 de medicina
nuclear. Nos serviços de radioterapia estão instalados 260 aceleradores lineares, 78
equipamentos de braquiterapia de alta taxa de dose e 57 equipamentos de cobalto. Nos
serviços de medicina nuclear além das fontes como 131I, 99mTc, 67Ga, 201Tl, 153Sm, 92
serviços do país já contam com equipamentos de tomografia por emissão de pósitrons
(PET/CT) que utilizam o 18F associado à uma molécula de glicose (2[18F] fluoro-2-
deoxi-D-glicose) para o diagnóstico ou mapeamento de tumores. Atualmente o 18F é
produzido em 13 cíclotrons instalados em diversas cidades brasileiras.
Ampola de Vidro
Feixe de Elétrons
Alta Tensão Filamento
Catodo
Anodo
Copo focalizador
Alvo de Tungstênio
Janela
Feixe de Raios X
Magneto quadripolar
Bob ina defletora Bobina defletora
Seletor de energia
Canhão
de eletrons
Guia de onda
Sistema de
transporte do feixe
Janela de saída
Grade Anodo
Bobina focalizadora Bobina Alvo Colimador primário
Bobina defletora
defletora
Carga
Janela
de cerâmica
F iltro achatador
Circulador Sistema de
pressurização
Janela Câmara de
Modulador de cerâmica ionização dual
de pulso
Colimador superior
F onte de alimentação
Unidade Mesa
de controle
de tratamento
50
Figura 2.12 - Esquema de um acelerador eletrostático do tipo Van de
Graaff: (1) Fonte de tensão contínua; (2) Fita de isolamento; (3) Terminal
de alta voltagem; (4) Tanque pressurizado com gás isolante; (5) Fonte de
íons; (6) Tubo de aceleração e anéis de equalização do campo; (7) Feixe de
íons acelerados; (8) Bomba de vácuo; (9) Magneto para reflexão e análise
do feixe; (10) Sistema de dispersão do feixe conforme a energia; (11)
Amplificador de sinal; (12) Pontos de efeito Corona.
2.2.6. Ciclotrons
51
entre a velocidade da partícula e os campos de aceleração e deflexão. Em todas as
regiões, no interior da máquina, de percurso e aceleração do feixe, devem ser providas
de alto vácuo para não perturbá-lo. As energias obtidas chegam a 15 MeV para prótons,
25 MeV para dêuterons e 50 MeV para partículas alfa.
52
2.2.6.3 O Grande Colisor de Hadrons (LHC)
53
Figura 2.15 - Colisão dos feixes de prótons para a possível produção do
Boson de Higgs.
54
tipo de radiação e intensidade do feixe, a máquina dispõe de blindagem, colimadores,
sistemas de segurança ou mobilidade apropriados.
Os dispositivos mais utilizados na medicina são as bombas de cobalto-60 para
teleterapia, as fontes de radiação gama para braquiterapia e os aplicadores
oftalmológicos e dermatológicos com emissores beta.
60
Figura 2.17 - Corte de um cabeçote de uma bomba de Co modelo
Theratron 780 usado em radioterapia.
192
Fonte de Ir Tubo em S
Tubo guia
Blindagem
de Urânio
exaurido
Cabo Condutor
Engate
e
Chave Engate
Rabicho flexível
56
carga microbiana de produtos descartáveis como seringas, luvas e alguns produtos
médico-cirúrgicos.
A fonte é constituída de cilindros metálicos contendo 60Co, encapsulados em
varetas de aço inox, dispostas verticalmente numa armação retangular, semelhante a um
―secador de roupa‖.
A instalação é constituída basicamente de um sistema de correia transportadora
que carrega, do exterior para dentro da máquina, as caixas e ―containers‖ apropriados
para a irradiação, fazendo-os passar diante da fonte exposta, com uma velocidade pré-
estabelecida. Cada caixa passa duas vezes pela fonte, expondo ora um lado ora outro,
para aplicar, o mais homogeneamente possível, a dose nos produtos alocados em seu
interior.
Para realizar a irradiação, um eletromecanismo suspende a fonte, a partir do
fundo de uma piscina cheia de água pura, até a posição de operação. Em qualquer outra
situação, a fonte fica recolhida no fundo da piscina. Todo o conjunto contém um
sofisticado e redundante sistema de segurança e é envolvido por uma espessa blindagem
de concreto, constituindo uma forte casamata, dentro da qual pessoa nenhuma pode
permanecer, um segundo sequer. As doses aplicadas no tratamento de frutas variam
entre 0,2 e 0,4 kGy e para produtos médico-cirúrgicos na faixa de 25 kGy. Na Figura
2.19 é apresentado um esquema de um irradiador industrial.
57
Outros materiais radioativos, dispersos na atmosfera e em ambientes aquáticos,
são os produtos dos testes nucleares (―Fallout‖) realizados na atmosfera,
principalmente os realizados entre 1945 a 1980. Eles precipitaram em grande
quantidade por ocasião dos testes, mas até hoje, podem ser medidos em qualquer
localidade do mundo.
Nos 543 testes realizados na atmosfera, com 189 megatons (Mt) por artefatos à
fissão e 251 megatons por fusão, a atividade de trício produzida foi estimada em: 251
Mt (fusão) 7,4.1017 Bq Mt-1 =1,8.1020 Bq. Nos 1876 testes subterrâneos realizados,
foram injetados na Terra 90 Megatons de material radioativo. Um Megaton (Mt)
corresponde a explosão de 1 milhão de toneladas de dinamite (TNT).
58
Figura 2.21 - Concentrações de 137Cs e 90
Sr na dieta alimentar dos
habitantes dos hemisférios Norte e Sul.
59
Quanto ao seu uso, os reatores nucleares podem ser divididos em dois grandes grupos:
os reatores de potência, utilizados para a geração núcleo-elétrica em usinas nucleares ou
como mecanismos de propulsão naval, e os reatores de pesquisa, usados para
experimentos e ensino. A esses últimos poderiam ser adicionados os que são utilizados
para a produção de radioisótopos, denominados de reatores de multipropósito, e os para
testes de materiais.
60
Vaso de
Contenção
Torre de
Alta Tensão
Pressurizador Gerador
Vaso de de
Pressão Vapor Turbina
Barras de Gerador
Controle Elétrico
Núcleo Condensador
Tomada
do d’Água
Reator Água
Bomba Descarga
Bomba
Circuito Primário Circuito de
Tanque de Alimentação Refrigeração
Circuito Secundário
61
se encontra em fase de construção. Embora sejam usinas relativamente antigas,
principalmente Angra 1, são atualizadas sistematicamente com os desenvolvimentos de
segurança, como ocorre normalmente com os reatores de potência em todo o mundo.
A Tabela 2.3 mostra os reatores de potência utilizados para geração nucleo-
elétrica em operação e em construção no mundo. Além desses, existem os reatores
planejados.
Em operação Em construção
% Geração Elétrica
País No o
Total MWE N Reatores Total MWE (em 2011)
Reatores
África do Sul 2 1.800 - - 5,2
Alemanha 9 12.003 17,8
Argentina 2 935 1 745 5,0
Armênia 1 376 33,2
Bélgica 7 5.943 54,0
Brasil 2 1.901 1 1.405 3,2
Bulgária 2 1906 32,6
Canadá 19 13.553 15,3
China 173 13.955 28 30.550 1,8
Eslovênia 1 696 41,7
Emirados Árabes 1 1.400
Espanha 79 7.002 19,5
Estados Unidos 103 101.570 3 3.618 19,2
Finlândia 4 2.741 1 1.700 31,6
França 58 63.130 1 1.720 77,7
Holanda 1 485 3,6
Hungria 4 1.755 42,2
Índia 20 4.385 7 5.300 3,7
Irã 2 2.111
Japão 50 44.396 3 3.036 18,1
Coreia do Sul 23 20.787 4 5.415 34,6
México 2 1.600 3,6
Paquistão 3 725 2 680 3,8
Reino Unido 16 10.038 17,8
Rep. Checa 6 3.766 33,0
Romênia 2 1.310 19,0
Rússia 33 24.169 10 9.160 17,6
Suécia 10 9.399 39,6
Suíça 5 3.252 40,8
Ucrânia 15 13.168 47,2
TOTAL 435 374.524 66 68.309
62
2.3.1.2. Reatores de Pesquisa
O reator IEA-R1 tem 5 MWe de potência e além de ser usado para pesquisa, é
usado para a produção de radioisótopos. Os reatores Triga e Argonauta tem a potência
da ordem de centenas de kWe. O reator IPEN-MB-01 é usado principalmente para testes
de materiais e combustíveis.
63
para mineração a céu aberto. A mina de Caetité, na Bahia, utiliza a mineração a céu
aberto.
Áreas
Selecionadas
Corpos
Mineralizados Minério bruto
Produção de
Mina Concentrado de Urânio
Prospecção de Urânio Pesquisa
(Yellow-Cake)
Yellow-Cake
U3 O8
Conversão
para UF6
Urânio
Natural
Enriquecimento
(Resende -INB) (Exterior)
Urânio Enriquecido
UF6
Urânio
recuperado
Centrais Nucleares
(Angra - Eletronuclear)
Fabricação do
Elemento Combustível -FEC
(Não realizado)
Elemento
Combustível
gasto
Armazenamento
de
Rejeitos
64
depois purificada por métodos químicos comuns. O produto final é um concentrado de
urânio (U3O8), sólido, de cor amarela, conhecido por ―yellow-cake‖, que contém
aproximadamente 70% do urânio do minério.
Ainda que uma planta de mineração consuma uma quantidade razoável de água
para sua operação, seu funcionamento não precisa se constituir em algo prejudicial para
os lençóis de água da região, bastando somente o manejo adequado. Os acidentes
potenciais considerados na mineração são aqueles relacionados à mineração
convencional de minérios com metais pesados. Os maiores cuidados são relacionados à
contaminação ambiental. Em relação ao trabalhador, a maior preocupação para minas a
céu aberto é a inalação de poeira e, para minas subterrâneas, além da poeira, a presença
de radônio acumulado no ambiente.
65
No processo de enriquecimento de urânio, além do urânio enriquecido em 235U
resulta também o urânio empobrecido nesse isótopo, que também é chamado de urânio
depletado. Esse urânio, em função de sua alta densidade específica, tem sido usado
como blindagem para radiação gama e também na indústria bélica, em blindagem
pesada e em pontas perfurantes de projéteis.
O acidente potencial associado com o processo de conversão e com o de
enriquecimento é o vazamento de hexafluoreto de urânio. A toxidade química do urânio
e do flúor são os principais eventos neste tipo de acidente. A liberação de hexafluoreto
resulta na formação de ácido fluorídrico e compostos de flúor e urânio, mais pesados
que o ar. O efeito da radioatividade é menos significativo que o efeito tóxico do ácido
fluorídrico e que o efeito químico do urânio como metal pesado.
66
Figura 2.26 - Elemento combustível.
67
Os acidentes potenciais previstos em uma planta de reprocessamento são os de
vazamento e de criticalidade, além de explosões químicas e incêndio. As plantas de
reprocessamento merecem maior atenção em função da quantidade de material
altamente radioativo que manipulam.
Caetité-BA
Resende
68
O urânio, após o processo de enriquecimento, é recebido nas instalações da INB
ainda na forma de hexafluoreto de urânio e é processado para a obtenção do pó e para a
confecção das pastilhas. Essas pastilhas são montadas em varetas, com sistemas de
molas, para pressionar as pastilhas e guardar espaço para os gases radioativos e inertes,
gerado em seu interior.
As varetas são montadas em grades e cada conjunto constitui um elemento
combustível para o reator. Parte do urânio enriquecido utilizado nas usinas Angra 1 e
Angra 2 é produzida nas instalações de Resende onde estão sendo construídas as
cascatas para enriquecimento em escala industrial, que utiliza a tecnologia nacional de
ultracentrifugação transferida pela Marinha do Brasil. No ano de 2014 está previsto a
conclusão do Módulo 2 da Usina de Enriquecimento, que ampliará a capacidade
nacional de enriquecimento de urânio. Nos anos de 2015 e 2016 está prevista a entrada
em operação dos Módulos 3 e 4 da Usina de Enriquecimento.
Poços de Caldas
IPEN-SP
69
lasers, a aplicação de técnicas nucleares na área ambiental, além de pesquisas em outras
áreas correlatas, como células de combustível.
O IPEN é o centro de preparação e distribuição de Molibdenio-99, que produz o
Tecnécio-99m, radiofármaco mais utilizado em medicina no Brasil e no mundo.
O IPEN é também o responsável pela coordenação do Projeto do Reator
Multipropósito Brasileiro - RMB, em desenvolvimento com o apoio de outros institutos
da CNEN, com o objetivo de produzir radioisótopos para uso diverso (principalmente
Molibdênio-99), de permitir o testes de materiais e de disponibilizar feixe de nêutrons
para atividades de pesquisa e desenvolvimento.
CTMSP
CDTN-BH
IEN-RJ
70
reator Argonauta, de um projeto feito em Argonne (EUA) e com fabricação totalmente
nacional. O reator, ainda em funcionamento, é utilizado principalmente para atividades
de ensino, de radioquímica e de estudo de interação de nêutrons com a matéria.
No início de sua existência, dedicou a pesquisas na área de reatores rápido.
Possui também ―looping‖ de água para estudos de tubulações em reatores.
O IEN foi o pioneiro na implantação bem como na produção de radionuclídeos
com cíclotron no País.
Na fase de desenvolvimento do Programa Autônomo para o Ciclo do
Combustível, o IEN participou principalmente do desenvolvimento de substâncias
químicas essenciais e estratégicas para as diversas etapas da produção do combustível
nuclear e no desenvolvimento de instrumentação nuclear, sendo responsável pela
atualização de mesas de controle de vários equipamentos de grande porte no próprio
IEN e em outras instalações nucleares. Desenvolveu também pesquisas sobre o processo
de enriquecimento de urânio utilizando colunas de resina de troca iônica. Atuou também
na área de caracterização do combustível de reatores de pesquisa produzido com urânio
metálico.
Atualmente desenvolve trabalhos na área de interação homem-sistema, com
estudos de simuladores e desenvolvimento de ambientes de trabalho.
IRD-RJ
LAPOC-Poços de Caldas-MG
71
nucleares, na área de remediação de áreas degradadas e na avaliação de processos
dentro do Ciclo do Combustível. Fornece também apoio analítico e suporte técnico para
as atividades de inspeção e avaliação na área mineral e de processamento do urânio.
INSTALAÇÕES RADIATIVAS
Controle de Manutenção de
Radioterapia Agricultura Radionuclídeos
Processos Equipamentos
Produção de
Isótopos
72
de Radioterapia no país operaram 78 fontes radioativas de braquiterapia de alta dose, 57
equipamentos de 60Co e 260 aceleradores lineares.
Até o ano de 2006, a produção de radioisótopos para uso médico no Brasil era
monopólio estatal, sendo realizada em 4 cíclotrons da CNEN: 2 localizados na cidade de
São Paulo e 2 na cidade do Rio de Janeiro. A crescente demanda por radiofármacos
emissores de pósitrons, cuja meia vida é menor do que duas horas, levou à mudança na
legislação e, em fevereiro de 2006, através da Emenda Constitucional 49, foi quebrado o
monopólio estatal para a produção e comercialização de radioisótopos de meia-vida
inferior a 2 horas e, desde então, o número de aceleradores cíclotrons privados para a
produção de radiofármacos vem crescendo acentuadamente. Desde 2006 foram
instalados mais 9 cíclotrons no país: 1 em Brasília, 2 em Porto Alegre, 1 em Campinas,
1 em São Paulo, 1 em Salvador, 1 em Curitiba, 1 em Belo Horizonte (CNEN) e 1 em
Recife (CNEN). Atualmente duas novas instalações estão em construção (São José do
Rio Preto/SP e Euzébio/CE).
Associadas aos cíclotrons para a produção de radioisótopos de meia-vida curta
para uso em medicina, estão instalações de radiofarmácia, responsáveis pela produção
das substâncias que serão utilizadas nos diversos processos metabólicos. Dentre os
isótopos produzidos por cíclotron para uso em medicina, o mais utilizado é o F-18, de
meia vida inferior a duas horas, que decai por emissão de pósitron. Esse pósitron, ao ser
liberado, interage com um elétron livre, produzindo dois raios gamas de energia 0,511
MeV e direção opostas. Processando o sinal gerado pela radiação gama, é possível criar
imagens com grande precisão para processos diversos, utilizados principalmente para o
diagnóstico de câncer e para a área de cardiologia.
Os equipamentos que trabalham e formam a imagem proveniente do
processamento da radiação de aniquilação do pósitron são os tomógrafos por emissão
de pósitrons (PET), que associados a imagens geradas pela tomografia computadorizada
(TC) formam os equipamentos e técnicas conhecidas por PET/CT.
O PET/CT utiliza o 18F associado à uma molécula de glicose (2[18F] fluoro-2-
deoxi-D-glicose) para o diagnóstico ou mapeamento de tumores. Atualmente outros
compostos com o 18F estão em desenvolvimento, assim como o uso de outros emissores
de pósitrons (11C, 13N) em instituições de pesquisa brasileiras.
No País, até meados de 2013, existiam 91centros que utilizam equipamentos de
diagnóstico por PET.
73
2.4.2 Instalações Industriais
ATIVIDADE
INSTALAÇÃO LOCAL/ESTDO
(kCi)
Unidade de Esterilização de Cotia
Cotia/SP 780
(Embrarad I)
Unidade de Esterilização de Cotia
Cotia/SP 2.060
(Embrarad II)
Companhia Brasileira de
Jarinu/SP 2.700
Esterilização
São José dos
Johnson& Johnson 380
Campos/SP
IPEN São Paulo/SP 1000
74
Tabela 2.5 - Aceleradores de elétrons industriais em operação, até 2013, no Brasil.
ENERGIA
INSTALAÇÃO LOCAL/ESTADO FUNÇÃO
(keV)
Irradiação de
Acelétrica Rio de Janeiro/RJ 10.000
turfas
Reticulação de
Acome Irati/PR 550 polímero (cabos
elétricos)
Fazenda Rio Reticulação de
Sumitomo 500
Grande/PR polímero (pneus)
Reticulação de
Michelin Rio de Janeiro/RJ 600
polímero (pneus)
75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ya.B. Zeldovich and I.D. Novikov, Relativistic Astrophysics, Vol. I, Stars and
Relativity, The University of Chicago Press, USA, 1971.
NCRP REPORT No.160, Ionizing Radiation Exposure of the Population of the United
States, National Council on Radiation Protection and Measurement - 7910
Woodmont Avenue, Suite 400, Bethesda, MD 20814-3095, 2009.
UNSCEAR, Report, Exposures to the public from man-made sources of radiation, Vol.
I, Annex C, 2000. http://www.unscear.org/unscear/publications.html.
76
CAPÍTULO 3
3.1.2. Ionização
Interação onde elétrons são removidos dos orbitais pelas radiações, resultando
elétrons livres de alta energia, íons positivos ou radicais livres quando ocorrem quebra
de ligações químicas.
77
Figura 3.1 - Modos de interação da radiação com a matéria.
3.2.1. Interação
E c h Be
79
Nota: Como a transferência de energia do elétron de ionização para o meio
material produz uma ionização secundária proporcional, a amplitude de
pulso de tensão ou a intensidade de corrente proveniente da coleta dos
elétrons ou íons, no final do processo, expressam a energia da radiação
incidente.
80
Figura 3.3 - Valores de secção de choque para efeito fotoelétrico para o
chumbo, em função da energia da radiação.
No efeito Compton, o fóton é espalhado por um elétron de baixa energia de ligação, que
recebe somente parte de sua energia, continuando sua sobrevivência dentro do material
em outra direção e com menor energia. Como a transferência de energia depende da
direção do elétron emergente e esta é aleatória, de um fóton de energia fixa podem
resultar elétrons com energia variável, com valores de zero até um valor máximo.
Assim, a informação associada ao elétron emergente é desinteressante sob o
ponto de vista da detecção da energia do fóton incidente. Sua distribuição no espectro
de contagem é aleatória, aproximadamente retangular. A energia do fóton espalhado E´
depende da energia do fóton incidente E e do ângulo de espalhamento , em relação à
direção do fóton incidente, dada pela expressão,
onde,
81
1) O fóton incidente E = hvo é totalmente absorvido pelo elétron, que então atinge
um estado intermediário de momento hvo/c. Na transição para o estado final, o
elétron emite o fóton E´ = hv´.
2) O elétron que emitiu o fóton hv´, atinge um estado intermediário com momento
(-hv/c), ficando então presentes, dois fótons hvo e hv´. Na transição para o estado
final, o fóton hvo é então absorvido pelo elétron.
82
Com esta descrição do processo de espalhamento Compton, a secção de choque
total de colisão c, fica composta de uma secção de choque de espalhamento (emissão)
da radiação gama sc e uma secção de choque de absorção de energia da radiação
eletromagnética ac. Na Figura 3.5 são mostrados os valores da variação da secção de
choque para espalhamento Compton em função da energia da radiação.
83
As duas partículas transferem a sua energia cinética para o meio material, sendo
que o pósitron volta a se combinar com um elétron do meio e dá origem a 2 fótons, cada
um com energia de 511 keV.
84
Figura 3.7 - Importância relativa dos diversos processos de interação dos
fótons com a matéria em função da energia do fóton e do número atômico
do material.
onde:
ζ é o coeficiente de atenuação linear Compton total (espalhamento e absorção),
que é a probabilidade do fóton ser espalhado para fora da direção inicial do
feixe pelo material absorvedor;
κ é o coeficiente de atenuação devido ao efeito fotoelétrico; e
η é o coeficiente de atenuação linear devido à formação de par.
86
Figura 3.10 - Contribuição relativa dos diversos efeitos produzidos pela
interação da radiação num material para o coeficiente de atenuação linear
total.
Efeito Fotoelétrico:
1
(cm 2 / g ) f N A
A
87
Efeito Compton:
Z
(cm 2 / g ) e N A
A
Formação de Par:
1
(cm 2 / g ) p N A
A
i wi
i i
tr tr tr tr
tr a 2mc2
1 1
h h
onde:
/h é a fração emitida pela radiação característica no processo de efeito
fotoelétrico (δ é a energia média emitida como radiação de fluorescência por
fóton absorvido e h é a energia do fóton incidente);
88
a/ é a fração de energia do efeito que é efetivamente transferida, isto é, que não
é levada pelo fóton espalhado; e
/.(1-2mc2/h) é a fração que resta no efeito de formação de pares, subtraindo-se a
energia dos dois fótons de aniquilação e h é a energia do fóton incidente.
A energia transferida dos fótons para a matéria sob a forma de energia cinética
de partículas carregadas não é necessariamente toda absorvida. Uma fração g dessa
energia pode ser convertida novamente em energia de fótons pela radiação de
freamento. A energia absorvida dada pelo coeficiente de absorção μen é dada por:
en tr
(1 g )
O nêutron possui grande massa e carga nula e por isso não interage com a
matéria por meio da força coulombiana, que predomina nos processos de transferência
de energia da radiação com partículas carregadas para a matéria. Por isso é bastante
penetrante e, ao contrário da radiação gama, as radiações secundárias são
frequentemente núcleos de recuo, principalmente para materiais hidrogenados, com alto
poder de ionização. Além dos núcleos de recuo, existem os produtos de reações
nucleares tipo (n, α), altamente ionizantes.
A atenuação de um feixe de nêutrons por um material é do tipo exponencial,
I I 0 etot x
tot N
onde,
N = número de núcleos por cm3 (= NA.ρ/A);
89
ζ = secção de choque microscópica do elemento do material para energia E do
nêutron (em barn = 10-24 cm2);
NA = número de Avogadro (6,02.1023 átomos/átomo grama ou mol);
ρ = densidade do material (em g.cm-3); e
A = número de massa expresso (em g).
90
Tabela 3.1 - Denominação dos nêutrons de acordo com sua energia.
Denominação Energia
Térmico 0,025 eV
Epitérmico 0,025 eV ≤ E ≤ 0,4 eV
Lento 1 eV ≤ E ≤ 10 eV
Lento 300 eV ≤ E ≤ 1 MeV
Rápido 1 MeV ≤ E ≤ 20 MeV
As reações (n,) ocorrem com quase todos os elementos químicos, as (n,α) com
poucos elementos, as (n,p) com poucos elementos e com massa pequena e, as (n,f) com
os elementos físseis.
Desta forma, a secção de choque total, medida em cm2 ou em barns (onde 1 barn
= 10 cm2) pode em primeira aproximação, ser expressa por:
-24
91
3.4.2.1. Ativação com nêutrons
Então,
onde,
= fluxo de nêutrons (nêutrons.cm-2.s-1);
= secção de choque microscópica (em cm2);
n0 = número de átomos da amostra = m.NA/AM;
m = massa da amostra (em g);
AM = número de massa do elemento da amostra
constante de decaimento do núcleo formado (s-1) =0,693/T1/2; e
T1/2 = meia-vida do núcleo formado (s).
