2 2019 Curso Demencias .PARTE1
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através da percepção,
da atenção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento
Transtornos Cognitivos em idosos e linguagem.
A palavra Cognitione tem origem nos escritos de Platão e Aristóteles.
AMNÉSTICO
NÃO AMNÉSTICO
Comprometimento Cognitivo Leve
(CCL)
DEMÊNCIAS:
POTENCIALMENTE REVERSÍVEIS
IRREVERSÍVEIS
CCL – Definição:
CCL – Comprometimento Cognitivo Leve
Estado de transição entre o envelhecimento normal e a
demência (Mayo Clinic- Rochester- USA)
Termo derivado do inglês (Mild Cognitive Impairment- MCI).
Estado cognitivo de transição entre o normal e o patológico; 1999: presença de queixas de memória episódica como
estágio prodrômico de quadro demencial(?) comprometimento mandatário da cognição e demonstração
objetiva de menor desempenho cognitivo do que o esperado
Diferentes do envelhecimento normal e das queixas além de preservação do funcionamento intelectual e
subjetivas de memória. funcional.
O CCL é um fator de risco para demência (principalmente 2004: Ampliação do conceito, abrangendo domínios
Alzheimer) cognitivos como linguagem, atenção, funções executivas
(minimamente) e visoespaciais e presença de déficits
secundários
Classificação:
CCL na DA (Amnéstico)
(modificado de Albert et al.,2011)
Critérios diagnósticos do Comprometimento
Cognitivo Leve
1-Critérios Clínicos Centrais
1. Queixas cognitivas provenientes do paciente e/ou familiar.
1a -Características clínicas e cognitivas
2. Sujeito ou informante relatam declínio no funcionamento cognitivo
em relação a habilidades prévias no último ano. .Queixa de alteração cognitiva relatada por paciente, informante próximo ou
profissional.
3. Déficit cognitivo evidenciado por avaliação clinica em memória ou
.Evidência de comprometimento em 1 ou + domínios cognitivos (Avaliação
outro domínio cognitivo. que compreenda os domínios: memória, função executiva, linguagem e
habilidades visuais-espaciais ou EXAME NEUROPSICOLÓGICO).
4. Comprometimento cognitivo não tem repercussão importante nas
AVDs, no entanto, pode haver dificuldade em atividades complexas. .Preservação da independência nas atividades funcionais. Pode haver
dificuldades leves em tarefas complexas, pode ser menos eficiente e errar
mais, mas mantém a independência com assistência mínima.
5. Sem evidência de demência
. Não preenche critérios para demência.
Portet et al.,2006
Demências
Slide 5
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2008/piramide/piramide.shtm http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2008/piramide/piramide.shtm
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Taxas Anuais de Incidência de Demência
Demência: Evolução do Conceito
Demências
Demência Tipos
Depressão
2. Demências Irreversíveis
Demência na Doença de Alzheimer
Demência Vascular
Histórico:
C–
100x
A–
50x
Quadro clínico
Demência na DA Amnéstica:
ABRAz
Formas de apresentação clínica da Demência na DA
Doença de Alzheimer
Doença de Alzheimer Critérios Diagnósticos
Critérios Diagnósticos Depto Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia
Depto Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia
Brasileira de Neurologia I-Doença de Alzheimer Provável:
I-Doença de Alzheimer Provável: 4. Tomografia ou Ressonância Magnética (RM) realizada para diagnóstico
1.Início insidioso diferencial ou de comorbidades (Principalmente com Doença Vascular)
Quando presentes, os itens abaixo aumentam a confiabilidade O paciente deve preencher critérios clínicos para demência na DA, porém com
diagnóstica da demência da DA provável: alguma das circunstancias abaixo:
-Evidência de declínio cognitivo constatado em avaliações frequentes. -Curso atípico: início abrupto e/ou padrão evolutivo distinto do usual, que é
-Comprovação de mutação genética causadora de DA (genes da APP e lentamente progressivo
presenilinas 1e 2).
-Apresentação mista: evidência de outras etiologias (doença cerebrovascular
-Positividade de biomarcadores que reflitam o processo patogênico da concomitante, características de D. de Lewy; outra doença neurológica ou
DA (marcadores moleculares através de PET ou liquor; neuroimagem comorbidade não neurológica; uso de medicação que possa prejudicar a
estrutural e funcional). cognição.
