Anderson Rafael Rigon

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 48

0

Anderson Rafael Rigon

DIMENSIONAMENTO E SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA


ESTRUTURA DE UM DISPOSITIVO INVERSOR DE CARGA

Horizontina
2012
1

Anderson Rafael Rigon

DIMENSIONAMENTO E SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA


ESTRUTURA DE UM DISPOSITIVO INVERSOR DE CARGA

Trabalho Final de Curso apresentado como


requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Mecânica, pelo Curso
de Engenharia Mecânica da Faculdade
Horizontina.

ORIENTADOR: Anderson Dal Molin, Prof. Me.

Horizontina
2012
2

FAHOR - FACULDADE HORIZONTINA


CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a monografia:

“Dimensionamento e simulação computacional da estrutura de um dispositivo


inversor de carga”

Elaborada por:

Anderson Rafael Rigon

Como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em


Engenharia Mecânica

Aprovado em: 29/11/2012


Pela Comissão Examinadora

________________________________________________________
Prof. Me. Anderson Dal Molin
Presidente da Comissão Examinadora - Orientador

_______________________________________________________
Prof. Me. Cesar Antonio Mantovani
FAHOR – Faculdade Horizontina

______________________________________________________
Prof. Me. Ricardo Severo
FAHOR – Faculdade Horizontina

Horizontina
2012
3

À FAMÍLIA
Pelo empenho da dona Délia, do
Nelson, da Patricia...
A vocês que compartilharam meus
ideais, incentivando-me a prosseguir
mantiveram-se sempre ao meu lado. Dedico-
lhes essa conquista com a mais profunda
admiração e respeito. A vocês: o sonho, o
abraço, o diploma.
1

AGRADECIMENTO
A família, pelo apoio incondicional em
todos os momentos. Aos professores que me
orientaram durante todo o período de
graduação, em especial ao professor e amigo
Anderson Dal Molin, que em diversos
momentos cobrou-me resultados e ajudou-me
nesta etapa. Aos amigos, que em diversas
ocasiões entenderam minha ausência e me
incentivaram a desenvolver meus estudos.
2

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém


viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou
sobre aquilo que todo mundo vê.”
Arthur Schopenhauer
3

RESUMO

Este trabalho visa apresentar uma proposta de automatizar um processo de


produção já existente dentro da empresa Pioneer Sementes S/A, que até então é
realizado de forma manual: a montagem e desmontagem de silos PROBOX. O
PROBOX é um silo móvel de polietileno, fabricado sob medida para específicos fins,
neste caso para armazenamento de sementes de milho. Como problema de
pesquisa destaca-se como efetuar o correto dimensionamento de um dispositivo
inversor de carga, que venha a suprir a necessidade do processo. O objetivo do
trabalho é dimensionar um dispositivo inversor de carga que será acoplado a uma
paleteira elétrica e utilizará um sistema hidráulico para realizar o processo de
inversão do silo. Para o embasamento teórico do trabalho buscou-se a literatura
pertinente ao assunto, componentes e formas de dimensionamento do sistema
hidráulico. Como metodologia, utilizou-se de pesquisas quanto a dispositivos
existentes e posterior adaptação ao caso em questão. Entre os resultados
encontrados pode-se citar a escolha do fluido de trabalho, dos materiais a serem
utilizados e dos componentes hidráulicos que satisfazem a necessidade do
dispositivo. O dimensionamento do dispositivo inversor de carga, além de
proporcionar uma abrangente revisão dos conceitos aprendidos durante o curso de
graduação em engenharia mecânica, permite o desenvolvimento do raciocínio de
busca por soluções a partir de um problema encontrado.

Palavras-chaves:
PROBOX – dimensionamento – dispositivo inversor de carga.
4

ABSTRACT

This work aims to automate a production process that already takes place
within the Pioneer Seed Company S / A, which so far is done by hand: the erection
and dismantling of PROBOX silos. PROBOX is a polyethylene mobile silo
manufactured tailored for specific purposes, in this case for storage of maize seed.
The research problem was about how to correctly size a device inverter load, which
will supply the process. The purpose of the job is to size a device inverter load that
will be coupled to an electric pallet truck and use a hydraulic system to carry out the
process of inverter silos. For the theoretical work it was searched a literature
concerning the subject, seeking ways of sizing components and hydraulic system.
The materials used have also been adequately studied to assure safety of the system
operator and the proper functioning of the device. As a methodology, researches
about existing devices and later adaptation to the case were used. Also, because of
the results that were found, it can be cited the choice of a working fluid, the materials
to be used and hydraulic components that satisfy the need calculated. Besides
providing a comprehensive review of the concepts learned during the undergraduate
degree in mechanical engineering, it enables the development of reasoning to search
for solutions from a problem found out.

Key- Words:
PROBOX - sizing - load inverter device.
5

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Silo Probox. .......................................................................................................... 03


Figura 2: Principais grupos de máquinas de elevação e transporte.. ................................... 05
Figura 3: Estrutura básica de um sistema hidráulico. ........................................................... 07
Figura 4: Detalhes construtivos do reservatório. .................................................................. 08
Figura 5: Formas construtivas de bombas.. ......................................................................... 10
Figura 6: Bomba de engrenagens, vista explodida.. ............................................................ 10
Figura 7: Formas construtivas básicas de cilindros hidráulicos: (a) simples ação, (b) e (c)
dupla ação. .................................................................................................................. 11
Figura 8: Fluxograma das etapas do desenvolvimento. ....................................................... 19
Figura 9: Dispositivo inversor de carga.. .............................................................................. 21
Figura 10: Paleteira PT16. Fonte: Paletrans. ....................................................................... 21
Figura 11: Simulação da tensão máxima no braço do dispositivo inversor de carga. ........... 27
Figura 12: Simulação do deslocamento máximo do braço. .................................................. 28
Figura 13: Simulação da tensão máxima no suporte dos braços. ........................................ 28
Figura 14: Simulação do deslocamento máximo no suporte dos braços do dispositivo........ 29
Figura 15: Simulação da deformação máxima do suporte dos braços. ................................ 30
6

