Sacramento Ao Pé Do Mar
Sacramento Ao Pé Do Mar
Sacramento Ao Pé Do Mar
Sacramento ao pé do mar:
batismo de africanos na freguesia da Conceição da Praia Grande,
1700-1751.
Abstract Resumo
The Parish of Conceição da Praia, in the city Na cidade de Salvador da Bahia no século
of Salvador, Bahia, was the port area of this dezoito, a freguesia da Conceição da Praia era
Brazilian state in the eighteenth century. This a área de porto da capital do estado do Brasil.
port area seethed with the slave carriers’ and A área portuária da cidade da Bahia fervia no
dockers’ activities, working on ships with período com a atividade de carregadores
passenger landing and cargo. There, the escravos e estivadores trabalhando nos navios
Africans were the majority: According to em desembarque de passageiros e carga. Em
Roman Catholic Church baptismal Conceição da Praia os africanos eram
documents, the major nation was the Mina. maioria. De acordo com a documentação de
The name originated from the Costa da Mina batismo da igreja católica, a maior nação de
or The Mina Coast, in West Africa. They Conceição da Praia era os mina. O nome se
reached more than 96% of the ethnic samples origina da Costa da Mina, na África
before 1750. Second to the mina was the Ocidental. Dos escravos africanos na
Gentio da Costa, or the Gentiles from the Conceição da Praia, os mina chegaram a mais
Coast, whose name came from an old de 96% das amostras étnicas antes de 1750.
Portuguese custom of considering a Gentile Seguindo os mina, estavam os Gentio da
anyone from West Africa. Less mentioned in Costa. Um uso oriundo de antigo costume
terms of birthplace were those from português que identificava qualquer um vindo
Mozambique, in East Africa. This article also da África Ocidental como Gentio da Costa.
discusses the identification in the slave Menos freqüentemente mencionados como
experience in the colonial Bahia, and suggests local de nascimento nos termos de batismo
a singular perspective for the investigation of estavam os Moçambique da África Oriental.
the African identity in Bahia during the Este artigo discute, também, esta
eighteenth century. identificação na experiência dos escravos na
Bahia colonial e sugere uma perspectiva
singular para a investigação das identidades
africanas na Bahia durante o século XVIII.
1
Para uma visão em detalhes de Salvador no século XIX ver NASCIMENTO, Anna Amélia Vieira do. Dez
freguesias da cidade do Salvador. Aspectos sociais e urbanos do século XIX. Salvador, Fundação Cultural do
Estado da Bahia, 1986, p.35.
2
Geraldo Loyola afirma que esta primeira igreja, construída em pedra, na época de Tomé de Souza, na beira
do mar, depois afastada por sucessivos aterros, não desapareceu para dar lugar a colossal Conceição da Praia,
terminada em 1765, mas foi oculta durante séculos dentro da nova. Este o argumento central de seu livro.
MARTINS, Geraldo Ignácio Loyola Sodré. Nossa Senhora da Conceição da Praia, 1765: construção ou
ampliação? Salvador: Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1985.
3
Sobre a Carreira das Índias veja AMARAL LAPA, José Roberto de. A Bahia e a Carreira da Índia. São
Paulo, Hucitec/Edunicamp, 2000.
da Preguiça até o Pilar, a Conceição da Praia era facilmente atravessada entre o mar e a
montanha, mas trabalhosamente coberta em seu formato longo e estreito.
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freguesia6. Mas não resta dúvida que por todo o século XVIII a maior estabelecimento
público na região era a Ribeira das Naus. Estrategicamente colocada á cavaleiro da Casa da
Câmara, do Palácio dos Governadores e de frente do Forte do Mar, a Ribeira era de longe a
mais grandiosa repartição estatal da cidade da Bahia. Servida por um guindaste e um canal
onde as embarcações eram levadas ao mar ou consertadas, era mantida por centenas de
escravos em sua maioria, africanos7.
A Ribeira era protegida por um forte e uma bateria de artilharia, e mantinha uma
pequena caldeira para produção de implementos de ferro. Era ladeado por um grande
armazém, inclusive o armazém do Estanco do Sal. Ao lado ficava a residência do
Intendente da Marinha, responsável por toda a atividade no estabelecimento. Tudo de frente
da portentosa nova igreja da Conceição da Praia, onde milhares de africanos, inclusive
aqueles de Manuel Álvares de Carvalho, recebiam o primeiro sacramento da Santa Madre
Igreja Católica.
