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U NIVERSIDADE F EDERAL DO PARÁ

I NSTITUTO DE C IÊNCIAS E XATAS E NATURAIS


FACULDADE DE C OMPUTAÇÃO
C URSO DE BACHARELADO EM C IÊNCIA DA C OMPUTAÇÃO

E RIC F ELIPE DE O LIVEIRA P EREIRA

U M E STUDO DE C ASO EM R ECUPERAÇÃO DE DADOS


U TILIZANDO DATA C ARVING A PLICADO À C OMPUTAÇÃO
F ORENSE

Belém
2017
U NIVERSIDADE F EDERAL DO PARÁ
I NSTITUTO DE C IÊNCIAS E XATAS E NATURAIS
FACULDADE DE C OMPUTAÇÃO
C URSO DE BACHARELADO EM C IÊNCIA DA C OMPUTAÇÃO

E RIC F ELIPE DE O LIVEIRA P EREIRA

U M E STUDO DE C ASO EM R ECUPERAÇÃO DE DADOS


U TILIZANDO DATA C ARVING A PLICADO À C OMPUTAÇÃO
F ORENSE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como parte dos requisitos necessários para ob-
tenção do grau de Bacharel em Ciência da Com-
putação.

Orientador: Prof. Msc. Inácio Leite Gorayeb

Coorientador: Prof. Dr. Josivaldo de Souza


Araújo

Belém
2017
Eric Felipe de Oliveira Pereira
Um Estudo de Caso em Recuperação de Dados Utilizando Data Carving Aplicado
à Computação Forense/ Eric Felipe de Oliveira Pereira. – Belém, 2017.
34 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.

Orientador: Prof. Msc. Inácio Leite Gorayeb

Monografia – Universidade Federal do Pará


Instituto de Ciências Exatas e Naturais
Curso de Bacharelado em Ciência da Computação, 2017.
1. Recuperação de Dados. 2. Computação Forense. 3. Data Carving. 4. Sistema
de arquivos. 5. NTFS. I. Título.
E RIC F ELIPE DE O LIVEIRA P EREIRA

U M E STUDO DE C ASO EM R ECUPERAÇÃO DE DADOS


U TILIZANDO DATA C ARVING A PLICADO À C OMPUTAÇÃO
F ORENSE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como parte dos requisitos necessários para ob-
tenção do grau de Bacharel em Ciência da Com-
putação.

Data da Defesa: 29 de Setembro de 2017


Conceito:

Banca Examinadora

Prof. Msc. Inácio Leite Gorayeb


Faculdade Metropolitana da Amazônia - FAMAZ
Orientador

Prof. Dr. Josivaldo de Souza Araújo


Faculdade de Computação - ICEN/UFPA
Coorientador

Prof. Dr. Roberto Samarone dos Santos Araújo


Faculdade de Computação - ICEN/UFPA
Membro da Banca

Msc. Deivison Pinheiro Franco


Analista Sênior de Segurança do Banco da Amazônia
Membro da Banca

Belém
2017
Dedico este trabalho aos meus avós, Francisco Candeira de Oliveira e Geulina dos Santos
Oliveira, que sempre me incentivaram e acreditaram em mim.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por tudo.


Agradeço aos meus pais, Cleide e Edivaldo, que sempre lutaram pra oferecer o melhor
pra mim. Agradeço aos meus segundos pais, Vô Nego e Vô Zuzu (In Memorian), mesmo não
estando mais aqui na terra eu nunca vou esquecer de tudo o que eles me ensinaram e fizeram por
mim e sei que onde eles estão agora, estão felizes por mim.
Agradeço à minha namorada, Ludmila, que nos momentos que precisei ela esteve do
meu lado me incentivando ou dando puxões de orelha.
Agradeço ao Professor Josivaldo, que mesmo diante de todas as minhas dificuldades não
desistiu de mim.
Agradeço ao Professor Inácio, pela oportunidade oferecida a mim.
Agradeço a todos os meus amigos e companheiros de curso, Ronald, Paulo, Tiago,
Brunelli, Hugo, Alexandre, Jeff, Gustavo, por todos os bons momentos, as bagunças, as zoações,
as gargalhadas, os almoços e jantares no RU.
“O insucesso é apenas uma oportunidade
para recomeçar com mais inteligência”
(Henry Ford)
RESUMO

A área da Computação Forense está em crescimento constante, principalmente no Brasil, então


são necessários estudos que abordem temas recorrentes no dia a dia de um perito forense. Além
do mais, todos os dias, armazenamos vários e vários arquivos em meios digitais, alguns de
suma importância, e por algum motivo esses dados podem ser danificados ou perdidos, de
forma intencional ou não. Por esse motivo, o estudo na recuperação de dados se faz necessário,
principalmente para os sistemas de arquivos NTFS, o mais usado por usuários finais. Este trabalho
apresenta uma avaliação comparativa entre ferramentas de recuperação de dados, com o intuito
de agregar conhecimento na área estudada. Para tal, foi feito um levantamento bibliográfico
sobre os principais conceitos relativos à recuperação de dados, e subsequentemente um estudo
de caso para analisar as ferramentas de recuperação. Desse modo, ao fim do estudo de caso,
foi averiguado que parte das ferramentas testadas tiveram resultados positivos, conseguindo
recuperar dados no sistema de arquivos NTFS.

Palavras-chave: Recuperação de dados. Computação Forense. Data Carving. Sistema de arqui-


vos. NTFS.
ABSTRACT

The area of Computer Forensics is steadily growing, especially in Brazil, so it is necessary studies
that order recurring topics in the day to day of a forensic expert. Moreover, every day, we store
several and several files in digital media, some of paramount importance, and for some reason
such data may be intentionally or unintentionally damaged or lost. For that reason, the study in
data recovery is required, primarily for NTFS file systems, the most used by end-users. This
work presents a comparative assessment of data recovery tools, in order to aggregate knowledge
in the studied area. To do this, a bibliographical survey was made on the main concepts relating
to data retrieval, and subsequently a case study to analyze the recovery tools. Thus, at the end of
the case study, it was verified that part of the tested tools had positive results, retrieving data on
the NTFS file system.

