Assessoria Técnica Popular

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Os Modelos de Assistência Técnica

e Extensão Rural
X
O Direito à Assessoria Técnica
Popular

Genival Araújo do Nascimento


Assessor de Meio Ambiente
- FETAG/PI -
MATOPIBA – (DIMENSÃO SOCIAL, E AMBIENTAL)

Disputas e as violações de direitos, uma vez que o avanço da produção agrícola, além de agredir
severamente a natureza, não respeita os diversos modos de vida nem a autonomia das populações
tradicionais

Severos impactos sociais e acentua ainda mais a destruição do meio ambiente e o desaparecimento dos
pequenos rios e das nascentes; agrava a grilagem das terras e a violência física e psicológica contra as
populações tradicionais; e intensifica as situações de trabalho escravo e as desigualdades sociais e
econômicas, principalmente no campo.

Fonte: Folder do Conselho Indigenista Missionário – Regional Tocantins/Goias – pag 3)


HISTÓRICO - ASSISTENCIA TÉCNICA NO BRASIL

 DECÁDA DE 1940 – CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE CRÉDITO E ASSISTENCIA


RURAL – ANCAR, MG EM 1948.

 Devido à criação do Banco do Nordeste do Brasil, com sede em Recife, em 1954,


um grupo de líderes e autoridades resolveu criar uma entidade nos moldes da
ACAR, porém de âmbito regional, abrangendo os oitos Estados do Polígono das
Secas:
 Piauí,
 Ceará,
 Rio Grande do Norte,
 Paraíba,
 Pernambuco,
 Alagoas,
 Sergipe e
 Bahia.
https://ambientes.ambientebrasil.com.br/agropecuario/extensao_rural/historico_da_extensao_rural.html
A revolução pregava a adoção de um conjunto de práticas que contavam com a utilização de
variedades melhoradas geneticamente e mais bem adaptadas às regiões produtivas e, por outro lado,
eram mais exigentes em fertilizantes e produtos químicos (GOODMANetal.,1990).

 No Brasil, a partir da década de 1970,a adoção de um novo padrão de agricultura representado pelo
Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento ficou conhecida como Segunda Revolução
Verde, baseada na agricultura moderna com a utilização de fertilizantes e corretivos;

 A Segunda Revolução Verde começou por causa das elevadas perdas de solo por erosão, o que
estava inviabilizando economicamente a agricultura em escala industrial.

 Significava o início da abertura de um considerável mercado de máquinas, implementos, sementes e


insumos agroquímicos.

 A estratégia agrícola expressa no Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento era “desenvolver a


agricultura moderna de base empresarial que alcance condições de competitividade internacional
em todos os principais produtos”(NOVAES,1993).

http://ead.senar.org.br/lms/saladeaula
impactos negativos ao meio ambiente e às populações tradicionais do entorno,
com destruição das matas e solos pelo uso intensivo de tratores e correntões e
pelo abusivo uso de agrotóxicos com pulverização aérea intensiva

A crescente compra de terra por grupos estrangeiros nas áreas do MATOPIBA e


demais regiões dos biomas Amazônia e Cerrado.
CONTROLE DA NOSSA BIODIVERSIDADE PELAS
GRANDES EMPRESAS DO CAPITAL ESTRANGEIRO

Seapropriamdosbensnaturaisedaondadosorgânicosparaaum
entarseuslucrosfinanceiros
O QUE TRAZ A POLÍTICA NACINAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA - PNATER
Art. 4o São objetivos da Pnater:
I - promover o desenvolvimento rural sustentável;
II - apoiar iniciativas econômicas que promovam as potencialidades e vocações regionais e locais;
III - aumentar a produção, a qualidade e a produtividade das atividades e serviços agropecuários e não
agropecuários, inclusive agroextrativistas, florestais e artesanais;
IV - promover a melhoria da qualidade de vida de seus beneficiários;
V - assessorar as diversas fases das atividades econômicas, a gestão de negócios, sua organização, a produção,
inserção no mercado e abastecimento, observando as peculiaridades das diferentes cadeias produtivas;
VI - desenvolver ações voltadas ao uso, manejo, proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais, dos
agroecossistemas e da biodiversidade;
VII - construir sistemas de produção sustentáveis a partir do conhecimento científico, empírico e tradicional;
VIII - aumentar a renda do público beneficiário e agregar valor a sua produção;
IX - apoiar o associativismo e o cooperativismo, bem como a formação de agentes de assistência técnica e extensão
rural;
X - promover o desenvolvimento e a apropriação de inovações tecnológicas e organizativas adequadas ao público
beneficiário e a integração deste ao mercado produtivo nacional;
XI - promover a integração da Ater com a pesquisa, aproximando a produção agrícola e o meio rural do
conhecimento científico; e
XII - contribuir para a expansão do aprendizado e da qualificação profissional e diversificada, apropriada e
contextualizada à realidade do meio rural brasil.
ASSISTÊNCIA TÉCNICA ALTERNATIVA – década de 80 (a partir da visão de trabalho das
ONGs) que trazem uma outra forma de abordagem na ATER,
(experimentação/sistematização e difusão de experiências e práticas agroecológicas – de
modo participativo). Um contraponto ao pacote do sistema de ATER oficial.

