Resumo Endo II
Resumo Endo II
Resumo Endo II
RECURSOS SEMIOTÉCNICOS
Sequência: 1. Anamnese (Queixa principal, História pregressa, História atual, características clínicas da dor);
2. Análise do fenômeno doloroso e características da dor;
3. Exame físico dos tecidos moles relacionados à região da dor:
Exploração
Inspeção (Visual) Extra-oral e Intra-oral - assimetria, coloração, edema, fístula, ulcerações, hiperplasias
Palpação Dor - ausente, leve, moderada, intensa
Percussão (Avaliação periodontal)
Vertical Verificar fibras apicais (Dedo indicador na Borda Insisal/Oclusal, se não tiver dor, cabo de espelho)
Horizontal Verificar fibras horizontais e oblíquas (Dedo indicador na Vestibular, se não tiver dor, cabo de espelho)
4. Exame radiográfico (Interpretação e investigação) – coroa, câmara pulpar, periodonto, ligamento, periápice, canais, raízes.
5. Testes (Exame de sensibilidade pulpar)
Teste Térmico (Frio e calor) – PASSO A PASSO:
FRIO: 1. Instruir o paciente; CALOR: 1. Instruir o paciente;
2. Isolamento relativo; 2. Isolamento relativo;
3. Secar dente com gaze; 3. Secar dente com gaze (lubrificar vaselina);
4. Aplicar gás no cotonete/bolinha; 4. Aquecer guta específica na lamparina;
5. Aplicar na região mais cervical; 5. Aplicar na região mais cervical;
6. Testar primeiros os dentes vizinhos (contar até 10); 6. Testar primeiros os dentes vizinhos;
7. Testar os suspeitos (contar até 10); e 7. Testar os suspeitos; e
8. Repetir se necessário, após 15 minutos. 8. Repetir se necessário, após 15 minutos.
*OBS: O teste com calor não é fiel, pois não há um padrão.
*OBS: Pedir para o paciente levantar o braço esquerdo quando sentir dor,
*OBS: Só usar se o teste com frio for inconclusivo, pois a
e ir abaixando conforme for diminuindo a dor. temperatura alta pode lesar a polpa.
POLPA NORMAL POLPA INFLAMADA POLPA NORMAL POLPA INFLAMADA
Vasoconstrição Vasoconstrição Vasodilatação Vasodilatação
Diminui pressão Diminui pressão Aumenta pressão Aumenta pressão
Dor imediata Alívio da dor OU Dor tardia Dor imediata
com declínio rápido Dor imediata com
declínio lento
Teste da Anestesia Intraligamentar, na face distal do dente mais distal, aguardar para ver se há alívio da dor,
se não, anestesiar o próximo dente.
*OBS: SINÁLGICO (dente que pode apresentar dor) X ALGÓGENO (dente responsável pela dor)
Teste de cavidade Fazer cavidade sem anestesia. *OBS: Mais em polpa morta, polpa viva nunca fazer.
A polpa é o tecido conjuntivo frouxo que ocupa a parte central do dente, de origem mesodérmica, altamente vascularizado
que apresenta terminações nervosas livres responsáveis pela sensibilidade ao dente e, juntamente com a dentina, formam um
único complexo, pois estão intimamente relacionados morfo e fisiologicamente.
A polpa é ricamente inervada por fibras mielinizadas/∆a e ∆b (maior quantidade de bainha de mielina) e amielinizadas que
penetram pelo forame apical, ramificando-se principalmente nas áreas sub-odontoblástica, coronária e cornos pulpares, ou seja,
áreas mais próximas da dentina. A predominância de fibras amielinizadas/tipo C ocorre na região próxima aos odontoblastos,
ou seja, mais próximas da polpa. Geralmente as fibras nervosas acompanham os vasos sanguíneos. As fibras mielinizadas são
estruturas especializadas na transmissão dolorosa rápida, tendo baixo limiar. Devem participar da dor localizada e aguda. As
fibras amielinizadas servem para transmissão de dor e função simpática. A condução é lenta, e o limiar é alto. Devem participar
da dor não localizada e de menor intensidade.
Ou seja: Fibras mielinizadas ∆a e ∆b – mais próximas da dentina – transmissão dolorosa rápida, baixo limiar – dor localizada e aguda.
Fibras amielinizadas do tipo C – mais no centro da polpa – transmissão dolorosa lenta, alto limiar – dor difusa e menos intensa
Vias de contaminação da polpa: Túbulos dentinários, exposição pulpar, periodonto e anacorese hematogênica (bactérias no
sangue aglomeradas).
Resposta pulpar frente a um agente agressor: Ela diminui a permeabilidade dentinária, então:
Esclerose dentinária - obliteração de túbulos dentinários;
Formação de dentina reparadora/terciária, modificando a forma da câmara pulpar. Essa
dentina formada é uma dentina osteóide com defeitos de calcificação e menos túbulos,
feita às pressas.