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 01
2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................................. 03
2.1 SILOS PROBOX ............................................................................................................................. 03
2.2 INVERSOR DE CARGA.................................................................................................................. 04
2.3 SOLIDWORKS ............................................................................................................................... 05
2.4 SISTEMA HIDRÁULICO ................................................................................................................. 06
2.4.1 Componentes do sistema hidráulico ............................................................................................ 08
2.5 MATERIAIS ..................................................................................................................................... 15
3 METODOLOGIA ................................................................................................................................ 18
3.1 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS .......................................................................................... 18
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................... 20
4.1 DIMENSIONAMENTO DOS COMPONENTES .............................................................................. 20
4.2 DISPOSITIVO INVERSOR DE CARGA .......................................................................................... 22
4.3 SIMULAÇÃO DE SUBCONJUNTOS .............................................................................................. 27
5 CONCLUSÕES .................................................................................................................................. 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................... 32
APÊNDICE A – ESQUEMA HIDRÁULICO DO DISPOSITIVO INVERSOR DE CARGA. .................. 34
ANEXO A –TABELA ISO DE VISCOSIDADE DOS FLUIDOS ........................................................... 35
ANEXO B– TABELA DE COMPRIMENTOS EQUIVALENTE ............................................................. 36
ANEXO C – VISTA EXPLODIDA DA PALETEIRA PT16 .................................................................... 37
ANEXO D - SISTEMA HIDRÁULICO DA PALETEIRA PT16 .............................................................. 38
7

1 INTRODUÇÃO

A empresa Pioneer Sementes unidade de Santa Rosa é uma empresa de


beneficiamento de grãos. Diariamente cerca de 20 toneladas de quilos de milho são
classificados e tratados para a venda como sementes. Hoje, a empresa reconhece
como sendo um dos gargalos da sua linha de produção a capacidade de
armazenagem em seus silos de sementes já classificadas. A solução encontrada
pela empresa para minimizar este problema de espaço foi investir em uma linha de
silos móveis, denominados silos PROBOX.
Porém, ao mesmo tempo em que a empresa solucionou um dos pontos
críticos de seus processos, criou outro. A estocagem, a montagem e a
desmontagem dos silos PROBOX.
A armazenagem dos silos PROBOX é feita com o mesmo desmontado,
diminuindo assim o espaço necessário na estocagem das 4.800 unidades destes
silos presentes na unidade de Santa Rosa. O trabalho de desmontagem para
armazenamento e/ou montagem para utilização é feita de forma manual, o que
implica na utilização de vários colaboradores neste processo.
Diante do exposto, surge a necessidade de criação de um dispositivo, cuja
finalidade seja eliminar os esforços manuais do processo de montagem e/ou
desmontagem dos silos PROBOX. Portanto, este trabalho visa dimensionar um
dispositivo inversor de carga para facilitar o processo, já que desmontado o
PROBOX ocupa uma área de estocagem consideravelmente menor.
A proposta é utilizar de um sistema hidráulico acoplado a um dispositivo
mecânico, que realizará o trabalho onde, além de diminuir o número de
colaboradores envolvidos no processo, o presente trabalho visa aumentar a
quantidade de unidades montadas e desmontadas diariamente, uma vez que o
colaborador não irá sofrer com os esforços braçais e com posição de trabalho
ergonomicamente incorreta.
Sendo um dimensionamento específico para o processo da organização em
questão, o trabalho irá tratar de dimensionar um sistema hidráulico coerente e
seguro para a operação. Levando em consideração questões como peso dos silos e
altura necessária para a operação de montagem e/ou desmontagem dos silos.
O problema detectado foi a forma manual que os colaboradores
desenvolviam o processo de montagem e desmontagem dos silos PROBOX.
8

Outro fator importante é a escolha dos materiais a serem utilizados, o que


vai desde o tipo de aço para a estrutura, componentes utilizados para os
acoplamentos mecânicos, processos produtivos empregados na fabricação das
peças do dispositivo, até os pistões e comando adequados ao caso.
Diante disso, justifica-se o trabalho, pois com o desenvolvimento do
dispositivo inversor de carga, além da unidade de Santa Rosa, outras unidades da
organização poderão aderir ao uso do novo dispositivo nesse processo, melhorando
consideravelmente a produtividade e a rotina de trabalho dos colaboradores
envolvidos.
Em âmbito acadêmico, o estudo serve para o aprofundamento dos
conhecimentos teóricos obtidos no decorrer do curso de Engenharia Mecânica da
Faculdade Horizontina, bem como os componentes de hidráulica, processos de
fabricação, elementos de máquinas e dimensionamento por software.
O estudo tem por objetivo geral dimensionar um dispositivo inversor de
carga provido de um sistema hidráulico para montagem e/ou desmontagem de silos
PROBOX.
Já por objetivos específicos tem-se:
 Reunir um embasamento teórico sólido para o correto dimensionamento
dos componentes e materiais do dispositivo inversor de carga;
 Proporcionar a possibilidade de diminuir o número de pessoas envolvidas
no processo de montagem e desmontagem dos silos PROBOX;
 Automatizar o processo de montagem e desmontagem de silos PROBOX.
Além da introdução, este trabalho é composto por mais quatro capítulos. A
Revisão da Literatura, onde buscou-se um aprofundamento nos conceitos de
hidráulica, materiais e dimensionamento de componentes.
O capítulo Metodologia explana como este trabalho foi desenvolvido, em
todas as suas etapas.
No capítulo Apresentação e Análise dos Resultados demonstra-se os
resultados obtidos no decorrer da pesquisa e mostra os materiais selecionados para
construção do dispositivo inversor de carga, bem como as forças atuantes no
sistema.
No capítulo Considerações Finais, fez-se um avaliação dos resultados
obtidos e uma análise da importância dele, tanto em âmbito acadêmico como em um
futuro âmbito profissional voltado à engenharia.
3

2 REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo será apresentada a revisão da literatura, onde buscou-se o


embasamento teórico para o correto dimensionamento do dispositivo inversor de
carga.

2.1 SILOS PROBOX

Feitos com polietileno, os PROBOX são silos móveis fabricados para fins
específicos do cliente. Com capacidade de armazenagem de 1130 quilogramas de
sementes de milho podem ser considerados leves, 150 quilogramas cada. O
PROBOX é um silo projetado pensando em desempenho e segurança, possui em
sua parte inferior entradas que permitem ao operador levantá-lo com auxilio de uma
empilhadeira e movimentá-lo com extrema segurança, pois possui um centro de
carga bem definido além de um suporte que funciona evitando qualquer possível
tombamento durante sua movimentação.
Sua construção permite que ele seja desmontado ao meio. Quando essa
operação é realizada a parte superior se sobrepõe a inferior, possibilitando assim um
encaixe e consequentemente ocupando um menor espaço físico dentro do ambiente
que está alocado.

Figura 1: Silo PROBOX. Fonte: Myers do Brasil, 2012.