Exemplos de experiências de assessoria técnica junto às comunidades

 A Caderneta agroecológica (ASPTA) adotada por diversos entidades e instituições de


governo, modelo de assessoria técnica muito interessante eficaz para aferição de
renda mas também para os aspectos sociais e ambientais dos agroecossistemas.

 Pedagogia da Alternância (Adotada pelas EFAs, LEDOC, ETC...)

 Metodologias participativas (Elaboração de DRP, Planos de Desenvolvimentos –


muito em função de execução de projetos de extensão ou de programas de governo e
trabalhos das ONGs

 Projeto LUMIAR (experiência em assentamentos do INCRA - Equipes


multidisciplinar)
PRESSUPOSTOS PARA GARANTIA DE IMPLMENTAÇÃO DE ASSESSORIA TÉCNICA POPULAR

 São as mulheres trabalhadoras rurais agricultoras familiares que, na maioria dos casos,
tomam a iniciativa e estimulam as suas famílias à transição de produções convencionais
para o modelo agroecológico. Elas são responsáveis por grande parte da produção e
são fundamentais para garantir a conservação e manejo da biodiversidade, com
destaque para o resgate e multiplicação da diversidade das sementes crioulas e
para a produção de alimentos saudáveis, desde os seus quintais produtivos, pautando, a
partir de suas práticas, uma lógica econômica comum, na qual a produtividade está
associada à diversificação da produção agroecológica e à valorização do autoconsumo,
além da inserção no mercado (Doc. Base 13º Congresso da CONTAG, p.13-item 37)

 Reafirma-se a necessidade de reformulação, fortalecimento e implementação das políticas


públicas, formulação e gestão de novas políticas que atendam as demandas da
agricultura familiar, destacando as específicas de mulheres e jovens, como a
pesquisa agropecuária, a assistência técnica e extensão rural, a garantia de preços
agrícolas, crédito, seguro agrícola, armazenagem, agroindústria, associativismo e
cooperativismo, bem como o apoio à comercialização (Doc. Base 13º Congresso da
CONTAG, p.14-item 45)
PRESSUPOSTOS PARA GARANTIA DE IMPLMENTAÇÃO DE ASSESSORIA TÉCNICA POPULAR

 CONHECER AS REALIDADES DAS PROPRIEDADES RURAIS DENTRO DO CONTEXTO DOS TERRITÓRIOS


E COMUNIDADES TRADICINAIS, DAS MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS (SABER O POTENCIAL E
LIMITAÇÕES DE USO DA TERRA,DA ÁGUA,DA VEGETAÇÃO...)

Fonte: Imagem e texto, (arquivo pessoal, Genival, zona rural de Pavussu–PI/2015 )