Inflamação, primeiro aguda (resposta inata), depois crônica (resposta adaptativa) e pode
levar à necrose pulpar.
Definição inflamação: Reação de defesa do organismo frente a uma agressão. Resposta pode ser inata ou adaptativa
Fases: Vasodilatação;
Migração de leucócitos por quimiotaxia;
Mediadores químicos (produtos das lises de células).
PATOLOGIAS PERIAPICAIS
Inflamação aguda/crônica evoluem para a mortificação, quando os microrganismos estão dentro do sistema de canais
radiculares, e as consequências disso causam inflamação no tecido periapical e, com o tempo, reabsorção óssea na região.
*OBS: Na inflamação aguda, o progresso para a mortificação é mais rápido, comparada com a crônica.
AÇÃO IRRITANTE
Mais frequente Ápice incompleto Ápice completo
Etiologia: Infecção da polpa causada por cárie dental, trauma e agentes químicos irritantes.
Evolução: Depende do tipo e da patogenicidade do microrganismo, do estado do periápice e do estado geral do hospedeiro.
Isso define se a inflamação será aguda ou crônica.
*OBS: Inflamação periapical localizada (defesa no periápice) = Presença de microrganismos + produtos da decomposição lipoproteica (dentro do conduto).
ZONAS DE FISH
1. Infecção: Células mortas e restos proteicos, neutrófilos, microrganismos e suas toxinas.
3. Irritação: Reação proliferativa (proliferação capilar e atividade fibroblástica), linfócitos, macrófagos e osteoclastos.
DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS PERIAPICAIS: Com ou sem lesão periapical, Sintomático (agudo) ou assintomático (crônico)
AGUDO: Periodontite Apical Aguda Traumática ou Microbiana / Abscesso Apical Agudo. *Abscesso Fênix*
Dor provocada,
localizada,
Traumática Percussão V + Penetração
(Polpa V ou M) Percussão H ++ desinfetante,
Geralmente é Sensação de dente
causada por Odontometria,
uso iatrogênico extruído, pois há PQC,
de limas aumento do espaço
MIC Ultracal,
Periodontite Apical pericementário
selamento
Aguda/Sintomática Analgésico mais eficaz
provisório,
Dor provocada e/ou ajuste oclusal,
espontânea, localizada,
analgésico e
Percussão V +++
Microbiana Percussão H +
anti-
Palpação apical + inflamatório
Pode ter mobilidade
Analgésico pouco eficaz
Ausência de fístula
Penetração
AGUDAS Dor contínua,
pulsátil e irradiada,
desinfetante,
(dor) Drenagem via
Percussão V ++++
Percussão H ++ canal, PQC e
Palpação apical ++++ MIC Ultracal,
Pode ter mobilidade Selamento
Abscesso Apical Agudo
Analgésico pouco eficaz provisório,
Presença de tumefação ajuste oclusal,
Sensação de dente antibiótico,
extruído, Dificuldade de analgésico e
abertura de boca,
anti-
POLPA comprometimento
sistêmico
inflamatório
MORTA
Apresenta edema e tem
características de
abscesso apical agudo,
*Abscesso Fênix* porém na RX tem (Igual o anterior)
rarefação óssea maior.
Ou seja, era crônica,
porém agudizou.
Inflamação crônica
proliferativa do
ligamento, que se forma
geralmente em resposta a Penetração
Granuloma
agentes irritantes de desinfetante
baixa intensidade e
localizados no canal
Periodontite Apical radicular
Crônica/Assintomática Cavidade patológica
CRÔNICAS *somente o exame histopatológico Penetração
revestida externamente
(sem dor e
poderá definir o diagnóstico desinfetante +
por uma cápsula de
precisa de conjuntivo e
Cirurgia
tempo) Cisto internamente por parendodôntica
epitélio/colágeno, (apicectomia
contendo em seu interior com curetagem)
material líquido ou semi- se a lesão não
sólido (lúmen) regredir
Presença de fístula,
Abscesso Apical Crônico Penetração
intra-oral ou extra-oral
Desinfetante
PV: Pulpite Irreversível Sintomática – dor difusa, contínua e violenta. Tratamento: pulpectomia
PV: Pulpite Irreversível Assintomática – sem dor, geralmente cárie profunda. Tratamento: pulpectomia
Periodontite Apical Aguda Traumática – PV: pericementite. Tratamento: Ajuste oclusal / placa de mordida
PM: pericementite. Tratamento: Penetração desinfetante
PM: Periodontite Apical Aguda Microbiana – Cárie profunda, com dor, percussão vertical positiva. Tratamento: PD e Ultracal.