4

2.2 INVERSOR DE CARGA

Processos de transporte de materiais não se limitam apenas a mover cargas


de um lugar para o outro, algumas máquinas são providas de dispositivos especiais,
como garras ou grampos, muitas vezes operados até de forma manual (RUDENKO,
1976).
O dispositivo inversor de carga pode ser considerado uma máquina de
elevação e transporte, que são consideradas equipamentos de movimentação de
cargas ou materiais, levando de um lugar para outro e manipulando as cargas da
maneira desejada (PASSOS, 2011).
Segundo Rudenko (1976), o tipo de máquina de elevação e movimentação
de material depende de fatores como o tipo da carga, o local da carga, seu
respectivo peso e também a forma como a carga precisa ser posicionada.
O inversor de carga caracteriza-se pela necessidade do movimento rotatório,
que para Brasil (1985), é a resposta a um problema de manuseio de material, e o
estudo dessas máquinas ou dispositivos é fundamental em todos os setores da
engenharia.
A crescente necessidade de aumento de produtividade das empresas vem
exigindo a implementação de processos automatizados que incorporam alta
tecnologia no projeto dos equipamentos. As máquinas de movimentação de carga
representam um dos tipos de equipamentos utilizados na indústria que sofreram a
maior necessidade de modernização (NASSAR, 2004).
As máquinas de elevação e transporte podem ser separadas em grupos, na
figura 2 são citados os principais grupos de máquinas de elevação e transporte
pelas características de seus projetos, e estão definidos, resumidamente como
segue (RUDENKO, 1976).
5

Figura 2: Principais grupos de máquinas de elevação e transporte. Fonte:


Rudenko, 1976.

2.3 SOLIDWORKS

O SolidWorks pode ser considerado, sem sombra de dúvidas, o melhor e


mais completo software paramétrico bidirecional CAD/CAE do mercado. Este
permite que qualquer projeto seja totalmente modelado em 3D, peça a peça. Para
fins de fabricação o SolidWorks permite gerar as vistas dos componentes em 2D,
possibilitando observar todos os detalhes construtivos necessários (FIALHO, 2009).
Outro ponto a favor é que, caso seja necessária qualquer alteração, antes,
durante ou depois da conclusão das peças, o software executa as alterações feitas
em 3D para todos os modelos e desenhos disponíveis em 2D, agilizando assim o
processo de alteração de componentes.
Para realizar a simulação dos esforços atuantes na estrutura do dispositivo
inversor de carga será utilizada a ferramenta SimulationExpress, que permite simular
a atuação de uma carga em um componentes ou até mesmo em um conjunto final,
mostrando os pontos críticos da estrutura e como a força irá agir sobre a estrutura
final (FIALHO, 2009).
6

2.4 SISTEMA HIDRÁULICO

Para entender um sistema hidráulico primeiramente é necessário o conceito


básico de hidráulica, que para Palmieri (1997) é a ciência que estuda líquidos em
escoamento e sob pressão, no caso em questão esse fluído será o óleo hidráulico.
O termo ‘’hidráulica” derivou-se da raiz grega Hidro, significando água, então
entende-se por hidráulica todas as leis e comportamentos relativos a água ou outro
fluído, sendo especificamente o estudo das características e uso dos fluídos sob
pressão (PARKER, 1998).
Os líquidos são substâncias constituídas de moléculas, que ao contrário dos
gases, atraídas umas ás outras de maneira mais compacta, porém com uma
compactação menor que dos sólidos, não chegam ao ponto de adquirirem posições
rígidas (PARKER, 1998).
Por definição de sistema hidráulico pode-se descrever como um conjunto de
elementos convenientemente associados, que permite transmissão e controle de
força e movimento utilizando como meio de transferência um fluído (LINSINGEN,
2003).
Esta transferência se dá inicialmente com a conversão de energia elétrica
em energia mecânica no motor (elétrico) que é acoplado á uma bomba hidráulica
que por sua vez converte a energia mecânica do motor em energia hidráulica que
atua sobre o óleo, que passando por tubulações e válvula acaba acionando os
atuadores (cilindros ou motores), que por fim, novamente convertem esta energia
hidráulica em mecânica, produzindo movimento (PEREIRA, 2006).
Os sistemas hidráulicos podem ser classificados conforme a pressão,
conforme a aplicação, conforme o tipo de bomba e até conforme o controle de
direção.
Para Palmieri (1997), podemos dividir um sistema hidráulico em
componentes, formando alguns subsistemas como um sistema de geração, um
sistema de distribuição e controle e um sistema de aplicação de energia.
O trabalho é obtido por meio de um fluido que está sob pressão e agindo
sobre um cilindro ou motor, produzindo assim a ação mecânica desejada (DE
NEGRI, 2001).
7

A válvula direcional, juntamente com o cilindro e o motor compõem o circuito


de atuação, pois são as partes do sistema hidráulico que promovem a atuação sobre
a carga. Já o suprimento de energia hidráulica para os circuitos de atuação é
constituído basicamente pelo reservatório, bomba, válvula de alivio e filtro, esses
componentes compõem o denominado circuito de unidade de potencia (DE NEGRI,
2001).
A figura 3 apresenta componentes referentes ao diagrama básico de um
sistema hidráulico, compostos pelos circuitos de potência e de atuação de acordo a
norma ISO 1219-1 (1991) e ISO 1219-2 (1995).

Figura 3: Estrutura básica de um sistema hidráulico. Fonte: Pereira, 2006.

Para Pereira (2006), os sistemas hidráulicos são utilizados para o controle


de consideráveis potências com rapidez, eficiência e confiabilidade.
8

2.4.1 Componentes do sistema hidráulico

Dentre os componentes principais do sistema podemos destacar


reservatório, filtro, mangueira, válvula de segurança, controladores de vazão,
controladores direcionais, bomba hidráulica, motor e cilindro.
Os reservatórios possuem várias funções, para Palmieri (1997) são funções
como a de armazenamento, resfriamento e precipitação de impurezas, devido a
queda na velocidade de escoamento do fluido ao entrar no reservatório.
De regra básica para o dimensionamento do reservatório, Palmieri (1997)
explica que o mesmo deve possuir um volume igual ou maior a três vezes a vazão
da bomba que alimenta o sistema, conforme equação1.
Essa regra se aplica de modo geral a sistemas mais simples, onde não
compreende vários cilindros ou linhas de transmissão muito grandes (PALMIERI,
1997).

(1)
Onde:
= Volume do reservatório (litros).
= Vazão da bomba (litros/minuto)

Na figura 4 pode-se observar a vista explodida de um reservatório hidráulico.

Figura 4: Detalhes construtivos do reservatório. Fonte: Fialho, 2003.