Keywords: Data recovery. Computer Forensics. Data Carving. File system. NTFS.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Total de incidentes reportados ao CERT.br por ano (CERT.BR, 2017) . . . . 13
Figura 2 – Relação Ciência da Computação, Criminalística e Computação Forense
(MELO, 2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Figura 3 – Etapas da Computação Forense (PEREIRA, 2010) . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 4 – Divisão do disco, adaptado de (NASCIMENTO; JERÔNIMO; SEGUNDO,
2010). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 5 – Exemplo do comando DD para wipe zero. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 6 – Exemplo do comando DD para cópia forense. . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 7 – Exemplo de uso da ferramenta Scalpel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 8 – Exemplo da interface da ferramenta PhotoRec. . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 9 – Exemplo da tela inicial da ferramenta Recuva. . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 10 – Tela de erro da ferramenta Recuva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 11 – Resultado Deleção x Formatação Rápida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Total de arquivos recuperados por cenário e ferramenta. . . . . . . . . . . 30
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

HD Hard Disk

DFRWS Digital Forensic Research Workshop

NTFS New Technology File System

FAT File Allocation Table

USB niversal Serial Bus

EXT Extended File System

GB Gigabyte

RAID Redundant Array of Independent Disks

CPF Cadastro de Pessoas Físicas

JPG Joint Photographic Experts Group

GNU/GPL GNU General Public License


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.3 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.5 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.6 Trabalhos Relacionados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.7 Estrutura do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2 COMPUTAÇÃO FORENSE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.1 Visão Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2 Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.1 Ciência Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.2 Computação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.3 Etapas da Computação Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.4 Teorias da Computação Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4.1 Teoria de Locard . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4.2 Teoria dos frutos da árvore envenenada . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.5 Sistema de arquivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.5.1 Características de um sistema de arquivos . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.5.2 Sistema de Arquivos FAT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.5.3 Sistema de Arquivos NTFS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.6 Recuperação de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.6.1 Técnicas de Recuperação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3 ESTUDO DE CASO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.1 Ambiente de Teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2 Cenários e Procedimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2.1 Ferramentas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

4 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.1 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
13

1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais


Na atualidade, o fluxo de geração e tráfego de dados está demasiadamente alto, segundo
(TERRA, 2015), somente no ano de 2016 a previsão era de que o tráfego de dados ultrapassasse
o volume de um zettabyte pela primeira vez, equivalente a um sextilhão de bytes. Com esse
aumento, surgem, em conjunto, os ataques, os incidentes, além da preocupação de como manter
seus dados digitais em segurança, e em casos de perda, como proceder. No Brasil, há o CERT.br
(Centro de Estudos para Resposta e Tratamento de Incidentes em Computadores), esse grupo
é responsável pelo tratamento de incidentes conectadas na rede da Internet brasileira. Além
disso, o grupo faz a divulgação anualmente dos dados estatísticos dos incidentes registrados pelo
CERT.br. Segundo (CERT.BR, 2017), somente em 2016 foram registrados um total de 647.112
incidentes, como pode-se ver na Figura 1.

Figura 1 – Total de incidentes reportados ao CERT.br por ano (CERT.BR, 2017)

Desses incidentes, o que mais tem estado em destaque nas notícias ao redor do mundo é
o Ransomware, um tipo de malware que sequestra e criptografa os arquivos da vítima, exigindo
valores para o resgate e obtenção da chave de acesso de seus arquivos, segundo (NERY, 2016).
Ele atua buscando as extensões dos arquivos mais importantes para o usuário, como .doc ou .jpg,
e então coloca esses arquivos em uma pasta criptografada, sobrescrevendo os arquivos originais.
De acordo com (FBI, 2015), as infecções por esse tipo de malware podem ser devastadoras e
a recuperação dos dados pode ser um processo difícil ou até mesmo impossível, exigindo os
serviços de um especialista em recuperação de dados bem conceituado.
Capítulo 1. Introdução 14

Segundo (ROMER, 2015), o Brasil concentra 92,31% dos casos de Ransomware na


América latina, uma porcentagem bastante alta considerando que a América latina possui um
total de 20 países. No Brasil, os ataques estão mais direcionados em empresas, com criminosos
se aproveitando principalmente da vulnerabilidade de redes corporativas para instalar seus
Ransomwares e exigir resgates para devolução dos dados.
Visto que muitos incidentes causam a perda de dados, então a recuperação de dados
é um estudo importante para a atualidade e este trabalho visa apresentar uma comparação de
ferramentas de recuperação de dados, que utilizam a técnica de Data Carving, para dessa maneira
auxiliar os interessados na área da Computação Forense.

1.2 Motivação
Cada vez mais as vidas das pessoas estão sendo documentadas e passadas em meios
digitais, com isso, a importância da preservação e recuperação de dados digitais acompanham
este crescimento. Por acidente, por culpa, ou ainda por ação de terceiros (humanos ou não)
dados importantes correm risco de desaparecer. A recuperação de dados é essencial para o
desenvolvimento da Computação Forense, requerendo então, a necessidade de novos estudos
sobre essa prática.

1.3 Justificativa
Os cenários e dispositivos de armazenamento digital ao longo dos anos vem sofrendo
evolução e mudanças, com isso, novas técnicas e ferramentas vem sendo desenvolvidas e apresen-
tadas como solução para diversas situações. Portanto, a comparação e testes de ferramentas em
alguns dos cenários atuais de armazenamento, torna-se importante para que quando uma resposta
a um determinado incidente seja necessária, o responsável pela ação (perito, por exemplo) esteja
seguro de como e qual técnica e ferramenta utilizar.