Além da matriz, havia na freguesia duas capelas: uma do Corpo Santo, na igreja de
São Pedro Gonçalves, cuja irmandade era mantida pelos africanos jejes8 (que não aparecem
nos batismos da Conceição) e a de Santa Bárbara. Era das freguesias com menor número de
templos religiosos. Em compensação a catedral da Conceição da Praia demandou um
século inteiro de obras para ficar completa.
6
Kátia Matoso nos anos 1980 encontrou esquecidos nos porões do Mercado Modelo – que hoje ocupa o
prédio da antiga Alfândega – os livros de registro de entrada e saída de mercadorias. Infelizmente somente
sobreviveram livros datados a partir do final do século XVIII.
7
Certa vez um escravo crioulo da Ribeira enviou uma correspondência ao Governador da Capitania
conseguindo sua transferência para outro serviço mais leve, pois aquele, na visão da autoridade, era próprio
para africanos não negros “nascidos na terra”. Relação da Bahia, Códice 637, L 9, 17/11/1744, Arquivo
Nacional.
8
Para a presença dos jejes no Corpo Santo ver PARES, Nicolau. A formação do candomblé: história e ritual
da nação jeje na Bahia. Campinas: Ed. da Unicamp, 2006, pp. 82-90.
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Era neste ambiente de becos e vielas, que ficavam por trás da enseada tomada de
construções, que os escravos da Conceição da Praia ganhavam suas vidas. O ambiente era
coalhado de carregadores, de escravos de cangalha, de vendedoras de quitanda, de
comércio à varejo e atacado, como testemunham todos os relatos dos que passaram por
aquelas ruas entre o século XVIII e os primórdios do XIX.
Conceição da Praia era a área por excelência da presença escrava na cidade, até pela
natureza de suas atividades econômicas fundamentais. Um censo de 1724 fornece uma
amostra do peso do trabalho escravo em comparação com outras freguesias. Enquanto a Sé
registrou 3.992 escravos, a Conceição da Praia tinha 2.820. Entretanto, na Conceição estes
cativos perfaziam 57,1% da população, enquanto na Sé eram 50,9%.9
9
Padre Gonçalo Soares de França “Dissertações da história eclesiástica do Brasil (1724)” Sociedade de
Geografia de Lisboa, Manuscritos reservados 1-C-147, cf. SCHWARTZ, Stuart “Alforria na Bahia 1684-
1745” in Stuart Schwartz, Escravos, roceiros e rebeldes. Bauru: Edusc, 2001, p.174.
10
Para um artigo recente sobre compadrio de escravos veja Cacilda Machado. “As muitas faces do compadrio
de escravos: o caso da freguesia de São José dos Pinhais (PR) na passagem do século XVIII para o XIX” in
Revista Brasileira de História, nº 52, vol. 26, jul. dez. 2006. pp. 49-77. Ver também FERREIRA, Roberto
Guedes. Na pia batismal. Família e compadrio entre escravos na freguesia de São José do Rio de Janeiro
(primeira metade do século XIX). Dissertação de Mestrado, PPGHIS-UFF, 2000. NEVES Maria Rodrigues.
“Ampliando a família escrava: compadrio de escravos em São Paulo no século XIX” in História e População,
São Paulo Abesp/Iussp/Celade, 1989. BOTELHO Tarcísio, “Batismo e compadrio de escravos: Montes
Claros, Minas Gerais, século XIX” in Lócus, Juiz de Fora: Ed. da UFJF, 1997, v.3, pp. 108-115.
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da Sé. O termo incluía grande variedade de diferentes povos embarcados em larga costa da
África ocidental. Mas alguns detalhes devem ser observados melhor.