9

O filtro encontra-se posicionado no retorno do óleo para o reservatório e


possui uma importância muito grande, pois é o responsável direto pela limpeza do
óleo que circulou pelo sistema e retornou, garantindo assim uma maior vida útil do
fluido.
Para Palmieri (1997), é a função do filtro livrar o fluido de impurezas para
assegurar um bom funcionamento do sistema e garantir que a vida útil do mesmo
não seja reduzida.
Segundo Drapinski (1975), um filtro mal montado ou entupido pode permitir a
passagem de sujeira junto ao fluido, levando ao desgaste excessivo dos
componentes do sistema hidráulico consequentemente encurtando a vida do
mesmo. Para isso, os filtros hidráulicos devem ser trocados após as primeiras 50
horas de serviço e a troca seguinte deve ser feita após cada 500 horas.
As válvulas limitadoras de pressão possuem a incumbência de aliviarem o
sistema assim que ele atinja sua pressão admissível, evitando assim uma possível
deformação ou rompimento do sistema hidráulico (LINSINGEN, 2003). As válvulas
de alivio devem estar localizadas sempre entre o reservatório e a bomba,
principalmente quando for utilizada uma bomba de deslocamento positivo.
Outro ponto importante do sistema é a válvula direcional. A válvula direcional
consiste em um corpo com passagens internas e uma parte móvel (carretel), que
tem por objetivo mostrar o caminho que o fluido precisa seguir para o devido
deslocamento. Para o dispositivo em questão, a válvula da paleteira será substituída
por uma válvula de uma via e duas posições, mais uma adicional de três vias e
quatro posições para os pistões de aperto do silo PROBOX.
As válvulas direcionais promovem o direcionamento do fluido através de um
sinal de comando com uma vazão proporcional ao dimensionamento do sistema
(PEREIRA, 2006). Este sinal pode possuir a forma mecânica, pneumática ou
elétrica.
As bombas e motores hidráulicos são responsáveis por realizar a conversão
de energia mecânica em energia hidráulica (LINSINGEN, 2003).
A bomba hidráulica possui diversos modelos construtivos, como por
exemplo, bomba de pistões, bomba de palhetas ou bomba de engrenagens,
conforme figura 5.
10

Figura 5: Formas construtivas de bombas. Fonte: Parker, 1998.

Para o presente estudo toma-se por regra o uso da bomba de engrenagens,


semelhante a presente na paleteira em que o dispositivo será acoplado.
As bombas de engrenagem possuem um funcionamento bastante simples,
porem eficiente, com o desengrenamento e posterior engrenamento dos dentes das
engrenagens motora e movida, o fluido é conduzido por entre os vãos formados
entre dentes das engrenagens e as paredes da carcaça da bomba. Durante este
processo o fluido fica espremido e tem sua saída da carcaça forçada (PEREIRA,
2006).

Figura 6: Bomba de engrenagens, vista explodida. Fonte: Parker, 1998.

Por possuírem somente duas peças móveis, são consideradas de fácil


construção e consequentemente fácil manutenção. Também como ponto positivo
11

das bombas de engrenagens, podemos citar sua capacidade de operação em alta


pressão, com pequenas variações de pressão e baixo nível de ruído.
Para mensurar a vazão necessária da bomba, pode-se utilizar a velocidade
de elevação do sistema da paleteira elétrica e a área do pistão de elevação de
carga, conforme equação 2 (PALMIERI, 1997).

(2)
Onde:
= vazão da bomba .
= velocidade de levantamento de carga .
= área do pistão .

A bomba de engrenagens PGP315 da Parker foi escolhida para utilização no


dispositivo, na tabela 1 demonstra-se as suas especificações.

Tabela 1
Especificações da bomba de engrenagens.

Fonte: Parker, 1998.

Os cilindros são atuadores lineares que tem por característica transformar


energia hidráulica em energia mecânica. Um cilindro pode ser classificado como
sendo de simples ou dupla ação, como mostra a figura 7 (PEREIRA, 2006).

Figura 7: Formas construtivas básicas de cilindros hidráulicos: (a) simples ação, (b) e (c)
dupla ação. Fonte: Pereira, 2006.
12

Em cilindros de simples ação a força é exercida em apenas uma das


câmaras do cilindro, já nos de dupla ação a força pode ser exercida nas duas
câmaras do cilindro, permitindo assim um controle mais efetivo do movimento
(PEREIRA, 2006).
O dimensionamento da força deve-se a área de contato do cilindro com o
fluido hidráulico, conforme equação 3. A área de contato entre o pistão e o fluido
pode ser definida conforme equação 4 (PALMIERI, 1997).

(3)

Onde:
= força disponível no cilindro ( )
= pressão máxima do sistema ( )
= área da haste do cilindro ( )

(4)

Onde:
= diâmetro da haste do cilindro .

Após conhecer a força e a pressão de trabalho estimada, tona-se possível a


determinação do diâmetro necessário ao pistão que será utilizado no sistema.
Porém, o diâmetro calculado não será o definitivo do pistão. A partir do diâmetro de
pistão calculado, deve-se escolher um diâmetro comercial que atenda ás exigências
de dimensão. O diâmetro de pistão comercial necessita ser maior ou pelo menos
igual ao diâmetro calculado na Equação 5 (FIALHO, 2003).

(5)

Onde:
= diâmetro primitivo do pistão .
= força de avanço .
= pressão de trabalho .
13

Uma característica importante em um sistema hidráulico é a forma como


ocorre o escoamento do fluido. O escoamento ocorrido com boa laminação do fluido,
onde as forças viscosas são dominantes, é denominado escoamento laminar. Já o
escoamento turbulento, é caracterizado pela irregularidade do movimento das
partículas do fluido, formando redemoinhos e prevalecendo as forças de inércia.
Essa diferenciação pode é feita por meio do número de Reynolds (LINSINGEN,
2003).
Para Giles (1996), o número de Reynolds pode ser determinado levando-se
em conta velocidade média do fluído, diâmetro da tubulação e viscosidade
cinemática do fluído, conforme equação 6.

(6)

Onde:
= velocidade média do fluído .
= diâmetro da tubulação .
= viscosidade cinemática (centistokes).

A viscosidade cinemática pode ser determinada pelo sistema ISO, que


baseia-se em centistokes, a uma temperatura de 40ºC (Parker, 1998). No ANEXO A,
a tabela das viscosidades cinemáticas adotadas pelo sistema ISO pode ser
observada.
Para o fenômeno denominado escoamento laminar estar presente no
sistema o valor obtido no cálculo do número de Reynolds precisa esta abaixo de
2000, acima desse valor o escoamento do fluido no sistema pode ser considerado
como turbulento (LINSINGEN, 2003).
Fialho (2003) define os tipos de escoamento em escoamento laminar,
escoamento intermediário e escoamento turbulento, conforme demonstra a tabela 2.
14

Tabela 2

Limites de escoamento para Reynolds

Fonte: Fialho, 2003.