PM: Abscesso Apical Agudo – com dor e edema, mas sem fístula. – Tratamento: PD e Drenagem via canal, ATB se
comprometimento sistêmico.
PM: Periodontite Apical Crônica – Granuloma (sem halo RO) e Cisto (com halo RO). – Tratamento: PD e Ultracal, se não regredir,
apicectomia com curetagem
RETRATAMENTO ENDODÔNTICO
Remoção total do material obturador do interior do canal radicular, par permitir uma nova modelagem, sanificação e obturação
IND: Falha durante a fase de obturação;
Presença de uma obturação que não preencha o canal radicular tridimensionalmente;
Persistência de rarefação óssea periapical;
Dente com tratamento endodôntico realizado e sintomático; e
Obturações dos canais radiculares expostos ao meio bucal.
Tratamento endodôntico deficiente, proporcionando percolação periapical e infiltração coronária por meio de restauração inadequada
Desobturação imediata: quando durante o tratamento, na radiografia do penacho, verificar falhas, já remover e fazer de novo
Desobturação tardia: em um tratamento já realizado verificar falhas, fazer o tratamento de novo.
- Canais com obturações compactas – Os mais difíceis, deve ser usados solventes.
SOLVENTES
Vantagens: Amolecem a guta-percha
Dissolve cimento
Favorece penetração dos instrumentos endodônticos
Reduz risco de fraturas
Desvantagens: Citotóxico (evitar utilizar nos 3mm finais do canal radicular)
Tipos: Clorofórmio (+ tóxico)
Xilol Alta toxicidade e potencial carcinogênico
Halotano
Terebentina
Eucaliptol
Óleo de casca de laranja – OrangeForm (menos tóxico, mais indicado)
*CUIDADOS: A extrusão de material do canal via forame apical pode ocorrer durante o retratamento em maior ou menor
quantidade. A quantidade de material extruído para os tecidos via forame apical depende de diversos fatores, sendo que a
maior quantidade de material poderá ser extruído quando a justeza do do instrumento em relação ao diâmetro do canal for
maior, pois durante o deslocamento de um instrumento no interior do canal, aumenta a pressão unidirencional apical,
favorecendo a extrusão para os tecidos perirradiculares.
Passo a passo – Retratamento:
Cirurgia de acesso: Correção da CA e remover a concrescência (broca Endo Z)
Corrigir o Preparo Cervical anterior (broca de largo)
Desobturação do canal radicular: Irrigação e aspiração com Hipoclorito
Com ajuda de seringa, aplicar o solvente (óleo de casca de laranja)
Remoção propriamente dita, pode ser feita manualmente (lima) ou com motor (broca largo)
- Com a lima K #30, pela sua maior rigidez e resistência a flexocompressão:
Ponta direcionada para o interior da massa obturadora
Pressão/carregamento axial (avanço)
Movimento de rotação à direita seguido da tração no sentido coronário
*Sempre irrigando e aspirando com Hipoclorito, e colocando solvente antes de remover outra porção*
- Com a broca de largo no contra-ângulo, sentido de corte para direita, devem
ser introduzidos e retirados sucessivamente, com avanços de 2 a 3mm em
sentido apical (ponta inativa, mais seguro)
*Sempre irrigando e aspirando com Hipoclorito, e colocando solvente antes de remover outra porção*
Na porção mais apical (finalzinho do material obturador), usar Hipoclorito e lima K de fino
calibre para a remoção. Se o cone estiver além do ápice,
tracionar com a Lima H.
Sentido apical encostado na parede, “empurrar” contra a outra parede e tracionar
*OBS: Outras maneiras: Gates-glidden (mecanizado – ponta inativa, mais seguro)
Peeso (possui ponta cortante, pode ter desvio/perfuração)
Vibração ultrassônica (deslocam a guta sentido coronário, é útil)
Instrumentos aquecidos (para remover na região cervical)
RIZOGÊNESE INCOMPLETA
Dentes que não apresentam o ápice completamente formado
Características: Diâmetro pulpar maior, raiz curta, ápice aberto, sem limite apical e sem CDC
*OBS: Faixa etária de 7 a 14 anos – maior índice de traumas e cáries
Dificuldades para tratamento endodôntico:
Anatomia em estágios de desenvolvimento radicular
- Amplitude
- Paredes delgadas
- Formato divergente ou paralelo
- Falta de batente apical / Sem constrição apical (na condensação vertical, pode ocorrer o extravasamento do cimento/cone)
Como resultado desses tratamentos, esperamos a deposição de dentina no ápice, para o término da rizogênese
e fechamento apical.
Caso o trauma ou a cárie envolver toda a coroa, a indicação será a remoção da cárie + pulpectomia
Tratamentos – tem que permitir condições técnicas para obturação, valendo-se do batente apical
Polpa morta = Apicificação
Objetivo: induzir a formação de barreira apical com trocas de hidróxido de cálcio. Isso depende do tipo de veículo.