Pois,
( )
92
O nêutron, após ser absorvido pelo núcleo de 235U, forma o ―núcleo composto‖
que é instável e inicia um processo de vibração coletiva, assumindo formas de
elipsóides com excentricidades crescentes, até a atingir o formato de um ―oito‖, quando
então se fissiona em dois fragmentos, na maioria das vezes, com massas atômicas
diferentes.
A separação dos fragmentos ocorre devido à crescente vibração da massa
nuclear em crescente deformação, onde a repulsão coulombiana entre as cargas dos
―futuros núcleos‖ exerce um papel fundamental, até que o potencial nuclear atinja o
denominado ―ponto de sela‖, quando a recomposição do formato inicial pela tensão
superficial e forças atrativas nucleares se torna fisicamente inviável.
Os fragmentos, denominados de ―fragmento leve‖ com uma massa atômica da
ordem de 90 e o ―fragmento pesado‖ da ordem de 140, são gerados sempre na forma
esférica ou elipsoidal, nunca no formato hemiesférico. Esta tendência é causada pela
busca pelos futuros fragmentos por uma maior estabilidade nuclear, que seria alcançada
com um número de partículas próximo de um dos ―números mágicos‖ de camadas
nucleares.
Além dos fragmentos, são emitidos de 2 a 3 nêutrons ―prontos‖, radiações gama
―prontas‖. Esta denominação de ―pronta‖ está associada às partículas emitidas
juntamente com os fragmentos. As demais partículas emitidas, denominadas de
―partículas retardadas‖ são emitidas pelos fragmentos (já separados) que são altamente
instáveis.
No caso em que os nêutrons originados numa fissão, após apropriada
moderação, atingir outros núcleos de 235U, e fissioná-los, pode dar origem ao fenômeno
denominado de ―criticalidade‖ e, então, gerar uma reação nuclear de fissão em cadeia,
numa quantidade de urânio, denominada de ―massa crítica‖ conforme é mostrado na
figura 3.11.
n
144
Ce
FISSÃO NUCLEAR n
236
REAÇÃO EM CADEIA U 89
Sr n
n
137
Cs
n
n n 120
Sb
235 236 n
U U 236
U
96
Nb n 113
Ag n
n
236
U 134
Cs
MODERADOR n
99
Tc n
93
Tabela 3.2 - Componentes da energia liberada na fissão nuclear dos núcleos
233
U, 235U e 239Pu.
94
3.5.2. Poder de freamento
dE 4e4 z 2
S N B
dx m0v 2
onde
m v2
B Z ln 0 ln(1 2 ) 2
I
β = v/c;
c = velocidade da luz;
e = carga do elétron;
v = velocidade da partícula;
N = átomos/cm3 do material absorvedor = NA.ρ/A;
z = carga da partícula incidente;
Z = número atômico do material absorvedor;
I = potencial de excitação e ionização, médio [ I=18 eV (H), 186 eV (ar) e 820
eV (Pb)]; e
m0 = massa de repouso da partícula.
dE dE dE dE E ( MeV ) Z
S com /
dx C dx R dx R dx C 700
96
3.5.5.2. Alcance extrapolado
Na Figura 3.12, pode-se tomar o valor Re obtido no eixo X como o valor para o
alcance R, uma vez que a posição final da partícula não é bem definida. O valor obtido
dessa forma é denominado alcance extrapolado.
Elétrons
retro-espalhados
Elétrons Elétrons
incidentes transmitidos
e espalhados
Elétrons
absorvidos
97
3.6.1. Alcance para elétrons monoenergéticos
O conceito de alcance é menos definido para elétrons rápidos que para partículas
pesadas, uma vez que o caminho total percorrido pelos elétrons é consideravelmente
maior que a distância de penetração na direção do seu movimento incidente.
Normalmente o alcance para os elétrons é obtido pelo alcance extrapolado,
prolongando-se a parte linear inferior da curva de penetração versus espessura, até
interceptar o eixo das abscissas. Essa distância é suficiente para garantir que quase
nenhum elétron ultrapasse a espessura do absorvedor. A Figura 3.15 mostra o alcance
de elétrons em, materiais usados como detectores como o iodeto de sódio e o silício.
98
Quando o alcance é expresso em distância x densidade (densidade superficial ou
espessura em massa), os seus valores, para a mesma energia do elétron, praticamente
não se alteram, apesar da grande diferença entre os materiais, como mostra a figura
3.16, para o alcance de elétrons no Si e no NaI, com densidades de 3,67 e 2,33 g/cm3,
respectivamente.
I
e x
I0
99
Figura 3.18 - Atenuação de partículas beta no alumínio, no cobre e na prata.
Apesar das partículas beta não possuírem um alcance preciso, existem várias
relações semi-empíricas para determinação do alcance em função da energia, tais como:
100
Figura 3.19 - Alcance de partículas beta em vários materiais (densidade em
g/cm3): (1) Ferro = 7,8; (2) Pirex = 2,60; (3) PVC = 1,38; (4) Plexiglass =
1,18; (5) Ar = 0,0013.
101
3.6.5. Valor efetivo de (Z/A) de um material
Z 1 Z1 Z Z
a1 a2 2 a3 3 ...
A ef (a1 a2 a3 ...) A1 A2 A3
onde ai é a fração, em pêso, de átomos com número atômico Zi e massa atômica Ai.
102
Figura 3.21 - Taxa de perda de energia de partículas alfa na interação com
um meio material.
R 0,318 E 3 / 2
onde <R> é o valor médio do alcance (em cm) e E é a energia da partícula alfa (em
MeV).
Esta relação é válida para a faixa de energia de 3 a 7 MeV, que abrange quase a
totalidade dos valores de energia das partículas alfa emitidas
Na Figura 3.21 são apresentados os valores de Rρ e R para diferentes meios
absorvedores.
Tabela 3.4 - Exemplo de interação das radiações ionizantes com o Ar e Tecido humano.
Material de interação
Ar Tecido humano
Tipo de Energia
radiação (MeV) Atenuação Atenuação
Alcance Alcance
(%) (%)
(cm) (cm)
X=100 cm X=1 cm
Alfa 5,5 4 - 0,005 -
Beta 1 300 - 0,4 -
Gama 1 - 0,8 - 6,9
0,030 - 7,7 - 30
Raio X
0,060 - 4,2 - 17,5
Fragmentos de fissão são íons de átomos de número de massa médio, com alta
energia cinética e carga elevada, oriundos da fissão nuclear. Quando um núcleo de 235U,
absorve um nêutron térmico e fissiona, gera dois núcleos e 2 a 3 nêutrons. As massas
dos núcleos gerados em uma fissão com nêutrons térmicos normalmente se distribuem
em torno de dois valores bem diferentes de número de massa A, um em torno de 90 e
outro de 140.
A perda de energia de um fragmento de fissão através da matéria se efetua quase
que totalmente por colisão e ionização. Apesar das energias cinéticas serem elevadas,
atingindo a 130 MeV, suas velocidades iniciais não são tão altas devido à sua massa. A
velocidade de um fragmento leve corresponde mais ou menos a de uma partícula alfa de
4 MeV.
Devido a alta carga iônica, a ionização específica é elevada, mas devido a sua
baixa velocidade, a ionização decresce ao longo da trajetória, o que não ocorre com as
partículas alfa ou com os prótons. Isso é consequência do decréscimo contínuo da carga
iônica do fragmento, que pode iniciar com +17e, ao capturar elétrons do meio material.
No processo de fissão, a energia cinética dos fragmentos apresenta valores
distribuídos entre 40 MeV e 130 MeV, com dois picos proeminentes centrados em 68,1
MeV e 99,23 MeV para o 235U e 72,86 MeV e 101,26 MeV para o 239Pu correspondentes,
respectivamente, aos valores médios das energias cinéticas dos fragmentos pesado e
leve do núcleo fissionado.
Quando a velocidade dos fragmentos de fissão, num meio material, se aproxima
de 2 106 m.s-1, a perda média de energia por unidade de trajetória novamente aumenta,
ao contrário do comportamento de -dE/dx da partícula alfa. Esse aumento está associado
a um novo mecanismo de perda de energia, que são as colisões com os núcleos
104
atômicos. Tais colisões são mais prováveis para valores menores da energia do
fragmento e valores maiores de sua carga.
O tempo requerido para uma partícula carregada ―parar‖ num meio absorvedor
pode ser obtido do alcance e da velocidade média, usando
R R mc 2 mA
t 1,2 10 7 R
v Kv 2E E
Quando uma radiação muito energética interage com a matéria, ela desencadeia
um número grande de processos que envolvem a transferência de energia para outras
partículas assim como a criação de outros tipos de partículas que, por sua vez, também
vão interagir com a matéria.
Dessa forma, um fóton muito energético pode dar origem a um par elétron-
pósitron, que pode gerar raios X de freamento, e assim por diante. A Figura 3.22
procura esquematizar a descrição desses processos. A energia é finalmente dissipada
sob a forma de calor e de alterações no estado de ligação da matéria.
105
Figura 3.23 - Processos integrados de interação.
106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
K.C. Chung, Introdução à Física Nuclear, Ed. UERJ, Rio de Janeiro, RJ, 2001.
107
CAPÍTULO 4
109
S= fase de síntese do DNA. Cada cromossomo é duplicado
longitudinalmente, passando a ser formado por 2 cromatídeos ligados
pelo centrômero.
G2 = fase que conduz à mitose e que permite formar estruturas a ela
diretamente ligadas; síntese de biomoléculas essenciais à mitose
Fase Mitótica = fase de reprodução da célula.
Fases da célula
Interfase 12 a 30 h
Prófase 1a2h
Metáfase 5 a 15 min
Mitótica
Anáfase 2 a 10 min
Telófase 10 a 30 min
110
Figura 4.3 - Fases da mitose celular.
111
para certos efeitos, ou minimizando a ocorrência de alguns outros efeitos, devido a
influência e comportamento de outros fatores nesta região de baixas doses.
112
60
Figura 4.5 - Transformação de células expostas à radiação do Co e
nêutrons do espectro de fissão, com exposições únicas e fracionadas.
113
manutenção e operação da máquina. Alguns medidores de nível, de densidade e
instrumentos para prospecção de petróleo, utilizam fontes e geradores de nêutrons. Os
feixes de partículas carregadas têm nos aceleradores lineares de elétrons, nos
cíclotrons com feixes de prótons e nos radionuclídeos emissores beta e alfa, os
principais representantes.
Os fótons e nêutrons constituem as radiações mais penetrantes e causam danos
biológicos diferentes conforme a taxa de dose, energia e tipo de irradiação. Os feixes de
elétrons têm um poder de penetração regulável, conforme a energia estabelecida na
máquina aceleradora. A radiação beta proveniente de radionuclídeos em aplicadores
oftalmológicos e dermatológicos tem alcance de fração de milímetro no tecido humano.
As radiações alfa são muito pouco penetrantes, mas doses absorvidas devido a
radionuclídeos de meia-vida curta incorporados nos sistemas respiratório ou digestivo
de uma pessoa podem causar danos 20 vezes mais que iguais valores de doses de
radiação X, gama ou beta.
114
Figura 4.6 - Quadro representativo dos diversos processos envolvidos na
interação da radiação ionizante com as células do tecido humano, e o
tempo estimado para sua ocorrência.
115
As aberrações cromossômicas são o resultado de danos no DNA, principalmente
devido às quebras duplas, gerando os dicêntricos ou os anéis, conforme ilustra a Figura
4.8.
As células danificadas podem morrer ao tentar se dividir, ou conseguir realizar
reparos mediados por enzimas. Se o reparo é eficiente e em tempo curto, o DNA pode
voltar à sua composição original, sem consequências posteriores. Num reparo propenso
a erros, pode dar origem a mutações na sequência de bases ou rearranjos mais
grosseiros, podendo levar à morte reprodutiva da célula ou a alterações no material
genético das células sobreviventes, com consequências a longo prazo.
ANEL COM
FRAGMENTO
ACÊNTRICO
DICÊNTRICO
COM
FRAGMENTO
ACÊNTRICO
TRICÊNTRICO
COM
FRAGMENTO
ACÊNTRICO
4.2.3. Mutações
116
As mudanças na molécula de DNA podem resultar num processo conhecido
como transformação neoplásica. A célula modificada, mantendo sua capacidade
reprodutiva, potencialmente, pode dar origem a um câncer. O aparecimento de células
modificadas, pode induzir o sistema imunológico a eliminá-las ou bloqueá-las.
Entretanto, as células sobreviventes, acabam por se adaptar, devido a modificações
estimuladas por substância promotora. A multiplicação deste tipo de célula dá origem a
um tumor, num estágio denominado de progressão.
Após período de latência, se as células persistirem na reprodução, superando as
dificuldades de divisão celular, os possíveis desvios de percurso devido a diferenciações
e mecanismos de defesa do organismo, surge o tumor cancerígeno.
Utilizando radiações de alto e baixo LET, com altas e baixas taxas de dose,
pode-se obter o percentual de sobrevivência de células de um tecido ou órgão. Os
pontos experimentais podem ser ajustados matematicamente e, as diversas expressões
obtidas são denominadas de curvas de sobrevivência. A Figura 4.9 mostra que, para o
mesmo valor da dose de radiação, as radiações de alto LET (alfa, nêutrons, íons
pesados) resultam em menor percentual de sobrevivência que as de baixo LET (elétrons,
beta, fótons).
117
4.2.7. Detrimento
O risco total R pode ser obtido aproximadamente como sendo a soma dos riscos
de cada efeito induzido pi,
Na Tabela 4.2, são dados alguns valores, em ordem de grandeza, dos riscos de
danos à saúde produzidos pelas radiações ionizantes.
118
4.2.9. Detectabilidade epidemiológica
Detectabilidade epidemiológica
Câncer na tireoide em crianças Efeito hereditário
Número de
Dose Absorvida Dose efetiva Número de pessoas
crianças
(mGy) (mSv) (N)
(N)
1 10.000 1 >1.000.000.000.000
10 1.000 10 >10.000.000.000
100 100 100 >100.000.000
1.000 >1.000.000
119
exposições externas são pouco relevantes. Porém, no caso de inalação ou ingestão de
radionuclídeos alfa-emissores, elas podem danificar seriamente células de alguns órgãos
ou tecidos, pelo fato de serem emitidas em estreito contato ou no seu interior. Esta fase
física tem uma duração da ordem de 10 -13 segundos.
Esta energia adicional transferida pela radiação para uma certa quantidade de
massa de tecido atingido, permite definir algumas grandezas radiológicas como, Dose
Absorvida e Kerma. A relação entre a parte da energia absorvida e a massa do tecido é
denominada de Dose Absorvida, enquanto que a relação entre a quantidade de energia
cinética adicional e a massa de tecido define o Kerma (ver definição mais exata no
Capítulo 7). Se o material irradiado for o ar, e se a radiação for fótons X ou gama, a
relação entre a carga adicional, de mesmo sinal, e a massa permite definir a Exposição.
Esta grandeza só é definida para o ar e para fótons. Ela pode ser relacionada com as
demais grandezas mediante fatores de conversão que levam em conta a energia
necessária para criar um par de íons e a influência da diferença de composição química
no processo de transferência e absorção de energia.
onde H2O + é o íon positivo e e - o íon negativo. O íon positivo forma o radical hidroxil
ao se dissociar na forma:
H 2O H OH
O íon negativo, que é o elétron, ataca uma molécula neutra de água, dissociando-
a e formando o radical hidrogênio:
H 2O e H 2O H OH
H 2O H 2O H OH
120
H OH H 2O
H H H2
OH OH H 2O2
H O2 HO2
MH + Ho MH20
MH + OH0 MHOH0
MH + H0 M0 + H2
MH + OH0 M0 + H2O
Esta fase varia de dezenas de minutos até dezenas de anos, dependendo dos
sintomas. As alterações químicas provocadas pela radiação podem afetar uma célula de
várias maneiras, resultando em: morte prematura, impedimento ou retardo de divisão
celular ou modificação permanente que é passada para as células de gerações
posteriores.
A reação de um indivíduo à exposição de radiação depende de diversos fatores
como:
121
É bom salientar que o efeito biológico constitui a resposta natural de um
organismo, ou parte dele, a um agente agressor ou modificador. O surgimento destes
efeitos não significa uma doença.
Quando a quantidade de efeitos biológicos é pequena, o organismo pode
recuperar, sem que a pessoa perceba. Por exemplo, numa exposição à radiação X ou
gama, pode ocorrer uma redução de leucócitos, hemácias e plaquetas e, após algumas
semanas, tudo retornar aos níveis anteriores de contagem destes elementos no sangue.
Isto significa que, houve a irradiação, ocorreram efeitos biológicos sob a forma de
morte celular e, posteriormente, os elementos figurados do sangue foram repostos por
efeitos biológicos reparadores, operados pelo tecido hematopoiético.
122
4.4. RADIOSSENSIBILIDADE DOS TECIDOS
Dosereferência
RBE ( A)
DoseradiaçãoA
123
4.4.2. Transferência linear de energia - LET
124
Figura 4.11 - Visualização do processo de transferência de energia (dE) por
uma partícula carregada (elétron) em função da distância
percorrida (dx) num meio material.
Por outro lado, o fator de qualidade Q da radiação como função do LET, com
seus valores médios estabelecidos pela ICRP podem constituir guias administrativos de
importância prática, mas não de utilidade científica, pois muitas incertezas e
aproximações foram embutidas. Por isso que a ICRP, em seu lugar, estabeleceu um
fator de peso wR, obtido de uma revisão de uma grande variedade de tipos de exposição
e informações biológicas. Consequentemente, com a introdução do wR foi necessário a
definição da Equivalente de Dose (Equivalent Dose), em substituição ao Dose
Equivalente (Dose Equivalent).
125
formato da curva dose-resposta, ou a existência de um limiar. Como a maioria das
informações sobre carcinogênese radioinduzida foi obtida com doses acima de 0,1 Gy e
com taxas de doses muito altas, fazem-se extrapolações das curvas de dose-resposta,
para a região de doses baixas.
Dentre as fórmulas matemáticas para explicitar tais hipóteses, a mais utilizada é
a linear-quadrática (E = αD + βD2). A denominação linear-quadrática é
matematicamente incorreta, pois, se for linear não pode ser quadrática. Entretanto, ela é
muito usada, devido ao fato de que, para doses baixas, o efeito é proporcional à dose, ou
seja, responde linearmente. Para doses elevadas, o efeito aumenta com o quadrado da
dose.
O comportamento dos efeitos biológicos que resultam em tumores cancerosos é
descrito, matematicamente, da seguinte forma:
a. Para valores de dose muito baixos, por não se ter dados experimentais
inequívocos, supõe-se que a probabilidade de incidência de câncer seja
proporcional à dose absorvida;
b. Na região de doses elevadas, com dados obtidos das vítimas de Hiroshima e
Nagasaki, acidentes radiológicos e experiências em laboratório, a
probabilidade de incidência de câncer varia, na maioria dos casos, com o
quadrado da dose; e
c. Para doses muito elevadas, a probabilidade de indução de câncer decresce
devido a alta frequência de morte celular, que impede a evolução para um
câncer.
As radiações consideradas de alto LET são aquelas que possuem um alto poder
de ionização e uma alta taxa de transferência de energia num meio material. Para o
mesmo valor da dose absorvida, são as que induzem maiores danos biológicos.
Partículas alfa, íons pesados, fragmentos de fissão e nêutrons são classificados como
radiações de alto LET.
As partículas carregadas interagem com os átomos situados defronte à linha de
incidência e também nas proximidades, devido a ação da sua carga elétrica e sua
massa. São denominadas de radiações diretamente ionizantes. As radiações
denominadas de indiretamente ionizantes só são percebidas pelo material, após a
primeira ionização, quando liberam elétrons; caso contrário, atravessam o material
sem interagir.
126
Figura 4.12 - Formas de curvas dose-resposta, para radiações de baixo e
alto LET, para indução de efeitos estocásticos.
L
DDREF
1
127
onde αL é a inclinação da reta de ajuste dos dados experimentais dos pontos de altas
doses ou altas taxas de dose (DDREF tem valores altos) e α1 é a inclinação da reta de
ajuste dos dados experimentais dos pontos (pouco pontos) de baixas doses ou baixas
taxas de dose (DDREF com valor próximo de 1).
128
Figura 4.14 - Tempo de latência para aparecimento de câncer após irradiação.
129
Figura 4.15 - Relações típicas entre dose e gravidade do dano (severidade),
para efeitos determinísticos numa população.
130
Tabela 4.5 - Limiares de dose para efeitos determinísticos nas gônadas,
cristalino e medula óssea.
LIMIAR DE DOSE
Dose Equivalente Total Taxa de Dose Anual
Dose Equivalente Total
TECIDO E EFEITO recebida numa exposição recebida em exposições
recebida em uma única
fracionada ou fracionadas ou
exposição
prolongada prolongadas por muitos
anos
(Sv)
(Sv) (Sv)
Gônadas
- esterilidade temporária 0,15 ND 0,40
- esterilidade 3,5 - 6,0 ND 2,00
Ovários
- esterilidade 2,5 - 6,0 6 > 0,2
Cristalino
- opacidade detectável 0,5 - 2,0 5 > 0,1
- catarata 5,0 >8 > 0,15
Medula óssea
- depressão de hematopoiese 0,5 ND > 0,4
4.6.1. Reversibilidade
A célula possui muitos mecanismos de reparo, uma vez que, durante sua vida,
sofre danos provenientes de substâncias químicas, variação da concentração iônica no
processo de troca de nutrientes e dejetos junto à membrana celular, danos físicos
produzidos por variações térmicas e radiações. Mesmos danos mais profundos,
produzidos no DNA, podem ser reparados ou compensados, dependendo do tempo e das
131
condições disponíveis. Assim, um tecido atingido por uma dose de radiação única e de
baixo valor, tem muitas condições de recuperar sua integridade, mesmo que nele haja
um certo percentual de morte de suas células. Em condições normais, ele repõe as
células e retoma o seu ritmo de operação. Nestas condições, pode-se dizer que o dano
foi reversível. Entretanto, para efeito de segurança, em proteção radiológica,
considera-se que o efeito biológico produzido por radiação ionizante é de caráter
cumulativo, ou seja, despreza-se o reparo do dano.
4.6.2. Transmissividade
Outra questão importante é que o dano biológico produzido numa pessoa não se
transmite. O que pode eventualmente ser transmitido é um efeito de doses elevadas, que
lesando significativamente as células reprodutivas, pode resultar num descendente
portador de defeito genético. Não há relação nenhuma entre a parte irradiada numa
pessoa e o local de aparecimento do defeito no organismo do filho.
Uma pessoa danificada pela radiação, mesmo exibindo sintomas da síndrome de
irradiação aguda, pode ser manuseada, medicada e transportada como um doente
qualquer, pois sua ―doença‖ ―não pega‖. O cuidado que se deve ter no tratamento
destas pessoas, é o dos médicos, enfermeiros, demais pessoas e instalações de não
contaminá-las por vírus ou bactérias por eles portados, uma vez que, a resistência
imunológica dos pacientes está muito baixa.
As pessoas que sofreram contaminação, interna ou externa, com radionuclídeos
é que precisam ser manuseadas com cuidado, pois tais radionuclídeos podem estar
presentes no suor, na excreta e muco das vítimas. Por exemplo, as vítimas do acidente
com o 137Cs, em 1987 em Goiânia, tiveram que ficar isoladas e, durante o tratamento
especial, os técnicos tiveram que usar macacões, luvas, máscaras e sapatilhas para não
se contaminar radioativamente e não contaminar biologicamente os enfermos.
4.6.3.1. Idade
132
processo de reposição ou reparo celular é de pouca eficiência e a resistência
imunológica é menor que a de um adulto normal.
4.6.3.2. Sexo
As mulheres são mais sensíveis e devem ser mais protegidas contra a radiação
que os homens. Isto porque possuem órgãos reprodutores internos e os seios são
constituídos de tecidos muito sensíveis à radiação. Além disso, existe o período de
gestação, onde o feto apresenta a fase mais vulnerável à radiação e a mãe tem seu
organismo bastante modificado em forma, composição hormonal e química.
Além destes fatores, normalmente a mulher possui concentração dos elementos
químicos em menor quantidade que os homens, organismo mais delicado e complexo,
ciclos e modificações hormonais mais frequentes e intensas.
14
12
10
0
0 300 600 900 1200 1500 1800 2100
133
4.7. EFEITOS BIOLÓGICOS PRÉ-NATAIS
Para uma melhor compreensão dos efeitos pré-natais induzidos pelas radiações
ionizantes, a evolução de um feto é descrita simplificadamente na Tabela 4.6, onde o
período de avaliação é de semanas.
134
a) efeitos letais no embrião;
b) mal-formações e outras alterações estruturais e no crescimento;
c) retardo mental;
d) indução de doenças, incluindo a leucemia; e
e) efeitos hereditários.
Exposição Pré-natal
Risco de efeito
(semanas)
Até 3 Não resulta em efeitos estocásticos ou deletérios após nascimento
4-14 Má-formação e efeitos determinísticos (0,1 a 0,5 Gy)
Sistema nervoso central muito sensível à radiação D>100 mGy, inicia
8 a 25
o decréscimo do QI
8 a 15 Alta probabilidade de retardo mental severo
16 a 25 Menor sensibilidade do sistema nervoso central.