1.4 Objetivos
As subseções a seguir detalham as metas deste trabalho, levando em conta o tema exposto.

1.4.1 Objetivo Geral


Realizar uma pesquisa no âmbito da recuperação de dados, identificando técnicas e
métodos, que possam auxiliar a Computação Forense em situações que exijam esta prática ou
trabalhos futuros, bem como testar a efetividade de algumas ferramentas em diferentes cenários.
Capítulo 1. Introdução 15

1.4.2 Objetivos Específicos


Dado o objetivo geral acima, tem-se os seguintes direcionamentos:

• Introduzir conceitos relacionados a Computação Forense;

• Apresentar procedimentos e técnicas de recuperação de dados;

• Apresentar estudo de caso em cenários controlados;

• Fazer comparações entre as ferramentas de recuperação de dados;

1.5 Metodologia
A pesquisa buscou, dentre as técnicas de recuperação de dados, quais as que melhor se
ajustam dentro de um determinado cenário, dependendo do tipo de mídia utilizada, usando um
modelo de estudo qualitativo.
Primeiramente, foi realizado um levantamento bibliográfico com o objetivo de compre-
ender o objeto de estudo. Foram utilizados artigos, dissertações, livros e outros dados coletados
na Internet.
Além disso, foi realizado um estudo de caso com avaliação de forma qualitativa, das
ferramentas escolhidas e ao final, resultados foram coletados para amostra, observando quais
benefícios elas trazem para o objetivo final que é a obtenção dos dados e recuperação de arquivos.

1.6 Trabalhos Relacionados


No desenvolvimento deste trabalho, buscou-se na literatura estudos sobre a recuperação
de dados no âmbito da Computação Forense.
Os autores (NASCIMENTO; JERÔNIMO; SEGUNDO, 2010) buscaram abranger a
quantidade de sistemas de arquivos estudados, que foram Ext3, Ext4, FAT32 e NTFS. Além do
mais eles utilizaram outras ferramentas de recuperação de dados que são: Foremost, TSK/Autopsy
e FTK Imager. Todas as ferramentas utilizadas nos testes estão com versões defasadas, pois
se trata de um artigo do ano de 2010. Os autores não especificam quais tipos de mídias foram
utilizadas nos testes.
O autor (CRUZ, 2015), estuda apenas os sistemas de arquivos Ext4, enfatizando os
sistemas com núcleo Linux e os sistemas operacionais Android. Foram utilizadas 6 ferramentas
de recuperação diferentes para fazer seu estudo. O autor não relata quais os tipos de mídias que
foram utilizados nas experimentações.
Capítulo 1. Introdução 16

O autor (POVAR; BHADRAN, 2010), aborda uma visão apenas teórica do assunto, não
realizando estudo de caso, porém apresenta o funcionamento do Data Carving de uma maneira
minuciosa, exemplificando com arquivos de extensão .jpeg e .pdf.

1.7 Estrutura do Trabalho


Este trabalho está organizado em 3 partes:
1 O capítulo 2 apresenta uma visão geral sobre computação forense, bem como, os
conceitos básicos para a realização deste trabalho. No capítulo 3 é apresentado o estudo de caso
bem como seus procedimentos e resultados. O capítulo 4 presenta algumas considerações sobre
o trabalho desenvolvido e trabalhos futuros.
17

2 COMPUTAÇÃO FORENSE

2.1 Visão Geral


O autor (MELO, 2009) faz uma definição ramificada de Computação Forense, conforme
segue: "A Computação Forense pode ser definida como uma área da Ciência da Computação que
se desenvolve gradualmente para atender à demanda oriunda da Criminalística, e também como
uma parte da Criminalística que se apropria de fundamentos da Ciência da Computação."

Figura 2 – Relação Ciência da Computação, Criminalística e Computação Forense (MELO, 2009)

Para se compreender melhor a Computação Forense, é necessário entender um pouco


mais sobre a Ciência Forense e bem como da computação.

2.2 Conceitos
2.2.1 Ciência Forense
A Ciência Forense é uma área interdisciplinar que envolve Física, Biologia, Química,
Matemática e várias outras ciências de fronteira, com o objetivo de dar suporte às investigações
relativas à justiça civil e criminal (CHEMELLO, 2006).
De acordo com (SERRANO, 2002), a história da Ciência Forense teve início na China,
na disnastia Tang, onde teve seu primeiro registro no século VII, pelo Ti Yen Chieh, ao fazer o
uso dos vestígios de um crime para resolve-lo, além da lógica.
No início de sua estruturação, a Ciência Forense, utilizava-se de profissionais de formação
genérica. Contudo, face ao progresso, alguns crimes passaram a ser executados com maior
complexidade, pois aliados a utilização do conhecimento tecnológico, vieram a ser executados
com maior grau de sofisticação. Por consequência, passou-se a exigir a colaboração de outras
áreas da ciência, com a participação de profissionais com a especialização correspondente para
Capítulo 2. Computação Forense 18

fazer frente às necessidades de conhecimento que devem ser aplicados em cada caso, visando
realizar com mais eficácia uma investigação policial(CALAZANS; CALAZANS, 2005).

2.2.2 Computação
De acorco com o dicionário Michaelis(WEISZFLOG, 2015): sf.1 Ato ou efeito de
computar; cálculo, contagem ou cômputo. 2 Inform V processamento de dados. 3 por ext
Qualquer trabalho ou atividade que envolve o uso do computador.

2.3 Etapas da Computação Forense


A Computação Forense faz parte de um processo investigativo. Ao início de uma inves-
tigação um perito é acionado e o mesmo deve ter inúmeros cuidados e também necessita ser
metódico para que todas as evidências permaneçam íntegras e assim não afetem o andamento da
investigação e o laudo final. Esse processo é dividido em quatro etapas: Coleta de dados, exame
dos dados, análise das informações e interpretação dos resultados (PEREIRA, 2010), como pode
ser observado na Figura 3.