Os angolas são apenas dois, mas batizados somente entre 1738 e 1744, quando o
tráfico entre Luanda e Bahia era intenso. De qualquer modo angolas, como já falamos,
eram costumeiramente batizados na costa africana.13 Mais surpreendente era o número de
moçambiques na Conceição. Entre 1736 e 1750 onze moçambiques receberam batismo na
matriz da Sé. De acordo com Antonil eles vinham na nau das Índias, que aportavam na
Bahia na última escala da Carreira antes da ancoragem em Lisboa.14 Destes africanos
orientais cinco foram em um único dia: em quatro de outubro de 1747 Manoel José
Rodrigues batizava cinco moçambiques, cujo padrinho era um cativo de nome Eliseu,
propriedade de um provável compadre de Manoel, outro Manoel dos Santos Chaves.
Africanos orientais nunca se destacaram no tráfico para a Bahia.
11
RODRIGUES, Nina.Os africanos no Brasil, São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1977, p. 35.
FREYRE, Gilberto, Casa Grande e Senzala. Rio de Janeiro: Record, 1999, p. 389, todos citados em Nicolau
Pares, op. cit. P. 24.
12
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. São Paulo: s.ed. 1923, p.
123, cf. Pares, op. cit. p. 24.
13
O Angola Manuel, escravo de Francisco Gonçalves Barbosa, foi batizado “subconditione” que era em
dúvida se tinha recebido o sacramento antes na costa da África.
14
ANTONIL, idem.
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15
Para o tráfico em direção ao Maranhão e Pará na virada do XVII para o XVIII ver artigo de
CHAMBOULEYRON, Rafael. “Escravos do atlântico equatorial: tráfico negreiro para os estados do
Maranhão e Pará” in Revista Brasileira de História, vol. 26, nº 52, 2006, pp. Jul.-dez. 2006, pp. 79-114.
16
SCHWARTZ, Stuart. “Alforria na Bahia 1684-1745...” op. cit. pp. 165-212.
17
Os minas formam subgrupos como mina ladino (ou Lada) mina courace (muito comum nas Minas Gerais) e
os mina sabara, que podia ser savalu. SCHWARZ, Stuart. Op. cit. p. 181.
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Outro dado aproximado sobre o africano se refere ao padrão etário. Não existia
preocupação – nem capacidade – de registrar a idade exata do africano, mas mesmo com
esta ressalva um grande número deles recebeu indicação de pertencer a uma determinada
faixa. Assim, como vemos na Tabela 6 onde nada menos de 90% destes africanos eram
adultos para o padrão da época. A população de africanos novos chegados à Conceição da
Praia na primeira metade do século XVIII era predominantemente de adultos da Costa da
Mina.
Na Tabela nº. 3 vemos a freqüência dos batismos por ano. Claro está que este
padrão tem relação sensível com os movimentos do trato negreiro, mas também responde a
questões locais. Os ardra são um grupo exemplar neste sentido, como falamos acima. Mas
qual a causa de no ano de 1701 apenas três africanos terem sido batizados em Conceição da
Praia? O fato de o prédio da igreja estar em reforma teve impacto? Possivelmente não, pois
a obra não eliminou a igreja velha, como dissemos.
O estado civil (tabela 4) era uma informação quase sempre fixada somente nas
mulheres. Mas a percentagem baixa de mulheres solteiras como proprietárias aponta que
muitas senhoras herdavam de seus maridos, comerciantes residentes na Praia, os cativos
colocados em atividades comerciais e de serviços. Sintomaticamente, a proprietária que
mais batizou africanos na Conceição da Praia, de acordo com os registros que sobreviveram
ao tempo, foi Joana do Nascimento, com 12 adultos da Costa da Mina que entraram em
batismo entre 1736 e 1748, e que era viúva de Manoel Gonçalves Vianna, que faleceu antes
de 1736, ano do primeiro batismo registrado por ela.19
18
O citado censo de 1724 mostra 186 “criados” na Sé como 1.303 “fogos” para 79 criados na Conceição da
Praia para apenas 980 “fogos”.
19
Manoel Gonçalves Vianna não foi localizado entre os proprietários.
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As mulheres tem uma média bem menor do que os homens entre proprietários, o
que era esperado daquela sociedade fortemente masculinizada. Os 227 registros de escravos
batizados com senhores do sexo feminino, apenas representavam 163 mulheres diferentes.