135
4.8. USO DE EFEITOS BIOLÓGICOS NA TERAPIA
4.8.1. Radioterapia
136
Figura 4.17 - Incorporação preferencial de radioisótopos nos tecidos e
órgãos do corpo humano, em função do tipo de composto químico utilizado,
para produção de imagens em gama-câmaras para diagnóstico em Medicina
Nuclear.
137
mutilados pela radiação, cada um contribuindo com um centro. Os anéis aparecem
quando um mesmo cromossomo é cortado nas duas extremidades, e elas se ligam
formando um anel. A frequência relativa de dicêntricos e anéis depende da dose, da
energia da radiação e do tipo de radiação. Na Figura 4.18 são apresentadas curvas que
expressam a variação do número de aberrações com o tipo e energia da radiação.
a. Lesões na pele
- eritema precoce 3 < D < 10 Gy
- epiderme seca 10 < D < 15 Gy
- epiderme exudativa 15 < D < 25 Gy
- queda de pelos e cabelos
- radiodermite
- necrose D > 25 Gy
b. Lesões no olho
- ocorre para D > 2 Gy
- catarata D> 5 Gy
138
- Homem
-esterilidade temporária D > 0,15 Gy
- esterilidade definitiva 3,5< D > 6 Gy
- Mulher
- alterações provisórias na fecundidade D > 2,5 Gy
- esterilidade 3 < D < 6 Gy
d. Lesão no Feto
- efeitos em função da dose e idade do feto
139
4.9.4. Sindrome de Irradiação Aguda
A dose letal média fica entre 4 e 4,5 Gy. Isto significa que, de 100 pessoas
irradiadas com esta dose, metade morre.
Na Tabela 4.11 são apresentados a chance de sobrevivência, o tempo de
manifestação e os sintomas.
TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA
MANIFESTAÇÃO PROVÁVEL POSSÍVEL IMPROVÁVEL
(semanas) 1 - 3 Gy 4 - 7 Gy > 8 Gy
Náusea, vômito, diarreia,
Fase latente, nenhum garganta inflamada, úlcera,
1 Náusea, vômito
sintoma definido febre, emagrecimento
rápido, morte
Depilação, perda de apetite,
indisposição, garganta
2
dolorida, diarreia,
emagrecimento, morte.
Depilação, perda de
3
apetite, indisposição
Garganta dolorida,
diarreia,
4
emagrecimento
moderado
140
Tabela 4.12 - Sintomas e sinais no estágio prodrômico e síndrome de
irradiação aguda em ordem aproximada de crescente gravidade.
Fase 25
10 Fase crítica
precoce
5
y)
e (G
3
Dos
1,5
0,5
2 1530 2 4 6 12 2 3 4 5 6 2 3 4 5
minutos horas dias semanas
Tempo após a exposição
141
Na Figura 4.19 os sintomas são caracterizados por três parâmetros: a dose
absorvida, a gravidade (severidade) do dano e o tempo de manifestação após a
exposição.
Assim, por exemplo, para um indivíduo exposto a uma dose de 5 Gy, sua fase
Prodrômica se inicia quase 15 minutos após a exposição e desaparece em torno de 8
horas.
Sua fase crítica é esperada após 3,5 dias, devendo-se ter um cuidado extremo
com ele após 3 semanas, quando o indivíduo corre sério risco de morrer.
Em decorrência do acidente de Chernobyl, 1986, várias pessoas foram
fortemente irradiadas, principalmente as ligadas ao atendimento da situação de
emergência. Na Tabela 4.13, são mostrados alguns dados das pessoas que foram
atendidas nos hospitais de Moscou e de Kiev. Na Figura 4.20 é mostrado o número de
casos por 100.000 pessoas de câncer na tireoide na Bielorrússia, induzidos em crianças,
adolescentes e adultos.
Pacientes tratados
Dose em Falecimentos Sobreviventes
(Gy)
Moscou Kiev
Média 0,8 – 2,1 23 18 0 (0%) 41
Moderada 2,2 – 4,1 44 6 1 (2%) 49
Severa 4,2 – 6,4 21 1 7 (32%) 15
Muito severa 6,5 - 16 20 1 20 (95%) 1
Total 0,8 - 16 108 26 28 106
12
Casos por 100 000 pessoas
10
0
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Período
142
4.9.5. Dose letal para componentes da fauna e flora
Vírus
Moluscos
Protozoários
Bactérias
Insetos
Crustáceos
Répteis
Anfíbios
Peixes
Plantas superiores
Pássaros
Mamíferos
Figura 4.21 - Faixas aproximadas de Dose Aguda Letal para vários grupos
taxonômicos (UNSCEAR 2008).
143
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
UNSCEAR, Genetic and Somatics Effects of Ionizing Radiation, Report of the United
Nations Scientific Committees on the Effects of Atomic Radiations, 1986.
http://www.unscear.org/unscear/en/publications
UNSCEAR, Sources, Effects and Risks of Ionizing Radiation, Report of the United
Nations Scientific Committees on the Effects of Atomic Radiations, Annexes, United
Nations Publications - New York, 2008.
http://www.unscear.org/unscear/en/publications/
ICRP 88, Dose to the Embryo and Fetus from Intake of Radionuclides by the Mother,
Annals of ICRP, Bethesda, 2001.
ICRP 89, Basic Anatomical and Physiological Data for Use in Radiological Protection
- References Values, Annals of ICRP, Bethesda, 2001.
144
CAPÍTULO 5
Uma abordagem intuitiva seria medir quantas radiações são emitidas, por
exemplo, num intervalo de tempo ou quantas radiações atravessam determinada secção
ou área. São grandezas radiológicas associadas ao campo de radiação, que
contabilizam o número de radiações relacionado com alguma outra grandeza do sistema
de medição tradicional, como tempo e área. Com isso, podem-se definir grandezas do
tipo Atividade de um material radioativo, ou Fluência de partículas de um acelerador.
Outra abordagem seria em relação às propriedades do campo de radiação para
fins de definição de outras grandezas, como: campos expandidos e alinhados (ver 5.5).
145
Como o conceito de dose equivalente não utiliza somente as grandezas básicas
na sua definição pode surgir uma variedade de grandezas limitantes dependendo do
propósito de limitação do risco. Assim, define-se: a Dose equivalente no órgão, Dose
equivalente efetiva, Dose equivalente comprometida, Dose efetiva, etc.
146
A International Commission on Radiological Protection, ICRP, fundada em
1928, que promove o desenvolvimento da proteção radiológica, faz recomendações
voltadas para as grandezas limitantes.
A International Commission on Radiation Units and Measurements, ICRU,
fundada em 1925, cuida especialmente das grandezas básicas e das operacionais.
147
Comprometida, são avaliadas em sievert (Sv). Isto se deve ao fato das diferenças entre
elas serem constituídas por fatores de conversão adimensionais, envolverem estimativas
de exposições externas e internas ou avaliarem frações de energia absorvidas ou
transferidas.
148
Figura 5.1 - Representação esquemática do procedimento de definição das
grandezas e as relações entre elas estabelecidas no ICRP 26 e CNEN-NE-
3.01, de 1988), e ICRP 60 e Norma CNEN NN 3.01 de 2011.
dN
A ( Bq s 1 )
dt
149
Na prática, devido a hábitos estabelecidos, uma desintegração/segundo é
equivalente a uma transformação/segundo e ao becquerel. A razão básica é que, o tempo
de ocorrência da transformação nuclear é tão curto, de 10-9 a 10-13 segundos, que não
existe ainda detector capaz de discriminar radiações emitidas neste intervalo de tempo,
de modo que tudo resulta numa ―contagem‖ ou num pulso. Por outro lado, mesmos que
as radiações sejam emitidas em todas as direções e sentidos, é possível conhecer a
atividade da fonte comparando-a com uma fonte de referência, de mesma geometria e
matriz físico-química.
Para facilitar a compreensão, é muito comum em garrafas de água mineral, a
radioatividade ser expressa numa unidade antiga denominada mache. Ela corresponde a
12,802 Bq L-1.
A atividade é medida de forma absoluta em um sistema de coincidência 4πβ-γ,
onde um dispositivo detecta a radiação beta em coincidência com pelo menos uma
radiação gama coletada num outro detector, emitidas pelo mesmo núcleo em
transformação (ver 6.10.16).
dQ
X (C kg1 )
dm
d
D ( J kg 1 gray Gy)
dm
onde ̅é a energia média depositada pela radiação no ponto P de interesse, num meio
de massa dm.
A unidade antiga de dose absorvida, o rad (radiation absorved dose), em relação
ao gray, vale,
H D Q ( J kg 1 sievert Sv)
151
Biological Effectiveness, RBE) dos diferentes tipos de radiação, na indução de
determinado tipo de efeito biológico.
Na equivalência, as diferenças entre as radiações foram expressas pelos
diferentes valores do LET (Linear Energy Transfer), ou seja, o valor de Q foi obtido em
função do LET (ver Cap. 4 - Efeitos Biológicos da Radiação).
A relação de Q em função do Poder de Freamento de Colisão (L∞) (Collision
stopping power) na água em (keV.µm-1) no ICRP 26 é dada na Tabela 5.1,
L∞ na água
Q
(keV µm-1)
< 3,5 1
7 2
23 5
53 10
> 175 20
L irrestrito na água
Q (L)
(keV µm-1)
L < 10 1
10 < L ≤100 0,32L - 22
L >100 300/√L
Na prática, por simplicidade, utiliza-se o valor médio do Fator de Qualidade Q,
com valores efetivos conforme a Tabela 5.3. Estes valores não devem ser usados para
avaliar os efeitos de exposições acidentais com altas doses e até mesmo experimentos
em Radiobiologia.
152
5.3.6. Equivalente num tecido ou órgão (Dose equivalent in a tissue or organ), Dose
HT (ICRP 26) e CNEN- NE-3.01 (1988)
153
5.3.8. Kerma, K
O kerma (kinectic energy released per unit of mass) é definido pela relação,
dEtr
K ( J kg 1 gray Gy)
dm
K Kc K r
∫ ̇
154
5.3.11. Dose Efetiva Comprometida (Committed Effective Dose), HE(τ ) (ICRP 26)
A diferença entre kerma e dose absorvida, é que esta depende da energia média
absorvida na região de interação (local) e o kerma, depende da energia total
transferida ao material.
Isto significa que, do valor transferido, uma parte é dissipada por radiação de
freamento, outra sob forma de luz ou raios X característicos, quando da excitação e
desexcitação dos átomos que interagiram com os elétrons de ionização.
Para se estabelecer uma relação entre kerma e dose absorvida é preciso que haja
equilíbrio de partículas carregadas ou equilíbrio eletrônico que ocorre quando:
D Kc
155
5.4.2. Relação entre Kerma de colisão (Kc) e a Fluência (Φ)
Kc E (en / ) (en / )
onde (W/e)ar é a energia média para formação de um par de íons no ar/carga do elétron
= 0,876.
D m ( en / ) m
Dar ( en / ) ar
Portanto,
( en / ) m ( / )m
Dm Dar 0,876 X en fm X
( en / ) ar ( en / ) ar
156
Na Figura 5.2 são apresentados os valores de fm para água/ar e tecido
muscular/ar em função da energia do fóton. Para efeito de proteção radiológica, onde se
utiliza um procedimento conservativo, este fator pode ser arredondado para um, em
muitos casos.
A Taxa de Exposição pode ser associada à atividade gama de uma fonte pela
expressão:
A
X
d2
onde,
X = taxa de exposição (em R/h).
A = atividade da fonte (em curie).
d = distância entre fonte e ponto de medição (em m).
Γ = constante de taxa de exposição em (R.m2)/(h.Ci).
157
Tabela 5.5 - Valores de Γ para alguns radionuclídeos emissores gama em
(R.m2)/(h.Ci). (ver: NCRP Report 49,1976).
1 en
.Yi .Ei
4 i i
onde,
Yi = intensidade relativa da emissão gama pelo nuclídeo i.
Ei = energia do fóton do nuclídeo i.
(µen/)i = coeficiente de absorção de energia em massa do ar para a energia Ei.
= energia de corte= menor valor de energia incluída no cálculo=15 keV.
158
Tabela 5.6 - Valores da Constante de Taxa de Exposição Γ e o do fator de
conversão f de Dose absorvida no ar para Dose absorvida no tecido.
Γ f Γ f Γ f
Nuclídeo Nuclídeo Nuclídeo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
159
Γ f Γ f Γ f
Nuclídeo Nuclídeo Nuclídeo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
160
Γ f Γ f Γ f
Nuclídeo Nuclídeo Nuclídeo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
161
Γ f Γ f Γ f
Nuclídeo Nuclídeo Nuclídeo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
162
Γ f Γ f Γ f
Nuclídeo Nuclídeo Nuclídeo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
163
Γ f Γ f Γ f
Nuclídeo Nuclídeo Nuclídeo
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
164
Assim, em qualquer divergência entre valores, deve-se optar pelo que se acredita
ser de maior credibilidade e atualidade. No caso da dose equivalente, definida pela
ICRP 26, obtida com o uso do , diferir do valor obtido para a Dose Efetiva, definida
pela ICRP 60, deve-se optar por este valor, uma vez que a tabela de valores do Fator de
Conversão foi incorporada no ―Generic Procedures for Assessment and Response
during an Radiological Emergency‖, pela Agência Internacional de Energia Atômica,
na publicação IAEA TECDOC-1162 de 2000.
Assim, para uma boa geometria de medição, com fonte considerada puntiforme
e distância maior que um metro, tem-se a equação:
A FC p t
Ep
d2
onde,
A = atividade da fonte (kBq).
Ep = dose efetiva devido à exposição a uma fonte puntiforme (mSv).
FCp = fator de conversão para fonte puntiforme (mSv.m2/kBq.h).
d = distância (m).
t = duração da exposição (h).(ver Tabela 5.7).
Observação: esta expressão não vale para distância menor que 0,5 m.
165
FCp FCp FCp
Radionuclídeo (mSv.m2) Radionuclídeo (mSv.m2) Radionuclídeo (mSv.m2)
(kBq.h) (kBq.h) (kBq.h)
Nb-95 7,9 E-08 Cs-138 3,0 E-09 Pu-239 1,2 E-10
Mo-99 1,6 E-08 Ba-140 2,0 E-08 Pu-240 2,8 E-10
Tc-99m 1,2 E-08 La-140 2,3 E-07 Pu-242 2,3 E-10
Rh-103 2,1 E-08 Ce-141 7,2 E-09 Am-241 3,1 E-09
Ru-103 5,0 E-08 Ce-144+Pr-144 3,1 E-09 Am-242 8,5 E-10
Ru-105 8,1 E-08 Pr-144m 2,9 E-09 Am-243 5,4 E-09
Ru-106 1,4 E-09 Pr-144 1,2 E-09 Cm-242 3,1 E-10
Ru-106+Rh-106 1,4 E-09 Pm-145 3,6 E-09 Cm-243 1,3 E-08
Ag-110m 2,8 E-07 Eu-152 1,2 E-07 Cm-244 2,8 E-10
Cd-109+Ag-109m 1,6 E-07 Eu-154 1,3 E-07 Cm-245 7,5 E-09
In-114m 1,0 E-08 Eu-155 5,3 E-09 Cf-252 2,1 E-10
Sn-113 3,4 E-09 Gd-153 1,1 E-08
5.4.7. Relação entre Dose Efetiva (E) e Atividade (A) por unidade de área (ICRP 60)
A Dose Efetiva que uma pessoa leva devido sua permanência, por um período de
tempo num solo contaminado por determinado radionuclídeo pode ser estimada por
meio de um Fator de Conversão. Este fator é obtido por um modelo de cálculo que leva
em conta a exposição externa e a dose comprometida devido à inalação do
radionuclídeo, em resuspensão, que permanece no solo contaminado, durante o período
de tempo considerado. Assim,
E Csolo FCsolo ,t
Tabela 5.8 - Fator de conversão da atividade por unidade de área para dose
efetiva E, em função do período de permanência no solo contaminado.
Fator de Conversão Fator de Conversão
Radionuclídeo [(mSv)/(kBq/m2)] Radionuclídeo [(mSv)/(kBq/m2)]
1o mês 2o mês 50 anos 1o mês 2o mês 50 anos
C-14 5,2 E-07 4,9 E-07 1,0 E-04 Cs-134 2,7 E-03 2,5 E-03 5,1 E-03
Na-22 3,7 E-03 3,4 E-03 8,4 E-02 Cs-135 7,0 E-07 3,9 E-07 8,5 E-06
Na-24 2,0 E-04 0,0 E+00 2,0 E-04 Cs-136 1,9 E-03 3,6 E-04 2,3 E-03
P-32 5,3 E-06 1,2 E-06 6,8 E-06 Cs-137+Ba-137m 9,9 E-04 9,4 E-04 1,3 E-01
P-33 1,1 E-06 4,4 E-07 1,8 E-06 Ba-133 7,0 E-04 6,6 E-04 4,8 E-02
S-35 1,2 E-06 8,7 E-07 4,7 E-06 Ba-140 2,0 E-03 4,4 E-03 2,5 E-03
Cl-36 8,1 E-06 7,7 E-06 1,6 E-03 La-140 3,2 E-04 1,2 E-09 3,2 E-04
K-40 2,6 E-04 2,5 E-04 5,3 E-02 Ce-141 9,9 E-05 4,9 E-05 2,0 E-04
K-42 1,2 E-05 0,0 E+00 1,2 E-05 Ce-144+Pr-144 1,5 E-04 1,3 E-04 1,4 E-03
Ca-45 2,9 E-06 2,4 E-06 1,8 E-05 Pr-144 4,0 E-08 0,0 E+00 4,0 E-08
Sc-46 3,0 E-03 2,2 E-03 1,2 E-02 Pr-144m 2,2 E-08 0,0 E+00 2,2 E-08
Ti-44+Sc-44 4,0 E-03 3,9 E-03 5,9 E-01 Pm-145 6,0 E-05 5,7 E-05 5,8 E-03
V-48 2,8 E-03 7,1 E-04 3,7 E-03 Pm-147 4,4 E-06 4,1 E-06 1,0 E-04
Cr-51 3,8 E-05 1,7 E-05 6,9 E-05 Sm-151 3,5 E-06 3,3 E-06 5,9 E-04
Mn-54 1,4 E-03 1,2 E-03 1,4 E-02 Eu-152 2,0 E-03 1,9 E-03 1,6 E-01
166
Fator de Conversão Fator de Conversão
Radionuclídeo [(mSv)/(kBq/m2)] Radionuclídeo [(mSv)/(kBq/m2)]
1o mês 2o mês 50 anos 1o mês 2o mês 50 anos
Mn-56 1,5 E-05 0,0 E+00 1,5 E-05 Eu-154 2,1 E-03 2,0 E-03 1,3 E-01
Fe-55 9,1 E-07 8,5 E-07 2,2 E-05 Eu-155 1,1 E-04 1,0 E-04 4,2 E-03
Co-58 1,6 E-03 9,4 E-04 3,9 E-03 Gd-153 1,8 E-04 1,6 E-04 1,5 E-03
Co-60 4,2 E-03 3,9 E-03 1,7 E-01 Tb-160 1,7 E-03 1,2 E-03 5,8 E-03
Ni-63 5,3 E-07 5,0 E-07 9,1 E-05 Ho-166m 3,1 E-03 2,9 E-03 6,1 E-01
Cu-64 8,6 E-06 0,0 E+00 8,6 E-06 Tm-170 1,6 E-05 1,3 E-05 8,5 E-05
Zn-65 9,4 E-04 8,2 E-04 8,0 E-03 Yb-169 4,0 E-04 2,0 E-04 7,9 E-04
Ge-68+Ga-68 1,6 E-03 1,4 E-03 1,4 E-03 Hf-181 7,7 E-04 4,5 E-04 1,8 E-03
Se-75 6,2 E-04 4,9 E-04 3,1 E-03 Ta-182 2,0 E-03 1,6 E-03 9,7 E-03
Rb-86 1,0 E-04 3,2 E-05 1,5 E-04 W-187 4,1 E-05 0,0 E+00 4,1 E-05
Sr-89 1,1 E-05 6,6 E-06 2,8 E-05 Ir-192 1,2 E-03 8,9 E-04 4,4 E-03
Sr-90 1,7 E-04 1,6 E-04 2,1 E-02 Au-198 9,4 E-05 3,9 E-08 9,4 E-05
Sr-91 3,4 E-05 7,5 E-08 3,4 E-05 Hg-203 3,3 E-04 2,0 E-04 8,5 E-04
Y-90 1,7 E-06 6,7 E-10 1,7 E-06 Tl-204 4,0 E-06 3,8 E-06 1,2 E-04
Y-91 1,7 E-05 1,1 E-05 4,9 E-05 Pb-210 1,9 E-03 2,2 E-03 5,9 E-01
Y-91m 1,6 E-06 6,5 E-09 1,6 E-06 Bi-207 2,6 E-03 2,5 E-03 3,4 E-01
Zr-93 2,2 E-05 2,1 E-05 4,8 E-03 Bi-210 1,2 E-04 1,1 E-04 7,3 E-04
Zr-95 1,4 E-03 1,3 E-03 6,8 E-03 Po-210 3,5 E-03 2,9 E+03 2,0 E-02
Nb-94 2,7 E-03 2,6 E-03 5,5 E-01 Ra-226 9,2 E-03 9,2 E-03 1,9 E+00
Nb-95 1,0 E-03 5,2 E-04 2,1 E-03 Ac-227 4,6 E-01 4,4 E-01 5,1 E+01
Mo-99+Tc-99m 6,1 E-05 3,1 E-08 6,1 E-05 Ac-228 3,6 E-05 1,4 e-05 3,0 E-04
Tc-99 4,1 E-06 3,9 E-06 8,2 E-04 Th-227 7,7 E-03 3,7 E-03 1,3 E-02
Tc-99m 2,7 E-06 1,2 E-14 2,7 E-06 Th-228 4,2 E-02 3,9 E-02 7,7 E-01
Ru-103 6,4 E-04 3,6 E-04 1,5 E-03 Th-230 3,7 E-02 3,5 E-02 7,5 E+00
Ru-105 1,4 E-05 1,8 E-12 1,4 E-05 Th-232 1,9 E-01 1,8 E-01 4,6 E+01
Ru-106+rH-106 4,2 E-04 3,8 E-04 4,8 E-03 Pa-231 1,2 E-01 1,1 E-01 6,7 E+01
Ag-110m 4,5 E-03 3,9 E-03 3,9 E-02 U-232 3,2 E-02 3,1 E-02 1,2 E+01
Cd-109+Ag-109m 6,4 E-05 5,8 E-05 8,6 E-04 U-233 8,0 E-03 7,6 E-03 1,7 E+00
Cd-113m 1,1 E-04 1,1 E-04 9,2 E-03 U-234 7,9 E-03 7,4 E-03 1,6 E+00
In-114m 4,5 E-04 3,5E-04 2,2 E-03 U-235 7,4 E-03 7,00E-03 1,5 E+00
Sn-113+In-113m 2,2 E-05 1,7 E-05 1,2 E-04 U-236 7,3 E-03 6,9 E-3 1,5 E+00
Sn-123 3,2 E-03 3,2 E-03 7,0 E-01 U-238 6,80E-03 6,4 E-03 1,4 E+00
Sn-126+Sb-126M 2,6 E-03 1,0 E-03 7,8 E-03 U Dep e Natural 6,8 E-03 6,4 E-03 1,4 E+00
Sb-124 2,4 E-03 4,2 E-04 2,9 E-03 U Enriquecido 7,9 E-03 7,4 E-03 1,6 E+00
Sb-126m 2,3 E-04 1,1 E-06 2,3 E-04 UF6g (U-234) 7,9 E-03 7,4 E-03 1,6 E+00
Sb-127 2,3 E-05 4,9 E-08 2,3 E-05 Np-237 2,6 E-02 2,5 E-02 5,3 E+00
Sb-129 3,7 E-06 3,6 E-08 3,7 E-06 Np-239 3,4 E-05 6,4 E-09 3,4 E-05
Te-127 1,8 E-07 0,0 E+00 1,8 E-07 Pu-236 1,6 E-02 1,5 E-02 8,0 E-01
Te-127m 3,4 E-05 2,7 E-05 1,6 E-04 Pu-238 3,9 E-02 3,7 E-02 6,6 E+00
Te-129 2,5 E-07 9,7 E-16 2,5 E-07 Pu-239 4,2 E-02 4,0 E-02 8,5 E+00
Te-129m 1,1 E-04 5,4 E-05 2,2 E-04 Pu-240 4,2 E-02 4,0 E-02 8,4 E+00
Te-131 1,2 E-06 3,8 E-08 1,2 E-06 Pu-241 7,6 E-04 7,2 E-04 1,9 E-01
Te-131m 2,0 E-04 3,3 E-06 2,0 E-04 Pu-242 4,0 E-02 3,8 E-02 8,8 E+00
Te-132 6,9 E-04 1,1 E-06 6,9 E-04 Am-241 3,5 E-02 3,3 E-02 6,7 E+00
I-125 7,8 E-05 5,2 E-05 2,4 E-04 Am-242m 3,2 E-02 3,0 E-02 6,3 E+00
I-129 1,7 E-04 1,6 E-04 3,4 E-02 Am-243 3,5 E-02 3,3 E-02 7,0 E+00
I-131 2,5 E-04 1,8 E-05 2,7 E-04 Cm-242 4,2 E-03 3,5 E-03 5,9 E-02
I-132 1,9 E-05 0,0 E+00 1,9 E-05 Cm-243 3,5 E-02 3,3 E-02 4,3 E+00
I-133 4,5 E-05 0,0 E+00 4,5 E-05 Cm-244 2,9 E-02 2,7 E-02 2,8 E+00
I-134 8,1 E-06 0,0 E+00 8,1 E-06 Cm-245 5,0 E-02 4,7 E-02 1,0 E+01
I-135+Xe-135m 3,7 E-05 0,0 E+00 3,7 E-05 Cf-252 1,7 E-02 1,5 E-02 3,9 E-01
5.4.8. Relação entre Dose Absorvida na pele (DT) e Atividade (A) por unidade de
área de emissor beta
(Baseado em: DELACROIX, D., GUERRE, J.P., LEBLANC, P., HICKMAN, C.,
Radionuclide and Radiation Protection Data Handbook, 1988, Radiation Protection
Dosimetry, V.76, No.1-2, 1998).
