Aula 11 - Harmonia e Beleza Nos Jardins
Aula 11 - Harmonia e Beleza Nos Jardins
Aula 11 - Harmonia e Beleza Nos Jardins
AULA
Harmonia e beleza nos jardins
Meta da aula
Apresentar a história, a evolução
e os tipos de jardins.
objetivos
INTRODUÇÃO Vamos começar esta aula recordando um pouco sobre os primeiros vegetais
que conquistaram o meio terrestre. Essas primeiras plantas tiveram de se
adaptar ao ambiente mais seco, rigoroso e desfavorável que é a atmosfera. Por
isso, tiveram de desenvolver adaptações tanto morfológicas como fisiológicas
para enfrentar esse problema. São as briófitas, vulgarmente denominadas
musgos, vivendo na sua maioria em locais úmidos, ainda ligados à água,
como seus ancestrais.
No Japão, os musgos são usados tradicionalmente na composição de jardins.
Os monges zen-budistas que viveram há milhares de anos apreciavam
o crescimento espontâneo desses vegetais nos jardins de seus templos. Eles
acreditavam que havia uma espécie de comunicação entre os monges e
os musgos durante o ritual das venerações da fé do Zen.
No jardim japonês, a espécie mais amplamente plantada é Polytrichum
commune, que ajuda a contemplar a natureza e compreender melhor os
conceitos mais profundos da filosofia do Zen. Nesses jardins, os princípios mais
significativos são a não valorização da simetria, da naturalidade, da harmonia
e da simplicidade, os quais se traduzem em sensações de paz, tranqüilidade
e serenidade. Os jardins japoneses são exemplos de prazeres espirituais.
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a
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b
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Itens necessários:
• tesoura afiada (se possível, uma pequena e uma grande);
• fios de cobre de diversas espessuras;
• alicate para corte de arames;
• um pedaço de tela de nylon;
• Hashi (os “pauzinhos” da comida japonesa!) com pontas (que
podem ser feitas com um apontador) ou espetos de churrasco;
• terra preta;
• argila (preferivelmente em flocos de aproximadamente 0,5 cm);
• areia peneirada;
• pedras pequenas;
• uma muda de planta de caule lenhoso, folhas pequenas e com
copa cheia.
Como fazer:
1. Observar fotos ou árvores na natureza e identificar padrões na
forma do tronco, dos galhos e da copa.
2. Podar a parte aérea da muda, buscando formas similares a
árvores naturais observadas (a muda deve ser preparada antes do plantio
definitivo no vaso ou bandeja).
3. Usar os fios de cobre para simular o efeito da gravidade sobre
os galhos mais velhos.
4. Preparar o substrato: uma parte de terra preta, uma parte de
argila e duas partes de areia.
5. Preparar o vaso definitivo:
– coloca-se um pedaço de tela de nylon sobre o orifício de
drenagem do vaso;
– cobre-se o fundo do vaso com pequenas pedras ou com o
substrato preparado.
6. Transplantar a muda para o vaso definitivo:
– remoção do saco ou vaso em que a muda foi vendida;
– remoção do excesso de terra com auxílio dos hashis até que
a planta caiba no vaso definitivo (com muito cuidado para
não danificar mais raízes do que o necessário);
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– poda de parte das raízes;
– acomodação da planta sobre o vaso devidamente
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preparado;
– preenchimento dos espaços vazios com o substrato (sempre
empurrando com o hashis para que a planta não fique
frouxa);
– leve pressão com as mãos sobre o vaso completamente
cheio pelo substrato.
Observações
ç :
Após esses passos, a planta deverá ser regada com muito cuidado
para que a terra não saia pelas bordas. Isso pode ser feito por imersão
do vaso em uma bacia com água até um nível inferior à altura do vaso.
O vaso é retirado da água quando o substrato estiver completamente
molhado.
Se a remoção de raízes for muito drástica, recomenda-se podar
o máximo possível da parte aérea, a fim de diminuir as taxas de
transpiração da planta.
Essa “receita de bonsai” foi cedida por Caio Imbassahy, mestrando
do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
!
Na Holanda, existe um parque em miniatura, com diversos pontos turísticos do país.
Dentre os cenários, foi feita a reprodução de uma floresta típica de região temperada
com bonsais de mais de trinta espécies arbóreas (Figura 11.2).
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Figura 11.3: Jardim com pedras, entremeado com plantas.
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– quanto ao tipo
1. privados: são os jardins, de diferentes estilos, desde a Antigüidade
até o século XX, que não são abertos ao público em geral;
2. públicos: jardins, também de diferentes estilos, que apareceram
no século XIX, abertos à visitação pública.