A perda de carga na linha de pressão de um sistema hidráulico,


demonstrada na equação 7 e também chamada de perda de pressão, se deve a
diversos fatores, fatores estes que fazem parte do calculo da perda de carga no
sistema, como fator de fricção, comprimento total da tubulação (em centímetros),
diâmetro interno da tubulação, velocidade de escoamento e densidade do fluido
(PALMIERI, 1997).

(7)

Onde:

= fator de fricção (adimensional).


= comprimento equivalente a perda de carga localizada .
= diâmetro da tubulação .
= velocidade média do fluido .
= densidade do fluido .

Inicialmente o fator de fricção ( ) necessita ser determinado conforme a


equação 8 (PALMIERI, 1997).

(8)
15

Onde:
= Reynolds (adimensional).

= 90 para tubos rígidos e temperatura variável (adimensional).

Outro fator para o calculo da perda de carga é o comprimento equivalente


(L) que pode ser descrito pela equação 9, onde segundo Palmieri (1997), o
comprimento total da tubulação deve ser somado aos comprimentos equivalentes às
perdas de carga ocasionadas por curvas ou conexões. No ANEXO B pode ser
observada a tabela de comprimentos equivalentes por perdas de carga localizadas.

(9)

Onde:
= Comprimento da tubulação .
= Comprimento equivalente das singularidades .

2.5 MATERIAIS

Aqui descreve-se os materiais utilizados, bem como suas formas de


dimensionamento e aferição, para que o dispositivo inversor de carga seja
corretamente dimensionado.
O principal objetivo do estudo da mecânica dos materiais é proporcionar ao
Engenheiro, meios que o habilitem a analisar e projetar estruturas de máquinas
sujeitas a diversos tipos de carregamento (BEER, 1996).
Para a construção mecânica, os componentes de um determinado conjunto
precisam ter dimensões e proporções adequadas para suportarem os esforços
aplicados sobre eles. Também leva-se em consideração as características
mecânicas dos materiais utilizados na fabricação dos componentes do conjunto
(BENTO, 2003).
Essa análise implica no dimensionamento e escolha de materiais para a
construção do projeto em questão, consiste também na determinação das tensões e
deformações dos componentes, conforme o material e o meio construtivo utilizado. A
tensão de cisalhamento do material pode ser medida pela força aplicada sobre uma
superfície e, dividida pela área da superfície do material (BUDYNAS, 2011).
16

A seleção de um material para construção de uma peça ou elemento


estrutural é uma das decisões mais importantes que o projetista deve tomar. Essa
decisão normalmente deve ser tomada antes mesmo de as dimensões da peça ser
estabelecidas. Apenas após ser escolhido o processo pelo qual será produzida, a
geometria desejada e o material a ser usado (uma escolha está totalmente ligada a
outra), apenas então o projetista pode dar proporções ao componente a fim de que
ele não perca sua funcionalidade e que esteja dentro de um nível de risco aceitável
(BUDYNAS, 2011).
A força e o momento que atuam em uma determinada superfície
manifestam-se como distribuições de forças ao longo de toda a área. Até o limite de
escoamento do material, a deformação que ocorre na estrutura denomina-se
deformação elástica. Ao ultrapassar o limite de escoamento, a superfície começa a
deformar-se plasticamente (BUDYNAS, 2011).
Para determinação do momento atuante sobre a estrutura será utilizada a
formula de momento fletor. A equação 10 demonstra como o momento fletor pode
ser determinado (BENTO, 2003).
No dimensionamento de peças deve-se levar em consideração a aplicação
de força em uma determinada região do componente, caracterizando assim o
momento fletor. A fórmula de momento fletor é aplicada nas secções críticas,
determinando assim o momento fletor máximo, (BENTO, 2003).

(10)

Onde:
= momento máximo ( )
= força máxima aplicada ao dispositivo inversor de carga ( )
= distância do ponto de fixação do dispositivo até onde a carga será
aplicada ( )

Outro ponto importante no desenvolvimento do dispositivo é o estudo da


tensão admissível do material utilizado, no caso aço ABNT 1020. É preciso garantir
que a carga limite que o material pode suportar seja maior que a carga real que ele
será submetido, podendo assim ser considerado admissível, levando em conta um
17

coeficiente de segurança para garantir o dimensionamento correto, equação 11


(BENTO, 2003).

(11)

Onde:
= tensão admissível ( )
= força máxima aplicada ao dispositivo ( )
= área da seção .

A tabela 3 demonstra vários tipos de materiais utilizados na fabricação de


peças, juntamente com suas especificações. O eixo que irá efetuar a inversão do silo
PROBOX também segue o modelo de cálculo da equação 11.
As funções do engenheiro não se limitam apenas á análise de estruturas e
máquinas já existentes, mas a escolha e dimensionamento de novos componentes
estruturais (BEER, 1996).

Tabela 3
Tensão admissível dos aços (kgf/mm2).

Fonte:Provenza, 1996.

A tabela 3 será utilizada para aferição dos cálculos de dimensionamento do


capítulo 4, onde será confrontado o valor encontrado nos cálculos de tensão
admissível com os valores disponíveis na tabela.
18

3 METODOLOGIA

Neste capítulo demonstra-se o como foi desenvolvido o dimensionamento do


inversor de carga, desde sua solicitação por parte da empresa até o
dimensionamento final do dispositivo.

3.1 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS

O desenvolvimento do estudo para a fabricação de um dispositivo de


inversão para montagem e desmontagem de silos PROBOX foi originado por uma
necessidade da empresa Pioneer Sementes S/A.
Inicialmente partiu-se de um conceito de inversor fixo, o que impossibilitaria
que o operador pudesse desenvolver o processo de montagem e desmontagem em
outro ambiente da empresa. Com o decorrer da análise do problema, constatou-se
que um inversor móvel, além de garantir que o operador possa realizar suas
atividades em qualquer ambiente disponível na empresa, sendo que o espaço físico
que empresa dispõe atualmente encontra-se seriamente comprometido, devido à
elevada produção de beneficiamento de sementes de milho.
Para o dimensionamento dos componentes do sistema, procurou-se revisar
a literatura pertinente disponível sobre sistemas hidráulicos, bem como componentes
e seu dimensionamento. Também foi utilizado manuais de empresas que são
consideradas referenciais no ramo de componentes hidráulicos.
Para produzir um esboço do dispositivo, a empresa disponibilizou fotos de
modelos existentes de inversores de carga, porém dispositivos caros e
superdimensionados para a operação que, devido ao baixo peso do silo PROBOX,
não necessita de um dispositivo de tal grandeza.
Os cálculos estruturais do inversor seguem a literatura disponível sobre
mecânica dos sólidos e ciência dos materiais, utilizando as unidades padronizadas
pelo Sistema Internacional de Unidades (SI). Para o dimensionamento dos
componentes hidráulicos, levou-se em consideração a bomba hidráulica já
disponível na paleteira elétrica que foi utilizada para acoplar o inversor de carga.
A perda de carga também será calculada, devido ao aumento do
comprimento da tubulação hidráulica, juntamente com o aumento dos componentes
de união, que afetam o desempenho de escoamento e consequentemente o peso a
19