• Coleta de Dados: Essa etapa é vista como a mais importante durante o processo, pois é nela
que é recolhida a massa crítica de todos os dados da investigação, portanto todo cuidado
é pouco para manter a integridade dos dados e não afetar o resultado final. Além disso,
outras atividades como coleta de equipamento, embalagem e identificação são realizadas
nesta etapa;

• Exame dos Dados: Nessa segunda etapa pode-se dizer que é separado o "joio do trigo", pois
o objetivo é filtrar as informações mais importantes para o caso e deixar as irrelevantes
de lado, como por exemplo, arquivos do sistema. Ao início do processo é definida as
ferramentas utilizadas, e essa escolha é relativa ao tipo de investigação e informações que
estão sendo buscadas;

• Análise das Informações: Nesse terceiro momento, todas as informações extraídas anterior-
mente são analisadas com a intenção de encontrar dados significativos para a investigação
do caso. Todos os dados pertinentes são relacionados com informações referentes à inves-
tigação, para que assim seja possível realizar a conclusão;

• Interpretação dos Resultados: Na última etapa, é apresentado pelo perito um relatório


técnico que deve expressar com toda a veracidade e embasamento possível o que foi
encontrado durante a investigação nos dados analisados. Todo o processo pericial deve
estar presente nesse relatório, desde as ferramentas usadas para que seja comprovado a
integridade das informações contidas no laudo .
Capítulo 2. Computação Forense 19

Figura 3 – Etapas da Computação Forense (PEREIRA, 2010)

2.4 Teorias da Computação Forense


A Computação Forense utiliza teorias que são herdadas da área do Direito, como por
exemplo, a teoria de Locard.

2.4.1 Teoria de Locard


A Teoria de Locard ou Princípio da troca de Locard é um dos principais fundamentos da
análise forense. Foi assim definida, em homenagem à Edmund Locard, que foi um criminalista
francês pioneiro em ciência forense e criminologia. De acordo com esse princípio, qualquer um,
ou qualquer coisa, que entra em um local de crime leva consigo algo do local e deixa alguma
coisa para trás quando parte, segundo (LEOBONS, 2007).
Este princípio também é válido na Computação Forense, pois onde há intrusos também
haverá vestígios, mesmo que esses sejam extremamentes difíceis de serem detectados eles estarão
lá em algum lugar. Nessas situações a análise forense se tornará mais complicada e vagarosa,
pois a dificuldade faz com que o tempo de análise seja maior.
Caso um perito fosse realizar uma análise em um HD previamente apreendido e o
mesmo não tomasse as precauções devidas no seu manuseio como, por exemplo, manipular o
conteúdo deste dispositivo com configuração de somente leitura, o perito correria o risco de
alterar acidentalmente o conteúdo do dispositivo, deixando, com isso, algo de si e levando algo
consigo, podendo causar tecnicamente a nulidade da prova.

2.4.2 Teoria dos frutos da árvore envenenada


A teoria dos frutos da árvore envenenada é um conceito da área do Direito Processual
Penal, que se pode utilizar na Computação Forense também. De acordo com (OLIVEIRA, 2017)
A teoria dos "fruits of the poisonous tree", ou teoria dos frutos da árvore envenenada, cuja origem
Capítulo 2. Computação Forense 20

é atribuída à jurisprudência norte-americana, nada mais é que a simples consequência lógica da


aplicação do princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas, ou seja, se uma prova for obtida
de forma ilícita, todas as outras provas ou conclusões obtidas a partir desta serão consideradas
ilícitas também.
Um exemplo prático seria ao subtrair um HD de forma ilegal, realizar uma perícia no
mesmo e achar provas de um crime qualquer. Porém, ao apresentar esses resultados em juízo,
eles não terão valores algum, pois a prova é um fruto de uma árvore envenenada, visto que não
houve autorização prévia para a perícia do HD.

2.5 Sistema de arquivos


A causa por trás de um sistema de arquivos é bem compreensível, os computadores
necessitam de uma forma para armazenamento de arquivos. Os sistemas de arquivos oferecem
uma técnica para que usuários armazenem dados em uma hierarquia de arquivos e diretórios
(CARRIER, 2005). Um sistema de arquivos consiste em dados estruturais e de usuários de uma
maneira que o computador saiba onde encontrá-los. Na maioria dos casos o sistema de arquivos
independe de um computador específico.
De acordo com (HAGEN, 2001), cada sistema de arquivos pode ter tamanho de cluster
(unidade mínima de armazenamento), modo de gerar inode1 e capacidade de armazenamento
distintos.
Para gravação de dados, um HD é decomposto em setores. Estes setores são agrupados em
blocos ou clusters (a forma como é chamado depende do sistema) cujo tamanho é determinado
pelo sistema. A Figura 4 exemplifica a segmentação de um HD.

Figura 4 – Divisão do disco, adaptado de (NASCIMENTO; JERÔNIMO; SEGUNDO, 2010).

1 Estrutura de dados usada para representar um objeto do sistema de arquivos


Capítulo 2. Computação Forense 21

2.5.1 Características de um sistema de arquivos


Cada sistema de arquivos dispõe de suas próprias características. Porém, (CARRIER,
2005) define essas características em cinco categorias, que são: sistema de arquivos, conteúdo,
metadados, nome de arquivo e aplicação. A categoria sistema de arquivos inclui as informações
gerais, sua estrutura e tamanho. A categoria conteúdo diz respeito aos dados que compõe o
conteúdo real de um arquivo. O maior volume dos dados de um sistema de arquivos pertence a
esta categoria, e é normalmente organizado em um conjunto de recipientes de tamanho padrão.
Cada sistema de arquivos atribui um nome diferente para os recipientes, como clusters no caso
dos sistemas de arquivos FAT e NTFS e blocos para os sistemas de arquivos da família EXT.
A categoria de metadados contém informações, sobre onde o conteúdo do arquivo está
armazenado, seu tamanho, a hora e data em que o arquivo foi lido, escrito ou acessado pela
última vez. A categoria nome de arquivo contém os dados que atribui um nome a cada arquivo.
Na maioria dos sistemas de arquivos, estes dados estão localizados no conteúdo de um diretório,
compondo uma lista de nomes de arquivos e seus endereços. Por fim, a categoria de aplicativo
contém os dados que não são necessários durante o processo de leitura ou escrita de um arquivo,
mas agregam funcionalidades ao sistema de arquivos, como por exemplo, controle de cotas de
usuário.