A dose absorvida na pele devido à radiação beta é muito difícil de ser medida
diretamente e é usualmente estimada. A taxa de dose beta, expressa em função da
concentração superficial média de um radionuclídeo sobre a pele, apresenta estimativas
167
mais confiáveis para esta via de exposição, uma vez que os dados da literatura variam
em muitas ordens de grandeza. A dose aqui calculada é para a camada basal da pele (70
m de profundidade) devido aos raios beta e elétrons.
A contribuição gama para a taxa de dose na pele é percentualmente muito
pequena. A contaminação é suposta ser uniformemente dispersa sobre a pele. A Dose
Absorvida no tecido da pele pode ser estimada pela expressão:
CFbeta-skin CFbeta-skin
Radionuclídeo Radionuclídeo
(Gy.h-1)/(Bq.cm-2) (Gy.h-1)/(Bq.cm-2)
H-3 0 S-35 0,35
C-14 0,32 Cl-36 1,8
F-18 1,9 K-40 1,5
Na-22 1,7 K-42 2,2
Na-24 2,2 K-43 1,9
Al-26 1,8 Ca-45 0,84
P-32 1,9 Ca-47/Sc-47 3,5
P-33 0,86 Sc-46 1,4
Sc-47 1,5 Sb-124 2,2
Cr-51 0,015 Sb-126 1,8
Mn-52 0,761 Te-123m 1,1
Mn-54 0,062 Te-132 0,78
Mn-56 2,4 I-123 0,38
Fe-52 1,1 I-124 0,52
Fe-55 0,016 I-125 0,021
Fe-59 0,97 I-131 1,6
Co-56 0,55 Cs-131 0,01
Co-57 0,12 Cs-134 1,4
Co-58 0,30 Cs-137 1,6
Co-60 0,78 Ba-133 0,13
Ni-63 0 Ba-140/La-140 3,8
Ni-65 2,2 La-140 2,1
Cu-64 1,0 Ce-139 0,49
Cu-67 1,3 Ce-141 1,8
Zn-65 0,076 Ce-143 2,0
Ga-66 1,6 Pr-143 1,7
Ga-67 0,35 Pm-147 0,6
Ga-68 1,8 Sm-153 1,6
As-76 2,1 Eu-152 0,92
Se-75 0,14 Eu-154 2,1
Br-77 0,01 Eu-156 1,2
168
CFbeta-skin CFbeta-skin
Radionuclídeo Radionuclídeo
(Gy.h-1)/(Bq.cm-2) (Gy.h-1)/(Bq.cm-2)
Br-82 1,5 Er-169 1,1
Rb-87 1,9 Yb-169 1,0
Sr-85 0,06 Re-186 1,8
Sr-89 1,8 Re-188 2,3
Sr-90/Y-90 3,5 Ir-192 1,9
Y-90 2,0 Au-198 1,7
Zr-95/Nb-95 1,6 Hg-197 0,092
Mo-99/Tc-99m 1,9 Hg-203 0,89
Tc-99m 0,25 Tl-201 0,27
Tc-99 1,2 Tl-204 1,6
Ru-103/Rh-103m 0,78 Pb-210 0,0084
Ru-106/Rh-106 2,2 Po-210 6,90E-07
Ag-110m 0,68 U-235 0,18
Ag-111 1,8 U-238 2,30E-03
Cd-109 0,54 Pu-238 3,70E-03
In-111 0,38 Pu-239 1,40E-03
In-113m 0,73 Am-241 0,019
In-115m 1,3 Cm-244 2,20E-03
Sn-125 2,3 Cf-252 3,2E-03
Sb-122 2,2
Exemplo
Qual a dose absorvida no tecido da pele de uma pessoa cuja contaminação média
foi de 1250 Bq.cm-2 de 99Mo/99Tcm e 250 Bq.cm-2 de 131I por 2 horas? Considerar o fator
de blindagem SFbeta igual 1.
Dados:
99
Mo/99Tcm; CFbeta-skin = 1,9 (Gy.h-1)/(Bq.cm-2)
SFbeta = 1
T= 2 h
Substituindo na expressão:
5.4.9. Relação entre Dose Efetiva (E) e Atividade (A) de radionuclídeo incorporada
169
vezes por ferimentos. Pacientes de hospitais podem incorporar radionuclídeos por via
venosa.
No caso de inalação, pode ocorrer que uma parte do material depositado no
sistema respiratório ser transferida para a garganta e ser engolida. Neste caso, ocorrerá
uma ingestão de material radioativo, muito frequente em casos de acidentes
radiológicos.
Em algumas situações pode haver a absorção através da pele, por cortes ou
feridas, provocando doses de radiação decorrentes.
Para a estimativa da dose absorvida comprometida, nos casos de inalação ou
ingestão, a ICRP e a IAEA desenvolveram vários modelos de cálculo, descritos nas
publicações ICRP(1979) e IAEA(2004).
Os atuais modelos biocinéticos da ICRP para calcular os coeficientes de dose
para ingestão e ingestão, utilizam compartimentos conforme descritos nos ICRP 30 e
66.
A transferência para o sangue para os diferentes tipos de incorporação pode ser
caracterizada da seguinte forma:
170
a) Classe SR-1: insolúvel e não reativo, com deposição insignificante no trato
respiratório, como por exemplo, 41Ar, 85Kr e 133Xe;
b) Classe SR-1: solúvel ou reativa, quando a deposição Pode ocorrer em todo o
trato respiratório, como por exemplo, 3H, 14CO, 131I vapor e 195Hg vapor;
c) Classe SR-2: altamente solúvel ou reativa, quando a deposição é total nas
vias áreas, como, por exemplo, a HTO (água triciada) e OBT (trício
organicamente ligado).
67
F 6,80E-11 1,10E-10 0,01 1,90E-10 1,20E-10
Ga
M 2,30E-10 2,80E-10
85
F 3,90E-10 5,60E-10 0,3 5,60E-10 1,10E-09
Sr
S 7,70E-10 6,40E-10 0,01 3,30E-10
89
F 1,00E-10 1,40E-09 0,3 2,60E-09 3,10E-09
Sr
S 7,50E-09 5,60E-09 0,01 2,30E-09
90
F 2,40E-08 3,00E-08 0,3 2,80E-08 8,80E-08
Sr
S 1,50E-07 7,70E-08 0,01 2,70E-09
F 2,50E-09 3,00E-09 0,002 8,80E-10 1,00E-08
95
Zr M 4,50E-09 3,60E-09
S 5,50E-09 4,20E-09
95
M 1,40E-09 1,30E-09 0,01 5,80E-10 2,10E-09
Nb
S 1,60E-09 1,30E-09
99
F 2,90E-10 4,00E-10 0,8 7,80E-10 8,70E-10
Tc
M 3,90E-09 3,20E-09
99
F 1,20E-11 2,00E-11 0,8 2,20E-11 1,90E-11
Tcm
M 1,90E-11 2,90E-11
F 8,00E-09 9,80E-09 0,05 7,00E-09 3,00E-08
106
Ru M 2,60E-08 1,70E-08
S 6,20E-08 3,50E-08
171
Inalação Ingestão Injeção
Radionuclídeo Tipo/forma AMAD AMAD e(g)ing e(g)inj
f1 f1
= 1 um = 5 um (Sv/Bq) (Sv/Bq)
125
F 1,40E-09 1,70E-09 0,1 1,10E-09 5,40E-09
Sb
M 4,50E-09 3,30E-09
123
F 7,60E-11 1,10E-10 1 2,10E-10 2,20E-10
I
V 2,10E-10
124
F 4,50E-09 6,30E-09 1 1,30E-08 1,30E-08
I
V 1,20E-08
125
F 5,30E-09 7,30E-09 1 1,50E-08 1,50E-08
I
V 1,40E-08
131
F 7,60E-09 1,10E-08 1 2,20E-08 2,20E-08
I
V 2,00E-08
134
Cs F 6,80E-09 9,60E-09 1 1,90E-08 1,90E-08
137
Cs F 4,80E-09 6,70E-09 1 1,30E-08 1,40E-08
144
M 3,40E-08 2,30E-08 5,00E-04 5,20E-09 1,70E-07
Ce
S 4,90E-08 2,90E-08
153
F 2,10E-09 2,50E-09 5,00E-04 2,70E-10 8,60E-09
Gd
M 1,90E-09 1,40E-09
201
Tl F 4,70E-11 7,60E-11 1,0 9,50E-11 8,70E-11
210
Pb F 8,90E-07 1,10E-06 0,2 6,80E-07 0,2 3,50E-06
210
F 6,00E-07 7,10E-07 0,1 2,40E-07 2,40E-06
Po
M 3,00E-06 2,20E-06
226
Ra M 3,20E-06 2,20E-06 0,2 2,80E-07 1,40E-06
228
Ra M 2,60E-06 1,70E-06 0,2 6,70E-07 3,40E-06
228
M 3,10E-05 2,30E-05 5,00E-04 7,00E-08 5,0E-04 1,20E-04
Th
S 3,90E-05 3,20E-05 2,00E-04 3,50E-08
232
Th M 4,20E-05 2,90E-05 5,00E-04 2,20E-07 5,0E-04 4,50E-04
S 2,30E-05 1,20E-05 2,00E-04 9,20E-08
F 5,50E-07 6,40E-07 2,00E-02 4,90E-08 2,30E-06
234
U M 3,10E-06 2,10E-06 2,00E-03 8,30E-09
S 8,50E-06 6,80E-06
F 5,10E-07 6,00E-07 2,00E-02 4,60E-08 2,10E-06
235
U M 2,80E-06 1,80E-06 2,00E-03 8,30E-09
S 7,70E-06 6,10E-06
F 4,90E-07 5,80E-07 2,00E-02 4,40E-08 2,10E-06
238
U M 2,60E-06 1,60E-06 0,002 7,60E-09
S 7,30E-06 5,70E-06
237
Np M 2,10E-05 1,50E-05 5,00E-04 1,10E-07 5,0E-04 2,10E-04
239
Np M 9,00E-10 1,10E-09 5,00E-04 8,00E-10 5,0E-04 3,80E-10
238
M 4,30E-05 3,00E-05 5,00E-04 2,30E-07 5,0E-04 4,50E-04
Pu
S 1,50E-05 1,10E-05 1,00E-05
M 4,70E-05 3,20E-05 5,00E-04 2,50E-07 5,0E-04 4,90E-04
239
Pu S 1,50E-05 8,30E-06 1,00E-05 9,00E-09
1,00E-04 5,30E-08
M 4,70E-05 3,20E-05 5,00E-04 2,50E-07 5,0E-04 4,90E-04
240
Pu S 8,30E-06 8,30E-06 1,00E-05 9,00E-09
1,00E-04 5,30E-08
241
Pu M 8,50E-07 5,80E-07 5,00E-04 4,70E-09 5,0E-04 9,50E-06
172
Inalação Ingestão Injeção
Radionuclídeo Tipo/forma AMAD AMAD e(g)ing e(g)inj
f1 f1
= 1 um = 5 um (Sv/Bq) (Sv/Bq)
S 1,60E-07 8,40E-08 1,00E-05 1,10E-10
1,00E-04 9,60E-10
241
Am M 3,90E-05 2,70E-05 5,00E-04 2,00E-07 5,0E-04 4,00E-04
242
Cm M 4,80E-06 3,70E-06 5,00E-04 1,20E-08 5,0E-04 1,40E-05
244
Cm M 2,50E-05 1,70E-05 5,00E-04 1,20E-07 5,0E-04 2,40E-04
ICRP (1979) - Limits for Intakes of Radionuclides by Workers: Part 1, Publication 30, Pergamon Press, Oxford
and New York.
IAEA (2004) - Methods for Assessment Occupational Radiation Doses due to Intakes of Radionuclides -
Vienna.
173
5.5.2. Campo expandido
174
Figura 5.4 - Geometria de irradiação da esfera ICRU e o ponto P na esfera,
no qual o equivalente de dose direcional é obtido no campo de radiação
expandido, com a direção Ω de interesse.
Para fótons com energia menor que 3 MeV, HX é igual à leitura de um dosímetro
de área que, calibrado na câmara de ar-livre com as radiações gama do 60Co para a
medição da Exposição X, em Roentgen, multiplicada pelo fator C1= 38,76 Sv C-1= 0,01
Sv R-1.
175
Para monitoração individual para fótons, o Equivalente de Dose Hp(10) pode ser
provisoriamente substituído pela Dose Individual HX, superfície do tórax, calibrado em
Kerma no ar, multiplicado pelo fator f=1,14 Sv Gy-1.
Tabela 5.11 - Uso das novas grandezas de acordo com o tipo de radiação
monitorada.
Profundidade d
Tecido Direção específica
(mm)
Pele 0,07 Ω
Cristalino 3 Ω
176
5.6. NOVAS GRANDEZAS DEFINIDAS NA ICRP 60 EM SUBSTITUIÇÃO ÀS
DA ICRP 26 E INCLUÍDAS NA NORMA CNEN-NN-3.01 (2011).
A dose equivalente num tecido ou num órgão, HT, expressa em sievert, é o valor
médio da dose absorvida, DT,R, obtida sobre todo o tecido ou órgão T, devido à radiação
R, multiplicada pelo fator de peso da radiação wR.
E wT HT
T
Obviamente que,
E wR wT DT , R wT wR DT , R
R T T R
177
5.6.3. Outras grandezas que mudaram de denominação
R = F E para o indivíduo
Coeficiente de Probabilidade de
Tecido ou Órgão Detrimento Fatal (10 -4 Sv-1)
ICRP 26 ICRP 60
Bexiga - 30
Medula óssea vermelha 20 50
Superfície óssea 5 5
Mama 25 20
Cólon - 85
Fígado - 15
Pulmão 20 85
Esófago - 30
Ovário - 10
Pele - 2
Estômago - 110
Tireoide 5 8
Restante 50 50
Total 125* 500+
* Este total é usado para trabalhadores e público geral.
+ Este total só vale para público geral. O risco total de câncer fatal para a população
trabalhadora é estimado em 400.10-4Sv-1.
178
Resumindo alguns valores das estimativas das probabilidades de efeitos
biológicos induzidos pela radiação ionizante, divulgados pela ICRP 60, Anexo B, tem-
se a Tabela 5.15.
Probabilidade (10-2.Sv-1)
Risco de câncer de pele
Incidência Mortalidade
Modelo de risco absoluto 2,3 0,005
Modelo de risco relativo 9,8 0,08
179
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ICRP 30, Limits for intakes of radionuclides by workers, Annals of ICRP, vol. 2,
No.3/4, Pergamon Press, Oxford, 1979
ICRU 33, Radiation Quantities and Units, International Commission on Radiation Units
and Measurement, 7910 Woodmont Avenue, Washington, D.C. 20014, USA, 1980.
ICRU 47, Measurement of Dose Equivalents from External Photon and Electron
Radiations, International Commission on Radiation Units and Measurement,
Bethesda, 1992.
ICRU 60, Fundamental Quantities and Units for Ionizing Radiation, International
Commission on Radiation Units and Measurement, Bethesda, 2001.
DELACROIX, D., GUERRE, J.P., LEBLANC, P., HICKMAN, C., Radionuclide and
Radiation Protection Data Handbook, Radiation Protection Dosimetry, vol. 76, No.
1-2, 1998.
David S. SMITH, Michael G. STABIN, Exposure rate constants and lead shielding
values for over 1,100 radionuclides, Health Physics 102(3), p.271-291, 2012.
180
CAPÍTULO 6
DETECTORES DE RADIAÇÃO
181
Quando se estabelecem as condições de medição estão incluídos a manutenção
do mesmo método, procedimento experimental, instrumento, condições de operação,
local, condições ambientais e a repetição em curto período de tempo.
Na definição da exatidão está envolvido o ―valor verdadeiro‖ ou ―valor de
referência‖.
Obviamente que este valor é desconhecido ou indeterminado, pois sua existência
implicaria numa incerteza nula. Assim, existe o ―valor verdadeiro convencional‖ de
uma grandeza, que é o valor atribuído e aceito, às vezes, por convenção, como tendo
uma incerteza apropriada para uma dada finalidade e obtida com métodos de medição
selecionados.
182
6.1.4. Fatores que definem a escolha de detectores
183
ambientes controlados de laboratório. Em situações extremas de ambiente, como por
exemplo, dentro do circuito primário de um reator, somente detectores especiais têm
condições de operar. Essas condições de operação do detector irão muitas vezes
determinar os materiais utilizados em sua construção. Detectores muito sensíveis a
choques mecânicos ou que sofrem influência significativa de fatores ambientais não são
recomendados para medições em unidades móveis.
184
Existem monitores individuais, monitores de área e monitores ambientais.
Dentre os monitores individuais mais utilizados constam o filme dosimétrico, o
dosímetro termoluminescente (TLD), o de silício e o de albedo. Alguns destes
dispositivos, além de alarmes para valores de taxa ou de dose acumulada, apresentam a
facilidade de leitura direta, possibilidade de transmissão de dados para um sistema ou
estação de monitoração.
Os monitores de área podem ser fixos ou portáteis. Dentre os monitores fixos,
existem os tipo portal, de mãos e pés, ou de medição constante da taxa de dose em
determinada área. Já os monitores utilizados na monitoração ambiental, podem ser
estações de monitoração, contendo diversos dispositivos de detecção, como filtros,
detectores de traço, TLD, detectores ativos.
6.1.5.2. Dosímetro
185
Fatores de interferência conhecidos; e
Integrar os sistemas de um laboratório de calibração.
186
superior. A presença da prata metálica remanescente após o processo de revelação está
relacionada à quantidade de radiação a que foi submetida a emulsão.
Nota: A emulsão fotográfica foi, de certa forma, o primeiro detector utilizado para
radiação, pois, foi através de chapas fotográficas guardadas junto com
material radioativo, que Becquerel descobriu, em 1896, a radioatividade
natural.
187
Nota: A utilização de emulsões fotográficas para a detecção de nêutrons rápidos
ocorre por um mecanismo diferente do descrito. No caso desses nêutrons, a
emulsão é utilizada como um detector de traços.
6
45
23
1baixa sensibilidade
Al alta sensibilidade
188
6.2.4.2. Uso em raios X diagnóstico
Nota: Apenas alguns anos após terem sido inventados, os aparelhos de raios X já
eram utilizados nos hospitais juntos aos campos de batalha para auxiliar
na retirada de fragmentos de metal em ferimentos causados por balas e
granadas.
6.2.4.3. Gamagrafia
189
submetido a um aquecimento programado os elétrons aprisionados nas armadilhas são
liberados, fazendo com que percam a energia nos centros de luminescência (ver:
Figura 6.2). A diferença de energia entre esses dois níveis é emitida através de um
fóton na faixa da luz visível (da ordem de alguns eV).
190
Pré-
Amplificador DC Fonte de
Amplificador
alta tensão
Fotomulti-
Display plicadora
ou
registrador
Filtros óticos
Luz TL
Nitrogênio TLD
191
Nota: Para o ar seco, que é constituído de uma mistura de gases, irradiado
com raios X com energia até 50 MeV, o valor médio recomendado
para W é de (33,97 ± 0,006) J/C.
E
N M
W
Nos detectores à gás, a carga gerada pelos pares de íons é coletada por meio do
campo elétrico criado de forma conveniente por um circuito elétrico. A carga, ao atingir
o eletrodo, produz uma variação na carga do circuito, que pode ser detectada e
transformada em um sinal elétrico. Essa carga coletada no intervalo de tempo de
medição corresponde a uma corrente, que pode ser avaliada utilizando-se eletrômetros.
O modo de operação que mede a corrente média gerada em um intervalo de tempo é
denominado modo de operação tipo corrente.
Outra forma de operar o detector é registrar o sinal gerado pela radiação, criando
um pulso referente à variação de potencial correspondente. Esse modo é denominado
modo de operação tipo pulso. Nesse caso, o número de pares de íons gerados e
coletados corresponde também à intensidade (ou amplitude) do pulso gerado (ΔV) para
o detector. Para gerar o pulso de tensão é necessária uma resistência R de carga, para
que ΔV= R.ΔI, onde ΔI é o pulso de corrente proveniente da coleta da carga elétrica no
anodo do detector.
192
Figura 6.4 - Regiões de operação para detectores a gás.
Nessa região, os pares de íons são formados, mas como o campo elétrico é muito
fraco, ocorre um processo de recombinação dos íons e somente parte das cargas geradas
é coletada. À medida que a diferença de potencial cresce, os íons são atraídos para os
polos elétricos e não têm condições de se recombinar. Nessa região é gerada uma carga,
mas a amplitude do pulso pode variar sem proporcionalidade com quantidade ou energia
da radiação incidente. Essa região não é conveniente para a operação de detectores.
193
6.4.4.4. Região de proporcionalidade limitada
194
Figura 6.5. Esquema da Câmara de ionização tipo ―Free-air‖.
Caneta dosimétrica:
Muito utilizada em monitoração pessoal, consiste em uma câmara de ionização onde
um fio de quartzo serve como cursor para indicar a exposição (ou dose) acumulada.
Utilizando um carregador, insere-se, sob pressão, a caneta para ser ―zerada‖. Na
prática significa que lhe foi fornecida uma carga elétrica máxima, que vai se
esvaindo com o surgimento dos elétrons e íons formados pela radiação, dentro do
volume da câmara. Assim, o fio de quartzo vai se aproximando do eletrodo de carga
de mesmo sinal e, pela lente, observa-se a leitura da exposição ou dose absorvida,
conforme mostra a Figura 6.6.
195
Figura 6.7 - Câmara de ionização, portátil, tipo ―babyline‖, com faixa de
medição de 0,1 mR/h a 50 R/h (1 μSv/h a 500 mSv/h), para detecção de
radiações X, gama e beta, em instalações nucleares, clínicas de medicina
nuclear, radiodiagnóstico e radioterapia.
196
Câmara de Ionização
Eletrômetro mais
eletrônica associada
Suporte das Amostras
Blindagem dos
Padrões
(a) (b)
Figura 6.9 - (a) Vista interna da câmara de ionização Centronic IG-11, do LNMRI;
(b) Foto da câmara NPL-CRC - Capintec fabricada pela Southern Scientific plc e
pertencente ao LNMRI.
Câmara de extrapolação:
Câmara de ionização equipada com um micrômetro que permite variar a distância
entre os eletrodos, que é denominada de profundidade da câmara, utilizada
principalmente pelos laboratórios de calibração para calibrar fontes emissoras de
radiação beta, utilizando a técnica de extrapolação. (ver Figura 6.10)
197
Figura 6.11 - Dosímetro Farmer modelo 2570 A, da Nuclear Enterprise.
198
Figura 6.13 - Detector proporcional portátil para medição de contaminação
superficial.
199
Figura 6.14 - Detectores G-M utilizados para medição de taxa de contagem
ou convertidos para taxa de exposição e equivalente de dose ambiente.
Figura 6.16 - Sonda G-M para detecção beta e gama, com janela metálica
muito fina.
Nota: No uso como monitores de área, são calibrados normalmente para taxa de
exposição, mas sob certas circunstâncias (energias diferentes da utilizada
para calibração ou campos mistos de radiação, por exemplo) suas leituras
podem ter um erro de 2 a 3 vezes o valor real da medição.
200
6.5. DETECTORES À CINTILAÇÃO
Embora seja difícil encontrar um material que reúna todas essas condições
ideais, alguns materiais apresentam boas características para sua utilização.
201
Figura 6.17 - Estrutura de bandas de energias em um cintilador cristalino ativado.
202
Figura 6.18 - Elementos básicos de uma válvula fotomultiplicadora.
203
6.5.5. Materiais cintiladores
Nota: Após quatro décadas sem nenhum destaque entre os materiais disponíveis
para cintilação, em 1948 foi demonstrado por Robert Hofstadter que o
NaI(Tl) tinha um rendimento excepcional na produção de luz em relação
aos outros materiais utilizados na época. Seu emprego praticamente
inaugurou uma nova era na espectrometria gama.