PRESSUPOSTOS PARA GARANTIA DE IMPLMENTAÇÃO DE ASSESSORIA TÉCNICA POPULAR

VALORIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR considerando as novas ruralidades e multifuncionalidade, com


garantia de transição agroecológica e produção orgânica, investimentos em pesquisa, assistência técnica e extensão rural
para geração de ocupações produtivas e renda, assegurando a sustentabilidade ambiental, social e econômica,
dinamizando o desenvolvimento sustentável do interior do Brasil.
POLÍTICAS AMBIENTAIS E AGROECOLOGIA: Reestabelecer a Política Nacional de Meio Ambiente para que
promova o uso sustentável dos bens naturais comuns, favoreça a adaptação aos impactos das mudanças climáticas e a
proteção dos biomas.
Ações estratégicas:
 Cumprir o Acordo de Paris, em relação às metas de redução de gases de efeito estufa;
 Cumprir o papel de Estado, fiscalizando e punindo crimes ambientais;
 Regulamentar e implantar uma política nacional de pagamento por serviços ambientais prestados pela agricultura
familiar, assegurando o direito à justa remuneração pelos benefícios gerados à sociedade pela conservação dos
recursos naturais e a produção agroecológica;
 Promover o resgate das ações e programas de educação ambiental, elevando a consciência política e a
 capacidade de enfrentamento da população sobre as questões ambientais;
 Garantir segurança contra erosão genética e contaminação das sementes crioulas.
 Incentivar a criação de zonas livres de transgênicos como estratégia para a conservação de recursos genéticos locais,
especialmente em regiões de forte presença da agricultura familiar e de outras comunidades tradicionais;

Fonte: Plataforma Política da CONTAG apresentada ao Governo Federal, p.7 – 10).


PRESSUPOSTOS PARA GARANTIA DE IMPLMENTAÇÃO DE ASSESSORIA TÉCNICA POPULAR

 Promover ações sobre a conservação e organização dos bancos de sementes crioulas,


incentivando a criação das casas de sementes;

 Estimular o debate, nos municípios, sobre o uso de agrotóxicos e seus impactos na saúde
e no meio ambiente, como estratégia de alavancar ações concretas de combate ao uso
indiscriminado de agrotóxicos;

 Estabelecer estratégia de ação na luta contra a degradação ambiental, elaborando pauta


para as esferas de governos (federal, estaduais e municipais) a fim de garantir a
efetivação das políticas públicas;

 Lutar para a universalização da assistência técnica e extensão rural pública e gratuita à


agricultura familiar (INCLUSIVA, PROTAGONIZADORA, PARTICIPATIVA, POPULAR);

 Lutar pela retomada da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, instituída


pelo Decreto Nº 7.794/2012 e seus instrumentos, com objetivo de promover políticas
públicas e incentivar a produção de alimentos saudáveis de base agroecológica e
orgânica;

Fonte: Doc. Base 13º Congresso da CONTAG/2021)


PRESSUPOSTOS PARA GARANTIA DE IMPLMENTAÇÃO DE ASSESSORIA TÉCNICA POPULAR

 Agroecologia é ciência, prática e movimento e que é necessária a aliança do campo


científico acadêmico com os movimentos sociais, as comunidades rurais e a diversidade
de identidades dos sujeitos do campo, das águas e das florestas.

 É importante potencializar a incorporação da transição agroecológica e a


produção sustentável na agricultura familiar, embora saibamos que são
necessários tempo e uma assistência técnica qualificada para o processo de transição.
(8º CETTR- FETAG-PI, p.48, item 191)

 É preciso recriar os modelos de produção resgatando os modos tradicionais com base


em valores culturais, sociais e ambientais e não somente no econômico, isto traz
sustentabilidade e bem viver no campo. (8º CETTR- FETAG-PI, p.48, item 192)
ELEMENTOS FUNDAMENTAIS (ASSESSORIA POPOPULAR DEVE OBSERVAR NA PRÁTICA)

 Gestão técnica e Humana: a gestão espacial e temporal do agroecossistema,


técnicas ecológicas de manejo, otimização de recursos ambientais e de produção, são
procedimentos que devem ser adotados visando minimizar os impactos ambientais,
aumentar a produção e diminuir os custos.(CARMO,etal.,2020)

 Qualidade do Solo: A melhoria da qualidade do solo se dá pelo seu revolvimento


mínimo, aporte de matéria orgânica, rotação e sucessão de culturas, rochagem,
adubação verde e cobertura permanente. Estas práticas promovem melhorias nos
atributos químicos, físicos e biológicos no perfil do solo.

 Diversificação do ambiente: Os sistemas diversificados constituem sistemas


variáveis e flexíveis, podendo ser aproveitados em diferentes escalas, de acordo com o
tamanho da propriedade e o nível socio-econômico de seus proprietários/as.