Destas senhoras 131 (80%) tinham apenas entrado uma única vez no registro com um
africano. Logicamente a exclusão de crioulos cria distorções nos dados, mas não retira sua
representatividade em época de intensa importação de africanos.
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Para os homens aqueles com apenas um escravo africano em batismo eram apenas
662 ou 68% deles. A média de escravos por senhores era sensivelmente maior entre
homens do que entre as mulheres. Mas o dado mais marcante da Conceição da Praia era de
proprietário de escravos africanos também encerrados na condição escrava.
Senhores em cativeiro
Mas temos que aprofundar ainda mais neste estrato em busca de respostas. O
padrinho era parte importante desta relação. Quase a metade destes padrinhos (17 ou 51%)
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eram também escravos, o que configura uma relação tríplice do escravo batizado, o escravo
senhor e o escravo padrinho. Um dos padrinhos, Joaquim escravo de Antonio Touginho,
além de ser padrinho de Ana do gentio da Costa da Mina, escrava de Antunes, por sua vez
propriedade de Ângela Maria, em 30 de junho de 1748, tinha sido convocado como
padrinho antes de pelo menos 13 (treze) africanos entre 1737 e 1751. Sempre para escravos
da Costa da Mina. O que aponta que Joaquim era um padrinho concorrido da comunidade
africana da Conceição da Praia.
Destes 33 senhores sui generis pelo menos vinte e dois (66%) registraram a própria
freguesia da Praia como local de morada deles, ou de seus donos. Dois vem de São Pedro e
dois do Pilar, além de sete sem registro. Este dado era esperado, e mostra uma densa
população escrava residindo naquela área comercial da cidade.
Havia uma evidente reserva dos escrivãos para registrar a origem africana dos
senhores, o que se entende em uma sociedade fortemente marcada pelo jugo do africano ao
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Senhores libertos
Um dos dados mais intrigantes é relativo aos libertos e forros donos de escravos. Na
Tabela 8 vemos os dados referentes aos forros que batizaram africanos na Praia na 1ª
metade do século XVIII. Nada menos de 67% dos ex-escravos proprietários de escravos
eram mulheres. Este número surpreendente de libertas com certa renda para comprar
cativos africanos em época de alta de preço surpreende aqueles que olham uma sociedade
urbana ainda incipiente.
Em um olhar mais detalhado vemos que algumas chegavam além. Florência Pereira
adquiriu um casal de africanos minas, batizados entre 1748 e 1750. Luzia Barbosa teve
duas mulheres da Costa da Mina entre 7 de julho de 1748 e 29 de junho de 1749. Adquirir
dois africanos – pode ser que ela tivesse comprado crioulos, o que não registramos – no
prazo de dois anos é uma proeza para alguém egresso da escravidão. E não estava sozinha.
Maria Ferreira de Souza comprou duas mulheres minas de julho de 1746 até fevereiro de
1751. Um longo caminho mais apropriado para uma liberta naquela sociedade fortemente
hierarquizada.
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Anexos
Tabela nº 1
Conceição da Praia: africanos por nação, 1700-1751
Tabela nº 2
Conceição da Praia: africanos por sexo, 1734 – 1742
Sexo Quat. %
Homens 998 47
Mulheres 1086 51
Indefinido 19 2
TOTAL 2103 100
Fonte: Livros de batismos da Freguesia da Conceição da Praia 1700-17451.
Cúria Metropolitana de Salvador
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Tabela nº 3
Africanos batizados na Conceição da Praia por ano, 1700 - 1751
Tabela nº 4
Proprietários de africanos por condição matrimonial, 1700 – 1751
Mulheres Homens
Viúvo/a 14 0
Solteiro/a 8* 3
Casado/a 22 3
Fonte: Livros de batismos da Freguesia da Conceição da Praia 1700-17451.
Cúria Metropolitana de Salvador. * Duas das solteiras são forras.