2.5.2 Sistema de Arquivos FAT


Segundo (CARRIER, 2005) "File Allocation Table"(FAT) é um dos sistemas de arquivos
mais simples encontrados em sistemas operacionais comuns. Ele é suportado por todos os
sistemas Windows e a maioria dos sistemas Unix. O FAT é comumente encontrado em cartões
de memória, câmeras digitais e unidades USB.
O sistema de arquivos FAT não segue claramente o modelo de cinco categorias descritas
anteriormente, por exemplo, o sistema não possui algum dado que se enquadre na categoria
de aplicação. Com o surgimento de dispositivos de armazenamento mais aprimorados e com
maior capacidade, o sistema FAT foi ganhando versões, identificadas pelos nomes FAT12 e
FAT16, sendo o primeiro, quase um desconhecido e o último, padrão dos sistemas operacionais
da Microsoft por muito tempo. As versões surgem com a intenção de corrigir determinadas
limitações do sistema de arquivos anterior. O próprio FAT16, por exemplo, passou por isso: esta
versão só trabalha com, no máximo, 2 GB, assim, para aplicá-lo em um disco de 5 GB, seria
necessário dividi-lo em 3 partições (2 GB + 2 GB + 1 GB, por exemplo) para ser possível o
aproveitamento de toda a capacidade da unidade (ALECRIM, 2011).
Diante deste e de outros problemas, a Microsoft lançou, em 1996, o FAT32, que se tornou
o sistema de arquivos do Windows 95 e do Windows 98, sendo também compatível com versões
lançadas posteriormente, como Windows 2000 e Windows XP, embora estes tenham um sistema
de arquivos mais avançado, o NTFS.
Capítulo 2. Computação Forense 22

2.5.3 Sistema de Arquivos NTFS


"New Technologies File System"(NTFS) foi criado pela Microsoft, e sua comercialização
se deu a partir do Windows NT, sendo o sistema de arquivos padrão da plataforma Windows
até os tempos atuais. Segundo (ALECRIM, 2011), uma das principais características do NTFS,
refere-se ao quesito "recuperação": em caso de falhas, como o desligamento inesperado do
computador, o NTFS é capaz de retroceder os dados à condição anterior ao imprevisto. Isso
é viável, em parte, porque, durante o processo de boot, o sistema operacional consulta um
arquivo de log que registra todas as operações efetuadas e entra em ação ao identificar nele os
pontos problemáticos. Ainda neste aspecto, o NTFS também tolera redundância de dados, isto é,
replicação, como o que é feito por sistemas RAID (Redundant Array of Independent Disks)1 , por
exemplo.
Outra peculiaridade do NTFS é seu modo de permissões de acessos. O Unix sempre
foi considerado um sistema operacional seguro por trabalhar com o princípio de que todos os
arquivos precisam ter variados níveis de permissões de acesso. O NTFS também é capaz de
permitir que o usuário defina quem e como acessar pastas ou arquivos.
Nos sistemas de arquivos podem ocorrer diferentes modos de realizar a exclusão de
dados, dentre eles estão:

• Deleção: O disco rígido é formado por estruturas magnéticas que podem ser ativadas ou
desativadas. Enquanto fisicamente existem as informações ativas ou inativas, logicamente
mostra-se às informações “0” e “1”. Um arquivo vai ocupar, por padrão, o espaço “1”
nos HDs. Após um arquivo ser deletado, apesar do computador não enxergar mais as
informações naquele local, o sistema apenas reconhecerá aquele espaço como espaço livre.
Com isso, usuários podem armazenar novos dados naquele local, sendo que as informações
serão sobrescritas.

• Formatação: Assumindo que o sistema operacional Windows é o segundo mais utilizado


entre os usuários, de acordo com (ZURIARRAIN, 2017), nele existem as opções de
formatação rápida e formatação completa. Segundo (VILAR, 2016), na formatação rápida
os dados gravados em disco não são excluídos, na verdade apenas os apontamentos
para o conteúdo presente na unidade de armazenamento são removidos da tabela de
arquivos, isto é, nenhum dado é apagado de fato, apenas a sobrescrita fica disponível, para
armazenamento de novos dados.
A formatação completa, por outro lado, é antagônica ao pensamento comum, e da mesma
forma que a formatação rápida, não apaga absolutamente nada dos dados, apenas a tabela
de arquivos. A demora no processo é justificada pela verificação do disco em busca de
setores defeituosos.
1 Subsistema de armazenamento composto por vários discos individuais
Capítulo 2. Computação Forense 23

• Wipe: Wipe em tradução para português significa limpar, e é exatamente esse o seu
propósito, fazer uma limpeza no dispositivo de armazenamento desejado. Dois métodos de
wipe são mais conhecidos, eles são o wipe zero e wipe randômico.
De acordo com (FISHER, 2017), wipe zero também pode ser chamado de Zero-fill, ele
funciona de uma forma bem simples: ele percorre todo o disco substituindo tudo por zeros.
Se for utilizado zero-fill em uma unidade e verifica se todos os dados foram substituídos,
pode-se ter certeza de que a informação é menos provável de ser recuperada.
Então há o wipe randômico, que funciona de maneira semelhante, porém ele utiliza de
caracteres aleatórios para fazer o preenchimento da unidade de armazenamento, sendo
assim mais improvável a recuperação dos dados.