O iodeto de césio ativado com tálio ou com sódio [CsI(Tl) e CsI(Na)] é outro
material bastante utilizado como detector de cintilação. Sua principal qualidade em
relação ao iodeto de sódio é seu maior coeficiente de absorção em relação à radiação
gama, permitindo a construção de detectores mais compactos. Além disso, tem grande
resistência a choques e a vibrações, em função de ser pouco quebradiço.
204
6.5.5.3. O germanato de bismuto
205
Um processo de excitação, como o causado pela radiação, irá fazer com que
esses níveis mais elevados de energia sejam povoados por elétrons em seus vários
subníveis. O equilíbrio dentro dos subníveis faz com que os elétrons caiam, após um
intervalo de tempo desprezível, dentro do nível para os subníveis mais baixos, através
de um processo sem emissão de radiação. Em um segundo passo, a molécula tende a
voltar ao seu estado não-excitado. O retorno do elétron do nível excitado para um dos
níveis do estado fundamental irá ocasionar a emissão da energia excedente em forma de
fóton.
206
6.6. DETECTORES À CINTILAÇÃO LÍQUIDA
207
resistência à extinção luminosa. É o cintilador primário que apresenta as
melhores características.
INSTAGEL
Permitem adicionar dissoluções orgânicas e inorgânicas, com incorporação
E
de até 20% de fase aquosa
AQUASOL
HISAFE
Permitem manter a homogeneidade com a incorporação de até 25% de fase
E
aquosa, proporciona maior eficiência de contagem que os dois anteriores e
ULTIMA
utiliza o Diisopropil-Naftaleno como solvente
GOLD
208
6.6.2.1 A migração de energia no solvente
209
As principais características dos solutos são:
Y Y h
h Z Z
210
Tabela 6.3 - Fases do processo quantitativo de detecção com cintilação líquida.
T Q( E) s t q c p k M E
211
Tabela 6.4 - Componentes da expressão que calcula a amplitude do pulso
de tensão produzido em sistema de detecção com cintilação líquida.
A formação do sinal num cintilador líquido conforme descrita nos itens 6.6.1 e
6.6.2 pode ser ilustrada na Figura 6.24 bem como a do sinal eletrônico na Figura 6.25.
Fotoelétrons
Fotoelétrons
Fotocatodo
Fotocatodo
Solvente
Pulsos de luz ~10 ns
Luz azul
Cintilador
Cintilador ~UV
primário
primário
Cintilador
secundário
Radiação
Radiação Ionização
ionização
beta
beta Fotomultiplicadora
Fotomultiplicadora
212
6.6.4 Agente extintor
213
Figura 6.26 - Cintilador Líquido
Seu princípio de funcionamento, ilustrado na figura 6.27, pode ser descrito pelos
tópicos seguintes:
214
por sua vez são proporcionais à energia da radiação. Este módulo também
trabalha chaveado pela unidade de coincidência.
O último módulo é representado pelo analisador de altura de pulsos, que
produz o espectro de altura de pulsos correspondente ao espectro de energias
detectadas, e os diferentes tipos de saídas possíveis que um sistema
microprocessado pode fornecer.
Uma das grandes aplicações dos materiais cintiladores em meio líquido, é o seu
uso nos sistemas de calibração absolutos para medição de radionuclídeos. Quando
adaptados apropriadamente nos sistemas de coincidência ou anti-coincidência eles
podem substituir os detectores proporcionais com muitas vantagens metrológicas,
inclusive operacionais. Por exemplo, nas calibrações de radionuclídeos emissores beta
puros ou que possuem estados metaestáveis.
Outra propriedade importante é que eles podem ser utilizados em sistemas de
calibração de radionuclídeos do tipo CIEMAT-NIST ou Razão entre Coincidências
Tripla e Dupla, denominado de TDCR, presentes nos principais laboratórios nacionais
de metrologia de radionuclídeos do mundo.
215
6.7. DETECTORES UTILIZANDO MATERIAIS SEMICONDUTORES
216
6.7.1.3. Criação de doadores e receptores em um material
Uma junção p-n é a região de junção entre materiais tipo n e tipo p. Na prática é
obtida pela adição de impurezas doadoras (tipo n) a uma região tipo p (que tem buracos
em excesso) ou adição de impurezas receptoras (tipo p) a uma região tipo n. A principal
propriedade de uma junção p-n é que prontamente conduz corrente quando a tensão é
aplicada na direção ―correta‖, mas deixa passar muito pouca corrente quando a tensão é
aplicada na direção ―incorreta‖.
218
6.7.3. Detectores de germânio
219
impurezas radioativas, principalmente as provenientes de precipitações de testes
nucleares (―fallout‖), realizados no período de 1944 a 2000.
Para blindagens com alto fator de atenuação, principalmente em relação às
radiações do meio ambiente (―background‖) deve-se usar três camadas metálicas na sua
composição. A primeira camada externa, é constituída de chumbo (blocos ou peça
fundida) com 5 a 10 cm de espessura, uma segunda camada de revestimento interno
com espessura cerca de 5 mm de cádmio e uma terceira, de cobre ou alumínio, com
cerca de 2 mm de espessura.
A função da camada de cobre é de atenuar os raios X característicos emitidos
pela fluorescência do chumbo, com energias entre 72 a 87 keV, devido as interações
com as radiações externas. A camada de cádmio é para atenuar estas radiações do
chumbo que, por sua vez, emite raios X característicos com energias entre 22 e 27 keV.
O cobre atenua tais radiações, mas emite raios X característicos de 8 keV, com muito
baixa intensidade.
220
cerâmica
superfície sensível
com camada de ouro
silício
encapsulamento
metálico
conector microdot
221
6.7.6. Detectores de telureto de cádmio
241
Figura 6.33 - Espectro da radiações de baixa energia do Am obtido com
CdTe
Por causa de sua baixa eficiência na coleta dos ―buracos‖ gerados, a resolução
do CdTe é pobre quando comparada às obtidas com germânio e silício. Quando não é
necessária a informação para espectroscopia, o CdTe pode ser utilizado em uma grande
variedade de aplicações onde suas características são importantes. Além disso, pode
operar até 30°C em modo pulso e até 70°C em modo corrente.
O maior problema com o detector de CdTe é o fenômeno da polarização que, em
certos casos, leva à diminuição de sua região de depleção com o tempo, com
consequente perda de eficiência de detecção. Essa polarização é causada pela captura de
elétrons em regiões do detector.
222
Figura 6.34 - Dosímetro gama de telureto de zinco e cádmio.
223
composição química e densidade diferentes, que interagem de modo diferente com a
radiação, além da presença perturbativa do campo elétrico de polarização do detector.
Esta descontinuidade no meio material é denominada de ―cavidade‖. Deste
modo, o registro do detector será a dose absorvida nele e não no meio material que se
pretendia medir.
Para medições corretas, é necessário introduzir fatores de correção que
dependem das diversas densidades, da relação entre os coeficientes de absorção de
energia dos fótons, do alcance dos elétrons no meio material, da relação dos valores dos
―stopping power‖, entre outros. Além disso, devem ser obedecidos os seguintes
requisitos:
a) a dimensão da cavidade deve ser suficientemente pequena comparada com o
alcance dos elétrons secundários liberados no meio sólido para não alterar a
fluência;
b) a espessura do meio sólido deve ser maior que o alcance dos elétrons
secundários, de modo a garantir que todos os elétrons que atravessaram a
cavidade foram liberados no meio; e
c) a espessura do meio sólido deve ser suficientemente pequena para que a
atenuação dos fótons não altere a Exposição.
224
Γ=0,5 µs
Amplitude (V)
V
Vo
0,9 Vo
=largura Amplitude
0,5Vo Amplitude=
% de pulso
5a7V
0,1Vo
Tempo
tR=rise time= tD=decay time= Tempo
tempo de subida tempo de descida
(a) (b)
Geralmente os pulsos gerados por detectores à gás são lentos devido ao tempo
de coleta dos elétrons e íons de ionização pelos eletrodos. A largura desses pulsos é da
ordem de milissegundos e a amplitude da ordem de dezenas de milivolts ou mais. As
amplitudes dos detectores do tipo G-M e Proporcionais são bem grandes, podendo
facilmente atingir valores de alguns volts. Já as amplitudes dos detectores do tipo GMX,
por exemplo, são da ordem de milivolts ou menores e o tempo de subida da ordem de
microssegundos ou até menores. Nos detectores plásticos ou nos cintiladores líquidos o
tempo de subida é da ordem de alguns nanosegundos.
225
ruído. Em algumas situações, para melhorar sua condição de operação, é colocado para
operar a baixas temperaturas, como no caso dos detectores de germânio e de Si(Li).
Outra função importante que o pré-amplificador exerce normalmente em alguns
sistemas é a de fornecer um meio de alimentar a tensão do detector. Um cabo único
providencia usualmente tanto a voltagem para o detector como o pulso de sinal para a
entrada do pré-amplificador. No estágio inicial na maioria dos pré-amplificadores atuais
é utilizado um transistor de efeito de campo (Field Effect Transistor - FET). Os FET são
utilizados pelas suas propriedades de operar com sinais de baixa amplitude gerados
pelos detectores do tipo GMX, com baixo ruído. Entretanto, eles são conhecidos por sua
sensibilidade a transientes abruptos de carga e podem ser danificados pela variação
rápida na escala do detector ou seu desligamento em funcionamento. Para evitar esse
efeito, muitos FET são construídos com circuitos de proteção e fontes são dotadas de
dispositivos que impedem variações bruscas (circuito de shutdown).
a. Amplificação de sinal;
b. Escolha da polaridade do sinal de saída;
c. Conformação de pulso para medida da carga;
d. Conformação do pulso para melhorar desempenho em altas contagens;
e. Conformação de pulso para melhor relação sinal-ruído; e
f. Para aplicações específicas, circuitos de eliminação de empilhamento e de
restauração da linha de base.
É uma unidade que permite que o seu sinal de saída, além do tempo normal de
processamento, tenha um retardo adicional estabelecido de acordo com a necessidade do
226
circuito, para compatibilizar os tempos de chegada numa unidade de coincidência ou
num sistema de contagem com gatilho (gate).
Para retardos pequenos, da ordem de nanosegundos, o módulo é constituído
simplesmente de um conjunto de cabos coaxiais, com comprimentos proporcionais aos
tempos gastos para o sinal percorrê-los. Para retardos maiores, da ordem de
microsegundos, pode ser constituído de bobinas com ferrites ou circuitos mais
sofisticados.
É uma unidade que tem um sinal lógico de saída, com amplitude de 5 a 7 volts e
largura de 0,5 microsegundos, para comandar uma unidade de processamento de sinal
posterior, após o sinal de entrada, tipo analógico, ter passado por critérios de seleção em
amplitude ou em tempo.
Saída C
Entrada A
Tempo
Entrada B
Unidade de coincidência
Tempo
Resolução da coincidência
227
tendendo a zero. O TAC pode ser usado como somador de pulsos, desde que, processe
sinais de entrada do tipo analógico e tempo circuito de conformação do pulso resultante.
228
Amplitude (V) Amplitude (V)
Rampa linear
Contagem
Canal
229
6.10.17. Sistema de calibração absoluta TDCR (Triple to Double Coincidence
Ratio)
Conforme foi citado no ítem 6.6.5, com o uso do cintilador líquido, módulos
comerciais de instrumentação nuclear acoplados a um módulo MAC3 especialmente
construído pelo Dr. Philippe Cassete do Laboratoire National Henri Becquerel (LNHB)
da França e vários programas de computação, construiu-se um dos mais sofisticados
métodos de calibração absoluta de radionuclídeos.
O método utiliza um sistema de coincidência com três fotomultiplicadoras
coletando as cintilações produzidas por uma solução de radioisótopo, a ser calibrada,
diluída numa solução de cintilação líquida. Usando as razões das coincidências tripla e
duplas, obtém a Atividade da solução radioativa. As Figuras 6.39a e 6.39b ilustram o
arranjo experimental utilizado e a foto do módulo MAC3 utilizado.
Unidade de
Frasco B Coincidência
C e de
Fotom. Tempo-morto
F
PA AB AC T F’
BC D F
Base de tempo contadores
(a) (b)
Figura 6.39 - Arranjo experimental do sistema TDCR e foto do módulo MAC3
230
Incerteza
de medição Unidades do SI
Padrões Internacionais
BIPM Padrões dos Institutos Nacionais
de Metrologia
Padrões
Nacionais
Padrões de referência dos laboratórios
de calibração credenciados
Calibração
Em todas as medições de uma grandeza o resultado deve ser expresso pelo valor
obtido, com sua respectiva unidade, acompanhado do valor da incerteza expressa com
um determinado intervalo de confiança. Isto significa que, um resultado de medição
sem a sua incerteza não possui valor e nem qualidade metrológica.
A origem da incerteza está acoplada à precisão dos equipamentos, repetitividade
e reprodutibilidade das medições e, quando comparada com um padrão, à exatidão e
rastreabilidade.
Para cada tipo de aparelho e aplicação técnica existe uma faixa apropriada ou
aceitável do valor da incerteza da grandeza medida. Por exemplo, numa determinação
da taxa de dose efetiva obtida num programa de monitoração ambiental, um valor entre
10% e 20% é considerado muito bom, enquanto que numa calibração absoluta da
Atividade, com valor de 0,5% pode ser considerado elevado para determinado
radionuclídeo.
Assim, em todas as medições, principalmente as mais complexas e importantes,
além dos registros dos valores das medições, uma planilha contendo os diversos
componentes de incerteza, com seus respectivos valores, deve acompanhar os
resultados.
Os componentes da incerteza total são classificados como sendo do Tipo A e
Tipo B, cada um associado a um determinado tipo de distribuição estatística e forma de
obtenção, sendo compostos quadraticamente na maioria dos casos. Além do valor total
obtido, este deve ser multiplicado pelo fator de abrangência (k) proveniente do intervalo
de confiança estabelecido, para se obter a incerteza total expandida.
Para determinar, propagar, classificar e compor os diversos tipos de incerteza, os
operadores devem seguir os procedimentos do ―Guia para a Expressão da Incerteza de
Medição‖ estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) no
Brasil, após padronização internacional pela International Organization for
231
Standardization (ISO), na publicação―Guide to the Expression of Uncertainty in
Measurement‖ em 1995.
Além das incertezas determinadas para cada ―ponto‖ de medição, existem as
contribuições das incertezas devidas aos ajustes, extrapolações e interpolações, com
inclusão das incertezas experimentais, propostos pelos métodos de medição utilizados.
Para tais avaliações, consultar: ―Estatística, Teoria de Erros e Processamento de
Dados‖ - IRD-1982.
232
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KNOOL, G.F., Radiation Detection and Measurement, J. Wiley and Sons, N.Y., 1979.
Man, W.B.; Rytz, A. and Spernol, A., Radioactivity Measurements - Principles and
Practices, Pergamon Press, 1991.
PHILIPPE CASSETE, E. MONARD, A new liquid scintillation counter for the absolute
activity measurement of radionuclides, Nuclear Instruments & Methods in Physics
Research, A 422, 119-123, 1999.
233
CAPÍTULO 7
234
radioativo. No Brasil, os procedimentos, os critérios científicos e metodológicos estão
bem detalhados na Posição Regulatória 3.01/008:2011 da CNEN que trata do
―Programa de Monitoração Radiológica Ambiental‖.
A partir da publicação 91, a ICRP já faz proposta sobre a proteção radiológica
do meio ambiente. Em 2007, no capítulo 8 de sua publicação 103, ela estabeleceu
claramente como objetivos para a Proteção Radiológica do Ecossistema, a necessidade
global e esforço para:
1) manter a diversidade biológica;
2) assegurar a conservação das espécies; e
3) proteger a saúde e o status do habitat natural, das comunidades e
ecossistemas.
Nesta publicação, a ICRP não propõe definir qualquer forma de limites de dose
para o meio ambiente. Ela pretende usar alguns animais e plantas como referências, para
estabelecer ações de proteção em diferentes situações de exposição à radiação.
Na publicação das Nações Unidas, UNSCEAR 2008 Report Vol.II, ANNEX E,
existe um longo texto dedicado a ―Effects of Ionizing Radiation on Non-Human Biota‖,
(ver em: http://www.unscear.org/
235
elementos das séries do 238U, 232Th, além do 40K. Em qualquer um deles, o estudo é
individual, ou seja, para cada tipo de radionuclídeo deve ser feito um procedimento
específico para verificar se sua concentração no material pode ser considerada inócua ou
necessita de uma intervenção para reduzir a exposição à radiação dos trabalhadores ou
membros do público.
As recomendações regulatórias e de estudo destes dois campos são feitas em
várias publicações da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), como por
exemplo, na ―International Basic Safety Standards for Protection against Ionizing
Radiation and for the Safety of Radiation Sources‖, BSS-115, IAEA, Vienna (1996),
―Regulations for the Safe transport of Radioactive Materials‖ - Safety Series No.ST-1 –
(1996).
236
Para evitar tumultos, ocorrências não programadas ou desagradáveis, as pessoas
participantes passam por um processo de ―triagem ou revista‖, porque algumas delas
podem estar portando armas, explosivos, objetos que podem causar ferimentos em
outrem e, inclusive, material inflamável ou radioativo.
Este procedimento de segurança se torna cada vez mais crítico em países e locais
onde podem se reunir pessoas de diferentes ideologias, concepções religiosas e políticas
e, principalmente, em conflitos regionais ou internacionais. Assim, os denominados
―grandes eventos‖, como Copa do Mundo e Olimpíadas, necessitam do cuidado de
assegurar a integridade dos atletas, público assistente, instalações de hospedagem,
estádios e a realização da programação.
7.2.1. Justificação
7.2.2. Otimização
237
O princípio ALARA estabelece, portanto, a necessidade do aumento do nível de
proteção a um ponto tal que aperfeiçoamentos posteriores produziriam reduções menos
significantes do que os esforços necessários. A aplicação desse princípio requer a
otimização da proteção radiológica em todas as situações onde possam ser controladas
por medidas de proteção, particularmente na seleção, planejamento de equipamentos,
operações e sistemas de proteção.
Os esforços envolvidos na proteção e o detrimento da radiação podem ser
considerados em termos de custos; desta forma uma otimização em termos quantitativos
pode ser realizada com base numa análise custo-benefício. Na Figura 7.1 faz-se uma
representação esquemática desta análise, utilizando como parâmetro a dose coletiva.
HT , lim HT , L
238
E H E wT H T H WB,L
T
Cristalino 150 15 50
Dose
Equiva-
Extremidades
lente
(mãos e pés)
Pele 500e 50e 150e
a
Em circunstâncias especiais, a CNEN poderá autorizar temporariamente uma mudança na limitação
de dose, desde que não exceda 50 mSv em qualquer ano, o período temporário de mudança não
ultrapasse 5 anos consecutivos, e que a dose efetiva média nesse período temporário não exceda 20
mSv por ano.
b
Mulheres grávidas (IOE) não podem exceder a 1 mSv por ano.
c
Em circunstâncias especiais, a CNEN poderá autorizar um valor de dose efetiva de até 5 mSv em
um ano, desde que a dose efetiva média em um período de 5 anos consecutivos não exceda a 1 mSv
por ano.
d
Por período (diagnóstico + tratamento).
e
Valor médio numa área de 1 cm2 da parte mais irradiada.
239
Internacional de Proteção Radiológica, na publicação 60 (ICRP 60) e foram acatados
pela Norma NN-3.01, cuja revisão pela CNEN, foi concluída em 2011.
Na Tabela 7.1 que resume os limites estabelecidos pela Norma NN-3.01 e pelo
BSS 115, percebe-se a preocupação social com os aprendizes, estudantes e
acompanhantes de pacientes em hospitais.
Em condições de exposição rotineira, nenhum IOE pode receber, por ano, doses
efetivas ou equivalentes superiores aos limites primários estabelecidos pela Norma
CNEN-NN-3.01 de 2011, mostrados na Tabela 7.1.
240
7.2.4.2. Níveis de Referência
241
Tabela 7.3 - Níveis de Registro e de Investigação para Indivíduos
Ocupacionalmente Expostos (IOE) estabelecidos pela Posição Regulatória
3.01/004:2011 da CNEN para Monitoração Individual.
Tipo de Grandeza
Nível Valor/período*
Exposição limitante
Dose Efetiva
Registro Corpo Inteiro ≥ 0,20 mSv/mês
E
Dose Efetiva 6 mSv/ano ou
Corpo Inteiro
E 1 mSv/qualquer mês
a) Área Controlada
Área sujeita a regras especiais de proteção e segurança, com a finalidade de
controlar as exposições normais, prevenir a disseminação de contaminação
radioativa e prevenir ou limitar a amplitude das exposições potenciais.
b) Área Supervisionada
Área para a qual as condições de exposição ocupacional são mantidas sob
supervisão, mesmo que medidas de proteção e segurança específicas não sejam
normalmente necessárias.
c) Área Livre
Área que não seja classificada como área controlada ou supervisionada.
As áreas controladas devem ter controle restrito, estar sinalizadas com o símbolo
internacional das radiações ionizantes, os trabalhadores devem estar individualmente
identificados e monitorados e, na maioria das vezes, portando equipamento de proteção
individual (EPI).
Uma área para ser considerada controlada, sob o ponto de vista radiológico, deve
apresentar, em média, um nível de exposição maior que 3/10 do limite máximo
permitido pela norma da CNEN.
Em algumas instalações, as áreas controladas podem ter requisitos adicionais de
proteção e segurança visando, por exemplo, a guarda de segredos industriais ou
militares.
242
As áreas supervisionadas devem possuir monitores de área, controle de acesso e
nível de exposição maior que 1 mSv/ano. As áreas consideradas livres devem apresentar
um nível de exposição menor do que 1 mSv/ano.
243
BANDAS DE DOSE EFETIVA INDIVIDUAL
EXPOSIÇÃO BANDA
SÉRIA 6
100
10
NORMAL 4
(devido à Radiação de Fundo)
1
BAIXA 3
0,1
TRIVIAL 2
0,01
DESPREZÍVEL 1
Figura 7.3 - Bandas de Dose Efetiva Individual, em mSv, que podem ser
utilizadas em situações de operação normal ou de emergência.
244
6) prevenir, na medida do possível, a ocorrência de efeitos não radiológicos adversos
sobre indivíduos e entre a população;
7) proteger, na medida do possível, o ambiente e os bens; e
8) levar em conta, na medida do possível, a necessidade de retomada das atividades
sociais e econômicas.
245
operacionais e subtraem o background automaticamente, podem ser conectados a
microcomputadores, e operam no modo sonoro ou vibracional.
Estes detectores são apropriados para ser utilizados no sistema de segurança
durante a realização dos grandes eventos, como Jogos Pan-americanos, Copa das
Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas.
7.4.1 Tempo
246
7.4.2. Distância
D1 (r2 ) 2
D2 (r1 ) 2
onde D1 é a taxa de dose na distância r1 da fonte e D 2 é a taxa de dose na distância r2 da
fonte.
Note-se que duplicando a distância entre a fonte e o detector, reduz-se a taxa de
dose a 1/4 de seu valor inicial. Dessa forma, o modo mais fácil de evitar exposição às
radiações ionizantes é ficar longe da fonte.
7.4.3. Blindagem
247
7.4.5. Blindagem para Diferentes Tipos de Radiação
x
x
( x) (0) e (0) e
Comprimento de
Densidade
Material Relaxação
(g.cm -3)
(cm)
Água 1 10
Grafite 1,62 9
Berílio 1,85 9
Óxido de berílio 2,3 9
Concreto 2,3 12
Alumínio 2,7 10
Concreto baritado 3,5 9,5
Concreto com ferro 4,3 6,3
Ferro 7,8 6
Chumbo 11,3 9
248
demais partículas do meio. O espaço percorrido desde sua entrada no material até sua
parada é denominado de alcance da partícula (ou range).
Se a massa da partícula é pequena, como no caso da partícula beta, a forma da
trajetória pode ser bastante irregular, tortuosa, com mudanças significativas de direção
de propagação, principalmente perto do ponto de ―parada‖. Se a partícula tem massa
elevada, como no caso da partícula alfa ou fragmentos de fissão, a trajetória é quase
retilínea, só mudando de direção quando ocorre uma colisão com um núcleo pesado, o
que raramente acontece.
Devido a esse comportamento, ou seja, de existir um alcance para cada tipo de
partícula carregada em função da energia e do material, pode-se chegar à absorção total
de um feixe de partículas. Isso permite construir uma blindagem com muita eficiência,
desde que a espessura de material seja superior ao alcance, ou ―poder de penetração‖
da partícula, e sua natureza seja tal que minimize as interações com emissão de radiação
de freamento.
Para blindar essas partículas utiliza-se material de baixo Z que possua
consistência mecânica, como acrílico, teflon, PVC, polietileno e, algumas vezes, o
chumbo e concreto. O chumbo não deve ser utilizado para blindagem de feixes de
elétrons, devido à produção de radiação de freamento que agravaria a situação em
termos de níveis de radiação e penetrabilidade.
/ (i / i )wi
i
249
Para o cálculo de blindagens de instalações mais complexas, como por exemplo,
as de radioterapia com fótons ou elétrons, o procedimento de cálculo é bastante
diferente da determinação de blindagem de uma fonte puntiforme ou feixe colimado
paralelo. Para isso, foi adicionado nesta apostila, o Anexo C, que trata da Determinação
de Blindagens em Radioterapia.