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Tabela nº 5
Conceição da Praia: proprietários de africanos por ocupação,
1700 - 1751
Quat. %
Capitão 91 52
Padre 27 15,5
Doutor 9 5
Licenciado 9 5
Desembargador 5 2,8
Sargento-mor 5 2,8
Alferes 5 2,8
Ajudante 5 2,8
Capitão-mor 4 2,2
Coronel 3 1,7
Alcaide-Mor 2 1,1
Capitão de Mar e Guerra 2 1,1
Madre do Desterro 1 0,5
Religiosa de Santa Clara 1 0,5
Guarda-Mor 1 0,5
Comissário-geral 1 0,5
Navegante 1 0,5
Patrão-Mor 1 0,5
Total 74 100
Fonte: Livros de batismos da Freguesia da Conceição da Praia 1700-
1751. Cúria Metropolitana de Salvador
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Tabela nº 6
Conceição da Praia: africanos batizados por faixa-etária
1734 - 1742
Quat. %
Rapaz e rapariga adultos 10 0,70
Rapariga 1 0,05
Párvulo 58 2,7
Inocente 1 0,05
De peito 1 0,05
Adulto 1898 90
Indeterminado 134 6,3
Total 2103 100,00
Fonte: Livros de batismos da Freguesia da Conceição da Praia 1700-
17451. Cúria Metropolitana de Salvador
Tabela nº 7
Conceição da Praia: senhores de africanos por sexo, 1700-1751
Quat. %
Homem 1756 83
Mulher 227 10,3
Indeterminado 130 6,7
Total 2103 100
Fonte: Livros de batismos da Freguesia da Conceição da Praia 1700-
17451. Cúria Metropolitana de Salvador
Tabela nº 8
Conceição da Praia: senhores escravos ou forros,1734 – 1742
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Tabela nº 9
Conceição da Praia: padrinhos escravos e forros,1700 - 1751
Padrinhos Quat. %
Escravo 860 84,6
Forro 157 15,4
Total 1016 100,0
Fonte: Livros de batismo da Freguesia da Conceição da Praia 1700-17451.
Cúria Metropolitana de Salvador
Tabela nº 10
Conceição da Praia: quantidade de escravos batizados por senhores,
1700-1751
Número de Nº de africanos % dos senhores para o total de
senhores batizados p/ cada proprietários
senhor
845 1 70,0
193 2 16,0
73 3 6,0
26 4 2,0
22 5 1,8
10 6 0,8
6 7 0,5
5 8 0,4
1 9 0,08
3 10 0,2
1 12 0,08
1 13 0,08
2 14 0,1
1 15 0,08
1 17 0,08
1 21 0,08
1 22 0,08
1 37 0,08
1 1194 100,00
Fonte: Livros de batismos da Freguesia da Conceição da Praia 1700-17451.
Cúria Metropolitana de Salvador. * total de senhores da Sé.
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Tabela nº 11
Conceição da Praia: padrinhos por cor,1700 – 1751
Padrinhos Quat. %
Preto 8 9,0
Pardo 68 77,2
Mestiço 1 1,1
Crioulo 11 12,7
Total 88 100,0
Fonte: Livros de batismos da Freguesia da Conceição da Praia 1700-17451. Cúria
Metropolitana de Salvador
Tabela nº 12
Conceição da Praia: madrinhas por cor, 1700 - 1751
Madrinhas Quat. %
Preta 12 21
Parda 35 61
Crioula 10 18
Total 57 100,0
Fonte: Livros de batismo da Freguesia da Conceição da Praia 1700-17451. Cúria
Metropolitana de Salvador
Tabela nº 13
Conceição da Praia: madrinhas escravas e forras, 1700 - 1751
Madrinhas Quat. %
Escrava* 973 77
forra 290 22,9
total 1262 100
Fonte: Livros de batismo da Freguesia da Conceição da Praia 1700-1751. Cúria
Metropolitana de Salvador. * Das escravas 5 são casadas.
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REDE-A: vol.1, nº1, jan.-jun. 2011.
Tabela nº 14
Conceição da Praia: padrinhos de africanos por condição matrimonial,
1700- 1751.
Padrinhos Quat. %
Viúvo 2 2,4
Solteiro 67 82,0
Casado 13 15,6
Total 82* 100
Fonte: Livros de batismo da Freguesia da Conceição da Praia 1700-1751. Cúria
Metropolitana de Salvador. *Estes padrinhos foram os que tiveram o estado
civil registrado
Tabela nº 15
Conceição da Praia: padrinhos de africanos por ocupação, 1700 - 1751
Quat. %
Padre 25 35,2
Cônego 4 5,6
Doutor 8 11,2
Desembargadores 7 9,8
Corregedor 1 1,5
Capitão 16 22,5
Ajudante 8 11,3
Alferes 2 2,9
Total 71 100,00
Fonte: Livros de batismo da Freguesia da Conceição da Praia 1700-1751.