Nos últimos 10-15 anos, pesquisas tem demonstrado que as COM DELIRIUM
alterações cerebrais consideradas características da Demência
de Alzheimer se iniciam muito antes da manifestação dos
sintomas demenciais (cerca de 15 a 20 anos) COM TODAS AS OUTRAS DEMÊNCIAS (REVERSÍVEIS E
IRREVERSÍVEIS)
Também descobriu-se que nem todas as pessoas que tem essas
alterações desenvolvem demência. COM TRANSTORNOS DELIRANTE DE INÍCIO TARDIO
Portanto, existe uma Doença de Alzheimer sem demência e a COM DEPRESSÂO GRAVE (“Pseudodemência”)
Demência na Doença de Alzheimer.
Delirium
É importantíssimo fazer o diagnóstico diferencial entre DEMÊNCIAS
e DELIRIUM: • “Estado confusional agudo”
• Frequente em idosos (30-60%):
• Alta taxa de mortalidade com doenças agudas ou crônicas descompensadas agudamente
• Maior período de hospitalização em abstinência ou intoxicações medicamentosas em pós-operatório
• Maior institucionalização após alta
Delirium - Definição (CID-10):
Síndrome cerebral orgânica sem etiologia específica
caracterizada pela presença simultânea de:
perturbações do nível de consciência, atenção, percepção, pensamento, memória,
comportamento psicomotor, emoções e ritmo vigília-sono.
Duração e gravidade variáveis.
Diagnóstico Diferencial
Diagnóstico Clínico da Demência na DA
DEMÊNCIA DELIRIUM
Obrigada
Teste do relógio
PFEFFER -
Avaliação
Funcional-
Diagnóstico da DA
5-Neuroimagem
Escala de Scheltens
Amígdala, Hipocampo e Giro Amígdala, Hipocampo e Giro
Parahipocampal Parahipocampal
Neuroimagem Funcional
6- Exame de líquor
Recomendações
Quando solicitar:
• Demência de início pré-senil;
• Hidrocefalia comunicante;
Tratamento da Demência na DA
Tratamento Farmacológico:
Sintomas cognitivos
Sintomas comportamentais
Tratamento não farmacológico:
Tratamento não medicamentoso da Demência na DA
Resultados esperados
Tratamento Farmacológico
Demência na Doença de Alzheimer (DA)
Tratamento Farmacológico da Demência na DA
1- Inibidores de colinesterase
2 - Memantina
Doses recomendadas:
Troca de IChE
SNP
Delírios em Doença de Alzheimer
Alucinações:
Prevalência: 16,9-34,3%
Agressividade:
VERBAL: 11 - 51%
FÍSICA: 1 - 56%, mais frequente em institucionalizados
Outros SNP
SNP nas demências em geral
• Desinibição: perda crônica do retraimento social
Prejuízo em função cortical mais alta ou em lobo frontal (fases mais
tardias da DA) Lesser & Hughes, 2006 DA (205), DFT (29), DM (39), DCL (23)
• Institucionalização precoce
• Maior custo dos cuidados
• Perda da qualidade de vida
• Sofrimento para paciente e cuidador
A) DELÍRIOS (NA) O paciente acredita em coisas que você sabe não serem reais? Por exemplo,
insiste que alguém está tentando fazer-lhe mal ou roubá-lo? Afirma que seus parentes não
são quem dizem ser ou que a casa onde mora não é sua? Não estou me referindo apenas a
desconfiança; estou interessado em verificar se o paciente está convencido que essas coisas
estão acontecendo com ele.
NÃO (passe à próxima pergunta de rastreamento) SIM ( passe às subquestões)
1.O paciente acredita estar em perigo e que outros estão planejando machucá- lo ?
2.O paciente acredita que está sendo roubado ?
3.O paciente acredita que está sendo traído pelo cônjuge ?
4.O paciente acredita que hóspedes indesejados estão morando em sua casa ?
5.O paciente acredita que seu cônjuge ou outras pessoas não são quem aleqarn ser ?
6.O paciente acredita que sua casa não é sua casa ?
7.O paciente acredita que seus parentes planejam abandoná-lo ?