0,693
HVL
0, 693
x
I I0 e HVL
Material atenuador
kV
Chumbo (cm) Concreto (cm) Ferro (cm)
Pico
HVL TVL HVL TVL HVL TVL
50 0,006 0,017 0,43 1,5
70 0,017 0,052 0,84 2,8
100 0,027 0,088 1,6 5,3
125 0,028 0,093 2 6,6
150 0,03 0,099 2,24 7,4
200 0,052 0,17 2,5 8,4
250 0,088 0,29 2,8 9,4
300 0,147 0,48 3,1 10,4
400 0,25 0,83 3,3 10,9
250
Material atenuador
kV
Chumbo (cm) Concreto (cm) Ferro (cm)
Pico
HVL TVL HVL TVL HVL TVL
500 0,36 1,19 3,6 11,7
1.000 0,79 2,6 4,4 14,7
2.000 1,25 4,2 6,4 21
3.000 1,45 4,85 7,4 24,5
4.000 1,6 5,3 8,8 29,2 2,7 9,1
6.000 1,69 5,6 10,4 34,5 3 9,9
8.000 1,69 5,6 11,4 37,8 3,1 10,3
10.000 1,66 5,5 11,9 39,6 3,2 10,5
251
Camada Semi-redutora (cm)
Radionuclídeo
Chumbo Ferro Alumínio Água Concreto
Y-91 0,96 1,62 4,57 10,74 5,09
Zr-95 0,6 1,26 3,58 8,61 4
Nb-94 0,64 1.3 3,7 8,84 4,13
Nb-95 0,62 1,28 3,63 8,72 4,06
Mo-99+Tc- 0,49 1,11 3,16 7,6 3,54
99m
Mo-99 0,49 1,11 3,16 7,6 3,54
Tc-99 0,05 0,25 0,73 1,73 0,82
Tc-99m 0,07 0,39 1,13 2,68 1,27
Ru-103 0,4 1,06 2,97 7,53 3.4
Ru-105 0,48 1,16 3,28 7,98 3,69
Rh-106 0,49 1,17 3,29 8,16 3,73
Ag-110m 0,71 1,38 3,91 9,36 4,38
Cd-109 0,01 0,06 0,18 0,43 0.2
In-114m 0,23 0,75 2,14 5,18 2,41
Sn-113 0,02 0,09 0,27 0,65 0,31
Sn-123 0,88 1,53 4,36 10,16 4,83
Sn-126+Sb- 0,48 1,15 3,27 7,99 3,68
126m
Sn-126 0,04 0,19 0,55 1.3 0,62
Sb-124 0,83 1,55 4,39 10,49 4,9
Sb-126 0,52 1,19 3,37 8,21 3,79
Sb-126m 0,48 1,15 3,27 7,99 3,68
Sb-127 0,47 1,14 3,24 7,92 3,65
Sb-129 0,72 1.4 3,98 9,45 4,43
Te-127m 0,01 0,08 0,23 0,54 0,26
Te-129 0,33 0,93 2,63 6,53 2,99
Te-129m 0,38 0,82 2,33 5,65 2,61
Te-131m 0,65 1,31 3,74 8,88 4,17
Te-132 0,10 0,53 1,54 3,66 1,73
I-125 0,01 0,08 0,23 0,54 0,26
I-129 0,02 0,09 0,25 0,6 0,28
I-131 0,25 0,93 2,67 6,5 3,02
I-132 0,63 1,31 3,7 8,91 4,14
I-133 0,47 1,15 3,23 8,05 3,67
I-134 0,72 1,4 3,98 9,43 4,43
I-135+Xe- 0,98 1,66 4,7 11,06 5,23
135m
I-135 0,98 1,66 4,7 11,06 5,23
Xe-131m 0,02 0,1 0,29 0,7 0,33
Xe-133 0,03 0,16 0,47 1,11 0,53
Xe-133m 0,05 0,25 0,73 1,72 0,82
Xe-135 0,14 0,72 2,1 4,99 2,36
Xe-135m 0,41 1,07 2,99 7,54 3,41
Xe-138 0,9 1,64 4,79 11,09 5,26
Cs-134 0,57 1,24 3,5 8,5 3,93
Cs-136 0,65 1,32 3,76 8,86 4,18
Cs-137+Ba- 0,53 1,19 3,35 8,2 3,77
137m
Ba-133 0,16 0,67 1,92 4,63 2,17
252
Camada Semi-redutora (cm)
Radionuclídeo
Chumbo Ferro Alumínio Água Concreto
Ba-137m 0,53 1,19 3,35 8,2 3,77
Ba-140 0,33 0,96 2,69 6,72 3,06
La-140 0,93 1,64 4,63 11,04 5,19
Ce-141 7,00 0,37 1,07 2,52 1,2
Ce-144+Pr- 0,05 0,28 0,82 1,95 0,93
144m
Pr-144m 0,02 0,1 0,28 0,67 0,32
Pm-145 0,02 0,11 0,31 0,74 0,35
Pm-147 0,06 0,34 0,99 2,35 1,12
Sm-151 0,01 0,03 0,09 0,21 0,1
Eu-152 0,66 1,32 3,73 8,84 4,17
Eu-154 0,74 1,38 3,91 9,24 4,35
Eu-155 0,04 0,23 0,66 1,56 0,74
Gd-153 0,03 0,18 0,51 1,21 0,57
Tb-160 0,68 1,35 3,84 9,01 4,26
Ho-166m 0,45 1,09 3,1 7,46 3,48
Tm-170 0,03 0,18 0,51 1,21 0,57
Yb-169 0,06 0.3 0,87 2.05 0,97
Hf-181 0,27 0,86 2,41 6,02 2,75
Ta-182 0,8 1,39 3,94 9,26 4,39
W-187 0,43 1,03 2,91 7,17 3,29
Ir-192 0,24 0,92 2,64 6,42 2,98
Au-198 0,29 0,97 2,74 6,77 3,11
Hg-203 0,14 0,73 2,13 5,04 2,39
Tl-204 0,03 0,18 0,53 1,27 0.6
Pb-210 0,01 0,05 0,15 0,35 0,17
Bi-207 0,65 1.3 3,68 8,79 4,11
Po-210 0,65 1,31 3,73 8,88 4,15
Ra-226 0,09 0,48 1,4 3,32 1,58
Ac-227 0,01 0,08 0,22 0,52 0,25
Ac-228 0,67 1,35 3,84 9,05 4,27
Th-227 0,11 0,58 1,69 4,01 1,9
Th-228 0,02 0,13 0,37 0,88 0,42
Th-230 0,01 0,05 0,14 0,34 0,16
Th-232 0,01 0,04 0,12 0,28 0,13
Pa-231 0,09 0,46 1,35 3.2 1,51
U-232 0,01 0,04 0,12 0,29 0,14
U-233 0,01 0,06 0,16 0,39 0,18
U-234 0,01 0,04 0,12 0,28 0,13
U-235 0,09 0,46 1,35 3,19 1,51
U-238 0,01 0,04 0,11 0,27 0,13
Np-237 0,03 0,12 0,41 0,98 0,46
Pu-236 0,01 0,04 0,11 0,27 0,13
Pu-238 0,01 0,04 0,11 0,27 0,13
Pu-239 0,01 0,04 0,12 0,29 0,14
Pu-240 0,01 0,04 0,11 0,27 0,13
Pu-242 0,01 0,04 0,11 0,27 0,13
253
Camada Semi-redutora (cm)
Radionuclídeo
Chumbo Ferro Alumínio Água Concreto
Am-241 0,02 0,12 0,35 0,82 0,39
Am-242m 0,01 0,04 0,13 0.3 0,14
Am-243 0,03 0,18 0,52 1,24 0,59
Cm-242 0,01 0,04 0,12 0,28 0,13
Cm-243 0,08 0,43 1,26 2,98 1,41
Cm-244 0,01 0,04 0,12 0,28 0,13
Cm-245 0,05 0,27 0,79 1,86 0,88
Cf-252 0,01 0,04 0,12 0.3 0,14
FR I 0 / I 10n 2m
254
onde o fator B(μx) depende de μ e da espessura x, podendo ser estimado, com boa
aproximação por fórmulas semi-empíricas, como a de Berger:
B( x) 1 a x eb x
Toda instalação que opera com material radioativo deve preparar um documento
descrevendo as diretrizes de proteção radiológica que serão adotadas pela instalação.
Tal documento, que recebe o nome de Plano de Proteção Radiológica, deve descrever:
255
g. A descrição do sistema de gerência de rejeitos radioativos, estando a sua
eliminação sujeita a limites estabelecidos em norma específica;
h. A estimativa de taxas de dose para condições de rotina;
i. A descrição do serviço e controle médico dos IOE, incluindo planejamento
médico em caso de acidentes;
j. O programa de treinamento dos IOE e demais trabalhadores da instalação;
k. Os níveis de referência, limites operacionais e limites derivados, sempre que
convenientes;
l. A descrição dos tipos de acidentes admissíveis, do sistema de detecção
correspondente e do acidente mais provável ou de maior porte, com
detalhamento da árvore de falhas;
m. O planejamento de interferência em situações de emergência até o
restabelecimento da normalidade; e
n. As instruções de proteção radiológica e segurança fornecidas, por escrito, aos
trabalhadores.
256
c. Fazer cumprir as normas e recomendações da CNEN bem como o Plano de
Proteção Radiológica;
d. Treinar, reciclar, orientar e avaliar a equipe do Serviço de Proteção Radiológica
e demais IOE envolvidos com fontes de radiação; e
e. Designar um substituto capacitado e qualificado em seus impedimentos.
257
c. Manter limpo e em ordem a área (ou laboratório) onde se trabalha com material
radioativo;
d. As áreas onde se trabalha com material radioativo devem ser isoladas e bem
sinalizadas;
e. Manipular o material radioativo em local adequado e com sistema de exaustão
apropriado: capelas, células quentes, caixas de luvas, etc.;
f. Utilizar os instrumentos de manipulação adequados: pinças, porta-fontes,
castelos, etc.;
g. FONTES ABERTAS (Pó, Líquido) Manipular o material radioativo sobre
bandejas de material liso (aço inox, teflon) forradas com papel absorvente;
h. Proteger as bancada com material apropriado e de fácil remoção, como papel
absorvente sobre plástico impermeável ou folha de alumínio, caso haja
possibilidade de uma contaminação superficial;
i. Trabalhar em lugar com iluminação e ventilação adequadas.
a. Não comer, beber ou fumar na área (ou laboratório) ou durante o trabalho com
material radioativo;
b. Não portar nem armazenar alimentos em local em que se trabalha com material
radioativo;
c. Em todo o trabalho com material radioativo, ter sempre em mente os três
parâmetros básicos de proteção radiológica: tempo, distância e blindagem;
d. No trabalho com fontes abertas ter sempre a companhia de outra pessoa
igualmente qualificada;
e. Não permitir que pessoas não treinadas manipulem material radioativo;
f. Usar blindagem o mais próximo da fonte;
g. Nunca pipetar material radioativo com a boca;
h. Fazer medições dos níveis de radiação no local, antes, durante e após a
realização dos trabalhos;
i. Após trabalhar com material radioativo, descartar as luvas de proteção e lavar
bem as mãos e unhas com água e sabão e submetê-las a um medidor de
contaminação;
j. Qualquer transporte de material radioativo de um lugar para outro deve ser feito
com todos os cuidados possíveis; e
k. Executar todos os procedimentos recomendados para a prática específica.
258
7.7.4. Gerência de rejeitos
259
7.8. O SÍMBOLO DA RADIAÇÃO
Não está claro porque este símbolo foi escolhido. Uma hipótese é a de que este
símbolo era utilizado no dique seco da base naval perto de Berkeley, para avisar sobre
propulsores girando. Outra, é de que o desenho foi concebido imaginando o círculo
central como uma fonte de radiação e que as três lâminas representariam uma lâmina
para radiação alfa, outra para radiação beta e outra para gama.
Existe ainda uma forte similaridade com o símbolo comercial de aviso de
radiação existente antes de 1947, que consistia de um pequeno ponto vermelho, com
quatro ou cinco raios irradiando para fora. O símbolo inicial era muito semelhante aos
sinais de advertência de perigo elétrico.
Outra versão é de que o símbolo foi criado um ano após a II Guerra Mundial e
que teria certa semelhança com a bandeira japonesa de guerra, a qual havia se tornado
familiar à população da costa oeste americana.
De qualquer forma, a escolha do símbolo foi uma boa escolha, uma vez que é
simples, fácil e prontamente identificável e não é similar a outros, além de ser
identificável a grande distância (Ref. - Paul Frame, Ph.D., CHP - Programa de
Treinamento Profissional - Oak Ridge Institute for Science and Education -
[email protected] - Trifoil or Radiation Warning Symbol).
260
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATTIX, F.H., ROESCH, W.C., Radiation Dosimetry, Ac. Press, NY, 1968.
ICRU, Radiation Quantities and Units, Nat. Bur. Stand, U.S., Handbook 84, 1962.
KNOOL, G.F., Radiation Detection and Measurement, J. Wiley and Sons, N.Y., 1979.
PROFIO, A. E., Radiation Shielding and Dosimetry, J. Wiley and Sons, Inc., 1979.
IAEA, International Basic Safety Standards for Protection against Ionizing Radiation
and for the Safety of Radiation Sources, BSS-115, IAEA, Vienna, 1996.
IAEA, Regulations for the Safe transport of Radioactive Materials, Safety Series No.
ST-1, 1996.
UNSCEAR, Effects of Ionizing Radiation on Non-Human Biota, Report Vol. II, Annex
E, 2008. www.physics.nist.gov/PhysRefData/XrayMassCoef/ - Table 3 e Table 4.
261
CAPITULO 8
262
8.2. CLASSIFICAÇÃO DOS REJEITOS RADIOATIVOS
263
Após a segregação, os rejeitos devem ser acondicionados em embalagens que
atendam aos requisitos constantes da Norma NE- 6.05. As embalagens destinadas à
segregação, à coleta, ao transporte e ao armazenamento de rejeitos devem portar o
símbolo internacional da presença de radiação, fixado de forma clara e visível. As
embalagens para armazenamento inicial devem ter suas condições de integridade
asseguradas e, quando necessário, devem ser substituídas. As embalagens
destinadas ao transporte não devem apresentar contaminação superficial externa em
níveis superiores aos especificados na Norma NE-6.05.
Os volumes contendo rejeitos radioativos devem possuir vedação adequada para
evitar derramamento do seu conteúdo. Os volumes de rejeitos devem portar o
símbolo indicativo de presença de radiação e devem apresentar fichas de
identificação, afixadas externamente, informando:
264
8.4. DISPENSA PARA REJEITOS
265
8.4.4. Dispensa de efluentes em instalações nucleares e minero-industriais
a) conter com segurança os rejeitos até que possam ser eliminados ou removidos
para local determinado pela CNEN;
b) garantir a proteção física dos rejeitos, com provisão de barreiras de segurança e
evitando o acesso não autorizado;
c) possuir um sistema que permita o controle da liberação de material radioativo
para o meio ambiente, quando isso estiver autorizado;
d) dispor de um sistema de monitoração de área;
e) situar-se em local cercado e sinalizado, com acesso restrito a pessoal autorizado;
f) ter piso e paredes impermeáveis e de fácil descontaminação;
g) possuir blindagem para o exterior que assegure o cumprimento dos requisitos de
proteção radiológica;
h) possuir sistemas de ventilação, exaustão e filtragem;
i) dispor de meios que evitem a entrada de animais que possam provocar a
dispersão do rejeito;
j) assegurar as condições ambientais necessárias para evitar a degradação dos
volumes;
k) apresentar delimitação clara das áreas supervisionadas e controladas e, se
necessário, locais reservados à monitoração e descontaminação individuais;
l) possuir sistemas de tanques e drenos de piso livres de obstruções para coleta de
líquidos provenientes de eventuais vazamentos e descontaminações;
m) prover segurança contra ação de eventos induzidos por fenômenos naturais;
n) dispor de meios para evitar decomposição de matéria orgânica;
o) possuir barreiras físicas que visem a minimizar a dispersão e migração de
material radioativo para o meio ambiente;
p) dispor de procedimentos apropriados sempre afixados em paredes, quadros e
outros lugares bem visíveis, para facilitar o manuseio de materiais, minimizar a
exposição de indivíduos ocupacionalmente expostos e dos indivíduos do
público, orientar as ações de resposta a emergências e dar outras orientações;
q) dispor de acessos com dimensões suficientes para permitir deslocamentos e
manobras de volumes;
r) dispor de piso com resistência de carga compatível com a altura e peso do
material a ser armazenado e de equipamentos de manejo de carga;
s) permitir, a qualquer momento, acesso para inspeção visual e identificação dos
volumes;
t) dispor de meios para proteção e combate a incêndio; e
u) ter capacidade de armazenamento adequada, de modo a minimizar riscos de
acidentes durante o manuseio de rejeitos pelo tempo que se fizer necessário.
266
8.6. REGISTROS E INVENTÁRIOS
267
minérios que tenham tório ou urânio associado, instalações de extração e exploração de
petróleo que retirem peças ou tubulações contaminadas do processo de extração.
Devem constar desse Plano:
268
respectivos volumes, procedência e destino, transferências e eliminações
realizadas. Esses registros devem ser descritos no Plano de Gerenciamento de
Rejeitos. Deve ser realizado o controle de variação de inventário de todo o
material radioativo do laboratório, inclusive rejeitos.
269
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
270
CAPÍTULO 9
9.1. INTRODUÇÃO
272
9.3.1. Material radioativo em forma especial
Os materiais radioativos em forma especial devem ter pelo menos uma dimensão
não inferior a 5 mm, não podem quebrar ou estilhaçar sob os ensaios de impacto,
percussão e flexão, e não podem se fundir ou dispersar quando submetidos a ensaios
térmicos, conforme descrito na Norma CNEN-NE-5.01. Uma cápsula selada com
material radioativo só pode ser aberta por meio de sua destruição.
273
determinada levando-se em consideração que:
274
certificados de aprovação de seus projetos e das autorizações emitidas. Assim, esses
embalados não devem conter:
Limite de Atividade
Concentração em
para uma
A1 A2 Atividade para
Radionuclídeo consignação
material exceptivo
exceptiva
275
Limite de Atividade
Concentração em
para uma
A1 A2 Atividade para
Radionuclídeo consignação
material exceptivo
exceptiva
Esse tipo de embalado deve ser submetido aos ensaios abaixo, na ordem
indicada:
1. Ensaio de jato d‘água: a amostra deve ser submetida a um jato d’água que
simule chuva com precipitação de 50 mm.h-1, durante uma hora.
2. Ensaio de queda livre: a amostra deve sofrer um queda livre sobre um alvo
rígido, de modo a sofrer um dano máximo com relação aos aspectos de
segurança, sendo a altura de queda função da massa do embalado. Para massas
menores que 5.000 kg, a distância de queda livre é 1,2 m e, à medida que a
massa aumenta, a distância de queda diminui para até 0,3 m.
3. Ensaio de empilhamento: a amostra deve ser submetida a uma carga de
276
compressão igual ou superior a 5 vezes a massa do embalado.
4. Ensaio de penetração: a amostra deve ser fixada sobre uma superfície rígida,
plana e horizontal. Uma barra de aço de 6 kg, com extremidade hemisférica de
3,2 cm de diâmetro, é deixada cair de uma altura de 1 m, com o seu eixo
verticalmente orientado, para atingir o centro da parte mais frágil da amostra.
277
9.5. REQUISITOS DE CONTROLE DURANTE O TRANSPORTE
O IT expressa a taxa máxima de dose, em mrem/h (se a taxa de dose for medida
em mSv/h, multiplica-se o valor por 100), a um metro da superfície externa do
embalado. Deve-se arredondar o número encontrado para cima, até a primeira casa
decimal, (e.g. 1,13 deve ser considerado 1,2). Quando o IT for igual ou inferior a 0,05
pode ser estimado como zero.
Para tanques, contêineres ou material BAE-I ou OCS-I desembalado, o valor
determinado acima deve ser multiplicado pelo fator apropriado, com base na Tabela 9.3.
Quando for utilizado um pacote de embalados, seu IT será igual à soma dos IT
de cada um de seus embalados.
Para um embalado, ou pacote de embalados, o IT não deve exceder a 10 e o
nível máximo de radiação em qualquer ponto de sua superfície externa não deve
ultrapassar 2 mSv.h-1. Excetua-se o caso de expedições de Uso Exclusivo, quando o
transporte é feito para um único expedidor de forma exclusiva, utilizando um meio de
transporte.
278
Quando o expedidor garantir que medidas adicionais ou restritivas serão
adotadas no sentido de compensar o não cumprimento de alguns itens da Norma CNEN-
NE-5.01, poderá ser efetuado o transporte na modalidade de Arranjo Especial. Neste
caso o transporte no país requer a aprovação específica da CNEN, ou aprovação
multilateral, no caso de transporte internacional.
Para facilitar o reconhecimento dos riscos potenciais dos embalados eles devem
apresentar em suas etiquetas de rotulação a categoria do embalado, conforme
apresentado na Tabela 9.4. O tipo de etiqueta indica, rapidamente, para qualquer pessoa
informada do público ou para autoridades, a taxa de dose próxima ao embalado, se o
embalado não estiver danificado. Caso contrário, este valor deve ser avaliado.
As cores das etiquetas são padronizadas internacionalmente, conforme ilustrado
na figura 9.1. A cor do texto e do símbolo de radiação é preta e a cor dos numerais I, II
ou III deve ser vermelha.
279
de risco, de acordo com os modelos e cores indicados na Norma CNEN-NE-5.01, em
duas faces externas opostas do embalado.
Se o embalado contiver materiais radioativos com características adicionais de
perigo, devem ser afixados rótulos específicos para indicar essas características,
conforme regulamento de transporte de produtos perigosos.
Cada rótulo, exceto para material BAE ou OCS, deve apresentar ainda o nome do
radionuclídeo presente (no caso de mistura, aqueles mais restritivos), a atividade (em
Bq), e o IT. Não há necessidade de assinalar o IT quando o rótulo for da Categoria I -
Branca.
Se o embalado pesar mais do que 50 kg deve ser assinalado no exterior da
embalagem, de forma legível e durável, o peso bruto.
Todo embalado do Tipo A deve apresentar externamente, de forma legível e
durável, a marca ―TIPO A‖.
Todo embalado do Tipo B deve apresentar externamente, de forma legível e
durável, os seguintes dados:
280
Figura 9.2 - Placa para tanques e contêineres. A palavra ―RADIOATIVO‖ pode
ser substituída pelo número de classificação de materiais da ONU, conforme
tabela 9.5.
281
Tabela 9.5 - Resumo da classificação da ONU para nomes apropriados
ao transporte de materiais radioativos e respectiva numeração.
Número da
Nome Apropriado para Transporte e Descrição
ONU
2912 Material Radioativo - Baixa Atividade Específica (BAE-I) não físsil ou físsil isento
3321 Material Radioativo - Baixa Atividade Específica (BAE-II) não físsil ou físsil isento
3322 Material Radioativo - Baixa Atividade Específica (BAE-III) não físsil ou físsil isento
Material Radioativo - Objeto Contaminado na Superfície (OCS-I e OCS-II) não físsil ou
2913
físsil isento
2915 Material Radioativo, Embalado Tipo A outras formas, não físsil ou físsil isento
2916 Material Radioativo, Embalado Tipo B(U) não físsil ou físsil isento
2917 Material Radioativo, Embalado Tipo B(M) não físsil ou físsil isento
2919 Material Radioativo sob Arranjos Especiais não físsil ou físsil isento
a) Envelope de Transporte;
b) Ficha de Emergência;
c) Declaração do Expedidor; e
d) Ficha de Monitoração da Carga e do Veículo.
282
1) Impondo certas restrições ao meio e modo de transporte, por exemplo:
Embalagens contendo líquidos pirofóricos não podem ser transportadas por
via aérea;
No caso de transporte ferroviário ou rodoviário de materiais radioativos
bastante perigosos, devem ser evitadas rotas que passem por zonas de alta
densidade demográfica.
2) Atendendo a um plano de emergência adequado, de modo a minimizar as
consequências de um acidente durante o transporte.
Tipo de embalagem.
Forma química e física do material.
Radiotoxicidade.
Quantidade de material.
Modo de transporte.
Severidade do acidente.
Localização do acidente.
Condições atmosféricas.
283
Marca de identificação de cada certificado de aprovação emitido pela
Autoridade Competente.
c) fornecer ao transportador os seguintes documentos:
Declaração do expedidor.
Envelope de transporte, padronizado pela NBR 7504.
Ficha de emergência, padronizada pela NBR 7503.
Ficha de monitoração do veículo.
d) fornecer ao transportador:
Nome do destinatário, endereço completo e rota a ser seguida.
e) informar o transportador sobre:
Equipamentos e requisitos especiais para manuseio e fixação da carga.
Requisitos operacionais suplementares para carregamento, transporte,
armazenamento, descarregamento e manuseio de embalado ou uma
declaração que tais requisitos não são necessários.