2.6 Recuperação de Dados


Na atualidade, grande parte dos nossos dados são criados e arquivados de forma digital,
desde lembretes de lista de compras até artigos acadêmicos. De acordo com (CALDAS; SILVA,
2016), todos os dias uma grande massa de dados são geradas seguidamente em vasta medida,
fugacidade, pluralidade e trafegam pela rede mundial de computadores. A facilidade para a
troca desses dados aliados com a grande massa de equipamentos geradores de dados, como
smartphones e câmeras digitais, tornam os dados digitais mais acessíveis. Então, de uma forma
ou outra, algo de errado pode ocorrer e pode-se perder alguns desses dados. Para reverter quadros
como esse utiliza-se das técnicas de recuperação de dados.

2.6.1 Técnicas de Recuperação


Uma das técnicas utilizadas para a recuperação é a chamada recuperação via inode, e
para se entender essa técnica precisamos saber o que é um inode. Como analogia para melhor
entendimento, todo cidadão brasileiro possui um número de CPF, onde esse número é único
e identifica cada pessoa, então no sistema de arquivos Linux e Unix cada objeto possui um
identificador único, um número de inode.
De acordo com (MONTES, 2014), cada número de inode aponta para um inode que é
uma estrutura de dados que possui informações do arquivo, como por exemplo: tipo de arquivo,
tamanho de arquivo, permissões, entre outras informações. Ao apagar um arquivo em um sistema
ext2 o sistema irá proceder da seguinte maneira: marcar como livre o inode number alocado
ao objeto, incrementar o número de inodes livres e os blocos de discos utilizados pelo objeto
são recolocados na lista de blocos livres. Então, para realizar a recuperação de dados basta
“reconstruir” o inode referente ao arquivo que se deseja recuperar, pois o sistema não apaga
o conteúdo de um inode, ele apenas transfere o mesmo para a lista de blocos livres. Se não
for conhecido o número inode, talvez será recuperado apenas partes do arquivo que se deseja
recuperar.
Capítulo 2. Computação Forense 24

Outra técnica conhecida é a recuperação via Pattern, segundo (FILHO, 2016), onde a
maioria dos arquivos possuem patterns que são padrões de identificação. Um exemplo disso são
os arquivos no formato .JPG que sempre inicia com 0xFFD8FF. Para a recuperação desse tipo é
feito um “esculpimento” no espaço não alocado, usando a extração de cabeçalho e rodapé para a
localização e recuperação de arquivos. Essa técnica também é conhecida como Data Carving ou
File Carving, e independe do sistema de arquivos.
25

3 ESTUDO DE CASO

Nesse capítulo será mostrado a descrição do ambiente de testes, bem com a realização
dos testes e os resultados encontrados.

3.1 Ambiente de Teste


Para o estudo de caso foi montado um ambiente de teste composto por uma mídia digital
(pendrive) da marca Sandisk Cruzer Blade com capacidade de 32GB e uma mídia magnética
(HD) da marca Samsung HD161HJ com capacidade de 160GB. O sistema de arquivos escolhido
foi o NTFS, pois ele é compatível com a maioria dos sistemas e além disso é o mais usado por
usuários finais. Foram colocados nas duas mídias exatamente os mesmos arquivos, um total de
1042 arquivos ocupando 16,8GB contendo arquivos de formatos variados como documentos,
músicas, vídeos e executáveis de programas.
Para um melhor entendimento, o estudo de caso foi dividido em cenários.

3.2 Cenários e Procedimentos


Foram definidos 5 níveis dentro dos cenários, como visto anteriormente, que são:

• Deleção simples;

• Formatação Rápida;

• Formatação Lenta;

• Wipe zero;

• Wipe random;

Os procedimentos iniciais realizados nos cenários foram semelhantes, porém cada cenário
possui suas particularidades. Inicialmente, as mídias foram formatadas em NTFS, logo em
seguida foram postos rigorosamente os mesmos arquivos nas duas mídias.

• Deleção simples: Após, todos os arquivos, tanto no Pendrive quanto no HD, foram dele-
tados utilizando o atalho de tecla Shift + delete, para que dessa maneira os arquivos não
fossem para a lixeira.

• Formatação Rápida: Posteriormente, utilizando o assistente gráfico do Ubuntu, a formata-


ção rápida foi executada nas duas mídias.
Capítulo 3. Estudo de Caso 26

• Formatação Lenta: Seguidamente, a formatação lenta foi executada tanto no HD como no


Pendrive, utilizando o assistente gráfico do Ubuntu. O processo de formatação lenta no
sistema operacional utilizado faz uma sobrescrita completa com zeros no armazenamento,
sendo assim análogo ao processo de wipe zero.

• Wipe zero: Logo após, com o uso do comando dd na plataforma Linux, foi realizado
Zero-fill (ou wipe zero) nas duas mídias. Um exemplo do uso desse comando pode ser
visualizado na Figura 5.

Figura 5 – Exemplo do comando DD para wipe zero.

• Wipe random: Prontamente, o HD e o Pendrive passaram pela operação de wipe random,


utilizando o comando dd if=/dev/urandom of=/dev/sdX bs=4096 no terminal Linux, onde
4096 é o tamanho padrão da unidade de alocação.

Logo em seguida, em todos os cenários foram realizadas cópias forenses1 com o au-
xílio do comando DD, para que assim fossem realizadas as operações com as ferramentas de
recuperação de dados.

Figura 6 – Exemplo do comando DD para cópia forense.