8.O paciente acredita que personagens de televisão ou revistas estão presentes em sua casa ?
(tenta conversar ou interagir com eles ?)
9.O paciente acredita em outras coisas estranhas sobre as quais não conversamos ?
(Cummings, UCLA)
Instruções:
Versão Brasileira da Escala Cornell de 1. Inicialmente, o entrevistador pergunta ao cuidador
sobre os 19 itens da escala e posteriormente
Depressão em Demência entrevista brevemente o paciente.
(Cornell Depression Scale in Dementia) 2. A gravidade de cada item é pontuada de acordo com
três níveis: ausente, leve/intermitente e grave, sendo
Maria Teresa Carthery-Goulart, Renata Areza-Fegyveres, Rodrigo R. Schultz,
possível também a classificação "não é possível
Ivan Okamoto, Paulo Caramelli, Paulo Henrique F. Bertolucci, Ricardo Nitrini avaliar".
3. O cuidador é instruído a falar de sintomas que
ocorreram na semana anterior à entrevista. Os
sintomas e sinais são descritos ao informante da
forma como eles aparecem no questionário.
Escala Cornell de Depressão em Demência Escala Cornell de Depressão em Demência
(Alexopolous et al., 1988) (Alexopolous et al., 1988)
4. O entrevistador é autorizado a utilizar descrições ou explicações 6. Durante a entrevista com o acompanhante, o avaliador
adicionais, a fim de ajudar o informante a entender o significado de confirma os dados obtidos com o paciente brevemente. Se
cada item. houver discordância significativa entre o que o relato do
5. Dois dos itens: "perda de interesse" e "perda de energia" requerem cuidador e o do paciente, o examinador deve entrevistar o
que o paciente esteja envolvido de forma menos intensa em informante novamente para dirimir eventuais dúvidas.
atividades usuais durante a semana antes da entrevista, mas também 7. Não devem ser atribuídos pontos se os sintomas resultarem de
que as mudanças de comportamento tenham ocorrido de forma incapacidade física.
geralmente aguda (por exemplo em um período menor que 1 mês). 8. O escore final da ECDD é estabelecido com base no julgamento
Nesses dois itens, solicita-se que o informante inicialmente descreva final do entrevistador sobre os dois relatos.
o comportamento do paciente na semana anterior e a seguir, que ele 9. Um escore de 8 ou mais sugere sintomas depressivos
dê informações sobre a instalação de mudanças de comportamento significativos.
que possam ter ocorrido antes. O item "perda de peso" baseia-se em
mudanças de peso desde o mês anterior da entrevista.
SNP
Estratégias potenciais de tratamento
3. Intervenções farmacológicas
Interação Social Com pessoas: visitas de familiares e amigos, conversas com Estratégia Geral Exemplos
staff, áudio e vídeos para recordar familiares e amigos.
Com animais: visita de animais e pet terapia. Comportamento de Reforço Reforçar comportamentos desejados com
recompensa.
Engajamento em Atividades Atividades para o paciente conforme capacidade e Educação do Staff/Cuidador Treinar construção de empatia com os pacientes,
interesses prévios (jogos e quebra cabeça), música usando gentileza e sendo persuasivos, psicoeducação
(conserto, rádio, musicoterapia), artes (pintura, desenho e relativos aos sintomas observados e sua progressão e
arteterapia); tecnologia (computador, tablet). Incentivar manejo do estresse.
grupos.
Recomendações para problemas comportamentais • Inibidores das colinesterases (Tb usados para sint
cognitivos)
• Música, especialmente durante refeições e banho; • Memantina (Tb usada para sint cognitivos)
caminhadas ou outras formas de exercício leve (Guidelines)
• Educação do cuidador
• São sugestivas de benefícios: massagem; programas intensivos Melhora do comportamento motor aberrante, psicose, apatia,
de cuidados psicossociais; terapia com animais; comandos irritabilidade
voltados para o nível de compreensão do paciente; terapia com
luz; estimulação cognitiva Benefício significativo, mas modesto
(NPI: 2 ptos) Sink et al., 2005
Sem mudanças significativas nos escores do NPI durante 4 anos de
seguimento Courtney et al., 2004
• Antipsicóticos
• Antidepressivos
• Estabilizadores de
humor
• Outros
1
ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS:
0
Risperidona, Olanzapina, Quetiapina, Ziprazidona etc
-
Tratam delírios, alucinações, agitação, agressividade 1
-
2 Risperidone Haloperidol Placebo
40 Mean age 66
years Haloperido
30 l
of TD (% patients)
10
Risperidone
(n = 61) *
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Months of
treatment
*p<
0.05 Jeste et al., 1999 Sink et al., 2005
Antidepressivos em SNP
• Bem tolerados.