ser levantado pelo sistema hidráulico. Após a análise foi constatado que é possível à
utilização de alguns componentes disponíveis na paleteira, com a de troca e
implementação de outros componentes.
O modelamento do dispositivo inversor segue métodos de engenharia
assistida por computador, com a utilização doSolidWorks 2011, que possibilita uma
boa análise estrutural com a utilização da função Simulation. Após essa fase foi
realizada uma analise dos resultados, bem como a viabilidade de fabricação do
dispositivo final.
A fabricação de componentes e, posteriormente, a montagem do dispositivo
foi realizada na empresa Agro Works, empresa situada em Santa Rosa, que atua na
área de implementos agrícolas. A Agro Works disponibilizou a estrutura da empresa
para que possa ser montado, pintado e testado o dispositivo inversor de carga.
A empresa Pioneer Sementes S/A disponibilizou um silo PROBOX para que
seja utilizado na fase de testes, a fim de garantir o correto funcionamento do
dispositivo e facilitar determinadas medições de cotas que possam ser necessárias
ao dimensionamento do inversor.
No fluxograma podem ser observadas as etapas realizadas durante o
desenvolvimento do dispositivo.

Figura 8: Fluxograma das etapas do desenvolvimento.


20

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A partir de toda a bibliografia encontrada, tanto em livros acadêmicos como


em manuais técnicos, pôde o autor dimensionar os componentes utilizados no
sistema hidráulico, bem como os materiais utilizados para sua fabricação.
O dispositivo foi desenvolvido visando uma oportunidade de mercado,
partindo de uma necessidade da empresa Pioneer Sementes S/A e empregando
embasamento teórico para o correto dimensionamento do dispositivo inversor de
carga. Definiu-se assim para o alcance do objetivo traçado, um estudo básico sobre
materiais de construção mecânica e componentes de sistemas hidráulicos, bem
como tipos de fluidos e perdas de carga no sistema.

4.1 DISPOSITIVO INVERSOR DE CARGA

O dispositivo inversor de carga foi dimensionado com base em modelos


apresentados pela empresa, que já estão disponíveis no mercado, adaptando ao
tamanho do silo PROBOX. Foi levado em consideração o peso dos silos, o tamanho
da paleteira e o tipo de movimento que o dispositivo necessitaria realizar. Após essa
análise foi desenvolvido com o auxilio do software SolidWorks um modelo de
dispositivo que foi apresentado à empresa.
Apresenta-se na figura 9 dispositivo inversor de carga para a montagem e
desmontagem dos silos PROBOX. O dispositivo possui uma massa de 150
quilogramas, possui 3 atuadores hidráulicos, dois com diâmetro de camisa de 40
mm, para efetuar o aperto do PROBOX, e um com diâmetro de 100 mm para efetuar
a elevação e retorno do inversor. O desenvolvimento do dispositivo foi realizado
levando-se em consideração as dimensões disponíveis no manual da paleteira
elétrica.
Posteriormente a fabricação do dispositivo inversor de carga, ele será
acoplado aos garfos de uma paleteira elétrica da marca Paletrans, modelo PT16,
que dispõe de um sistema elétrico hidráulico para realizar a movimentação de
cargas. Após o fim dos dimensionamentos dos componentes hidráulicos necessários
ao sistema, o autor optou pela substituição de alguns componentes e
implementação de outros.
21

Figura 9: Dispositivo inversor de carga.

A figura 10 mostra a paleteira PT16 que foi escolhida para acoplar o


dispositivo.

Figura 10: Paleteira PT16. Fonte: Paletrans.

A paleteira PT16 é um equipamento eletrônico destinado a elevar e


movimentar cargas em percursos planos, nivelados e isentos de buracos. No
22

ANEXO D demonstra-se como é o sistema hidráulico original da paleteira e o


ANEXO C demonstra a vista explodida da paleteira.
. O APÊNDICE A mostra o desenho do novo sistema hidráulico do conjunto,
bem como a denominação dos componentes. As principais alterações que podem
ser observadas são as implementações de dois cilindros que realizarão o aperto do
silo PROBOX para a operação de montagem e desmontagem poder ser executada e
a alteração da bomba existente pela bomba da Parker Hydraulics modelo PGP315.
Pode também ser observado como foi acoplada uma nova válvula direcional para
executar o aperto dos cilindros adicionados ao sistema.

4.2 DIMENSIONAMENTO DOS COMPONENTES

Para dimensionar os componentes do sistema hidráulico e os componentes


mecânicos do sistema serão utilizadas as equações discriminadas durante a revisão
bibliográfica.
Inicialmente a parte estrutural do dispositivo, com os cálculos de tensão
admissível, contemplada na equação 11, e momento fletor, contempada na equação
10, serão demonstrados. Para fins de aferição da garantia que o material é
adequado aos esforços, serão utilizados dados da tabela 3, que demonstra as
tensões admissíveis para diversos tipos de aços, com base nesta tabela podemos
analisar que o aço SAE 1020 pode ser utilizado para os esforços solicitados, além
de ser um aço de preço atraente, se comparado aos demais aços carbonos.

Após, é determinada a tensão máxima aplicada ao dispositivo, que pode ser


definida pela divisão da força aplicada pela área de apoio da carga. Pelo fato do
dispositivo estar acoplado em dois pontos de apoio, a carga também é dividida em
duas e inserida na equação 11 do referencial teórico.
23

Para aferição do material quanto sua resistência foi comparado o resultado


encontrado no cálculo da tensão admissível com os valores da tabela 3, que
contempla a tensão admissível para alguns aços ABNT.
O eixo de sustentação, que irá realizar a inversão do silo PROBOX possui
um diâmetro nominal de 40 mm, abaixo segue o cálculo para comprovação de que o
eixo suportará com segurança a carga exercida sobre o dispositivo inversor de
carga.