3.2.1 Ferramentas
A primeira ferramenta escolhida para testes foi o Scalpel. Scalpel é uma ferramenta de
código livre para recuperação de dados originalmente baseada no Foremost. Desenvolvida por
Golden G. Richard III e apresentada na DFRWS (Digital Forensic Research Workshop) em 2005,
onde sua versão mais atual foi lançada em 2014, utiliza uma base de dados contendo cabeçalhos
e rodapés de vários tipos de arquivos conhecidos, para assim fazer o "esculpimento". Seu uso é
simples, primeiramente precisa-se editar seu arquivo de configuração para especificar que tipos
de extensões ele irá esculpir. Logo em seguida usou-se o comando para acionar a ferramenta e
como parâmetro foi colocado o local onde ele irá salvar os arquivos recuperados, como podemos
ver na Figura 7.
1 Cópia fiel do armazenamento, realizada de forma bit a bit
Capítulo 3. Estudo de Caso 27

Figura 7 – Exemplo de uso da ferramenta Scalpel.

Nas imagens da mídia magnética o procedimento custou o dobro do tempo das imagens
da mídia digital, que levaram em média de 45 minutos, pois seu tamanho é maior.
A segunda ferramenta utilizada é PhotoRec. É uma ferramenta gratuita, de código-livre e
distribuída sob a licença GNU/GPL. O PhotoRec ignora o sistema de arquivos e segue os dados
subjacentes, por isso ainda funcionará, mesmo que o sistema de arquivos da sua mídia tenha sido
gravemente danificado ou reformatado. Para mais segurança, o PhotoRec usa o acesso somente
leitura para lidar com a unidade ou o cartão de memória do qual está prestes a recuperar dados
perdidos.
O seu uso é mais fácil comparado ao Scalpel, pois há uma interface gráfica com mais
opções. Basta colocar o comando que aciona a ferramenta junto com o parâmetro da imagem a
ser usada, que então a interface é carregada, como pode-se ver na Figura 8.

Figura 8 – Exemplo da interface da ferramenta PhotoRec.

A terceira ferramenta escolhida para testes foi o Recuva. É uma ferramenta exclusiva
para o sistema operacional Windows, possui uma versão grátis e uma versão paga com mais
recursos disponíveis. Sua interface é de fácil uso, onde na tela inicial a ferramenta pergunta quais
os tipos de arquivos que desejamos procurar, como é visto na figura.
Capítulo 3. Estudo de Caso 28

Figura 9 – Exemplo da tela inicial da ferramenta Recuva.

3.3 Resultados

• Deleção simples: O programa Scalpel conseguiu recuperar 13.276 arquivos, porém muito
desses arquivos foram apenas parcialmente recuperados1 e vários outros são falsos positi-
vos2 . A quantidade recuperada para o HD foi a mesma para o Pendrive.
A ferramenta Photorec conseguiu recuperar vários arquivos, porém nenhum dos arquivos
recuperados estão com seu nome original e alguns foram parcialmente recuperados e estão
fragmentados, como por exemplo arquivos de legenda, que possuem a extensão .srt, foram
recuperados como arquivo .txt e em mais de um arquivo muita das vezes. Alguns arquivos
de vídeos foram totalmente recuperados mantendo a qualidade original. Arquivos .pdf
também foram totalmente recuperados.
A ferramenta Recuva conseguiu recuperar um total de 1024 arquivos no HD e 948 arquivos
no Pendrive, quase todos com seus nomes e caminhos originais nos testes executados.

• Formatação Rápida: O Scalpel recuperou precisamente os mesmos arquivos recuperados


no cenário de delação, assim como no HD e no Pendrive.
Tanto no cenário de deleção quanto no de formatação rápida, assim como no HD e
no Pendrive, a quantidade de dados recuperados foi exatamente a mesma utilizando a
ferramenta PhotoRec.
O Recuva conseguiu recuperar exatamente a mesma quantidade de arquivos no HD e
no Pendrive, e grande parte desses arquivos estavam com seus nomes originais e foram
totalmente recuperados, apenas 1% foi recuperado pacialmente e outros 1% não estavam
com seu nome original. A quantidade recuperada foi semelhante à do cenário de deleção.
1 Arquivos que após recuperados não estão completos
2 Quando a ferramenta indica que há um arquivo recuperado mas não existe o mesmo
Capítulo 3. Estudo de Caso 29

• Formatação Lenta: O Scalpel não foi capaz de recuperar dados nesse cenário.
A ferramenta PhotoRec não conseguiu recuperar dado algum.
Não foi possível a recuperação com o Recuva.

• Wipe zero: Nesse cenário, o Scalpel não conseguiu recuperar os dados da mídia digital.
Ao final do processamento não foi apresentado nenhum arquivo.
A ferramenta PhotoRec não foi capaz de recuperar dados.
Recuva não recuperou dados no Pendrive, já no HD a ferramenta não conseguiu nem
iniciar o processo de busca, pois apresentou um erro de tamanho inválido com a imagem
usada.

• Wipe random: O Scalpel apresentou 19710 arquivos recuperados da mídia magnética,


porém nenhum desses arquivos estava legível, 3890 arquivos ao final do processo da mídia
digital, entretanto nenhum arquivo estava totalmente recuperado.
A ferramenta PhotoRec foi incapaz de recuperar dados nas duas mídias.
O Recuva não conseguiu realizar operações pois o mesmo apresentou um erro de tamanho
inválido na leitura das duas imagens, como pode ser visualizado na Figura 10.

Figura 10 – Tela de erro da ferramenta Recuva.

Ao final dos testes foi observado que a quantidade de arquivos recuperados no cenário
de deleção e no cenário de formatação rápida foram bem semelhantes, em todas as ferramentas.
Pode-se notar do mesmo modo, que nos cenários de formatação lenta e wipe zero, a quantidade
de arquivos recuperados foi nula, em todas as ferramentas.
Capítulo 3. Estudo de Caso 30

Foi visto que os resultados obtidos nos cenários de deleção e formatação rápida são
bem semelhantes, como visto anteriormente, a deleção e a formatação rápida funcionam da
mesma maneira, por esse motivo os resultados também são semelhantes. A Figura 11 mostra o
comparativo.

Figura 11 – Resultado Deleção x Formatação Rápida.

