PROCESSO #TST-AIRR-10206-45.2019.5.15.0073: GMSPM/lf/bsa

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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-AIRR-10206-45.2019.5.15.0073

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1004B7BBE8A421BAE0.
Agravante: RENUKA DO BRASIL S.A. (EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL) E OUTROS
Advogado: Dr. Jorge Miguel Mansur Filho
Agravado: JOSE ALEXANDRE AFONSO
Advogado: Dr. Raphael Paiva Freire
GMSPM/lf/bsa

DECISÃO

Trata-se de agravo de instrumento contra a decisão do Tribunal


Regional do Trabalho da 15ª Região que denegou seguimento ao recurso de revista,
interposto na vigência da Lei nº 13.467/2017.
Foram apresentadas contrarrazões.
Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do
Trabalho, nos termos do Regimento Interno do TST.
Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, conheço do
apelo.
O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região denegou
seguimento ao recurso de revista, nos seguintes termos (fls. 1077/ 1087):

“Rescisão do Contrato de Trabalho/ Verbas Rescisórias/ Multa do Artigo


477 da CLT.
Conforme entendeu o v. acórdão, restou incontroverso o parcelamento
das verbas rescisórias, tornando devida a multa prevista no art. 477 da CLT,
pois, nos termos da Súmula 388 do C. TST, apenas a massa falida não está
sujeita a tal penalidade, o que não é o caso da 1ª reclamada.
O C. TST firmou entendimento de que a existência de acordo individual
ou coletivo prevendo o pagamento parcelado das verbas rescisórias em prazo
superior ao exigido pelo § 6º do art. 477 da CLT não exclui a incidência da
multa prevista no § 8º do mesmo dispositivo legal, por se tratar de direito
indisponível do trabalhador (RR-200600-80.2000.5.15.0006, 1ª Turma,
DEJT-13/08/10, AIRR-51340-11.2008.5.02.0005, 2ª Turma, DEJT-25/03/11,
RR-7400-11.2008.5.04.0661, 3ª Turma, DEJT-03/12/10,
RR-150100-97.2002.5.02.0039, 4ª Turma, DEJT-19/04/11,
RR-1300300-75.2008.5.09.0013, 5ª Turma, DEJT-04/02/11,
RR-112700-51.1999.5.02.0040, 6ª Turma, DJ-19/09/08,
RR-3154000-50.2007.5.09.0012, 6ª Turma, DEJT-12/11/10 e
RR-181300-93.2003.5.02.0005, 8ª Turma, DEJT-12/11/10).
Inviável, por decorrência, o apelo, ante o disposto no art. 896, § 7º, da
CLT e na Súmula 333 do C. TST.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista”.
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Sobre o tema “PAGAMENTO PARCELADO DE VERBAS
RESCSÓRIAS. NORMA COLETIVA. MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT”, o Regional
consignou (fls. 775/ 776):