No caso de polpa morta, acontece a interrupção da rizogênese (não há odontoblastos e bainha de Hertwig). Portanto, não
ocorrerá mais a deposição de dentina e nem a indução da formação de barreira apical.
Utilizaremos a MIC Hidróxido de Cálcio, com a intenção de depositar um outro tipo de tecido, o cemento osteóide.
Veículos: Aquoso (até 15 dias) – soro, anestésico, ultracal
Viscoso (até 30 dias) – propilenoglicol, calen Liberação de íons hidroxila (OH-)
Oleoso (até 60 dias) - paramonoclorofenol
DENTES SUPERIORES
DENTE IRROMPIMENTO (anos) TÉRMINO DA RIZOGÊNESE
Incisivo Central 7-8 9-10
Incisivo Lateral 8-9 10-11
Canino 11-12 13-15
1 Pré Molar 10-11 12-14
2 Pré Molar 10-12 12-14
1 Molar 6-7 9-10
2 Molar 12-13 14-16
DENTES INFERIORES
DENTE IRROMPIMENTO (anos) TÉRMINO DA RIZOGÊNESE
Incisivo Central 6-7 9-10
Incisivo Lateral 7-8 9-10
Canino 9-10 12-14
1 Pré Molar 10-12 12-13
2 Pré Molar 11-12 13-14
1 Molar 6-7 9-10
2 Molar 11-13 14-15
REVASCULARIZAÇÃO: Processo regenerativo, com finalidade de estimular a penetração de tecido perirradicular no interior do
canal radicular. Como consequência, haverá o restabelecimento da vitalidade de dentes anteriormente necrosados,
permitindo reparo e regeneração dos tecidos.
Objetivos: Restauração do fluxo sanguíneo
Criação de um novo caminho para o sangue fluir
Restabelecimento da função pulpar
Promover maturação apical
Vantagens: ter curso/benefício favorável; protocolo terapêutico rápido e simples; proporcionar o fortalecimento das
paredes radiculares pelo término da formação da raiz; aumento da espessura das paredes dentinárias, diminuindo o
risco de fraturas radiculares.
Indicações: dentes permanentes jovens com polpa necrótica
Abordagens regenerativas: Técnicas de revascularização pulpar
Terapia com células tronco
Implantação pulpar
Implantação de um scaffold
Impressão tridimensional celular
Terapia genética
Passo a passo: Desinfecção primária do canal radicular (Irrigação com Hipoclorito e MIC com pasta antibiótica de
ciprofloxacina, minociclina e metronidazol (veículo de proprilenoglicol)
Formação de um coágulo sanguíneo (estimular mecanicamente os tecidos periapicais para criar um
sangramento preenchendo todo o canal radicular)
Selamento (Na altura da Junção Amelo-Cementária, utilizar MTA
Restauração provisória (CIV) e ajuste oclusal
Resultado: O coágulo formado no interior do canal liberta células estaminais da papila apical para a luz do canal
radicular, servindo o coágulo de scaffold, suportando o crescimento e diferenciação celular.
RESUMO - REVASCULARIZAÇÃO
TRAUMATISMO DENTOALVEOLAR
Mais comum entre 8 e 12 anos; meninos mais afetados;
Incisivo Central Superior o mais vulnerável; depois os laterais superiores e por fim os incisivos inferiores.
Etiologias: quedas, esportes de contato, acidentes automobilísticos; atos de violência...
Anamnese: quando, como e onde
Queixa principal – dor, sangramento, “os dentes não estão encaixando” (deslocamento/fratura óssea)
Exame clínico: exame das condições gerais, exame dos tecidos moles extra e intra-orais, limpeza e desinfecção das áreas
afetadas com solução antisséptica, hemostasia do ponto hemorrágico, desinfecção dos tecidos dilacerados, exame
neurológico, exame externo, exame de tecidos duros, testes de sensibilidade.
Exames radiográficos: dimensão do espaço do canal radicular, grau de fechamento apical da raiz, proximidade da fratura com
a polpa e a crista alveolar.
TRATAMENTOS
Fratura coronária simples:
- Se houver fragmentos, pode ser colado;
- Em urgência de dentina exposta, deve ser protegida no mínimo com ionômero de vidro;
- Realizar a restauração definitiva
- Controla radiográfico de 6-8 meses e 1 ano
MEIOS DE ARMAZENAMENTO:
Leite: pH e osmolaridade compatíveis com a manutenção da vitalidade das células do ligamento
Soro: também é eficaz em manter as células viáveis
Saliva e água: não são recomendáveis por serem líquidos contaminados/osmolaridade incompatível