Cúria Metropolitana de Salvador.
84
REDE-A: vol.1, nº1, jan.-jun. 2011.
Tabela nº 16
Conceição da Praia: padrinhos de africanos por endereço (freguesia),
1700 – 1751.
Freguesias Quat. %
Conceição da Praia 1519 90,7
Sé 45 2,6
São Pedro Velho 34 2
São Paulo 1 0,05
Santo Antônio Além do Carmo 8 0,4
Rosário das Portas do Carmo 15 0,8
Rosário da Vila de Cachoeira 2 0,1
Pilar 34 5
Vitória da Vila Velha 4 0,2
Nossa Senhora da Madre de Deus 1 0,05
Freguesia de Maragogipe 2 0,1
Desterro 7 0,4
Freguesia de Ilhéus 1 0,05
Ilha de Maré 1 0,05
Total 1674
Fonte: Livros de batismo da Freguesia da Conceição da Praia 1700-1751.
Cúria Metropolitana de Salvador. 425 padrinhos não tiveram registro da
freguesia onde residem.
Tabela nº 17
Conceição da Praia: escravos padrinhos por endereço (freguesia),
1734 - 1742
Freguesias Quat. %
Vitória 3 0,4
Sé 25 3,5
Conceição da Praia 644 91,3
São Pedro Velho 13 1,8
Santo Antônio Além do Carmo 3 0,4
Rosário das Portas do Carmo 4 0,5
Pilar 11 1,5
Maragogipe 1 0,14
Desterro 1 0,14
Total 705 100
Fonte: Livros de batismo da Freguesia da Conceição da Praia 1700-1751. Cúria
Metropolitana de Salvador
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Tabela nº 18
Madrinhas de africanos por condição matrimonial, 1700 - 1751
Madrinhas Quat. %
Solteiras 4
Viúva 2
Casadas 7
Total 13
Fonte: Livros de batismo da Freguesia da Conceição da Praia 1700-1751.
Cúria Metropolitana de Salvador
Tabela nº 19
Madrinhas de africanos por endereço (freguesias),1700 - 1751
Freguesias Quat. %
Sé 31 2,6
Conceição da Praia 1045 88,4
São Pedro Velho 23 1,9
Santo Antônio Além do Carmo 5 0,4
Rosário das Portas do Carmo 27 2,2
Pilar 39 3,3
São Bartolomeu de Pirajá 1 0,08
São Sebastião do Parnamirim 1 0,08
Desterro 9 0,7
Total 1181 100
Fonte: Livros de batismo da Freguesia da Conceição da Praia 1700-1751.
Cúria Metropolitana de Salvador
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Tabela nº 21
Madrinhas escravas por freguesia, 1734 – 1742.
Madrinhas Quat. %
Sé 20 2,4
Conceição da Praia 735 88,7
São Pedro Velho 22 2,7
Santo Antônio Além do Carmo 4 0,4
Rosário das Portas do Carmo 12 1,4
Pilar 31 3,7
Parnamirin* 1 0,2
São Bartolomeu de Pirajá* 1 0,2
Desterro 2 0,3
Total 828** 100
Fonte: Livros de batismos da Freguesia da Sé 1734-1742. Cúria
Metropolitana de Salvador. * Freguesia de fora da cidade de Salvador
** 145 não tem freguesia de morada registrada
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Referências Bibliográficas
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Hucitec/Edunicamp, 2000.
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. São Paulo:
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BOTELHO, Tarcísio. “Batismo e compadrio de escravos: Montes Claros, Minas Gerais,
século XIX” in Lócus, Juiz de Fora, Ed. da UFJF, v.3, pp. 108-115, 1997,.
CHAMBOULEYRON, Rafael. “Escravos do atlântico equatorial: tráfico negreiro para os
estados do Maranhão e Pará” in Revista Brasileira de História, vol. 26, nº 52, 2006,
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