– quanto ao uso:
1. do prazer: são jardins decorativos, geralmente tornam os
elementos da arquitetura mais agradáveis, mostram status;
2. científico: são os jardins botânicos, para o estudo das plantas;
3. utilitário: um pomar, uma horta ou espaços para cultivo que
não são decorativos.
Começaremos a acompanhar, então, a evolução de jardins desde
a Antigüidade. É importante para o bom entendimento desta aula que
você pense no jardim de cada um dos períodos evidenciados aqui como
uma manifestação de idéias da época, e não de idéias atuais.
ANTIGÜIDADE
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com animais, bancos, pinturas, baixos-relevos, PÉRGOLAS, fontes, canais,
PÉRGOLAS
vasos de plantas e flores presentes em arranjos. Surgem nesse momento
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Pérgolas ou pérgulas
a ARTE TOPIÁRIA e os AUTÔMATOS. são objetos de
madeira ou alvenaria
Ambos os tipos de jardins utilizam conhecimentos de hidráulica, que servem de suporte
para o crescimento
fazendo a água entrar por um ponto mais alto do terreno e terminar em
de trepadeiras.
um chafariz, utilizando o mesmo princípio de vasos comunicantes.
ARTE TOPIÁRIA
O jardim muçulmano
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ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
O jardim muçulmano é um jardim espiritual, tem uma preocupação
com as sensações humanas, tais como o olfato, daí a presença de
flores e arbustos aromáticos, dentre outras. A concepção de jardim
ocidental, ao contrário, tem maior preocupação com a utilidade,
daí a presença de frutas (alimentação) e o cultivo, também, de
plantas medicinais. Ambos os jardins são privados e possuem
formato simétrico.
RENASCIMENTO
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valorização do homem, que passou a ter mais acesso ao conhecimento,
e a cultura greco-romana foi retomada.
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O jardim do Renascimento evoluiu do medieval. Este jardim
prezava pela harmonia e o traçado geométrico, que são reguladores
paralelos e perpendiculares, direcionando o posicionamento do jardim,
ELEMENTOS-
da pintura e da obra de arte. O jardim era claro, racional e lógico, e seu
SURPRESA
terreno devia ser montanhoso e com declive. Podiam ser, por
exemplo, uma
alameda com
± Você lembra onde o terreno também era assim? uma escultura em
determinado ponto.
² Isso mesmo, na Grécia. O proprietário teria do ponto mais alto O observador chegava
perto, pisava em um
uma perspectiva de todo o jardim.
sistema e acionava um
jato de água que
o molhava.
Havia, nesses jardins, um forte elemento de simetria com a
presença de labirintos (até a altura da cintura), grutas, esculturas e
ORANGERIE
fontes de água. No século XVI, o jardim simétrico começou a sofrer
Era uma espécie
transformações para o jardim maneirista (também no renascimento), de estufa (sem
manutenção da
que correspondia ao jardim renascentista alterado. Ocorreu na Itália temperatura) onde se
guardavam as laranjas
e posteriormente foi difundido para outros países, chegando ao Brasil
e os vasos de plantas
apenas no século XVII. que não suportavam
baixas temperaturas.
O jardim maneirista possuía eixos de simetria diversos e a
utilização de formas geométricas variadas, com a presença de grutas,
PARTERRES DE
esculturas em forma de monstros, autômatos e ELEMENTOS-SURPRESA, BRODERIES
dentre outros. Eram canteiros
geométricos que
O jardim refletia um período de instabilidade causada por guerras pareciam um bordado
e grandes mudanças. Nos jardins maneiristas, surgiram a ORANGERIEE e as ou uma renda e
utilizavam vegetação.
PARTERRES DE BRODERIES.
ATIVIDADE
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RESPOSTA COMENTADA
Os dois tipos de jardim têm muitas características em comum, até
porque o Renascimento foi resultado de uma retomada à cultura
greco-romana, e isso também se reflete nos jardins.
Assim, temos em comum o formato geométrico e simétrico, com
características de racionalidade e lógica, a valorização da figura
humana e a presença de elementos hidráulicos, como autômatos
e chafariz. O jardim renascentista, inclusive, tentava imitar o relevo
montanhoso existente na Grécia.
Se sua resposta conteve essas informações, está completa, se não,
volte ao texto e releia os tópicos referentes a esse assunto.
ABSOLUTISMO
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a b
Figura 11.6: Praça Paris com vista do Centro do Rio de Janeiro (a) e da igreja da Glória (b). Esse jardim foi criado
no século XX, segundo o estilo francês.
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REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
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Surgiu o JARDIM inglês, mais PAISAGÍSTICO, com caminhos sinuosos,
JARDIM
sem organização geométrica. Muros e cercas foram substituídos pelo
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PAISAGÍSTICO
fosso, conhecido como ha-ha. Houve uma fusão dos jardins aos parques É um jardim mais
voltado para
de caça. Estes possuíam gramados de grandes dimensões, ruínas, templos, o natural, para
túmulos, chinouseries (elementos do jardim chinês/japonês foram o campestre.