Verifica-se que a ferramenta Scalpel gerou o maior número de falso positivos, e a


ferramenta que recuperou a quantidade de arquivos mais próximo ao original foi o Recuva, como
pode-se constatar no Quadro 1.
Quadro 1 – Total de arquivos recuperados por cenário e ferramenta.

Cenário Scalpel PhotoRec Recuva


Deleção HD 13276 arquivos 5119 arquivos 1024 arquivos
Deleção Pendrive 13276 arquivos 5130 arquivos 948 arquivos
Formatação Rápida HD 13276 arquivos 5119 arquivos 1074 arquivos
Formatação Rápida Pendrive 13276 arquivos 5130 arquivos 1074 arquivos
Formatação Lenta HD 0 arquivos 0 arquivos 0 arquivos
Formatação Lenta Pendrive 0 arquivos 0 arquivos 0 arquivos
Wipe Zero HD 0 arquivos 0 arquivos Não foi possível
Wipe Zero Pendrive 0 arquivos 0 arquivos 0 arquivos
Wipe Random HD 19710 arquivos 3 arquivos Não foi possível
Wipe Random Pendrive 3890 arquivos 0 arquivos Não foi possível

Foram no total 1042 arquivos originais e em determinados cenários foram recuperados


mais arquivos do que existiam, como por exemplo no uso da ferramenta Scalpel que chegou a
mostrar um total de 19710 arquivos ao final de seu processamento. Então a ferramenta Scalpel foi
a menos adequada nos testes, pois foi a que mais se distanciou do número de arquivos originais.
A ferramenta Photorec foi a intermediária dentre as escolhidas, visto que após o processo
de recuperação, apresentou um número de arquivos recuperados não muito próximo ao exato,
porém não se distanciou tanto quanto o Scalpel.
Capítulo 3. Estudo de Caso 31

E a ferramenta que mais se adequou foi o Recuva, dado que sua assertividade foi a
melhor dentre as escolhidas. O Recuva apontou um total de arquivos bem próximo ao total
original, além do mais apresentou nomes e caminhos idênticos aos arquivos originais em grande
parte dos seus resultados.
Dentro da computação forense é de suma importância que ao realizar uma recuperação
de dados, mantenha-se o nome original do arquivo, como foi apresentado na ferramenta Recuva.
Dado que, para o perito isso facilitará o seu trabalho além de que aumenta a assertividade
de seu laudo final. Imagine que em um processo, um juiz realiza uma ação de busca de um
arquivo de planilhas específico chamado "finanças", logo o perito realiza a cópia forense no local
para realizar o processo de recuperação em seu laboratório. Então ao final do processamento a
ferramenta entrega 1000 planilhas sem os nomes originais, sendo assim o perito deverá analisar
todos os arquivos para encontrar apenas o arquivo que estava sendo buscado, aumentando a força
de trabalho realizada, caso a ferramenta utilizada não seja a mais adequada para a situação.
Outra situação que possa ocorrer são com os arquivos fragmentados, como a ferramenta
PhotoRec apresentou. Isso ocorre quando ao ser realizado o procedimento de recuperação,
um arquivo original é apresentado em mais de uma parte no final do processo. Imagine a
hipótese de que um perito esteja buscando um documento de texto bastante extenso, porém a
ferramenta utilizada apresenta esse documento fragmentado em 5 diferentes partes. Em juízo, ao
ser apresentado o laudo final contendo os 5 arquivos, o perito pode ser questionado, dado que a
busca foi apenas para um arquivo, essa situação pode até se enquadrar na teoria dos frutos da
árvore envenenada.
32

4 CONCLUSÃO

O estudo do sistema de arquivos NTFS é de suma importância na atividade de um


acadêmico ou profissional da área de Computação Forense. Visto que o uso do NTFS é bastante
difundido entre os usuários finais graças ao sistema operacional Windows por ser seu sistema de
arquivos padrão.
Desse modo, a possibilidade de um profissional forense necessitar realizar uma recupera-
ção de dados nesse tipo de sistema de arquivos é algo tangível. Nesse sentido foi imprescindível
um estudo comparativo das ferramentas e tipos de mídias utilizadas para a recuperação de dados
em um sistema de arquivos NTFS.
Por conseguinte, o estudo realizado neste trabalho expôs as eficácias e carências, compa-
rando as ferramentes e técnicas de recuperação de dados em sistema de arquivos NTFS.
Desta maneira, conclui-se que o uso de mídias digitais e mídias magnéticas não causam
grandes diferenças no resultado final. Já no âmbito das ferramentas de recuperação, a que mais
se mostrou eficiente foi o Recuva, pois recuperou totalmente a maior parte dos arquivos, com
seus nomes e caminhos originais.
Todavia, os resultados não menosprezam a importância de qualquer ferramenta utilizada
neste trabalho, dado que os fatores envolvidas em uma perícia são incontáveis e nem sempre a
ferramenta mais adequada é a que possui os melhores resultados.
Por fim, este trabalho não tem a intenção de declarar a melhor ferramenta, mas sim
acrescentar conhecimento para a área de computação forense no âmbito da recuperação de dados.

4.1 Trabalhos Futuros


Para trabalhos futuros é proposto a utilização de dispositivos de armazenamentos SSD,
pois o uso deste tipo de dispositivo vem aumentando com a diminuição de preços e as vantagens
que ele traz consigo, como por exemplo, o tempo de acesso reduzido e largura de banda superior,
além disso alguns dispositivos possuem implementado em hardware uma funcionalidade de wipe
automático, assim dificultando a recuperação de dados. Bem como é proposta a utilização de
outras ferramentas para testes, como por exemplo o R-Studio. Além disso, é visto de suma impor-
tância uma ferramenta que ajude a filtrar os arquivos falso-positivos de uma forma automatizada,
diminuindo assim o tempo necessário para a análise dos arquivos recuperados.
33

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