O material a ser utilizado é um aço carbono ABNT 1045, logo a tensão


calculada é menor que a tensão admissível do aço ABNT 1045.
Para fins de dimensionamento dos componentes hidráulicos, será
inicialmente calculada a vazão da bomba hidráulica, que pode ser definida em
conformidade com a carga máxima e a velocidade do sistema. A carga máxima a ser
elevada segue um coeficiente de segurança de 5 vezes o peso máximo do conjunto.
Outro fator de importante para a escolha da bomba é a pressão de trabalho
do sistema, que também é descrita a seguir conforme equação 2 do referencial
teórico.
24

Para fins de conversão foi utilizada a vazão em lpm (litros por minuto), logo a
vazão é de 16,9 lpm. Com a vazão necessária de 16,9 lpm, foi determinada a bomba
do sistema. Uma bomba de engrenagens fabricada pela ParkerHydraulics, modelo
PGP315. A tabela 1 demonstra as especificações da bomba.
Para dimensionamento dos atuadores hidráulicos que serão adicionados
para manter a carga suspensa durante a sua inversão, é preciso saber a força
necessária para que durante este processo o atuador hidráulico não recolha a haste,
ocasionando assim uma possível queda do PROBOX. Para tal dimensionamento
calcula-se a força que o cilindro possui no exato momento em que a carga atua
verticalmente sobre o cilindro, necessitando uma força resultante de valor igual ou
superior ao valor da carga. Para este dimensionamento leva-se em conta a área do
atuador e a pressão máxima de trabalho da bomba de engrenagens que é de 241
bar, convertendo para Pascal resultada em uma pressão de 2,41x10 4 Mpa, que irá
determinar a força disponível pelo cilindro, conforme equação 3.

Logo, a força disponível pelo cilindro é suficiente para atender a necessidade


do sistema, que é de 14750N.
Para a definição da perda de carga foi levado em consideração o
comprimento da tubulação original da paleteira elétrica somado ao comprimento
adicionado após a adaptação e implementação de mais dois atuadores hidráulicos,
bem como as novas conexões utilizadas, conforme tabela 4. O numero de Reynolds
é de extrema importância para esse dimensionamento e também é contemplado.
25

O sistema é provido de uma mangueira de 1,5 metros, que conecta a válvula


direcional ao cilindro de elevação de carga da paleteira, com um diâmetro de 3/8 de
polegada, para fins de cálculo o diâmetro considerado é de 9,525 mm.
Primeiramente é preciso saber o tipo de escoamento pelo número d Reynolds,
conforme equação 6.

Tabela 4
Comprimentos equivalentes.

Fonte: Palmieri, 1997.

Logo, escoamento laminar, Reynolds abaixo de 2000.


Para realizar o trabalho de aperto do PROBOX antes da inversão, será
instalado na via de saída para os cilindros de aperto. Da válvula direcional, uma
conexão tipo T efetuará a divisão da vazão para os dois cilindros instalados nos
braços do dispositivo inversor. As mangueiras utilizadas no sistema somam 6 metros
e possuem a mesma espessura da mangueira do cilindro de elevação de carga, 3/8
de polegada, que possui um metro de comprimento.
Com a definição dos componentes do sistema hidráulico, da pressão de
operação, da força necessária ao sistema, das conexões utilizadas e do
comprimento da tubulação que guiará o fluido, calcula-se a perda de carga do
sistema.
O comprimento equivalente total é dado aplicando a equação 9:
26

Outro fator importante para a definição da perda de carga é o cálculo do


fator de fricção, que pode ser determinado utilizando a equação 8:

Com esses dados, a perda de carga pode ser calculada utilizando os valores
encontrados até o momento e inserindo-os na equação 7.

A partir da determinação da perda de carga no sistema hidráulico do


dispositivo inversor de carga é possível determinar a pressão máxima efetiva
disponível no sistema. Sabendo que a pressão máxima da bomba de engrenagens é
241 bar e a perda de carga é de 34,78 bar, a pressão disponível no sistema é de
206,22 bar.
27

4.3 SIMULAÇÃO DE SUBCONJUNTOS

Aqui apresenta-se a simulação de tensão admissível, deslocamento e


deformação dos materiais realizada do dispositivo. A simulação foi realizada com a
aplicação de uma carga na extremidade do dispositivo, onde será realizado o aperto
para a inversão do silo PROBOX.
Tendo em vista os resultados obtidos até então, é possível simular com a
ferramenta Simulation do software SolidWorks, os esforços que o dispositivo irá
sofrer. Como as parte mais crítica do dispositivo detectadas foram o braço e o
suporte dos braços, foi realizada a simulação apenas nestes subconjuntos do
dispositivo, a figura 10 ilustra a tensão aplicada ao braço do dispositivo na simulação
feita com o SolidWoks.
Para garantir que o dispositivo não sofra nenhum tipo de deformação ou
quebra, foi determinada para realizar a simulação uma carga de 1500 kg, que é 5
vezes superior a carga máxima da operação, o que demonstra na figura 11 é que o
dispositivo irá suportar a carga aplicada. Essa carga foi estabelecida pensando na
possível utilização do dispositivo para manipulação de um silo PROBOX com milho
em seu interior. Em alguns pontos a tensão ultrapassa o limite admissível, porém na
simulação o braço não está acoplado, após o acoplamento os pontos críticos
estarão reforçados com os eixos das articulações.

Figura 11: Simulação da tensão máxima no braço do dispositivo inversor


de carga.
28

A figura 12 demonstra a simulação feita no braço do dispositivo inversor de


carga em relação ao deslocamento que o braço pode sofrer. O deslocamento
máximo com a carga de 14750N aplicada sobre o braço do dispositivo foi de 2,4 mm,
sendo um deslocamento aceitável pela proporção da carga aplicada ao braço.

Figura 12: Simulação do deslocamento máximo do braço.

Na figura 13 é apresentada a simulação que demonstra a tensão sofrida no


suporte que sustenta os braços do dispositivo e que também é responsável pelo
movimento de rotação do dispositivo.
Essa simulação foi desenvolvida a fim de garantir que o material utilizado,
com as dimensões determinadas, não sofra com a deformação plástica ou alguma
ruptura. A utilização do SolidWorks possibilitou essa comparação da tensão
calculada pelo software com a tensão admissível do material, disponível na tabela 3
do referencial teórico.
Os pontos críticos encontrados foram as extremidades próximas onde os
braços são acoplados ao suporte. Levando em consideração o grau do coeficiente
de segurança adotado, que é de 5 vezes o peso máximo de levantamento do
equipamento, a tensão calculada está dentro da admissível pelo material.
29

Figura 13: Simulação da tensão máxima no suporte dos braços.

Na figura 14 demonstra-se o deslocamento máximo sofrido no suporte dos


braços do inversor de carga em mm, ficando visível na imagem que o deslocamento
máximo sofrido é de 5 mm e também aplica-se nas extremidades do suporte, sendo
assim aceita como normal e novamente, com o coeficiente de segurança adotado,
satisfaz ás necessidades estruturais.

Figura 14: Simulação do deslocamento máximo no suporte dos braços do


dispositivo.