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ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Os principais problemas estão relacionados ao fato de que muitas
espécies exóticas não possuem predadores naturais, podem trazer
parasitas e pragas não existentes aqui e causar grandes perdas à
flora nativa. Além disso, a ausência de predadores e doenças naturais
para as espécies exóticas e sua adaptação ao clima aumentam
a competição com espécies nativas, e as primeiras encontram-se
freqüentemente mais favorecidas.
SÉCULO XX E ATUALIDADE
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Hoje os jardins continuam a ser ecléticos, com maior predominância
do jardim paisagístico e de grande influência oriental. Há gramados com
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árvores de grande porte, maior utilização de vegetação que requer pouco
cuidado e são priorizadas as plantas locais. São populares os vasos de
plantas no interior das casas.
A partir das décadas de 1950 e 1960, foram criados os jardins
temáticos como o selvagem, que visava mexer o mínimo possível em um
espaço natural, e o jardim deserto, que utilizava vegetação de ambientes
desérticos, como por exemplo, o cacto. Neste período, os jardins sofreram
influência da pintura, passando a ser abstratos, e surge o TACHISMO (Figura
11.11).
TA C H I S M O
No Brasil, rapidamente se observam as influências externas. As
Vem da palavra tache,
cidades foram remodeladas a partir do final do século XIX. No Rio que significa mancha.
Eram jardins abstratos
de Janeiro, por exemplo, houve grandes mudanças, principalmente no onde a vegetação era
plantada formando
centro da cidade, com a construção dos aterros da Glória e do Flamengo. manchas de colorações
Como você viu na Aula 10, foram criados grandes espaços públicos diferentes ou mesmo
utilizando-se
com jardins, como o Aterro do Flamengo, o Ibirapuera, a Pampulha e flores diferentes.
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PAISAGISMO
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Extrativismo versus cultivo
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A utilização de nossa flora no paisagismo de espaços públicos,
comerciais e residenciais cresceu muito na última década, com grande
utilização de plantas como bromélias e orquídeas. Você reparou como é
freqüente encontrarmos bromélias enfeitando os shoppings? Entretanto,
com essa valorização, surgiu um perigo eminente para essas plantas: o
extrativismo predatório. Com perigosa freqüência, muitas dessas espécies
são retiradas em grande quantidade de seu ambiente natural (matas e
restingas), onde as mais raras já sofrem risco de extinção.
O uso sustentável de nossa riqueza biológica deve ser enfatizado
em diferentes fóruns, como escolas, associações de moradores, centros
comunitários e cooperativas. É, portanto, fundamental que estejamos
atentos à procedência das plantas que adquirimos. O cultivo de flores da
nossa fauna cresceu e pode crescer ainda mais. Se você tiver curiosidade,
visite os sites de empresas:
www.maniadebromelia.com.br
www.jardimdeflores.com.br
www.bromeliaenatureza.eng.br
CONCLUSÃO
ATIVIDADE FINAL
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1. http://www.gardenvisit.com/je/corinth_grotto_garden.jpg
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2. http://www.istockphoto.com/file_thumbview_approve/225178/2/Versailles__
orange_trees_garden.jpg e http://www.gruyere.org/gruyeres/bg_122_2243.jpg
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3. http://www.probrasil.com.br/rj/Rio6.jpg e http://www.sefa.es.gov.br/painel/
images/Jardim1.jpg
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RESPOSTA COMENTADA
Conforme você viu nesta aula, existem importantes elementos que
distinguem os diversos estilos de jardim. Veja, a seguir, se você
conseguiu identificá-los.
1. Greco-romano. A arquitetura ao redor tem características do período
em questão como os arcos e lembra um possível teatro (Grécia).
Os jardins são encontrados como parte da concepção arquitetônica,
como nesta imagem, em um canteiro central.
2. Francês. Esse jardim possui forte simetria, há uma avenida central
que culmina em um lago, dando uma perspectiva de infinito, fazendo
com que o jardim pareça maior do que é. Você deve ter notado, ainda,
a presença das parterres de broderie e da arte topiária.
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3. Paisagismo de Burle Marx. Como freqüentemente utilizado pelo
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grande paisagista Roberto Burle Marx, os jardins utilizam formas
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geométricas (círculos, quadrados) e abstratas (tachismo).
4. Inglês. É tipicamente um jardim paisagístico, que parece mexer
o mínimo possível no natural, incluindo árvores de grande porte e
lagos, sem utilizar-se de podas (arte topiária). Você deve ter observado
também a presença de grama e de caminhos sinuosos.
RESUMO
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