“A Ré postula o afastamento da multa do art. 477, §8º, da CLT, ao


argumento de que o pagamento parcelado das verbas rescisórias foi
acordado com o sindicato da categoria.
Sem razão.
O pagamento de verbas rescisórias fora do prazo fixado no art. 477, §
6º, da CLT, em razão de parcelamento estabelecido em acordo coletivo, não
afasta a aplicação da multa em questão, tendo em vista a natureza cogente
dessa norma.
Deve-se ressaltar que, nos termos do art. 2º da CLT, o risco do negócio é
do empregador e não pode ele ser transferido aos trabalhadores, sobretudo
quando se refere a verbas de natureza alimentar que são indisponíveis, não
cabendo ao Sindicato a negociação com relação a elas.
Nesse sentido, a jurisprudência do C. TST:
VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA DO ARTIGO
477, § 8º, DA CLT. INCIDÊNCIA. Nos termos do artigo 477, §§ 4º e
6º, da CLT, o pagamento das verbas rescisórias deve ser realizado
em dinheiro ou cheque visado, portanto conclui-se que o seu
pagamento deve ser feito à vista, de forma integral, no prazo
previsto no parágrafo 6º do referido diploma de lei, e não em
parcelas, pois se estaria a permitir o atraso no seu pagamento.
Trata-se de direito indisponível do empregado pelo que é devida,
nesta hipótese de pagamento parcial das verbas rescisórias, a
incidência da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT
(precedentes). Recurso de revista não conhecido. (...) (Processo:
RR - 234500-40.2009.5.09.0965 Data de Julgamento: 13/12/2017,
Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 15/12/2017)
VERBAS RESCISÓRIAS. PARCELAMENTO. MULTA PREVISTA
NO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT. Ainda que com o consentimento do
empregado e com a anuência do sindicato, o pagamento
parcelado das verbas rescisórias em prazo superior ao de lei, não
exclui a incidência da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT.
Recurso provido. Recurso de Revista de que se conhece em parte
e a que se dá provimento. (Processo: RR - 644-86.2012.5.15.0160
Data de Julgamento: 04/10/2017, Relator Ministro: João Batista
Brito Pereira, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/10/2017)
Sendo incontroverso o atraso no pagamento das verbas rescisórias,
devida a aplicação da multa”. (sem grifos no original)

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A questão devolvida a esta Corte Superior versa sobre o
afastamento da incidência da multa do art. 477, § 8º, da CLT, em razão da celebração de
acordo coletivo entre empregado e empregador para o pagamento parcelado
das verbas rescisórias, com a anuência da entidade sindical.
No caso vertente, o Tribunal Regional do Trabalho manteve a r.
sentença que concluiu pela incidência da multa do art. 477, §8º, da CLT em razão da
celebração de acordo para pagamento das verbas rescisórias de forma parcelada.
No recente julgamento do tema 1.046 da repercussão geral, o
Supremo Tribunal Federal fixou a seguinte tese: “São constitucionais os acordos e as
convenções coletivos que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam
limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação
especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos
absolutamente indisponíveis”.
O TST possui entendimento predominante no sentido de que,
constituindo-se as verbas rescisórias direito indisponível do empregado, o seu
pagamento não admite transação, mesmo que com assistência sindical.
Julgados no sentido de que o direito ao pagamento de verbas no
prazo legal é indisponível:

"AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA. LEI Nº 13.015/2014. CPC/2015. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40 DO
TST. (...) MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. O escopo da norma inserta no artigo
477, § 8º, da CLT é compelir o empregador a pagar as verbas rescisórias no
prazo legal estabelecido no § 6° do referido artigo. Tal direito é indisponível ao
empregado, não sendo cabível o parcelamento do seu pagamento.
Precedentes. Agravo conhecido e não provido. (...)."
(Ag-AIRR-1516-53.2014.5.02.0044, 7ª Turma , Relator Ministro Cláudio
Mascarenhas Brandão, DEJT 20/03/2020)

"RECURSO DE REVISTA. MULTA PREVISTA NO ART. 477, § 8º, DA


CLT. PARCELAMENTO DE VERBAS RESCISÓRIAS. É firme a jurisprudência desta
Corte Superior no sentido de que é direito indisponível do trabalhador a
percepção da totalidade das verbas rescisórias nos prazos estipulados no § 6º
do art. 477 da CLT. O pagamento em parcelas implica atraso, atraindo a
incidência da multa prevista no § 8º do mesmo dispositivo legal. Incidência do
disposto no art. 896, § 7º, da CLT. Recurso de revista de que não se conhece"
(RR-22800-23.2009.5.15.0015, 1ª Turma , Relator Ministro Walmir Oliveira da
Costa, DEJT 04/10/2019).
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Desse modo, e em atenção à decisão com efeito vinculante e
eficácia erga omnes do STF, entendo que o acórdão regional não merece reparos.
Assim, inviável a análise da transcendência da matéria.
Ante o exposto, com fundamento no inciso X do art. 118 do
Regimento Interno do TST, DENEGO SEGUIMENTO ao agravo de instrumento.
Publique-se.
Brasília, 02 de agosto de 2022.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


SERGIO PINTO MARTINS
Ministro Relator

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