A Teoria Da Informação

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A Teoria da Informação

Na dinâmica da transposição dos modelos de cientificidade próprios às ciências exatas,


a teoria matemática da comunicação ocupa, a partir dos anos de 1940, um papel
decisivo. O modelo matemático resulta na noção de ‘informação’, como símbolo
quantificável. E assim, nasce o modelo formal de Shannon que propõe o problema da
comunicação consistiria em ‘reproduzir em um ponto dado, de maneira exata, uma
mensagem selecionada em outro ponto’.
Neste esquema a comunicação repousa sobre os seguintes elementos a ‘fonte’ (de
informação), que produz uma mensagem (a palavra no telefone), o ‘codificador’ ou o
‘emissor’, que transforma a mensagem em sinais a fim de torná-la transmissível (o
telefone transforma a voz em oscilações elétricas), o ‘canal’ (meio utilizado para
transportar os sinais, o cabo telefônico), o ‘decodificador’ ou o ‘receptor’ (que
reconstrói a mensagem através de sinais) e o ‘destinação’ (pessoa à qual a mensagem é
transmitida).
O objetivo de Shannon é delinear o quadro matemático no interior do qual é possível
quantificar o custo de uma mensagem entre dois pólos emissores desse sistema, em
presença de perturbações aleatórias, denominadas ruídos, indesejáveis porque impedem
a plena correspondência entre dois pólos. E assim, quanto menor for o ruído mais
econômicas serão as mensagens.
Além disso, o surgimento da noção de informação é indissociável às pesquisas
biológicas. Pois para formular sua teoria, Shannon tomou emprestado da biologia do
sistema nervoso. Por sua vez, a teoria matemática da comunicação forneceu aos
especialistas em biologia molecular um quadro conceitual para dar conta desta
especificidade da biologia.
Dentro deste processo de formulação da teoria matemática da comunicação,
desenvolve-se o sistemismo que tem pretensões de apreender a complexidade dos
sistemas como conjuntos dinâmicos de relações múltiplas e cambiantes. E a ciência
política torna-se um dos primeiros campos de aplicação do sistemismo às problemáticas
da comunicação de massa.
Na França, Abraham Moles, engenheiro e matemático, situa seu projeto teórico da
‘ecologia da comunicação’ sob o signo tanto da teoria matemática de Shannon como das
análises de Norbert Wiener. Nesta teoria da ecologia da comunicação, a comunicação é
definida como a ação de fazer participar um organismo ou sistema situado num ponto R
das experiências e estímulos do meio de um outro indivíduo ou sistema situado em
outro local e em outro tempo, utilizando elementos de conhecimento que possuem em
comum. A ecologia da comunicação é, portanto, a ciência da interação entre espécies
diferentes no interior de um dado campo.
No mesmo ano em que Shannon publica sua teoria, seu ex-professor, Norbert Wiener,
publica Cybernertics or Control and Communication in the Animal and Machine. Neste
livro, Wiener entrevê a organização da sociedade do futuro com base na nova matéria-
prima, que logo irá se tornar a seu ver a ‘informação’.
E a informação sob a ótica de Wiener deve poder circular e que a sociedade organizada
sob a informação só pode existir sob a condição de troca sem barreiras. Ela é
incompatível com o embargo ou com a prática do segredo, com as desigualdades de
acesso à informação e sua transformação em mercadoria.
E Wiener será importante na media em que será a base na qual a Escola de Palo Alto vai
se fundar. Esta escola inicia-se em 1942, impulsionada pelo antropólogo Gregory
Bateson, que se associa a Birdwhistell, Hall, Goffman, Watzlawick. A Eescola de Palo
Alto ou ‘colégio invisível’ vai se afastar do modelo linear sustentado pela teoria
matemática e propõe que a comunicação deve ser estudada pelas ciências humanas a
partir de um modelo próprio. Pois segundo os integrantes da Escola de Palo Alto, ‘a
complexidade da menor situação de interação que seja é tal que é inútil querer reduzi-la
a duas ou mais variáveis trabalhando de maneira linear. É em termos de nível de
complexidade, de contextos múltiplos e sistemas circulares que é preciso conceber a
comunicação. (Winkin, 1981).
Nesta visão circular da comunicação, o receptor tem tanta importância quanto o
emissor. E todo o comportamento humano possui um valor comunicativo. A análise do
contexto se sobrepõe a do conteúdo. Se se concebe a comunicação como um processo
permanente em vários níveis, o pesquisador para apreender o surgimento da significação
deve descrever o funcionamento de diferentes modos de comportamento num dado
contexto.

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