Quaisquer prescrições especiais de armazenamento para dissipação segura
de calor do embalado, especialmente quando o fluxo de calor na superfície
do mesmo exceder 15 W.m-2.
Restrições impostas ao modo ou meio de transporte.
Providências a serem tomadas em caso de emergência.
284
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IAEA, Safe Transport of Radioactive Material, Training Course Series, Fourth Edition,
International Atomic Energy Agency, Vienna, 2006.
A.M. Xavier, J.T. Moro, P.F. Heilbron, Princípios Básicos de Segurança e Proteção
Radiológica, UFRGS, 2006.
285
ANEXO A
NORMAS DA CNEN
www.cnen.gov.br/seguranca/normas/normas.asp
286
NE-1.19, Qualificação de Programas de Cálculo para a Análise de Acidentes de Perda
de Refrigerante em Reatores à Água Pressurizada, D.O.U. de 11/11/1985.
NE-1.24, Uso de Portos, Baías e Águas sob Jurisdição Nacional por Navios Nucleares,
D.O.U. de 16/12/1991.
287
Posição regulatória 3.01/001:2011, Critérios de Exclusão, Isenção e Dispensa de
Requisitos de Proteção Radiológica.
288
Resolução CNEN Nº 03/65, Fixa Normas no que se Referem aos Minerais, Minérios
Nucleares e de Interesse para a Energia Nuclear, D.O.U. 20/01/1975.
Resolução CNEN Nº 08/77, Esclarece a Regra para o Exportador (Na Resolução 04/69),
Caso não Seja Possível a Aquisição no Mercado Externo, D.O.U. de 29/09/1977.
Port. 279/97, Define Regras para a Importação de Produtos à Base de Lítio, D.O.U. de
01/12/1997.
289
NN-1.17, Qualificação de Pessoal e Certificação para Ensaios não-Destrutivos em Itens
de Instalações Nucleares, D.O.U. de 01/12/2011.
NN-6.01, Requisitos para Registro de Pessoas Físicas para o Preparo, Uso e Manuseio
de Fontes Radioativas, D.O.U de 01/03/1999.
290
ANEXO B
B.1. INTRODUÇÃO
291
atividades com raios X ou substâncias radioativas. Neste incipiente aparato legal já se
vislumbravam formas de compensar os danos à saúde dos trabalhadores, provocados
por agentes mesológicos nocivos, atenuando seus impactos e/ou indenizando-os.
Voltada para as atividades concernentes à radiação ionizante ou substância
radioativa e calcada em recomendações internacionais, a lei 1.234/50 refletia o caráter
de duplo risco para ocorrências normais e não usuais que poderiam atingir o trabalhador
[1,2,3,4].
292
B.1.2.1. Normas Regulamentadoras e as Radiações Ionizantes
293
informações técnico-administrativas, além de resultados de monitoração radiológica, e é
atestado por engenheiro de segurança ou por médico do trabalho conforme versa a
legislação. É feito mediante o preenchimento, pela empresa ou representante, de
formulário denominado Perfil Profissiográfico Previdenciário, próprio do Instituto
Nacional do Seguro Social e válido a partir de 01/01/2004 (antes se denominava
DIRBEN 8030, muito antes, SB40, ambos válidos até 31/12/2003). No documento
histórico-laboral, PPP, devem também ser registrados dados e informações sobre planos
de proteção radiológica, que visem à redução dos níveis de radiação a limites toleráveis,
e que constem recomendações sobre a adoção destas práticas pela empresa. A análise e
a veracidade destes registros, essenciais à concessão da referida aposentadoria, ocorre
através da inspeção de cada local de trabalho, e é conduzida exclusivamente por peritos
vinculados ao INSS. Uma vez concedida, a aposentadoria especial torna-se irreversível
e somente será cancelada pelo INSS, caso o segurado retorne à atividade que deu
origem ao benefício. [www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=14].
294
empresas particulares e estatais, cujas atividades estão caracterizadas como de risco
potencial atinente a radiações ionizantes ou substâncias radioativas, persiste o adicional
de periculosidade discorrido no parágrafo 1º do artigo 193 da CLT. A condição
exclusiva de trabalhadores do serviço público envolvidos com atividades nucleares na
manipulação ou próximos às fontes radioativas, ou operando os equipamentos de raios
X e as correspondentes compensações por riscos à saúde e à vida são formuladas nos
parágrafos 1º (adicional de irradiação ionizante) e 2º (gratificação por atividade com
raios X ou substâncias radioativas), respectivamente, no mesmo artigo 12. O espírito da
lei, aqui materializado nos parágrafos 1º e 2º e no Decreto 877/93 [13] que regulamenta
a concessão do adicional de irradiação ionizante, prevaleceu ante a lei 1.234/50 ainda
vigente. Com todas as restrições para enquadramento, este Decreto tornou extensivo o
benefício a maior número de servidores, os quais não foram incluídos no Decreto
81.384/78.
295
Figura B.1 - RJU e Legislação Relativa às Radiações Ionizantes
297
Esta concessão é retirada com a eliminação das condições ou riscos que
originaram a sua percepção.
298
cenários que representam eventos anormais; (b) avaliação de suas probabilidades de
ocorrência em função de falhas humanas ou técnicas; (c) avaliação da dose resultante;
(d) comparação dos resultados com alguns critérios de aceitação. Em seguida, o autor
exemplifica alguns cenários típicos, que compreendem exposições externas para fontes
de radiação fixas e móveis: ―entrada insegura‖ em uma área de radiação, como salas de
irradiadores industriais, aceleradores, reatores; blindagens insuficientes ou
inadvertidamente removidas; fontes afastadas do seu local apropriado; perdas ou furtos
de fontes, acidentes durante o transporte. Também se consideram os acidentes
decorrentes de problemas administrativos como perda de informação sobre o
proprietário ou responsável, desinformação sobre a localização ou características da
fonte, falta de controle e perda de contabilidade.
Em outro trabalho que propõe o cálculo do adicional devido à irradiação [17], a
dose potencial é definida como a dose possível de ser acumulada por ano de trabalho na
área de risco, e que pode ser decomposta em: (a) doses ocupacionais esperadas
decorrentes de exposição à radiação e de incorporação de radionuclídeos em condições
normais de operação; (b) doses decorrentes de uma atuação anormal (situação de
emergência), levando-se em conta a probabilidade de ocorrência de tal evento. O risco
potencial (R) foi estabelecido, assim, em termos de fração de dose:
R = (Eoperacional + Σ pi Eacidente)/Eefetiva
em que,
Este critério assim postulado tratou o risco potencial como uma combinação
linear de dois termos. Um, decorrente de um suposto risco operacional previsto no plano
de proteção radiológica da instalação (condições normais) e o outro, de um risco para
situação de emergência. Ambos definidos como uma função da dose. Outro postulado
para cálculo de dose potencial devida às fontes de radiação existentes no ambiente de
trabalho é o que define um modelo simplificado de exposição que possibilita construir
um cenário [22]. Este modelo representaria um encadeamento de eventos não-usuais,
desprezando-se sua probabilidade de ocorrência, e apenas considerando o cálculo da
dose resultante que seria recebida pelo trabalhador para o caso de uma situação anormal.
Os resultados dos cálculos de doses, consequentemente, serviriam de base para o
enquadramento dos servidores em 5, 10 ou 20%.
Em resumo, a eleição de um modelo simplificado, como proposto, seria o
caminho obviamente mais pragmático entre os três, pois, para os outros postulados
exigia-se o conhecimento de todos os fatores complexos que concorrem em um evento
emergencial, além de dados para se determinar a probabilidade de ocorrência do
acidente.
299
Apesar disso, deve ser observado que os critérios acima propostos, embora
estejam calcados em fundamentos teóricos sólidos, apresentam-se intrincados e difíceis
de serem aproveitados na prática, de acordo com o que pede a legislação. O principal
obstáculo para disciplinar a concessão de vantagens ainda persiste: em nenhum deles foi
estabelecida uma relação direta de vínculo entre a dose anual (ou frações dela) assim
calculada para cada servidor e os percentuais de radiação ionizante a que os mesmos
servidores, que estejam desempenhando efetivamente suas atividades em áreas sujeitas
a riscos potenciais advindos das radiações, fariam jus.
Ainda que, para cada postulado, a situação de risco em ambientes reais seja
reconhecida como contínua ou fixa, de um período para outro poderá haver variações
nos valores atribuídos às doses, em virtude de variações nas condições geométricas de
exposição, quais sejam: mudanças nos dispositivos de proteção, na localização das
fontes de radiação, na otimização de procedimentos técnicos. Isto exigiria uma análise
acurada e periódica da dose atribuída a cada servidor na área sujeita a riscos, ensejando
como consequência mudanças na sua faixa de enquadramento arbitrada pela lei. Como o
risco, em se tratando de vantagem pecuniária, depende também das ações e omissões
dos trabalhadores, isto poderia induzi-los a buscar ou permanecer em uma faixa
percentual ―mais favorável‖, atitude que fere em cheio as recomendações básicas de
proteção radiológica, refletidas no princípio ALARA, ao afirmar que:
300
a. O adicional de irradiação alcance todos os trabalhadores no exercício de
atividades profissionais dentro do hipotético raio de risco potencial, cuja área
deve ser considerada como instalação radiativa. E, como tal, regulamentada e
sujeita a normas de proteção radiológica;
b. Seja delimitado um tempo para permanência na área em função da jornada
semanal de trabalho; e
c. Seja estabelecida uma dose potencial por ano de trabalho na área de risco.
301
radiação, são tidas como tais. No entanto, ainda apoiado na norma que estipula para área
controlada doses anuais acima de 1/20 do limite de dose para trabalhadores, torna-se
muito difícil demonstrar - para cada trabalhador localizado em um ponto qualquer da
instalação radiativa, mesmo que não manipule ou se encontre afastado das fontes - que
não existe uma probabilidade de ser exposto a doses anuais iguais ou abaixo de 1/20 do
limite estipulado. Doses estas consideradas baixas, mas que em área livre ou controlada
qualquer trabalhador pode estar sujeito. Ademais, as normas utilizam o conceito de
doses equivalentes efetivas, enquanto o Anexo Único faz uso da dose potencial,
embutida na dose anual acumulada que, por sua vez, deverá prever também possíveis
incorporações de radionuclídeos pelo organismo do indivíduo.
Consequentemente, a partir da argumentação desenvolvida e tendo em conta os
obstáculos de ordem técnica, legal e administrativa que impedem a aplicação eficaz e
criteriosa do adicional de irradiação ionizante, deve-se optar pela
302
Quanto à sistematização proposta no item anterior, algumas ponderações são
inevitáveis. De início, estes estudos, em diversas ocasiões, tratam negligentemente área
de risco ora como de acesso controlado, ora como de acesso restrito, em uma instalação.
Daí permite-se resvalar para simplificações do tipo: ―a operação com substâncias
radioativas ou raios X dar-se-á apenas em áreas de acesso controlado, o que
tecnicamente é o mesmo que área de risco‖. Descuidando-se, contudo, ser corriqueira a
manipulação de material radioativo em área supervisionada, igualmente contida na área
controlada, segundo normas de proteção radiológica. Esta prática comum tem como
alvo reduzir significativamente a dose, pois, evitando-se o acesso desnecessário de
equipamentos, materiais ou mesmo de indivíduos às áreas controladas, as substâncias
radioativas de interesse podem ser diretamente manipuladas em áreas supervisionadas.
Em seguida, quanto ao certificado de habilitação para se desenvolver atividades
com raios X ou manipular substâncias radioativas, este é indispensável para a categoria
de Indivíduos Ocupacionalmente Expostos às radiações (IOE), ou àqueles que vierem a
ter acesso a áreas controladas. Relativamente à obrigatoriedade de trabalho habitual com
raios X ou substâncias radioativas numa jornada mínima de 12 horas semanais, para se
fazer jus à gratificação, esta condição temporal ao estimular exposições desnecessárias,
compromete em cheio os serviços de higiene e segurança ocupacionais. A obsolescência
contida na orientação, legada pelos regulamentos próprios à lei 1.234/50, colide com os
preceitos universais de proteção radiológica, tendo como norte a vigência do princípio
ALARA. Ressalte-se que a lei 1.234/50 previa apenas uma jornada máxima de 24 horas
semanais junto às fontes, e não mínima.
Desse modo, é sugerido como critério geral para fundamentar o enquadramento
de servidores que farão jus à gratificação por atividade
303
Um elaborado sistema de conceitos, princípios e técnicas, recomendados em
publicação [20], possui a característica de atuar isoladamente ou em conjunto em favor
do trabalhador, no intuito de evitar exposições contínuas. Porém, mesmo assim subsiste
o denominado ―estresse‖ ou tensão ocupacional como resíduo [26]. Este pode aqui ser
livremente definido como efeito de natureza psicossomática que, não estando
diretamente associado a exposições reais às radiações, desenvolve-se: naqueles locais
onde os usos e cuidados exigidos pela presença de substâncias radioativas ou materiais
nucleares culminam numa série de esforços extenuantes empreendidos para se reduzir
ou impedir a exposição; e em situações de acidente ou incidente, atribuído ao temor que
a radiação venha ao longo do tempo causar um dano à saúde.
Esta situação se manifesta com mais intensidade em populações atingidas por
acidente radioativo ou em indivíduos residentes em regiões circunvizinhas às
instalações radiativas. Neste último caso, recebe a denominação de tensão situacional.
Um quadro completo das causas e sintomas ainda depende da realização de mais
pesquisas, porém sabe-se que, a depender do nível acumulado, a tensão ocupacional
pode evoluir e provocar até o aparecimento de enfermidades que atualmente não estão
relacionadas aos efeitos biológicos radioinduzidos, como doenças do aparelho digestivo,
sistema nervoso e moléstias assemelhadas [27].
Assim, a legislação, ao fixar férias inacumuláveis de vinte dias por semestre,
pretende recompensar o servidor exposto física e mentalmente a uma atividade
extenuante. Em consequência, a lei 8.112/90, no seu artigo 79, estabelece
especificamente que:
304
nocivos à saúde ou em situações de risco potencial. O vácuo normativo só vai ser
preenchido com a aprovação da referida Lei pelo Congresso Nacional.
Enquanto isto não acontecer, o servidor público, em qualquer esfera (municipal,
estadual ou federal) da administração a qual pertença, pode ter o direito à contagem de
tempo especial reconhecido, uma vez que em decisão recente, já transitada em julgado,
o Supremo Tribunal Federal determinou que não existindo norma regulamentadora
específica, deve ser adotado o que dispõem a Lei de Benefícios da Previdência Social e
emenda constitucional nº. 20. Esta decisão se justifica, sobretudo porque ao se comparar
os diferentes tipos de aposentadoria para CLT e RJU, pode-se observar que ambas
mantém similaridades com respeito, por exemplo, a: aposentadoria por invalidez;
parâmetros de tempo de contribuição e idade.
B.4.4.2. Requerimento
305
B.5. CONCLUSÕES
307
Dosimetria das radiações Ionizantes
Sistemática de medição criteriosa relacionada às grandezas radiológicas para fins de
controle, registro e proteção de IOE e pacientes submetidos às práticas que
envolvam o uso de radiações ionizantes.
Dosímetro
Instrumento de medição que indica a taxa de exposição ou a dose de radiação
absorvida que um IOE ou paciente foi submetido.
Efeitos Biológicos
Conjunto de danos nos tecidos ou órgãos provocados pela penetração e consequente
absorção da radiação ionizante. Os efeitos radioinduzidos podem ser
determinísticos, para os quais a probabilidade de ocorrência ou risco, e não sua
severidade depende da dose recebida, sem limiar (cânceres e efeitos genéticos); e
não-estocásticos, em que a severidade do dano aumenta com a dose, e para os quais
é possível estimar uma dose limiar(deficiências hematológicas, cataratas,
infertilidades).
Emergência
Ocorrência de situações identificadas como anormais devido à perda de controle de
fonte radioativa, as quais podem ocasionar danos ou exposições desnecessárias ao
trabalhador, membro do público ou meio ambiente.
Equipamentos de Proteção Individual
Dispositivos ou meios utilizados nos locais de trabalho por uma pessoa para
prevenir ou evitar possíveis riscos que possam afetar a sua saúde ou integridade
física, durante o desenvolvimento de uma determinada atividade.
Equipamentos de Raios X
Dispositivos que empregam a radiação do tipo X para produzir imagem em
emulsões fotográficas. Uma parte dos raios X atravessa o objeto, enquanto outros
raios são parcialmente ou completamente absorvidos pelas partes mais opacas do
alvo, de forma a se moldar uma sombra no filme.
Exposições Externas
São oriundas de fontes radioativas dispersas no ambiente. As radiações X, γ e
nêutrons, por penetrarem com facilidade no tecido humano, constituem o maior
perigo nesta exposição.
Exposições Potenciais
Exposições susceptíveis de se realizarem em presença das radiações ionizantes.
Fonte Radioativa
Aparelho ou material que emite ou é capaz de emitir radiação ionizante.
Gratificação por Atividade com Raios x ou Substâncias Radioativas
Vantagem pecuniária atribuída transitoriamente ao trabalhador que está prestando
serviços comuns da função em condições anormais de salubridade ou de segurança,
pondo em risco a própria vida ou a saúde. Exige habilitação e desempenho das
atividades em Área Restrita.
Indivíduo do Público
Qualquer membro da população não exposto ocupacionalmente às radiações,
inclusive àqueles ausentes das áreas restritas da instalação.
Indivíduo Ocupacionalmente Exposto
O mesmo que Trabalhador Sujeito às Radiações, segundo a definição adotada na
Norma da CNEN: ―Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica‖ - CNEN-NN-3.01
de 2011. Indivíduo que, em consequência do seu trabalho a serviço da instalação,
possa vir a receber anualmente doses superiores aos limites primários para
indivíduos do público.
308
Insalubridade
Qualidade inerente ao agente químico, físico ou biológico que pode causar danos à
saúde. Relativamente às radiações ionizantes, está vinculada às manifestações
nocivas tardias.
Instalação Radiativa
Instalação aonde o material radioativo ou nuclear é produzido, utilizado,
manuseado, pesquisado, reprocessado, ou estocado em quantidades relevantes.
Irradiadores
Equipamentos que submetem uma determinada substância ou material à ação de um
feixe de partículas ou radiações.
Isótopos
São nuclídeos com mesmo número de massa, mas com diferentes números de
nêutrons.
Limite Máximo Permissível
Em se tratando de dose, é o valor acima do qual o efeito da radiação pode se tornar
observável ou nocivo. Ao longo do tempo está havendo uma diminuição
progressiva desses limites.
Limite Primário Anual
Limites básicos estabelecidos, em normas, para a dose equivalente anual em tecidos
e órgãos, e para a dose equivalente efetiva anual.
Material Radioativo
Material que contém substâncias emissoras de radiação ionizante.
Modelo Matemático
Analogia descritiva usada para auxiliar a visualização de cenários, ou realização de
estimativas, baseada em relações funcionais simples, dos fenômenos físicos que não
podem ser direta ou facilmente observados.
Parâmetro
Medida de grandeza calculada a partir de todas as observações de uma população.
Periculosidade
Complexo de circunstâncias que indicam a possibilidade de um agente químico,
físico ou biológico pôr em perigo à vida; qualidade ou estado do agente cuja
atividade em uma instalação oferece risco potencial à vida. Está associada aos
efeitos imediatos provocados por contaminações com, e/ou exposições às radiações
ionizantes em condições não-usuais.
Plano de Proteção Radiológica
Documentos exigidos para fins de licenciamento de instalação, que estabelecem o
sistema de proteção radiológica a ser implementado por serviços específicos e
independentes em cada unidade, de acordo com a Norma CNEN-NN-3.01
―Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica‖ publicada no D.O.U em 01/09/2011.
Postulado
Proposição não "provada" no sistema de uma teoria e da qual se deduzem, por
regras de inferência, outras proposições.
Princípio ALARA
Preceitos para proteção radiológica, adotados internacionalmente, os quais
recomendam serem mantidas as exposições em níveis tão baixos quanto exequíveis,
respeitando-se as condições sócio-econômicas.
Proteção Radiológica
Legislação, regulamentação e procedimentos técnicos para proteger o meio
ambiente, o público em geral, os pacientes e àqueles que trabalham em indústrias,
usinas, mineradoras, clínicas, hospitais e laboratórios dos efeitos das radiações.
309
Também se relaciona com as medidas tomadas para redução da exposição à
radiação.
Radiação Ionizante
Qualquer partícula ou radiação eletromagnética que, ao interagir com a matéria,
ioniza direta ou indiretamente seus átomos ou moléculas.
Radionuclídeo
Isótopo radioativo, ou radioisótopo.
Reatores Nucleares
Dispositivos nos quais uma reação de fissão nuclear em cadeia ocorre. Ou seja,
neste processo um núcleo de combustível físsil absorve um nêutron e se fissiona,
produzindo mais nêutrons que, de sua parte, ao serem absorvidos, provocam outras
fissões, liberam mais nêutrons, produzindo energia. Os radionuclídeos 233U, 235U e
239
Pu são os mais empregados como combustíveis. No reator uma reação em cadeia
é iniciada, mantida e controlada.
Risco Potencial
Condição de perigo virtual inerente às atividades com radiações ionizantes,
existente como faculdade ou possibilidade mediante a sua prévia avaliação.
Substância Radioativa
Componente da matéria que emite radiação ionizante, podendo ser natural ou
artificial.
Trabalhador Sujeito às Radiações
Antiga denominação para IOE. Indivíduo que, em consequência do seu trabalho a
serviço da instalação, possa vir a receber anualmente doses superiores aos limites
primários para indivíduos do público.
Vantagem Pessoal
Qualquer vantagem, na forma de adicional ou de gratificação que, uma vez
consideradas extintas pela administração, foram substituídas por uma nova
modalidade de compensação.
310
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[12] Artigo 12, Lei 8.270, de Dezembro de 1991, ―Adicional de Irradiação Ionizante,
Gratificação por Trabalhos com Raios-X ou Substâncias Radioativas, Vantagem
Pessoal‖.
[17] Gonçalez, O.L. e Rigolon, L.S., ―O Trabalho com Radiação Ionizante no RJU,
Segundo a Lei 8.270 e Respectiva Regulamentação‖, III Congresso Geral de
Energia Nuclear, Junho de 1994".
311
[18] Parecer CONJUR/SAF Nº 404, de Julho de 1994, ―Sec. de Adm. Federal‖.
312
ANEXO C
Uma área será classificada como área supervisionada quando, embora não
requeira a adoção de medidas específicas de segurança e proteção radiológica, devem
ser feitas avaliações regulares das condições de exposições ocupacionais, com o
objetivo de determinar se a classificação continua adequada. Essas áreas devem ser
indicadas como tal, em seus acessos.
Na prática de radioterapia, uma área supervisionada pode incluir a região do
comando dos equipamentos de radioterapia e as áreas ao redor de salas de tratamento ou
ao redor de salas onde são armazenadas e manipuladas fontes radioativas.
Toda área que não seja controlada ou supervisionada é considerada como área
livre, e deve ser mantida de maneira que as pessoas nela presentes recebam doses de
radiação no mesmo nível de proteção de indivíduos do público.
1) Estabelecer um valor da dose de radiação (ver Cap. 5, 5.3.7) a ser obtido para a
área ocupada.
2) Estimar o valor da dose de radiação na área ocupada, caso não houvesse
blindagem.
3) Obter o fator de atenuação necessário para reduzir o valor da dose em (2) para o
valor da dose de radiação em (1).
Exemplo
Como exemplo da metodologia do cálculo de barreiras, será apresentado
juntamente com o texto deste anexo o cálculo das barreiras de uma sala de radioterapia
onde funcionará um acelerador linear de elétrons produzindo dois feixes de fótons (raios
X), com energias de 6 MeV de 15 MeV, e feixes de elétrons, com energias de 4, 6, 9,
12, 16 MeV. Os cálculos apresentados servem apenas como ilustração, para o cálculo de
uma sala real deve ser consultada a bibliografia recomendada no final deste anexo. As
314
figuras esquemáticas da sala do irradiador utilizadas no exemplo foram gentilmente
cedidas pela física Débora Maria Brandão Russo.
Esse acelerador será utilizado para tratamento de radioterapia em 3 dimensões
(3D) e de intensidade modulada (IMRT). O acelerador possui um cabeçote com rotação
de 360o, colimadores independentes e colimadores secundários do tipo multilâminas,
fornecendo o campo máximo de radiação primária de (40 x 40) cm² no isocentro, que
fica a 100 cm do alvo. O rendimento (taxa de dose absorvida) no isocentro, no centro do
campo, é de 800 cGy.min-1. A radiação de fuga do cabeçote, atestada pelo fabricante, é
de 0,1% do rendimento máximo no isocentro.
A sala de tratamento fica no andar térreo de uma instalação de radioterapia,
sendo um lado vizinho a um estacionamento (barreira A), um lado ocupado por uma
sala de espera (barreira B), um lado ocupado pelo comando do equipamento (barreira C)
e um lado vizinho à outra sala de tratamento, onde estará operando outro acelerador
(barreira D). Sobre o teto será projetado o sistema de refrigeração da instalação de
radioterapia.