• Tratam sintomas depressivos e ansiosos com bons resultados, • Três estudos comparativos: sertralina e citalopram apresentam
mas não são efetivos para agitação
(exceções ???: citalopram, Escitalopram ) eficácia comparável a haloperidol e risperidona respectivamente
no tratamento da agitação
• Sem evidências de benefícios com o uso de valproato ou • SNPC: muito frequentes, resultando em sofrimento,
carbamazepina institucionalização precoce e aumento de custos
• Não há ensaios clínicos com lítio • Abordagens não farmacológicas devem constituir sempre a
primeira opção de manejo e tratamento
Stone SS, Texeira CM, Devito LM, Zaslavsky K, Josselyn SA, Lozano
AM, Frankland PW.
CASO CLÍNICO
Conduta:
Peço RM de encéfalo e Avaliação neuropsicológica
Avaliação Neuropsicológica: Conclusão • Redução na capacidade para reter e manipular informações na memória
de trabalho. Este desempenho poderá comprometer o processo de
A interpretação do resultado deste exame e a conclusão diagnóstica são atos compreender narrativas verbais extensas e consequentemente,
médicos; dependem da análise conjunta dos dados clínicos e demais exames prejudicará a leitura de artigos longos.
do paciente. • Dificuldade de recordar informações recentes (memória declarativa
Os dados de exame no momento apontaram para senhor com recursos episódica). Logo, o Sr. P deve usar agenda para anotações e os
intelectuais estimados na faixa média alta, medidos por testes padronizados familiares deverão repetir as informações quantas vezes forem
à população brasileira – WAIS-III. necessárias.
No aspecto cognitivo apresentou múltiplas alterações cognitivas, sejam Não foi respondido o instrumento do informante (IQCODE), pois o paciente
essas: atenção complexa, funções executivas, linguagem, memória e veio sozinho a sessão.
aprendizagem. Portanto, o Sr. P mostrou: Os déficits cognitivos não são melhores explicados por Transtorno do Humor
• Dificuldade de atenção dividida. Logo, precisará no dia-a-dia realizar (GDS=3/15), pois o paciente encontrou-se eutímico.
uma atividade de cada vez. O perfil neuropsicológico atual apontou para perdas compatíveis ao
• Dificuldade para identificar e organizar os passos necessários para se Transtorno Neurocognitivo Maior (alteração funcional cortical) pelos critérios
levar a cabo uma intenção e alcançar uma meta (planejamento). Na vida da DSM-V.
diária o Sr. P deverá estabelecer uma rotina diária clara e No caso de dúvida quanto ao conteúdo do relatório, aconselha-se
consistente. agendamento de devolutiva.
• Dificuldade para buscar ativamente na mente palavras com restrições
semânticas. Logo, na vida diária poderá pensar em uma palavra e vir INDICAÇÃO TERAPÊUTICA:
outra em sua mente e ter um comportamento de repetição do mesmo Retorno médico.
assunto. É importante usar frases curtas e dar continuidade ao tópico Sugere-se Reabilitação Cognitiva Individual para retardar a perda cognitiva
de uma conversa pelo maior tempo possível quando os familiares pelo maior período de tempo.
estiverem falando com ele.
Obrigada!
Conduta:
Orientações gerais + Reabilitação neuropsicológica
+
Medicação: Exelon Patch - iniciar com adesivo de 5 cm; aumentar para o
adesivo de 10 cm no 31º dia e ajustar para adesivo de 15 cm a partir do
61º dia.
Evolução:
Paciente se mantém estável.
MMSE de 28 pontos enquanto em acompanhamento comigo.
Em uso da medicação transdérmica sem efeitos colaterais.
Após 3 meses, abandonou a reabilitação dizendo que voltaria a estudar
línguas, o que não realizou.