 Práticas Sustentáveis de manejo: O manejo eficiente de ecossistemas agrícolas


deve englobar processos que incluem desde o planejamento, preparo do solo, práticas
de conservação do solo e da água, policultivos, época de plantio, controle de
patógenos, adubação orgânica, adubação verde, rotação de cultura, cobertura vegetal
do solo (morta ou viva), espaçamento, luminosidade, irrigação, dentre outras técnicas,
até as etapas da pós colheita.

Fonte:(CARMO,etal.,2020)
Práticas
agroecológicas
participativa
“aprender
fazendo”

Capacitação sobre canteiro econômico em Ipiranga do Piauí – Serra da fava preta


TECNOLOGIAS SOCIAIS CRIADAS PELOS PRÓPRIOS AGRICULTURES(AS)
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS com tecnologias Sociais
– PRODUÇÃO DE MUDAS DE FRUTEIRAS COM USO DE GARRAFAS PETS NO MÉTODO DE
ALPORQUIA (ENARIZAMENTO DE BROTOS LATERIAIS)

Foto: arquivo próprio – Genival Araújo


Fotos: arquivo pessoal
RESGATE, PRESERVAÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DO PATRIMÔNIO GENÉTICO
(Genival Araújo) DA BIODIVERSIDADE – “SEMENTES DA FARTURA”
Formação nas Escolas (Educação do Campo/contextualizada

Escola da Comunidade Brejo da Fortaleza – Município de Ipiranga do Piauí , Educação Contextualizada


Integrando a participação de alunos, professores, agricultores (as) – Pais, Foto: (arquivo – Genival Araújo)
INICIATIVAS DE ASSESSORIA TÉCNICA POPULAR

 Núcleo de Assessoria Técnica Popular- NATEP UERJ


Estudantes de varias áreas e varias universidades, que estudam juntos formas
sustentáveis de construção para projetos de baixa renda.

 O Escalar – Coletivo de Assessoria Técnica Popular é uma entidade privada sem fins
lucrativos, fundada em 2019 e formalizada em 2020, que desenvolve trabalhos em
articulação com movimentos sociais, organizações comunitárias e outros grupos e
coletivos, com sede em Salvador, na Bahia. As ações do Escalar têm como objetivos
centrais o direito à moradia digna, à cidade e ao território, propondo processos que
envolvem a interação entre diferentes sujeitos, saberes e linguagens.

 Fórum de Assessoria Técnica Popular do Nordeste


(Plataforma pelo Direito ao habitar)
Já realizaram duas edições

https://www.fundobrasil.org.br/projeto/escalar-coletivo-de-
https://benfeitoria.com/projeto/nossonatepuerj
assessoria-tecnica-popular/
INICIATIVAS DE ASSESSORIA TÉCNICA POPULAR

A Terra de Direitos é uma


organização de Direitos
Humanos que atua na defesa,
na promoção e na efetivação
de direitos, especialmente os
econômicos, sociais, culturais e
ambientais (Dhesca).

A organização surgiu em
Curitiba (PR), em 2002, para
atuar em situações de conflitos
coletivos relacionados ao
acesso à terra e aos territórios
rural e urbano.

Atualmente, a Terra de Direitos


incide nacional e
internacionalmente nas
temáticas de direitos humanos
e conta com escritórios em
Santarém (PA), em Curitiba
(PR) e em Brasília (DF).

https://terradedireitos.org.br/#
“Nós precisamos da Terra;
A Terra não precisa de nós”.

Leonardo Boff
REFERENCIAS
https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/outras-
publicacoes/agenda-legislativa/capitulo-4-extensao-rural-no-mundo-e-no-brasil-
descentralizacao-privatizacao-e-financiamento Acessado em 18/01/23

https://www.scielo.br/j/cflo/a/zbHG5B64jwvmK6RLccVQ7dc/?format=pdf&lang=pt.
Acessado em 18/01/23

https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPAP/56338/1/ADM077.pdf

Lei Nº 12.188/2010: Institui a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a
Agricultura Familiar e Reforma Agrária - PNATER e o Programa Nacional de Assistência Técnica e
Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária - PRONATER, altera a Lei no 8.666, de 21
de junho de 1993, e dá outras providências. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2010/Lei/L12188.htm. Acessado em 18/01/23.

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