A localização da sala do acelerador e sua circunvizinhança são mostradas na
figura 1. Nessa figura está apresentada a classificação das áreas da instalação.
315
não considerar a atenuação do feixe pelo paciente;
assumir a máxima radiação de fuga possível;
superestimar a carga de trabalho e os fatores de uso e ocupação para a área;
considerar que as necessidades de blindagens para os feixes de fótons suplantam
as necessidades para feixes de elétrons; e
considerar que as necessidades de blindagens para os feixes de fótons de maior
energia suplantam as necessidades para os de menor energia (aceleradores duais).
Exemplo
A carga de trabalho total do acelerador será determinada a partir das cargas de
trabalho de cada tipo de tratamento e dos testes de controle da qualidade e manutenção
do acelerador. Para um cálculo conservativo pode-se assumir que o feixe utilizado é o
de mais alta energia de fótons como, por exemplo, um feixe de 15 MeV. Nesse
316
acelerador, serão tratados 40 pacientes por dia, durante 5 dias por semana com a técnica
de radioterapia formatada tridimensional (3D), com uma média de 1,5 isocentros por
paciente. Cada paciente receberá a dose média de 2 Gy por isocentro. Nesse caso, a
carga de trabalho clínica será dada por:
Também serão tratados 6 pacientes por dia, durante 5 dias por semana com a
técnica de radioterapia com intensidade modulada (IMRT). Nesse tratamento cada
paciente receberá a dose média de 2 Gy por dia de tratamento. Assim, no exemplo tem-
se que:
WIMRT 6 5 2 60 Gy.semana 1
Ao se usar um fator de ocupação baixo para uma região adjacente a uma sala de
tratamento, deve-se ter o cuidado de considerar o uso futuro do local, pois poderá vir a
ter um fator de ocupação maior, passando a ter maior importância na determinação da
blindagem.
Os feixes de raios X e gama são atenuados de forma exponencial através dos
materiais. A intensidade do feixe diminui a cada espessura de blindagem adicionada e,
318
teoricamente, nunca se torna zero. Portanto, é necessário determinar o fator de
transmissão (B) da barreira pelo qual se obtém o nível de dose desejado. Sem a
blindagem, a taxa de dose a uma distancia d da fonte, no eixo central do feixe, é dada
por:
WUT
Da (2)
d2
BWUT
D (3)
d2
P P(d pri ) 2
B pri
(4)
D WUT
onde,
Por exemplo, se o limite de dose para uma região adjacente à sala de tratamento
é de 1 mSv/ano e a dose estimada para aquele mesmo ponto é de 10 mSv/ano, então é
necessária uma blindagem que proporcione uma atenuação por um fator 10, ou seja, B =
0,1. A espessura da blindagem correspondente ao valor de Bpri determinado acima pode
ser obtida utilizando-se curvas de atenuação.
A camada semi-redutora (HVL) e a camada deci-redutora (TVL) são as
espessuras de material atenuador que reduzem a intensidade do feixe para 50% e 10%
do valor original, respectivamente. Pode-se calcular o número de camadas deci-
319
redutoras (NTVL) do material de blindagem necessárias para atingir o nível de proteção
desejado através da relação:
Concreto Concreto
Propriedades Chumbo Aço Polietileno
Comum Pesado
-3
Densidade (g.cm ) 2,2 – 2,4 3,7 – 4,8 11,35 7,87 0,95
Número atômico efetivo 11 ~ 26 82 26 5,5
Concentração de hidrogênio* 1022
0,8 – 2,4 0,8 – 2,4 0 0 0
átomos cm-3
Ativação por nêutrons Pequena Grande (*) Moderado Nulo
Custo relativo (concreto comum = 1) 1 6 20 2 20
(*) O grau de ativação dependerá primariamente das impurezas no chumbo.
320
C.3.4.2. Largura da barreira primária
321
TVL1 = 44,0 cm e TVL2 = 41,0 cm.
A Figura C.3 mostra um esquema da sala do acelerador que será utilizada para a
determinação da barreira primária (cinturão) do feixe de radiação.
a) Barreira primária - A
2.105 7,28
P(d pri ) 2 2
BA 1,7 10 4
WUT 1000 (1/ 4) (1 / 40)
4.104 6,7
P(d pri ) 2 2
BC 7,18 10 5
WUT 1000 (1/ 4) (1)
2.105 6,0
P(d pri ) 2 2
BC 1,15 10 4
WUT 1000 (1 / 4) (1 / 40)
323
No caso de barreira secundária deve-se considerar a radiação espalhada pelo
paciente, pelas paredes e pela radiação de fuga do cabeçote do equipamento (Figura
C.4).
P 400
BP (d sec ) 2 (d esp ) 2 (8)
aWT F
onde,
Feixes com energia menor do que 0,5 MeV: igual ao feixe incidente,
Feixes com energia até 10 MeV: usar 0,5 MeV para reflexão de 90o.
P
BL 3
(d L ) 2 (9)
10 WT
onde dL é a distância (m) entre o isocentro do equipamento e o ponto protegido. O fator
324
10-3 representa a atenuação do feixe primário, ou redução da carga de trabalho, pelo
cabeçote do acelerador, conforme estabelecido pelos principais fabricantes.
Quando a diferença entre as espessuras requeridas para as barreiras secundárias
devido à radiação espalhada e de fuga do cabeçote, for menor que 1 TVL, (i.e. como se
o espaço em questão fosse ocupado por duas fontes de intensidades aproximadamente
iguais), a adição de uma camada semirredutora ao maior valor fornece uma avaliação
conservativa. Caso os dois valores difiram por mais de uma camada deci-redutora, a
maior espessura deve ser utilizada. Em casos intermediários, pode ser necessário
calcular a transmissão considerando a soma das contribuições para os dois feixes.
Exemplo
a) Barreira secundária - A
P 400 2 10 5 400
BP (d sec ) 2 (d esp ) 2 4
(1) 2 (7,17) 2 0,0394
aWT F 2,61 10 1000 (1 / 40) 1600
325
Figura C.5 - Esquema da sala onde está instalado o acelerador do
exemplo, mostrando os pontos utilizados para o cálculo das espessuras
das barreiras secundárias. Note-se que os pontos calculados situam-se
a 0,3 m da parede.
Para a fuga de radiação pelo cabeçote, o fator de transmissão da barreira A é dado por:
P 2 105
BL (d sec ) 2 (7,17) 2 0,0411
0,001 WT 0,001 1000 (1 / 40)
326
determinada utilizando os valores de TVL1 e TVL2 apresentados na Tabela C.7.
Então:
b) Barreira secundária - B
P 2 400 2 10 5 400
B 2
(d sec ) (d esp ) 4
(1) 2 (5,25) 2 0,00053
aWT F 2,61 10 1000 (1) 1600
327
dadas na Tabela C.6, são iguais a 18 cm e a espessura da barreira secundária C é:
P 2 105
BL (dsec )2 (5,25)2 0,000551
0,001 WT 0,001 1000 (1)
Como essa diferença é maior do que valor do TVL para a fuga do cabeçote
adota-se como espessura da blindagem secundária o maior valor encontrado, que é
devido à fuga do cabeçote, de 1,2 m.
c) Barreira secundária - D
P 400 2 10 5 400
B (d sec ) 2 (d esp ) 2 4
(1) 2 (8,08) 2 0,00250
aWT F 2,61 10 1000 (1 / 2) 1600
O número de camadas deci-redutoras é dado por:
328
Para essa barreira, o fator de transmissão devido à fuga de radiação pelo
cabeçote é dado por:
P 2 105
BL (dsec )2 (8,08)2 0,0026
0,001 WT 0,001 1000 (1 / 2)
Como essa diferença é maior do que valor do TVL para a fuga do cabeçote
adota-se como espessura da blindagem secundária o maior valor encontrado, que é
devido à fuga do cabeçote, de 0,9 m.
Essa barreira secundária forma o labirinto e, portanto, é constituída de duas
blindagens. Assim, pode-se construir uma das paredes do labirinto com parte da largura
e a outra parede com a outra parte, conforme mostra a Figura C.6. Como o labirinto se
delimita com outra sala de tratamento, deve-se considerar também o cálculo da
blindagem da outra sala para se definir a fração da espessura das paredes do labirinto.
Para se fracionar a espessura determinada acima, deve-se atentar para a
passagem interna do labirinto para a sala, pois nessa região há somente a parede externa.
Deve-se ainda lembrar o fato de que a espessura da parede D’ influi no cálculo da
espessura da porta da sala e, portanto o valor adotado para essa parede será levado em
conta no cálculo da espessura final da porta, a fim de não torná-la muito pesada.
329
C.3.6. Transmissão da radiação pela porta da sala - labirinto
WU A 0 A0 z Az
HS (10)
dh d r d z 2
onde,
330
Tabela C.8 - Valores sugeridos para o coeficiente de reflexão na parede A
(Figura C.6) para concreto (NCRP, 2005). Incidência a 0º e 45º para fótons
de bremsstrahlung e monoenergéticos. Cada valor apresentado abaixo deve
ser multiplicado por 10-3.
Ângulo de reflexão ou espalhamento em concreto (medido da normal)
0º 30º 45º 60º 75º
Incidência 0º 45º 0º 45º 0º 45º 0º 45º 0º 45º
30 MeV 3,0 4,8 2,7 5,0 2,6 4,9 2,2 4,0 1,5 3,0
24 MeV 3,2 3,7 3,2 3,9 2,8 3,9 2,3 3,7 1,5 3,4
18 MeV 3,4 4,5 3,4 4,6 3,0 4,6 2,5 4,3 1,6 4,0
10 MeV 4,3 5,1 4,1 5,7 3,8 5,8 3,1 6,0 2,1 6,0
6 MeV 5,3 6,4 5,2 7,1 4,7 7,3 4,0 7,7 2,7 8,0
4 MeV 6,7 7,6 6,4 8,5 5,8 9,0 4,9 9,2 3,1 9,5
Co-60 7,0 9,0 6,5 10,2 6,0 11,0 5,5 11,5 3,8 12,0
0,5 MeV 19,0 22,0 17,0 22,5 15,0 22,0 13,0 20,2 8,0 18,0
0,25 MeV 32,0 36,0 28,0 34,5 25,0 31,0 22,0 25,0 13,0 18,0
Esse cálculo se restringe a salas nas quais a razão entre a altura e a largura do
labirinto fica entre 1 e 2 (McGinley, 2002) ou quando o valor de [dz/(altura X
largura)1/2] estiver entre dois e seis (NCRP, 1977). Essa condição pode ser obtida na
prática com a colocação de uma travessa (viga) na entrada do labirinto.
Na Tabela C.8 são apresentados os valores sugeridos para o coeficiente de
reflexão (NCRP, 2005) em concreto para diferentes ângulos de reflexão - 0º, 30º, 45º,
60º e 75º - em duas direções de incidência da radiação - 0º e 45º - para feixes de raios X
de diferentes energias e feixes monoenergéticos.
A radiação de fuga do cabeçote pode atingir a parede A1 e chegar à porta depois
de uma única reflexão. Nesse caso a componente da dose (Figura C.7) pode ser dada por
(McGinley, 1997):
L f WLU A1 A1
H LS (11)
dsecd zz 2
onde,
HLS é a dose semanal (Sv.semana-1) na porta devida ao espalhamento único da radiação
de fuga do cabeçote;
Lf é a razão de fuga de radiação pelo cabeçote a 1 m do alvo (em geral igual a 10 -3, de
acordo com a maioria dos fabricantes);
WL é a carga de trabalho (Gy.semana-1) para a radiação de fuga do cabeçote (pode ser
diferente do valor de W, em situações especiais de tratamento, como o IMRT);
UA é o fator de uso para a parede A;
1 é coeficiente de reflexão para radiação de fuga do cabeçote na parede A;
A1 é a área (m²) da parede A que é vista da porta do labirinto;
dsec é a distância (m) do alvo à linha central do labirinto, na parede A (pode ser medida
a partir do isocentro, como valor médio da posição do alvo);
dzz é o comprimento (m) da linha central do labirinto.
331
Figura C.7 - Esquema do labirinto da sala onde está instalado o acelerador
do exemplo, mostrando as áreas definidas para a determinação da dose na
porta devido ao espalhamento único da radiação de fuga do cabeçote na
parede A.
A radiação espalhada no paciente (Figura C.8) que atinge a porta contribui com
a dose da seguinte forma (McGinley, 1997):
F
a( )WU A 1 A1
400
despdsecd zz 2
H pS (12)
onde,
HpS é a dose semanal (Sv.semana-1) na porta devida ao espalhamento da radiação pelo
paciente;
a() é a fração de espalhamento para a radiação espalhada pelo paciente (Tabela C.5)
por um ângulo ;
W é a carga de trabalho (Gy.semana-1);
UA é o fator de uso para a parede A;
F tamanho do campo (m²) a 1 m;
1 é coeficiente de reflexão para radiação espalhada pelo paciente na parede A;
A1 é a área (m²) da parede A que é vista da porta do labirinto;
desp é a distância (m) do alvo ao paciente;
dsec é a distância (m) do paciente à linha central do labirinto, na parede A;
dzz é o comprimento (m) da linha central do labirinto.
332
Figura C.8 - Esquema do labirinto da sala onde está instalado o acelerador
do exemplo, mostrando as áreas definidas para a determinação da dose na
porta devido ao espalhamento da radiação pelo paciente na parede A.
O coeficiente de reflexão, 1, pode ser obtido da energia média dos fótons
espalhados pelo paciente em diversos ângulos, porém um valor conservativo pode ser
obtido se uma energia de 0,5 MeV é utilizada para determinar esse coeficiente. Quando
a energia do feixe do acelerador for maior do que 10 MeV, a radiação espalhada pelo
paciente pode ser ignorada, pois ela se torna insignificante em comparação a gerada
pelos nêutrons emitidos do acelerador e os raios gama de captura produzidos pela sua
absorção em concreto.
A radiação de fuga que é transmitida através da parede do labirinto (D’) que
atinge a porta (Figura C.9) contribui para a dose total da seguinte forma:
L f WLU A B
H LT (13)
d L 2
onde,
HLT é a dose semanal (Sv.semana-1) na porta devida à radiação de fuga transmitida pela
parede interna do labirinto;
Lf é a razão de fuga de radiação pelo cabeçote a 1 m do alvo (em geral igual a 10 -3, de
acordo com a maioria dos fabricantes);
WL é a carga de trabalho (Gy.semana-1) para a radiação de fuga do cabeçote (pode ser
diferente do valor de W, em situações especiais de tratamento, como o IMRT);
UA é o fator de uso para a parede A;
B é o fator de transmissão da parede interna do labirinto;
dL é a distância (m) do alvo à linha central do labirinto no centro da porta.
333
Figura C.9 - Esquema do labirinto da sala onde está instalado o acelerador
do exemplo, mostrando as áreas definidas para a determinação da dose na
porta devido à radiação de fuga que atravessa a parede interna do labirinto.
A dose total (HA) na porta do labirinto pode, então, ser dada por:
H A fH S H LS H pS H LT (14)
334
Radionuclídeos como o 15O (meia-vida de 2 minutos) e o 13N (meia-vida de 10
minutos) são produzidos no interior da sala, pela interação dos nêutrons com o ar. A
radioatividade no ar produzida nas salas de tratamento pode ser removida por um
eficiente sistema de ventilação. Uma ventilação que executa de 6 a 8 trocas por hora do
ar da sala, também facilita a remoção de ozônio e outros gases nocivos.
As barreiras primárias e secundárias determinadas para proteção contra a dose
devida a fótons protegem também contra a dose devida a elétrons e contaminação de
nêutrons. Entretanto, os nêutrons podem chegar à porta da sala tendo perdido pouca
energia ao longo do labirinto e podem apresentar um nível de dose inaceitável na área
externa da sala, necessitando, assim, de uma porta especialmente projetada.
Um valor de camada deci-redutora recomendado para nêutrons presentes na
região de entrada de uma sala de radioterapia é de 45 mm de polietileno borado,
acrescida de uma camada de chumbo (6 a 12 mm) necessária para absorver os raios
gama produzidos pela reação de captura dos nêutrons nos núcleos do boro.
Uma alternativa para uma porta especialmente blindada para nêutrons é o uso de
um labirinto duplo, que pode eliminar a necessidade da porta blindada.
A dose para fótons espalhados no labirinto de uma sala com um acelerador que
produza feixe de fótons de energia maior ou igual a 10 MeV pode ser estimada de
acordo com a metodologia do item 3.6.1. No entanto, como a energia média dos raios
gama produzidos pela captura de nêutrons no concreto é 3,6 MeV (NCRP, 2005), a
blindagem projetada para essa componente é, em geral, também suficiente para blindar
os fótons espalhados.
A dose (h) devido a radiação gama de captura na entrada do labirinto, por
unidade de dose absorvida no isocentro é dada por:
d
2
h K A10 TVD
(16)
onde,
K é a razão da dose da radiação gama de captura (Sv) pela fluência total de nêutrons
no ponto A (Figura C.11). O valor médio geralmente utilizado para esse
parâmetro é de 6.9 x 10-16 Sv. m2;
A é a fluência total de nêutrons (m-2) no ponto A por unidade de dose (Gy) de raios
X no isocentro;
d2 é a distância (m) entre o ponto A e a porta;
TVD é a distância deci-redutora (m) – cujo valor é de aproximadamente 3,9 para raios
X com energia de 15 MeV e de 5,4 m para raios X com energia entre 18 e 25
MeV.
335
Qn intensidade da geração de nêutrons em unidades de nêutrons emitidos do cabeçote
por gray de dose absorvida no isocentro;
Sr é a área (m²) total da superfície da sala de tratamento (paredes + teto + piso).
H cg WL h (18)
S0 2
d d
2
H n, D 2,4 10 A
15
1,64 10 1, 9
10 TVD (19)
S1
onde,
Hn,D é a dose de nêutrons (Sv) na entrada da sala por unidade de dose absorvida (Gy)
no isocentro;
A é a fluência de nêutrons (m-2) por unidade de dose absorvida (Gy) de raios X no
isocentro;
S0/S1 é a razão entre a área da secção de entrada do labirinto pela área da secção ao
longo do labirinto (Figura C.10);
TVD é a distância deci-redutora (m) que varia na raiz quadrada da área da secção
transversal ao longo do labirinto (S1):
336
A dose semanal (Sv.semana-1) na porta devida aos nêutrons (Hn) é dada por:
H n WL H n, D (21)
Para muitos labirintos HTOT é uma ordem de grandeza menor do que a soma de
Hcg e Hn, podendo ser desprezada.
Exemplo
3 3
WU A 0 A0 z Az 1000 14 3,4 10 3,0 8,0 10 9,0
HS
dh dr d z 2 4,6 5,2 7,32
0,18
HS 6,3 108 Sv/sem
2,9 10 6
onde os valores dos parâmetros utilizados estão relacionados abaixo (Figura C.7):
W 1000 (Gy.semana-1);
UA ¼ para a parede A;
0 3,4 x 10-3, coeficiente de reflexão para incidência normal e reflexão a 450,
interpolado para 15 MV;
A0 3,0 (m²);
z 8,0 x 10-3, coeficiente de reflexão para incidência normal e reflexão a 750, para 0,5
MeV;
AZ 9,0 (m²);
dh 4,6 (m);
dr 5,2 (m);
dz 7,3 (m).
337
b) a radiação de fuga do cabeçote espalhada pela parede secundária A, HLS
0,0054
H LS 1,1 10 6 Sv/sem
5,1 103
onde os valores dos parâmetros utilizados estão relacionados abaixo (Figura C.7):
Lf 10-3;
WL 1000 (Gy.semana-1);
UA ¼ para a parede A;
1 4,8 x 10-3, coeficiente de reflexão para incidência a 450 e reflexão normal,
interpolado para 15 MV;
A1 4,5 (m²);
dsec 7,3 (m);
dzz 9,8 (m).
F
a( )WU A 1 A1 2,85 10 3 1000 1 4,8 10 3 4,5
400
4
despdsecd zz
H pS 2
1,0 6,5 9,82
1,5 102
H pS 3,7 106 Sv/sem
4,110 3
338
d) a radiação que atravessa o labirinto, HLT
onde os valores dos parâmetros utilizados estão relacionados abaixo (Figura C.9):
Lf 10-3;
WL 1000 (Gy.semana-1);
UA ¼ para a parede A;
B 0,0002 (2 TVL’s);
dL 6,7.
A dose total (HA) na porta da sala será então, de acordo com a equação (14):
H A fH S H LS H pS H LT
0,25 6,3 108 1,1 10 6 3,7 10 6 1,1 10 6
6,0Sv / sem
Portanto, de acordo com a equação (15), a dose total (HTOT) na porta será:
HTOT 2,64 H A 15,8Sv / sem
S0 2
d d
2
H n, D 2,4 10 A 15
1,64 10 1, 9
10 TVD
S1
9, 0
9, 0
15
H n, D 2,4 10 6,5 10 1,1 1,64 10
9 1, 9
10 5,9 1,7 105 3,0 10 2
5,1 10 7 Sv/Gy
d2 = 9,0 m;
A= 6,5 x 109 n/m2,
S0/S1= (9,0/8,2) = 1,1,
TVD= 5,9 m.
A dose semanal (Sv.semana-1) na porta devida aos nêutrons (Hn) é dada pela
equação (21):
339
f) radiação gama de captura produzida por nêutrons, Hcg
d
2 -9
h K A10 TVD
6,9 x 10-16 6,5 x 109 10 5,9
1,3 10 7 Sv / Gy
onde,
A dose semanal (Sv.semana-1) na porta devida aos raios gama de captura (Hcg) é
dada pela fórmula (18):
Finalmente, a dose semanal total na porta do labirinto é dado pela equação (22):
HW H TOT H cg H n
15,8 10 6 1,3 10 4 5,1 10 4
6,6 10 4 Sv / sem
onde somente a dose de nêutrons contribui com 77% para a dose total.
340
2) Calcular a barreira máxima correspondente ao nível de isenção de otimização
dado pelo organismo regulador (CNEN, 2011) de 1 mSv.ano-1 para indivíduos
ocupacionalmente expostos, IOE, e 10 Sv.ano-1 para indivíduos do público. O
valor ótimo da barreira deve estar entre este máximo e o valor mínimo obtido no
item 1.
3) Estimar os custos incrementais para várias barreiras nessa faixa, por exemplo,
acrescentando uma camada semi-redutora ou deci-redutora (redução para ½ ou
1/10 do limite, respectivamente). Deve-se levar em conta o custo dessa redução,
que é, aproximadamente, o custo da mão de obra e do concreto adicionado (entre
US$ 200 a 600 por m³). Recomenda-se a consulta ao engenheiro responsável pela
construção.
4) Para cada valor de espessura incremental, calcular a redução da dose coletiva (S),
considerando-se o tempo de vida da instalação (Tv) e o número de pessoas (n)
protegidas durante o esse período. A redução na dose coletiva é dada por:
S H n Tv (23)
Note-se neste exemplo que quatro IOE em tempo integral correspondem a oito
IOE em meio período ou a cem pessoas ocupando a mesma área em dez dias
úteis por ano. Recomenda-se assim fazer uma estimativa realista da ocupação da
área, mas na ausência de garantias desses valores, devem-se usar valores
superestimados. Considerar ainda que as doses individuais possam ser diferentes
devido à localização e permanência dos indivíduos, pois a dose coletiva é a soma
das doses de todos os indivíduos expostos, após a barreira.
5) Para cada incremento da barreira, dividir o custo calculado para a obra pela dose
coletiva evitada. O valor ótimo será atingido quando se obtiver 10.000,00
US$.(homem.sievert)-1 (CNEN, 2011).
A C TVLmat
Botim (24)
(ln 10) n T vidaH tot
onde,
A é a área da barreira deci-redutora (m²);
TVL é a espessura da barreira deci-redutora (m);
C é o custo de uma camada deci-redutora de concreto (US$.m-³);
é o custo do detrimento por unidade de dose coletiva (10.000
US$.(homem.sievert)-1);
n é o número de IOE ocupando a área por período de tempo (homem.semana-1);
Tv é o tempo de vida útil da instalação (semanas);
341
Htot é a dose existente na ausência da barreira (Sv.semana-1).
Exemplo
Barreira primária – C
A parede C delimita a sala de tratamento e o painel de comando do acelerador.
Nessa região, 2 técnicos atuam durante o horário de trabalho do acelerador, em tempo
integral durante uma semana. Em geral, 3 técnicos trabalham em regime de 2 turnos, 2
técnicos por turno (n = 4 *(1/2) = 2).
Considerando o cinturão primário com largura L de 4,5 m (veja exercício 4) e
altura h de 3,5 m, a área da barreira deci-redutora é dada por:
W U 1000 1 / 4
H tot 2
5,57 Sv semana1
d pri 6,72
C.4. EXERCÍCIOS
1. Mostre que, para feixes de raios X e radiação gama, a transmissão pode ser dada, a
partir da lei de atenuação [I = Io.exp(-.x)] em termos do número de camadas deci-
342
redutoras (NTVL) do material de blindagem necessárias para atingir o nível de
proteção desejado, por:
343
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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