O suporte dos braços do dispositivo é o subconjunto que sofre a maior ação


da força aplicada ao sistema. Sendo que o esforço aplicado ao suporte dos braços
não foi considerado elevado, o dispositivo foi considerado adequado quanto á este
requisito.
30

Pelo fato de o suporte dos braços do inversor sustentar toda a carga elevada
no dispositivo, na figura 15 demonstra-se a deformação que esse subconjunto pode
ser exposto.

Figura 15: Simulação da deformação máxima do suporte dos braços.

Nota-se com a simulação que onde a deformação máxima ocorre, tanto a


parte superior como a parte inferior, não dispõem de um reforço lateral, situação que
poderá ser alterada durante a fase de testes do equipamento. Com os resultados
obtidos com a simulação do dispositivo inversor de carga, foi possível demonstrar
que ele suportará a carga de trabalho que será submetido e não ocasionará perigo
de quebra durante sua operação.
31

5 CONCLUSÕES

Através da pesquisa de revisão bibliográfica, foi possível ao autor dispor de


uma noção maior acerca de componentes hidráulicos, tanto em suas formas
construtivas, que variam de acordo com a necessidade do sistema, como também
pôde-se adquirir um conhecimento mais aprofundado sobre materiais de construção
mecânica.
A seleção dos materiais utilizados na pesquisa mostraram a importância dos
conhecimentos estabelecidos durante o curso de graduação, estes foram essenciais
para o correto dimensionamento do equipamento, já com a aplicação de softwares
aliado à conceitos matemáticos é uma ferramenta essencial, pois elimina a
possibilidade de sub ou superdimensionamento da estrutura, também possibilita
colocar em prática os conhecimentos voltados à fabricação de componentes e a
necessidade de análise da melhor forma construtiva.
Com a utilização do SolidWorks foi possível análisar os pontos de maior
importância do dispositivo, ao simular aplicações de cargas nos componentes pôde-
se avaliar os pontos potenciais de falha, que possam vir a ocasionar alguma
deformação ou até mesmo quebra dos componentes.
Sendo o objetivo geral do trabalho dimensionar um dispositivo inversor de
carga, demonstrou-se através dos cálculos que o objetivo foi alcançado. Já como
objetivos específicos foi possível reunir um embasamento bom teórico referente a
sistemas hidráulicos e materiais de construção mecânica. Com o desenvolvimento
do dispositivo o número de pessoas envolvidas no processo também reduziu,
necessita apenas uma pessoa para operar o dispositivo e, por fim, foi possível
automatizar o processo de montagem e desmontagem dos silos.
A proposta de adaptar o dispositivo inversor de carga em uma paleteira
elétrica foi uma alternativa que veio ao encontro às necessidades da empresa, já
que não dispunha de um ambiente amplo para o processo e, eventualmente
necessita mudar o local em que o processo é efetuado.
32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEER, Ferdinand Pierre, E. Russel Johnston, Jr. Resistência dos materiais. 3a ed.
São Paulo. MAKRON Books, 1995.

BENTO, Daniela A. Fundamentos de resistência dos materiais. Florianópolis.


CEFETSC, 2003.

BRASIL, Aroldo Vinagre. Máquinas de levantamento. Editora Guanabara Dois, Rio


de Janeiro, 1985.

BUDYNAS, Richard G., Nisbee, J.K. Projeto de Engenharia Mecânica. 8ª edição.


Porto Alegre: AMGH, 2011.

DE NEGRI, Vitor Juliano. Sistemas hidráulicos e pneumáticos para automação e


controle. UFSC. Florianópolis, 2001.

DRAPINSKI, Juanez. Hidráulica e pneumática industrial e móvel. Pernambuco:


McGraw-Hill do Brasil, Ltda, 1975.

FIALHO, Arivelto Bustamante. Automação hidráulica: projetos, dimensionamento


e análise de circuitos. 2 ed., São Paulo: Érica, 2003.

_______. Solidworks premium 2009: teoria e prática no desenvolvimento de


produtos industriais: plataforma para projetos CAD/CAE/CAM. São Paulo: Érica,
2009.

GILES, Ranald V., EVETT, Jack B., LIU, Cheng. Mecânica dos fluídos e
hidráulica. 2. ed. São Paulo, 1996.

LINSINGEN, Irlan Von. Fundamentos de sistemas hidráulicos. 2. ed. revisada.


Florianópolis.Ed. da UFSC, 2003.

MYERS do Brasil Ltda. Linha silo. Disponível em:


<http://www.myers.com.br/2012/index2.php?menu=prod&COD_LINHA=6>. Acesso
em: 22 de junho de 2012.

NASSAR, Wilson Roberto. Apostila de Máquinas de Elevação e Transporte.


Universidade de Santa Cecília, 2004.

Paletrans Equipamentos Ltda. Manual Linha PT16. Disponível em:


<http://www.paletrans.com.br/admin/Content/pdf/manuais/63478946682713593.pdf>.
Acesso em: 15 de agosto de 2012.

PALMIERI, Antonio Carlos. Manual de hidráulica básica. 10ª ed. Porto Alegre,
1997.

PARKER Training Tecnologia hidráulica industrial. Apostila M2001 BR. 1998.


33

PASSOS, Lucas da Costa dos. Apostila: Técnicas de instalação, operação,


manutenção testes e inspeção: pontes rolantes, guindastes giratórios e acessórios
de movimentação de cargas. Make Engenharia, Acessoria e Desenvolvimento, 2011.

PEREIRA, Pedro Ivo Inácio. Análise teórico-experimental de controladores para


sistemas hidráulicos. Florianópolis. UFSC, 2006.

PROVENZA, Francesco - PRO-TEC - Desenhista de Máquinas. 71a Edição. São


Paulo.Editora F. Provenza, 1996.

RUDENKO, N. Máquinas de elevação e transporte. Tradutor: João Plaza. Rio de


Janeiro. Livros Técnicos e Científicos, 1976.
34

APÊNDICE A – ESQUEMA HIDRÁULICO DO DISPOSITIVO INVERSOR DE


CARGA

Esquema hidráulico do inversor de carga.


35

ANEXO A –TABELA ISO DE VISCOSIDADE DOS FLUIDOS

Tabela de viscosidade segundo sistema ISO. Fonte: PARKER, 1998.


36

ANEXO B– TABELA DE COMPRIMENTOS EQUIVALENTE

Comprimentos equivalentes e perdas de carga localizadas. Fonte: Palmieri, 1997.


37

ANEXO C – VISTA EXPLODIDA DA PALETEIRA PT16

Vista explodida da paleteira PT16. Fonte: Paletrans.


38

ANEXO D - SISTEMA HIDRÁULICO DA PALETEIRA PT16

Esboço do esquema hidráulico original da paleteira PT16. Fonte: Paletrans.

Você também pode gostar